Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Revista Intercontinental de Gestão Desportiva 2011, Volume 1, Número 2, ISSN 2237-3373 O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO COMO FERRAMENTA DE GESTÃO. UM ESTUDO DE CASO EM UMA ACADEMIA DE GINÁSTICA EM VILA VELHA, ESPÍRITO SANTO - BR Jessé Lugon Lima Faculdade de Desporto da Universidade do Porto – FADEUP, Portugal Mestrando em Gestão do Desporto – Universidade do Porto, Portugal jesselugon@gmail.com Resumo Este artigo estuda o planejamento estratégico como norteador da gestão do negócio e identifica as práticas adotadas de planejamento estratégico em uma academia de ginástica. A metodologia utilizada foi a de uma pesquisa qualitativa, descritiva, sob a forma de um estudo de caso em uma academia de ginástica com mais de 15 anos de funcionamento dentro do mercado, na cidade de Vila Velha, Espírito Santo - BR. Verificou-se, por meio dos resultados, que a empresa pesquisada não faz uso de práticas de planejamento estratégico. Evidências mostram que seria muito interessante o uso desse documento formal para alinhar os objetivos da organização estudada e também seriam de grande importância para a empresa a implementação de uma gestão mais sistemática, com objetivos em médio e em longo prazo, um posicionamento de mercado mais esclarecido e uma gestão mais participativa. Palavras-chave: Gestão estratégica. Planejamento estratégico. Ferramenta de gestão. Academias de ginástica. Mercado fitness. Strategic planning as a management tool: a case study in gymnastics academy in Vila Velha, Espírito Santo – BR Abstract This work studies the strategic planning as a guide in managing the business and identify the practices adopted for strategic planning in a gym. The methodology used was a qualitative, descriptive, in the form of a case study in a gym with over 15 years working within the market in the city of Vila Velha, Espirito Santo - BR. It was verified by the results, the research firm does not use practices of strategic planning. Evidence shows that it would be very interesting to use this formal document to align the goals of the organization studied and would be a big step for the company to implement a more systematic, with goals in the medium and long term, a more clear market positioning and a more participatory management. Keywords: Strategic management. Strategic plain. Management tool. Health clubs. Fitness market. Planificación estratégica como una herramienta de gestión: un estudio de caso en una academia de gimnasia de Vila Velha, Espirito Santo - BR Resumen Este trabajo estudia la planificación estratégica y orientación de la gestión de la empresa e identifica las prácticas adoptadas de planificación estratégica en un gimnasio. La metodología utilizada fue cualitativa, descriptiva, en la forma de un estudio de caso en un gimnasio con más de 15 años de operación en el mercado en la ciudad de Vila Velha, Espírito Santo - BR. Se verificó a través de los resultados, la compañía encuestados no utilizan prácticas de planificación estratégica. La evidencia muestra que sería muy interesante utilizar este documento formal para alinear los objetivos de la organización estudiada, y también sería de gran importancia para la empresa a aplicar un enfoque más sistemático, con objetivos en el mediano y largo plazo, un posicionamiento en el mercado más claro y una gestión más participativa. mailto:jesselugon@gmail.com J. L. Lima RIGD, vol.1, n.2, p. 97–110 jul/dez 2011 98 Palabras clave: Gestión estratégica. Planificación estratégica. Herramienta de gestión. Gimnasios. Mercado del fitness. Introdução Dentro da área administrativa pode-se destacar o planejamento estratégico como uma ferramenta de gestão de grande relevância. Planejar um negócio, independentemente de seu tamanho ou de seu segmento, se torna condição indispensável para o sucesso duradouro e sustentável (Silva et al). Em vista de um cenário de mudanças e incertezas, não se pode administrar apenas com um misto de intuição e sorte. O mercado de academias de ginástica é um setor em expansão. Observa-se um crescimento rápido, principalmente nos grandes centros urbanos. Para Bertevello (2006), no Brasil há um número estimado de 20 mil academias que sustentam 140 mil empregos diretos e agregam 3,4 milhões de usuários, aproximadamente 2% da população brasileira. Bertevello (2006) cita ainda que o crescimento desse mercado no Brasil é de 12% ao ano, superando o crescimento anual de 10% dos Estados Unidos, Inglaterra e Alemanha, considerados líderes mundiais nesse segmento. Porém constata-se, no setor de academias de ginástica, um crescimento estrutural, tecnológico e humano, sendo que, no que diz respeito à gestão, esse setor pode ser considerado atrasado em relação à implantação das teorias administrativas (Pinheiro; Pinheiro, 2006). Hoje, nesse mercado, há uma mescla entre uma administração que traz elementos das teorias elaboradas ao longo do século passado, com amadorismo (Furtado, 2008). A presente pesquisa foi realizada por intermédio de um estudo de caso, com o objetivo principal de analisar como se realizava o planejamento gerencial de uma academia de ginástica, na Praia da Costa, município de Vila Velha, no Espírito Santo. Foi estruturada com base na literatura administrativa sobre planejamento estratégico e na literatura referente ao mercado de academias de ginástica, de forma a identificar como o planejamento estratégico podia interferir na gestão dessa empresa. O planejamento estratégico Ao falar de estratégia, torna-se fundamental buscar sua origem, ou seja, onde tudo começou, facilitando