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CRIMINOLOGIA Sistema Penal e Reprodução da Realidade Social Livro Eletrônico 2 de 42www.grancursosonline.com.br CRIMINOLOGIA Sistema Penal e Reprodução da Realidade Social Prof.ª Mariana Barreiras SUMÁRIO V – Sistema Penal e Reprodução da Realidade Social .......................................3 Controle Social e Labelling Approach .............................................................3 Delinquência Primária e Secundária ..............................................................7 Criminalização Primária, Secundária e Terciária...............................................8 Prevenção Primária, Secundária e Terciária ....................................................8 Prevenção Primária .....................................................................................8 Prevenção Secundária .................................................................................9 Prevenção Terciária ...................................................................................11 O Sistema Escolar e o Sistema Penal ...........................................................12 Resumo ...................................................................................................18 Questões de Concurso ...............................................................................20 Gabarito ..................................................................................................27 Gabarito Comentado .................................................................................28 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 3 de 42www.grancursosonline.com.br CRIMINOLOGIA Sistema Penal e Reprodução da Realidade Social Prof.ª Mariana Barreiras V – SISTEMA PENAL E REPRODUÇÃO DA REALIDADE SOCIAL Olá, tudo bem? Hoje vamos avançar para mais um item específico do teu edital. Essa aula vai ser bastante baseada no livro do Alessandro Baratta, Criminologia crítica e crítica do direito penal. Afinal, ele é um dos livros recomendados pela banca e tem um capítulo exatamente com esse nome. A parte boa é que essa á uma aula relativa- mente fácil. Vamos começar? Para que a gente possa começar essa aula, vou precisar retomar algumas ideias, especificamente relacionadas com o labelling approach e o determinante papel que essa escola teve ao inserir as instâncias de controle social no rol de objetos da cri- minologia. Controle Social e Labelling Approach Lembra quais são os objetos de estudo da criminologia? Crime, criminoso, víti- ma e controle social. Franco Garelli, no Dicionário de Política de Norberto Bobbio, define controle social como O conjunto de meios de intervenção, quer positivos, quer negativos, acionados por cada sociedade ou grupo social a fim de induzir os próprios membros a se conformarem às normas que a caracterizam, de impedir e desestimular os comportamentos contrários às mencionadas normas1. Fala-se em controle social, pois, para se referir aos freios que a sociedade apre- senta aos indivíduos que almejam a prática de alguma conduta antissocial. Existem inúmeros critérios para classificar as instâncias de controle social. A dualidade mais 1 BOBBIO, Norberto; MATTEUCCI, Nicola; PASQUINO, Gianfranco. Dicionário de Política. 7.ed. Brasília: UnB, 1995. p. 283. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 4 de 42www.grancursosonline.com.br CRIMINOLOGIA Sistema Penal e Reprodução da Realidade Social Prof.ª Mariana Barreiras comumente utilizada na criminologia, no entanto, como já citei para você, é aquela que separa controle social formal de controle social informal. O critério que diferen- cia uma categoria da outra é a presença ou ausência de Estado. Como exemplos de freios sociais informais podem ser citados a família, a vizi- nhança, o trabalho, a igreja, a opinião pública, os clubes, as associações, os meios de comunicação de massa. Já os agentes de controle social formal são a polícia, o Poder Judiciário, a administração penitenciária, o sistema penal, etc. A criminologia deu seus primeiros passos para incluir o controle social entre seus objetos de estudo no começo do século XX. Isso se deu com a Escola de Chi- cago e seu enfoque empírico e transdisciplinar, que se propôs a discutir múltiplos aspectos da vida humana, todos relacionados com a vida na cidade. Entre os anos 1920 e 1930, Robert Ezra Park, Ernest W. Burgess e seus alunos produziram mais de 20 obras sobre a ecologia urbana da cidade de Chicago, abordando problemas como falta de moradia, desorganização social, guetos, zonas residenciais ricas e pobres, distribuição de doentes mentais na cidade, entre outros. As instâncias de controle social, sobretudo as informais, começaram a ser estu- dadas como fatores que influenciam a criminalidade de um determinado local. No entanto, não foi ainda nessa oportunidade que o controle social se consolidou como objeto da criminologia, até mesmo porque o papel das agências de controle social formal, como é o caso da polícia, no fenômeno criminoso ainda não era olhado com interesse. Isso viria a ocorrer algumas décadas mais tarde, sobretudo a partir dos anos de 1960, nos Estados Unidos, com o labelling approach. Essa teoria, rompendo com o ideal consensual de sociedade, propugnava que estudar a realidade social implicava estudar os processos de interação individual ocorridos no seio da própria O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 5 de 42www.grancursosonline.com.br CRIMINOLOGIA Sistema Penal e Reprodução da Realidade Social Prof.ª Mariana Barreiras sociedade. Ou seja, não se pode compreender o crime prescindindo da própria re- ação social ao crime. A desviação, para o labelling, não é uma qualidade intrínseca da conduta, mas um atributo que lhe é conferido por meio de complexos processos de interação social. Conforme os teóricos interacionistas, para cada uma das ações desviadas é possível encontrar inúmeras ações similares que não são levadas em consideração ou que não se apresentam de maneira evidente como desviadas. Diante de cada fato, as instituições atuam como filtros, definindo sua natureza. Frente às condutas humanas, portanto, as agências formais de controle social atuam como uma gran- de peneira, a separar quais devem ser etiquetadas como criminosas e quais não merecem o rótulo. Quando, por exemplo, a polícia judiciária decide se, uma vez tendo conhecimento de um delito, será ou não feita uma investigação, atua como um poderoso filtro, uma grande peneira. Assim, o labelling approach reconhece o caráter constitutivo do controle social formal: o crime só existe porque as instâncias de controle social formal o definem como tal, constituindo, isto é, criando o delito. O controle social formal é considera- do instrumento seletivo e discriminatório. Deixa-se de questionar por que um indi- víduo comete crimes, e passa-se a indagar a razão de certa conduta ser etiquetada com o rótulo de desviada. Nesse questionamento, as agências de controle social adquirem enorme importância e passam a ser estudadas criteriosamente. Se hoje é comum que haja capítulos sobre a polícia, o Ministério Público,as instituições pri- sionais, o sistema judiciário nos livros e manuais de criminologia, isso, em grande parte, se deve ao paradigma inaugurado pelo labelling approach, que tanto valor atribuiu aos respectivos papéis na constituição do delito. