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História e Conceitos da saúde pública

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História e Conceitos 
de Saúde Pública
W
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01
22
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1.
7
2/234
História e Conceitos de Saúde Pública
Autora: Andressa Soares de Camargo das Neves
Como citar este documento: NEVES Andressa S.C. História e Conceitos de Saúde Pública. Valinhos: 
2015.
Sumário
Apresentação da Disciplina 04
Unidade 1: História e Conceito de Política de Saúde Pública Brasileira do Período Colonial ao Império 06
Unidade 2: História e Conceito de Política de Saúde Pública Brasileira na Primeira República à Era 
Vargas
32
Unidade 3: História e Conceito de Política de Saúde Pública Brasileira do Saneamento dos Portos 
e Sanitarismo Campanhista
59
Unidade 4: História e Conceito de Política de Saúde Pública Brasileira da Segunda República ao 
Regime Militar
89
2/234
3/2343
Unidade 5: História e Conceito de Política de Saúde Pública Brasileira no Período da Nova 
República: Aspectos Relevantes das Políticas Públicas de Saúde
117
Unidade 6: História e Conceito de Política de Saúde Pública Brasileira: Lei Eloy Chaves, IAPs – 
Aspectos Relevantes das Políticas Públicas de Saúde
141
Unidade 7: O Papel dos Órgãos Oficiais na Escola Frente à Demanda por Políticas Educacionais 
que Atendam aos Desafios de uma Sociedade Multicultural
183
Unidade 8: SUS – A Organização e o Funcionamento 208
Sumário
História e Conceitos de Saúde Pública
Autora: Andressa Soares de Camargo das Neves
Como citar este documento: NEVES Andressa S.C. História e Conceitos de Saúde Pública. Valinhos: 
2015.
4/234
Apresentação da Disciplina
O conteúdo a ser apresentado nesta 
disciplina foi elaborado com o intuito de 
capacitar profissionais da área da saúde e 
áreas afins, para atuarem como agentes 
transformadores dentro do Sistema Único 
de Saúde (SUS), objetivando a prevenção, 
promoção e recuperação da saúde da 
população.
Nas últimas décadas, o mercado de 
trabalho relacionado à área da saúde 
vem apresentando um crescimento 
significativo. Diante desse fato, torna-
se cada vez mais necessária a busca de 
capacitação dos profissionais para uma 
melhor e constante atuação dentro dos 
serviços públicos de saúde. Sendo assim, 
os profissionais atuantes nesses serviços 
têm o compromisso de buscar alternativas 
para a construção de um sistema de saúde 
resolutivo, humanizado e de boa qualidade.
Esta disciplina versará sobre: os 
fatos históricos e eventos sociais 
relacionados à saúde pública no Brasil 
(seu surgimento e desenvolvimento); as 
políticas de saúde pública e os arranjos 
institucionais brasileiros; as relações entre 
Estado e Sociedade e a organização e 
funcionamento do Sistema Único de Saúde; 
e os temas conjunturais e tendências de 
reformas no setor de saúde, entre outros.
Não importa que você não se encontre 
inserido no mercado de trabalho do 
Sistema Único de Saúde; os conceitos e 
as experiências da historicidade a serem 
apresentadas aqui o ajudarão a entender 
e a refletir por que o modelo de saúde 
5/234
pública atual evoluiu e ainda tem muito a 
evoluir. Prepare-se para embarcar em uma 
aventura e finalmente entender a história e 
os conceitos de saúde pública no Brasil.
6/234
Unidade 1
História e Conceito de Política de Saúde Pública Brasileira do Período Colonial ao Império
Objetivos
1. Compreender o contexto histórico da 
Saúde Pública no Brasil do período 
Colonial ao Império.
2. Abordar os conceitos, organização e 
funcionamento do cuidado à saúde 
da população nestes períodos.
3. Apresentar uma análise do processo 
de saúde pública do Brasil do período 
Colonial ao Império.
Unidade 1 • História e Conceito de Política de Saúde Pública Brasileira do Período Colonial ao Império7/234
1. Introdução
No início do século XVI, Portugal, em 
seu projeto de expansão ultramarina, 
chegara às terras brasileiras. Encontrou 
aqui, entretanto, algo diferente da riqueza 
em ouro e diamante que procurava. 
Uma beleza natural tão impressionante, 
distribuída em uma imensidão territorial. 
Mas não demorou para que os portugueses 
percebessem que essas novas terras 
guardavam mais uma surpresa: habitantes. 
Seres humanos com um modo de vida 
completamente diferente do modelo 
europeu, os chamados índios (VICENTINO; 
DORIGO, 2012).
Os primeiros contatos entre brancos e 
índios foram de maneira amigável, e pouco 
a pouco os interesses dos colonizadores 
passaram a se opor radicalmente aos dos 
indígenas. Na realidade, a cordialidade dos 
primeiros contatos era apenas uma forma 
de preparar para a dominação (VICENTINO; 
DORIGO, 2012).
