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APRESENTAÇÃO: 
Esta é uma apostila feita unicamente por mim e distribuída gratuitamente 
para colaborar com os (assim como eu) estudantes de Direito nos estudos e no 
processo de aprovação do tão sonhado concurso público. O foco da apostila são os 
concursos públicos para ingresso nos cargos de juiz de direito e promotor de justiça. 
As apostilas utilizaram como base o curso do G7 Jurídico (Ministério 
Público e Magistratura) do ano de 2.020 e podem vir a sofrer atualizações para se 
adequar à legislação superveniente. Não houve cópia de nenhum material fornecido 
pelo referido curso, razão pela qual não há violação de nenhum direito autoral. 
As notas de rodapé muitas vezes trazem comentários feitos 
exclusivamente pelo autor da presente apostila como forma de chamar atenção para 
alguns pontos de reflexão. 
Caso este material tenha sido útil no tão difícil e custoso processo de 
preparação cobrarei como retribuição o relato sobre o seu êxito no tão sonhado 
concurso. A melhor forma de “me pagar” é com a sua aprovação. 
Qualquer sugestão buscando o aprimoramento deste material será muito 
bem-vinda: e sinta-se à vontade para encaminhar por e-mail. Sucesso na empreitada e 
bons estudos. Aguardo o convite para o churrasco da posse. Como diria o saudoso e 
inspirador mestre Luiz Flávio Gomes: AVANTE! 
Atenciosamente, 
DANILO MENESES. 
 
 
 
Acompanhe o meu trabalho nas redes sociais: 
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 3 
 
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PRINCÍPIOS1 DO DIREITO PENAL 
 Introdução: 
- princípio: dá a ideia de começo (inauguração de algo) – são valores fundamentais que 
inspiram a criação e a aplicação do Direito Penal; 
- criação -> tem o legislador como destinatário; 
- aplicação -> tem o operador do Direito como destinatário; 
- finalidade básica dos princípios: limitar o poder punitivo do estado (seja na via da 
proibição do excesso, seja na via da proibição da proteção deficiente); 
- alguns princípios estão previstos expressamente na norma jurídica (ex.: princípio da 
legalidade) enquanto outros são decorrências da interpretação sistemática deste ramo 
do Direito (ex.: princípio da insignificância); 
 
 Princípio da reserva legal ou da estrita legalidade: 
- o nome “estrita legalidade” é mais técnico do que o nome genérico “legalidade”; 
- origem: nullum crime nulla poena sine lege; 
- o princípio tem origem remota na Inglaterra em 1.215 com a Magna Carta 
do rei João Sem Terra; 
- previsão legal: o princípio está previsto expressamente no artigo 1º do Código Penal 
Brasileiro e também no inciso XXXIX do artigo 5º da CRFB/882; 
- fundamentos: 
- fundamento jurídico -> taxatividade, certeza ou determinação da lei 
penal. A lei deve descrever com precisão o conteúdo mínimo da conduta 
proibida3; 
- está proibida a analogia in malam partem porque seria uma 
ofensa direta ao princípio da legalidade na vertente da 
taxatividade/defesa; 
- o STF (ADO 26) criminalizou a homofobia e transfobia 
adotando a técnica da interpretação conforme a Constituição: 
neste caso houve criação de conteúdo de tipo penal por via 
distinta da popularmente legitimada (lei em sentido estrito) – 
embora possa ser defendido o acerto em aplicar as disposições 
da Lei 7.716/89 nos casos de homofobia e transfobia (do ponto 
de vista da justiça), a decisão parece ter desconsiderado o 
 
1 Serão tratados os princípios gerais. No estudo de cada temática serão abordados os princípios 
específicos. 
2 O princípio da reserva legal é uma cláusula pétrea e pertence ao núcleo imutável da Constituição. 
3 Somente assim a função preventiva da pena faz algum sentido: é impossível tentar atuar na sociedade 
mudando um agir social por meio de uma norma imperativa que não passa uma mensagem linguística 
clara do núcleo da proibição. 
 4 
 
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princípio da legalidade e a proibição da analogia in malam 
partem4; 
- fundamento político -> a proteção do ser humano contra o arbítrio 
estatal. Neste ponto o princípio da legalidade é um princípio fundamental 
de primeira dimensão; 
- Franz Von Liszt já dizia que o Código Penal era a “Magna Carta 
do delinquente” – esta ideia traz a premissa de que a função 
primária do Código Penal é limitar a atividade punitiva do poder 
estatal; 
- fundamento democrático ou popular -> a lei é elaborada pelo Poder 
Legislativo que é representante legitimamente escolhido pelo povo – traz a 
ideia do povo (de forma mediata) definindo os crimes e cominando as 
penas; 
- STF: o Ministro Celso de Melo utilizou a nomenclatura 
“dimensão democrática do princípio da reserva legal” para se 
referir ao fenômeno; 
-> princípio da reserva legal VS medidas provisórias: é interessante analisar se há 
espaço no Direito Penal para incidência das regras trazidas por medidas provisórias: 
- para criar penas -> NÃO; 
- para criar crimes -> NÃO; 
- para prejudicar o réu -> NÃO; 
- para beneficiar o réu: há divergência; 
- 1ª posição: a doutrina clássica e o STF tem se posicionado 
sobre a possibilidade de medida provisória beneficiando o réu5; 
- 2ª posição: não cabe utilizar medida provisória em Direito 
Penal – de nenhuma forma. A CRFB/88 traz no artigo 62, §1º a 
vedação de medidas provisórias sobre matéria relativa a direito 
penal (nesse sentido: Cleber Masson); 
-> princípio da reserva legal6 VS princípio da legalidade: segundo alguns autores 
“reserva legal” refere-se unicamente à estrita legalidade, não sendo coincidente os 
dois princípios – há no entanto doutrinadores que entendem que os princípios são 
iguais; 
 
4 Particularmente sou severo crítico da postura adotada pelo STF neste julgamento – entendo ter havido 
uma flagrante ultrapassagem da linha limitadora da atividade jurisdicional. Sobre os perigos e a postura 
antidemocrática de criação de tipos penais pela via jurisdicional: ESQUIZOFRENIA PENAL E ATIVISMO 
PUNITIVO. 
5 Exemplo: prorrogação do prazo de atipicidade temporária no que tange aos tipos penais de posse de 
arma de fogo. 
6 Princípio da reserva legal = legalidade em sentido estrido. 
https://danilomeneses.com.br/blog/2020/02/esquizofrenia-penal-e-ativismo-punitivo/
https://danilomeneses.com.br/blog/2020/02/esquizofrenia-penal-e-ativismo-punitivo/
 5 
 
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- fundamento da diferença entre os princípios: o princípio da reserva legal7 
está no artigo 5º, inciso XXXIX da CRFB/88 e o princípio da legalidade8 está 
previsto no artigo 5º, inciso II da CRFB/88 – se os princípios fossem 
idênticos não haveria dupla previsão no mesmo artigo da Constituição; 
-> os mandados de criminalização e suas espécies9: referem-se aos mandados 
constitucionais de criminalização – determinação ou ordem emitida pela Constituição 
Federal ao legislador ordinário para criminalização de determinados comportamentos; 
- espécies de mandados de criminalização: 
- expressos ou explícitos: o legislador constituinte 
expressamente manda o legislador ordinário punir uma 
conduta (ex.: artigo 225, §3º da CRFB/88 -> determinação para 
punição de crimes ambientais10); 
- tácitos ou implícitos: a ordem não está prevista 
expressamente no texto constitucional, mas decorredo 
conjunto da Constituição após a realização de uma 
interpretação sistemática (ex.: punição da corrupção pública); 
 
 Princípio da anterioridade: 
- tal princípio caminha de “mãos dadas” com o princípio da reserva legal – é um 
reforço a este princípio; 
- previsão legal: o princípio está previsto expressamente no artigo 1º do Código Penal 
Brasileiro e também no inciso XXXIX do artigo 5º da CRFB/88; 
- conceito: a lei penal deve ser anterior (prévia) ao fato cuja punição se pretende11; 
- decorrência automática: proibição da retroatividade; 
- a lei penal não retroage, salvo para beneficiar o réu (esta última exceção 
está prevista constitucionalmente – retroatividade benigna); 
- regra: tempus regit actum -> aplica-se a lei que estava em vigor na data 
em que o fato foi praticado; 
- princípio da anterioridade VS vacatio legis: 
 
7 Exige lei em sentido estrito (no sentido formal e material), criada pelo único órgão capaz de criar 
legitimamente a lei em função do poder concedido pelo povo: Poder Legislativo. Lei no sentido formal é 
aquela que foi criada respeitando o processo legislativo previsto na Constituição Federal. Lei em sentido 
material é aquela que trata sobre o conteúdo constitucionalmente reservado à lei (exemplo: lei 
ordinária cria crimes). 
8 Exige apenas uma lei em sentido amplo. 
9 Tema já cobrado na segunda fase do concurso para ingresso no cargo de promotor de justiça do 
MPGO. 
10 Mandado de criminalização atendido pela Lei 9.605/98 (Lei dos Crimes Ambientais). 
11 Há uma lógica fundante do princípio: apenas é possível, do ponto de vista sociológico, criar um 
incentivo para abstenção de uma conduta (por meio da lei punitiva e ameaça de pena) dando 
publicidade a um comando normativo. Logicamente, somente após tal atividade o destinatário da 
norma tem condições de se adequar a ela – e pode ser legitimamente punidos em caso de transgressão 
ao comando normativo. 
 6 
 
