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Montes Claros/MG - 2014 Carla Cristina Barbosa Huagner Cardoso da Silva Maria Cristina Freire Barbosa Maria Nadurce da Silva Rosângela Silveira Rodrigues 2ª edição atualizada por Huagner Cardoso da Silva Maria Nadurce da Silva História da educação 2ª EDIÇÃO 2014 Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei. EDITORA UNIMONTES Campus Universitário Professor Darcy Ribeiro s/n - Vila Mauricéia - Montes Claros (MG) Caixa Postal: 126 - CEP: 39.401-089 Correio eletrônico: editora@unimontes.br - Telefone: (38) 3229-8214 Copyright ©: Universidade Estadual de Montes Claros UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS - UNIMONTES Catalogação: Biblioteca Central Professor Antônio Jorge - Unimontes Ficha Catalográfica: REITOR João dos Reis Canela VICE-REITORA Maria Ivete Soares de Almeida DIRETOR DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÕES Humberto Velloso Reis EDITORA UNIMONTES Conselho Consultivo Antônio Alvimar Souza César Henrique de Queiroz Porto Duarte Nuno Pessoa Vieira Fernando Lolas Stepke Fernando Verdú Pascoal Hercílio Mertelli Júnior Humberto Guido José Geraldo de Freitas Drumond Luis Jobim Maisa Tavares de Souza Leite Manuel Sarmento Maria Geralda Almeida Rita de Cássia Silva Dionísio Sílvio Fernando Guimarães Carvalho Siomara Aparecida Silva CONSELHO EDITORIAL Ângela Cristina Borges Arlete Ribeiro Nepomuceno Betânia Maria Araújo Passos Carmen Alberta Katayama de Gasperazzo César Henrique de Queiroz Porto Cláudia Regina Santos de Almeida Fernando Guilherme Veloso Queiroz Jânio Marques Dias Luciana Mendes Oliveira Maria Ângela Lopes Dumont Macedo Maria Aparecida Pereira Queiroz Maria Nadurce da Silva Mariléia de Souza Priscila Caires Santana Afonso Zilmar Santos Cardoso REVISÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA Carla Roselma Athayde Moraes Waneuza Soares Eulálio REVISÃO TÉCNICA Karen Torres C. Lafetá de Almeida Káthia Silva Gomes Viviane Margareth Chaves Pereira Reis DESIGN EDITORIAL E CONTROLE DE PRODUÇÃO DE CONTEÚDO Andréia Santos Dias Camila Pereira Guimarães Camilla Maria Silva Rodrigues Fernando Guilherme Veloso Queiroz Magda Lima de Oliveira Sanzio Mendonça Henriiques Wendell Brito Mineiro Zilmar Santos Cardoso Diretora do Centro de Ciências Biológicas da Saúde - CCBS/ Unimontes Maria das Mercês Borem Correa Machado Diretor do Centro de Ciências Humanas - CCH/Unimontes Antônio Wagner veloso Rocha Diretor do Centro de Ciências Sociais Aplicadas - CCSA/Unimontes Paulo Cesar Mendes Barbosa Chefe do Departamento de Comunicação e Letras/Unimontes Mariléia de Souza Chefe do Departamento de Educação/Unimontes Andréa lafetá de Melo Franco Chefe do Departamento de Educação Física/Unimontes Rogério Othon teixeira Alves Chefe do Departamento de Filosofi a/Unimontes Ângela Cristina Borges Chefe do Departamento de Geociências/Unimontes Anete Marília Pereira Chefe do Departamento de História/Unimontes Francisco Oliveira Silva Jânio Marques dias Chefe do Departamento de Estágios e Práticas Escolares Cléa Márcia Pereira Câmara Chefe do Departamento de Métodos e Técnicas Educacionais Helena Murta Moraes Souto Chefe do Departamento de Política e Ciências Sociais/Unimontes Carlos Caixeta de Queiroz Ministro da Educação José Henrique Paim Fernandes Presidente Geral da CAPES Jorge Almeida Guimarães Diretor de Educação a Distância da CAPES João Carlos teatini de Souza Clímaco Governador do Estado de Minas Gerais Alberto Pinto Coelho Júnior Secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior Narcio Rodrigues da Silveira Reitor da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes João dos Reis Canela Vice-Reitora da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes Maria ivete Soares de Almeida Pró-Reitor de Ensino/Unimontes João Felício Rodrigues Neto Diretor do Centro de Educação a Distância/Unimontes Jânio Marques dias Coordenadora da UAB/Unimontes Maria Ângela lopes dumont Macedo Coordenadora Adjunta da UAB/Unimontes Betânia Maria Araújo Passos Autores Carla Cristina Barbosa Doutora em História da Ciência pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP (Brasil). Mestre em Letras/Português pela Universidade Federal de Uberlândia – UFU (Brasil). Especialista em Docência para a Educação Profissional. Graduada em História pela Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes. Docente vinculada ao Departamento de História. Coordenadora geral do Núcleo de História e Cultura Regional – Nuhicre – desta Universidade. Huagner Cardoso da Silva Doutorando em Ciências da Religião pela PUC-SP (Brasil). Mestre em Educação pela Universidade Federal de Uberlândia – UFU (Brasil). Especialista em Docência para a Educação Profissional. Graduado em Pedagogia pela Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes. Docente vinculado ao Departamento de Estágios e Práticas Escolares da Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes. Maria Cristina Freire Barbosa Doutora em Ciências da Educação pela Universidade Trás-os-Montes e Alto Douro – UTAD (Portugal). Mestre em Educação pelo Instituto Superior Enrique José Varona (Cuba), validado pela Universidade de Brasília – UnB (Brasil). Graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes. Docente vinculada ao Departamento de Educação da Unimontes. Maria Nadurce Silva Doutoranda em Ciências da Educação pela Universidade Trás-os-Montes e Alto Douro – UTAD (Portugal). Mestre em Educação pela Universidade Católica de Brasília – UCB (Brasil). Especialista em Sociologia pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG (Brasil). Especialista em Metodologia Científica e Epistemologia da Pesquisa pela Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes. Especialista em Educação à Distância, pela Universidade Aberta do Brasil – UAB/Unimontes. Graduada em Pedagogia pela Fundação Norte-Mineira de Ensino Superior – FUNM. Docente vinculada ao Departamento de Educação da Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes. Coordenadora do Curso de Pedagogia UAB/Unimontes. Pesquisadora do Grupo de Pesquisa GEPEDS. Rosângela Silveira Rodrigues Doutora em Educação, área de História e Filosofia da Educação, pela UNICAMP (Brasil). Mestre em Educação na área de Docência do Ensino Superior pela PUC – Campinas (Brasil). Graduada em Pedagogia pela Fundação Norte-Mineira de Ensino Superior - FUNM. Docente vinculada ao Departamento de Métodos e Técnicas educacionais – Unimontes. Pesquisadora do Grupo de Pesquisa GEHES. Sumário Apresentação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9 Unidade 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11 A educação antiga e medieval . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11 1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11 1.2 Educação antiga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11 1.3 Educação Romana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .24 Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 Unidade 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .37 Educação: do renascimento ao surgimento dos sistemas escolares . . . . . . . . . . . . . . . . . . .37 2.1 Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .37 2.2 A educação a caminho da modernidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38 2.3 A educação no período do renascimento . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .39 2.4 A educação, a reforma e a contrarreforma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .41 2.5 O iluminismo e a consolidação da educação moderna. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44 Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .47 Unidade 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .49 A educação brasileira na colônia e no império . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .49 3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .49 3.2 Para um começo de história . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .49 3.3 Período jesuítico (1549 - 1759) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50 3.4 A influência jesuítica na educação brasileira. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .51 3.5 A educação no Brasil na era pombalina (1760-1808) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .53 3.6 A educação no Brasil Imperial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .59 Unidade 4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .61 A educação no Brasil: período republicano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .61 4.1 Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .61 4.2 A reforma educacional de Benjamim Constant . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .62 4.3 A educação na 2ª república. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .65 4.4 A educação superior no Brasil pós LDBEN 9.394/1996. