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Anestesiologia - Prova 1 (História/Tipos/Avaliação pré-anestésica/Medicação pré-anestésica/Monitorização e cuidados gerais/Punção venosa/Reposição hídrica/Anestesia geral/Intubação orotraqueal/Manuten

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FUNDAMENTOS DE ANESTESIOLOGIA Talita Valente 
Prof. Fernando ATM 2023/A 
 
 1 
HISTÓRIA DA ANESTESIOLOGIA 
 
• Em muitas sociedades, técnicas “rudimentares” de anestesia foram usadas, como 
concussão cerebral, gelo/neve e compressão da carótida. A acupuntura era usada como 
anestesia na China milenar; além disso a esponja soponífera, feita com ópio, suco de amoras 
amargas, suco de eufórbia, suco de meimendro, suco de mandrágora, suco de hera, 
semenstes de bardana, sementes de alface e sementes de cicuta também foi usada por 
algumas sociedades. 
• Por muitos séculos, a igreja determinou que a dor era um justo castigo de Deus e por isso 
deveria ser aceita com submissão e enfrentada a sangue frio. 
• Por volta de 1773, Joseph Priestley, conseguiu sintetizar o óxido nitroso (N2O), dando o 
primeiro passo para a anestesia. 
• Em 1796 Humphry Davy estudou a ação fisiológica da inalação de alguns gases. 
• Faraday descobriu que os vapores do éter possuíam efeitos inibidores semelhantes ao do 
óxido nitroso. 
• Apesar das várias descobertas, os pesquisadores obtiveram pouco reconhecimento em sua 
época e os gases foram usados recreativamente. 
• Crawford Williamson Long (1815-1878) observou que, ao se ferir em um desses eventos em 
que se fazia uso do gás, seu assistente não sentiu dor, começando a partir dessa observação 
a fazer o uso em seus pacientes. 
• Horance Wells em 1844, dentista, fez a mesma observação e fez uma extração dentária 
utilizando o gás, após comprovar o funcionamento elaborou um equipamento que poderia 
ser utilizado para anestesia. Ao apresentar o novo equipamento houve um erro e não ficou 
comprovada a eficácia do sistema. 
• Em 16 de outubro de 1846 nos EUA, John Colins e Wiilliam Thoman Green Morton utilizaram 
éter para anestesia obtendo sucesso. 
• Oliver Wendel Holmes sugeriu o termo anestesia, que já existia na língua grega. 
• Anestesia = perda total ou parcial da sensibilidade, por efeito de várias causas mórbidas ou 
conseguido de propósito nas cirurgias. 
• A primeira anestesia geral com éter no Brasil foi feita em em 1847. 
• Em 1847 James Simpson substituiu o éter pelo clorofórmio. 
• Em 07/04/1853 John Snow realiza cirurgia com anistia na Rainha Vitória. 
• Em 1948 Manuel Feliciano Pereira de Carvalho realizou a primeira anestedia geral com 
clorofórmio no Brasil, no RJ. 
• 1847 é considerado um ano referência para os anestesistas pois foi nesse ano que John 
Snow se registra e é aceito como especialista em anestesia. 
• 1880 - William Macewen desenvolveu o tubo endotraqueal. 
• 1895 - Jockson inventa o laringoscópio. 
• Em 1935 foi introduzida a intubação traqueal, com pressão positiva direta e o uso dos 
curarizantes. 
• 1930 - Ciclopropano. 
• 1956 - Halotano. 
• Hoje, a anestesia é um procedimento altamente seguro, consistindo na administração de 
agentes sedativos, agentes anestésicos, perda da consciência, na intubação (quando 
indicado) e na manutenção com agentes anestésicos. 
 
 
 
 
FUNDAMENTOS DE ANESTESIOLOGIA Talita Valente 
Prof. Fernando ATM 2023/A 
 
 2 
 A prática de anestesia compõe um conjunto de atividades físicas e mentais sintonizadas 
com cuidados eficientes de casos de rotina. Já o aprendizado em gerenciamento de crises na 
anestesia advém do aprendizado das ciências básicas da anestesiologia, farmacologia e 
fisiologia. 
 
PRINCÍPIOS DA ANESTESIA 
• Faça com que seja legal; 
• Faça com que seja seguro; 
• Faça com que seja agradável, 
• Faça com que seja confortável. 
 
TIPOS DE ANESTESIA 
 
CONDUTIVA 
1. BSA (Raqui) 
2. BPD (Peridural) 
3. Anestesia regional 
• Interrupção da condução nervosa pela administração de AL 
próxima a este (de forma temporária e reversível). 
 
GERAL 
1. Endovenosa - É o resultado de alterações reversíveis da 
função do sistema nervoso induzidas por determinados 
fármacos. 
2. Inalatória - Depressão do SNC resultando em perda da 
percepção aos estímulos ambientais. 
 
AVALIAÇÃO PRÉ-ANESTÉSICA 
 
• ESTIMATIVA DE RISCO - Probabilidade de que um evento possa ocorrer. Perigo ou 
possibilidade de perigo, possibilidade de perda, injúrias, doença ou morte. 
• Os exames de “rotina” pré-operatórios são realizados com a finalidade identificar doença 
não detectada pelo exame clínico, em pacientes assintomáticos e aparentemente 
saudáveis. Uma revisão de prontuários de 2000 pacientes submetidos a procedimentos 
eletivos e sem doença sistêmica aguda ou crônica, demonstrou que esses exames são de 
pouca utilidade e se fazem desnecessários em 95% dos casos. 
• A realização de exames laboratoriais de rotina em pacientes saudáveis é de pouco valor da 
detecção de doenças. Evidências sugerem que uma história específica e um exame físico 
devem determinar se os estudos laboratoriais pré-procedimento devem ser obtidos. 
Portanto, não se deve obter estudos laboratoriais de base em pacientes sem doença 
sistêmica significativa (ASA I ou II) submetidos a cirurgia de baixo risco - especificamente 
hemograma completo. 
• Os objetivos da avaliação pré-anestésica são: conhecimento do estado físico e psíquico do 
paciente; estimar o risco do ato anestésico cirúrgico; planejamento da anestesia e do pós-
anestésico; segurança de adequação do hospital; estabelecer vínculo do profissional com o 
paciente e esclarecer sobre o ato; obter o consentimento informado. 
 
 
ANALGESIA - Percepção 
reduzida a um estímulo 
doloroso. 
SEDAÇÃO - Anestesia sem 
perda total dos reflexos. 
ANESTESIA GERAL - 
Característica básica é a 
perda de reflexos 
protetores, 
principalmente das vias 
aéreas. 
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 3 
ETAPAS DA AVALIAÇÃO PRÉ-ANESTÉSICA 
 
• HISTÓRIA CLÍNICA MINUCIOSA 
o HDA e seu tratamento. 
o Tolerância ao exercício. 
§ Exercício e tolerância - Equivalente 
metabólico (MET) avalia a 
qualidade de vida biológica do 
paciente, pode prever risco. 
 
 
 
§ Índice de atividade de Duke - É a capacidade funcional quantificada. 
Demanda metabólica (METs) pelas atividades diárias do paciente. O estresse 
metabólico anestésico cirúrgico gira em torno de METs. 
 
o Última visita ao clínico. 
o Medicações em uso e história de alergias. 
o História social (drogas ilícitas, álcool e tabaco - uso e cessação). 
o Qualquer condição de doença crônica (principalmente aspectos cardiovasculares, 
pulmonares, hepáticos, renais, endócrinos e neurológicos). 
o Antecedentes anestésicos e cirúrgicos (complicações, dor, náuseas e vômitos, 
sangramentos, transfusão, febre, reações adversas, tempo de internação, terapia 
intensiva). 
o Sangramentos e cicatrização. 
o Via aérea (condições de intubação). 
o História anestésica familiar (complicações). 
o Acesso venosos, pulsos, local das punções. 
o Exames laboratoriais. 
o Necessidade de consultoria. 
• EXAME FÍSICO PORMENORIZADO 
o AVALIAÇÃO DO GRAU DE DIFICULDADE DE INTUBAÇÃO TRAQUEAL: 
o Mobilidade do pescoço. 
o Distância do esterno a borda inferior do mento, se <12,5 cm indica difícil intubação. 
o Distância tireomentoniana <6 cm indica difícil intubação. 
o Mobilidade da mandíbula - Upper lip bit test 
01 MET corresponde ao consume de 3,5 mL/kg/min de oxigênio. 
 
1-4 METs - Andar em volta de casa, vestir-se, comer e atividades domésticas 
leves. 
5-9 METs - Subir pelo menos 01 lance de escadas, subir ladeira, andar rápido 
(>6km/h.), jogar golfe. 
10METs - Jogar tênis, nadar, correr curta distância e etc... 
 
Classificação: 
Ruim < 4 METs 
Moderada = 5 até 7 METs 
Boa > 7 METs 
Excelente > 10 METs 
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 4 
§ Solicita-se ao paciente para morder com os incisivos inferiores os lábios 
superiores. Quando o paciente não consegue fazer este movimento é um bom 
preditor de dificuldade. 
§ Incisivos centrais grandes, retrognatismo e distância inte-incisivos < 3cm são 
sinais de dificuldade. 
o Índice de Wilson e col. - leva em conta o peso (menor que 90 ou maior que 110kg.), 
movimento da cabeça e pescoço, movimento da mandíbula, retração ou não da 
mandíbula, dentes protrusos ou não. Considera-se que 75% dos casos de intubação 
difícil estão associados a dois ou mais pontos, e também é muito difícil achar uma 
intubação fácil a partir dos 4 pontos de sua classificação. 
o Índice de Mallampati 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CRITÉRIOS DO NÚCLEO VIA AÉREA DIFÍCIL (VAD) HC-FMUSP 
1. Mallampati III ou IV 
2. Abertura da boca <3cm 
3. Distância tireomento <6cm 
4. Flexão <35º e extensão <80º 
 
1 e 3 somados 
 2 isolado = Via aérea difícil 
 4 isolado 
• Se necessário: EXAMES COMPLEMENTARES, orientado pelos dados clínicos. 
 