assim o entendimento sobre o assunto. A competição no mundo dos negócios começa na revolução industrial. Com o surgimento e consolidação das indústrias na Inglaterra, logo essa proliferação industrial alcançou a Europa, os Estados Unidos, o Japão e o mundo. Passado esse fenômeno de implantação das indústrias, começou a surgir uma competição entre as mesmas, pois os princípios da teoria de Ford, os quais eram baseados na produção em massa e foram implantados no início do século XX, logo começaram a cair depois que a General Motors desenvolveu sua estratégia de diversificação, com base nas forças e fragilidades da Ford. Os consumidores chegaram a um nível de saturação de produtos e, naturalmente, aspiravam por novidades. O planejamento estratégico formal veio aparecer após a segunda guerra mundial, mais exatamente em 1956, quando 8% das indústrias americanas utilizavam esse planejamento (Chiavenato, 2003, p. 37). Na década de 60, surge o modelo de Harvard ou análise SWOT, por meio do qual se leva em conta a análise das forças e fraquezas, oportunidades e ameaças das organizações. A fase de ouro do planejamento veio nos anos 70, quando boa parte das empresas americanas eram adeptas do modelo de planejamento estratégico. Com a recessão e crise ocorridas nessa época, muitas críticas surgiram a essa ferramenta, gerando descrença e obrigando a uma revisão do modelo vigente. Logo nos anos 80, quase 20 anos depois de sua criação, o planejamento J. L. Lima RIGD, vol.1, n.2, p. 97–110 jul/dez 2011 99 estratégico começou a ser retirado de suas organizações, demonstrando claramente que o modelo vigente precisava de algumas adaptações e aperfeiçoamento para continuar a existir dentro das empresas. Em nossa atualidade, nos deparamoscom um modelo de planejamento totalmente modificado, inserido dentro da realidade de cada organização, seja ela micro, pequena, média ou grande. Atualmente, os modelos de planejamento estratégico são flexíveis, contínuos e participativos, buscando a contribuição de todos os colaboradores em sua elaboração e implementação. O planejamento estratégico é uma técnica administrativa que através da análise do ambiente de uma organização, cria consciência das suas oportunidades e ameaças dos seus pontos fortes e fracos para o cumprimento de sua missão, e através desta consciência, estabelece o propósito de direção que a organização deverá seguir para aproveitar as oportunidades e evitar os riscos (Fishimam; Almeida, 1991, p. 25). Planejamento estratégico tornou-se, pois, uma metodologia de pensamento participativo, utilizada para definir a direção que a empresa deve seguir, através da descoberta de objetivos válidos e não subjetivos (FILHO, 1978). Corroborando o pensamento do citado autor, temos que, Independente do objetivo que a organização busque, o planejamento estratégico pode oferecer as ferramentas necessárias para proporcionar um melhor desenvolvimento das atividades que serão realizadas para se alcançar o objetivo previamente traçado (TRENTIN, 2009, p. 4). E, ainda, a afirmativa de que, Um planejamento formal pode trazer muitos benefícios a todos os tipos de empresa, grandes, pequenas, novas ou maduras. O planejamento ajuda a administração a pensar adiante de forma sistemática, força a empresa a aguçar seus objetivos e políticas, levar a uma melhor coordenação de esforços e fornece padrões mais claros de desempenho (PHILIP KOTLER, 1999, p. 23). O planejamento estratégico oferece, assim, a visão de rumo para que o nível administrativo integre as várias funções da organização e para que o nível operacional também se coordene (ALMEIDA; GIGLIO). Chiavenato (2003, p. 39) cita que planejamento estratégico é o processo de formulação de estratégias organizacionais no qual se busca a inserção da organização e de sua missão no ambiente em que ela está atuando. O planejamento estratégico é conceituado como um processo gerencial que possibilita ao executivo estabelecer um rumo a ser seguido pela empresa com vistas a obter um nível de otimização na relação da empresa com o seu ambiente (Oliveira, 1999, p. 46). O planejamento deve maximizar os resultados e minimizar as deficiências, utilizando princípios de maior eficiência, eficácia e efetividade. Eles são os principais critérios de avaliação da gestão (Chiavenato 2003. p. 39). Roche (2002) descreve em seu trabalho O planejamento estratégico nas organizações esportivas que o planejamento estratégico em uma entidade, certamente numa organização esportiva, pretende atingir os seguintes objetivos: Refletir sobre os objetivos gerais a médio e longo prazo da organização e sobre os objetivos estratégicos – caminhos – mais adequados para alcançá-los. Estabelecer e fixar para toda organização esses objetivos. Envolver e motivar os trabalhadores e colaboradores de uma organização em relação às metas a serem atingidas. Estar preparada para o futuro (Roche, 2002, p. 27). J. L. Lima RIGD, vol.1, n.2, p. 97–110 jul/dez 2011 100 Diante de mudanças rápidas e descontínuas, saturação de mercados, surgimento de novas tecnologias, ameaça de novos entrantes, apelo do consumidor a novos padrões de serviços/produtos e, principalmente, exigência em termos de qualidade e um custo menor, é importante saber como reagir a esse turbilhão de fatores que, juntos, podem desestruturar toda a organização. De acordo com Ansolff (1991) a resposta está no planejamento estratégico. Em tais condições, a experiência e as tradições organizacionais deixam de ser suficientes para lidar com as novas oportunidades e ameaças. Sem o auxílio de uma estratégia unificadora, haverá uma