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Universidade Federal do Espírito Santo OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS Obrigações I - Professor Dr. Augusto Passamani Aluna: Ana Gabriela Pinheiro Frisso Matricula: 2019200148 Vila Velha 2020 Sumário 1. O que é Obrigações solidárias............................página 3 2. Solidariedade Ativa.............................................página 4 2.1. Pelo ângulo interno................................... página 5 2.2. Pelo ângulo externo...................................página 5 2.3. Falecimento de um credor solidário...........página 5 3. Solidariedade Passiva.........................................página 6 3.1. Pelo lado interno......................................página 6 3.2. Pelo lado externo....................................página 6 3.3. Impossibilidade da prestação................. página 6 3.4. Falecimento de um devedor solidário.......página 7 3.5. Exoneração da solidariedade....................página 7 4. Conclusão.........................................................página 8 5. Referencias........................................................página 9 1.O que é Obrigações solidárias De início, é interessante destacar que as obrigações solidárias não interessam apenas o direito obrigacional, mas o contratual e demais ramos do direito como o direito empresarial, tributário e imobiliário. É importante evidenciar que a obrigação solidária deriva de uma relação jurídica subjetiva com base nas pessoas, e ela não se presume, mas sim resulta da lei ou da vontade das partes em questão (CC, artigo 264 e 265). Deve haver, por isso, manifestação das duas partes, no sentido de existir responsabilidade solidária no que diz respeito à obrigação. Portanto, a solidariedade deve ser comprovada quando invocada. A solidariedade pode ser pura e simples, para um dos sujeitos solidários e ou condicional, a termo ou com encargo para outro (artigo 266 CC). O Direito Civil por ser um ramo jurídico em que se prevalece a autonomia da vontade, é de extrema importância a liberdade negocial que é concedida aos sujeitos de uma relação obrigacional. Podendo usufruir de tal liberdade, podem credores e devedores, sem nenhum impedimento, estabelecerem a solidariedade em seus atos negociais. A obrigação solidária tem como característica a coincidência de interesses para a satisfação das partes. Nesse tipo de obrigação, devedores ou credores estão unidos para alcançar o mesmo fim, sendo esse fim de extrema importância, já que se falta esse fim, não existe a solidariedade desejada. Quando existe mais de um credor ou de devedores, cada credor terá direito a dívida toda, como se fosse o único credor, e/ou cada devedor estará obrigado pelo debito todo, como se fosse o único devedor. A obrigação solidária e a sua natureza, são controversas entre autores, uns inclinam-se para a tese de unidade e outros em sua maioria, na tese da pluralidade. Os que se inclinam para a tese da unidade creem na existência de apenas um vínculo, já os que creem na tese pluralista, afirmam que há tantos vínculos quantos devedores ou credores, sendo assim, ligados pela identidade de objeto e da causa. Para Orlando Gomes, a tese da unidade prevalece," Entre nós, a doutrina pende para a tese da unidade, suposição de que é imprescindível, à unidade objetiva da prestação, obrigação única com pluralidade de sujeitos." (GOMES, 2008, Pág. 80) Assim, as obrigações solidárias são caracterizadas e compostas pela multiplicidade de sujeitos que a integram, seja no polo ativo que seria uma solidariedade ativa, seja no polo passivo que seria uma solidariedade passiva. Sendo elas discutidas nos próximos pontos abaixo, e também discutindo seus pontos divergentes de acordo com o código civil, doutrina e jurisprudência. 2. Solidariedade Ativa Nesse ponto vamos discutir o conceito e os desdobramentos da solidariedade ativa que ocorre quando o sujeito se encontra no polo ativo do negócio. A solidariedade ativa consiste na multiplicidade de credores, cada um com direito a uma quota parte da prestação. No entanto, em decorrência da solidariedade, cada um dos credores tem o direito de requerer por inteiro o adimplemento da prestação, devendo passar a quota parte a cada um dos cocredores relativamente ao valor correspondente da prestação. Ocorre ainda o fenômeno da prevenção: que se dá quando um dos credores solidários demandar por via judicial ou extrajudicialmente, do devedor, o adimplemento da obrigação, terá, conforme versa a parte inicial do artigo 268 do Código Civil “Enquanto algum dos credores solidários não demandarem o devedor comum (…) ” apenas este credor deverá receber o objeto da prestação, tendo sido o único a pleiteá-la. No