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 6 de 42www.grancursosonline.com.br CRIMINOLOGIA Sistema Penal e Reprodução da Realidade Social Prof.ª Mariana Barreiras Figueiredo Dias, por exemplo, afirma que a polícia é o “first-line enforcer da lei criminal. O seu papel no processo de seleção é, por isso, determinante”2. É a polí- cia que processa o caudal mais volumoso de deviance. Nesse sentido, explica, é o filtro mais poderoso entre todos aqueles que, unidos, formam o sistema de justiça criminal. A polícia, como instância portadora de controle social formal, é uma agên- cia que, no processo de aplicação das leis, faz uso de filtros altamente seletivos, discriminatórios e estigmatizantes. García-Pablos de Molina relata que, para a criminologia positivista, o noticiante, a polícia e o processo penal são concebidos como meras correias de transmissão que aplicam fielmente, com objetividade, a vontade da lei. A polícia, assim como os demais agentes do controle social, se orientaria pelo critério objetivo do mereci- mento (o fato cometido) e se limitaria a detectar o infrator, independentemente de quem fosse tal delinquente. Mas para o labelling approach, os agentes do controle social formal não são meras correias de transmissão da vontade geral, senão filtros a serviço de uma sociedade desigual que, por meio deles, perpetua suas estruturas de dominação e incrementa as injustiças que a caracterizam3. A polícia cumpre um papel determinante na sociedade, aquele de selecionar nas ruas e nas delegacias – longe, portanto, dos olhos dos demais intervenientes no processo penal, como promotores e juízes – quem será considerado criminoso. Quando a polícia não é representativa da população que serve e realiza um trabalho pouco conectado com a vizinhança da área, com mais razão pode-se esperar uma atuação seletiva e estigmatizante. 2 DIAS, Jorge Figueiredo; ANDRADE, Manuel da Costa. Criminologia: o homem delinquente e a sociedade cri- minógena. Coimbra: Coimbra Ed., 1997. p. 443. 3 GARCÍA-PABLOS DE MOLINA, Antonio; GOMES, Luis Flávio. Criminologia: introdução a seus fundamentos teóricos; introdução às bases criminológicas da Lei n. 9.099/95, Lei dos Juizados Especiais Criminais. 5.ed. São Paulo: RT, 2006. p. 97. 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O indivíduo, se for rotulado com a etiqueta de criminoso pelas instâncias de controle social formal, vai tender a se manter sob esse papel que lhe foi atribuído, como um efeito psicológico de defesa, ataque e adequação aos problemas oriundos do primeiro desvio. Em linhas bens gerais, para fins de compreensão, podemos dizer que o rein- cidente pratica delinquência secundária. O fato de ter respondido a um inquérito, a um processo e de ter sido encarcerado e rotulado com a etiqueta de criminoso, somado a fatores sociais, culturais e econômicos, tem influência decisiva para o retorno do indivíduo estigmatizado a seguir na prática de delitos. Apesar de serem muito similares, não confunda os conceitos de delinquência pri- mária e secundária com os conceitos de criminalização primária, secundária e ter- ciária. Vou explicar a diferença. Enquanto a classificação da delinquência diz res- peito ao comportamento do indivíduo (primeiros crimes ou crimes decorrentes da estigmatização), a classificação da criminalização leva em consideração a reação das instâncias de controle social formal a esse comportamento. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 8 de 42www.grancursosonline.com.br CRIMINOLOGIA Sistema Penal e Reprodução da Realidade Social Prof.ª Mariana Barreiras Criminalização Primária, Secundária e Terciária A criminalização primária é aquela realizada pelo legislador ao criar os tipos penais. A criminalização secundária é a ação punitiva exercida sobre pessoas con- cretas, que acontece quando as agências policiais detectam uma pessoa que sus- peitam tenha praticado certo ato criminalizado primariamente. A criminalização terciária, a seu turno, é a estigmatização realizada pelo sistema prisional durante a execução da pena. Tanto a criminalização secundária como a terciária podem, e de fato são, realizadas por órgãos estatais, como é o caso das polícias. Veja: a criminalização terciária está intimamente conectada à desviação secun- dária. Agora que você já sabe a diferença entre delinquência primária e criminalização primária, não quero que você confunda com prevenção primária. Vamos ver esse conceito de maneira breve para você não errar nenhuma ques- tão. Prevenção Primária, Secundária e Terciária Vamos analisar o que é prevenção primária, secundária e terciária, compreen- dendo, desde logo, que essas modalidades não se excluem. Uma prevenção pode ser complementar à outra. Prevenção Primária A prevenção primária é aquela voltada para as causas do cometimento do cri- me. Ela se preocupa em neutralizar o problema antes que ele se manifeste. É ne- O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 9 de 42www.grancursosonline.com.br CRIMINOLOGIA Sistema Penal e Reprodução da Realidade Social Prof.ª Mariana Barreiras cessário, por exemplo, que o Estado forneça educação, condições dignas de vida, salários justos, saúde, emprego. Esse tipo de prevenção opera a médio e longo prazo e se destina à coletividade. Como se orienta para as causas do crime, diz-se que essa é uma prevenção etiológica e é considerada muito eficaz. No entanto, acabam sendo pouco empre- gadas por não apresentarem resultados imediatos. Prevenção Secundária Essa prevenção atua considerando os locais e os momentos em que os crimes ocorrem. Também pode ser chamada de prevenção situacional, pois destina-se a neutralizar situações de risco. Ela é voltada para atacar as oportunidades que ofe- recem maior atrativo para o infrator. Não se interessa pelas causas do delito, mas sim pelas formas – local, horário, vítima – de seu cometimento. Trata-se de umaprevenção que coloca as oportunidades para o cometimento do crime em primeiro plano. Parte-se da ideia de que pessoas de diferentes sexos, idades, classes sociais têm diferentes chances de se tornarem vítima de um crime. Dentro da ideia de prevenção secundária se encontra o routine activity approa- ch, ou enfoque das atividades cotidianas. Para esse enfoque, o crime ocorre quando convergem em tempo e espaço os seguintes elementos: delinquente motivado; objetivo alcançável; e ausência de guardião habilitado a prevenir a prática. Na ideia de prevenção secundária, portanto, as dimensões temporais (quando acontecem os crimes?) e espaciais (onde acontecem os crimes? quais são os hot spots?) ganham importância, pois é nessas variáveis que se busca intervir. 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Essas ideias de prevenção secundária legitimam a “ideologia de segurança”, a “segurança cidadã”, que impõe práticas não solidárias e pode levar a excessos de vigilância, por trazer implícita uma ideia de cruzada contra as situações criminóge- nas. Nessa ideologia de segurança cidadã, o medo da população cresce; o combate à criminalidade dos poderosos fica em segundo plano, pois o que interessa é o cri- me das ruas; movimentos políticos de populismo penal ganham força; e verifica-se o desprezo pelas garantias dos cidadãos. Essa ideologia é, por isso, muito perigosa e considerada uma involução. Ao mesmo tempo, se inserem aqui as práticas de policiamento comunitário, que nasceram da percepção de que as burocracias do modelo profissional de polícia muitas vezes operavam de modo a afastar o policial da realidade local e do cidadão carente de serviços estatais. Começava-se a assumir que é impossível e infrutí- fero tentar eliminar por completo a discricionariedade policial. O policial que está O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 11 de 42www.grancursosonline.com.br CRIMINOLOGIA Sistema Penal e Reprodução da Realidade Social Prof.