Link
Estimativas apontam que no território brasileiro 
habitavam pelo menos 5 milhões de índios, por 
ocasião de Pedro Álvares Cabral, no ano 1500 
(<http://www.trilhasdeconhecimentos.etc.
br>).
http://www.trilhasdeconhecimentos.etc.br
http://www.trilhasdeconhecimentos.etc.br
Unidade 1 • História e Conceito de Política de Saúde Pública Brasileira do Período Colonial ao Império8/234
Os portugueses, nesse início, tinham 
o objetivo de conhecer o potencial 
econômico do local e entender como 
eram esses habitantes e seus costumes. 
Cada tribo indígena teve seu modo de 
lidar com a nova situação. Algumas 
viam esses viajantes como deuses, sem 
perceber perigo em sua chegada e, 
inclusive, tentavam se comunicar e trocar 
conhecimentos. Ajudavam, por exemplo, 
a extrair o pau-brasil, que foi o primeiro 
produto a ser extraído e exportado 
da colônia para Portugal em troca de 
mercadorias como espelhos, pulseiras, 
entre outras (VICENTINO; DORIGO, 2012).
Porém, não demorou muito para que 
começassem a eclodir diversos conflitos 
entre nativos e portugueses, os quais 
culminaram para um verdadeiro genocídio. 
Muitas tribos foram completamente 
extintas; os sobreviventes fugiram para 
o interior do território. Algumas décadas 
depois, todas as outras tribos encontradas 
seriam dominadas e catequizadas 
(VICENTINO; DORIGO, 2012).
Para saber mais
A captura do índio nativo não proporcionava 
lucro algum para a metrópole, no máximo gerava 
um comércio interno e um contato maior entre 
as diversas regiões da colônia, o que nem sempre 
era interessante para Portugal, uma vez que tal 
contato geraria o aquecimento de um mercado 
interno do qual a metrópole não participava, não 
recebia tributos e, portanto, não lucrava...
Unidade 1 • História e Conceito de Política de Saúde Pública Brasileira do Período Colonial ao Império9/234
Para saber mais
[...]. A relação entre escravidão e comércio 
fica mais evidente quando se percebe que, 
embora iniciado pelos portugueses, o tráfico de 
escravos foi praticado por todas as potências 
mercantilistas da época moderna, como 
Holanda, França e Inglaterra. 
(Mauro Bertoni e Jurandir Malerba. Nossa gente 
brasileira: textos e atividades para o Ensino 
Fundamental. Campinas: Papirus, 2001. p. 50).
1.1 Surgimento das Primeiras 
Doenças no Brasil
Os portugueses trouxeram consigo, 
além das armas de fogo, um poderoso 
artificio para forçar a colonização. Algo 
que nem mesmo tinham consciência, mas 
acabou por lhes favorecer: as doenças 
que trouxeram, impregnadas em seus 
próprios corpos, navios e trajes, que não 
lhes causavam tantos danos graças a 
sua familiaridade (por exemplo, gripe, 
sarampo, catapora, pneumonia e varíola), 
história essa que não foi a mesma para os 
habitantes nativos que, ao terem contato 
com essas doenças, começaram a adoecer, 
enfrentando uma onda de enfermidade 
e terror (VICENTINO; DORIGO, 2012; 
AVELAR, 2015).
As tribos só podiam, então, contar com 
seu próprio método rústico e empírico 
de tratamento de saúde, por meio de 
seus curandeiros, que embasados em 
Unidade 1 • História e Conceito de Política de Saúde Pública Brasileira do Período Colonial ao Império10/234
conhecimentos da flora local (plantas, 
ervas), desenvolviam uma série de 
curativos, rituais e remédios para a cura 
dessas doenças (VICENTINO; DORIGO, 
2012; AVELAR, 2015).
1.2 Surgimento das Primeiras 
Santas Casas de Misericórdias 
no Brasil
Nesse momento histórico, em meados 
de 1530, a população do Brasil se 
resumiaa índios e aos portugueses que 
começavam a chegar para produzir cana-
de-açúcar nos engenhos do Nordeste 
(VICENTINO; DORIGO, 2012). Ainda não 
havia cidades propriamente ditas, mas 
nessas pequenas vilas já estavam sendo 
construídas as primeiras Santas Casas de 
Misericórdia em Santos, São Paulo, Bahia, 
Rio de Janeiro, Belém e Olinda. Vieram, na 
mesma década, os primeiros jesuítas, para 
instalar as missões jesuítas (aldeamentos 
indígenas com objetivo de difusão da 
fé católica), que contavam com seus 
conhecimentos básicos de saúde, para que 
conseguissem ser autônomos, vivendo em 
localidades, muitas vezes, distantes das 
vilas. Absorveram muitos conhecimentos 
dos indígenas, aproveitando seu vasto 
conhecimento empírico em diversos 
aspectos (FILHO, 2000).
A mão de obra utilizada nesses engenhos 
de açúcar era escrava. A data aproximada 
da chegada do primeiro navio negreiro ao 
Brasil consta em meados de 1531. Nesse 
Unidade 1 • História e Conceito de Política de Saúde Pública Brasileira do Período Colonial ao Império11/234
momento, ocorre uma maior expansão das doenças, trazidas por escravos negros, através de 
navios que não possuíam nenhum tipo de estrutura sanitária (VICENTINO; DORIGO, 2012).
