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CARVALHO, José Murilo de. As Proclamações da República. In. A formação das almas: o imaginário da República do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1990, p. 35-54. O autor José Murilo de Carvalho é importante cientista político e historiador brasileiro. Mestre e doutor em Ciência Política, tem pós-doutorado em História e atualmente ocupa a cadeira nº 5 da Academia Brasileira de Letras. A obra Em A Formação das Almas – O imaginário da República no Brasil, José Murilo de Carvalho mostra o processo de tentativa de consolidação da República no Brasil, com a criação de mitos, heróis, símbolos que incutissem na sociedade um imaginário republicano. O texto Na primeira parte do capítulo 2 da obra, o autor apresenta a ideia de que houve uma batalha pela construção de uma versão oficial dos fatos que levaram à proclamação da República. Uma luta pela narrativa que visava criar mitos e heróis para o evento. Além de apresentar os principais atores que disputaram o papel central: Marechal Deodoro da Fonseca, Benjamin Constant, Quintino Bocaiúva e Floriano Peixoto. O capítulo é dividido então em tópicos para cada um desses personagens: Deodoro: o grupo que propagava essa versão era o dos militares desvinculados da propaganda republicana, em sua maioria, oficiais que lutaram na Guerra do Paraguai e sentiam-se desprestigiados e desrespeitados após o esforço na guerra. Para os deodoristas a proclamação foi um ato estritamente militar, corporativo e executado por Deodoro e a participação civil havia sido mínima, ou até inexistente. Benjamin Constant: disputava o papel de fundador com Deodoro e era tido como o cabeça pensante da mudança para o regime republicano, sem o qual o movimento não teria passado de uma quartelada. Ele era um positivista não-ortodoxo, pacifista e que sonhava com o fim dos exércitos, o que estava em contradição com o militarismo. Os positivistas eram contrários à democracia representativa e desejavam uma república ditatorial que garantisse a incorporação do proletariado à sociedade e a quebra dos monopólios da Igreja e do Estado sobre a educação, a religião e a ciência. O autor também detalha os monumentos republicanos dedicados à Benjamin Constant, Floriano Peixoto e Júlio de Castilhos, repletos de simbologia positivista. Quintino Bocaiúva: civil, chefe do Partido Republicano Brasileiro, defendia a aliança com os militares para implantar a República e em sua versão sobre os fatos buscava minimizar o papel de Benjamin, pois os históricos eram contrários à república sociocrática proposta pelos positivistas. Nenhum líder republicano civil foi imortalizado pela arte, como os militares através de monumentos, justamente por conta da predominância militar nos atos da proclamação. Carvalho encerra o capítulo dizendo que tanto o mito da origem quanto a própria República ficaram inconclusos, o que ficara claro frente à tentativa embaraçosa de comemorar o centenário da República: civis, recém-saídos de um período de 20 anos de governo militar, sem disposição para exaltar generais e, militares sem interesse em retomar as divergências do início do regime.
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