CLASSIFICAÇÃO PELA AMERICAN SOCIETY 
OF ANESTHESIOLOGISTS (ASA) 
 
• O escore Asa correlaciona-se com 
incidentes perioperatórios e mortalidade 
pós-operatória. 
• Pelo índice da ASA a idade não é risco e 
sim as condições físicas. 
 
 
 
 
 
 
 
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 5 
INDICADORES DE RISCO CARDIOVASCULAR PERIOPERATÓRIO PARA CIRURGIAS NÃO 
CARDÍACAS: 
• Alto risco: 
o Angina instável 
o ICC descompensada 
o Quantidade significativa de 
arritmias 
o Doença valvar grave 
• Risco intermediário: 
o Angina pectoris moderada 
o Infarto do miocárdio prévio ( > 
ou = 30 dias) 
o ICC prévia ou descompensada 
o Diabetes mellitus 
• Risco menor: 
o Idade avançada 
o ECG anormal 
o Ritmo diferente do sinusal 
o Capacidade funcional diminuída 
o História de AVC 
o HAS não controlada 
 
Índice de Detsky: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Índice de Lee: 
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Índice de Larsen: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Índice de Goldman: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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• A II Diretriz Brasileira de Avaliação Perioperatória sugere o uso de qualquer uma das 3 
seguintes: EMAPO (Estudo Multicêntrico de Avaliação Perioperatória), IRCR (Individual 
Reserve Capacity Requirement) ou ACP (American College of Physicians), sem, no entanto, 
poder firmar qual seria a de maior acurácia em discriminar riscos. 
 
American College of Physicians: 
• IAM<6m – 10 
• IAM>6m – 5 
• Angina Classe III – 10 
• Angina Classe IV – 20 
• EAP recente – 10 
• EAP alguma vez na vida – 5 
• PO2<60, pCO2>50, K<3, U>50, C>2,3 ou acamado – 5 
• Ritmo não sinusal ou RS c/ ESSV no ECG – 5 
• Suspeita de EAO crítica – 20 
• >5 ESV no ECG – 5 
• Idade > 70 anos – 5 
• Cirurgia de emergência – 10 
Calssificação de risco (%) para óbito e/ou eventos cardíacos: 
• Muito baixo 0 pontos (<1,0%) 
• Baixo 1-5 pontos (<3,0%) 
• Moderado 6-10 pontos (<7,0%) 
• Elevado 11-15 pontos (7,0% - 13%) 
• Muito elevado >15 pontos (>13%) 
 
FATORES DE RISCO PARA COMPLICAÇÕES PULMONARES PÓS-OPERATÓRIAS: 
• Fumante (atual ou > 40 maços/ano) 
• ASA > 2 
• Idade > 70 anos 
• Doença pulmonar obstrutiva crônica 
• Cirurgia de pescoço, tórax, abdominal superior, aórtica, neurológica 
• Procedimentos com duração > 2 h 
• Intubação traqueal 
• Albumina < 3 g/dL 
• Reserva funcional < 4 MET 
• IMC > 30 kg/m2. 
 
MEDICAÇÃO PRÉ-ANESTÉSICA 
 
• Utilizada com a finalidade de: redução da ansiedade, sedação, amnésia, analgesia, redução 
de secreções das vias aéreas, efeito antiemético, redução da necessidade de anestésicos, 
profilaxia de reações alérgicas. 
 
 
 
 
 
 
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 8 
 
MONITORIZAÇÃO E CUIDADOS GERAIS 
 
RESPIRAÇÃO 
• A respiração envolve 4 processos e diversas estruturas: 
o Ventilação pulmonar 
o Difusão pulmonar 
§ Reabastece o suprimento de oxigênio no sangue que foi depletado pela 
produção energética oxidativa. 
§ Remove o dióxido de carbono do sangue venoso que retorna. 
§ Ocorre através de uma fina membrana respiratória. 
§ Gases são permutados através da membrana respiratória do alvéolo para o 
sangue vice-versa. A quantidade de gás em casa permuta depende da pressão 
parcial de cada gás, os gases se propagam ao longo do gradiente de pressão 
(sempre movendo de uma área de maior pressão para uma área de menor 
pressão). 
o Transporte de O2 e CO2 pelo sangue 
o Troca gasosa capilar (O2 e CO2 entre sangue e tecidos) 
• A respiração está intimamente ligada ao sistema cardíaco: o coração é responsável pela 
manutenção das necessidades metabólicas dos tecidos através do bombeamento do 
sangue para todas as partes do corpo. O seu desempenho depende de quatro componentes 
fundamentais: frequência cardíaca, pré-carga, pós-carga e contratibilidade. 
• O centro respiratório, localizado no tronco cerebral (bulbo raquidiano e ponte), é 
responsável pelo mecanismo respiratório e pelos estímulos para eliminar CO2, manter o PH 
adequado e suprir a necessidade de O2. 
• Durante o procedimento anestésico o CO2 é produzido pelas reações metabólicas 
intracelulares (continuamente), por difusão alcança o sistema venoso até as câmara do 
coração direito, chega então aos pulmões e difunde-se dos capilares ao alvéolos, dos 
alvéolos este gás é finalmente eliminado com a mistura exalada. 
• A quantidade de CO2 que alcança os espaços alveolares é proporcional ao débito cardíaco 
e ao fluxo sanguíneo pulmonar. A eliminação deste gás para o ambiente depende da 
eficácia da ventilação. 
Capnografia: 
• A capnometria é a medida da pressão parcial de CO2 na mistura gasosa expirada. 
FICHA DE ANESTESIA: 
 
a. Identificação do(s) anestesiologista(s) responsável(is) e, se for o caso, registro do 
momento de transferência de responsabilidade durante o procedimento 
b. Identificação do paciente 
c. Início e término do procedimento 
d. Técnica de anestesia empregada 
e. Recursos de monitoração adotados 
f. Registro da oxigenação, gás carbônico expirado final (nas situações onde foi 
utilizado), pressão arterial e freqüência cardíaca a intervalos não superiores a dez 
minutos 
g. Soluções e fármacos administrados (momento de administração, via e dose) 
h. Intercorrências e eventos adversos associados ou não à anestesia 
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 9 
• A representação gráfica da curva da pressão parcial de CO2 na mistura gasosa expirada, em 
relação ao tempo, é denominada capnografia. 
• A maior parte dos monitores utiliza como aferição a espectrofotometria de luz infravermelha. 
• Capnógrafo = Monitor que fornece medidas, de forma não invasiva, da fração de CO2 
expirada. 
o Os capnógrafos são classificados conforme a localização do sensor: aspirativos 
(sidestream) e não-aspirativos (mainstream) em que o sensor está colocado no 
circuito. 
o Mainstream: 
§ Vantagens: 
§ Nenhum tubo de amostragem 
§ Nenhuma obstrução 
§ Nenhuma alteração de pressão 
§ Nenhuma alteração devido às mudanças na pressão do vapor de água 
§ Nenhuma poluição 
§ Nenhuma deformidade do traçado devido a não dispersão dos gases 
§ Nenhum atraso na gravação 
§ Apropriado para neonatos e crianças 
§ Desvantagens: 
§ O sensor pesado impõe uma tração no tubo endotraqueal 
§ Volumoso 
§ Cabo elétrico longo 
§ Queimaduras faciais 
§ Obstrução do sensor com secreções 
§ Difícil de usar no paciente posicionado em posição prona 
§ Difícil de esterilizar 
o Sidestream: 
§ Vantagens: 
§ Fácil de conectar; 
§ Nenhum problema com esterilização; 
§ Pode ser usado em pacientes acordados; 
§ Fácil de usar quando o paciente está em posições incomuns como na posição 
prona; 
§ Pode ser usado com administração simultânea de oxigênio através de um 
prolongador nasal. 
§ Desvantagens: 
§ Atraso na gravação devido ao movimento dos gases do ET à unidade; 
§ Obstrução do tubo de amostragem; 
§ As mudanças da pressão do vapor de água afetam concentrações do CO2; 
§ Alteração de pressão ao longo do tubo de amostragem afeta medidas do CO²; 
§ Deformidade dos traçados nas crianças devido à dispersão dos gases nos 
tubos de amostragem. 
• Capnograma: 
 
 
 
 
 
 
 
Fase I - início da expiração 
Fase II - Gases alveolares + 
espaço morto 
Fase III - Platô alveolar 
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 10 
• Quando analisada, a capnografia, à semelhança do eletrocardiograma, deve ser 
interpretada através de cinco características que conduzem a pensar em suspeitas 
diagnósticas, com posterior constatação clínica: altura, frequência, ritmo, linha de base e 
forma da curva. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Normal 
- Desintubação acidental 
- Desconexão 
- Estenose complete das vias 
aéreas. 
Intubação esofágica 
- Vazamento no sistema 
- Tubo na laringofaringe 
- Estenose parcial da via aérea 
- Hipotensão súbita 
- Grande perda sanguínea 
- Parada cardíaca 
- By-pass cardiopulmonary 
- Embolismo pulmonar 
 
 
Hipocarbia progressiva 
Hipertermia maligna 
Hipercarbia progressiva rápida 
- Liberação de garroteamento 
- Injeção de CO2. 
 
 
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 11 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
• A curva do monitor é considerada padrão-
ouro para o estabelecimento da qualidade 
de ventilação e relação com perfusão, que, 
por consequência, fornece um ganho em 
segurança do paciente. 
 