Para saber mais
[...] O tráfico, o comércio intercontinental de escravos, foi uma atividade extremamente lucrativa para 
as coroas europeias durante a época moderna, e é pela ótica das práticas mercantilistas que ele deve 
ser entendido. O escravo era uma das mais valiosas mercadorias que a metrópole vendia para a colônia, 
enriquecendo os traficantes portugueses e facilitando a exploração do império português.
(Mauro Bertoni e Jurandir Malerba. Nossa gente brasileira: textos e atividades para o Ensino 
Fundamental. Campinas: Papirus, 2001. p. 50).
PRIMEIRAS MEDIDAS DE CUIDADOS COM AS QUESTÕES DE SAÚDE NA SOCIEDADE
As primeiras medidas de cuidados com a saúde surgiram a partir da preocupação com o bem-
estar das pessoas da coroa. Sendo assim, inicia-se um enfoque de fiscalização na saúde, como 
forma de colocar a atividade médica no poder soberano (GALVÃO, 2015).
Unidade 1 • História e Conceito de Política de Saúde Pública Brasileira do Período Colonial ao Império12/234
A então denominada Fisicatura, órgão máximo a regular as questões relacionadas à saúde, 
nessa época, era vista como um tribunal que regulamentava a profissão, punia os infratores e 
reservava para a medicina o espaço da doença e à prática curativa (GALVÃO, 2015).
De acordo com Machado (1978), observa-se a relação entre saúde e sociedade com um olhar 
de zelar pela limpeza das pequenas vilas que estavam sendo estruturadas e construídas.
Para saber mais
A consideração tanto da cidade, quanto do Porto, do ponto de vista da doença possível, adquire sua 
significação mais profunda no quadro da política metropolitana, que procura maior controle comercial 
e militar na colônia, na medida em que se articula com a defesa da riqueza e do território. É frequente 
nos documentos a ênfase dada no particular cuidado de sua majestade com a saúde dos povos e 
conservação do Estado. A população vital, aparece como elemento a ser preservado em vida, como 
vassalos do Rei, povoadores de uma terra disputada e produtora, é neste contexto que sujeira e doença 
articulam-se como binômio a ser evitado. Como também é a partir dele que se explica o medo e o 
perigo da peste, na medida em que ela dizima as populações, a ponto de paralisar a cidade e mesmo de 
diminuir a mão de obra (MACHADO, 1978, p. 559).
Unidade 1 • História e Conceito de Política de Saúde Pública Brasileira do Período Colonial ao Império13/234
Aumentar o nível de saúde e impedir a 
ocorrência das doenças não era papel 
efetivo da Câmara, pois atuava de forma 
local, dispersa e sem continuidade, 
ficando clara a inexistência de um Projeto 
de Medicina Social, no que se refere ao 
campo de saúde pública (GALVÃO, 2015; 
ROSEN, 1979).
Nos casos de aparecimento de doenças 
como a lepra por exemplo, a Câmara 
chamava médicos para darem um parecer 
diagnóstico. Além disso, elaborava 
um plano preventivo e de combate à 
doença, por meio de medidas isolamento 
(quarentena) dos doentes e a inspeção dos 
navios. Observa-se a ausência de medidas 
de eliminação das causas das doenças, 
isto é, de uma ação que incluísse toda a 
população (ROSEN, 1979).
No final do século XIX, o enfoque passa a 
ser voltado à recuperação do estado de 
saúde da população, sendo criados os 
hospitais militares e os de isolamentos 
– leprosários. Os primeiros têm o intuito 
de reintegrar o soldado à tropa, e os 
segundos, o objetivo de assistência x 
exclusão social. São feitas transformações 
urbanas, como melhorias na infraestrutura 
das cidades (COSTA, 1985).
Unidade 1 • História e Conceito de Política de Saúde Pública Brasileira do Período Colonial ao Império14/234
É dado um enfoque médico na importância 
da circulação livre do ar e da higienização 
das cidades, com o intuito de reduzir a 
Link
A reclusão dos “leprosos” hoje hansenianos, se 
embasava nos saberes médicos da regras de 
salubridade que tentava controlar a população 
de “leprosos” de Fortaleza na década de 1920 
os maiores objetivos para a edificação dos 
leprosários eram: evitar o “espetáculo” dos 
leprosos perambulando pelas ruas e tranquilizar 
a população apavorada, diante da ameaça 
do contágio, na medida em que o perigo era 
afastado para longe do maiores centros urbanos. 
(<goo.gl/R1uSR1>).
ocorrência de doenças. Os documentos 
de 1798 citam a imoralidade (vadiagem) 
como outro fator causador de doença. 
Vale lembrar que, nessa época, a medicina 
e o poder político eram completamente 
relacionados, logo as conclusões 
alcançadas, os discursos e ações 
governamentais eram muito sincronizados 
(COSTA, 1985).
As doenças eram consideradas um 
problema social, portanto de dever do 
governo. O alvo da reflexão e da prática 
medica é a cidade. A medicina era uma 
forma de apoio científico ao exercício de 
poder do Estado. As medidas políticas 
não são mais movidas por ações isoladas 
e diretas sobre a doença já instalada. O 
objetivo agora do “médico político” passa 
http://goo.gl/R1uSR1
Unidade 1 • História e Conceito de Política de Saúde Pública Brasileira do Período Colonial ao Império15/234
a dificultar ou impedir o aparecimento da 
doença, descobrindo e eliminando suas 
causas, para que não interfira mais no bem 
físico e moral da sociedade (COSTA, 1985).