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .73 Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .74 Resumo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .77 Referências básicas, complementares e suplementares . . . . .85 Atividades de aprendizagem - AA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .89 9 Letras Português - História da Educação Apresentação Caro(a) acadêmico(a), a disciplina HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO tem como objetivo principal contribuir para a sua compreensão da evolução sócio-histórico da educação através da identi- ficação dos paradigmas educacionais, na realidade tempo/espaço, com atenção especial para a História da Educação no Brasil, suas tendências e concepções de educação ideal, conforme a rea- lidade educacional, no contexto sócio-político específico de cada época. Essa disciplina conduzirá você a uma reflexão sobre o nosso passado educacional. com o apoio dos autores clássicos da historiografia da história da educação. Será apresentada uma análise das principais características dos processos educativos e sua interação com o contexto socioeconômico e cultural em diferentes períodos históricos da civilização, relacionando-os ao contexto educativo brasileiro, de forma a auxiliá-lo na identificação dos aspectos históricos que fundamentam nosso atual sistema educacional. Esta disciplina tem, portanto, como objetivos específicos: • Examinar a educação em diferentes contextos históricos; • Conhecer a história da educação da civilização ocidental, para compreender a história da educação brasileira; • Compreender a influência das transformações ocorridas no período renascentista na defini- ção do modelo da educação ocidental e a influência nas determinações do modelo da edu- cação predominante na história da educação brasileira; • Analisar historicamente os vários aspectos da realidade educacional nos diferentes contex- tos históricos, com a finalidade de compreender as políticas determinantes da educação, na atual sociedade brasileira; • Desvelar as políticas que delineiam a história da educação brasileira, desde a sua implanta- ção até a atualidade, para compreender os interesses que a impulsiona, no que se refere aos valores, ideias e organização nos diversos períodos da história desse país; • Problematizar os determinantes históricos do papel da escola, do modelo de professor e do aluno que se pretende formar, assim como o enfoque dos conteúdos e da avaliação nos di- ferentes períodos da educação brasileira. Esclarecemos a você a relevância em alcançar esses objetivos, pois esta disciplina é muito importante para sua formação profissional, ética, política e humana, de forma emancipada. Esclarecemos, também, que este caderno didático foi organizado em quatro unidades e que cada uma está dividida em subunidades, com o objetivo de facilitar a compreensão das discus- sões propostas. As sugestões de textos, pesquisas e filmografias também são importantes, uma vez que am- pliam os conhecimentos e discussões. Para que haja aproveitamento nos seus estudos, é preciso que você realize as atividades propostas, ao longo dos textos, assim como a atividade avaliativa proposta no final deste cader- no, pois estas o(a) ajudarão a compreender e a fixar os conteúdos abordados. Desejamos que sua caminhada nesta disciplina seja prazerosa e enriquecedora. Os autores. 11 Letras Português - História da Educação UNidAde 1 A educação antiga e medieval 1.1 Introdução Esta unidade tem como objetivo central examinar a educação nos diferentes contextos his- tóricos e auxiliar você a compreender a história da educação antiga e medieval. Propõe-se, atra- vés deste estudo, examinar a educação em diferentes contextos históricos para que você possa, através do conhecimento da história da educação da civilização ocidental, compreender a histó- ria da educação brasileira Falaremos um pouco sobre a educação nas civilizações oriental, porém não alongaremos nossa conversa sobre elas, tendo em visto o tempo que dispomos para este estudo e, ainda, que nossa tradição é predominantemente ocidental. No desenvolvimento desta unidade, você vai encontrar temáticas que são abordadas com base em uma perspectiva histórica, verá que tudo na Educação, dos conhecimentos às relações entre sujeitos escolares, espaços, metodologias e materiais foi inventado, produzido pelo ser hu- mano em circunstâncias sociais e históricas determinadas. Com base em autores como Maria Lúcia Aranha (1990), Paul Monroe (1976), Tomas Giles (1987), Luciano Farias Filho (1995), Mario Manacorda (2006), entre outros, serão apresentados os fundamentos teóricos para que você compreenda a educação antiga e medieval. Através da leitura dos textos propostos, você verá que a História da Educação tem como uma das suas funções desnaturalizar as práticas educativas, estabelecendo uma relação com o contexto no qual estão inseridas. Esta primeira unidade abordará, portanto, a importância da história da educação e o proces- so sócio-histórico das práticas educativas no Egito, na Grécia, em Roma e nas Escolas Medievais. Segundo Aranha (1990), para entender a História da Educação, é importante conhecer a educação no contexto histórico, ou seja, faz-se necessário compreender que o homem é resul- tante de sua prática social dentro de determinado contexto histórico, social, pois é a partir das re- lações sociais que os homens criam padrões, instituições e saberes. Portanto, é “a educação quemantém viva a memória de um povo e dá condições para sua sobrevivência. Por isso, dizemos que a educação é uma instância mediadora que torna possível a reciprocidade entre indivíduo e sociedade” (ARANHA, 1990, p.15). A educação está envolvida nas relações sociais que os homens estabelecem e sofre influên- cia ideológica por estar ligada à política. Portanto, o fenômeno educacional não é neutro, está ligado às questões culturais, políticas e sociais de seu tempo (FARIA FILHO, 1995). A escola faz parte de um mundo marcado por desigualdades e lutas sociais; nesse sentido, faz-se relevante refletir sobre a escola como um instrumento de transformação da sociedade, ao mesmo tempo em que as transformações políticas, econômicas e sociais contribuem para a constituição dos sistemas de ensino. 1.2 Educação antiga O processo educativo passou por constantes mudanças através da história das civilizações. Propomos rever alguns desses momentos históricos, pois “a história da educação na antiguidade se torna um objeto interessante na medida em que remonta à história de nosso próprio processo pedagógico”. (MARROU, 1966, p.4). Vamos lá! De acordo com Aranha (1996), nas civilizações orientais, embora seja reconhecida a existên- cia da escrita, não havia propostas propriamente pedagógicas, a preocupação com a educação permeava os livros sagrados, que ofereciam regras ideais de conduta e orientação para o enqua- 12 UAB/Unimontes - 3º Período dramento das pessoas nos rígidos sistemas religiosos e morais. Veremos que as grandes civiliza- ções, na antiguidade, tinham modelos de educação parecidos, cujos ensinamentos eram passa- dos principalmente de pai para filho. Segundo Manacorda (2006), é do Egito que chegaram os testemunhos mais antigos e talvez mais ricos sobre todos os aspectos da civilização e, em particular, sobre a educação, embora haja conhecimentos sobre a cultura de outros povos. Assim sendo, iniciaremos os estudos da História da Educação na antiguidade pelo Egito. Propomos fazer breves passagens pela história antiga, uma vez que nosso foco principal deverá ser a história da educação no Brasil. Vamos conversar um pouco sobre essa educação? Vamos encontrar nos registros proporcionados pelos historiadores que a educação, para fa- lar bem e para a obediência, consistia no verdadeiro valor da educação na antiguidade, estava di- retamente ligada a fins políticos de governo e acontecia em contraste com a natureza individual, na formação da personalidade. Nesse contexto, o objetivo principal da educação era o falar bem, embora a escrita já fizesse parte da cultura antiga. Como você poderá verificar através de pesquisas mais aprofundadas, a escrita aparece na antiguidade como instrumento de registro dos atos oficiais, era utilizada por peritos e não ne- cessariamente por governantes, ao passo que o falar bem se identifica com a arte do governo, ou seja, era instrumento direto da política. Faz-se relevante, aqui, destacar que a educação sistematizada, na antiguidade, era direcio- nada principalmente à formação da classe dominante. Antes de dedicarmos espaços de discussão sobre a educação em diferentes lugares, enten- demos ser interessante dizer que os “ensinamentos” mais antigos, segundo Manacorda (2006), contêm preceitos morais e comportamentais rigorosamente harmonizados com as estruturas e as conveniências sociais ou, mais diretamente, com o modo de viver próprio das castas dominan- tes, ou seja, estes são sempre em forma de conselhos dirigidos do pai para o filho e do mestre escriba para o discípulo. 1.2.1 Educação no Egito 1.2.1.1 Egito: um pouco de história Para pensarmos sobre a educação egípcia, entendemos ser necessário antes falarmos um pouco sobre a civilização egípcia antiga, no sentido de nos colocarmos no contexto onde ela sur- giu. Veremos que a civilização egípcia se desenvolveu no nordeste africano (nas margens do rio Nilo) entre 3200 a.C. (unificação do norte e sul) a 32 a.C. (domínio romano). Como a região é for- mada por um deserto (Saara), o rio Nilo ganhou uma extrema importância para os egípcios. O rio Figura 1: Egípcios em adoração. Fonte: Disponível em <http://sphotos-a.xx.fb- cdn.net/hphotos-prn2/ p480x480/9095_101513 65867626274_1540961 810_n.jpg>. Acesso em 09/02/2013. ▼ 13 Letras Português - História da Educação era utilizado como via de transporte (através de barcos) de mercadorias e pessoas. As águas do rio Nilo também eram utilizadas para beber, pescar e fertilizar as margens, nas épocas de cheias, favorecendo a agricultura. A economia egípcia era baseada principalmente na agricultura, que era realizada, principal- mente, nas margens férteis do rio Nilo. Os egípcios também praticavam o comércio de merca- dorias e o artesanato. Os trabalhadores rurais eram constantemente convocados pelo faraó para prestarem algum tipo de trabalho em obras públicas (canais de irrigação, pirâmides, templos, di- ques). A religião dos egípcios era repleta de mitos e crenças interessantes. Acreditavam na exis- tência de vários deuses (muitos deles com corpo formado por parte de ser humano e parte de animal sagrado) que interferiam na vida das pessoas. As oferendas e festas em homenagem aos deuses eram muito realizadas, acreditavam na vida após a morte, mumificavam os cadáveres dos faraós, colocando-os em pirâmides, com o objetivo de preservar o corpo para a vida seguinte. É relevante aqui dizer que a civilização egípcia destacou-se muito nas áreas de Ciências. Esse povo desenvolveu conhecimentos importantes na área da Matemática, conhecimentos estes usados amplamente na construção de pirâmides e templos e ainda na medicina. Os procedimen- tos de mumificação proporcionaram importantes conhecimentos sobre o funcionamento do cor- po humano. 