- Hiperventilação 
- Hipotermia 
- Choque 
 
 Hipocarbia 
Reinalação 
- Cal sodada esgotada 
- Fluxo de oxigênio insuficiente 
- Retenção de CO2 
- Defeito da válvula expiratória 
- Tempo de expiração insuficiente 
 
 
- Broncoespasmo 
- Obstrução parcial das vias aéreas ou do circuito. 
- Corpo estranho 
- Asma 
- Alterações distributivas (esvaziamento assíncrono). 
- Ventilação alveolar insuficiente 
- DPOC 
- Obstrução das vias aéreas 
- Obstrução parcial do tubo. 
 
Alteração na forma da curva 
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• Problemas que podem ser identificados pela capnografia: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Oximetria: 
• De todo O2 ciruculante, 97% circula em ligação com a hemoglobina (oxiemoglobina) em 
uma ligação reversível, e 3% circula dissolvido no plasma. 
o A hemoglobina é de extrema importância para o transporte de O2 pelo sangue pois 
o oxigênio é menos solúvel que o CO2 e apenar uma pequena porcentagem fica 
dissolvida no plasma, o que não é suficiente pata suprimir nossas necessidades 
metabólicas. 
• 5 mL de O2 são transportados para os tecidos em cada 100mL de sangue. 
• Em condições de repouso são transportados 1mL de CO2/100 mL de sangue. 7% dissolvido 
no plasma, 70% na forma HCO3- e 23% em ligação com a Hb (carbaminoemoglobina), mais 
especificamente liga-se aos aminoácidos da parte globina. 
• O O2 é constantemente absorvido do ar alveolar enquanto o CO2 sofre constante difusão 
do sangue pulmonar para os alvéolos. 
• O ar atmosférico é umidificado nas vias respiratórias. H2O no ar atmosférico representa 0,5% 
e no ar alveolar 6,2%. 
• A deficiência de Hb e/ou hemácias reduz o transporte de O2. 
 
 
 
 
 
 
 
Oxiemoglobina
• Hb saturada de O2
Desoxiemoglobina
• Hb sem 1 ou mais moléculas de O2
Carboxiemoglobina
• HbCO
• A afinidade da Hb pelo CO é 200x > que pelo O2. 
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• Dentre as técnicas não invasivas destinadas a monitorizar as trocas gasosas, destaca-se a 
oximetria de pulso. O oxímetro de pulso é um aparelho que estima a saturação da 
hemoglobina arterial denominada SpO2%. 
o Uma luz emitida por fonte aposta à extremidade digital ou lobo da orelha atravessa 
os tecidos, onde é parcialmente absorvida. Através de um sensor situado na 
superfície oposta da extremidade, o oxímetro de pulso analisa a absorção de luz pela 
hemoglobina e oxihemoglobina do sangue que a perfunde. 
o No sensor do oxímetro, diodo emitem luz vermelha, em comprimentos de onda de 
660nm, e luz infravermelha, em 960 nm, que atravessa a ponta do dedo. 
o A detecção do fluxo pulsátil é feita por pletismografia óptica. A cada pulsação do 
sangue arterial, o local onde está o sensor (ex: dedo) aumenta de volume e o trajeto 
percorrido pela luz aumenta, o que ocasiona aumento também da absorbância da 
luz. 
o A absorção varia de acordo com a pulsação, de forma periódica e constante, função 
das modificações do volume de sangue contido na extremidade. 
• Indicações: 
o Controle da oxigenação. 
o Monitorização da circulação. 
o Avaliação da apnéia do sono. 
o Analgesia pós-operatória com narcóticos. 
o Regulagem de ventiladores. 
Transporte de O2
Oxigênio 
dissolvido no 
plasma (PO2 do 
plasma)
Oxigênio ligado 
a Hb
% de saturaço da Hb
pH
Temperatura
2,3-DPG (difosfoglicerato) 
reduz a afinidade da Hb 
pelo O2
Número total de 
sítios de ligação
Conteúdo de Hb por 
hemácia
Número de hemácias
Transporte de 
CO2
CO2 na forma de 
HCO3-
Atividade da 
anidrase 
carbônica
CO2 ligado a Hb
% de saturaço da Hb O2
Número total de 
sítios de ligação
Conteúdo de Hb por 
hemácia
Número de hemácias
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• Possibilita a detecção precoce e confiável da hipoxemia. 
• A carboxihemoglobina (COHb) e a HbO2 absorvem a mesma quantidade de luz vermelha. 
o Numa situação de intoxicação por CO, o oxímetro vai indicar um valor incorreto de 
SpO2, maior que o real, indicando hipoxemia fisiológica. 
o Ex.; vitimais de incêndio, pacientes que inalaram fumaça, tentativa de suicídio com 
escapamento de veículo, tabagistas. 
• Erros e inferências: 
o Baixa perfusão tecidual 
o Hiportermia 
o Vasoconstrição 
o Anemia intensa 
o Movimentação 
o Posição do sensor 
o Luz externa (rádio-frequência) 
 
PRESSÃO NÃO INVASIVA: 
• A pressão arterial é determinada primariamente pela quantidade de fluxo sanguíneo (Q) e a 
resistência oferecida pelas arteríolas (R). → P = Q x R 
Monitores automáticos: 
• Utilizam método oscilométrico para estimar a PA, via balonete que afere oscilações de 
pressão que ocorrem durante a pulsação arterial. 
o PAS - pressão máxima do balonete na qual a oscilação de pressão é detectada. 
o PAM - pressão do balonete na qual a amplitude de oscilação é maior (quando aferida). 
o PAD - pressão mínima do balonete na qual a oscilação de pressão pode ser 
detectada. 
Oscilometria: 
• Oscilações transmitidas pela pulsação para o manguito e para o sistema de medição. 
• A largura do manguito deve ser 20-30% maior que o diâmetro do braço. 
o Pressões falsamente elevadas: manguitos pequenos, membro abaixo do nível do 
coração, compressão desuniforme. 
o Pressões falsamente baixas: manguitos grandes, membro acima do coração e 
deflações rápidas. 
• Devantagens: 
o Movimentação do manguito. 
o Arritmias. 
o Dor por pressão excessiva. 
o Intervalo entre medições: período de repouso do equipamento e prevenção de lesão. 
PA Monitoriza: 
• Hipertensão: 
o Patologias renais 
o Patologias adrenais 
o Usuários de drogas 
o Hiperatividade simpática (dor/tireotoxicose) 
• Hipotensão: 
o Sobredose de anestésicos 
o Hipovolemia 
o Isquemia miocárdica - IAM 
o Fenômenos tromboembólicos 
 
 
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 15 
CARDIOSCOPIA 
ECG: 
• Mostra a atividade elétrica do miocárdio: 
o Arritmias perioperatórias. 
o Isquemia do miocárdio. 
o Frequência cardíaca. 
o Funcionamento de marca-passo. 
o Alterações eletrolíticas. 
o Toxicidade de fármacos. 
• Não mostra a atividade mecânica: débito cardíaco e perfusão 
tecidual. 
 
 
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 16 
• Interferências: (trocar derivações, 
alterar ganho, filtros) 
o Bisturi elétrico 
o Aterramento inadequado 
o Atividade muscular 
o Aparelhos de litotripsia 
o Aquecedores de fluídos, CEC, etc. 
o Ondas T apiculadas 
o Marcapasso 
 
 
 
ANALISADOR DOS GASES ANESTÉSICOS: 
 
 
 
 
 
 
 
 
MONITORIZAÇÃO DA PROFUNDIDADE DA ANESTESIA 
(BIS) 
• O índice bispectral (BIS) foi desenvolvido 
especificamente para descrever alterações no EEG 
(eletroencefalograma) que se relacionam com os 
níveis de sedação, anestesia, perda de consciência e 
lembrança. 
• Mostrou-se eficaz na diminuição da incidência de 
consciência transoperatória (CTO). 
• Parâmetros do EEG clássico são analisados e 
processador pelo monitor BIS, transformando a 
atividade cortical cerebral em um índice. 
 
 
 
 
 
MONITORIZAÇÃO DA FUNÇÃO NEUROMUSCULAR 
• Desde a introdução dos bloqueadores neuromusculares na prática 
clínica a sua monitorização passou a ser relevante porque garante 
o objetivo de imobilidade no período operatório e sua reversão ao 
término do procedimento. 
• Sequência de quatro estímulos (Train of Four - TOF) 
o O padrão de estimulação consiste na aplicação de quatro 
estímulos em uma frequência de 2 Hz (quatro estímulos em 
dois segundos). 
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 17 
o Não deve ser repetido em intervalo menor que 10s. 
o Avalia-se o número de respostas e a relação entre a última resposta (T4) e a primeira 
(T1). 
o Não precisa de controle, é mais sensível que o estímulo isolado e permite 
acompanhamento muito próximo do grau de bloqueio. 
o T4/T1 <0,9 → BNM (bloqueador neuromuscular) residual 
• A medida da força de contração de um músculo periférico, em resposta ao estimulo elétrico 
do seu nervo motor correspondente, é o método mais eficaz para avaliar a função 
neuromuscular. 
 
 
 
OUTROS: Pressão inavasiva, PVC, Monitorização hemodinâmica... 
 
PUNÇÃO VENOSA 
 
1. Selecionar a veia e os materiais: 
• Evitar veias lesadas, avermelhadas e inchadas; veias próximas de áreas previamente 
infectadas; região de articulação; veias muito pequenas para o tamanho do cateter 
2. Garrotear (colocar o torniquete): 
• Aplicar o garrote 15-20 cm acima do local da punção venosa. 
• Em pacientes com hipotensão mover o garrote tão próximo quanto possível do local da 
punção. 
3. Calçar as luvas e realizar antissepsia no local escolhido: 
• A solução aplicada para antissepsia (álcool 70%) deve secar antes de realizar o 
procedimento. 
• O local escolhido não deve interferir com a mobilidade, assim, a fossa ante cubital deve 
ser evitada, exceto como último recurso. Recomenda-se utilizar primeiro o local mais 
distal do braço ou da mão, para que punções possam ser movidas, progressivamente, 
para cima. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 18 
Cânulas venosas: 
 
VIAS DE ACESSO: 
Subclávia: 
• Alto risco. 
• Vias supra e infraclaviculares. 
Veia jugular externa: 
• Menos técnica. 
• Pior progressão e posicionamento. 
Veia jugular interna: 
• Escolha em pediatria. 
• Acessos anterior, medial ou posterior. 
 