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- surge um questionamento sobre a aplicação da lei penal para fatos 
praticados durante o período de vacância da lei12: 
- não há crime quando o fato é praticado durante o prazo de 
vacância da lei; 
 
 Princípio da alteridade: 
- é uma criação de Claus Roxin para o Direito Penal moderno; 
- segundo tal princípio ninguém comete crime quando causa um mal apenas a si 
próprio – é necessária a transcendência do mal, a conduta deve ir além da pessoa do 
agente; 
- nenhuma lei criminal deve ser usada para obrigar as pessoas a atuar em próprio 
benefício (Stuart Mill) – o Direito Penal não deve ser um vetor da moral ou do 
crescimento pessoal; 
- crime = ato que atinge terceiros; 
- consequências da adoção do princípio da alteridade: 
- autolesão: não é crime no Brasil em função da adoção do princípio da 
alteridade; 
- uso pretérito de droga: não é crime no Brasil em função da adoção do 
princípio da alteridade (o bem jurídico tutelado pelo crime é a saúde 
pública – e somente é lesionado enquanto a droga existe); 
 
 Princípio da lesividade ou da ofensividade: 
- só há crime quando a conduta é capaz de causar dano ou perigo a bem jurídico 
penalmente tutelado; 
 
 Princípio da exclusiva proteção de bens jurídicos13: 
- relacionado ao princípio anterior (lesividade/ofensividade), tal princípio afirma que o 
Direito Penal não deve se ocupar de opções éticas, políticas, morais ou filosóficas; 
- bem jurídico: valor ou interesse relevante para manutenção e desenvolvimento do 
indivíduo e da sociedade; 
- o universo dos bens jurídicos é mais amplo que o universo dos bens jurídicos 
penalmente tutelados; 
- a Constituição serve de importante vetor e parâmetro para definir os bens jurídicos 
de tamanha importância que precisam da tutela do Direito Penal; 
 
12 A discussão tem um ponto central: a aplicação do princípio da anterioridade depende da vigência de 
uma lei ou apenas de sua existência? 
13 O papel do Direito Penal é proteger bens jurídicos (nesse sentido: Claus Roxin + Luiz Régis Prado). 
 7 
 
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- teoria constitucional do Direito Penal ou teoria constitucionalista do Direito Penal: 
segundo tal teoria a criação de crimes e a cominação de penas apenas se legitimam se 
guardar compatibilidade com valores consagrados na Constituição Federal – deve 
haver uma legitimação constitucional da atividade legislativa em matéria penal; 
- espiritualização de bens jurídicos na dogmática penal: a temática é trazida por Claus 
Roxin e também é chamada de liquefação ou desmaterialização de bens jurídicos e 
significa que na origem do Direito Penal tal ramo preocupava-se unicamente com os 
crimes de dano envolvendo bens jurídicos individuais. Com o passar dos tempos o 
Direito Penal foi evoluindo e a proteção nestes moldes passou a ser insuficiente, 
passando a serem incriminadas condutas que se tratam de crimes de perigo contra 
bens jurídicos metaindividuais. A espiritualização de bens jurídicos no Direito Penal 
refere-se a este processo de antecipação de tutela penal; 
- início do Direito Penal -> punição -> dano contra bens jurídicos 
individuais; 
- avanço do Direito Penal -> punição -> perigo14 contra bens jurídicos 
metaindividuais; 
Segundo o STF “a criação de crime de perigo abstrato não representa, por 
si só, comportamento inconstitucional por parte do legislador penal”. 
Portanto “pode o legislador” definir “quais as medidas mais adequadas e 
necessárias para a efetiva proteção de determinado bem jurídico, o que lhe 
permite escolher espécies de tipificação próprias de um direito penal 
preventivo” (STF, HC 102.087). 
 
 Princípio da proporcionalidade: 
- na Alemanha o nome utilizado é proporcionalidade; 
- no Brasil normalmente a razoabilidade (influência do direito italiano) é tratada como 
sinônimo de proporcionalidade; 
- o princípio também é chamado de “princípio da convivência das liberdades públicas” 
(EUA); 
- dupla face do princípio da proporcionalidade: 
 
14 Crime de perigo: exige apenas a exposição do bem jurídico protegido à possibilidade de dano. O 
perigo pode ser abstrato ou concreto – a depender da técnica legislativa adotada. 
 8 
 
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- proibição do excesso: não se pode punir mais do que o necessário para 
proteção do bem jurídico – correlação entre o bem jurídico protegido e a 
proibição que busca protegê-lo; 
- garantia do acusado  garantismo negativo; 
- proibição da proteção deficiente: não se pode permitir uma punição 
muito tímida para o bem jurídico a ser protegido porque tal previsão 
incentivaria a prática de condutas ofensivas ao bem jurídico que em tese se 
busca proteger15; 
- direito da sociedade  garantismo positivo; 
- garantismo integral = observa os dois aspectos do garantismo; 
- garantismo monocular = olha apenas para um dos lados da relação 
jurídica; 
- garantismo monocular hiperbólico = um garantismo que apenas olha um 
lado da relação jurídica de forma totalmente radical, desconsiderando 
radicalmente o outro (pode gerar um direito penal autoritário ou um 
direito penal laxista); 
- espécies de proporcionalidade: 
- proporcionalidade legislativa ou abstrata: destinada ao legislador no 
momento da criação do crime e cominação da pena; 
- proporcionalidade judicial ou concreta: efetuada pelo magistrado no 
momento da aplicaçãoda pena; 
- proporcionalidade executória ou administrativa: efetuada pelo estado 
no momento do cumprimento da pena; 
 
 Princípio da confiança16: 
- o princípio tem origem no Direito Penal Espanhol – surge em um primeiro momento 
nos crimes de trânsito e posteriormente é ampliado para os crimes em geral; 
- ideia central: aquele que respeita as regras e atende aos comandos 
regulamentares acredita/confia que os demais também obedecerão às 
determinações (e age de acordo com tal crença); 
 
 Princípio da responsabilidade pelo fato: 
- Direito Penal do fato VS Direito Penal do autor: o primeiro se preocupa com o fato 
praticado pelo agente para caracterizar o crime, pouco importando as condições do 
agente (para tal fim – caracterização do crime) enquanto o segundo rotula e etiqueta 
determinadas pessoas, classificando-as como criminosas em função de uma condição 
pessoal; 
 
15 Sobre o tema ver: Garantismo Penal Integral – Douglas Fischer e Bruno Calabrich. 
16 O princípio guarda correlação com os critérios normativos criados para a imputação objetiva do 
resultado ao autor. 
 9 
 
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- exemplo de Direito Penal do autor: direito penal nazista + direito penal 
do inimigo; 
- o direito penal contemporâneo deve se pautar pelas ideias do direito penal do fato = 
focando sua atenção na conduta criminosa para caracterização do crime; 
- reincidência VS direito penal do autor: a reincidência é uma agravante genérica a 
incidir na segunda fase de aplicação da pena; 
Segundo o STF a reincidência é motivadora de uma punição mais grave 
porque depois de praticar um crime o autor ainda optou por novamente 
praticar outro ato criminoso, revelando uma insuficiência da pena aplicada 
anteriormente – em razão de tal fato a reincidência é, segundo a Corte, a 
manifestação do direito penal do fato. 
STF = aplicação da agravante da reincidência = constitucional; 
 
 Princípio da intervenção mínima ou princípio da necessidade: 
- tal princípio faz surgir o “direito penal mínimo”: é quase uma unanimidade que o 
Direito Penal deve ser reservado aos casos estritamente necessários, surgindo apenas 
dúvida na definição do conteúdo daquilo que deve ser “mínimo” – variando de acordo 
com a ideologia adotada; 
- origem: surge na França em 1789 com a Declaração Universal do Direito dos Homens 
e do Cidadão que prevê no artigo 8º que “a lei só deve prever as penas estritamente 
necessárias”; 
- conceito: o Direito Penal só deve ser utilizado quando for realmente necessário para 
a proteção de bens jurídicos – somente nas ocasiões em que o bem jurídico não puder 
ser tutelado por outros ramos do Direito; 
- destinatários: legislador + operador do Direito; 
- legislador -> plano abstrato -> criação da conduta criminosa e cominação 
de pena; 
- operador do Direito -> plano concreto -> aplicação da regra jurídica; 
- finalidade: reforço e complemento ao princípio da reserva legal – tal princípio busca 
fazer que a lei venha a prever a conduta criminosa proibida e também que esta 
conduta seja criada apenas em casos excepcionais, quando os demais ramos do Direito 
forem incapazes de trazer a paz social buscada. A associação dos princípios cria um 
filtro forte contra a punição desarrazoada: 
 10 
 
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- divisões/ramificações do princípio da intervenção mínima: fragmentariedade VS 
subsidiariedade; 
- fragmentariedade: o Direito Penal é a última etapa, última fase, último 
grau de proteção do bem jurídico – o fato somente pode ser tipificado 
quando os demais ramos do Direito não foram suficientes para proteção do 
bem jurídico. O princípio tem como destinatário o legislador (plano 
abstrato)17; 
 fragmentariedade  legislador  plano abstrato 
 