1.2.1.2 Educação no antigo Egito A educação egípcia não se limitava à elite, ao contrário da Babilônia e de outros povos em que somente a classe dos sacerdotes escribas era alfabetizada. No antigo Egito, a educação começava cedo na vida da criança, pois esse povo tinha um caráter bastante prático por natureza. Os egípcios necessitaram desenvolver técnicas e ciências para resolver seus problemas cotidia- nos tendo em vista sua ocupação geográfica, ou seja, localizada às margens do Rio Nilo, na porção nordeste do continente africano. Os alunos recebiam informações sentados em esteiras. O ensino é direcionado a prática, com exercícios e com aplicações de artes da arquitetura da época, do comércio e da ad- ministração. Vamos observar através dos registros dos historiadores que a educação no antigo Egito estava voltada para o desenvolvimento da fala, da obediência e da moral. As escolas funcio- navam como templos e algumas casas foram frequentadas por pouco mais de vinte alunos. A aprendizagem se fazia por transcrições de hinos, livros sagrados, acompanhada de exor- tações morais e de coerções físicas. Ao lado da escrita, ensinava-se também aritmética, com sistemas de cálculo, complicados problemas de geometria associados à agrimensura, conhe- cimentos de botânica, zoologia, mineralogia e geografia. Pode-se afirmar que, no início do Médio Império (2133- 1786 a.C.), o uso do livro de texto aparecia, com frequência, sendo utilizado pe- los escribas, e, isto acontecia por um pai escriba educando seu próprio filho ou um discípulo. Vamos observar, também, que, na antiguidade, as escolas se não eram públicas, ao menos eram coletivas, e havia presente a relação educativa privada, de pai para filho ou de escriba para discípulo (aluno). Segundo Manacorda (2006), a progressiva transformação da sabedoria em cultura, em conhecimento erudito e em assimilação da tradição, com seus rituais, e a correlativa constituição da escola com seus materiais didáticos, os rolos de papiros, é confirmada tanto pelas inscrições fúnebres como pelos textos literários. GlOSSáRiO escriba: Na Antiguida- de, pessoa encarregada de escrever, como copis- ta, secretário ou redator. Doutor da lei entreos judeus. Escrivão. Na Antiguidade, os escribas eram os profissionais que tinham a função de escrever textos, registrar dados numéricos, redi- gir leis, copiar e arquivar informações. Escribas era responsável pelos ensinamentos. edubla: Era o local destinado à educação e treinamento dos escri- bas que frequentavam a escola desde a juventu- de até a idade adulta, para adquirir o status de profissionais. ◄ Figura 3: Papiro. Fonte: Disponível em <http://bibliote- cas1978.files.wordpress. com/2012/08/del-papiro -al-blog.gif>. Acesso em 06 fev. 2013. ◄ Figura 2: Escriba (Professor no antigo Egito). Fonte: Disponível em <http://4.bp.blogspot. com/vwpIB75j3A/TfPn- CijaQlI/AAAAAAAAAG- Q/9FqKdSpZ1GM/s1600/ Escriba+mastaba+Kaninis ut.jpg >. Acesso em 06 fev. 2013. 14 UAB/Unimontes - 3º Período Observe o texto abaixo: “Faz-se o que se diz quando se estuda nos livros. Penetra nos livros, coloca-os no teu cora- ção: tudo o que dirás será excelente. Um escriba destinado para uma função consulta os escritos”. (Br. 291 apud MANACORDA, 2006, p. 27). Veja que através da leitura deste parágrafo, já no segundo período (cerca de 1785 a 1580 a. C.), a passagem da sabedoria para a cultura ou instrução tornou-se mais clara, pois o sábio deixa de ser apenas aquele que possui experiência e inteligência para ser também aquele que conheceu a tradição através dos livros, que adquiriu cultura e assimilou a sabedoria dos antigos através dos livros. É neste momento histórico que o livro ganha destaque como instrumento de instrução. De acordo com Manacorda (2006), é no Novo Império (1552 – 1069 a. C.) que ocorre a ge- neralização e a consolidação da escola, pois neste período aparece uma quantidade considerá- vel das chamadas coletâneas escolares, textos e cadernos de exercícios, contendo hinos, ora- ções, sentenças morais, além de sátiras de ofícios e exaltações dos antigos escribas e do ofício de escriba. AtividAde Observe o texto abaixo: Vem, descrever-te-ei o comportamento do escriba quando se diz: Depressa! Para o teu lugar! Os teus colegas já estão fixos nos livros: não sejas preguiçoso! Ora dizes: três mais três. Ora lês diligentemente no rolo de papiro. Ora deves fazer os caçulos em silêncio e que não se ouça a voz da tua boca. Escreve com a mão e lê com a boca; pede conselho. Não sejas negligente nem passes um dia na ociosidade, senão, ai de teu corpo! Segue os métodos do teu mestre, ouve seus ensinamentos. Sê um escriba: Eis-me aqui! Dirás sempre que te chamem. Cuida de nunca dizer: Ufa! (MANACORDA, 2006, p. 33-34) Vamos refletir? Você certamente percebeu que o texto acima registra momentos da vida es- colar na antiguidade. Ao fazer esta leitura você percebeu alguma semelhança com algum mo- mento de sua educação? Entre no fórum de discussão e comente com seus colegas sobre suas descobertas. Vamos perceber que, já na antiguidade, havia uma preocupação com a educação infantil, pois, segundo Manacorda (2006), há registros de que foi inventada para as crianças pequeninas, no que se refere ao cálculo, noções aritméticas a serem aprendidas através do jogo e da diversão; subdivisão de maçãs e de coroas entre certo número de alunos, dando a cada aluno o mesmo número, entre outras atividades que proporcionavam este trabalho. Este fato foi comprovado através dos achados arqueológicos, tanto de brinquedos como de representações de jogos, jun- to com as fontes literárias apresentadas e os testemunhos iconográficos, que consistem em fon- tes preciosas de informações a respeito de aspectos concretos da educação na antiguidade. A civilização egípcia destacou-se muito nas áreas de ciências. Desenvolveram conhecimen- tos importantes na área da matemática, usados na construção de pirâmides e templos. Na me- dicina, os procedimentos de mumificação proporcionaram importantes conhecimentos sobre o funcionamento do corpo humano. GlOSSáRiO Papiro: Uma espécie de papel chamado papiro, que era produzido a partir de uma planta de mesmo nome, tam- bém era utilizado para registrar os textos. A escrita egípcia também foi algo importante para este povo, pois permitiu a divulgação de ideias, comunicação e controle de impostos. Existiam duas formas de escrita: a demótica (mais simplificada) e a hieroglífica (mais com- plexa e formada por desenhos e símbolos). As paredes internas das pirâmides eram repletas de textos que falavam sobre a vida do faraó, rezas e mensagens para espantar possíveis saqueadores. Sátira: é uma técnica literária ou artística que ridiculariza um determi- nado tema (indivíduos, organizações, estados), geralmente como forma de intervenção política ou outra, com o objeti- vo de provocar ou evitar uma mudança. 15 Letras Português - História da Educação Um fato interessante de se observar é que a educação egípcia não se limitava à elite, ao con- trário da Babilônia e de outros povos em que somente a classe dos sacerdotes escribas era alfa- betizada. No Egito, existia a possibilidade de as classes inferiores aprenderem a ler e a escrever e inclusive poderiam subir de nível social. O processo educativo egípcio caracteriza-se pela palavra escrita. Assim, a capacidade de ler e de escrever conferiu aos que detinham esse saber certo mis- tério, pois, apoiada pela religião, a autoridade da palavra escrita se torna inviolável (GILES, 1987). Outro fato importante, como você pode constatar, é que a presença da religião configura-se também como uma característica marcante da educação e de todos os aspectos da vida egípcia. O faraó era o sumo sacerdote dos cultos oficiais e chefe de Estado. Este Estado apoiava-se na forma teocrática de governo, onde a administração burocrática era ligada à casta sacerdotal. Po- de-se observar que a flexibilidade da sociedade egípcia se deu, entre outros fatores, pelo fato de qualquer menino talentoso poder se tornar um escriba. ◄ Figura 4: Ciência egípcia. Fonte: Disponível em <http://www.mundoedu- cacao.com.br/novosite/ upload/conteudo_legen- da/4d431e40d9146c8fd- db184d086b7a64f.jpg>. Acesso em 12/02/2013. ◄ Figura 5: Educação egípcia. Fonte: Disponível em <http://2.bp.blogspot. com/_EOHn_S0Pe- ko/SxOpYDKkHlI/ AAAAAAAAABo/ vmnmSsvDrU8/ s1600/31125_31126_ima- ge002.jpg>. Acesso em 12/02/2013. 