Os chamados “cirurgiões práticos” que 
atuavam nas Santas Casas de Misericórdia 
acabaram por receber habilitação. O Brasil 
não possuía curso superior de medicina, 
para manter a dependência da metrópole. 
Nesse período, a Câmara de Minas Gerais 
tentou pedir, alegando que iria, inclusive, 
utilizar de recursos próprios, mas foi 
negada (GALVÃO, 2015).
Após 1808, com a chegada da corte 
portuguesa, foi autorizado o ensino 
cirúrgico no Brasil. Eram necessários 
cirurgiões capacitados ou, se disponíveis, 
médicos, para lecionar, o que não era fácil 
de encontrar. Quando D. João chega, são 
criados mais dois cursos de cirurgia, em 
Salvador e no Rio de Janeiro, enquanto em 
Minas Gerais o curso foi substituído pelo 
primeiro de Farmácia, mas era ensinado 
por bons docentes médicos (ROSEN, 1979).
O curioso é que os farmacêuticos formados 
ajudavam a democratizar a saúde, uma 
vez que aceitavam trabalhar em locais 
distantes, e possuíam uma formação 
superior à dos cirurgiões. Houve grande 
influência e avanço da visão de saúde 
com a vinda da família real, pois a saúde 
passa a ser um objetivo importante do 
poder central e a visão de necessidade 
de formação dos colonos se torna algo 
necessário (GALVÃO, 2015).
Unidade 1 • História e Conceito de Política de Saúde Pública Brasileira do Período Colonial ao Império16/234
A provedoria, uma instituição propriamente 
médica, passa a controlar a higiene 
pública com as seguintes atribuições: 
instituir a quarentena dos navios em um 
Lazareto, dispor de saneamento para a 
cidade, controlaros alimentos, pastagens, 
matadouros e açougues públicos. 
Surge no Brasil a Polícia Médica, ideia 
formulada na Alemanha para combater o 
charlatismo e organizar a saúde. Exemplo: 
teorias, políticas e práticas para o bem-
estar da mãe e sua criança, controle e 
prevenção de epidemias, organização 
de estatísticas e conscientização da 
população (COSTA, 1985).
Link
A palavra quarentena vem do Italiano 
QUARANTINA, “conjunto de quarenta”, do Latim 
QUADRAGINTA, “quarenta”. Com o significado de 
“período de dias em que se mantinha um barco 
suspeito de transportar portadores de moléstias 
infecciosas em isolamento”, é dos anos 1660, 
determinado pelas autoridades de Veneza.
(<http://origemdapalavra.com.br/site/
palavras/quarentena/>)
Link
O termo Medizinichepolizei, polícia médica, foi 
utilizado pela primeira vez na Alemanha, em 
1764, por Wolfong Thomas Rau, em seu livro 
“Reflexões sobre a utilidade e a necessidade 
de um regulamento de polícia médica para um 
Estado”
http://origemdapalavra.com.br/site/palavras/quarentena/
http://origemdapalavra.com.br/site/palavras/quarentena/
Unidade 1 • História e Conceito de Política de Saúde Pública Brasileira do Período Colonial ao Império17/234
Não foi difundida e não conseguiu se concretizar, já que necessitaria de um controle e 
aceitação. Como instrumento de poder, ela fracassou, mas ajudou a definir melhor os objetivos 
da higiene pública. Em 1828, a responsabilidade pela saúde passou a ser das Câmaras, uma vez 
que foi abolido o lugar de provedor-mor da saúde. Essas, por sua vez, não tratavam de assuntos 
totalmente alheios à saúde, mas sim de questões administrativas da cidade (perdem sua função 
Link
O programa da polícia médica, iniciado no final do século XVIII, consistia nos seguintes pontos: registrar os 
diferentes fenômenos epidêmicos ou endêmicos, obtendo os dados através da observação da morbidade, 
pela contabilidade solicitada aos hospitais e aos médicos que exercem a medicina nas diferentes 
regiões da Alemanha; normalizar o ensino através de um controle pelo Estado dos programas de ensino 
e da atribuição dos diplomas; criação de um departamento especializado para coletar informações 
transmitidas pelos médicos, e para controlar a atividade dos profissionais da saúde junto à população; e, 
finalmente, a criação de um corpo de funcionários médicos competentes, nomeados pelo governo, para 
interferir diretamente com o seu conhecimento e sua autoridade sobre uma determinada região 
(<https://www.ufpe.br/proexc/images/publicacoes/cadernos_de_extensao/saude/policia.htm>)
https://www.ufpe.br/proexc/images/publicacoes/cadernos_de_extensao/saude/policia.htm
Unidade 1 • História e Conceito de Política de Saúde Pública Brasileira do Período Colonial ao Império18/234
jurídica), O provedor da saúde passou a 
ser o segundo vereador mais votado, fato 
que não foi bem aceito pelos médicos. Em 
seguida, surge a Sociedade de Medicina 
e Cirurgia do Rio de Janeiro, com o intuito 
de ter um maior controle das doenças 
mais frequentes na área de saúde pública, 
lutando pela criação ou reformulação dos 
regulamentos sanitários (FERREIRA, 2004).