que se refere à prescrição, o artigo 204 do CC prevê que a suspensão do prazo prescricional não irá gerar benefícios em relação aos demais credores, mas somente àquele que deu causa à suspensão. Por outro lado, quando há interrupção da prescrição, tal é estendida a todos os credores solidários. A obrigação solidária ativa pode ter sua origem legal, como ocorre com os locadores no caso de locação de imóvel urbano artigo 2º da lei 8.245/1991. Porém, na maioria das vezes ocorrerá solidariedade ativa convencional, sendo constituída por uma força de um contrato celebrado entre as partes obrigacionais. Também vale ressaltar que havendo solidariedade ativa o devedor comum pode pagar a qualquer um dos credores antes mesmo da propositura de ação judicial para a cobrança do valor da obrigação conforme o artigo 268 do CC. De acordo com o exemplo abaixo é possível demonstrar a estrutura visual da solidariedade ativa –Uma a dívida de R$ 15.000,00 pode ser solicitada por qualquer credor e de qualquer maneira. Assim, o credor A pode cobrar 5 mil, 10 mil ou mesmo a dívida por inteiro do devedor, conforme o artigo 267 do Código, e do mesmo modo, o devedor D pode executar o pagamento para quem quiser e como quiser (antes de haver cobrança judicial), antes de eventual demanda proposta por qualquer dos credores. Como versa o artigo 269 do Código, caso ocorra o pagamento de forma direta ou indireta (novação, compensação e remissão), a dívida será extinta até o limite em que for atingida pela correspondente quitação ou pagamento. Apesar da falta da menção aos casos de novação, compensação e remissão se entende que a regra anterior ainda continua em vigor, pelo balizamento doutrinário, o mesmo se dizendo quanto às demais formas de pagamento indireto. 2.1. Pelo ângulo interno Dentro da solidariedade ativa existe a possibilidade que vermos como se dá essa relação pelo ângulo interno, que se dá quando o recebimento da dívida por UM credor extingue o vínculo com o devedor e o credor tem a obrigação de entregar aos outros credores a quota parte de cada um. Ou seja, no caso do credor A receber 30.000 reais do devedor E, o devedor é obrigada a fazer a distribuição dos 30.000 reais para os outros credores. Sendo 10.000 reais para o credor B e 10.000 para o credor C. 2.2. Pelo ângulo externo Já pelo ângulo externo, a solidariedade se dá no caso de qualquer credor pleitear o direito de exigir do devedor a totalidade do crédito. Sendo aplicado nesse caso o artigo 260 do CC “Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a dívida inteira; mas o devedor ou devedores se desobrigarão, pagando: I - a todos conjuntamente; II - a um, dando esta caução de ratificação dos outros credores. ” 2.3. Falecimento de um credor solidário No caso de falecimento de um credor, cada herdeiro só tem o direito de exigir e receber a quota do crédito que corresponde ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível como prevê o artigo 270 do Código. Então, se colocarmos em questão um caso hipotético onde existem três credores e o devedor D deve 3.000 reais e o credor A falece,seu herdeiro pode exigir do devedor 1000 reais que corresponde à sua parte, o que irá se concretizar na refração do crédito. Essa regra na o pode ser aplicada no caso da obrigação for de natureza indivisível. No caso da indivisibilidade se um credor vier a falecer, a obrigação indivisível só é cumprida se o objeto for entregue a um sucessor. Também é necessário enfatizar que esse efeito não permanece uma relação com a solidariedade, mas permanece com a obrigação indivisível. A prestação, entretanto, se tornar-se em um caso de perdas e danos, se mantém, para que ocorra todos os efeitos, a solidariedade, como versa o artigo 271 do Código. Sendo esse um dos principais pontos divergentes entre a obrigação indivisível e a obrigação solidária no polo ativo. 3. Solidariedade Passiva Ao contrário da solidariedade ativa, a solidariedade passiva é caracterizada pelo vínculo jurídico entre os devedores e se dá quando o devedor tem o direito de exigir dos outros devedores a respectiva quota. O artigo central que resume a solidariedade passiva é o artigo 275 do CC “O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto” 3.1. Pelo lado interno No mesmo sentido que a solidariedade ativa possui polos interno e externo, a solidariedade passiva também é caracterizada da mesma forma. Sendo visto pelo lado interno na solidariedade passiva, o lado interno se caracteriza quando o devedor paga a dívida sozinho e pode então, exigir dos demais devedores a respectiva quota. 