- subsidiariedade: o Direito Penal deve entrar “em jogo” apenas quando 
for estritamente necessário, sendo a ultima ratio devido à gravidade de 
suas consequências. O Direito Penal deve funcionar como soldado de 
reserva. O princípio tem como destinatário o operador do Direito (plano 
concreto); 
 subsidiariedade  operador  plano concreto 
 
 Princípio da insignificância (ou da criminalidade de bagatela)18: 
- origem: o princípio da insignificância surge inicialmente no Direito Romano com o 
braço “de minimus non curat praetor”, buscando traduzir a ideia de que os tribunais 
não devem cuidar de questões de pouca importância; 
- nesta época o princípio estava restrito ao direito privado; 
- incorporação ao Direito Penal: na década de 1.970 (cerca de cinquenta anos atrás) tal 
princípio surge com as ideias do alemão Claus Roxin buscando sustentar o 
 
17 Fragmentariedade às avessas: se manifesta no momento da decisão por revogar uma conduta 
criminosa (abolitio criminis). 
18 É um tema muito cobrado em concursos públicos. 
 11 
 
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funcionalismo penal como sistema penal – nessa nova linha de pensamento o autor 
alemão traz o princípio da insignificância; 
- segundo Roxin o Direito Penal não deve se ocupar de condutas 
insignificantes – condutas incapazes de lesar ou colocar em risco de lesão 
bens jurídicos protegidos pela norma penal; 
- finalidade: mais do que um princípio, a insignificância é uma medida de política 
criminal19 que busca promover uma interpretação restritiva da lei penal – ele reduz o 
campo de alcance da norma penal e limita o poder punitivo do estado; 
- natureza jurídica20: causa supralegal de exclusão da tipicidade – é uma causa não 
prevista expressamente em lei que exclui o primeiro substrato do crime (fato atípico 
por exclusão da tipicidade); 
- tipicidade penal = tipicidade formal + tipicidade material - 
- tipicidade formal: mero juízo de adequação entre o fato e a norma – o 
fato praticado na vida real se ajusta ao modelo de crime descrito na lei 
penal; 
- tipicidade material21: lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico protegido 
pela norma penal; 
Exemplo: o furto de uma tampa de caneta representa uma conduta que 
possui tipicidade formal, mas não possui tipicidade material em função da 
insignificância da lesão causada ao bem jurídico protegido pela norma 
(patrimônio); 
- requisitos da aplicação do princípio da insignificância22: 
- requisitos objetivos: dizem respeito ao fato praticado; 
- requisitos subjetivos: dizem respeito ao agente e vítima do fato 
praticado; 
Requisitos Objetivos23 Requisitos Subjetivos 
- mínima ofensividade da conduta; - condições pessoais do agente: 
a) reincidente -> há uma polêmica 
tanto no STF quanto no STJ, 
prevalecendo no STF a orientação 
- ausência de periculosidade social 
da ação ; 
 
19 A política criminal age como um filtro entre a letra da lei e os anseios da sociedade. 
20 Natureza jurídica = o grupo, a categoria ou classe a que pertence determinado instituto do Direito. 
21 Também chamada de tipicidade substancial. 
22 Vale lembrar que o HC 84.412 foi o leading case no Brasil da aplicação do princípio da insignificância 
pelo STF, ocasião na qual o Ministro Celso de Melo criou os quatros requisitos objetivos clássicos 
adotados pela jurisprudência para aplicação do princípio. 
23 Os requisitos são parecidos e confusos – um parece invadir o campo do outro. Particularmente vejo 
com ressalva tais requisitos. O próprio professor deixou bem claro a dificuldade de conseguirdiferenciar 
os quatros requisitos objetivos da aplicação do princípio da insignificância – os requisitos parecem mais 
um jogo semântico de reforço a uma ideia central do que a delimitação dos limites da aplicação do 
princípio em si. 
 12 
 
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de não aplicação do princípio ao 
reincidente24 - já no STJ prevalece 
que o princípio da insignificância é 
aplicável ao reincidente25; 
b) criminoso habitual: é aquele 
que faz da prática de crimes o seu 
meio de vida26 -> não se aplica o 
princípio da insignificância; 
c) militares -> a jurisprudência 
dominante do STF é de que não se 
aplica o princípio da insignificância 
aos crimes praticados por 
militares27; 
 
- reduzido grau de reprovabilidade 
do comportamento; 
- condições da vítima: 
a) extensão do dano -> deve ser 
analisado o dano que a conduta é 
capaz de causar a vitima no plano 
concreto; 
b) valor sentimental do bem -> o 
direito também deve olhar para o 
valor afetivo que a vítima tem em 
relação ao bem objeto da conduta 
do autor; 
 tanto a extensão do dano para a 
vítima quanto o valor sentimental 
do bem podem inibir a aplicação 
do princípio da insignificância; 
- inexpressividade da lesão jurídica 
provocada; 
Observações: muito mais do que 
um princípio, a insignificância é 
uma medida de política criminal – 
os requisitos são parecidos entre si 
Observações: o pacote anticrime 
criou na lei (artigo 28-A do CPP) o 
acordo de não persecução penal – 
tal acordo não é aplicável se o 
 
24 Apesar de prevalecer tal orientação no STF, o tema é muito controverso. O STF às vezes aplica tal 
princípio ao reincidente genérico. 
25 O tema também é controverso no STJ, prevalecendo a possibilidade de aplicação do princípio no caso 
de autor reincidente. O STJ parte do princípio de que a reincidência é uma agravante genérica a incidir 
na segunda fase da aplicação da pena – incapaz de tornar típico um fato que é atípico. Um fato atípico, 
nesta lógica, é atípico tanto para o primário quanto para o reincidente. 
26 Como delegado de polícia, em uma madrugada bem cansativa lavrando um auto de prisão em 
flagrante, ao fazer o interrogatório de um conduzido, questionei ele sobre sua profissão e ele de pronto 
me respondeu: “ladrão”! Só faltou dizer que tinha “carteira assinada”... 
27 Segundo o STF a regra é dirigida aos “crimes praticados por militares” – não apenas aos crimes 
militares. Isto porque um dos pilares do próprio militarismo é a hierarquia e disciplina, transmitindo a 
sensação de segurança para a sociedade. A mesma regra deve ser aplicada a vários funcionários 
públicos. 
 13 
 
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e muito abertos para permitir certa 
flexibilidade ao aplicador do Direito 
no caso concreto. 
investigado for reincidente ou sua 
conduta criminosa for habitual, 
reiterada ou profissional, “exceto 
se insignificantes as infrações 
penais pretéritas”;28 
- aplicabilidade do princípio da insignificância: tal princípio é aplicável a todos os 
crimes que com ele seja compatível, sendo incorreta a visão de que ele seria aplicável 
apenas nos crimes patrimoniais29; 
- regra geral  não há um valor exato a pautar a aplicação do princípio da 
insignificância, devendo ser analisados os requisitos objetivos e subjetivos 
previstos na tabela acima; 
- exceções  em alguns casos não se aplica tal princípio, podendo citar 
como exemplos: 
- crimes contra a vida; 
- crimes contra a dignidade sexual; 
- crimes praticados com violência e grave ameaça à pessoa; 
- valoração pela autoridade policial: 
- o entendimento do STJ é de que o princípio da insignificância somente 
pode ser aplicado pelo Poder Judiciário (nesse sentido: STJ, HC 154.949)  
há reserva de jurisdição na aplicação do princípio30; 
- há também o entendimento de que o delegado de polícia tem poder para 
aplicação do princípio da insignificância  posição mais técnica, visto que 
o fato é atípico (não há crime); 
 
 Princípio da Insignificância Imprópria ou Bagatela Imprópria: 
- assim como o princípio da insignificância, o princípio da bagatela imprópria não tem 
previsão legal – sendo uma criação doutrinária oriunda da doutrina alemã; 
- o princípio foi criado por Claus Roxin, funcionando como uma causa 
supralegal de extinção da punibilidade – o juiz decreta a extinção da 
 
28 Esta norma – de péssima redação legislativa – traz a regra de que “infrações penais pretéritas 
insignificantes” (fatos atípicos anteriormente cometidos) não inibem a celebração de acordo de não 
persecução penal. 
29 Em tese – abstratamente falando – defendo que qualquer conduta pode causar um dano ou perigo de 
dano insignificante ao bem jurídico tutelado pela norma penal. Sempre critiquei a fala genérica de que 
“não cabe insignificância em crimes contra a administração pública”. O que defendo é que o caso 
concreto pode afastar a aplicação – justamente porque a conduta tem significado jurídico ao Direito 
Penal. Apesar das falas genéricas neste sentido, ninguém cogita condenar alguém por peculato por ter 
subtraído um grampo usado na repartição pública em que trabalha... 
30 Ao realizar concursos para ingresso na carreira do Ministério Público e do Poder Judiciário 
recomenda-se a adoção da posição – que parece um tanto estranha, visto que o próprio STJ reconhece 
que o fato é atípico (não seria abuso de autoridade por parte do delegado de polícia prender alguém em 
flagrante por fato cuja tipicidade material inexiste?). Particularmente, sempre apliquei o citado princípio 
na prática e considero um despropósito não fazê-lo. 
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punibilidade tendo em vista a situação concreta que demonstra a 
desnecessidade da pena naquele caso concreto; 
- diferença entre o princípio da insignificância e o princípio da insignificância imprópria: 
Insignificância Própria Insignificância Imprópria 
- fato atípico; - fato típico e ilícito; 
- exclui a tipicidade; - o agente é culpável; 
- não se instaura a persecução penal; - instaura-se uma ação penal; 
 - falta necessidade da pena  ao final da 
ação penal conclui-se que a pena é 
desnecessária31; 
 