Os médicos achavam que a Câmara 
não tinha competência para controlar 
questões de saúde, pois eram leigos, mas 
a real questão era a insatisfação por não 
ter poder, pois, na prática, não existiram 
problemas. A sociedade conseguiu que a 
Câmara aprovasse o Código de postura, 
em 1832. Nessa época, a política médica 
começa a ser incorporada, graças a 
essa representação que a sociedade 
mencionada fazia da Medicina Social 
Brasileira, assessorando e criticando, 
principalmente, medidas sanitárias. 
Por isso, em 1835, é transformada em 
Academia Imperial de Medicina (GALVÃO 
2015; ROSEN, 1979).
No ano de 1849, surgem os primeiros 
casos de febre amarela no Rio de 
Janeiro, ficando visível a precariedade da 
organização sanitária municipal. A junta 
de Higiene Pública é criada em 1850, 
visando unificar os serviços sanitários 
do Império. Alguns marcos sequenciais 
importantes ocorreram: a reforma dos 
Serviços Sanitários do Império, que foram 
divididos em Serviço Sanitário Terrestre e 
Serviço Sanitário Marítimo e o Conselho 
Unidade 1 • História e Conceito de Política de Saúde Pública Brasileira do Período Colonial ao Império19/234
Superior de Saúde Pública, que tinha como 
objetivo normatizar as questões de higiene 
e salubridade geral (GALVÃO, 2015). Link
Mas a partir de 1850 a cólera começou a reverter 
a balança do saber médico em direção às teorias 
do contágio por germes. O primeiro sinal da 
mudança surgiu de um verdadeiro trabalho de 
“médico-detetive” feito pelo inglês John Snow. 
Trabalhando como se estivesse conduzindo um 
experimento, por tentativa e erro, o médico 
inglês conseguiu descobrir que um surto violento 
no centro da cidade de Londres, que chegou a 
vitimar 500 pessoas entre 31 de agosto e 10 
de setembro de 1854, provinha de uma bomba 
d’água contaminada usada pela população local.
(<http://www.scielo.br/pdf/physis/v4n1/05.
pdf>)
http://www.scielo.br/pdf/physis/v4n1/05.pdf
http://www.scielo.br/pdf/physis/v4n1/05.pdf
Unidade 1 • História e Conceito de Política de Saúde Pública Brasileira do Período Colonial ao Império20/234
Glossário
Brasil Colônia: período de chegada dos primeiros portugueses ao Brasil em 1500 e durou até a 
independência em 1822 (BRASIL COLÔNIA, 2015).
Brasil Império: período da história do Brasil que se iniciou com a Independência em 7 de 
setembro de 1882 e terminou com a Proclamação da República em 15 de novembro de 1889, 
durando pouco mais de 67 anos (BRASIL IMPÉRIO, 2015).
MedizinichepolizeiI: Significa polícia médica.
Questão
reflexão
?
para
21/234
Como você pode perceber, o surgimento histórico 
das doenças no Brasil sugere uma necessidade de 
implantação de medidas de limpeza pública das 
cidades, a fim de prevenir e controlar os diversos 
tipos de doenças ocorridas na época. Reflita sobre 
essa situação e descreva uma ou mais situações da 
ocorrência de doenças que mostrem exemplos desta 
situação na atualidade.
22/234
Considerações Finais
Na história da saúde percebemos claramente a influência de fatores sociais, 
políticos e econômicos;
ao longo dos séculos, observamos a evolução e conceituação da saúde 
vinculada a benefícios da classe social alta e exclusão das classes sociais 
baixas;
o surgimento das primeiras medidas relacionadas com a limpeza pública das 
cidades e a fiscalização dos navios ocorre devido a interesses de bem-estar da 
classe social alta;
o enfoque do capitalismo é visível e constante desde o descobrimento do país.
Unidade 1 • História e Conceito de Política de Saúde Pública Brasileira do Período Colonial ao Império23/234
Referências
AVELAR, P. R. Surgimento da saúde no Brasil. Juiz de Fora. Disponível em: <http://www.ufjf.br/
oliveira_junior/files/2011/08/Aula-6-EcoUFJF.pdf>. Acesso em: 20 out. 2015.
BRASIL COLÔNIA. Descobrimento do Brasil. Disponível em: <http://brasil-colonia.info/>. 
Acesso em: 23 dez. 2015.
BERTOLOZZI, M. R.; GRECO, R. M. As políticas de saúde no Brasil: reconstrução histórica e 
perspectivas atuais. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v30n3/v30n3a04>. 
Acesso em: 20 ago. 2015.
COSTA, N. R. Lutas urbanas e controle sanitário: origens das políticas de saúde no Brasil. 
Petrópolis: Vozes, 1985.
ESCOLA BRITANNICA. Brasil Império. Disponível em: <http://escola.britannica.com.br/levels/
fundamental/article/Brasil-Imp%C3%A9rio/483127>. Acesso em: 23 dez. 2015.
FERREIRA, A. A. L. A História das Ciências e a Nova História: Indícios para os Estudos Históricos 
no Campo da Saúde. Cadernos de Saúde Pública, v. 13 n.2 p. 471-492, 2004.