16 UAB/Unimontes - 3º Período A integração da sociedade era o meio que a burocracia sacerdotal adotava, fornecendo ad- ministradores e funcionários para o governo. Giles relata que a escolarização era um mecanismo importante nessa sociedade. Em suas palavras: Junto à tesouraria real sempre havia uma escola pública, equipada para a for- mação de escribas, cujos serviços eram indispensáveis para a manutenção de todo o aparato burocrático do Estado. Mesmo não conseguindo emprego jun- to ao governo, o escriba era sempre procurado para a administração das gran- des fazendas e junto aos grandes comerciantes do reino. A instrução nessas es- colas era gratuita, custeada pelo próprio Estado. O instrumento de mobilidade e de estabilidade social é a escola. Trata-se de aprender a ler e escrever para subir socialmente. (GILES, 1987, p. 54). Propomos aqui falar um pouco dos tipos de escola, no antigo Egito, com base nos registros encontrados. Vamos lá! Veremos, através dos registros históricos, que, no Egito, no período de- pois de 3.000 a.C, ocorreram três tipos de escolas: 1. escolas do templo: as escolas do templo eram direcionadas para treinamento do clero; 2. escolas da corte: as escolas da corte eram destinadas à formação dos burocratas; 3. escolas provinciais: as escolas provinciais eram destinadas à formação de funcionários para o setor privado e para o governo. Nesse período, observamos que há indí- cios da existência de escolas militares para a formação dos filhos da nobreza que preten- diam seguir a carreira de oficial do exército. Além disso, existiam os colégios sacerdotais, de estudos superiores. Convidamos você a conhecer um pouco dessas escolas e a descobrirqual a preocupa- ção desse povo com a educação. De acordo com os registros históricos, aos cinco anos, iniciava-se a formação dos jo- vens nas escolas da aldeia, sob a orientação do templo local, em que podiam aprender os fundamentos de determinada profissão. Aos dezessete anos, os jovens que se destacavam continuavam os estudos no templo central ou nas escolas superiores de instrução escribal, durante três ou quatro anos. A atividade principal dentro dessa escola era a memorização da hieroglífica e o domínio da escrita hierática cursiva, utilizada para fins comerciais. Veremos que a escola egípcia consistia na manutenção da literatura de inspiração divina e a técnica predominante no ensino era a me- morização e a repetição. As virtudes consideradas neste período eram o silêncio, a obediência, a abstinência e a reverência ao passado. A criatividade e a originalidade deveriam ser evitadas, e o castigo era aplicado ao aluno como forma para conseguir as virtudes. Nesse tipo de educação egípcia, você observará que, para se tornar escriba, o aluno tinha que alcançar perfeição na reprodução dos textos antigos e modelos de escrita, somente através desse resultado é que poderia ter acesso à mobilidade social. Veremos, também, que o processo educativo do Egito antigo consistia na conservação das instituições existentes na sociedade sem que elas fossem modificadas. O modelo educacional do Egito antigo funcionou durante 3000 anos. 1.2.2 Educação na Grécia Convidamos você, agora, para iniciarmos uma conversa a respeito da História da educação na Grécia. Para melhor entender as questões educacionais nesse país, faz-se importante rever um pouco de sua história. Vamos lá! Figura 6: Educação da criança egípcia. Fonte: Disponível em <http://www.fasci- nioegito.sh06.com/ agricola.jpg>. Acesso em 16/02/2013. ► 17 Letras Português - História da Educação 1.2.2.1 Grécia: um pouco de história A civilização grega surgiu entre os mares Egeu, Jônico e Mediterrâneo, por volta de 2000 a.C. Ela formou-se após a migração de tribos nômades de origem indo-europeia como, por exemplo, aqueus, jônios, eólios e dórios. Ressaltamos ainda que a Grécia era formada por um aglomerado de diversas cidades (polis). As polis (cidades-estado), forma que caracteriza a vida política dos gregos, surgiram por volta do século VIII a.C. As duas polis mais importantes da Grécia foram Es- parta e Atenas. 1.2.2.2 Falando da educação na Grécia Na Grécia, encontraremos aspectos da educação do antigo Egito, principalmente a sepa- ração dos processos educativos segundo as classes sociais, porém esta aconteceu de forma menos rígida e com evidente desenvolvimento para as formas de democracia educativa. (MA- NACORDA, 2006). Educação no período antigo Veremos que, para as classes dominantes, a educação grega visava prepará-las para as ta- refas de poder. O mesmo acontecia no Egito, portanto, a ênfase na formação do sujeito era no “pensar” e no “falar” (política) e no “fazer”, este último aspecto inerente ao uso das armas. Para a classe trabalhadora (dos governados), não havia escolas, mas havia treinamento no trabalho e isto consistia em imitar a atividade dos adultos no trabalho. Para as classes excluídas e oprimidas, nada havia, nem escolas nem treinamento. Na Grécia antiga, vamos destacar duas modalidades de educação (duas Paideias): a Homéri- ca e a Hesiodeica. Vamos falar um pouco sobre isto? Na educação homérica, os indivíduos das classes dominantes são guerreiros na juventude e políticos na velhice. A educação, no período homérico, caracterizava-se pela falta de organização institucional específica, falta de método e de controle. A educação consistia no treino de ativida- des práticas, com pouco lugar para a instrução de caráter literário. O treino voltado para atender às necessidades reais da vida acontecia no seio familiar. Para deveres superiores da vida, como ◄ Figura 7: Ruína grega Fonte: Disponível em <http://2.bp.blogspot. com/-rwJl9SkhtZ4/UNSA- F7goRcI/AAAAAAAAAHc/ K0XwZeW8EbU/s1600/gre- cia+antiga.jpg>. Acesso em 10/02/2013. 18 UAB/Unimontes - 3º Período serviço público, o treino era realizado pelo Conselho (aproximava de uma instituição educativa), na guerra e nas expedições de conquista. O ideal da educação homérica baseava-se na teoria do desenvolvimento da personalidade; compreendia o ideal do homem de ação e do homem de sabedoria. A primeira virtude do homem de ação e do guerreiro era a bravura. Assim, Aquiles (o guerreiro) e Ulisses (oratória) foram os modelos de virtude e de honra. O menino aprendia as proezas dos heróis homéricos. Nesse período, o ensino formal não existia, o conteúdo desse ensi- no era a retórica, ensinada para falar, e a arte militar, ensinada para agir. A educação hesiodeica, por sua vez, tem origem os ensinamentos que constituem um patri- mônio de sabedoria e de moralidade camponesa e que correspondem aos ensinamentos egíp- cios, mesopotâmicos ou hebraicos. Vemos em Manacorda (2006) que na educação grega, denominada de arcaica, encontramos documentada a aculturação (moral, religiosa, patriótica) e a aquisição das técnicas, sobretudo as de governar e as de produzir. Veremos que a educação grega acontece através da música e da gi- nástica. Por música, era entendido os hinos religiosos e militares, cantados em coro pelos jovens. Por ginástica, entendia-se a preparação do guerreiro. Educação no período clássico A educação na Grécia, no período clássico, segundo Manacorda (2006), continua baseada na música e na ginástica. O autor nos relata que em Creta e Esparta a educação era tarefa precípua do Estado, confiada a um magistrado denominado de pedônomo ou do legislador para a infân- cia e também acontecia de forma coletiva. Durante os primeiros sete anos, a criança ficava sob os cuidados dos referidos assisten- tes, bem como do “pedônomo”, em habitações públicas de soldados, mantidas pelo Estado. Nessas habitações, a criança era preparada para se tornar um guerreiro. Pode-se dizer que a imitação era a base da educação grega, mas ela, ao contrário da educação oriental, incidia sobre modelos vivos, sendo o docente um dos mais importantes. “Pelo contato dire- to do menino com o adulto, como da criança com o pedagogo e do jovem com o ‘inspira- dor’, os gregos efetuaram de modo mais práti- co a educação moral da juventude”. (MONROE, 1983, p. 49). Escola do alfabeto Veja que, por longo período, os conteúdos e fins da educação permanecem tendo como seu principal veículo a música e a ginástica, porém, com o desenvolvimento da democracia, a edu- cação deixa de ser privilégio das classes dominantes e é estendida para as classes menos favo- recidas, ou seja, é direcionada a todos os cidadãos livres. Nesse momento, nasce um fato novo, a escola de escrita. Você observou, no início deste estudo, que no Egito os ensinamentos eram escritos? Lem- bra-se dos escribas? Recorda que este ensinamento era repassado pelos escribas? Observou que a escrita egípcia era hieroglífica e, sendo assim, era bastante complexa e de domínio exclusivo dos escribas? Observou que, por esse motivo, os escribas também eram considerados homem de poder, por dominar esta técnica? Então vamos continuar nossa discussão sobre a educação no Egito e descobrir o que deste modelo existe até hoje na educação brasileira? Veja você que para entendermos a escola do alfabeto precisamos voltar um pouco na edu- cação egípcia. Então vamos lá! No Egito, existia a possibilidade de as classes inferiores aprenderem a ler e a escrever e inclu- sive poderiam subir de nível social. O processo educativo egípcio caracteriza-se pela palavra es- crita. Assim, a capacidade de ler e de escrever conferiu aos que detinham esse saber certo misté- GlOSSáRiO Paideia: Esse termo “foi criado por volta do sé- culo V a.C, que significa- va “criação dos meninos” (pais paidós). Na educa- ção intelectual, a noção de paideia amplia de simples educação da criança para a contínua formaçãodo adulto, capaz ele mesmo de repensar a cultura do seu tempo. Para Aranha, a Grécia Clássica é o berço da pedagogia. Com o tempo, o sentido amplia para designar a teoria da educação. Os gregos, ao discutirem o fim da Paideia, esboçam as primeiras linhas da ação pedagógica, que irão influenciar a cultura ocidental. diCA O período clássico – séculos V e IV a. C. – é considerado o apogeu da civilização grega. Observa-se, na polí- tica, o ideal grego de democracia represen- tado por Péricles. Além disso, as artes, literatura e filosofia contribuíram definitivamente para a herança cultural do mundo ocidental. (ARA- NHA, 1990). Figura 8: Educador grego. Fonte: Disponível em <http://4.bp.blogspot. com/-aqTZq3g_K0M/Tj- CY5fYwHTI/AAAAAAAAA- GU/reK2RaW13_8/s1600/ educa%25C3%25A7%- 25C3%25A3o+gr%- 25C3%25A9cia.jpg>. Acesso em 12/02/2013. ► GlOSSáRiO Pedônomo: Antigo Ma- gistrado que, em muitas cidades da Grécia, especialmente Esparta e Creta, velava pela edu- cação das crianças. 