probabilidade de que partes diferentes da organização cheguem a respostas distintas, contraditórias e ineficazes (Ansoff, 1991, p. 99). Em face das mudanças ocorridas nos ambientes empresariais, podemos sugerir a utilização de estratégias como uma forma de nortear o futuro organizacional, aproveitando as oportunidades, minimizando as ameaças, trabalhando os pontos fortes e melhorando os pontos fracos. E o planejamento estratégico é uma forma de materializar essas estratégias, estabelecendo os objetivos da empresa e direcionando toda a corporação para um rumo só. Dessa forma, as organizações irão se adaptar melhor a um ambiente de mudanças rápidas e descontínuas. Gestão desportiva O mercado de academias de ginástica O mercado mundial de academias de ginástica e condicionamento físico é liderado pelos Estados Unidos da América (EUA), onde cerca de13% da população frequentava esses estabelecimentos em 2000 (Bertevello, 2006). Em dados de 2003, a participação de mercado dos health and sports clubs correspondia a 23.000, os quais conseguiam somar, em faturamento, 12,2 bilhões de dólares. Na segunda colocação, encontra-se o mercado inglês, com um faturamento de 2,4 bilhões de dólares/ano e, na terceira colocação, o mercado alemão com um faturamento similar ao mercado inglês. O Brasil encontra-se na 4° posição, com um faturamento de 1,2 bilhões de dólares e um número de academias próximo ao dos E.U.A, cerca de 20.000 empresas fitness (expressão internacionalizada empregada para classificar as empresas desse segmento). Porém, em território brasileiro, a grande maioria das academias de ginástica é de pequeno porte e, consequentemente, apresentam um baixo giro financeiro. As empresas fitness no Brasil sustentam cerca de 140mil empregos diretos e agregam 3,4 milhões de usuários (Bertevello, 2006). Destacam-se ainda os fornecedores e distribuidores dessa indústria que, em conjunto com os prestadores de serviço, faturaram, em 2000, 150 milhões de dólares nesse mercado profissional e 750 milhões no mercado de residencial (home fitness). O crescimento do mercado fitness brasileiro é de 12% ao ano, contra 10% dos países dominantes (Bertevello, 2006). Indiscutivelmente, é grande a escala de crescimento do mercado fitness no Brasil, movimentando uma boa parcela da economia e adentrando cada vez mais como mercado de consumo dos brasileiros. Um breve histórico desse mercado De acordo com Furtado (2007), as academias de ginástica no Brasil passaram por três estágios: 1- Um estágio inicial caracterizado pela afinidade com a área, como principal motivação para a implementação das academias. Por isso, a administração empírica, amadora ou do senso comum preponderava (Furtado, 2007). Em 1893, em São Luis do Maranhão, constataram-se relatos de uma escola de natação, desenvolvida através de um patrocínio. Em Belém do Pará, no ano de 1914, ocorreu surgimento de uma academia de jiu-jitisu. Mais futuramente, inspirados em filmes de J. L. Lima RIGD, vol.1, n.2, p. 97–110 jul/dez 2011 101 Arnold Schwarzenegger (ator americano) começaram a aparecer halterofilistas, os quais treinavam em espaços totalmente improvisados e sem fins lucrativos. 2- Um segundo estágio caracterizado pela mescla entre a afinidade com a área e a inserção das tecnologias da administração em busca de lucros, surgido, principalmente, a partir dos anos 80 (Furtado, 2007). Com o surgimento da ginástica aeróbica, difundida pela cantora americana Jane Fonda, as, até então, denominadas academia de halterofilistas começaram a incorporar outras modalidades esportivas para agregar mais consumidores aos negócios. E foi nessa mesma década que, também se estabeleceu o termo academia de ginástica. 3- E um terceiro estágio, quando as mais avançadas tecnologias dos instrumentos de produção e da gestão são encontradas nas academias (Furtado, 2007). Há presença das mais diversas teorias administrativasde gestão de recursos humanos, marketing, finanças e contábil, configurando a racionalização das academias. Administração esportiva Temos em Bertevello, 2006 a seguinte denominação para administração esportiva: Administração esportiva (denominação histórica da área do conhecimento no Brasil) ou gestão do esporte (nome mais apropriado à disciplina) concerne à organização e direção racional e sistemática de atividades esportivas e físicas em geral e/ou de entidades e grupos que fazem acontecer estas atividades quer orientadas para competições de alto nível ou participação popular ocasional ou regular, e práticas de lazer e saúde (Bertevello, 2006). Observa-se então que as academias de ginástica estão inseridas nesse contexto e teoricamente teriam que ser administradas segundo esse conceito. No Brasil, a administração do esporte teve suas primeiras abordagens no inicio do século XX em âmbito da associação cristã dos moços - ACM, depois na década de 1930 nos meios militares com a Escola de Educação Física do Exército, a qual formava instrutores e monitores militares e civis (Bertevello, 2006). Esses profissionais formados pela Escola do Exercito organizavam competições esportivas e também realizavam a verificação de instalações esportivas. Ao longo dos anos, a gestão esportiva desenvolveu-se de forma lenta, ao passo de que as academias de ginástica e estabelecimentos esportivos cresceram com mais rapidez. De acordo com Bertevello (2006), é de 1981 a publicação do primeiro livro sobre administração de academias de ginástica no Brasil. Observa-se então que as teorias administrativas começam a adentrar o ambiente das academias. A organização da gerência interna, da supervisão e do controle