REPOSIÇÃO HÍDRICA 
 
• Os líquidos correspondem, em média, a 60% do peso corporal do adulto normal. 
• A proporção líquida corporal varia inversamente à quantidade de gordura, o que explica a 
menor capacidade do obeso em resistir a desidratação. 
• O corpo distribui os líquidos basicamente em dois compartimentos: o intracelular (40%) e 
extracelular (20% - 5% intravascular e 15% interstício). 
• Em circunstâncias especiais, como no trauma e cirurgia, pode haver a formação de um 
terceiro espaço, que corresponde à perda interna de líquido, eletrólitos e proteínas 
sequestrados para a formação de edema, derrame pleural, ascite, edema peritoneal, etc. 
Essa perda interna muitas vezes corresponde a vários litros de conteúdo líquido que, a 
princípio, retorna ao compartimento intravascular à medida que a causa primária se resolve. 
• O sódio exerce papel importante, sendo sua titulação no plasma usada como referência, 
pois existe íntima relação entre o sódio e o líquido corporal. Nesse sentido, o déficit de um 
deles não deve ser tratado isoladamente. 
• As perdas líquidas podem ser principalmente via renal, cutânea, pulmonar e digestiva. 
o O somatório das perdas diárias normais varia entre 900-2000mL. 
o Pode-se calcular as perdas da seguinte maneira: diurese corresponde a 1000-
2000mL, nas fezes200 mL, na respiração 600mL e cutânea 400mL, isto em 24h. 
• Quando existe uma perda de grande volume em poucas horas, esta é praticamente 
dependente do compartimento vascular, pois em tão pouco tempo não há como o 
interstício participar. Já o inverso também é verdadeiro, ou seja, a infusão de grandes 
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 19 
quantidades de líquidos em um tempo mínimo produz 
sobrecarga vascular, pois não há tempo para difundir 
este volume para o interstício. 
• Durante uma cirurgia, os pacientes podem apresentar alterações do equilíbrio 
hidroeletrolítico em qualquer fase do procedimento. Estas alterações são mais frequentes 
e intensas, quanto mais prolongado e maior for o porte do procedimento. 
o Não é possível estimar com precisão, durante o ato operatório, as perdas pela 
exposição de vísceras nem a perda interna no terceiro espaço, o que prejudica a 
estimativa do volume de solução a ser administrada. 
o Infunde-se, geralmente, de 2-10 mL de solução salina por kg de peso corporal por 
hora de cirurgia, o que pode induzir erros, resultando em desidratação ou super-
hidratação graves, sobretudo em pacientes criticamente doentes. 
o Uma estimativa de reposição por perda sanguínea pode ser calculada com a seguinte 
fórmula: 
 
 
• Quando se utilizar solução glicosada, o cálculo é de 60% do peso corporal/3 e, 
para solução com eletrólitos, o cálculo é 20% do peso corporal/3. 
• No pós-operatório, os distúrbios estão relacionados às alterações endócrino-metabólicas 
decorrentes do trauma cirúrgico. 
• O rim normal pode corrigir o excesso de água e de eletrólitos dentre de determinado limites, 
esses limites são menores no idoso e nos pacientes com lesão renal. 
 
Condições que aumentam a permeabilidade capilar: 
• Anestesia (vasodilatação, redução do débito cardíaco e hiper-hidratação) 
o Hipervolemia absoluta 
o Hemodiluição 
• Cirurgia 
o Cascata inflamatória 
• Condições pré-operatórias 
o HAS 
o Diabete 
o Dislipidemia 
o Síndrome metabólica 
o Apneia do sono 
o Tabagismo 
 
• No sentido de otimizar a fluidoterapia intra-operatória para diminuir as complicações no 
pós-operatório, foram desenvolvidos inúmeros ensaios clínicos randomizados que 
compararam quantitativamente diferentes fluidoterapias. Estes ensaios também foram 
motivados pela evidência contraditória relativamente às guidelines em que se baseiam 
muitos dos princípios que guiam a fluidoterapia e ainda, na evidência de que grande parte 
das complicações no pós-operatório se devem à hiper-hidratação iatrogénica. 
• Os resultados destes ensaios sugiram que uma fluidoterapia mais restritiva favorece os 
pacientes. Os resultados destes ensaios são promissores relativamente a uma diminuição 
quantitativa da fluidoterapia geralmente administrada. 
 
 
 
O jejum de 12h. normalmente resulta 
em um déficit líquido de carca de 
800mL. 
Reposição = Volume perdido x (Vd/3) 
Onde Vd= volume de distribuição 
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ANESTESIA GERAL 
 
PROCESSO DE ANESTESIA: 
1. Pré-opertaório 
2. Indução anestésica 
3. Manutenção 
4. Despertar 
5. Pós-operatório 
 
CONCEITO: 
• Depressão do sistema nervoso central resultando em perda da percepção e resposta aos 
estímulos ambientais. 
• No sentido mais amplo, a anestesia geral pode ser definida como uma depressão global, 
mas reversível do SNC, resultando na perda de percepção e resposta a todos os estímulos 
extremos. Os componentes essenciais do estado anestésico são: imobilização, amnésia e 
atenuação das respostas autônomas á estimulação nociva. 
 
FASES DA ANESTESIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
INDUÇÃO 
• Venosa - Com hipnóticos 
• Inalatória sob máscara 
• Outras formas: retal, intramuscular e nasal. 
 
MANUTENÇÃO 
• Venosa total 
• Inalatória 
• Combinação de venosa e inalatória 
 
DESPERTAR 
• Interrupção da manutenção com o uso de 
antagonistas 
 
QUATRO PILARES DA ANESTESIA: 
ANALGESIA - HIPNOSE - PROTEÇÃO DE REFLEXOS - RELAXAMENTO MUSCULAR 
 
ANESTESICOS GERAIS INALATÓRIOS 
 
• Objetivo: produzir estado anestésico por meio de uma concentração específica de 
moléculas deste agente no SNC. 
• Controle: o controle da profundidade da anestesia inalatória pode ser realizado por meio da 
pressão parcial do anestésico no ar alveolar (fração expirada). 
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 21 
o Quando se utiliza o analisador de gases, considera-se que a fração expirada do 
anestésico reflete sua pressão parcial no cérebro (na prática). 
o Na situação de equilíbrio as pressões parciais do anestésico nos compartimentos 
(alvéolo, sangue arterial e cérebro) se estabilizam. Se um anestésico for inspirado por 
um período suficiente, haverá equilíbrio com a mesma pressão parcial (igual à PI) em 
todos os compartimentos do corpo. 
o Os anestésicos inalatórios equilibram-se de acordo com sua pressão parcial para 
cada tecido. 
• Farmacocinética: A farmacocinética da anestesia inalatória reflete a velocidade de 
equilíbrio das pressões parciais do anestésico entre os compartimentos. Os fatores que 
influenciam esta velocidade de equilíbrio incluem, além da solubilidade do anestésico, o 
volume dos compartimentos e o fluxo que os atravessa. 
 
 
 
 
 
 
Ex.: Isoflurano - GRV (min) 2,1 GM (min) 88 GA(min) 2.039 
 
 
 
 
 
• A alta solubilidade ao anestésico de um 
tecido em relação ao sangue, significa grande 
transferência de anestésico do sangue para o 
tecido e, consequentemente, maior tempo 
para completar a capacidade (saturação) do 
tecido até que as pressões parciais sejam 
iguais. Dessa forma, esse coeficiente permite 
uma estimativa da velocidade de aumento ou 
decréscimo da pressão parcial do anestésico 
em um determinado tecido. 
Anestesia Geral
Pressão parical 
(Palv)
Coeficientes de 
partição 
λ(solvente/gás)
Grupo tecidos % Débito card. % Peso corp. 
GRV 75% 9% 
GM 18% 50% 
GA 5,5% 19% 
GRV: encéfalo, fígado, rins - grupo 
ricamente vascularizado; 
GM: músculo, pele - grupo muscular; 
GA: gordura - grupo pouco vascularizado 
Constantes de tempo 
para equilíbrio 
τ(Palv →PI) 
 
Volume dos 
compartimentos e o 
fluxo que os atravessa. 
O quociente entre o 
volume e o fluxo de 
cada compartimento 
determina sua 
constante de tempo. 
(vol/fluxo) 
τ {Palv →PI} = constante 
de tempo para 
equilíbrio de 63% entre 
Palv e PI , somente 
após 4 constantes o 
percentual será ≈ 98 % 
 
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• O λ(óleo/gás) define a potência do anestésico (quanto maior, mais potente), ao passo que o 
λ(sangue/gás) define a taxa de indução e recuperação da anestesia (quanto menor, mais 
rápido). 
Anestésico Sangue/gás Óleo/gás Indução Recuperação 
Éter 12 65 Lenta Rápida 
Halotano 2,4 220 Média Lenta 
Isoflurano 1,4 91 Rápida Média 
Sevoflurano 0,6 63 Rápida Rápida 
 