19 Letras Português - História da Educação rio, pois, apoiada pela religião, a autoridade da palavra escrita se torna inviolável (GILES, 1987). Os fenícios inventaram um sistema redu- zido de caracteres que representavam o som consonantal, característica das línguas semíti- cas encontrada hoje na escrita árabe e hebrai- ca. Em seguida, os gregos adaptaram o sistema de escrita fenícia agregando as vogais e criando, assim, a escrita alfabética. (Alfabeto, palavra de- rivada de alfa e beta, as duas primeiras letras do alfabeto grego.) Na Grécia, com a escrita alfabética considerada mais simples, veremos que surge um meio mais democrático de comunicação e de educação. A escola de escrita se abre a todos os cida- dãos. Junto aos mestres de música e de ginástica, surge um novo mestre, o das letras do alfabeto. AtividAde Através dos registros históricos, temos que Platão nos informa sobre a metodologia do ensi- no desta nova e democrática técnica cultural que era a escrita alfabética. Vamos ver o que ele nos disse? Veremos através dos escritos de Platão que primeiro se aprendiam as letras oralmente e depois as letras escritas, ou seja, primeiro recitavam-se os nomes das letras. Leia o texto abaixo e reflita um pouco sobre esta metodologia de ensino. Quando aprendemos a ler, aprendemos primeiro os nomes das letras, depois suas formas e seus valores, em seguida as sílabas e suas propriedades e, enfim, as palavras e suas flexões. Daí, coçamos a ler e a escrever, de início lentamente, sílaba por sílaba. Quando, no devido prosseguimento do tempo, as formas das palavras estiverem bem fixas em nossa mente, lemos com agilidade qualquer texto proposto, sem tropeçar, com incrível rapidez e facilidade. (Opuscula, II, 4-16 apud MANACORDA, 2006, p. 54) Quer ver se este método durou mesmo por milênios como afirmam os historiadores? Então procure em sua família ou na comunidade um ancião (pessoas que tenham pelo menos 70 anos) que frequentou escola quando criança. Indague sobre a forma como foram alfabetizados. Apre- sente os relatos desse momento no fórum de discussão, socializando suas descobertas com seus colegas. Vamos pensar um pouco mais? Imagine esta escola e dê sua opinião, considerando o momen- to atual. Entre no fórum e apresente suas considerações, dialogando com seus colegas de curso. Continuando nossa conversa, veremos que, posteriormente, a escrita grega foi adaptada pe- los romanos, constituindo-se o sistema alfabético greco-romano, que deu origem ao nosso alfa- beto atual. Veremos que esse sistema representa o menor inventário de símbolos que permite a maior possibilidade combinatória de caracteres, isto é, representação dos sons da fala em unida- des menores que a sílaba. Com a invenção da escrita, o processo educativo tornou-se mais formalizado, exigindo uma classe de especialista. Nesse caso, a transmissão e a escrita ficam entregues à responsabilidade da casta sacerdotal. O sacerdote era o mediador entre os deuses e o homem. Entretanto, o novo sistema escolar ainda não era universal, destinava-se somente aos filhos dos detentores de po- der. Nesse contexto, surgem as primeiras bi- bliotecas com escritos de mitologia, história, astronomia, astrologia, magia, poesia e gramá- tica. Como o sacerdote era o mediador entre o homem e os deuses, a formação era centrada nos rituais. Portanto, o processo educativo se destinava à conservação e à continuidade do sistema político e social do período. No que se refere à educação grega, pode- mos considerar que essa teve como particulari- dade a oportunidade do desenvolvimento indi- vidual. As explicações religiosas são substituídas pelo reconhecimento da razão autônoma, pela inteligência crítica, pela personalidade livre, ca- ▲ Figura 9: Alfabetização (escrita chamada hieroglífica). Fonte: Disponível em <http://www.disco- verybrasil.com/egito/ alfabetizacao> Acesso em 10/02/2013 ◄ Figura 10: Escrita alfabética. Fonte: Disponível em <http://www.webeduc. mec.gov.br/midiaseduca- cao/modulo4/e1_assun- tos_a1.html>. Acesso em 10/02/2013 20 UAB/Unimontes - 3º Período paz de formular o ideal de formação do cidadão. Assim, Aranha (1990) relata que uma nova con- cepção de cultura e do lugar do indivíduo na sociedade repercute na educação, bem como nas teorias educacionais. De fato, os filósofos gregos refletiram a esse respeito, para que a educação pudesse desenvolver um processo de construção consciente de que o homem fosse constituído de modo correto e sem falha, nas mãos, nos pés e no espírito. Na Grécia, existiam conflitos entre os teóricos educacionais, com relação à constituição do ideal educativo. Com isso, os filósofos gregos, representantes da nova educação do mencionado país, ganharam destaque, especialmente, Sócrates, Platão e Aristóteles. Para refletirmos um pouco a respeito da história da educação no contexto em que vivia Pla- tão, necessitamos lembrar que as ideias deste filósofo marcam dois momentos e dois modelos de educação, sendo que o primeiro momento representa as ideias de Platão enquanto jovem, que são expressas no livro A República. Platão aponta o modelo ideal de cidade, onde as pessoas são livres para se governar. Aqui, fica clara a concepção de homem, que traz implícita uma con- cepção de educação e, consequentemente, uma visão de ensino e aprendizagem coerente com a moral e a política. Segundo Platão: Um homem perfeito só pode ser um perfeito cidadão. E como é necessário co- nhecer o bem para ser um homem de bem ou um bom cidadão, se não o co- nhecer por si mesmo em todo o seu esplendor, convém pelo menos ser orien- tado por aqueles que se elevaram até este conhecimento, ou seja, os filósofos. Eis por que é necessário, para o bem de todos, que os filósofos sejam conside- rados os líderes da cidade (PLATÃO, 1999, p. 32). Podemos observar que, ao conceber o homem livre, a educação também é concebida de forma livre, pois é necessário formar o homem que se ajuste a um modelo, onde cada pessoa tenha consciência de sua classe e, dessa forma, irá desempenhar os seus papéis, cumprir obri- gações, a fim de manter a harmonia entre a hierarquia, necessária a uma cidade justa, livre das desilusões, conveniências sociais e interesses individuais ou de uma minoria de aristocratas. No que se refere à educação proposta por Platão na República, Giles afirma que: Em “A República”, Platão analisa demoradamente o processo educativo. Este visa, antes de tudo, à formação do guardião, que é quem deve exercer lideran- ça e garantir a subsistência do Estado na sua forma ideal. Platão é menos ex- plícito no que diz respeito à formação dos guerreiros e dos artesãos. Porém, a escolha do candidato para cada tipo de educação será baseada no talento, ou seja, na capacidade natural. (GILES, 1987, p. 21). Veremos que a organização da sociedade grega fez florescer o progresso social e que a li- berdade estimulou o desenvolvimento de todos os aspectos e de todas as formas deexpressão do valor individual. Assim, surgiu o conceito de educação liberal, considerada digna do homem livre, que, segundo os historiadores, possibilita tirar proveito de sua liberdade ou fazer uso dela. Ao aprofundar no estudo da história da educação na Grécia, você observará que esta tinha a missão de aplicar a inteligência a todas as fases da vida, pois, no modelo de educação grega deste período, o saber deixou de ser servo da teologia e a pesquisa não era privilégio especial do sacerdócio. Verá que, nesse contexto, existia uma contraposição de ideias, discutidas por meio de debates, de forma que provocasse um conflito. Nesses debates, os gregos defendiam ideais filosóficos que, ao serem estabelecidos, foram cristalizados de forma a influenciar o mundo oci- dental, até a atualidade. De acordo com Chatelet: [...] é incontestável que a concepção grega do homem e do mundo se seculari- zou ou laicizou progressivamente e que o universo dos deuses desapareceu pou- co a pouco face às ações dos homens... Subministra-se aí um pensamento novo, que rejeita nos horizontes distantes do arcaísmo o excessivo interesse pelos deu- ses e, em consequência, o exclusivo interesse pelos homens. Nesta óptica, a re- gulamentação da continuidade já é significação de ruptura... Um estilo novo de discurso nela se impõe; define-se uma ordem que será logo designada como ló- gica; determina-se nele uma política original. A novidade é evidente, não é mais a força dos hábitos ou do poder pseudo-real dos mantenedores da ordem que se impõe, mas a ordem da palavra controlada. (CHATELET, 1973, p. 20). Temos que a educação na Grécia dividiu-se entre período antigo (Idade Homérica) e novo período (educação espartana e ateniense). Já apresentamos a educação no período homérico. Propomos, agora, falar um pouco da educação grega no novo período, ou seja, educação espar- tana e ateniense. Vamos lá! diCA Para você entender me- lhor sobre a Grécia, leia as obras de Sócrates, Isócrates, Platão e Aris- tóteles. Você encontra ebooks desses pensa- dores em sites como: <http://ateus.net/ ebooks/http://projeto- phronesis.wordpress. com/2009/07/10/e- -bookssocrates/http:// searchworks.stanford. edu/view/4535727> 21 Letras Português - História da Educação Você precisa saber que, na educação grega no novo período, continuam as ideias educacio- nais, religiosas e morais, porém, nesse momento, desenvolveu-se um novo pensamento filosófi- co e novas práticas educativas surgiram. Vamos observar estas educações através dos relatos dos historiadores, separando em duas sessões: educação em Esparta e educação em Atenas. 