FILHO, W. C. P. The Santa Casa de Misericórdia of São Paulo. Acta Medica Misercordiae, São 
Paulo, v. 3, n. 1, p. 25-27, fev. 2016.
GALVÃO, M. A. M. Origem das políticas de saúde pública no Brasil: Do Brasil-Colônia a 1930. 
http://www.ufjf.br/oliveira_junior/files/2011/08/Aula-6-EcoUFJF.pdf
http://www.ufjf.br/oliveira_junior/files/2011/08/Aula-6-EcoUFJF.pdfhttp://brasil-colonia.info
http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v30n3/v30n3a04
http://escola.britannica.com.br/levels/fundamental/article/Brasil-Imp%C3%A9rio/483127
http://escola.britannica.com.br/levels/fundamental/article/Brasil-Imp%C3%A9rio/483127
Unidade 1 • História e Conceito de Política de Saúde Pública Brasileira do Período Colonial ao Império24/234
Ouro Preto. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/origem_politicas_
saude_publica_brasil.pdf>. Acesso em: 23 ago. 2015.
MACHADO, R.; LOUREIRO, Â.; LUZ, R.; MURICY K. Danação da Norma: Medicina Social e 
constituição da psiquiatria no Brasil. Rio de Janeiro: Graal, p. 559, 1978.
ROSEN, G. Da polícia médica à medicina social: ensaios sobre a história da assistência médica. 
Rio de Janeiro: Graal, 1979.
VICENTINO, C.; DORIGO, G. História do Brasil. 3. ed. Rio de Janeiro: Scipione, 2012.
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25/234
1. No período do Brasil colônia, os portugueses trouxeram diversas 
doenças aos índios, entre elas:
a) Varíola, sarampo e rubéola.
b) Varíola, gripe, tuberculose, rubéola.
c) Varíola, gripe, sarampo, catapora e pneumonia.
d) Varíola, sarampo e catapora.
e) Varíola, hanseníase, sarampo e rubéola.
Questão 1
26/234
2. As Santas Casas de Misericórdias surgiram no Brasil em meados de 1530:
a) em Olinda, Vitória, Rio de Janeiro;
b) em Santos, São Paulo, Bahia, Rio de Janeiro, Belém e Olinda;
c) somente nas cidades de Olinda, São Paulo e Santos;
d) somente nas cidades de Santos, São Paulo e Rio de Janeiro;
e) somente nas cidades de Olinda, Vitória e São Paulo.
Questão 2
27/234
3. A Fisicatura era:
a) um determinado grupo da corte nomeada pelo Rei;
b) uma comissão de indígenas que lutavam pelos seus direitos;
c) uma disciplina da faculdade de medicina da época;
d) órgão máximo que tratava das questões de saúde, com regulamentação da profissão de 
medicina;
e) órgão máximo que tratava das questões de saúde, com regulamentação da profissão de 
farmácia.
Questão 3
28/234
4. Durante o tempo entre o período Colonial e o Império, o Hospital Mili-
tar foi construído com o intuito de:
a) prestar assistência aos índios;
b) prestar assistência aos colonizadores;
c) prestar assistência à família real;
d) reintegrar os soldados as tropas;
e) prevenir a disseminação de epidemias.
Questão 4
29/234
5. O leprosário foi construído com o objetivo de:
a) prevenir e tratar a lepra;
b) dar assistência à corte Real;
c) agir como entidade assistencial que protegia a cidade do perigo de contágio;
d) funcionar como entidade preventiva e assistencial nos casos de moléstias 
infectocontagiosas;
e) ser um hospital voltado para doentes pobres que moravam no centro dos municípios.
Questão 5
30/234
Gabarito
1. Resposta: C.
Os portugueses trouxeram consigo, 
além das armas de fogo, um poderoso 
artifício para forçar a colonização. Algo 
que nem mesmo tinham consciência, mas 
acabou por lhes favorecer: as doenças, 
impregnadas em seus próprios corpos, 
navios e trajes, mas que não lhes causavam 
tantos danos graças a sua familiaridade 
(exemplo: gripe, sarampo, catapora, 
pneumonia e varíola).
2. Resposta: B.
No período Colonial ao Império, no 
Brasil surgiram as primeiras instituições 
de Santas Casas de Misericórdias, nas 
localidades de Santos, São Paulo, Bahia, Rio 
de Janeiro, Belém e Olinda.
3. Resposta: D.
A chamada Fisicatura, órgão máximo 
para as questões de saúde nesta época, 
era considerada um tribunal com 
regulamentação da profissão, que tinha o 
objetivo de punir os infratores e reservar 
para a medicina o espaço da doença 
e reduzia-se a legalização da prática 
curativa.
4. Resposta: D.
No final do século XIX, o enfoque muda 
e o poder colonial assume a questão da 
31/234
Gabarito
recuperação do estado de saúde de seus 
habitantes. São criados os hospitais 
militares, com o intuito de reintegrar o 
soldado a tropa.
5. Resposta: C.
No final do século XIX, o enfoque muda 
e o poder colonial assume a questão da 
recuperação do estado de saúde de seus 
habitantes, criando os leprosários com o 
intuito de entidade assistencial de exclusão 
social que protegia a cidade do perigo de 
contágio.