passou a ser incorporada com mais ênfase ao espaço da academia, assim como a divisão do trabalho entre professores de musculação e professores de outras modalidades de ginástica (Furtado, 2007). Na década de 80 ocorre, então, o surgimento um novo modelo de empresa fitness, mais organizada, voltada para o capital e mais preocupada em técnicas gerenciais do negócio do que com a prática do exercício. Ao mesmo tempo desenvolve-se a gestão dessas empresas, com aparecimento de estudiosos dessa área do conhecimento e com profissionais mais capacitados par exercer a gestão. Já na década de 90, com a expressão musculação e não mais halterofilismo, as academias de ginástica começam a sofrer uma série de modificações. Nota-se uma demanda emergente, um consumidor menos preocupado com a performance do exercício e mais interessado em consumir o exercício de forma regular e prazerosa, buscando bem estar, qualidade de vida, lazer e até mesmo entretenimento. De olho nesse mercado em crescimento, capitais oriundos de outros ramos migraram e começaram a ser investidos em academias de ginástica. Surgem as redes de academias, em grandes cidades como Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte. J. L. Lima RIGD, vol.1, n.2, p. 97–110 jul/dez 2011 102 Nesse modelo de mega-empresa, os clientes encontram SPAS, ofurôs, massagem, piscinas olímpicas, lojas de grifes entre outros serviços. Nota-se um valor agregado ao ambiente da academia, buscando cada vez mais envolver o cliente nessa atmosfera de bem estar e entretenimento. As pessoas acabam buscando muito mais do que o exercício em si. A partir do momento em que as academias de ginástica passam a ser administradas como um negócio que envolve capital elevado e necessita de retorno economicamente viável, o movimento é um só: o de incorporação de técnicas e tórias administrativas que vão configurar a gestão e a organização do trabalho nesse espaço de forma racionalizada (Furtado, 2007). Atualmente no mercado fitness, existem grandes estabelecimentos, movidos por equipamentos tecnológicos, mão de obra qualificada, grandes instalações, grandes empresários e atletas envolvidos com os negócios. Porém, como a maior parte das empresas nesse ramo é de pequeno e médio porte, ainda encontram-se estabelecimentos sem a mínima base gerencial. O maior problema na gestão de uma academia é o fato de os proprietários não terem formação em gestão empresarial (Almeris Armiliato, 2007). Mesmo com o desenvolvimento dessa indústria, encontramos empreendimentos sem base administrativa, serviços prestados de forma amadora e sem profissionalismo. Gestão desportiva X planejamento estratégico Atualmente, todas as organizações e entidades vivem em constante mudança com o meio em que se encontram. Em torno dessas inconstâncias, as empresas deparam-se com decisões a serem tomadas: uma concorrência de alto nível, novos entrantes no mercado, consumidores cada vez mais exigentes, novas tendências de consumo no mercado, instabilidade econômica, entre outras mudanças. A verdade é que os cenários estão se modificando constantemente e as organizações têm que se adaptar a essas modificações a fim de garantir sua perpetuidade. Logo, as empresas esportivas têm que entender as mudanças que acontecem em sua indústria e assim se adequarem à nova ordem. Em vista de delinearem seu caminho, as instituições são obrigadas a traçar diretrizes, objetivos e metas. Para isso se torna fundamental planejar. O planejamento estratégico é um documento que pode ser usado pelas organizações esportivas para delinear suas metas e objetivos. Esse planejamento deve ser elaborado de forma a esclarecer a missão e a visão da organização, devem-se analisar as forças e fraquezas, oportunidades e ameaças, visando a um maior entendimento do contexto em que se encontra a organização. Assim são traçados os objetivos gerais e estratégicos, surgindo, pois, um plano operacional. De acordo com Roche (2003 p.19), se há um elemento chave na direção das organizações, ele é, sem dúvida, o planejamento. Baseando-se na literatura consultada, pode-se constatar que apesar da administração como ciência fornecer diversas ferramentas para o gerenciamento de um negócio, essas ferramentas são pouco empregadas nas academias de ginástica. De tal forma que uma academia de ginástica é um negócio, diferindo apenas no segmento e especificidade deste, que seria o ramo de fitness, logo se faz necessário o uso de ferramentas administrativas para a gestão desses estabelecimentos. Constatou-se também que a gestão desses negócios não acompanhou o progresso tecnológico desse segmento, ocasionando certa carência gerencial no setor. Por meio desse fato, atrelado à funcionalidade do planejamento estratégico, estudamos o uso/aplicação dessa ferramenta de gestão em uma academia de ginástica. Será que existe na Empresa X um documento chamado planejamento estratégico? Entretanto, antes de tudo fizemos as seguintes indagações: Será de conhecimento da gerência do estabelecimento o documento formal planejamento estratégico? Seriam os sócios e coordenadores da empresa da Empresa X capacitados para gerir esse negócio? Quais as ferramentas gerenciais esses gestores usam para conduzir o seu negócio? J. L. Lima RIGD, vol.1, n.2, p. 97–110 jul/dez 2011 103 O presente trabalho tentou responder a essas questões. Logo, verificou-se o uso/ aplicação do planejamento estratégico em uma academia de ginástica da Praia da Costa. Através desse trabalho, de outros já existentes e de outros que virão, pretendemos fornecer a visão de fomentar estudos sobre a gestão desportiva, para a cada dia melhorar