1.2.2.3 Educação em Esparta Para conversarmos a respeito da educação espartana, precisamos ressaltar que Esparta era uma importante cidade-estado situada na península do Peloponeso. Com a formação da cidade -estado (unidades políticas maiores), faz aparecer a evolução da nova estrutura política, acompa- nhada por modificações nas formas de governo, de sistema monárquico, depois ditadura e, por fim, a democracia republicana. Entretanto, Esparta aparece como uma exceção a esse processo, pois o ideal homérico irá permanecer de maneira atuante e nitidamente militarista. Veremos que o estado de guerra praticamente permanente impõe uma disciplina que su- bordina o indivíduo ao Estado. Dessa forma, a educação espartana consistia em dar a cada indiví- duo a perfeição física, coragem e hábito de obediência às leis para que esse indivíduo se tornas- se um soldado ideal em bravura e verdadeiro cidadão. É sabido que, ao nascer, a criança espartana era minuciosamente observada por um grupo de anciãos. Caso ela não apresentasse uma boa saúde ou tivesse algum problema físico, era lan- çada do cume do monte Taigeto. Se a criança fosse considerada saudável, ficaria com a mãe até os sete anos de idade e, a partir dessa idade, passava a ficar sob a tutela do governo espartano, com a finalidade de receber todo o conhecimento necessário à sua futura trajetória militar. Vamos refletir? Como você pode perceber, o processo educativo em Esparta era controlado pelas autorida- des políticas, afinal, para o ideal espartano, as crianças nascem e são criadas para servir ao Esta- do. Aos sete anos de idade, o menino era entregue aos cuidados da escola oficial do Estado e o ensino destinava-se a formar o soldado. Observe logo abaixo o comentário de Giles: diCA Para Sócrates, a aprendi- zagem é fruto de uma semente germinada e cultivada na alma. E, assim, a educação deve ocorrer por meio de diálogos críticos, procurando demonstrar a necessidade de unir pensamento e vida, a fim de que o ser huma- no procurasse buscar o autoconhecimento. Você percebe esse mo- delo de educação pre- sente nas concepções ensino-aprendizagem adotadas atualmente? ◄ Figura 11: Educação na Grécia. Fonte: Disponível em <http://1.bp.blogs- pot.com/-yV9aOx- seiek/T5Tzu0Iy7rI/ AAAAAAAAADo/PGf56Z- M-xeE/s1600/educ3.jpg>. Acesso em 12/02/2013. AtividAde Pense no que você leu no parágrafo anterior sobre a educação da criança espartana. Qual a sua opinião sobre a forma que os espar- tanos pensavam sua educação na antigui- dade? Nossa educação resguarda alguma semelhança com esse modelo? Qual a sua opinião a esse respeito? Entre no fórum e dialo- gue com seus colegas. 22 UAB/Unimontes - 3º Período O menino recebe uma cama de palha, sem cobertor, e uma camisola curta. Deve andar descalço. Para acostumar-se a passar fome em tempo de guerra, só recebe um mínimo de comida. (GILES, 1987, p. 13). Então, como se pode observar, a educação espartana tinha critérios para entrada e continui- dade do processo educativo, ou seja, entre os sete e os doze anos, a criança recebia os conheci- mentos fundamentais sobre a organização e as tradições de seu povo. Após os doze anos, inicia- va-se um rigoroso treinamento militar em que o menino seria colocado em uma série de provações e testes que deveriam aprimorar suas habi- lidades de guerreiro. Aranha (1996) comenta que, como todos os gregos, os esparta- nos desenvolvem o estudo de música, canto e dança coletiva. Até os 12 anos, predominavam as atividades lúdicas e, conforme o crescimento, aumentava-se o rigor da aprendizagem e a educação física se transfor- mava em verdadeiro treino militar. Veja que o princípio da educação espartana era formar bons sol- dados para abastecer o exército da polis e, por este motivo, podemos inferir que a educação espartana tinha como objetivo principal formar soldados fortes, valentes e capazes de lutar na guerra. Veremos, tam- bém, que o senso crítico e artístico não era valorizado pelos espartanos e que os jovens estudantes tinham que aprender a aceitar ordens dos seus superiores e falar somente o necessário. As meninas espartanas também tinham direito à educação espe- cífica, porém, esta acontecia de forma bem diferente da educação dos meninos. A educação das meninas tinha como objetivo formar boas esposas e mães. As meninas também participavam de atividades desportivas e torneios, mas com o objetivo de tornarem-se mulheres saudáveis e for- tes, para, no futuro, dar a luz a soldados saudáveis e fortes. Você observou que o conteúdo da educação espartana era dominantemente físico e moral? Observou que a educação moral valorizava a obediência, a aceitação dos castigos e o respeito aos mais velhos? Assim sendo, podemos inferir que a educação desenvolvida em Esparta estava intimamente ligada ao caráter militarista. Educação em Atenas Vamos observar através dos registros históricos que a educação em Atenas contrastava com a adotada em Esparta, pois a educação ateniense tinha como objetivo principal a formação de indivíduos completos, ou seja, preocupava-se com o bom preparo físico, psicológico e cultural. Os atenienses acreditavam que a cidade-estado se tornaria mais forte se cada menino desenvol- vesse individualmente suas aptidões. Veremos que o governo ateniense não controlava os alunos e as escolas. Os primeiros anos de vidada educação ateniense eram completamente dedicados à diversão, ou seja, o menino entrava na escola aos 6 anos de idade e ficava sob a responsabilidade de um pedagogo que era responsável pelos primeiros ensinamentos. Quando os jovens atingiam a idade de 16 anos, com- pletava-se a sua educação básica. Segundo os registros históricos, todo cidadão ateniense enviava o filho a três tipos de escola elementar: a palestra ou escola de ginástica, a escola de música e a escola de escrita. A música visava ao desenvolvimento do senso estético do menino, e o sentido de participa- ção em concursos, festivas e declamações de poesia constituía a formação do caráter moral. Na escola de escrita, o menino aprendia a escrever tanto a letra formal como a letra cursiva. Nesse período (século V a.C), segundo Guiles, houve evolução do alfabeto em Atenas e isso foi de extrema importância para o processo educativo: O aluno iniciava por copiar as letras individuais, para depois combiná-las em sílabas e, enfim, decorava palavras inteiras. A escrita era feita em tábuas de barro cozido com estilete. As tábuas eram cobertas com uma camada de cera. Mais tarde, escrevia-se em folhas de papiro. O aluno traçava as formas das letras, já preparadas pelo instrutor, até aprender a formá-las ele próprio. (GILES, 1987, p. 15) ▲ Figura 12: Educação espartana. Fonte: Disponível em <http://1.bp.blogspot. com/-jpD70CpjYrQ/Ttd5_ MGUG_I/AAAAAAAAAEg/ nVUPxZ4TGb0/s400/300- 6.jpg>. Acesso em 12/02/2013. AtividAde Qual a sua opinião sobre esta forma de educar? Tem observado alguma semelhança com a forma de edu- cação atual? Entre no fórum e dialogue com seus colegas de Curso a esse respeito dando sua opinião. AtividAde Em nossa educação contemporânea existe essa preocupação? O que você percebe da nossa educação atual que se assemelha a estas descrições? Qual a sua opinião sobre essa forma de educar? Vá ao fórum e comente com seus colegas sobre o modelo educacional espartano, apresentan- do sua opinião. 23 Letras Português - História da Educação Quanto à educação das meninas de Atenas, verificamos que elas não frequentavam escolas, ficavam aos cuidados da mãe até o casamento. Como você pode observar, por volta dos sete anos de idade, o menino ateniense era orien- tado por um pedagogo e não enviado a campos de formação de guerreiro como em Esparta. Na escola, os jovens estudavam música, artes plásticas, Filosofia, entre outras. As atividades físicas também faziam parte da vida escolar dos atenienses, pois estes consideravam de grande impor- tância a manutenção da saúde corporal e não havia a preocupação com a guerra. Embora os ci- dadãos atenienses vivessem sobre um regime democrático, a educação ainda era um privilégio dos nobres. Diante do que estudou até agora, você observou que, no que diz respeito à educação ate- niense, muitos aspectos eram considerados. Porém, há outro fato que consideramos de relevân- cia: é quanto aos responsáveis pela educação em Atenas. Vamos observar que os sofistas surgem como os primeiros mestres, profissionais da educação. Veremos, ainda, que o processo educati- vo ateniense estava associado às necessidades práticas, principalmente a eloquência perante a assembleia dos cidadãos. A retórica, portanto, era considerada fundamental na formação desse cidadão, pois se acreditava que através da argumentação, da força de dicção poética, da orna- mentação e estilística e da persuasão, a opinião pública poderia ser manipulada. A educação ateniense tinha uma sistematização, como podemos verificar através dos rela- tos apresentados no ícone Para saber mais ao lado. Leia-o e descubra do que estamos falando. AtividAde Como você percebeu essa preocupação da educação feminina pe- los espartanos? O que diria se essa forma de educação fosse implan- tada hoje em nossos sistemas educativos? Vá ao fórum e apresente sua opinião, discutindo sobre esse assunto com suas colegas de Curso. diCA Assista ao filme “300”, de Zack Snyder, que traz uma cena que ilustra muito bem o que vimos sobre a educação espar- tana: trata-se do treina- mento do rei Leônidas quando menino. - Visite o fórum e comente sobre o filme com seus colegas. AtividAde Neste modelo você percebe alguma seme- lhança com a educação atual? Entre no fórum e comente com seus colegas sobre sua des- coberta. ◄ Figura 13: Educação em Atenas. Fonte: Disponível em <http://www.dm.ufscar. br/hp/hp902/hp902001/ fhp902001d.jpg>. Acesso em 13/02/2013. AtividAde Vamos pensar um pouco? Este modelo educacional tem algu- ma semelhança com o nosso modelo atual? O que você percebeu? Entre no fórum e discu- ta com seus colegas as suas percepções. AtividAde Observou que a edu- cação ateniense tinha como objetivo trabalhar as qualidades mentais, físicas e morais do ser humano, guiando a juventude e fazendo-os tornarem-se “fortes e descentes”, úteis à socie- dade e bons cidadãos? Pois é, o que você acha dessa preocupação dos atenienses? Entre no fórum e comente com seus colegas de Curso. 