ª Mariana Barreiras na esquina e em contato com a população deve estar pronto para tomar decisões independentemente da máquina burocrática de sua instituição. Assim, a polícia comunitária expressa uma nova filosofia operacional, da qual decorre um estilo de policiamento caracterizado por: • uma concepção mais ampla da função policial que abrange a variedade de situações não criminais que levam o público a invocar a presença da polícia; • descentralização dos procedimentos de planejamento e prestação de serviços para que as prioridades e estratégias policiais sejam definidas de acordo com as especificidades de cada localidade; • maior interação entre policiais e cidadãos visando ao estabelecimento de uma relação de confiança e cooperação mútua4. Skolnick e Bayley ressaltam a premissa central do policiamento comunitário: o público exercendo papel mais ativo e coordenado na obtenção da segurança, atu- ando como coprodutor da segurança e da ordem, juntamente com a polícia. Para eles, esse tipo de policiamento deve obedecer quatro normas básicas: 1) organizar a prevenção do crime tendo como base a comunidade; 2) reorientar as atividades de patrulhamento para enfatizar os serviços não emergenciais; 3) aumentar a responsabilização das comunidades locais e 4) descentralizar o comando5. Prevenção Terciária Trata-se da prevenção voltada para o preso, com o fim de evitar que volte a delinquir. Busca afastar a reincidência. 4 DIAS NETO, Theodomiro. Policiamento Comunitário e Controle sobre a Polícia. São Paulo: IBCCrim, 2000. p. 15. 5 SKOLNICK, Jerome H.; BAYLEY, David H. Policiamento Comunitário. São Paulo: Edusp, 2006. p. 19. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 12 de 42www.grancursosonline.com.br CRIMINOLOGIA Sistema Penal e Reprodução da Realidade Social Prof.ª Mariana Barreiras São programas que pretendem a não consolidação do status de desviado. Buscam-se, por exemplo, alternativas à pena privativa de liberdade, que é es- tigmatizante. Busca-se humanizar a pena, fornecendo um ofício ou educação para o preso, para que ele se sinta em condições de voltar à vida em sociedade ao fim do cumprimento da pena. A prevenção terciária enfrenta o fenômeno criminal muito tardiamente: quando ele já ocorreu. A ideia é, então, evitar as cerimônias degradantes típicas das instân- cias de controle social formal e fornecer à pena um fim utilitário, um efeito positivo (tratar, ensinar um ofício, fornecer terapia, educar) e um caráter compatível com os postulados de dignidade da pessoa humana. As bancas gostam de questionar se esse ou aquele modelo de política criminal pre- tende acabar com o crime. Não! O que se pretende é controlar o fenômeno delitivo. O Sistema Escolar e o Sistema Penal Agora podemos entrar mais especificamente na teoria do Alessandro Baratta. Ele retoma a ideia de que a história do sistema punitivo é a história das relações entre ricos e pobres. Na sociedade capitalista, há uma drástica repartição desigual de acesso aos recursos e às chances sociais. A mobilidade social é um mito: rara- mente as pessoas das classes mais baixas conseguem ascender. O sistema escolar – assim como o sistema penal – ajuda a refletir a estrutura vertical e hierarquizada da sociedade. As sanções escolares negativas, tais como repetição de anos, notas baixas em provas, expulsões, etc., são muito maiores O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 13 de 42www.grancursosonline.com.br CRIMINOLOGIA Sistema Penal e Reprodução da Realidade Social Prof.ª Mariana Barreiras quando se desce aos níveis inferiores da escala social. Começa-se a perceber que as técnicas de seleção baseadas em testes de coeficientes de inteligência ou no conceito de mérito não são neutras. Afinal, os alunos provenientes de classesmais baixas têm enorme dificuldade de se adaptarem ao mundo escolar, que é estranho a eles, em função, por exemplo, do uso de regras de comportamento e linguagem bastante diferentes das normas de seus grupos de origem. E aí, diante dessas di- ficuldades, advêm sanções negativas que refletem o quanto a escola é um instru- mento de transmissão da cultura dominante. Os professores partem, ainda que inconscientemente, de estereótipos e pre- conceitos no dia a dia de contato com alunos de grupos marginalizados. Algumas pesquisas têm demonstrado que a cota de erros desconsiderados pelo professor é menor no caso de maus alunos que no caso de bons alunos. Ou seja, aquele aluno que tem dificuldade de se adaptar e é considerado um mau aluno, é tratado com mais rigor nas correções. Além disso, o fenômeno da profecia autocumprida do labelling approach – tam- bém conhecida como self-fullfilling profecy – se aplica ao mundo escolar. Relembre que para o labelling, estigmatizado e segredado da sociedade, o delin- quente se aproximará de outros criminosos e acabará se identificando com eles pela situação de vida em que se encontram. Começa, então, o processo de desvia- ção secundária: novos atos desviantes são cometidos como fruto do processo de reação social à desviação primária. O agente mergulha no papel de delinquente, num processo que se chama de role engulfment, e tem início sua carreira criminal. A profecia se autocumpre: tanto diziam que ele era um criminoso, que agora de fato o é. 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Seguindo essa lógica, a escola não facilita a mobilidade social. Ao contrário, ela ajuda a diferenciar as classes, econômica e socialmente. A ideia central de Baratta é demonstrar que o sistema escolar e o sistema penal são complementares e ajudam a reproduzir e assegurar as relações sociais verti- calizadas. Ambos os sistemas criam contraestímulos à integração dos setores mais baixos e marginalizados do proletariado. A criminalização primária – as leis penais em abstrato – reflete o universo moral próprio da cultura burguesa individualista, dando total ênfase ao patrimônio priva- do e se orientando para atingir as formas de desvio dos grupos marginalizados. Os crimes dos poderosos – como os crimes do colarinho branco – tendem a ficar impu- nes até mesmo em razão da fragmentariedade do direito penal, que não é neutra. De acordo com o princípio da fragmentariedade, o direito penal não pode cuidar de todos os ilícitos. Ele deve se ocupar apenas com ofensas realmente graves a bens jurídicos relevantes. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 15 de 42www.grancursosonline.com.br CRIMINOLOGIA Sistema Penal e Reprodução da Realidade Social Prof.