a administração dos esportes no Brasil e, acima de tudo, no estado do Espírito Santo. Estrutura / Metodologia Metodologia A proposta desta monografia foi de adequar os conhecimentos da administração de empresas para gestão em empresas esportivas – Academias de ginástica – cujas atividades esportivase de lazer possam oportunizar ao profissional de Educação Física, o mercado de gerenciamento esportivo, serviços de ordem de envolvimento esportivo, cognitivo e lúdico, nos quais a linguagem utilizada na empresa seja o atendimento das expectativas e necessidades do cliente. A metodologia utilizada foi a de uma pesquisa qualitativa, descritiva, sob a forma de um estudo de caso de uma academia de ginástica com mais de 15 anos de funcionamento dentro do mercado, na cidade de Vila Velha, E.S. Classificação da pesquisa Esta pesquisa encontra-se na área das Ciências Sociais e, como dito, pode-se caracterizá-la como de ordem qualitativa, descritiva. A pesquisa qualitativa envolve o estudo do uso e a coleta de uma variedade de materiais empíricos – estudo de caso, experiência pessoal, introspecção, história de vida, entrevista, artefatos, textos entre outros (DENZIN ET AL, 2006, p.17). Já a pesquisa descritiva tem como objetivo registrar, observar, ordenar e analisar dados, sem manipulá-los, sem a interferência do investigador. (ALMEIDA, 1996, p.104). Ainda sobre a pesquisa descritiva, pode-se citar como forma de coleta de dados o formulário, o questionário, a entrevista, o teste e a observação. População e amostra A amostra da presente pesquisa constitui-se por meio dos proprietários da Empresa X, os quais são três sócios, sendo um majoritário, com formação em Fisioterapia, um segundo sócio com formação em Educação Física e um terceiro com formação em Administração de Empresas. A academia contava, também, com um coordenador geral com formação em Educação Física e mais um coordenador setorial e um professor com formação nessa mesma área. Técnicas de coleta de dados Para a coleta de dados foi usado um questionário escrito, o qual foi respondido pelos respectivos gestores, o coordenador geral e o setorial e pelo professor. Esse questionário foi elaborado pelo autor da pesquisa e revisado pelo seu respectivo orientador. Todo o procedimento de aplicação da entrevista foi ensaiado e revisado pelo orientador da pesquisa. O questionário foi aplicado sob forma de uma conversa informal e aos poucos as perguntas eram realizadas aos entrevistados, de forma que eles não percebessem as mesmas. Descrição e análise dos resultados Segue na tabela 1 a descrição das entrevista para os proprietários e coordenador. Na tabela 2 segue o questionário aplicado ao professor e coordenador setorial. J. L. Lima RIGD, vol.1, n.2, p. 97–110 jul/dez 2011 104 Descrição das entrevistas Histórico do entrevistado 1- Formação do entrevistado; 2- Experiência do entrevistado na área de atuação; 3- História na empresa Planejamento estratégico 4- Você tem conhecimento do que seja um planejamento estratégico? Posicionamento 5- Qual o posicionamento da empresa no mercado? 6- As ações da empresa estão de acordo com o seu posicionamento no mercado? Tomada de decisão 7- A empresa tem objetivos e metas descritos de forma clara para os próximos anos? 8- Comente a respeito do processo de tomada de decisão que envolve objetivos a médio e longo prazo. Participação dos colaboradores 9- A equipe de colaboradores compartilha dos objetivos e metas gerenciais? Tabela 1 – Roteiro para os sócios e coordenador geral. Histórico do entrevistado 1- Formação do entrevistado; 2- Experiência do entrevistado na área de atuação; 3- História na empresa. Planejamento estratégico 4- Você tem conhecimento do que seja um planejamento estratégico? Posicionamento 5- Qual o posicionamento da empresa no mercado? 6- As ações da empresa estão de acordo com o seu posicionamento no mercado? Participação dos colaboradores 7- A equipe de colaboradores compartilha dos objetivos e metas gerenciais a médio e longo prazo? 8- Existe na empresa uma participação dos colaboradores na tomada de decisão? Tabela 2 – Roteiro para o coordenador setorial e professor. J. L. Lima RIGD, vol.1, n.2, p. 97–110 jul/dez 2011 105 Perfil dos entrevistados Entrevistad o Cargo Formação e ano de conclusão Pós-graduação e ano de conclusão Experiência profissional 1 Coordenador Geral Educação Física 2002 Fisiologia do exercício e treinamento desportivo 2003 Professor de Musculação 2 Sócio-minoritário Educação física 2003 Fisiologia do exercício 2008 Professor de musculação 3 Sócio-minoritário Administração de empresas 2007 Não possui Funcionário aposentado da Vale do Rio Doce, na área de supervisão. 4 Sócio-majoritário Fisioterapia 2002 Traumato- ortopedia Coordenação de equipe para atendimento em fisioterapia. Atendimento em fisioterapia. 