 Princípio da proibição do bis in idem: 
- ideia central: não se admite a dupla punição pelo mesmo fato – o Direito Penal não 
pode punir duas vezes o agente na ocasião que ele praticou um único fato; 
- Artigo 8º, item 4 do Pacto de São José da Costa Rica32: o acusado 
absolvido por sentença transitada em julgado não poderá ser submetido a 
novo processo pelos mesmos fatos; 
- Súmula 241 do STJ: a reincidência penal não pode ser considerada como 
circunstância agravante e, simultaneamente, como circunstância judicial; 
 
EVOLUÇÃO DOUTRINÁRIA DO DIREITO PENAL 
 Funcionalismo Penal33: 
- introdução: trata-se de um movimento doutrinário surgido na Alemanha na década 
de 1.970 e rapidamente se espalha pelo mundo todo; 
- objeto: discutir qual é a função34 do Direito Penal – qual o papel do Direito Penal na 
sociedade em que ele se insere?35 
 
31 Desnecessidade oriunda de critérios de política criminal. Exemplo: autor primário pratica furto 
simples e é denunciado, havendo audiência de instrução e julgamento apenas quatro anos depois de 
recebida a denúncia. Na audiência observa-se que o dano foi reparado e que o réu não cometeu 
nenhum crime neste intervalode tempo. Neste caso a pena mostra-se totalmente desnecessária – ela 
seria, inclusive, socialmente disfuncional. 
32 Decreto 678/1992. 
33 Alguns autores chamam o funcionalismo penal de pós-finalismo. 
34 Função, no funcionalismo penal, é visto como o objetivo, o fim que se busca com o sistema penal. Na 
sociologia tal ideia é representada pelo termo missão. Isto porque a sociologia trabalha com uma ideia 
distinta de função – para esta ciência função não é um objetivo, mas se refere aos efeitos reais 
produzidos (conceito de matriz ontológico-empírica). O que a sociologia chama de missão os penalistas 
optaram por chamar de função manifesta. Assim creio mais acertado entender que o funcionalismo 
penal cria um eixo central ao direito penal ao redor do qual orbitará os demais elementos de tal ramo 
do direito: tal eixo é sua função manifesta/declarada. 
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- características fundamentais: 
- trabalha com a ideia de proteção de bens jurídicos36; 
- há flexibilidade na aplicação da norma penal – a lei penal é apenas um 
ponto de partida para aplicação do Direito Penal37; 
- prevalência do operador do Direito Penal frente ao legislador – 
hipertrofia do valor da atividade interpretativa38; 
- os funcionalistas utilizam muito a teoria da imputação objetiva – pode-se 
dizer que tal “teoria” foi parida pelo funcionalismo penal; 
- espécies de funcionalismo39: há duas grandes linhas de pensamento funcionalista: 
- funcionalismo moderado, dualista, de política criminal ou racional-
teleológico: 
- criado por Claus Roxin e também conhecido como derivado da 
Escola de Munique; 
- objetivo do Direito Penal -> proteger bens jurídicos; 
- moderado -> o Direito Penal tem limites que são impostos 
pelo próprio Direito Penal como também pelos demais ramos 
do Direito – há ainda limites impostos pela sociedade; 
- dualista -> o Direito Penal é um sistema próprio de regras e 
valores que dialoga com os demais ramos do Direito que tem 
também suas próprias regras e valores; 
- política criminal -> é o filtro entre a letra da lei e os anseios da 
sociedade – o Direito Penal é mais um instrumento a serviço da 
sociedade para ajudá-la a resolver seus problemas; 
- racional-teleológico -> utiliza-se a razão para chegar aos 
melhores meios para resolver seus problemas; 
- funcionalismo radical, monista ou sistêmico40: 
 
35 A forma de organizar o Direito Penal em torno da sua função manifesta faz com cada estudioso do 
Direito organize as categorias penais de acordo com a função por ele adotada, gerando uma infinidade 
de modelos funcionalistas distintos. 
36 Ponto muito presente na ideia de funcionalismo teleológico de Claus Roxin, mas menos presente nas 
ideias sistêmicas de Gunther Jakobs – importante que as ideias de Jakobs partem a teoria dos sistemas 
do sociólogo alemão Niklas Luhman. 
37 Tais ideias parecem guardar afinidade com o método normativo estruturante de Friedrich Muller – 
estudado em Direito Constitucional: a lei seria apenas a “ponta do iceberg” (norma). 
38 Decorrência lógica do raciocínio anterior – somente o operador jurídico pode interpretar a lei para 
chegar até a norma aplicável (é uma tendência pós-positivista tal expansão da atividade interpretativa). 
39 São inúmeras e ilimitadas – a depender da de qual vetor central é adotado pelo criador do 
funcionalismo. 
40 Particularmente acho a construção de Jakobs muito mais coerente e bem projetada, propondo um 
modelo de Direito Penal com mais contato com a prática empírica desta ciência. Ocorre que a falta de 
critério ontológico limitador de sua construção doutrinária é muito criticada pela doutrina. Afinal: 
“devemos confiar na bondade dos bons”? 
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- criado pelo alemão Gunther Jakobs41 – que se baseou nas 
ideias da teoria do sistema proposta pelo também alemão 
Niklas Luhmann42; 
- objetivo do Direito Penal -> punir – a norma penal somente 
adquire eficácia quando aplicada reiteradamente e de forma 
severa43; 
- radical -> segundo o autor o Direito Penal somente deve 
observar os limites impostos pelo próprio Direito Penal; 
- monista -> sistema próprio de regras e valores que 
independem dos demais ramos do Direito; 
- sistema -> faz do Direito Penal um sistema autônomo, 
autorreferente e autopoiético; 
- sistema autônomo: dita as próprias regras; 
- sistema autorreferente: as referências e conceitos 
que ele necessita são buscados nele próprio; 
- sistema autopoiético44: o sistema se renova por 
conta própria – se reproduz de forma automática; 
 
 Direito de Intervenção45 ou Direito Intervencionista: 
- o mundo globalizado é caracterizado como sendo uma sociedade de riscos (Ulrich 
Beck); 
- a nomenclatura “Direito Penal de Intervenção” é inadequada; 
- o expoente de tal teoria é o alemão Winfried Hassemer; 
- o Direito de Intervenção busca reduzir o âmbito de aplicação do Direito Penal; 
- segundo o autor alemão o Direito Penal cresceu demais e encontra-se atualmente 
absolutamente saturado e caracterizado pela ineficácia; 
 
41 O autor é muito conhecido – às vezes de forma preconceituosa – por ser o criador do Direito Penal do 
Inimigo. 
42 Particularmente acho Luhmann um gênio – e sua teoria tão genial quanto. Uma pena o autor alemão 
ser de tão difícil compreensão. 
43 Particularmente tenho uma visão distinta da ideia de Jakobs neste ponto – expressada dessa forma a 
ideia parece um pouco absurda. Ocorre que a construção epistemológica do autor alemão é complexa. 
Ele se preocupa com a frustração da uma expectativa normativa e com a necessidade de aplicação de 
uma sanção para estabilização do sistema – sob pena da norma perder a força de coerção (deve ser 
preservado âmbito de vigência da norma). De certa forma lembra um pouco as ideias de Hegel sobre a 
pena: para ele a pena seria a reafirmação do Direito que foi violado pelo crime. 
44 O termo surgiu na Biologia e foi posteriormente transpassado para a Sociologia e para o Direito Penal. 
Há no Brasil uma excelente tese de doutorado do professor Luciano Mota Fernandes chamada 
“Tipicidade Penal Autopoiética”. 
45 Se assemelha ao Direito Administrativo Sancionador. É importante ver os pontos de coincidência 
entre as ideias de Hassemer e Silva Sanchez: este último, ao tratar do Direito Penal de Terceira 
Velocidade, trata basicamente dos mesmos problemas, buscando uma solução dentro do próprio Direito 
Penal. 
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- proposta do autor: deixar para o Direito Penal apenas o seu núcleo fundamental  
crimes de dano + crimes de perigo concreto contra bens jurídicos individuais46; 
- núcleo fundamental do Direito penal = crimes de dano + crimes de perigo 
concreto a bens jurídicos individuais; 
- segundo o autor grande parte das matérias do Direito Penal de hoje 
devem ser transferidas ao Direito de Intervenção47: 
- crimes de perigo abstrato; 
- crimes de perigo concreto a bens jurídicos não individuais; 
- crimes de dano contra bens difusos e coletivos; 
- aplicação: o Direito de Intervenção não é aplicado pela justiça penal, mas pela 
administração pública; 
 