ª Mariana Barreiras A fragmentariedade do direito penal segue uma lei de tendência, que leva a preservar da criminalização primária as ações antissociais realizadas por integran- tes das classes sociais hegemônicas ou que são mais funcionais às exigências do processo de acumulação do capital. Criam-se, assim, zonas de imunização de con- dutas cuja danosidade se volte contra as classes subalternas. Já os processos de criminalização secundária se desenrolam de uma maneira muito parecida com aquela que narrei ao falar do professor e seus maus alunos oriundos das classes mais baixas: preconceitos e estereótipos guiam a ação dos representantes das agências de controle social formal. Policiais, delegados, pro- motores e juízes procuram a verdadeira criminalidade naqueles estratos sociais em que é normal encontrá-la. A pessoa etiquetada com o rótulo de criminosa tem a sua identidade social alterada. Ele não é visto mais da mesma maneira e nem se vê mais do mesmo modo. Fica muito fácil que se instale, então, a delinquência secundária e que nasça uma carreira criminosa. Baratta relembra o conceito de sociedade dividida de Dahrendorf: só metade da sociedade extrai de seu seio os juízes e eles têm, diante de si, predominantemen- te indivíduos provenientes da outra metade. A justiça, então, não é neutra. Existe uma justiça de classe: a distância linguística que separa julgadores e julgados; a menor possibilidade de desenvolver um papel ativo no processo e de servir-se do trabalho de advogados prestigiosos, desfavorecem os indivíduos de classes mais baixas. Os juízes desconhecem a vida das pessoas marginalizadas e são incapazes de compreender as nuances de um cotidiano de pobreza. Muitos dos julgamentos ocorrem com base no senso comum, o que é por alguns autores chamado de teoria de todos os dias. Ou seja, os juízes tendem a esperar um comportamento conforme O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 16 de 42www.grancursosonline.com.br CRIMINOLOGIA Sistema Penal e Reprodução da Realidade Social Prof.ª Mariana Barreiras à lei dos indivíduos pertencentes aos estratos médios e superiores e condutas con- trárias à lei de indivíduos provenientes de estratos inferiores. E tendem, ademais, a aplicar mais penas detentivas em desfavor dos marginalizados, pois considera-se que ela é menos comprometedora para o status social já baixo dos pobres do que se comparamos à sua aplicação a um acadêmico. Voltando aos pressupostos do labelling com que iniciamos nossa aula, Baratta parte da ideia de que as instâncias de controle social formal criam a criminalidade, constituem o delito e que, nesse processo, selecionam a população carcerária nos estratos mais baixos da população. A desigual distribuição de definições criminais – muito maior entre os pobres e muito menor entre os ricos – ocorre não de maneira fortuita, mas seguindo regras próprias, que Baratta chama de second code. Esse segundo código social, portanto, revela que o direito penal desenvolve um impor- tante papel de reprodução das relações sociais, especialmente na circunscrição e marginalização de uma população criminosa recrutada nos setores mais débeis do proletariado. Essas ideias todas questionam a neutralidade do direito, demonstram a im- portância que a estigmatização produz no indivíduo e colocam em xeque a função educativa da pena. No mundo criminal, mais uma vez tem o lugar o fenômeno da profecia auto- cumprida, de que tanto falou a teoria do labelling approach. A expectativa de cri- minalidade dirigida aos grupos mais marginalizados faz com que mesmo que haja a mesma quantidade de condutas ilícitas nos diferentes estratos sociais, elas serão mais facilmente detectadase punidas nos estratos mais baixos da sociedade. O sistema penal age, então, de forma bastante similar à da escola, reproduzin- do a estratificação e operando no sentido de mantê-la. Por isso a existência, em O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 17 de 42www.grancursosonline.com.br CRIMINOLOGIA Sistema Penal e Reprodução da Realidade Social Prof.ª Mariana Barreiras diferentes países, de mecanismos de internação de menores delinquentes e por isso, também, o intercâmbio entre internos dessas instituições de internação e dos presídios. São a mesma população, submetem-se à mesma lógica. Apesar de as instituições de internação de menores infratores pretenderem ressocializar, não é isso que ocorre. A cada sucessiva passagem do menor por uma instituição de as- sistência corresponde um aumento, em lugar de diminuição, das chances de ser selecionado para uma carreira criminal. Os efeitos da intervenção estatal nos criminosos são tão determinantes que, aqueles que foram submetidos às instâncias de controle social formal (investi- gados, processados, presos, condenados) revelam uma criminalidade secundária mais alta do que aqueles que puderam se subtrair a essa intervenção. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 18 de 42www.grancursosonline.com.br CRIMINOLOGIA Sistema Penal e Reprodução da Realidade Social Prof.ª Mariana Barreiras RESUMO CONTROLE SOCIAL: freios que a sociedade apresenta aos indivíduos que alme- jam a prática de alguma conduta antissocial. • Informal: não há presença do Estado (famílias, Igreja, vizinhança, clubes) → se torna objeto da Criminologia com a Escola de Chicago • Formal: há presença do Estado (polícia, Ministério Público, Poder Judiciário) → se torna objeto da Criminologia com o labelling approach. DELINQUÊNCIA PRIMÁRIA E SECUNDÁRIA Delinquência primária: delitos iniciais. Delinquência secundária: reincidência, carreira criminal. CRIMINALIZAÇÃO PRIMÁRIA, SECUNDÁRIA E TERCIÁRIA C ri m in al iz aç ão p ri m ár ia Legislador cria tipos penais C ri m in al iz aç ão s ec un dá ri a Polícia investiga possíveis culpados C ri m in al iz aç ão t er ci ár ia Estigmatização causada pelo processo criminal PREVENÇÃO PRIMÁRIA, SECUNDÁRIA E TERCIÁRIA Primária: voltada para as causas do cometimento do crime. Secundária: voltada para as oportunidades de cometimento de um crime. Terciária: voltada para evitar a delinquência. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 19 de 42www.grancursosonline.com.br CRIMINOLOGIA Sistema Penal e Reprodução da Realidade Social Prof.ª Mariana Barreiras SISTEMA ESCOLAR E PENAL Ambos reproduzem a estrutura vertical de classes sociais. Ambos selecionam nos grupos marginalizados da sociedade. A escola seleciona os maus alunos. O sistema penal retira prioritariamente desses grupos seus deten- tos. Maus alunos e detentos engajam na profecia autocumprida e mergulham no papel a eles atribuído (de mau aluno ou de delinquente). Sociedade dividida de Dahrendorf: só metade da sociedade extrai de seu seio os juízes e eles têm, diante de si, predominantemente indivíduos provenientes da outra metade. A justiça, então, não é neutra, mas de classe. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 20 de 42www.grancursosonline.com.br CRIMINOLOGIA Sistema Penal e Reprodução da Realidade Social Prof.ª Mariana Barreiras QUESTÕES DE CONCURSO 1. (FCC/2013/TRT-15/TÉCNICO JUDICIÁRIO) Na moderna concepção de prevenção das infrações penais e o Estado Democrático de Direito, a efetiva materialização de políticas públicas faz parte da prevenção primária do crime. 2. (VUNESP/2013/PC/AGENTE POLICIAL) Entende(m)-se por prevenção primária a) as ações policiais dirigidas aos indivíduos vulneráveis. b) as políticas públicas dirigidas aos grupos de risco. c) aquela dirigida exclusivamente ao preso, em busca de sua reinserção familiar e/ ou social. d) o trabalho de conscientização social, o qual atua no fenômeno criminal, em sua etiologia. e) aquela que age em momento posterior ao crime ou na iminência de seu acon- tecimento. 