32/234
Unidade 2
História e Conceito de Política de Saúde Pública Brasileira na Primeira República à Era Vargas
Objetivos
1. Aprimorar conhecimentos de 
profissionais da área da saúde e 
afins sobre os pontos relevantes no 
contexto histórico da saúde pública 
no Brasil no período da Primeira 
República à Era Vargas.
2. Abordar os conceitos, organização e 
funcionamento do sistema de saúde.
3. Apresentar uma análise do processo 
de saúde pública do Brasil do período 
da Primeira República à Era Vargas.
Unidade 2 • História e Conceito de Política de Saúde Pública Brasileira na Primeira República à Era Vargas33/234
1. Introdução
No início do período da Primeira República, 
o país foi comandado pelas oligarquias, ou 
seja, os estados mais ricos, que possuíam 
grande produção de café. Sendo assim, 
aplicavam seu lucro no desenvolvimento 
de suas cidades, acelerando, dessa forma, 
o crescimento urbano (GOMES; FERREIRA, 
2015). Nesse momento, são adotados os 
saberes experimentais da bacteriologia e 
da microbiologia, de forma a questionar os 
saberes tradicionais para a época que era 
baseado na teoria dos miasmas (FERREIRA, 
2012; GOMES; FERREIRA, 2015).
A organização dos programas de serviços 
de saúde voltava-se para as doenças 
coletivas, sendo que as investigações eram 
feitas em instituições estatais, seguindo 
um modelo etiológico centrado no controle 
dos insetos e animais vetores (GOMES; 
FERREIRA, 2015).
A preocupação dos estados com as cidades 
era evidente e baseada em uma visão 
capitalista, focada na preservação da força 
de trabalho das classes sociais mais baixas, 
e ainda em preservar a segurança da classe 
alta que residia no meio urbano, ou seja, 
buscava eliminar doenças transmissíveis, 
como varíola, peste e febre amarela. A 
cidade de São Paulo, vista nesse período 
como cidade portuária, foi a primeira que 
implantou os empreendimentos de higiene 
Link
Oligarquia” como termo tomado na sua acepção 
clássica, platônica e aristotélica, de governo dos 
ricos ou, por derivação, como o grupo dos ricos. 
(GAZMURI, 2004, p. 65) 
Unidade 2 • História e Conceito de Política de Saúde Pública Brasileira na Primeira República à Era Vargas34/234
pública. Iniciam-se as fortes e intensas 
intervenções higienistas na cidade, que na 
época era considerada uma das mais ricas 
das oligarquias. Ocorre, então, um alto 
investimento para a área da saúde pública. 
E, assim, as fiscalizações tornaram-se mais 
rigorosas, e ficou obrigatória a notificação 
oficial de todos os casos de doenças 
infectocontagiosas (GALVÃO, 2015; 
HORTON, 2011).
Antes da criação dessas instituições de 
saúde pública e dos investimentos gerados, 
a política sanitária ficava sem meios de 
apoio, devido à inexistência, por exemplo, 
de análises químicas e bacteriológicas. 
Nesse momento, então, com o avanço da 
ciência, inicia-se realmente um controle 
dos ambientes da cidade, e melhora, assim, 
o entendimento dos aspectos sociais das 
populações urbanas (HORTON, 2011).
Nas primeiras décadas do século XIX 
(1820), chegaram ao país inúmeros 
imigrantes europeus, mas, nesse período, 
as condições sanitárias para a entrada e 
permanência no país eram cada vez mais 
difíceis. Com a falta de políticas sociais 
e de saúde, ocorreu a disseminação de 
epidemias como a febre amarela e peste 
bubônica (GALVÃO, 2015).
Unidade 2 • História e Conceito de Política de Saúde Pública Brasileira na Primeira República à Era Vargas35/234
Nesse momento, os emigrantes traziam 
doenças raras, como a cólera, a escarlatina 
e o tifo, o que resultava na ocorrência de 
diversos tipos de surtos em toda a população, 
sendo necessária a ampliação dos institutos 
bacteriológicos(HORTON, 2011).
E a preocupação do governo era com o 
saneamento dos portos de várias cidades 
do litoral, porém seu maior objetivo era 
nos problemas médico-sanitários do Rio 
de Janeiro. Ocorreram ainda a criação dos 
seguintes serviços vinculados à área da 
saúde (HORTON, 2011):
• A Inspetoria Geral de Higiene que 
realizava a inspeção das habitações 
populares, do serviço de vacinação, 
da alimentação pública;
Para saber mais
O estudo das epidemias de peste no Brasil, iniciou 
–se no Rio de Janeiro, no início do século XX. Neste 
período podemos observar que a epidemia abordou 
duas questões fundamentais: a criação do Instituto 
Soroterápico Federal, hoje Fundação Oswaldo 
Cruz, cuja principal finalidade por ocasião de sua 
inauguração foi a fabricação do soro para combater 
a Peste Bubônica, e a campanha de saneamento 
comandada por Oswaldo Cruz.