 Velocidades do Direito Penal: 
- a ideia do Direito Penal visto em velocidades surgiu do autor espanhol Jesús-Maria 
Silva Sanchez48;- na ideia do autor espanhol o âmbito de aplicação do Direito Penal cresceu muito nas 
sociedades pós-modernas; 
- em função do crescimento do Direito Penal esse ramo do Direito deve passar a tratar 
de forma diferenciada a depender da gravidade do crime praticado; 
- sustenta o autor que o Direito Penal sempre se desenvolveu em duas velocidades: 
- Direito Penal de 1ª velocidade: 
- é o Direito Penal da prisão; 
- referem-se aos poucos crimes que inevitavelmente acarretam 
na prisão (privação de liberdade) de quem os praticou; 
- é lento (caminha lentamente) por ser extremamente 
garantista; 
- Direito Penal de 2ª velocidade: 
- é o Direito Penal sem prisão; 
- refere-se aos crimes que acabam por culminar em penas 
alternativas e penas de multa – a maior parte do Direito Penal 
atual está dentro desta velocidade; 
 
46 O professor Luis Greco tem um excelente livro em que explica que admitir crimes de perigo concreto 
contra bens jurídicos supra-individuais é na verdade admitir a possibilidade de crimes de perigo abstrato 
– são duas estratégias de chegar ao mesmo objetivo. Afinal, um perigo concreto a um bem difuso na 
verdade é um perigo abstrato a um bem concreto. 
47 O autor criou um discurso de resistência à tutela penal de bens difusos e coletivos – e o apoio 
totalmente neste propósito (minha postura contra o Pan-Penalismo sempre foi muito incisiva). 
48 Já li duas obras do autor – que é fantástico: A expansão do Direito Penal e Aproximação ao Direito 
Penal Contemporâneo. Os livros são uma “obra prima” e estabeleceram uma relação de ligação entre a 
gravidade da pena e necessidade de obediência a um rito de garantias preestabelecido. 
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- é rápido (célere) porque há flexibilização do modelo garantista 
(direitos e garantias do suposto autor são flexibilizados49); 
 
 Direito Penal do Inimigo: 
- é um dos temas do Direito Penal mais debatido nos últimos anos – e muitas vezes 
entendido de forma equivocada na doutrina brasileira50; 
- em cada época histórica há escolha de inimigos por parte dos detentores do poder – 
às vezes os inimigos escolhidos são “difusos”, mas podem ser pessoas também; 
- a teoria é criada pelo autor alemão Gunther Jakobs; 
- na década de 1980 o autor alemão começou a escrever sobre o tema – 
nesta época caiu o Muro de Berlim e se iniciou a unificação da Alemanha; 
- nesta época surgiu um medo difuso da população nutrido muitas vezes 
por parte da Alemanha Ocidental em relação à Alemanha Oriental; 
- o Direito Penal do Inimigo surge em função do medo presente na 
sociedade alemã naquela época – sabe-se que medo é um dos piores 
vetores possíveis para as decisões51; 
- o autor volta a escrever sobre o tema na década de 1.990 – uma época 
em que o medo começa a ter papel de protagonismo (basta lembrar o 
episódio de 11 de Setembro nos Estados Unidos da América em 2.001); 
- o terrorismo começou a ganhar corpo mundo afora e surgiu a 
necessidade de criar novas formas de enfrentar a “nova criminalidade” – 
neste momento o autor alemão apresentou ao mundo um remédio: o 
Direito Penal do Inimigo; 
- base filosófica: 
- o autor da teoria fala de três pensadores: Jean-Jacques Rousseau + 
Immanuel Kant + Thomas Hobbes; 
- Jean-Jacques Rousseau: quando foi decidido fazer o contrato 
social e viver em sociedade, todos abriram mão de parte da 
liberdade em função do bem comum – se alguém se comporta 
como inimigo deve ser eliminado da sociedade; 
- Immanuel Kant: aquele que quer destruir o estado deve ser 
destruído (imperativo categórico + metafísica dos costumes); 
- Thomas Hobbes: seguindo a lógica de “Leviatã”, Hobbes 
referenciava a ele como um ser supremo, sempre atacado e 
nunca vencido – o próprio estado fazia este papel; 
- quem é o inimigo no Direito Penal? 
 
49 Exemplo claro: Lei 9.099/95 – Lei dos Juizados Especiais Criminais. 
50 Após ler bastante sobre o tema chegamos à conclusão de que a ideia de Direito Penal do Inimigo é 
mais presente em nossas vidas – e nosso cotidiano “forense” – do que imaginamos. 
51 Sobre o medo e seus efeitos maléficos, há um excelente livro do saudoso sociólogo polonês Zygmunt 
Bauman: Medo Líquido. 
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- segundo Zaffaroni o próprio Jakobs é o inimigo no Direito Penal52; 
- ocorre que a teoria divide os criminosos em dois grandes grupos: 
- criminoso cidadão VS criminoso inimigo - 
- toda pessoa nasce com o status de cidadão; 
- a pessoa tem de deixar de ser cidadã e se tornar uma inimiga; 
- simplesmente praticar um crime grave não destrói o status de cidadão; 
- ao repetir o mesmo crime grave o sujeito ainda continua com o status de 
cidadão; 
- ao se tornar um criminoso habitual na prática de crimes graves o status 
de cidadão ainda continua existindo; 
PERGUNTA: Afinal, o que deve fazer o criminoso para se tornar inimigo? 
RESPOSTA: A partir do momento que ele entrar para uma organização 
criminosa (ou qualquer outra estrutura ilícita de poder53). O inimigo por 
excelência é o terrorista. 
Inimigo = organizações criminosas + grupos terroristas; 
- efeitos da aplicação do Direito Penal do Inimigo: 
- o sistema do autor alemão vai construir dois direitos penais distintos: 
- Direito Penal do Cidadão VS Direito Penal do Inimigo - 
- Direito Penal do Cidadão: 
- a grande maioria das pessoas, inclusive dos 
criminosos, pertencem ao grupo dos “cidadãos”; 
- o Direito Penal do Cidadão é garantista, 
respeitando os direitos e garantias previstas na 
Constituição e nas leis; 
- é retrospectivo – olha para o passado (o sujeito 
será punido pelo que ele fez ou deixou de fazer um 
dia); 
- se baseia na culpabilidade do agente – o agente é 
punido por aquilo que um dia ele fez ou deixou de 
fazer; 
- é um direito penal do fato – pouco importando as 
características do autor para configurar o crime e 
legitimar a punição; 
- Direito Penal do Inimigo: 
- é autoritário – suprime os direitos e garantias 
previstos na Constituição e nas leis54; 
 
52 O professor argentino com seu garantismo hiperbólico monocular parece se sentir “ofendido” com as 
ideias do professor alemão. 
53 Exemplo: Comando Vermelho (CV), Primeiro Comando da Capital (PCC). 
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- é prospectivo – olha para o futuro, o inimigo é 
punido por aquilo que ele pode vir a fazer; 
- fundamenta-se na periculosidade do agente – não 
há necessidade de esperar acontecer a ação 
criminosa; 
- é um direito penal do autor – este sistema vai 
etiquetar determinadas pessoas; 
- características do Direito Penal do Inimigo: 
- antecipação da tutela penal55: em regra (a exemplo do sistema adotado 
pelo Brasil) pune-se o crime consumado e o crime tentado. Na consumação 
o agente realizou todos os elementos do tipo penal, já na tentativa ele 
iniciou a execução de um crime que somente não se consumou por 
circunstâncias alheias à vontade do autor – só se pune o agente se atos de 
execução tiverem sido realizados (não se pune os atos preparatórios); 
- o Direito Penal do Inimigo pune os atos preparatórios com a 
mesma pena do crime consumado56; 
- sistema de provas privilegiando a confissão: segundo tal sistema a 
confissão é supervalorizada – havendo preponderância do seu valor em 
desvalor das demais provas. Segundo o autor alemãoo estado pode se 
valor do interrogatório severo para conseguir tal confissão; 
- interrogatório severo = tortura; 
- a tortura é autorizada com base no princípio da 
proporcionalidade – nenhum direito fundamental é absoluto; 
- penas indeterminadas: a pena vai durar enquanto o inimigo representar 
perigo para a sociedade (não há prazo máximo) – é um reflexo da ideia de 
periculosidade; 
- fortalecimento das instituições policiais: vários atos, para terem sucesso, 
devem ser rapidamente realizados – por isso eles devem ser executados 
diretamente pela polícia (sem intervenção prévia do Poder Judiciário). 
Seguindo este sistema o controle jurisdicional deve ser posterior; 
- é possível aplicar o Direito Penal do Inimigo no Brasil? 
- na forma proposta por Jakobs é impossível adotar o Direito Penal Inimigo 
no Brasil; 
- inicialmente, o caput do artigo 5º, ao prever o princípio da igualdade, 
veda desde já a distinção entre cidadãos e inimigos; 
 