3. (VUNESP/2013/PC/ATENDENTE DE NECROTÉRIO) Entende-se que a prevenção criminal terciária a) é o trabalho de conscientização social, que ataca a inclinação à prática criminosa em sua origem. b) é a modalidade exclusivamente voltada à figura do encarcerado, pois visa sua reintegração familiar e social. c) constitui uma das formas de participação popular na gestão pública. d) representa os métodos e mecanismos profiláticos de combate às causas da cri- minalidade. e) é o aparato de repressão criminal, de modo a desestimular futuras práticas de- litivas. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 21 de 42www.grancursosonline.com.br CRIMINOLOGIA Sistema Penal e Reprodução da Realidade Social Prof.ª Mariana Barreiras 4. (VUNESP/2013/PC/AUXILIAR DE PAPILOSCOPISTA POLICIAL) Compreende-se por “prevenção delitiva” o conjunto de ações que visam evitar a ocorrência do de- lito. Assim sendo, a prevenção terciária está focada a) na migração, com o objetivo de evitar grande concentração populacional numa determinada região, favorecendo o desemprego, moradias irregulares e conflito étnico. b) no recluso, o que permite identificar o destinatário; visa a sua recuperação, evitando a reincidência, é realizada por meio de medidas socioeducativas e resso- cializadoras. c) na raiz do conflito criminal, para neutralizá-lo antes que o problema se mani- feste, como educação, emprego, moradia e segurança; é, sem dúvida nenhuma, a mais eficaz. d) nos setores da sociedade que podem, a médio e longo prazos, desencadear pro- blemas criminais; apresenta- se por meio de ações policiais e controle dos meios de comunicação. e) no controle de natalidade, por meio de ações educativas de planejamento e con- trole familiar, estruturado nos programas sociais do governo com apoio financeiro. 5. (VUNESP/2013/PC/PAPILOSCOPISTA POLICIAL) A prevenção criminal secundá- ria é aquela que atua: a) na recuperação do recluso, visando a sua socialização por meio do trabalho e estudo, evitando sua reincidência. b) em setores específicos ou de maior vulnerabilidade da sociedade, por meio de ação policial, programas de apoio e controle das comunicações. c) na qualidade de vida de um povo, na proteção aos bens patrimoniais e nos di- reitos individuais e sociais. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição,sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 22 de 42www.grancursosonline.com.br CRIMINOLOGIA Sistema Penal e Reprodução da Realidade Social Prof.ª Mariana Barreiras d) nos direitos sociais universalmente conhecidos, como educação, moradia e se- gurança. e) na reparação do dano causado em razão da delinquência, assistindo o recluso com programas psicológicos e de assistência social. 6. (VUNESP/2013/PC/ESCRIVÃO DE POLÍCIA) As políticas públicas de prevenção criminal terciária têm por público-alvo a) a vítima de violência doméstica. b) o adolescente. c) o preso. d) o idoso. e) o usuário de drogas ilícitas. 7. (VUNESP/2013/PC/ESCRIVÃO DE POLÍCIA) A atuação das polícias, do ministério público e da justiça criminal, quando focada em determinados grupos ou setores da sociedade, por possuírem maior risco de praticar o crime ou de ser vitimados por este, constitui programa de prevenção a) secundária. b) quaternária. c) primária. d) quinária. e) terciária. 8. (VUNESP/2013/PC/AUXILIAR DE NECROPSIA) A atuação do sistema carcerário é considerada fator de ___________ de cometimento de crimes na sociedade. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 23 de 42www.grancursosonline.com.br CRIMINOLOGIA Sistema Penal e Reprodução da Realidade Social Prof.ª Mariana Barreiras a) repressão primária b) prevenção terciária c) repressão secundária d) prevenção primária e) prevenção secundária 9. (CESPE/2013/DPF/DELEGADO) No que se refere à prevenção da infração penal, julgue os próximos itens. Ações como controle dos meios de comunicação e ordenação urbana, orientadas a determinados grupos ou subgrupos sociais, estão inseridas no âmbito da chamada prevenção secundária do delito. 10. (CESPE/2013/DPF/DELEGADO) No que se refere à prevenção da infração pe- nal, julgue os próximos itens. As modalidades preventivas nas quais se inserem os programas de policiamento orientado à solução de problemas e de policiamento comunitário, assim como ou- tros programas de aproximação entre polícia e comunidade, podem ser incluídas na categoria de prevenção primária. 11. (CESPE/2013/DPF/DELEGADO) No que se refere à prevenção da infração pe- nal, julgue os próximos itens. Na terminologia criminológica, criminalização primária equivale à chamada preven- ção primária. 12. (IADES/2017/PMDF/POLICIAL MILITAR) A prevenção que tem por destinatário o recluso (ou seja, a população presa) e por objetivo evitar a reincidência denomi- na-se prevenção O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 24 de 42www.grancursosonline.com.br CRIMINOLOGIA Sistema Penal e Reprodução da Realidade Social Prof.ª Mariana Barreiras a) primária. b) secundária. c) terciária. d) quaternária. e) quinaria. 13. (MS CONCURSOS/2010/SEDS-PE/SARGENTO DA POLÍCIA MILITAR) Policia- mento Comunitário é a ação de policiar junto a comunidade. Em referência a esta afirmação, assinale a CORRETA: a) É serviço policial aproximado às pessoas, personalizado. b) É filosofia de trabalho indistinta a todos Órgãos Policiais. c) É visto como tática a ser implementado pela Polícia. d) É a aproximação do policial junto à sociedade visando a prática de relações pú- blicas junta a esta. e) O policial envolvido não precisa ser treinado para desenvolver este policiamento. 14. (VUNESP/PC-SP/2018/PAPILOSCOPISTA POLICIAL) O saber criminológico, no Estado Democrático de Direito, tem por objetivo evitar a ocorrência do delito; por- tanto, são aspectos importantes de prevenção terciária a) o policiamento, a assistência social e o conselho tutelar. b) a educação, a religião e o lazer. c) a laborterapia, a liberdade assistida e a prestação de serviços comunitários. d) as posturas municipais, a classificação etária dos programas televisivos e o ci- vismo. e) a cultura, a qualidade de vida e o trabalho. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 25 de 42www.grancursosonline.com.br CRIMINOLOGIA Sistema Penal e Reprodução da Realidade Social Prof.ª Mariana Barreiras 15. (INÉDITA) Medidas de target hardening orientadas a hot spots são exemplos de prevenção primária uma vez que diminuem os conflitos que estão na base da criminalidade. 16. (INÉDITA) Um dos principais pilares do policiamento comunitário é o respeito à hierarquia militar. 17. (INÉDITA) A escola, para a criminologia crítica, é importante instância da dimi- nuição de desigualdades entre as classes. 18. (INÉDITA) Criminalização primária e delinquência primária são expressões si- nônimas que dizem respeito aos primeiros atos criminais praticados por alguém. 19. (INÉDITA) A profecia autocumprida pode se verificar tanto no ambiente esco- lar como no sistema penal, preenchendo as expectativas direcionadas aos estratos mais baixos da população. 20. (INÉDITA) A criminalização secundária é aquela que se verifica no momento em que a polícia instaura um inquérito penal para apurar a materialidade e autoria de um delito para o qual já há um suspeito. 