Determinantes dos gradientes de pressão parciais necessáriospara o estabelecimento da 
anestesia 
• Oferta de anestésico para o alvéolo - Transferência do anestésico do aparelho de 
anestesia para o alvéolo 
o Pressão parcial inspirada 
o Características do sistema de anestesia 
o Ventilação alveolar 
o Capacidade residual funcional 
• Remoção de anestésico do alvéolo - Transferência do anestésico do alvéolo para o 
sangue arterial 
o Coeficiente de partição sangue/gás 
o Débito cardíaco 
o Diferença alveolovenosa de pressão parcial 
• Remoção de anestésico do sangue - Transferência do anestésico do sangue arterial para 
o cérebro 
o Coeficiente de partição cérebro-sangue 
o Fluxo sanguíneo cerebral 
o Diferença arteriovenosa de pressão parcial 
 
 
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 23 
Diferenças farmacocinéticas principais entre recuperação x indução 
• Enquanto o aumento da concentração acelera a indução, não há como estabelecer uma 
concentração alveolar abaixo de zero para acelerar a recuperação; todos os tecidos 
começam a indução com pressão parcial zero de anestésico. 
• Na recuperação cada tecido terá uma concentração diferente, músculo e gordura podem 
continuar a absorver anestésico por horas, decorrente da redistribuição que se mantém até 
que a pressão parcial sangue/alvéolo do anestésico fique abaixo da pressão parcial do 
tecido. 
• Biotransformação: produto final = ácido trifluoroacético. 
Anestésico Metabolismo Via de eliminação 
Óxido Nitroso 0,004% Pulmonar (exalação) 
Pele 
Halotano 15-20% Fígado (citocromo P-450) 
Pulmonar (exalação) 
Renal 
Isoflurano 0,2% Pulmonar (exalação) 
Desflurano <0,1% Pulmonar (exalação) 
Sevoflurano 2-3% Pulmonar (exalação) 
Enflurano 2-10% Pulmonar (exalação) 
Fígado 
Renal 
 
CAM (Concentração alveolar mínima) 
• É a pressão parcial alveolar que extingue o movimento em resposta a uma incisão cirúrgica 
em 50% dos pacientes. 
• A potência de um anestésico está inversamente relacionada à sua CAM. Se a CAM é 
pequena, a potência será alta, e uma pressão parcial relativamente baixa será suficiente para 
causar anestesia. 
• Dose eficaz (DE) = 1,3 a 1,5 CAM, 95% dos pacientes submetidos a anestesia inalatória 
encontram-se anestesiados 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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MECANISMO DE AÇÃO DOS ANESTÉSICOS GERAIS: 
• Potencializam as sinapses inibitórias por meio da sua ação sobre os receptores de glicina e 
de GABA (ácido gama-aminobutírico A), além de exercerem efeito inibitório sobre as 
sinapses excitatórias por meio da ação sobre os receptores NMDA (N-metil-D-aspartato) e 
AMPA (alfa-amino-3-hidróxi-5-metil-4-isoxazolpropionato). 
• É provável, também, que atuem sobre canais de sódio e potássio, inibindo a transmissão 
dos potenciais de ação e promovendo hiperpolarização do neurônio. Embora existam 
evidências não há comprovação ainda. 
• Apesar do uso difundido e seguro dos anestésicos inalatórios, os mecanismos e os locais 
exatos da ação anestésica permanecem desconhecidos 
 
Efeitos sobre o Sistema Nervoso Central 
• Exercem efeito depressor sobre a atividade eletroencefalográfica e proporcional ao 
aumento da CAM; 
• Todos os agentes voláteis aumentam o fluxo sanguíneo cerebral (FSC) de maneira dose-
dependente; 
• Os anestésicos voláteis reduzem o metabolismo e o consumo de oxigênio cerebral. 
 
Efeitos sobre o Sistema Cardiovascular 
• Todos os halogenados, exceto o halotano, podem causar aumento transitório da frequência 
cardíaca; 
• O efeito direto dos anestésicos voláteis sobre a função miocárdica é o depressor, de modo 
dose-dependente; 
• Todos os halogenados, com exceção do sevoflurano, aumentam a pressão venosa central 
(PVC). 
 
Efeitos sobre o sistema respiratório 
• Quando administrados sob ventilação espontânea, exercem efeito depressor sobre a 
ventilação; 
• Os halogenados são potentes broncodilatadores; 
• Os anestésicos inalatórios afetam a distribuição do fluxo sanguíneo pulmonar e, 
consequentemente, podem alterar as trocas gasosas. 
 
Efeitos sobre o fígado 
• Isoflurano, desflurano e sevoflurano apresentam mínimos efeitos sobre o fluxo sanguíneo 
através da artéria hepática e da veia porta, O halotano, por sua vez, tem efeito vasoconstritor 
sobre a artéria hepática com consequente redução de 65% na disponibilidade de oxigênio 
durante a anestesia; 
• O metabolismo oxidativo do halotano resulta em ácido trifluoroacético. As proteínas 
hepáticas acetiladas são reconhecidas pelo sistema imune como neoantígenos com 
formação de anticorpos antiácidotrifluoroacético. 
 
Efeitos renais 
• Os anestésicos halogenados promovem redução dose-dependente no fluxo sanguíneo 
renal, na taxa de filtração glomerular e no débito urinário. 
 
Proteção de órgãos 
• Os estudos mostram que os anestésicos voláteis apresentam efeitos cardioprotetores 
diretos, isto é, pré-condicionam diretamente ou aumentam indiretamente o pré-
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condicionamento isquêmico, além de promoverem pós-condicionamento, resultando em 
proteção contra a lesão miocárdica isquêmica reversível e irreversível. 
• Em modelos experimentais de isquemia ou infarto do miocárdio, os declínios na função 
contrátil induzidos por anestésicos voláteis foram bem tolerados e não causaram uma 
disfunção sistólica franca. Na verdade, os anestésicos voláteis exercem significativos efeitos 
benéficos sobre a função mecânica durante a isquemia do miocárdio e a reperfusão da 
lesão. 
• Os anestésicos voláteis reduziram o tamanho do infarto do miocárdio experimental, 
preservaram as integridades estrutural e metabólica durante a isquemia e a reperfusão 
regional, incrementaram a recuperação funcional do miocárdio lesionado, e melhoraram os 
índices de desempenho diastólico do VE durante a breve oclusão da artéria coronária. 
 
Hipertermia maligna (adiante título só sobre isso) 
 
Efeitos obstétricos 
 
Efeitos mutagênicos e sobre a medula óssea 
 
RELAXANTES MUSCULARES 
 
• Os relaxantes musculares são substâncias hidrossolúveis e ionizadas, divididas em: 
o Despolarizantes - Produzem seus efeitos a partir da despolarização sustentada da 
placa motora. 
§ Succinilcolina (suxametônio) 
o Não polarizantes - Possuem seus efeitos da inibição competitiva da acetilcolina ao 
receptor nicotínico, impedindo a despolarização da placa motora 
§ Aminioesteroides: Pancurônio, Vecurônio e Rocurônio. 
§ Benzilisoquinolico: Atracúrio, Cisatracúrio e Mivacúrio. 
 
Mecanismo de ação: 
• Agem nos receptores colinérgicos nicotínicos da musculatura estriada provocando paralisia 
da musculatura. 
• Despolarizantes: 
o Todas as drogas bloqueadoras neuromusculares assemelham-se estruturalmente à 
acetilcolina. 
o Liga-se ao receptor nicotínico e age como a Ach (acetilcolina), despolarizando a 
junção neuromuscular e permanecendo ligado ao receptor por um período de tempo 
relativamente longo, causando paralisia flácida. 
• Não despolarizantes: 
o Em baixas doses: 
§ Competem com a Ach pelo receptor nicotínico. 
§ Impedem a despolarização e inibem a contração muscular. 
§ Sua ação pode ser desfeita aumentando-se a concentração de Ach na fenda 
sináptica = Estratégia usada pelos anestesiologistas, através do emprego de 
inibidores da acetilcolinesterase. 
o Em altas doses: 
§ Acarreta bloqueio adicionalda transmissão neuromuscular e reduz a 
capacidade dos inibidores da acetilcolinesterase de reverterem às ações 
relaxantes musculares. 
 
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Train of Four (TOF) 
• Padrão de estimulação utilizado para avaliação do grau de bloqueio neuromuscular. 
• Consistem na aplicação de quatro estímulos em uma frequência de 2Hz (quatro estímulos 
em 2 segundos). 
• O bloqueio pode ser avaliado pelo número de respostas musculares e por meio da relação 
entre a amplitude da quarta e da primeira resposta da sequência. 
• No bloqueio muscular é observado progressivo decréscimo na amplitude de resposta, 
proporcional à profundidade do relaxamento. Na ausência de bloqueio neuromuscular, 
todas as quatro respostas são de igual amplitude. 
 
Efeitos: 
• Mastocitostócito: 
o Liberação de Histamina 
o ↓ da P.A 
o Broncoespasmo 
o ↑ Secreção brônquica 
o Fármacos derivados da isoquinolina, succinilcolina 
• Gânglios autonômicos e locais muscarínicos 
o Bloqueio ganglionar parcial 
o ↓ da P.A. 
o Taquicardia 
o Succinilcolina estimula 
o Alguns fármacos derivados da isoquinolina bloqueiam fracamente 
• Sistema cardiovascular 
o ↓da P.A. 
o Vasodilatação periférica 
o ↓do retorno venoso 
o Taquicardia 
o Derivados esteroides bloqueiam moderadamente 
o Galamina bloqueio forte 
o Succinilcolina estimula 
 
Farmacocinética: 
• Via de Hoffmann - degradação espontânea sob pH e temperatura fisiológicas. 
• Metabolismo: Hepático e/ou plasmático 
• Eliminação: renal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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INTUBAÇÃO OROTRAQUEAL (IOT) 
• Mesmo com recuperação rápida, a indução com relaxamento muscular, na 
impossibilidade de ventilação, pode resultar em hipóxia. Sempre que possível manter a 
ventilação espontânea do paciente. 
 