54 O inimigo quer destruir as regras do estado: não faz sentido (segundo tal teoria) aplicar as mesmas 
regras ao lidar com o inimigo. Ele deve ser superado. É puro “direito de guerra”. 
55 Sou fervoroso crítico do fenômeno da antecipação do momento lógico de incidência da tutela penal – 
embora tenha sido uma tendência nas sociedades de risco. 
56 Há manifestações desta característica na lei brasileira. A Lei 13.260/16 (Lei do Terrorismo), no seu 
artigo 5º, pune atos preparatórios de terrorismo – com a pena do crime consumado diminuída de ¼ a ½. 
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- não o bastasse a CRFB/88 proíbe a tortura e também as provas 
conseguidas por meios ilícitos; 
- o Direito Penal do Inimigo existe no Brasil? 
- informalmente o Direito Penal do Inimigo existe de forma muito presente 
em alguns locais do Brasil – há muitos casos de chacinas e abusos policiais 
em solo brasileiro; 
- formalmente não existe Direito Penal do Inimigo no Brasil, embora possa 
ser visualizado o posicionamento de alguns órgãos (até mesmo do 
Ministério Público e Poder Judiciário) fazendo interpretações extensivas 
para isentar ações policiais no combate ao crime organizado que, em tese, 
poderiam configurar excesso; 
- 3ª velocidade do Direito Penal: 
- o Direito Penal do inimigo é chamado pelo próprio Silva Sanchez de 3ª 
velocidade do Direito Penal; 
- é um Direito Penal de prisão e ao mesmo tempo absurdamente rápido; 
- 4ª velocidade do Direito Penal57: 
- o tema foi trazido pelo professor argentino Daniel Pastor; 
- o professor diz que a 4ª velocidade do Direito Penal é o “neopunitivismo” 
ou “panpenalismo” – é um modelo de Direito Penal mais severo que o 
próprio Direito Penal do Inimigo; 
- tal direito é aplicado aos antigos chefes de estado para punir a prática de 
crimes de guerra. Eis as características deste sistema: 
- viola a princípio da reserva legal; 
- viola o princípio da anterioridade; 
- viola o princípio do juiz natural; 
- 5ª velocidade do Direito Penal: 
- seria o Direito Penal com a presença maciça de policiais na rua para 
conter a criminalidade; 
- tal “comentário” – me recuso a chamar de doutrina – não guarda 
nenhuma pertinência com as ideias do professor Jesús-Maria Silva Sanchez; 
 
TEMPO & LUGAR DO CRIME 
 Teorias aplicáveis58: 
 
57 Particularmente, li o livro do professor Silva Sanchez e acho totalmente despropositada a ideia de 4ª e 
5ª velocidades propostas neste ponto. As ideias não possuem independência suficiente para sustentar a 
existência de uma nova velocidade. Ademais, não seguem fielmente a linha de raciocínio do professor 
espanhol. Uma pena estar “na moda” criar “nomes e doutrinas” sem densidade epistemológica e sem 
respeito à lógica proposta pelo criador original. 
58 Decore a expressão LUTA: o Lugar do crime adota a teoria da Ubiquidade, já o Tempo do crime adota 
a teoria da Atividade. 
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- teoria da atividade -> ação ou omissão; 
- teoria do resultado -> ocorrência do resultado; 
- teoria da ubiquidade ou mista -> tanto a ação ou omissão quanto o resultado; 
 
 Tempo do Crime: 
- artigo 4º do Código Penal: considera-se praticado o crime no momento da ação ou 
omissão, ainda que outro seja o momento do resultado; 
- imputabilidade: é no momento da prática do crime (teoria da atividade) que se avalia 
a imputabilidade do agente; 
- súmula 711 do STF: a lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado 
ou ao crime permanente se a sua vigência é anterior à cessão da 
continuidade ou da permanência59; 
- a teoria da atividade tem relevância no estudo dos crimes materiais – somente nos 
crimes materiais a conduta e o resultado podem ocorrer em momentos distintos; 
- nos crimes formais e nos crimes de mera conduta a consumação se dá no 
momento da prática da conduta; 
- prescrição: para fins de prescrição o artigo 111, inciso I do CP adota a teoria do 
resultado  a prescrição começa a ocorrer a partir do dia que o crime se consumou; 
 
 Lugar do Crime: 
- artigo 6º do Código Penal: considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a 
ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria 
produzir-se o resultado; 
- lugar do crime = lugar da conduta + lugar do resultado (ubiquidade); 
- a teoria da ubiquidade serve apenas para os crimes à 
distância, também conhecidos como crime de espaço máximo; 
- crimes à distância = conduta e resultado ocorrem em países diversos; 
- a adoção da teoria da ubiquidade nos crimes à distância ou de 
espaço máximo se dá por uma questão de soberania; 
- crimes plurilocais ou crimes de espaço mínimo: são os crimes que a conduta e o 
resultado ocorrem em comarcas diversas, mas dentro do mesmo país; 
- a questão não envolve debate sobre soberania, mas questões referentes 
à fixação de competência; 
- regra geral = artigo 70, caput, CPP = a competência será do local em que 
consumar a infração ou pelo lugar em que for praticado o último ato de 
execução (teoria do resultado = regra); 
- exceções: 
 
59 O mesmo raciocínio se aplica para a imputabilidade adquirida ao completar 18 (dezoito) anos de 
idade. 
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- a Lei 9.099/95 (Lei dos Juizados Especiais) = teoria da 
atividade; 
- crimes dolosos contra a vida = teoria da atividade60; 
 
LEI PENAL EM BRANCO 
 Estrutura da norma penal incriminadora: 
- toda norma incriminadora tem (em regra) um preceito primário e um preceito 
secundário; 
- preceito primário: definição da conduta criminosa; 
- preceito secundário: pena cominada ao crime; 
- norma penal perfeita: possui o preceito primário e o preceito secundário completo; 
- norma penal em branco: o preceito secundário (pena) é completo, porém o preceito 
primário é incompleto; 
- nomenclaturas da norma penal em branco = norma penal cega = norma 
penal aberta = norma penal incompleta = norma penal imperfeita; 
- norma penal em preto: é a norma penal completa (preceito primário + preceito 
secundário) – o oposto da norma penal em branco; 
- corpos errantes em busca de alma: Franz Von Liszt afirma que as normas penais em 
branco são “corpos errantes em busca de alma” 
- constitucionalidade: as normas penais em branco sãoconstitucionais, visto que o 
princípio da reserva legal se contenta com o preenchimento do conteúdo mínimo da 
conduta criminosa; 
 
 Espécies de norma penal em branco: 
- norma penal em branco homogênea ou lato sensu: 
- norma em que o complemento tem a mesma natureza jurídica da norma 
penal a ser complementada; 
- o complemento é outra lei – lei penal sendo complementada por outra 
lei; 
- homovitelínea VS heterovitelínea - 
- norma penal em branco homogênea homovitelínea: a lei penal e o seu 
complemento estão previstos no mesmo diploma legislativo (ex.: artigo 
304 do Código Penal – uso de documento falso – fazer uso dos papéis 
falsificados previstos nos artigos 297 a 302); 
 
60 A jurisprudência adota a teoria da atividade para os crimes contra a vida em que a atividade e o 
resultado ocorrem em comarcas distintas – o entendimento é acertado, privilegiando a produção 
probatória, além de aplicar a punição na sociedade em que houve o sentimento de ofensa à norma 
jurídica (sociedade abalada pelo crime). 
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- norma penal em branco homogênea heterovitelínea: a norma penal e o 
seu complemento estão contidos em diplomas legislativos diversos (ex.: 
crime de apropriação de tesouro – artigo 169, parágrafo único, inciso I do 
Código Penal – o conceito de tesouro é dado pelo Código Civil); 
- norma penal em branco heterogênea, strictu sensu ou fragmentária: 
- a norma penal é complementada por um ato de natureza jurídica diversa; 
- a norma penal é complementada por um ato administrativo; 
- não há ofensa ao princípio da reserva legal, visto que a lei descreve o 
conteúdo mínimo da conduta, trazendo o ato administrativo apenas um 
complemento; 
- exemplo: crimes da Lei de Drogas (Lei 11.343/06) – a definição de drogas 
está em uma Portaria do Ministério da Saúde; 
- norma penal em branco ao avesso ou inversa61: 
- o preceito primário está completo, mas o preceito secundário (pena) 
depende de complementação; 
- a conduta criminosa foi exaustivamente descrita, mas não há pena 
cominada; 
- exemplo: artigo 1º da Lei 2.889/1956 (Lei de Genocídio62) – a lei traz a 
previsão do crime e faz remissão a alguns tipos do Código Penal no que 
tange à aplicação da pena; 
- o complemento obrigatoriamente será outra lei – ato administrativo não 
pode definir pena, sob pena de ofensa ao princípio da reserva legal; 
- norma penal em branco de fundo constitucional: 
- é a norma que tem como complemento uma norma ou dispositivo da 
Constituição Federal; 
- a norma é complementada por dispositivo da CRFB/88; 
- exemplo: homicídio contra integrantes de órgãos da segurança pública 
(artigo 121, §2º, inciso VII do Código Penal) – as autoridades vítimas que 
fazem o homicídio ser qualificado estão enumeradas nos artigos 142 e 144 
da Constituição Federal; 
- norma penal em branco ao quadrado: 
- é aquela norma em que depende de dupla complementação; 
- o complemento da norma penal depende de um novo complemento; 
- exemplo: artigo 38 da Lei 9.605/98 – crime de destruir ou danificar 
floresta considerada de preservação permanente, mesmo que em 
formação, ou utilizá-la com infringência da norma de proteção – o conceito 
 