21. (INÉDITA) O conceito de sociedade dividida de Dahrendorf busca traçar uma divisão objetiva entre delinquentes e não delinquentes. 22. Para Baratta, as sanções escolares negativas são importantes porque se confi- guram em mecanismo neutro de controle social informal. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 26 de 42www.grancursosonline.com.br CRIMINOLOGIA Sistema Penal e Reprodução da Realidade Social Prof.ª Mariana Barreiras 23. (INÉDITA) O second code mencionado por Baratta resulta na desigual distribuição de definições criminais – muito maior entre os pobres e muito menor entre os ricos. 24. (INÉDITA) Edwin Lemert insere-se no grupo de teóricos interacionistas que estudam a importância da delinquência secundária. 25. (INÉDITA) Para a criminalização primária, é fundamental que o legislador defi- na quais são os hot spots da criminalidade. 26. (INÉDITA) De acordo com a visão da criminologia crítica, a fragmentariedade é um princípio neutro do direito penal segundo o qual apenas as ofensas mais sérias aos bens jurídicos mais relevantes devem ser criminalizadas. 27. (INÉDITA) Pesquisas têm demonstrado que criminosos que não são submeti- dos aos filtros das instâncias de controle social formal apresentam menor taxa de reincidência se comparados àqueles que foram selecionados pelas engrenagens do sistema penal. 28. (INÉDITA) Para Alessandro Baratta, o sistema escolar e o sistema penal são complementares e criam contraestímulos à integração da camada mais pobre da população. 29. (INÉDITA) A teoria de todos os dias propugna que os indivíduos pertencentes à camada mais pobre da sociedade lidam com crimes e criminosos em seu cotidiano e acabam por naturalizar condutas ilícitas, o que diminui os freios ao seu cometimento. 30. (INÉDITA)As ideias da criminologia crítica colocam em xeque a função educa- tiva da pena. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 27 de 42www.grancursosonline.com.br CRIMINOLOGIA Sistema Penal e Reprodução da Realidade Social Prof.ª Mariana Barreiras GABARITO 1. C 2. b 3. b 4. b 5. b 6. c 7. a 8. b 9. C 10. E 11. E 12. c 13. a 14. c 15. E 16. E 17. E 18. E 19. C 20. C 21. E 22. E 23. C 24. C 25. E 26. E 27. C 28. C 29. E 30. C O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 28 de 42www.grancursosonline.com.br CRIMINOLOGIA Sistema Penal e Reprodução da Realidade Social Prof.ª Mariana Barreiras GABARITO COMENTADO 1. (FCC/2013/TRT-15/TÉCNICO JUDICIÁRIO) Na moderna concepção de prevenção das infrações penais e o Estado Democrático de Direito, a efetiva materialização de políticas públicas faz parte da prevenção primária do crime. Certo. A prevenção primária busca diminuir os conflitos sociais que estão na base da ra- zão para o cometimento do crime. A implementação de políticas públicas se insere nesse tipo de prevenção: devem ser resolvidas as situações de carência, as desi- gualdades, os conflitos da sociedade, para que desapareçam as causas que levam à criminalidade. 2. (VUNESP/2013/PC/AGENTE POLICIAL) Entende(m)-se por prevenção primária a) as ações policiais dirigidas aos indivíduos vulneráveis. b) as políticas públicas dirigidas aos grupos de risco. c) aquela dirigida exclusivamente ao preso, em busca de sua reinserção familiar e/ ou social. d) o trabalho de conscientização social, o qual atua no fenômeno criminal, em sua etiologia. e) aquela que age em momento posterior ao crime ou na iminência de seu acon- tecimento. Letra b. A prevenção primária busca diminuir os conflitos sociais que estão na base da ra- zão para o cometimento do crime. A implementação de políticas públicas se insere nesse tipo de prevenção. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 29 de 42www.grancursosonline.com.br CRIMINOLOGIA Sistema Penal e Reprodução da Realidade Social Prof.ª Mariana Barreiras 3. (VUNESP/2013/PC/ATENDENTE DE NECROTÉRIO) Entende-se que a prevenção criminal terciária a) é o trabalho de conscientização social, que ataca a inclinação à prática criminosa em sua origem. b) é a modalidade exclusivamente voltada à figura do encarcerado, pois visa sua reintegração familiar e social. c) constitui uma das formas de participação popular na gestão pública. d) representa os métodos e mecanismos profiláticos de combate às causas da cri- minalidade. e) é o aparato de repressão criminal, de modo a desestimular futuras práticas de- litivas. Letra b. A prevenção terciária é voltada para o preso, com o fim de evitar que volte a de- linquir. 4. (VUNESP/2013/PC/AUXILIAR DE PAPILOSCOPISTA POLICIAL) Compreende-se por “prevenção delitiva” o conjunto de ações que visam evitar a ocorrência do de- lito. Assim sendo, a prevenção terciária está focada a) na migração, com o objetivo de evitar grande concentração populacional numa determinada região, favorecendo o desemprego, moradias irregulares e conflito étnico. b) no recluso, o que permite identificar o destinatário; visa a sua recuperação, evitando a reincidência, é realizada por meio de medidas socioeducativas e resso- cializadoras. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 30 de 42www.grancursosonline.com.br CRIMINOLOGIA Sistema Penal e Reprodução da Realidade Social Prof.ª Mariana Barreiras c) na raiz do conflito criminal, para neutralizá-lo antes que o problema se mani- feste, como educação, emprego, moradia e segurança; é, sem dúvida nenhuma, a mais eficaz. d) nos setores da sociedade que podem, a médio e longo prazos, desencadear pro- blemas criminais; apresenta- se por meio de ações policiais e controle dos meios de comunicação. e) no controle de natalidade, por meio de ações educativas de planejamento e con- trole familiar, estruturado nos programas sociais do governo com apoio financeiro. Letra b. A prevenção terciária é voltada para o preso, com o fim de evitar que volte a de- linquir. 5. (VUNESP/2013/PC/PAPILOSCOPISTA POLICIAL) A prevenção criminal secundá- ria é aquela que atua: a) na recuperação do recluso, visando a sua socialização por meio do trabalho e estudo, evitando sua reincidência. b) em setores específicos ou de maior vulnerabilidade da sociedade, por meio de ação policial, programas de apoio e controle das comunicações. c) na qualidade de vida de um povo, na proteção aos bens patrimoniais e nos di- reitos individuais e sociais. d) nos direitos sociais universalmente conhecidos, como educação, moradia e se- gurança. e) na reparação do dano causado em razão da delinquência, assistindo o recluso com programas psicológicos e de assistência social. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 31 de 42www.grancursosonline.com.br CRIMINOLOGIA Sistema Penal e Reprodução da Realidade Social Prof.ª Mariana Barreiras Letra b. A prevenção secundária atua considerando os locais e os momentos em que os crimes ocorrem. Ela é voltada para atacar as oportunidades que oferecem maior atrativo para o infrator. Não se interessa pelas causas do delito, mas sim pelas for- mas – local, horário, vítima – de seu cometimento. Ideias de atuação em setores de maior vulnerabilidade da sociedade, com, por exemplo, emprego de técnicas de vigilância de ambientes (câmeras, vigilância pessoal, ronda de veículos de seguran- ça), são típicas de prevenção secundária. 6. (VUNESP/2013/PC/ESCRIVÃO DE POLÍCIA) As políticas públicas de prevenção criminal terciária têm por público-alvo a) a vítima de violência doméstica. b) o adolescente. c) o preso. d) o idoso. e) o usuário de drogas ilícitas. Letra c. A prevenção terciária é voltada para o preso e tem por objetivo evitar sua reinci- dência. 