5 Professor De musculação Educação Física 2007 Fisiologia e Cinesiologia da atividade física e saúde 2009 Professor de Musculação 6 1. Professor se spinning 2. Coordenador do spinning Educação Física 2004 1.Condicionamen to físico 2. Fisiologia do exercício Avaliação física, musculação e spinning. Tabela 3 – Perfil dos entrevistados. Análise dos resultados Quanto à formação Nas entrevistas realizadas, pode-se constatar que os entrevistados possuem variadas formações. O coordenador da academia é formado em Educação Física,. Um dos sócios tem formação em Fisioterapia, outro em Educação Física e apenas um em Administração de Empresas. Dois professores são formados em Educação Física. Devido à maior parte das formações não serem na área de negócios, pode-se acreditar que a empresa tem uma visão mais técnica do que administrativa. De acordo com Armiliato (2007), citado acima, o maior problema na gestão de uma academia é o fato de os proprietários não terem formação em gestão empresarial. J. L. Lima RIGD, vol.1, n.2, p. 97–110 jul/dez 2011 106 Quanto à experiência na área de atuação Observou-se que os entrevistados possuem experiência na área específica de formação. Com exceção do sócio majoritário, que possuía experiência na coordenação de uma equipe em um hotel e, também, tinha experiência empreendedora quando abriu uma clinica de Fisioterapia. Quanto ao sócio minoritário com formação em Administração, este nunca havia gerenciado um negócio. Sua experiência foi em atividades de supervisão dentro de uma empresa mineradora. Os professores e coordenadores também possuíam apenas a experiência técnica da área de formação. Quanto ao conhecimento sobre o que seria um planejamento estratégico O coordenador da equipe, entrevistado um, afirmou não conhecer tal planejamento estratégico. O sócio graduado em Educação Física, entrevistado dois, ao contrário do entrevistado um, disse que sabia o que seria um planejamento estratégico. Outro sócio minoritário, entrevistado três e o sócio majoritário, entrevistado quatro também afirmaram conhecer tal planejamento. Quanto ao professor do setor de musculação, este afirmou não ter noção do seria esse documento. Já o coordenador do setor de Spinning disse conhecer, porém de forma empírica e como um documento informal. Observa-se, quanto a esse tópico, que os conhecimentos são divergentes e, mesmo com alguns membros da equipe afirmando possuir tal conhecimento, a empresa não dispõe de nenhum planejamento formal. Na verdade, quando se fala em planejamento estratégico, por si só, o nome já denuncia seu significado. Porém esse documento é muito mais complexo do que parece, uma vez que possui vários tópicos, várias etapas a serem cumpridas para sua elaboração, bem como uma análise criteriosa de todo cenário empresarialinterno e externo. Contendo, ainda, uma definição de metas e objetivos, processo para sua implementação e acompanhamento de resultados. Posicionamento de mercado Em outra questão, como a de posicionamento da empresa em relação ao mercado que atua, ficou evidente a dificuldade que todos os entrevistados tiveram para responder. Saber se posicionar é fundamental para traçar uma estratégia competitiva, pois ficará claro para quem e como a empresa vai atuar. De acordo com Kotler, (1991), apud Graham J. Hooley (1996, p. 238), posicionamento torna-se o projeto efetivo da imagem da empresa de forma que os clientes alvo entendam e apreciem a posição da empresa em relação aos seus concorrentes. Já Chiavenato & Sapiro, (2003 p. 186) citam que posicionamento competitivo representa a posição de organização e onde ela se encontra em relação aos concorrentes. O entrevistado três disse que a empresa vende saúde, diferente do entrevistado quatro que citou que a empresa tem seu posicionamento voltado para tradição e qualidade. O entrevistado dois, após algumas inferências que o entrevistador fez sobre o que seria um posicionamento, disse que sua empresa prima por qualidade. O entrevistado cinco, como todos os outros, expressou muita dificuldade em falar de posicionamento, porém declara que a academia se preocupa em gerar o melhor atendimento, mesmo que não consiga com excelência. Quanto ao entrevistado seis, coordenador do setor de Spinning, deixou claro que não sabia responder sobre posicionamento. Logo em seguida, após algumas indagações por parte do entrevistador, citou a localização e tradição como fatores expressivos da empresa. J. L. Lima RIGD, vol.1, n.2, p. 97–110 jul/dez 2011 107 Quanto às ações da empresa estarem de acordo com o seu posicionamento, os entrevistados dois e três concordaram, dizendo que a empresa trabalha no mesmo sentido de seu posicionamento. “Sim, a empresa busca sempre melhorar os equipamentos e material de ginástica”, disse o entrevistado dois. Já o entrevistado quatro ressaltou que seu negócio não segue seu posicionamento por falta de recursos financeiros. O entrevistado seis citou que não existem muitas ações em relação ao seu posicionamento de mercado, pois a empresa sempre atuou com essa localização e quanto à tradição basta a empresa existir para manter a tradição. Segundo a visão do entrevistado cinco, a empresa não se mantém atualizada em relação à tecnologia e se preocupa muito mais com a localização do que com o produto em si. “A empresa também não se preocupa com detalhes, um exemplo disso é o vidro da frente que fica sujo e quando chove entra água pelas frestas. Esse problema é fácil de resolver e até hoje ninguém resolve” afirma o funcionário. Tomada de decisão Quanto a objetivos, eles se caracterizam por ser resultados quantitativos e qualitativos que a organização precisa alcançar em prazo determinado, devendo estar alinhados pelos principais referenciais estratégicos da organização: a filosofia estratégica, a análise ambiental e o estudo de cenários. (FGV Management, 2003 ). Chiavenato & Sapiro (2003 p. 253) citam que [...] objetivos são estabelecidos a partir de anseios e expectativas humanas em relação a uma condição futura ideal. Essa situação deve ser prevista por objetivos definidos que especifiquem o conjunto de meios, cuja a aplicação pelas equipes conduza ao sucesso na consecução dos resultados. Os objetivos legitimam as pretensões da organização, focalizam a atenção em desafios pontuais, ajudam os funcionários na redução de incertezas na tomada de decisão e, também, servem de critério de desempenho, representando