61 Necessariamente deve ser homogênea. 
62 É crime contra a humanidade – não é crime contra a vida. Tendo em vista tal circunstância, não é de 
competência do Tribunal do Júri. 
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de “floresta de preservação permanente” está previsto no artigo 6º da Lei 
12.651/12 ao prever que “consideram-se ainda de preservação 
permanente quando declaradas de interesse social por ato do Chefe do 
Poder Executivo” – uma lei complementa outra lei que traz em seu bojo a 
possibilidade de ser complementada por ato administrativo; 
 
LEI PENAL NO TEMPO 
 Introdução: 
- no Direito como um todo se fala no princípio da continuidade das leis; 
- depois de publicada e entrar em vigor, a lei permanece neste estado até 
ser revogada por outra – lei somente pode ser revogada por outra lei; 
- costumes: não revoga a lei; 
- decisão judicial: não revoga a lei; 
 
 Conflito de leis penais no tempo63 – Direito Intertemporal: 
- o conflito de leis penais no tempo ocorre quando uma nova lei entra em vigor 
revogando a lei anterior; 
- conceito de direito intertemporal: conjunto de regras e princípios que solucionam o 
conflito de leis penais no tempo; 
- regra geral: tempus regit actum – aplica-se a lei penal que estava em vigor na data 
em que o fato foi praticado; 
- exceções: hipóteses de lei penal benéfica: abolitio criminis + novatio legis 
em mellius; 
- lei penal benéfica: 
- retroatividade  a lei volta no tempo para 
alcançar fatos praticados antes da sua entrada em 
vigor; 
- ultratividade  a lei continua aplicável aos fatos 
praticados durante sua vigência mesmo depois de 
revogada por outra lei; 
- abolitio criminis  artigo 2º, caput, CP  ninguém pode ser 
punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, 
cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais64 da 
sentença condenatória; 
- conceito: é a nova lei que torna atípico um fato até 
então considerado criminoso; 
 
63 Sucessão de leis no tempo. 
64 Os efeitos extrapenais (ex.: efeitos civis – obrigação de reparar o dano) permanecem intactos. 
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- natureza jurídica: segundo o Código Penal trata-se 
de causa de extinção da punibilidade – uma análise 
crítica a considera uma causa de exclusão da 
própria tipicidade (o crime deixa de existir); 
- requisitos: revogação formal do tipo penal + 
supressão material do fato criminoso65; 
- abolitio criminis temporária: a lei penal deixa de 
ser aplicada durante um determinado prazo 
previsto pelo legislador (exemplo: redação original 
da Lei 10.826/03 estabelecendo um prazo para o 
cidadão entregar a arma irregular na Polícia 
Federal); 
- novatio legis in mellius  o crime continua existindo, mas a 
situação do réu foi de alguma forma melhorada com a o 
surgimento de novo tratamento legislativo do tema; 
- conceito: é a nova lei que, de qualquer modo, 
favorece o agente (lex mitior) – o crime continua 
existindo mas a situação do réu é melhorada de 
algum modo; 
- previsão legal: o artigo 2º, parágrafo único do CP 
traz a regra de que “a lei posterior, que de qualquer 
modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos 
anteriores, ainda que decididos por sentença 
condenatória transitada em julgado”; 
- “de qualquer modo”: exige a interpretação mais 
ampla possível, abrangendo diminuição de pena, 
mudança de regime prisional, admissão de um 
benefício antes não admitido; 
- dúvida em relação ao fato da lei ser 
mais favorável ou não: cabe ao juiz 
decidir e aplicar o direito ao caso 
concreto, devendo a dúvida ser sanada 
pelo magistrado competente (ele 
escolhe qual legislação é mais favorável 
ao réu66); 
- lei penal benéfica e vacatio legis: 
 
65 O fato deixa de ter relevância penal: tanto perante aquele tipo penal revogado quanto perante o 
ordenamento jurídico como um todo. Se não houver revogação material surge a aplicação do princípio 
da continuidade normativo-típica – há mero deslocamento geográfico do tipo penal (transmudação 
topográfica do tipo penal). 
66 Apenas para concursosda Defensoria Pública é possível defender a posição de que deva ser 
perguntando ao réu qual a opção dele quanto à lei incidente. 
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- dúvida: a lei nova ainda em período de vacância teria o poder de retroagir 
em benefício do réu ou não? Há divergência doutrinária: 
- Rogério Greco: a lei mais favorável pode ser aplicada em favor 
do réu ainda que esteja em período de vacância; 
- Cleber Masson e a maioria da doutrina: entende que por 
coerência sistêmica a aplicação da lei deve se dar apenas após a 
entrada em vigência da lei67; 
- pontos comuns aplicáveis à retroatividade benéfica68: 
- o trânsito em julgado da condenação não é óbice à retroatividade 
benéfica: 
- a retroatividade é automática – independe de cláusula expressa; 
- a competência para aplicação depende do estágio em que se encontra a 
persecução penal: 
- fase investigatória tramitando perante a primeira instância  
competência do juízo de direito de primeira instância; 
- ação penal tramitando perante a primeira instância  
competência do juízo de direito de primeira instância; 
- investigação69 ou ação penal perante um tribunal  tribunal 
respectivo; 
- condenação transitada em julgado  juízo da execução70; 
- novatio legis incriminadora (neocriminalização) e novatio legis in pejus: 
- novatio legis in pejus = também chama de lex gravior; 
- novatio legis incriminadora: nova lei que cria um crime até então 
inexistente; 
- nunca retroage; 
- novatio legis in pejus: nova lei que de qualquer modo prejudica o agente 
(em sentido amplo); 
- nunca retroage; 
- lei penal intermediária: necessita de três leis se sucedendo no tempo, como exemplo 
de crime praticado durante a vigência da “Lei A”, sendo esta revogada pela “Lei B”. 
Ocorre que a sentença apenas é proferida quando na vigência da “Lei C” – que revogou 
a “lei B”; 
 
67 Um grande problema de ordem prática é a revogação da lei antes de sua entrada em vigor, passível de 
se criar um grande e complexo problema de ordem empírica. 
68 Aplica-se tanto a abolição do crime quanto à existência de nova lei em benefício do réu (em sentido 
amplo). 
69 Em função de foro por prerrogativa de função. 
70 Neste sentido: súmula 611 do STF – pouco importando o lugar da condenação (a execução pode se 
dar em função de condenação de outros tribunais – mantendo mesmo assim a competência do juízo da 
execução). 
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- é totalmente possível aplicar a “Lei B” (lei intermediária) nesse caso  
nesse sentido: STF, RE 418.876; 
- o curioso é que nesse caso a lei aplicável é dotada de retroatividade – 
volta no tempo para ser aplicada a fatos passados. Além disto, ela é dotada 
de ultratividade, continuando a ser aplicada mesmo depois de revogada; 
- combinação de leis penais: 
- também conhecida como lex tertia e lei híbrida; 
- muitas vezes há pontos da lei antiga benéficos ao réu, havendo pontos da 
lei nova que também possui essa natureza – seria possível combinar as 
duas leis? Historicamente há duas posições sobre a possibilidade de 
combinação de leis penais: 
- 1ª posição  Nelson Hungria  a combinação das leis penais 
é vedada pelo princípio constitucional da separação dos 
poderes. Se assim fizesse, o juiz estava deixando de atuar como 
julgador para atuar como legislador, ofendendo o princípio 
constitucional da separação dos poderes; 
- 2ª posição  José Frederico Marques  a combinação de leis 
penais é permitida, uma vez que se o juiz pode aplicar toda a lei 
nova e toda a lei velha, ele pode também aplicar partes de cada 
uma. Ademais, a Constituição manda o juiz aplicar a lei mais 
benéfica para o réu: o juiz não estaria legislando, mas 
transitando dentro de parâmetros previamente estabelecidos 
pelo legislador; 
- exemplo ocorrido no Brasil: tráfico de drogas praticado quando em vigor 
a Lei 6.368/76 (artigo 12, caput). Na ocasião da sentença estava em vigor a 
atual Lei de Drogas (Lei 11.343/06 – artigo 33, caput). A pena na lei antiga 
era de 3 a 15 anos e a lei nova traz a pena de 5 a 15 anos. Ocorre que na lei 
nova, há o §4º no citado artigo que admite a diminuição da pena de 1/6 até 
2/3 (vulgarmente conhecido como “tráfico privilegiado”). Diante deste caso 
a Defensoria Pública de São Paulo pediu para que fosse aplicada a pena da 
lei antiga com a causa de diminuição da lei nova (combinação de leis): 
- pena da Lei 6.368/76 + causa de diminuição de pena da Lei 11.343/06 = 
combinação de leis; 
O STF, no RE 600.817 entendeu que não era possível tal atividade, não 
cabendo a combinação de leis penais – adotando a posição de Nelson 
Hungria. 
- teoria da ponderação unitária ou ponderação global: o juiz 
aplica toda a lei velha ou toda a lei nova (teoria adotada pelo 
STF e STJ); 
- teoria da ponderação diferenciada: pode ser admitida a 
incidência de parte de uma lei e parte da outra; 
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Súmula 501 do STJ: é cabível a aplicação retroativa da nova lei de drogas 
desde que o resultado de suas disposições, na íntegra, seja mais favorável 
ao réu do que o advindo da lei antiga, sendo vedada a combinação de leis. 
- a combinação de leis no Brasil, na atual posição do STF e do STJ, é 
proibida em todo o Direito Penal – não apenas na Lei de Drogas; 
- artigo 2º, §2º do Código Penal Militar: “Para se reconhecer qual a mais 
favorável, a lei posterior e a anterior devem ser consideradas 
separadamente, cada qual no conjunto de suas normas aplicáveis ao fato”; 
- Lei temporária e lei excepcional: 
- lei penal temporária: a lei possui prazo de vigência previamente definido, 
entrando em vigor já com a data exata do fim de sua vigência; 
- exemplo: o artigo 36 da Lei 12.663/12 (Lei Geral da FIFA) dizia 
que os tipos penais previstos na lei teriam validade até o dia 31 
(trinta e um) de janeiro de 2.014; 
- lei excepcional: a lei cuja duração está condicionada a uma situação de 
anormalidade, sem prazo previamente determinado de vigência – a 
duração da vigência está ligada à duração da situação que a motivou; 
- exemplo: lei a ter vigência unicamente no período de seca ou 
no período de “apagão”; 
- artigo 3º do Código Penal: “A lei excepcional ou temporária, embora 
decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a 
determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência”. 
- leis intermitentes: é o nome que se dá para a lei temporária e lei 
excepcional na doutrina. Elas possuem características bem marcantes: 
- são leis autorrevogáveis; 
- são dotadas de ultratividade71 -> aplica-se ao fato praticado 
durante sua vigência (mesmo após a revogação); 
- lei penal em branco e conflito de leis penais no tempo: 
- lei penal em branco é aquela em que o preceito secundário é completo, 
mas o preceito primário depende de complementação (seja por outra lei – 
penal ou de outro ramo do direito – seja por um ato administrativo); 
- efeitos da revogação ou modificação do complemento da norma penal 
em branco: 
- exemplos práticos - 
- retirada da “maconha” da portaria 344 do Ministério da Saúde 
que traz as substâncias definidas como “drogas”  quem 
estava usando ou traficando “maconha” deve ser absolvido; 
 