7. (VUNESP/2013/PC/ESCRIVÃO DE POLÍCIA) A atuação das polícias, do ministério público e da justiça criminal, quando focada em determinados grupos ou setores da sociedade, por possuírem maior risco de praticar o crime ou de ser vitimados por este, constitui programa de prevenção O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 32 de 42www.grancursosonline.com.br CRIMINOLOGIA Sistema Penal e Reprodução da Realidade Social Prof.ª Mariana Barreirasa) secundária. b) quaternária. c) primária. d) quinária. e) terciária. Letra a. A prevenção secundária atua considerando os locais e os momentos em que os crimes ocorrem. Ela é voltada para atacar as oportunidades que oferecem maior atrativo para o infrator. Não se interessa pelas causas do delito, mas sim pelas for- mas – local, horário, vítima – de seu cometimento. 8. (VUNESP/2013/PC/AUXILIAR DE NECROPSIA) A atuação do sistema carcerário é considerada fator de ___________ de cometimento de crimes na sociedade. a) repressão primária b) prevenção terciária c) repressão secundária d) prevenção primária e) prevenção secundária Letra b. Quando o sistema carcerário desenvolve os projetos de ressocialização do preso, realiza a chamada prevenção terciária, que tem por objetivo evitar a reincidência. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 33 de 42www.grancursosonline.com.br CRIMINOLOGIA Sistema Penal e Reprodução da Realidade Social Prof.ª Mariana Barreiras 9. (CESPE/2013/DPF/DELEGADO) No que se refere à prevenção da infração penal, julgue os próximos itens. Ações como controle dos meios de comunicação e ordenação urbana, orientadas a determinados grupos ou subgrupos sociais, estão inseridas no âmbito da chamada prevenção secundária do delito. Certo. A prevenção secundária se preocupa com a desconstrução de oportunidades para o crime, considerando os locais e momentos em que são cometidos. Controle dos meios de comunicação e ordenação urbana, orientadas a determinados grupos ou subgrupos sociais, são típicos exemplos de medidas de prevenção secundária. 10. (CESPE/2013/DPF/DELEGADO) No que se refere à prevenção da infração pe- nal, julgue os próximos itens. As modalidades preventivas nas quais se inserem os programas de policiamento orientado à solução de problemas e de policiamento comunitário, assim como ou- tros programas de aproximação entre polícia e comunidade, podem ser incluídas na categoria de prevenção primária. Errado. Os programas mencionados se inserem na categoria de prevenção secundária. 11. (CESPE/2013/DPF/DELEGADO) No que se refere à prevenção da infração pe- nal, julgue os próximos itens. Na terminologia criminológica, criminalização primária equivale à chamada preven- ção primária. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 34 de 42www.grancursosonline.com.br CRIMINOLOGIA Sistema Penal e Reprodução da Realidade Social Prof.ª Mariana Barreiras Errado. A prevenção primária visa atacar as causas que levam ao cometimento do crime. Já a criminalização primária é a imposição, pelo sistema de persecução penal, de uma sanção a um ato considerado ilícito. 12. (IADES/2017/PMDF/POLICIAL MILITAR) A prevenção que tem por destinatário o recluso (ou seja, a população presa) e por objetivo evitar a reincidência denomi- na-se prevenção a) primária. b) secundária. c) terciária. d) quaternária. e) quinaria. Letra c. A prevenção terciária é voltada para os presos e tem por objetivo evitar a reinci- dência. 13. (MS CONCURSOS/2010/SEDS-PE/SARGENTO DA POLÍCIA MILITAR) Policia- mento Comunitário é a ação de policiar junto a comunidade. Em referência a esta afirmação, assinale a CORRETA: a) É serviço policial aproximado às pessoas, personalizado. b) É filosofia de trabalho indistinta a todos Órgãos Policiais. c) É visto como tática a ser implementado pela Polícia. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 35 de 42www.grancursosonline.com.br CRIMINOLOGIA Sistema Penal e Reprodução da Realidade Social Prof.ª Mariana Barreiras d) É a aproximação do policial junto à sociedade visando a prática de relações pú- blicas junta a esta. e) O policial envolvido não precisa ser treinado para desenvolver este policiamento. Letra a. Uma das características do policiamento comunitário é a maior interação entre policiais e cidadãos visando ao estabelecimento de uma relação de confiança e cooperação mú- tua. Não é uma tática, mas sim uma filosofia de trabalho. Nem todos os órgãos e uni- dades policiais aplicam. O objetivo não é realizar relações públicas, mas sim organizar a prevenção do crime tendo como base a comunidade. É necessário que o policial seja treinado em policiamento comunitário para que bem o execute. 14. (VUNESP/PC-SP/2018/PAPILOSCOPISTA POLICIAL) O saber criminológico, no Estado Democrático de Direito, tem por objetivo evitar a ocorrência do delito; por- tanto, são aspectos importantes de prevenção terciária a) o policiamento, a assistência social e o conselho tutelar. b) a educação, a religião e o lazer. c) a laborterapia, a liberdade assistida e a prestação de serviços comunitários. d) as posturas municipais, a classificação etária dos programas televisivos e o ci- vismo. e) a cultura, a qualidade de vida e o trabalho. Letra c. A letra “c” é a única alternativa que traz três medidas voltadas a evitar a reincidên- cia, objetivo da prevenção terciária. 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(INÉDITA) Um dos principais pilares do policiamento comunitário é o respeito à hierarquia militar. Errado. Um dos postulados do policiamento comunitário é descentralizar o comando das polícias para que haja maior aproximação entre comunidade e policiais. 17. (INÉDITA) A escola, para a criminologia crítica, é importante instância da dimi- nuição de desigualdades entre as classes. Errado. A escola, assim como o sistema penal, legitima e ajuda a manter o sistema social de hierarquia de classes. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 37 de 42www.grancursosonline.com.br CRIMINOLOGIA Sistema Penal e Reprodução da Realidade Social Prof.ª Mariana Barreiras 18. (INÉDITA) Criminalização primária e delinquência primária são expressões si- nônimas que dizem respeito aos primeiros atos criminais praticados por alguém. Errado. Criminalização primária é a criação de tipos penais pelo legislador, enquanto delin- quência primária diz respeito aos primeiros atoscriminais praticados por alguém. 19. (INÉDITA) A profecia autocumprida pode se verificar tanto no ambiente esco- lar como no sistema penal, preenchendo as expectativas direcionadas aos estratos mais baixos da população. Certo. Tanto maus alunos como detentos engajam na profecia autocumprida e mergulham no papel a eles atribuído (de mau aluno ou de delinquente). 20. (INÉDITA) A criminalização secundária é aquela que se verifica no momento em que a polícia instaura um inquérito penal para apurar a materialidade e autoria de um delito para o qual já há um suspeito. Certo. A criminalização secundária tem lugar quando as instâncias de controle social for- mal investigam possíveis culpados. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 38 de 42www.grancursosonline.com.br CRIMINOLOGIA Sistema Penal e Reprodução da Realidade Social Prof.