um padrão de execução (Chiavenato & Sapiro, 2003, p. 248 e 249). Os gestores da empresa em questão não possuem nenhuma estratégia formal, devidamente descrita e esclarecida. Observou-se que os sócios possuem idéias. De acordo com o entrevistado quatro, a empresa possui um projeto de expansão de uma unidade e o entrevistado dois cita que, para 2011, a empresa quer aumentar o numero de alunos. O entrevistado três argumentou a ideia de uma unidade nova em outro bairro, também citou a possibilidade de obter um imóvel próprio e capacitação profissional, como objetivos da organização. O entrevistado um declarou que, para 2011, a empresa possui um planejamento anual, porém relacionados a eventos promocionais e publicitários. Logo nenhum planejamento a médio e longo prazo serão realizados na organização. Gestão participativa Segundo Senge (2000) citado em FGV Management (2003, p. 184), [...] existem várias atitudes possíveis dos colaboradores, detectáveis em relação há um objetivo. No eixo negativo, tem-se: a obediência relutante, a desobediência, a apatia. No eixo positivo, tem-se: o engajamento, a participação e a obediência genuína. É interessante para a empresa que as atitudes dos colaboradores em relação aos objetivos permaneçam no eixo positivo, pois eles canalizarão todos os esforços para os objetivos. J. L. Lima RIGD, vol.1, n.2, p. 97–110 jul/dez 2011 108 De acordo com o entrevistado dois, os colaboradores não compartilham dos objetivos e metas gerenciais. O entrevistado três afirma que seus funcionários estão cientes dos objetivos gerenciais. O entrevistado quatro cita que não há gestão participativa na empresa. O entrevistado cinco, que é funcionário da empresa, também, afirma que os colaboradores não participam da tomada de decisão e não participam das metas e objetivos em longo prazo. Porém afirma que, após a entrada do novo sócio, que possui formação em Administração, algumas atitudes começaram a mudar. Por exemplo, os funcionários são avisados por escrito quando alguém entra de férias. “Essa comunicação ajuda muito os funcionários”, afirma o entrevistado cinco. De acordo com Roche (2003 p. 27), anteriormente citado, o Planejamento estratégico tem como uma de suas inúmeras funções, envolver e motivar os trabalhadores e colaboradores de uma organização em relação às metas a serem alcançadas pela mesma. Discussão dos resultados Observando o descrito nas entrevistas, nota-se uma divergência de pontos de vista entre os membros da organização, não só entre os sócios, mas também entre os funcionários. Nota-se uma falta de formação gerencial na equipe da gestora da academia, o que podemos relacionar com alguns problemas diários enfrentados pelo estabelecimento. Quando à equipe, tem apenas a formação técnica da área de atuação, corre-se o risco de uma gestão sem visão ampliada do negócio. Essa equipe vai manter o foco sempre na parte técnica, deixando o trabalho sem foco no aspecto gerencial. Destaca-se também, a falta de experiência gerencial, logo o aprendizado vem pela teoria do erro e acerto e o estabelecimento fica marcado pela gestão de “apagar incêndio”, ou seja, resolvendo problemas presentes. Se houvesse algum tipo de planejamento, esses contratempos poderiam ser evitados e a empresa conseguiria focar planos futuros em médio e longo prazo. Outro ponto importante que afeta diretamente o poder de competitividade é a falta de esclarecimento do posicionamento da empresa em relação ao mercado de atuação. Se a entidade não sabe qual é o seu posicionamento, não consegue distinguir com clareza quem são seus concorrentes e nem seu púbico alvo. A falta de um posicionamento dificulta traçar uma estratégia competitiva. A empresa fica sem enfoque. Os colaboradores também sentem esta certa falta de direção e, assim, acabam por trabalhar sem um objetivo corporativo, logo, visando apenas à manutenção dos salários e de seus empregos. Adentrando os méritos da tomada de decisão, se faz necessário que os objetivos e metas organizacionais estejam alinhados entre os sócios, coordenadores, funcionários e até clientes, fornecedores e parceiros. Para traçar objetivosé essencial ser feita toda uma análise de prioridades, de comportamento, projeções de fluxo de caixa e de vendas. Quanto mais conseguir envolver a organização e sua extensão dentro dos objetivos, mais força a empresa terá para alcançá-los. Se os objetivos forem bem esclarecidos e as metas bem definidas, a tomada de decisão se torna mais eficiente, diminuindo a margem de erro e o perigo de falência do negócio. Agora, muito importante para que as coisas dêem certo é o processo ser administrado de forma adequada e, para isso, os colaboradores têm que estar cientes dos objetivos organizacionais, de sua importância dentro das metas e dentro da organização. A gestão participativa facilita a implementação do planejamento estratégico e faz com que o mesmo seja bem executado. Quando o funcionário participa, além de motivado, sua auto-estima aumenta e ele pode ser melhor aproveitado. Desenvolve pelo seu trabalho um sentimento corporativo, se tornando um colaborador mais consciente e produtivo. J. L. Lima RIGD, vol.1, n.2, p. 97–110 jul/dez 2011 109 Conclusão Utilizando as informações adquiridas por meio do referencial teórico explicitado no presente trabalho, pode-se perceber como o planejamento estratégico feito de forma sistemática e sob um documento formal pode contribuir para o direcionamento e alinhamento organizacional. Quando se planeja, ocorre uma previsão do futuro, ou seja uma antecipação de possíveis eventos que poderiam ocorrer afim de atrapalhar ou