Para evitar problemas na 
IOT é importante: 
• Conhecer a anatomia e 
fisiologia da via aérea. 
• Conhecer e saber 
manipular os instrumentos 
para manejo das vias 
aéreas. 
• Adequado 
posicionamento do 
paciente. 
• Reconhecer situações 
de potenciais dificuldades. 
• Treinamento. 
 
 
 
 
MATERAIS ADEQUADOS: 
• Máscara facial 
• Cânulas orofaríngea (Guedel) - 
Garante perviedade da via aérea 
evitando mecanicamente o 
desabamento da parte posterior da 
língua. 
• Cânula nasofaríngeas (Wendel) - 
Garante perviedade da via aérea mesmo 
com desabamento da parte posterior da 
língua. 
• Laringoscópio com laminas, 
• Laringoscópio óptico, 
videolaringoscópio, 
• Tubo endotraqueal, 
• Máscara laríngea, 
• Fibroscópio, 
• Mandris, 
• Cateter transtraqueal, 
• Máscara de ventilação, 
 
 
 
 
 
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SISTEMA MÁSCARA-BALÃO 
• Primeiro recurso disponível para manter via aérea e a 
ventilação. 
• A máscara deve ter tamanho e conformação compatíveis 
com a anatomia do paciente. 
• O paciente deve ser colocado em posição olfativa, exceto 
na suspeita de trauma cervical. 
• Para realizar a ventilação sob máscara facial deve-se evitar 
a compressão de partes moles, para isso realiza-se tração 
na parte óssea da mandíbula. 
 
TENTATIVA ÓTIMA DE INTUBAÇÃO - Definição 
• Profissional com experiência (>3anos) 
• Tônus muscular insignificante 
• Pressão laríngea externa ótima - BURP (back up right position) (cartilage cricóide) 
• Adequar tamanho da lâmina 
• Adequar tipo da lâmina 
• Ótima posição da cabeça - “Sniff position”/posição olfativa 
 
Posicionamento para manejo da via aérea: 
• Neutra / Decúbito 0 grau - Difícil visualização 
o Desalinhamento dos eixos oral, faríngeo e laríngeo. 
• Extensão da cabeça 
o Alinhamento dos eixos oral e laríngeo. 
• Extensão cervical (posição olfativa) - POSICIONAMENTO IDEAL! 
o Alinhamento dos eixos oral, faríngeo e laríngeo. 
o Flexão da coluna cervical em direção anterior com elevação da cabeça, através de 
um suporte firme (coxim occiptal). 
 
INTUBAÇÃO OROTRAQUEAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 29 
MANUTENÇÃO DE VIAS AÉREAS 
 
PULMÕES 
• Os pulmões são como refinarias, extraem do ar combustível e entregam ao sangue. 
• A principal função dos pulmões são as trocas gasosas. 
• Mecânica respiratória: fisiologicamente a respiração ocorre na dependência das forças 
desenvolvidas pelos músculos respiratórios e das propriedades mecânicas do sistema. 
o Inspiração: 
§ Redução da pressão intrapulmonar. 
§ Diafragma contrai e desce; m. escalenos e intercostais externos. 
§ Processo ativo. 
o Expiração: 
§ Aumento da pressão intrapulmonar. 
§ M. intercostais internos e abdominais. 
§ Processo passivo/ativo - Relaxamento dos músculos inspiratórios + retração 
elástica do tecido pulmonar 
 
VENTILAÇÃO MECÂNICA 
 
• A ventilação mecânica frequentemente é utilizada para manutenção das funções vitais 
durante o período itraoperatório. Ao longo da última década se verificou que em paralelo 
aos benefícios há efeitos lesivos dependente dos parâmetros respiratórios utilizados. 
• A maioria dos procedimentos cirúrgicos estão relacionados com alteração da função 
pulmonar, aumentando a morbimortalidade perioperatória. 
• Objetivos: 
o Suporte mecânico - “fole” 
o Suporte pulmonar - troca gasosa 
o Princípio fisiológico - ventilação alveolar adequada com controle de: PaCO2, pH e 
oxigenação (PaO2, CaO2) 
• A partir da instituição da ventilação mecânica com pressão positiva, ocorre alteração da 
dinâmica ventilatória. 
• Existem várias maneiras de se realizar a pressurização das vias aéreas, que se diferenciam 
quanto a interface interposta entre o ventilador e paciente. Pode ser classificada como 
o Não invasiva 
o Invasiva. 
• Em relação à forma como é gerado o fluxo inspiratório, a ventilação mecânica pode ser 
classificada em: 
Pressão 
intrapulmonar 
mais negativa que 
a atmosférica
Contração do 
diafragma e 
músculos 
intercostais
Volume da 
cavidade torácica 
aumenta
Pressão 
intrapleural mais 
negativa
Expansão 
pulmonar
Pressão 
intrapulmonar 
negativa
Ar flui para dentro 
dos pulmões 
Pressão 
intrapulmonar 
similar a 
atmosférica
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 30 
o Ventilação com fluxo controlado, 
o Ventilação com pressão controlada 
 
Conceitos: 
• Pressão - É a força aplicada sobre uma superfície, em ventilação mecânica a unidade 
utilizada é cmH2O. A manutenção de uma pressão positiva na fase final expiratória é 
denominada de PEEP (Positive end expiratory pressure). 
• Volume corrente - Em mL ou L, reflete o volume final de gás inspirado no interior dos 
pulmões. 
• Fluxo - é representado pela taxa de volume em relação ao tempo, portanto L/min ou suas 
variantes (L/s , ...). 
• Resistência das vias aéreas - Para o movimento dos gases através da via aérea ou tubo, é 
necessária uma diferença de pressão na direção do movimento, que determina o sentidodo ponto de maior para o de menor pressão. É a força motriz do fluxo. Portanto a soma das 
resistências do tubo endotraqueal e do sistema respiratório se constitui na própria 
resistência das vias aéreas. 
• Complacência do sistema respiratório - quando o volume pulmonar aumenta durante a 
fase inspiratória determina uma expansão da caixa torácica, portanto distendendo as 
estruturas elásticas do sistema ( analogicamente semelhante a um sistema de molas) 
gerando uma força contrária, é a relação entre o volume inspirado e a variação de pressão 
no interior do pulmão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MODOS DE VENTILAÇÃO: 
 
Ventilação com pressão controlada: 
• Pressão inspiratória é predeterminada 
• VC variável de acordo com a complacência pulmonar 
• Fluxo inspiratório livre que desacelera de forma 
logarítimica ao chegar próximo do valor preestabelecido 
• Limitação da pressão de platô - < risco de barotrauma 
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 31 
• Distribuição mais homogênea do VC – evita esvaziamento precoce dos alvéolos com 
constante de tempo de enchimento mais rápido 
• Queda da complacência ou aumento da resistência de vias aéreas – compromete o VC 
adequado 
 
Ventilação com volume controlado: 
• VC é preestabelecido 
• Pressão intrapulmonar será determinada segundo a 
complacência e a resistência de via aérea 
• Fluxo inspiratório constante 
• Distribuição do VC segundo áreas de maior ou menor 
resistência 
• Ventilação com pressão de via aérea maior 
• Aumento de áreas de atelectasia, portanto shunt e 
hipóxia 
 
Ventilação mandatória intermitente sincronizada (SIMV) 
• VC pré-determinado com freqüência determinada 
• Liberação da ventilação espontânea do paciente sincronizada ao ciclo do aparelho 
• As incursões espontâneas são auxiliadas por uma pressão suporte 
• Modo de desmame 
 
Pressão de suporte 
• Usado para desmame em pacientes em respiração espontânea 
• Pressão utilizada na fase inspiratória para diminuir o trabalho respiratório 
• Utilizado em conjunto com SIMV e PEEP 
 
CPAP 
• Pressão contínua de via aérea 
• Pode ser utilizada com paciente sob IOT ou com máscara apropriada 
• Pressurização menor que na VPPI(vent. com pressão positiva não invasiva); > conforto ao 
paciente 
• Promove recrutamento alveolar e melhora da PaO2 
• Utilizado como forma de suporte ventilatório antes da IOT ou como forma de fisioterapia 
respiratória 
• Apnéia do sono 
• Provoca distensão gástrica 
 
BiPAP 
• Variação do CPAP onde há duas pressões distintas: uma na fase inspiratória (IPAP) e outra 
na fase expiratória (EPAP) 
• Mais fisiológico e confortável para o paciente 
• 60% de sucesso, evitando IOT em casos de insuficiência respiratória aguda 
 
REPERCUSSÕES DA VENTILAÇÃO ARTIFICIAL 
 
Efeitos cardiovasculares 
• Queda do retorno venoso 
• Aumento da RVP 
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 32 
• Ação sobre a VE varíavel 
• A influência da ventilação positiva na hemodinâmica varia de acordo com o tipo de suporte 
ventilatório. 
 