ª Mariana Barreiras 21. (INÉDITA) O conceito de sociedade dividida de Dahrendorf busca traçar uma divisão objetiva entre delinquentes e não delinquentes. Errado. O conceito de sociedade dividida de Dahrendorf diz respeito ao fato de que só me- tade da sociedade extrai de seu seio os juízes, que têm, diante de si, predominan- temente indivíduos provenientes da outra metade. A justiça, então, não é neutra. Existe uma justiça de classe. 22. Para Baratta, as sanções escolares negativas são importantes porque se confi- guram em mecanismo neutro de controle social informal. Errado. Para Baratta, as sanções escolares negativas, tais como repetição de anos, notas baixas em provas, expulsões, etc., não são neutras. Aliás, são muito maiores quan- do se desce aos níveis inferiores da escala social. As técnicas de seleção baseadas em testes de coeficientes de inteligência ou no conceito de mérito carecem de neu- tralidade, pois são aplicadas por profissionais que trazem consigo estereótipos e preconceitos. 23. (INÉDITA) O second code mencionado por Baratta resulta na desigual distri- buição de definições criminais – muito maior entre os pobres e muito menor entre os ricos. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 39 de 42www.grancursosonline.com.br CRIMINOLOGIA Sistema Penal e Reprodução da Realidade Social Prof.ª Mariana Barreiras Certo. A desigual distribuição de definições criminais – muito maior entre os pobres e muito menor entre os ricos – ocorre não de maneira fortuita, mas seguindo regras próprias, que Baratta chama de second code. Esse segundo código social, portanto, revela que o direito penal desenvolve um importante papel de reprodução das re- lações sociais, especialmente na circunscrição e marginalização de uma população criminosa recrutada nos setores mais débeis do proletariado. 24. (INÉDITA) Edwin Lemert insere-se no grupo de teóricos interacionistas que estudam a importância da delinquência secundária. Certo. Edwin Lemert é um teórico do labelling approach, teoria interacionista por acredi- tar que é impossível analisar o delito sem analisar a reação social a ele, ou seja, a interação entre pessoas e grupos. Lemert explica que, cometido o primeiro delito, a reação social e consequente punição de um primeiro comportamento delinquente frequentemente causa um “commitment to deviance”, ou seja, um comprometi- mento com o crime. O indivíduo, se for rotulado com a etiqueta de criminoso pelas instâncias de controle social formal, vai tender a se manter sob esse papel que lhe foi atribuído, como um efeito psicológico de defesa, ataque e adequação aos pro- blemas oriundos do primeiro desvio. Nasce então a delinquência secundária. 25. (INÉDITA) Para a criminalização primária, é fundamental que o legislador defi- na quais são os hot spots da criminalidade. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 40 de 42www.grancursosonline.com.br CRIMINOLOGIA Sistema Penal e Reprodução da Realidade Social Prof.ª Mariana Barreiras Errado. A criminalização primária diz respeito à criação de tipos penais pelo legislador. Para que se defina uma conduta como criminosa, não é necessário saber quais são os principais locais de ocorrência de um delito (hot spots ou lugares quentes da crimi- nalidade). 26. (INÉDITA) De acordo com a visão da criminologia crítica, a fragmentariedade é um princípio neutro do direito penal segundo o qual apenas as ofensas mais sérias aos bens jurídicos mais relevantes devem ser criminalizadas. Errado. De fato, segundo o princípio da fragmentariedade apenas as ofensas mais sérias aos bens jurídicos mais relevantes devem ser criminalizadas. No entanto, o conte- údo e o não conteúdo da criminalização primária, isto é, os bens jurídicos tutelados e os não tutelados pela lei penal em abstrato, refletem o universo moral próprio da cultura burguesa individualista, dando total ênfase ao patrimônio privado e se orientando para atingir as formas de desvio dos grupos marginalizados. Os crimes dos poderosos – como os crimes do colarinho branco – tendem a ficar impunes. Assim, a fragmentariedade do direito penal é necessária, porém não é neutra. 27. (INÉDITA) Pesquisas têm demonstrado que criminosos que não são submeti- dos aos filtros das instâncias de controle social formal apresentam menor taxa de reincidência se comparados àqueles que foram selecionados pelas engrenagens do sistema penal. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 41 de 42www.grancursosonline.com.br CRIMINOLOGIA Sistema Penal e Reprodução da Realidade Social Prof.ª Mariana Barreiras Certo. Os efeitos da intervenção estatal nos criminosos são tão determinantes que, aque- les que foram submetidos às instâncias de controle social formal (investigados, processados, presos, condenados) revelam uma criminalidade secundária mais alta do que aqueles que puderam se subtrair a essa intervenção. 28. (INÉDITA) Para Alessandro Baratta, o sistema escolar e o sistema penal são complementares e criam contraestímulos à integração da camada mais pobre da população. Certo. A ideia central de Alessandro Baratta em seu capítulo denominado “Sistema penal e reprodução da realidade social” é demonstrar que o sistema escolar e o sistema penal são complementares e ajudam a reproduzir e assegurar as relações sociais verticalizadas. Ambos os sistemas criam contraestímulos à integração dos setores mais baixos e marginalizados do proletariado. 29. (INÉDITA) A teoria de todos os dias propugna que os indivíduos pertencentes à camada mais pobre da sociedade lidam com crimes e criminosos em seu cotidiano e acabam por naturalizar condutas ilícitas, o que diminui os freios ao seu cometimento. Errado. A criminologia crítica defende que os juízes desconhecem a vida das pessoas mar- ginalizadas e são incapazes de compreender as nuances de um cotidiano de pobre- za. Muitos dos julgamentos ocorrem com base no senso comum, o que é por alguns autores chamado de teoriade todos os dias. Ou seja, os juízes tendem a esperar O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 42 de 42www.grancursosonline.com.br CRIMINOLOGIA Sistema Penal e Reprodução da Realidade Social Prof.ª Mariana Barreiras um comportamento conforme à lei dos indivíduos pertencentes aos estratos mé- dios e superiores e condutas contrárias à lei de indivíduos provenientes de estratos inferiores. E tendem, ademais, a aplicar mais penas detentivas em desfavor dos marginalizados, pois considera-se que ela é menos comprometedora para o status social já baixo dos pobres do que se comparamos à sua aplicação a um acadêmico. 30. (INÉDITA) As ideias da criminologia crítica colocam em xeque a função educa- tiva da pena. Certo. Como a criminologia crítica percebe que a passagem do indivíduo pelo sistema pe- nal gera mais criminalidade, especificamente a criminalidade secundária, passa-se a questionar se a pena pode ter alguma função de educar, socializar. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br V – Sistema Penal e Reprodução da Realidade Social Controle Social e Labelling Approach Delinquência Primária e Secundária Criminalização Primária, Secundária e Terciária Prevenção Primária, Secundária e Terciária Prevenção Primária Prevenção Secundária Prevenção Terciária O Sistema Escolar e o Sistema Penal Resumo Questões de Concurso Gabarito Gabarito Comentado
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