beneficiar a organização. O planejamento formal, possibilita uma direção a resultados, esclarecendo objetivos e metas, estratégias a serem utilizadas, pontos fortes e fracos, oportunidades e ameaças, além de manter sob o horizonte da empresa os acontecimentos no ambiente externo. Observou-se com a coleta de dados desse estudo de caso, que a academia de ginástica em questão, denominada de Empresa X, não faz uso de práticas de planejamento estratégico. Também ficou explícito a falta de alinhamento organizacional, fator esse que afeta diretamente a tomada de decisão. Pode-se também destacar a falta de esclarecimento com relação ao posicionamento de mercado da empresa X, o uso de uma gestão não participativa e falta de formação específica na área de gestão para academias de ginástica. Sendo assim, mostrou-se que seria muito interessante o uso desse documento formal para reestruturar a prática de gestão da organização. Com certeza, seria um grande passo para a referida empresa, caso viesse a implementar uma gestão mais sistemática e alinhada, com objetivos em médio e em longo prazo, um posicionamento de mercado mais esclarecido e uma gestão mais participativa. Referências Almeida, Martinho Isnard Ribeiro. Giglio, Ernesto Michelangelo. (1998). O planejamento estratégico no ramo imobiliário: Um estudo exploratório. III SEMEAD, São Paulo. Almeida, Maria Lucia Pacheco. (1996). Como elaborar monografia. Belém. Editora Cejup. Andion, Maria Carolina. Fava, Rubens. (2000). Planejamento Estratégico. Coleção gestão empresarial. http://www.fae.edu/publicacoes/colecao_gestao.asp#2. Ansoff, Igor. (2001). A nova estratégia empresarial. São Paulo. 2º edição. Ed. Makron Books. Armiliato, Almeris. (2007). Entrevista Revista Ftiness Business, v. 322, jul/ago, São Paulo. Bertevello, Gilberto. (2006). Academias e ginástica e condicionamento físico – Sinicatos e Associações. In: Da Costa, Lamartine. Atlas o esporte no Brasil. Rio de Janeiro: CONFEF. Campos, Lívia Maria Almendra Lemos Moerbeck. (2006). Abordagem da análise conjunta no processo decisório de aquisição do serviço de academia de ginástica. Dissertação apresentada à escola brasileira de administração pública e de empresas como requisito para obtenção do grau de mestre. Rio de Janeiro. Chiavenato, Idalberto & Sapiro, Arão. (2004). Planejamento Estratégico. Rio de Janeiro. Editora Campus, Elsevier. Corrêa, Silvana Aparecida Martins. Ferreira, Ademir Antonio. (2009). Estratégias competitivas das academias de ginástica de São Paulo. FACEF - pesquisa - v.12 - n.1. David, Menezes Lobato; Filho,Jamil Moysés; Tores, Maria Cândida Sotelino; Rodrigues, Murilo Ramos Alambert. (2009). Estratégia de Empesas. 9° edição. Rio de Janeiro Editora FGV. Denzin, Norman K.; Lincoln S. Yvonna e colaboradores. (2006). O planejamento da pesquisa qualitativa. Teorias e abordagens. 2° edição. Porto Alegre Artmed/Bookman. Filho, Paulo de Vasconcellos. (1978). Afinal, o que é planejamento estratégico? Revista de administração de empresas. Rio de Janeiro. 18(2): 7-14. abr/jun. Furtado, Roberto Pereira. (2009). Do fitness ao wellness: os três estágios o desenvolvimento das academias de ginástica. Revista Pensar a prática, 12/1: 1-11, jan./abr. Hooley, Graham J.; Saunders, John. (1996). Posicionamento Competitivo. São Paulo Editora Makron Books. Kotler, Philip; Armostrong, Gray. (1998). Princípios de marketing. 7ª edição. Rio de Janeiro, PHB. http://www.fae.edu/publicacoes/colecao_gestao.asp#2 J. L. Lima RIGD, vol.1, n.2, p. 97–110 jul/dez 2011 110 Minzberg, H. et al. (2000). Safári de estratégias: um roteiro pela selva do planejamento estratégico. Porto Alegre: Bookman. Pereira, Maurício Hernandes; Agapto, Fabiana. (2007). Afinal, como se formam as estratégias? FACES R. Adm. Belo Horizonte v6, n3, p.56-68, set/dez. Pinheiro, Ivan Antônio; Pinheiro, Rodrigo Reszka. (2006). Organização científica do trabalho reinventa um mercado tradicional: o caso do fitness. RAE- eletrônica - v. 5, n. 2, Art. 15, jul./dez. Roche, Fernando Paris. (2002). Gestão desportiva. O planejamento estratégico nas organizações desportivas. Artimed Editora, Porto alegre. Roth, Cláudio Weissheimer. (2007). A competitividade das academias de ginástica e musculação de Santa Maria – RS. Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado do Programa de Pós- Graduação em Administração, Área de Concentração em Estratégia e Competitividade, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), Santa Maria, RS, Brasil. Seitz, Helgo Max. (2005). O planejamento estratégico de marketing e o plano de negócios. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. eGesta - Revista Eletrônica de Gestão de Negócios v. 1, n. 3, out.-dez., p.91-126. Silva, Gleison Macedo Da; Borges, Renata Ferreira; Moraes, João Paulo Marques. A importância do planejamento estratégico para pequenas empresas. Revista de administração da UniEVANGÉLICA, ano IV, nº 4. Souza, Wendel; Quararini, Eduardo. (2007). O planejamento estratégico nas micro e pequenas empresas. III workshop de gestão integrada: riscos e desafios. São Paulo, 25 e 26 de maio de 2007. Tassinari, Lorenzo. (2007). Gestão Esportiva: uma abordagem sobre a disposição e a contextualização das organizações esportivas. Porto Alegre. Recebido em: 20 de setembro de 2011 Aceito em: 1 de novembro de 2011 Endereço para correspondência: Faculdade de Desporto da Universidade do Porto Rua Dr. Plácido Costa, 91 - 4200.450 Porto PORTUGAL Telefone: +351 225 074 70 Fax: +351 225 500 689 Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons Attribution 3.0 http://creativecommons.org/licenses/by/3.0/
Compartilhar