Outros efeitos 
• Renal 
o Queda da filtração glomerular 
o Queda da excreção de Na 
o Queda da depuração de água livre 
• Aumento do tônus simpático 
• Aumento dos níveis plasmáticos de adrenalina e noradrenalina (estudo em animais) 
 
Efeitos ventilatórios 
• Perda da ação diafragmática 
• Conteúdo abdominal tendendo a empurrar o diafragma diminuição da CRF. 
• Queda da complacência 
o Atelectasia alveolar 
o Desvio de fluxo para áreas de menor resistência 
o Distúrbio V/Q (vent./perfusão) – aumento do espaço morto e mistura venosa 
 
Efeitos pulmonares 
• “Observou-se edema intersticial e alveolar, aumento da permeabilidade capilar e lesão 
tecidual grave após ventilação mecânica em animais de experimentação sadios. Tais 
alterações microscópicas e funcionais são, na maioria das vezes, indistinguíveis daquelas que 
ocorrem na LPA ou SARA (...). Os mecanismos responsáveis pela LP/VM são diversos (...), 
entretanto parece que a combinação de fatores mecânicos (hiperdistensão alveolar e aumento 
da pressão transmural vascular), celulares (ativação de neutrófilos e macrófagos), inativação 
do surfactante e síntese de mediadores inflamatórios determinam, em última análise, a lesão 
pulmonar.” Rev Ass Med Brasil 2001; 47(4): 358-64 
• Alvéolo inflamado - IL-1 B, IL-6, IL-8, TNF-alfa, MCP-1 
 
FISIOPATOLOGIA DA VENTILAÇÃO MECÂNICA 
• Fenômeno de “recrutamento” e “derecrutamento” alveolar 
o Alteração funcional do pulmão 
o Lesão histológica 
o Liberação de citocinas pró-inflamatórias 
• Volutrauma, barotrauma e atelectrauma 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 33 
• Atelectasia - O conceito de atelectasia intraoperatória foi proposto na década de 60, trata-
se do colapso do tecido pulmonar que ocorre após ou durante a indução anestésica. 
Caraterizada pela diminuição da complacência pulmonar e comprometimento da 
oxigenação arterial. 
o Presente em 90% dos pacientes anestesiados, 
o Representa 3 a 4% da área pulmonar, podendo chegar a 20%, 
o Maior incidência em pacientes normais que em pac. com DPOC. 
o Capacidade de fechamento (CP) é o vol. a partir do qual as vias aéreas começam a 
fechar na expiração e favorecer o surgimento das atelectasias. 
• Compressão: 
o Anestesia inalatória ou venosa 
o Duração e tipo da cirurgia 
o Posição do paciente 
o Idade 
o Conformação torácica 
o Doenças pulmonares previas 
o Fatores cirúrgicos (tração de estruturas) 
• Reabsorção: 
o Ventilação com FiO2 elevadas 
o V/Q baixos 
• Alteração do surfactante: 
o Agentes anestésicos 
o Duração da anestesia 
o Volumes correntes baixos 
 
VENTILAÇÃO PROTETORA 
• Estratégias ventilatórias que não promovam lesão pulmonar e que garantam uma 
adequada oxigenação. 
• Medidas: 
o Baixa pressão alveolar 
o FiO2 < 100% 
o Anestésico inalatório 
• Volume corrente baixo: 
o VC ≤ 5 mL/kg 
o Menor pressão alveolar 
o Diminuição da liberação de citocinas pró-inflamatórias 
o menor estiramento alveolar 
o Menor lesão alveolar 
• Recrutamento alveolar 
o Melhor oxigenação 
o Desfaz áreas de atelectasia 
o Melhora distribuição do fluxo inspiratório 
o Mais eficiente quando instalado PEEP posteriormente 
o Efeito temporário (30 a 40 min) 
o Não se comprovou se pode causar lesão pulmonar por hiper-distensão alveolar 
o Pressão contínua entre 30 e 40cmH2O por 10 sec 
• PEEP (pressão positiva expiratória final) 
o Melhora a oxigenação arterial 
o Estratégia do “pulmão aberto” 
o Promove recrutamento alveolar 
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 34 
o Redistribuição de fluido do alvéolo para o interstício 
o Aumento da CRF 
o Manter pressão de platô menor que 30cmH2O 
o Não há consenso no cálculo da PEEP 
§ Valor da PEEP – 2cmH2O acima do ponto de inflecção inferior da curva de 
complacência* - melhor oxigenação com menor lesão pulmonar 
o Efeitos adversos 
§ Instabilidade hemodinâmica 
§ Queda do débito cardíaco 
§ Queda do débito urinário 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
HIPERTERMIA MALIGNA 
 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL:A hipertemia maligna é uma doença farmacogenética potencialmente letal que 
acomete indivíduos geneticamente predispostos. É desencadeada pela exposição a agentes 
indutores ou fatores ambientais desgastantes, os agentes anestésicos voláteis (agentes 
indutores) e os relaxantes musculares despolarizantes são implicados como indutores. 
• Há um aumento rápido e sustentado da concentração de cálcio mioplasmático (Ca 2+) 
induzido pela hiperativação dos receptores de rianodina (RYR1) do músuculo esquelético. 
• A ventilação mecânica pode causar lesão pulmonar. 
• Modos de ventilação mandatória (necessária/obrigatória): 
o Volume controlado 
o Pressão controlada 
o Pressão controlada com volume garantido 
• Modos de desmame 
o SIMV 
o Pressão suporte 
• A ventilação protetora parece ser o método menos danoso dentro dos critérios. 
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 35 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
• O paciente pode ter usado alguma das substâncias anteriormente e não ter tido um quadro. 
• Herança: Os modos de herança à suscetibilidade para HM são autossômicos dominantes 
com penetração reduzida (significa que menos filhos são afetados do que o esperado em 
um padrão de dominância) e expressão variável1,2 (diferença da suscetibilidade entre 
famílias e pequena variação entre a mesma família), autossômica recessiva, multifatorial 
ou não classificada. (expressão pode ser diferente para cada membro da família). 
• Associada a mutações genéticas cuja maioria se encontram no cromossoma 19 gene 
receptor para rianodina (Ryr1). Pode ser descrita como um distúrbio genético heterogêneo 
com uma apresentação clínica altamente variável. 
 
FISIOPATOLOGIA - Estado hipermetabólico 
• Em condições normais, os níveis de Ca²+ no mioplasma são controlados pelos receptores 
rianodina (RyR1), DHPR (receptores diidropiridínicos) e sistema Ca2+ -adenosina trifosfatase 
(Ca²+ -ATPase). 
• Na crise de HM há uma intensa alteração na homeostasia do Ca²+, na qual a hiperativação 
do RyR1 provoca um aumento na concentração de Ca²+ citoplasmático, o que resulta na 
ativação sustentada da contração muscular. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
• Os processos de contração muscular e de reabsorção desse excesso de Ca²+consomem 
grandes quantidades de ATP e geram um excesso de calor (hipertermia), que é a marca da 
doença. 
Agentes desencadeantes Agente seguros 
Succinilcolina Relaxantes musculares adespolarizantes 
Halotano Óxido nitroso 
Isoflurano Propofol 
Enflurano Etomidato 
Sevoflurano Benzodiazepínicos 
Metoxiflurano Barbitúricos 
Desflurano Vasopressores 
Outros: álcool, ecstasy, 4-m-cresol 
Libração de Ca++ 
dos canais de 
Rianodina
Excitação –
Contração Muscular
Alteração do 
metabolismo
↑Ca++ intracelular
↑ metabolismo por 
ativação das 
fosforilases
↑ Glicogenólise
↑ Demanda de ATP ↑ CO2
Lise celular com 
extravasamento de 
conteúdo cel. 
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 36 
• O esgotamento dos estoques de ATP resulta no rompimento da membrana do músculo 
esquelético e há um extravasamento dos constituintes celulares, que incluem potássio, 
creatina, fosfatos e mioglobina. A perda do potássio a partir de células do músculo resulta 
em arritmias cardíacas. 
• A diminuição da concentração de ATP causa rigidez muscular, uma vez que a presença de 
ATP é normalmente necessária para permitir o relaxamento muscular, além da associação 
de filamentos de actina e miosina; 
• Um aumento potencial no consumo de oxigênio por meio da glicólise e do metabolismo 
aeróbico descontrolados leva a hipóxia celular, acidose láctica progressiva e excesso de 
geração de dióxido de carbono. 
 
CLASSIFICAÇÃO DAS CRISES DE HIPERTERMIA MALIGNA 
 
 
 
 
 
 
 
Atípicas: morte súbita ou parada cardíaca inexplicadas durante anestesia. 
Outras: febre pós-operatória, rabdomiólise, insuficiência renal, antecedentes familiares 
suspeitos. 
 
Espasmo de masseter: 
• Rigidez de masseter com evidências de lesão muscular (p. ex., elevação da creatinoquinase 
sérica e mioglobinúria). 
• Rigidez de masseter associada a alterações metabólicas (p. ex., elevação da temperatura, 
arritmias cardíacas). 
• Rigidez de masseter isolada. 
 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DAS CRISES DE HIPERTERMIA MALIGNA 
 Clínicas Laboratoriais 
Inicial Taquicardia 
Elevação progressiva do CO2 exalado 
Taquipnéia 
Rigidez muscular localizada (incluindo 
rigidez de masseter) 
Cianose 
Arritmias 
Hipertermia 
Sudorese profusa 
Hipercapnia (ac respiratória) 
Acidose metabólica 
Hiperlacticidemia 
Hipercalemia 
Dessaturação venosa central 
 
Tardia Febre acima de 40ºC 
Cianose 
Má perfusão cutânea 
Instabilidade pressórica 
Rigidez muscular generalizada 
Mioglobinemia 
Elevação da creatinoquinase 
plasmática 
Elevação da creatininemia 
Coagulação intravascular 
disseminada 
 
 
 
FULMINANTE CLÁSSICA Potencialmente fatal, múltiplas 
manifestações metabólicas e musculares 
MODERADA Manifestações metabólicas e musculares 
sem a gravidade da forma fulminante 
LEVE Discretas alterações metabólicas, sem 
manifestações musculares. 
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 37 
ESCALA CLÍNICA GRADUADA (CGS-MH) DE PROBABILIDADE QUALITATIVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TRATAMENTO: 
 
Fase aguda: 
1. Interrupção imediata da inalação de anestésicos voláteis e/ou succinilcolina. 
2. Hiperventilação com oxigênio puro (não há necessidade de troca do circuito circular ou 
sistema de absorção de CO2). 
3. Dantrolene sódico (única medicação que consegue controlar): Injeções intravenosas de 
2,5mg/kg, repetidas até o completo controle das manifestações de HM. Ainda que 
doses maiores sejam eventualmente necessárias, o controle das crises de HM é obtido 
na maioria dos casos com dose total inferior a 10 mg/kg. Diluir cada frasco-ampola, 
contendo 20 mg de dantrolene e 3g de manitol, em 60 ml de ÁGUA estéril. 
• O dantrolene bloqueia os RyRs, atua diretamente sobre as isoformas RyR1 e RyR3, 
reduz a ativação do canal pela calmodulina e diminui a sensibilidade do canal ao Ca++ 
4. Bicarbonato de sódio intravenoso, conforme o bicarbonato sérico (em geral, 1 a 2 
mEq/kg); 
5. Resfriamento ativo: Lavagem gástrica, vesical, retal e cavidades (peritoneal ou torácica) 
eventualmente abertas com NaCl 0,9% gelado; colchão hipotérmico e aplicação de gelo 
na superfície corporal. Evitar hipotermia, interrompendo o resfriamento com 
temperaturas inferiores a 38ºC. 
 