71 A ultratividade serve para evitar que o decurso do tempo ou manobras protelatórias levem à 
impunidade do fato. 
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- violação de tabelamento de preços diante de uma crise 
inflacionária, vendendo um produto com preço bem acima do 
valor permitido – após tal fato a crise inflacionária passa e o 
tabelamento deixa de existir  quem violou a tabela de preços 
deve ser condenado; 
- conclusão: é essencial saber se o complemento foi criado em 
uma situação de normalidade ou anormalidade para descobrir 
se o citado complemente tem ultratividade – somente a 
situação de anormalidade justifica a ultratividade. Em casos de 
normalidade o que há é uma opção política pela 
descriminalização72; 
 
CONFLITO APARENTE DE NORMAS PENAIS73 
 Introdução ao tema: 
- conceito: conflito aparente de normas penais é o instituto que trata da situação de 
um único fato praticado pelo agente em que duas ou mais normas penais se mostram 
aparentemente aplicáveis; 
- único fato  pluralidade de normas aparentemente aplicáveis; 
- alocação: é uma matéria relacionada à interpretação da lei penal; 
- requisitos: 
- unidade de fato: tal requisito vai diferenciar o conflito aparente de 
normas do concurso de crimes 
- pluralidade de normas aparentemente aplicáveis: 
- vigência simultânea de todas as normas: tal requisito vai diferenciar o 
conflito aparente de normas do conflito de leis no tempo; 
- distinção em relação a outros institutos: 
- concurso de crimes: no concurso de crimes há pluralidade de fatos, 
enquanto no conflito aparente de normas há unidade de fato; 
- conflito de leis no tempo: no conflito de leis no tempo as normas não 
estão vigentes de forma simultânea na data do fato, enquanto no conflito 
aparente de normas todas elas estão vigentes no momento da prática do 
fato; 
- finalidades: 
- finalidade prática: evitar o bis in idem (dupla punição pelo mesmo fato); 
- finalidade teórica ou científica: manter a unidade e a coerência do 
sistema jurídico penal; 
 
72 Utiliza-se o mesmo raciocínio adotado ao tratar das leis excepcionais – e sua ultratividade. É preciso 
analisar o complemento da lei penal em branco como se fosse uma lei em situação de normalidade ou 
em situação de anormalidade. 
73 Normas penais em colisão = antinomia entre normas. 
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 Princípios que solucionam o conflito aparente de normas: 
 
- princípio da especialidade: 
- tem origem no Direito Romano e possui uma lógica inquestionável; 
- segundo tal princípio da norma especial afasta a aplicação da norma 
geral; 
- o problema é descobrir qual norma é especial; 
- norma especial = norma geral + elementos especializantes; 
- a norma especial e a norma geral podem estar previstas no mesmo 
diploma legislativo ou em diplomas legislativos diversos; 
- o princípio da especialidade se estabelece no plano abstrato: comparam-
se as normas, independente da gravidade do fato; 
- exemplo de aplicação do princípio da especialidade - 
- homicídio (artigo 121 do Código Penal) -> matar alguém; 
- infanticídio (artigo 123 do Código Penal): matar alguém + 
próprio filho + durante o parto ou logo após + estado 
puerperal; 
- o infanticídio é especial em relação ao homicídio, visto haver 
a previsão de “matar alguém” acrescida de elementos 
especializantes – mesmo a pena sendo menos grave, incide o 
infanticídio caso os elementos especializantes estejam 
presentes no caso concreto; 
- princípio da subsidiariedade: 
- a norma primária afasta a aplicação da norma subsidiária; 
- norma primária: prevê o crime mais grave; 
- norma subsidiária: prevê o crime menos grave; 
- a norma subsidiária exerce a função de soldado de reserva; 
- a questão é de gravidade; 
- o princípio da subsidiariedade se resolve no plano concreto – a conduta 
concretamente realizada é importante para se comparar a gravidade dos 
crimes para verificar a incidência da norma primária ou subsidiária; 
- espécies de subsidiariedade: 
- subsidiariedade expressa ou explícita: a própria norma penal 
se declara subsidiária – diz apenas ser aplicada se o fato não 
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constituir um crime mais grave (exemplo: crime de dano 
qualificado pelo emprego de substância inflamável ou explosiva 
– artigo 163, parágrafo único, inciso II do Código Penal); 
- subsidiariedade implícita: a norma penal não se apresenta 
como subsidiária, mas esta característica é extraída do caso 
concreto (exemplo: subtração de algum bem com emprego de 
violência, possível caso de roubo, em que caso não provada a 
violência empregada há incidência do crime subsidiário de furto 
– neste caso o furto é subsidiário em relação ao roubo); 
- princípio da consunção ou absorção: 
- a norma consuntiva exclui a aplicação da norma consumida – a palavra 
consunção vem do verbo consumir; 
- norma consuntiva: é aquela que abarca o fato de forma mais ampla; 
- norma consumida: é aquele que prevê o fato de forma menos ampla – 
parte do fato; 
- a questão é de amplitude do fato; 
- hipóteses de manifestação da consunção: 
- crime progressivo: é aquele que para ser cometido o agente 
deve necessariamente, antes, cometer um crime menos grave – 
crime meio para cometimento do crime fim. O crime meio é 
chamado de “crime de ação de passagem”; 
- exemplo: para o agente praticar o crime de 
homicídio necessariamente ele vai passar por uma 
lesão corporal; 
- progressão criminosa 74 : a característica marcante é a 
mutação do dolo – o sujeito inicialmente tem o dolo de praticar 
o crime menos grave, sendo que depois, na mesma situação 
fática, surge o dolo de praticar o crime mais grave; 
- exemplo: sujeito vai praticar o crime de lesão 
corporal e depois, em função da atitude debochada 
da vítima, decide praticar o crime de homicídio; 
- o sujeito responde apenas pelo crime mais grave, 
visto estarem eles dentro do mesmo contexto 
fático; 
- fatos impuníveis: tais fatos podem ser anteriores, simultâneos 
e posteriores ao fato principal – são fatos que a lei não pune 
por serem meios se preparação, de execução ou mero 
desdobramento de um fato principal; 
 
74 A diferença entre o crime progressivo e a progressão criminosa está no dolo do agente: no crime 
progressivo o agente desde o início tinha o dolo de praticar o crime mais grave; na progressão criminosa 
o dolo de cometer o crime mais grave surge depois de iniciada a conduta. Crime progressivo = unidade 
do dolo. Progressão criminosa = mutação do dolo. 
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- anteriores -> preparação; 
- antefactum impunível75: acontecem 
antes do fato principal e funcionam 
como preparação ou execução dele – 
exemplo: adentrar em uma residência 
(violação de domicílio) para furtar um 
bem; 
- simultâneos -> execução; 
- ocorrem simultaneamente à prática do 
fato principal – exemplo: para praticar 
um estupro em via pública o ato 
obsceno é meio de preparação para o 
estupro; 
- posteriores -> desdobramento do fato principal; 
- post factum impunível: são fatos que 
ocorrem posteriormente ao fato 
principal, sendo mero desdobramento 
dele – exemplo: após praticar o crime 
de furto o agente destrói a coisa 
subtraída; 
Súmula 17 do STJ: Quando o falso se 
exaure no estelionato, sem mais 
potencialidade lesiva, é por este 
absorvido76. 
- somente é punido

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