24 UAB/Unimontes - 3º Período BOX 1 Texto: Ministério Nacional da educação e dos Assuntos Religiosos da República Hel- lênica. tradução (inglês/Português) Phedra Panos. A educação na antiga Atenas consistia em três (3) cursos básicos. O Primeiro curso era chamado “Grammata” (as letras), e incluía a leitura, escrita e mate- mática. O professor era chamado de “Grammatistes” (professor das letras). Quando as crianças passavam a dominar a língua, era-lhes ensinados os grandes Poetas e suas obras. O segundo curso consistia em Música e Canto. O professor era chamado de “Kitharistes” (guitarrista). Através das letras, da música e poesia, também lhes era ensinado história, geo- grafia, ética e todos os demais valores da vida. O terceiro curso consistia em educação física. O professor era chamado de “Paidotribes” (formador de criança). As lições tinham lugar à tarde na “Palaestra” (lugar de esportes) e no estádio. As crianças praticavam luta, salto, corrida e arremesso de disco e dardo. Fonte: Disponível em < http://www.sociedadehelenica.org.br/paginas_pt/netnews.cgi?cmd=mostrar&cod=12&max= 9999&tpl=modelo2>. Acesso em 13/02/2013 Vamos agora dialogar um pouco a respeito da educação Romana, e, para tal, precisamos considerar que, com a conquista romana, a cultura grega estende suas fronteiras, sem mudar seu caráter. Você vai observar que, na realidade, a educação romana vai ser apenas um aspecto da educação da Grécia. 1.3 Educação romana Começaremos esta discussão esclarecendo para você que, de acordo com os historiadores, a fundação de Roma resulta da mistura de três povos que foram habitar a região da península itálica: gregos, etruscos e italiotas. Esses povos desenvolveram na região uma economia baseada na agricultura e nas atividades pastoris. Lembramos, ainda, que a sociedade romana, nessa épo- ca, era formada por patrícios (pobres proprietários de terras) e plebeus (comerciantes, artesãos e pequenos proprietários). Vamos ver um pouco da história deste país na antiguidade, segundo os historiadores? 1.3.1 Um pouco da história de Roma Reportarmos à história de Roma requer considerarmos que esta consistia em uma pequena cidade e se tornou um dos maiores impérios da antiguidade. Dos romanos, herdamos uma série de características culturais. Veremos que o direito romano, até os dias de hoje, está presente na cultura ocidental, assim como o latim, que deu origem à língua portuguesa, francesa, italiana e espanhola. Origens de Roma: explicação histórica e Monarquia Romana (753 a.C a 509 a.C). Como você certamente recorda dos estudos que realizou no ensino médio, o sistema polí- tico romano era a monarquia já que a cidade era governada por um rei de origem patrícia. Lem- bra-se também que a religião, de maneira geral, nesse período, era politeísta? Os romanos adota- vam deuses semelhantes aos dos gregos, porém com nomes diferentes. Nas artes, destacava-se a pintura deafrescos, murais decorativos e esculturas com influências gregas. República Romana (509 a.C. a 27 a.C). Ressaltamos que, durante o período republicano, o senado Romano ganhou grande poder político. Os senadores, de origem patrícia, cuidavam das finanças públicas, da administração e da política externa. As atividades executivas eram exercidas pelos cônsules e pelos tribunos da plebe. A criação dos tribunos da plebe está ligada às lutas dos plebeus por uma maior participa- ção política e melhores condições de vida. Em 367 a.C., foi aprovada a Lei Licínia, que garantia a participação dos plebeus no Consulado (dois cônsules eram eleitos: um patrício e um plebeu). Essa lei também acabou com a escravidão por dívidas (válida somente para cidadãos romanos). Formação e Expansão do Império Romano. AtividAde Qual a sua opinião sobre esse modelo edu- cacional? Você acha que esse modelo poderia melhorar nossa edu- cação? Converse sobre isso com seus colegas no fórum. 25 Letras Português - História da Educação Você precisa ter claro também que, no ano de 395, o imperador Teodósio resolveu dividir o império em Império Romano do Ocidente, com capital em Roma, e Império Romano do Orien- te (Império Bizantino), com capital em Constantinopla. Em 476, chega ao fim o Império Romano do Ocidente, após a invasão de diversos povos bárbaros, entre eles, visigodos, vândalos, burgún- dios, suevos, saxões, ostrogodos, hunos etc. Nesse contexto, podemos afirmar que ocorria o fim da Antiguidade e início de uma nova época chamada de Idade Média. Agora, dedicaremos nossa atenção à reflexão acerca da educação romana propriamente dita. Vamos lá! Historiadores afirmam que, na antiga Roma, o pai de família era o primeiro edu- cador e que esse modelo de educação se caracteriza pela mentalidade prática dos romanos, enquanto na Grécia os sofistas foram os instrumentos para a introdução de novas práticas edu- cativas. Para podermos discutir a respeito da educação em Roma, você precisa saber também que os filósofos gregos, particularmente Sócrates, Platão e Aristóteles tentaram conciliar o confli- to existente entre a educação institucional e a nova educação individualista, o que resultou na formulação de um problema que permanece até a educação atual, ou seja, as discussões de fins, métodos e conteúdo educacionais sofrem influência dessa época até o presente, porém é preciso saber que a organização educacional sugerida pelos filósofos gregos não teve impacto imediato na educação romana. Dessa forma, ponderamos que a tendência individualista na edu- cação romana permaneceu até que fosse reprimida politicamente pelo Império Romano e moral- mente pelo cristianismo. Você verá que o ideal romano de educação era baseado na concepção de direitos e deveres. Assim, Giles comenta: Todos os deveres de pai e de cidadão reclamavam uma educação definida, du- rante os anos da meninice, a fim de se desenvolverem as aptidões ou virtudes adequadas. Mesmo nos últimos períodos, esta educação, apenas em pequena parte, era ministrada na escola. O lar é que ministrava uma educação definida, de caráter positivo e de grande valor. (GILES, 1987, p. 37). Esclarecemos a você que o processo educativo romano, assim como o de Esparta, tinha a finalidade de formar os filhos para servirem à Pátria. A aprendizagem consistia nas artes mais ne- cessárias para o Estado. Lembramos que, na sociedade romana, diferentemente da espartana, a família é a instituição mais importante e o principal agente educativo. O processo educativo é a formação do caráter moral. Assim, as escolas formais, no início da infância, tinham menor re- levância, em comparação com o lar. A educação era responsabilidade dos pais, que deviam dar disciplina severa, autoritária e moral. Thomas Giles revela que: Completados os oito ou nove dias do nascimento, o filho é inspecionado para ver se merece viver ou não. Sendo aprovado, a família festeja a ocasião com ce- rimônia religiosa, dando-se nome ao filho. Só então a família assume a sagrada tarefa de cuidar da criança, educando-a para o cumprimento da futura tarefa de assumir os deveres de cidadão. (GILES, 1987, p. 78). AtividAde Como você vê esta forma de seleção para a educação? O que mu- dou? A partir da leitura do texto acima, entre no fórum e comente com seus colegas apresen- tando sua opinião a esse respeito, fazendo relação com o momen- to atual. ◄ Figura 14: Educação romana. Fonte: Disponível em <http://cpantiguida- de.files.wordpress. com/2011/04/imagem- 1-valc3a9ria1.jpg>. Acesso em 16/02/2013. 26 UAB/Unimontes - 3º Período A partir do ritual, a criança aprovada aprende a referendar as divindades ancestrais, a obe- decer às leis e aos pais, ou seja, aprende a ser guerreira e cidadã. Quanto ao processo educativo fundamental dos romanos, por tradição, o jovem aprendia a ser um homem bom e piedoso a partir da observação dos mais velhos. Assim, a força do exemplo era o instrumento crucial da educação romana. Para Manacorda, a transição do estado tribal à monarquia aconteceu em apenas 300 anos: Em Roma a educação moral, cívica e religiosa, aquela que chamamos de incul- turação às tradições pátrias, tem uma história com características próprias, ao passo que a instrução escolar no sentido técnico, especialmente das letras, é quase totalmente grega. Com as palavras de Cícero podemos dizer que “As vir- tudes (virtutes) têm sua origem nos romanos, a cultura (doctrinae) nos gregos.” (MANACORDA, 2006, p. 73). Segundo os historiadores, os ritos da iniciação começavam aos dezesseis anos, quando o adolescente passava para a condição de adulto, trocava de veste e confirmava o seu nome. Ob- serve que era a partir desse momento que a educação do jovem era entregue a parentes ou ami- gos, que ensinariam a arte guerreira e agrícola. O adolescente aprendia também a ginástica, o manejo de armas, a ler e escrever e a história da pátria como sinal de identidade nacional. Veremos que o ensino literário limitava-se à transmissão oral de hinos religiosos e cantos mi- litares. O filho era moldado pelo pai para formar uma sociedade de soldados e aristocratas, pois o objetivo da educação romana era moral e prática, e não intelectual e literária. Entretanto, veremos que a anexação da Grécia, da