3.2. Pelo lado externo Já pelo lado externo, o credor tem a faculdade de exigir de qualquer um dos devedores a dívida comum. Tendo como exceção o artigo 285 do CC que prevê que se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos devedores, responderá este por toda ela para com aquele que pagar, o que ao meu entendimento estaria ligado ao lado interno dessa relação. 3.3 Impossibilidade da Prestação Outro ponto a ser discutido na solidariedade passiva é a impossibilidade da prestação, onde o artigo 279 do código civil versa sobre esse assunto que diz respeito a uma situação onde todos os devedores permanecem solidários pelo valor da dívida, mas por outro lado pelas perdas e danos só responde o devedor que é culpado. “Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o culpado” artigo 279 3.4. Falecimento de um devedor solidário No caso de falecimento do devedor, cada um dos outros devedores responde individualmente pela sua quota parte, salvo se a obrigação for indivisível. Sendo que todos juntos serão considerados como um devedor só. Nesse caso o artigo 276 do CC expressa esse caso. “Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum destes será obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível; mas todos reunidos serão considerados como um devedor solidário em relação aos demais devedores’’ Para complementar, trago brevemente um agravo de instrumento (recurso que pretende obter a reforma das decisões interlocutórias) realizado no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, processo AI 0012880-19.2020.8.21.7000 RS, sendo feito o julgamento no dia 7 de Maio de 2020, tendo como relator Pedro Luiz Pozza, no órgão Julgador Décima Segunda Câmara Cível. Nesse processo é relatado o falecimento da avó do credor, que era uma das devedoras, onde o pagamento seria de 50% da dívida pelo espólio. Houve então, sucessivas intimações da parte do credor para a manifestação sobre o cumprimento da sentença pelo espólio. Porém, não houve por parte do credor a renúncia à solidariedade. Ademais, o credor foi expressamente intimado para se manifestar sobre o pedido de exclusão do espólio, considerando que no inventário houve decisão determinando que este seria responsável por 50% da dívida com autor, e silenciou sobre, manifestando-se somente acerca da penhora de bens de outra devedora. Por isso, a decisão final e unânime foi a de desprovimento do agravo de instrumento. 3.5. Exoneração da solidariedade Sabendo que a lei permite que o credor renuncie a solidariedade, destaco que é importante ressaltar que o credor está renunciando a solidariedade e não a dívida, podendo ser a favor de quem ele decidir, sendo possível renunciar apenas de um devedor, dois ou até todos os devedores. Segundo Orlando Gomes na obra Obrigações, “Mas, se a renúncia se der em favor de apenas de um ou de alguns devedores, diminui na proporção o direito de acionar os outros, pois deve ser abatida no débito a parte correspondente aos que foram favorecidos", sendo assim, nessa visão o devedor beneficiado não é exonerado, continua responsável por uma parcela da dívida. ” (GOMES, 2008, pág. 87.) 4. Conclusão Conclui-se que a matéria de obrigações solidárias, é de grande relevância por que através dela, conseguimos ver que o ordenamento jurídico consegue amparar as relações subjetivas e dando suporte tanto para o credor quanto para o devedor e, apesar dos conceitos não se aplicarem frequentemente no cotidiano, os indivíduos estão resguardados por lei caso ocorra algum entrave em suas relações. 5. Referências TARTUCE, Flávio, Manual Direito Civil, volume único. 10ª ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2020. TARTUCE, Flávio, Direito das obrigações e responsabilidade civil, 12ª ed, Rio de Janeiro: Forense; 2017 GOMES, Orlando. Obrigações, 17ª ed. Rio de Janeiro: Forense. (2008) Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul TJ-RS - Agravo de Instrumento: AI 0012880- 19.2020.8.21.7000 RS https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/1175/A-solidariedade-no-Direito-Civil https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/busca?q=obriga%C3%A7ao+solidaria https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-civil/teoria-geral-da-obrigacao-solidaria/ https://danicoelho1987.jusbrasil.com.br/noticias/689195956/obrigacoes-solidarias- resumo-completo https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/1175/A-solidariedade-no-Direito-Civil https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/busca?q=obriga%C3%A7ao+solidaria https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-civil/teoria-geral-da-obrigacao-solidaria/ https://danicoelho1987.jusbrasil.com.br/noticias/689195956/obrigacoes-solidarias-resumo-completo https://danicoelho1987.jusbrasil.com.br/noticias/689195956/obrigacoes-solidarias-resumo-completo
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