Processo Indicador Pontos 
Rigidez Generalizada(excetoshivering) 
Espasmo de masseter após succinilcolina 
 
15 ou 
15 
Destruição muscular CPK>20 000 UI com Succinilcolina 
CPK>10 000 UI sem Succinilcolina 
Urina cor de Coca-Cola 
Mioglobinúria>60 mcg/l 
Mioglobinemia>170 mcg/l 
Potassemia>6 mEq/l 
 
15 ou 
15 ou 
10 ou 
5 ou 
5 ou 
3 
Acidose respiratória PETCO2>50 mmHg em Ventilação controlada 
PaCO2>60 mmHg em Ventilação controlada 
PETCO2>65 mmHg em Ventilação espontânea 
PaCO2>60 mmHg em Ventilação espontânea 
Hipercarbia (inapropriada) 
Taquipnéia (inapropriada) 
 
15 ou 
15 ou 
15 ou 
15 ou 
15 ou 
10 
Acidose metabólica BEa além de - 8 mEq/l 10 
 
10 
Acidemia pHa < 7,25 10 
 
10 
Hipertermia Elevação rápida da T (inapropriada) 
T> 38,8ºC (inapropriada)15 ou 
10 
Ritmo cardíaco Taquicardia sinusal (inapropriada) 
Taquicardia ou fibrilação ventricular 
 
3 ou 
3 
Dantrolene & acidose Reversão rápida (respiratória ou metabólica) 5 
Pontuação Risco de H. Maligna Probabilidade 
0 1 Quase impossível 
3 a 9 2 Improvável 
10 a 19 3 Algo menos que provável 
20 a 34 4 Algo mais que provável 
35 a 49 5 Bastante provável 
50 e mais 6 Quase certo 
 
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6. Tratamento das arritmias cardíacas (geralmente controladas com o tratamento da 
hiperpotassemia e acidemia). Entre os antiarrítmicos, não usar bloqueadores de canais 
de Ca++, associados a hiperpotassemia e colapso circulatório. 
7. Tratamento da hiperpotassemia, com hiperventilação, bicarbonato de sódio, Solução 
“polarizante” (0,15U de insulina simples/kg em 1ml/kg de glicose 50%), cloreto de Ca++, 
intravenoso - 2 a 5 mg/kg (arritmias graves). 
8. Manter diurese acima de 2 ml/kg/hora: Hidratação, manitol ou furosemida. 
 
Fase tardia: 
1. Face ao risco de recidiva é conveniente observação em Unidade de Tratamento 
Intensivo durante pelo menos 24 horas. 
2. Dantrolene intravenoso 1 mg/kg a cada 6 horas, durante 48 horas. 
3. Controles a cada 6 horas: temperatura, gasometria arterial, níveis sangüíneos de 
creatino-fosfocinase (CPK), potássio e Ca++ coagulograma, mioglobina sérica e urinária. 
4. Orientação do paciente e familiares acerca da doença. 
 
DIAGNÓSTICO: 
• Atualmente, o método padrão para o diagnóstico de sensibilidade à HM e o teste de 
contratura muscular para exposição ao halotano-cafeína (CHCT) e o tratamento é uso de 
dantrolene. 
 
ASSOCIAÇÃO COM OUTRAS DOENÇAS NEUROMUSCULARES: 
• O fenótipo de suscetibilidade ao teste CMHC encontrado na HM pode se manifestar 
secundariamente em indivíduos portadores de doenças neuromusculares, tais como: 
o Distrofia musc. progressiva tipo Becker e Duchenne; 
o Distrofia muscular congênita; 
o Distrofia miotônica; 
o Miotonia congênita; 
o Paralisia periódica familiar; 
o Síndrome de King- Denborough; 
o Doença do núcleo central (DNC). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 39 
ANESTESIA VENOSA 
 
Objetivos: 
• Inconsciência -> Hipnóticos 
• Analgesia -> Analgésicos 
• Relaxamento muscular -> Bloqueadores neuromusculares 
 
 
FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA 
 
Absorção - Processo pelo qual a droga deixa seu sítio de administração para penetrar a 
corrente sanguínea. 
Distribuição - Determinante na concentração da droga no órgão-alvo (perfusão, ligação à 
proteína e solubilidade lipídica), 
Biotransformação - Alteração de uma substância por processos metabólicos, geralmente 
inativos e solúveis em água. 
Excreção - Depuração das drogas, principalmente renal. 
Biodisponibilidade - Percentual de aproveitamento, pelo organismo, de uma substância. 
Depende da quantidade de droga livre e da biotransformação. 
 
Modelo farmacocinético de drogas venosas: são instrumentos matemáticos que ajudam a 
prever e entender a trajetória da massa de uma determinada substância ofertada ao organismo 
por essa via de administração. 
• A farmacocinética e dinâmica dos fármacos venosos era determinada por um único 
medicamento, entretanto atualmente aumentaram os estudos das interações entre os 
agentes anestésicos, com o intuito de diminuir efeitos colaterais e aumentar a ação 
terapêutica. 
Hipnose 
Analgesia 
Bloqueio 
Neuromuscular 
Pré-anestesia Indução Manutenção Recuperação 
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 40 
• A escolha das drogas para essa técnica deve levar em conta as características do fármaco 
ideal: 
o Rápido inicio de ação (. Ke0 baixo e Ke0 elevado) 
o Pouca distribuição pelos compartimentos periféricos (musculo e gordura) 
o Clearance elevado 
o Mínimos efeitos cardiovasculares e respiratórios 
o Amplo intervalo terapêutico 
o Ação antiemética, antioxidante e anti-inflamatoria 
o Não liberar histamina 
o Facilmente titulada, 
o Não poluir meio ambiente 
o Não interagir com outras drogas anestésicas 
o Não ter metabólitos ativos. 
• A interação é chamada de adição, isto é, quando ocorre a soma dos efeitos individuais na 
combinação de dois anestésicos. 
• Sinergismo ocorre quando o efeito é maior que o esperado em relação aos efeitos 
individuais, que se traduz pelo uso de uma dose menor, quando comparada às doses 
individuais dos fármacos utilizados. 
• Biofase é o local que um fármaco deve atingir para exercer a sua ação terapêutica. 
• Volumes comportimentais 
• Histerese do fármaco: É o tempo para que um fármaco atinja o equilíbrio entre a 
concentração plasmática e o local efetor ou biofase. Por definição farmacológica, o 
equilíbrio entre os compartimentos plasmático e o local efetor, para fármacos venosos, 
corresponde a 4,32 meias-vidas do fármaco. Assim, o produto T1/2Ke0 x 4,32 corresponde 
ao tempo de equilíbrio entre o compartimento plasmático e o local efetor. 
• Ke0 (quanto maior o Ke0, mais rapidamente a droga chega no sítio de ação): velocidade 
com que a droga deixa V1 em direção à biofase. 
• T1/2Ke0: tempo que o fármaco leva para alcançar a metade da concentração desejada no 
sítio efetor (concentração na biofase seja a metade da concentração no plasma). 
o O tempo será maior quanto menor a velocidade de passagem do medicamento do 
plasma para o reptor. Essa velocidade de transferência é chamada de Ke0. 
o O T1/2Ke0 representa o tempo necessário para que a concentração na biofase seja 
a metade da concentração no plasma. 
o Assim, fármacos com T1/2Ke0 curtos possuem Ke0 altos e início de ação rápido. 
• Constantes K: é a constante de transformação entre os compartimentos. 
• Meia-vida contexto dependente: tempo para que a concentração plasmática de uma droga 
diminua em 50%, após o término da infusão 
• Concentração = dose/volume 
• Velocidade de remoção do fármaco = clearance x concentração 
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 41 
• A anestesia intravenosa pode 
ser realizada por simples 
injeção em “bolus” e repetida 
quantas vezes se fizerem 
necessário, segundo os 
critérios do anestesiologista. 
Isso irá determinar os 
denominados picos (doses 
elevadas) e vales (doses 
subterapêuticas). 
 
 
ANESTESIA INTRAVENOSA 
COM INFUSÃO ALVO-
CONTROLADA 
 
• Para se obter uma concentração 
plasmática previsível e com 
níveis aproximadamente 
constantes é utilizada a técnica 
denominada Anestesia 
Intravenosa com Infusão Alvo-
Controlada (AIVAC) ou TIC 
(Target Controlled Infusion). 
• Utilizam cálculos matemáticos 
para infusão inicial e 
manutenção, de modo a atingir 
um plano anestésico adequado, 
estável e com os menores 
efeitos colaterais possíveis. 
• Com base em softwares que processam 
cálculos em tempo real utilizando 
equações matemáticas que descrevem a 
forma como o fármaco (propofol) se 
desloca entre os compartimentos 
corporais, essas bombas são capazes de 
estimar a concentração tanto no plasma 
como no local de efeito ou biofase. 
• Esta técnica originou-se com o 
aparecimento dos hipnóticos 
(principalmente o propofol e o midazolam)

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