Macedônia e de outras províncias trans- formou Roma em uma cidade bilíngue, destacando a língua grega, que se tornou, nesse período, a segunda língua para os diplomatas e aristocratas. Assim, você pode perceber que, nesse con- texto, as mudanças em Roma são irreversíveis. Inicia-se o ideal pragmático utilitário de aceitação e adaptação dos estudos helenistas por parte de Roma. Somente na segunda metade do século II surge um curso de instrução formal que tem o ideal humanista, correspondente à Paideia. Assim sendo, veremos que a organização sistemática do ensino em Roma desta época se baseia no programa de estudos dominados pela gramática, filologia e retórica, e não pela lite- ratura, estética e filosofia. Veja que os estudos romanos dividiam-se em três etapas: a primeira consistia na leitura, na escrita do grego e do latim; a segunda consistia no ensino da gramática, filologia e literatura; e a terceira etapa compreendia o nível superior, ou seja, o estudo técnico da filosofia, da dialética e da retórica. Porém, veremos, aqui, que o elemento comum nessas três etapas era a dimensão prática (aplicabilidade à vida do que se ensina e se aprende). Podemos dizer que a estrutura escolar he- lenista foi implantada no sistema escolar romano da época. O ensino de literatura, da lógica e da oratória continuou e, nesse momento histórico, o menino era entregue aos cuidados do pedago- go. É preciso que você saiba que o pedagogo romano, nessa época, tinha como objetivo servir de guardião, companheiro e orientador moral. Esse pedagogo era escolhido com muito critério, sendo observado principalmente o seu caráter moral. Voltando a falar da educação romana, no que diz respeito ao método de ensino, veremosque, aos sete anos, o menino aprendia a escrever copiando as palavras ditadas pelo mestre ou traçando as letras sobre as tábuas de cera. Na leitura, utilizava-se a tradução latina da Odisseia. Com doze anos de idade, o aluno vai para a escola gramatical, que se dividia no estudo de língua e de literatura grega e no estudo do latim e da literatura romana. Assim, veremos que a esco- la elementar romana foi substituída pelo modelo grego. O mestre providenciava as instalações para as aulas, que normalmente eram barracas e tendas ao ar livre, ao passo que no nível supe- rior, as salas eram espaçosas, com bancos e cátedra para o mestre. Também entendemos ser importante aqui registrar que a Retórica latina adaptada do grego ganha importância nesse período, estudava-se também Letras/Português, música, matemática, geometria e astronomia. Entretanto, somente os meninos estudavam na escola gramatical, as meninas estudavam no lar. Outro ponto que julgamos relevante para você refletir é que o processo educativo romano caracterizava–se pela independência do Estado e a sua falta de controle. Entretanto, a necessida- de da formação de uma burocracia fez com que o Estado romano se envolvesse gradativamente no processo educativo, fazendo com que as escolas assumissem a forma do sistema estatal. Você deve observar que a organização dos estudos e métodos de ensino utilizados em Roma provinha das escolas helenistas. Que os romanos conseguiram assimilar o essencial do modelo grego. Deve saber, também, que esse modelo educacional romano foi transmitido aos diCA Assista aos filmes: O Império Romano - SBJ Produções, ou Roma Antiga – 3 filmes/ Vídeo peia Britânica, ou A Queda do Império Ro- mano, ou Ben- Hur. Faça um debate no Fó- rum com seus colegas sobre o cotidiano, a política, a educação, a cultura dos romanos. AtividAde Qual a sua opinião so- bre a separação entre a educação dos meninos e a educação das meni- nas? Entre no fórum e comente sua resposta com seus colegas. 27 Letras Português - História da Educação períodos posteriores. Porém, ressalta-se que, com a transição do principado ao império romano, com a criação de um Estado Despótico, aumentou o controle imperial no sistema escolar. Veja, também, que, em Roma, os mestres das escolas elementares eram contratados e pagos com o dinheiro público. Nesse período, foram criadas várias escolas de todos os níveis, tornando o ensino quase universal. Com a crise do império, Roma é saqueada pelos visigodos e depois pe- los vândalos. Essa situação erradia para o processo educativo, levando à mudanças significativas. Nesse momento, veremos que a escola elementar, em Roma, se transforma em centro literário, sem qualquer preocupação com a formação do aluno. Veremos que a escola gramatical, na sua última fase, restringia o programa de estudos e o conteúdo. Veja, ainda, que, nesse período, na educação romana, as escolas de retórica foram limitadas, uma vez que não tinha mais abertura para o exercício da oratória política. O processo educativo voltou-se para a sala de aula, e não para a vida real. Com o declínio do Império Romano, a educa- ção reduziu-se ao aprendizado de memória do conteúdo dos compêndios (material neutro), que estão sujeitos ao controle por parte da burocracia imperial. Esses compêndios tinham conteúdos das artes liberais que se dividiam no trivium (gramática, retórica, filosofia) e quadrivium (aritméti- ca, geometria, astronomia e música). 1.3.2 A educação romana por obra de escravos e libertos Através de uma viagem na história da educação romana, veremos que o escravo era peda- gogo e mestre na própria família, ou seja, era o escravo liberto que ensinava na sua própria esco- la. Assim como na Grécia, esses escravos pedagogos foram, na sua maioria, estrangeiros “bárba- ros”, isto é, falavam mal o grego e, portanto, ensinavam sua própria cultura. Também em Roma, esses escravos foram gregos que falavam ou não o latim, ensinaram a própria língua e transmiti- ram sua própria cultura aos romanos. Observe que, em Roma, com o desenvolvimento da sociedade patriarcal, a educação se tor- nou um ofício exercido inicialmente por escravos dentro da família, e, posteriormente, por liber- tos, na escola. Podemos dizer que essas são as origens da profissão de educador em Roma. Se- gundo Monroe: O que mais caracteriza esta decadência é o fato desta educação ser limitada à classe mais elevada. A educação já não se destinava a ser a educação práti- ca de todo o povo, mas o ornamento de uma sociedade oca, superficial e ge- ralmente corrupta; já não é um estádio de desenvolvimento possível para um povo inteiro, ou para indivíduos de dada categoria, mas a simples obtenção ou mesmo mera insígnia de distinção de uma classe favorecida. Quando o antigo vigor político e as oportunidades para as atividades políticas desapareceram, o governo municipal se tornou mera máquina para coletar impostos, quando o exército se encheu de bárbaros, a classe superior, agora mais numerosa do que nunca, voltou-se para o único traço remanescente da primitiva Roma imperial - a cultura. (MONROE, 1976, p. 23). Observe que, na educação romana, prevaleceu um sistema modificado que incluía elemen- tos gregos e romanos. A cultura e literatura grega chegaram às classes superiores, nas quais se organizou um sistema de escolas de gramática e de retórica, fundaram-se universidades e biblio- tecas. Mas, com o tempo, essa educação ficou formal e irreal e perdeu sua importância social. Surge, então, uma nova educação ministrada pela Igreja. Temos, ainda, que na educação romana, que era essencialmente prática, as escolas e os pro- fessores, de uma forma geral, ocupavam papéis secundários, pois a família era o centro do pro- cesso educacional. Vimos também que existiram, em Roma, inicialmente, as escolas elementares, denominadas ludi, as quais ficavam responsáveis por ensinar os rudimentos da leitura, da escrita e do cálculo. Entre meados do século III e I, a cultura grega foi assimilada pelos romanos e, com isto, surgiu a escola grega de gramática, a qual marcou o período introdutório das escolas gre- gas. Nela, lecionavam docentes gregos, que ensinavam noções básicas da língua e da literatura (MONROE, 1983). diCA Para melhor compreen- são, veja o vídeo sobre a educação e a Roma antiga. Disponível em <http://www.youtube. com/watch?v=M1AL- 8nGFDRk&feature=re- lated>. 28 UAB/Unimontes - 3º Período 1.3.3 Educação medieval Dedicaremos, aqui, um espaço para apresentar alguns elementos históricos que nos possibi- litem discutir acerca da educação na Idade Média. E, para iniciarmos essas reflexões, buscaremos apoio nas palavras de Manacorda, ao tratar da educação na Idade Média, em que afirma: No início do século VI, verificam-se fenômenos políticos significativos. De um lado, alguns reinos romano-bárbaros já se implantavam firmemente em ter- ritórios do Império do Ocidente, onde a única autoridade política autentica- mente romana é a Igreja e especialmente o papado; de outro lado, o Império do oriente conserva ainda a sua unidade e a sua força, o que lhe permitirá ten- tar a reconquista do Ocidente. Estes três centros de poder, tão diferentes en- tre si, se enfrentarão numa complexa luta ideológica e militar. (MANACORDA, 2006, p. 111). Diante do exposto, vale esclarecermos a você que, no decorrer da história, devido a muitos acontecimentos políticos, encontramos a decadência da cultura clássica, que compreendemos fazer parte do mundo grego. 1.3.3.1 A Europa medieval No movimento da história, em meio às transformações culturais abordadas, precisamos le- var em conta que, no campo da instrução, podemos observar o desaparecimento da escola clás- sica e, paralelamente, a formação da escola cristã. Vale, ainda, lembrar a você que a estrutura política que prevaleceu na Idade Média são as re- lações de vassalagem e suserania. O suserano era quem dava um lote de terra ao vassalo, sendo que este último deveria prestar fidelidade
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