(<http://www.hcte.ufrj.br/downloads/sh/sh4/
trabalhos/Vagner%20Souza.pdf>)
http://www.hcte.ufrj.br/downloads/sh/sh4/trabalhos/Vagner%20Souza.pdf
http://www.hcte.ufrj.br/downloads/sh/sh4/trabalhos/Vagner%20Souza.pdf
Unidade 2 • História e Conceito de Política de Saúde Pública Brasileira na Primeira República à Era Vargas36/234
• o Laboratório de Bacteriologia;
• a Inspetoria Geral de Saúde dos 
Portos;
• o Instituto Sanitário Federal 
com atribuições semelhantes ao 
Laboratório de Bacteriologia, ou 
seja, estudar natureza, etiologia, 
profilaxia e tratamento de doenças 
transmissíveis.
Em 1893, com a direção de Adolfo 
Luiz, o instituto de São Paulo inicia o 
planejamento e a aplicação sistemática das 
técnicas de bacteriologia e da parasitologia 
na prática de saúde, organizando um 
laboratório sob direção de Vital Brasil, para 
fabricação de soros e vacinas. O pioneiro 
Emílio Ribas realizou grandes esforços em 
saúde pública no estado de São Paulo, com 
vasta aplicação de medidas sanitárias e 
combate intensivo contra epidemias (em 
especial a febre amarela) e outros tipos de 
doenças endêmicas (RIBEIRO, 2010).
Desde 1849, a febre amarela apresentava 
taxa de mortalidade alta, permanecendo 
endêmica ao longo da costa litorânea 
e epidêmica nos centros urbanos. Até 
1900, a frequência e regularidade com 
que a doença atacava o Rio de Janeiro, 
proporcionaram ao Brasil o rótulo de uma 
das áreas mais insalubres dos trópicos 
(FERREIRA, 2012).
Nesse mesmo período histórico, 
observam-se os seguintes acontecimentos 
(CARVALHO, 2013; DANTES, 2003):
Unidade 2 • História e Conceito de Política de Saúde Pública Brasileira na Primeira República à Era Vargas37/234
• A criação da Diretoria Geral de Saúde 
Pública no ano de 1897;
• a organização do Instituto 
Soroterápico Municipal (Oswaldo 
Cruz) em 1900 a partir de uma grande 
epidemia de peste, que ocasionou 
uma crise sanitária e estimulou 
mudanças nas iniciativas do poder 
central em nível nacional;
• Oswaldo Cruz assume em 1903 a 
Diretoria Geral de Saúde Pública com 
o intuito de acabar com a doença 
de febre amarela no município do 
Rio de Janeiro. E, para isso, adotou 
medidas autoritárias para destruir 
os mosquitos como, por exemplo: 
determinava aos 1500 guardas 
sanitários que entrassem nas casas 
sem pedir permissão e demolissem as 
construções antigas e expulsassem 
os moradores queimando os 
colchões dos doentes, o que gerou 
descontentamento popular;
• a aprovação da lei no ano de 1904 
sobre a vacinação e revacinação 
obrigatória contra a varíola, o que 
resultou em um conflito muito grande 
denominado posteriormente como 
Revolta da Vacina;
• O chamado modelo campanhista 
criado por Oswaldo Cruz, concebido 
dentro de uma visão militar em 
que os fins justificam os meios e no 
qual o uso da força e da autoridade 
era considerado o instrumento 
preferencial de ação. 
Unidade 2 • História e Conceito de Política de Saúde Pública Brasileira na Primeira República à Era Vargas38/234
Apesar das arbitrariedades e dos abusos 
cometidos em decorrência do modelo 
campanhista, obtiveram-se importantes 
vitórias no controle das doenças 
epidêmicas, conseguindo, inclusive, 
erradicar a febre amarela da cidade do 
Rio de Janeiro, o que fortaleceu o modelo 
proposto e o tornou hegemônico como 
proposta de intervenção. Sendo assim, 
Oswaldo Cruz procurou organizar a 
diretoria geral de saúde pública, criando 
uma seção demográfica, um laboratório 
bacteriológico, um serviço de engenharia 
sanitária e de profilaxia da febre-amarela, 
a inspetoria de isolamento e desinfecção, 
e o instituto soroterápico federal, 
posteriormente transformado no Instituto 
Oswaldo Cruz (SANTOS et al., 2007).
Durante a reforma feita por Oswaldo Cruz, 
foram incorporados como elementos das 
ações de saúde (SANTOS et al., 2007):
• o registro demográfico, possibilitando 
conhecer a composição e os fatos 
vitais de importância da população;
• a introdução do laboratório como 
auxiliar do diagnóstico etiológico;
• a fabricação organizada de produtos 
profiláticos para uso em massa.
Esse mandato durou até 1908, quando a 
lei da vacinação deixa de ser obrigatória. 
No ano de 1914, foi elaborado um novo 
regulamento para a Diretoria Geral 
de Saúde Pública, com características 
parecidas com as que ocorriam na gestão 
de Oswaldo Cruz. No restante do país, 
Unidade 2 • História e Conceito de Política de Saúde Pública Brasileira na Primeira República à Era Vargas39/234
situam-se as campanhas contra a malária 
como não era transmissível e se mantinha 
nas camadas populares, não tinha 
importância (FERREIRA, 2012).
Para saber mais
A campanha de erradicação da varíola no Brasil 
que vacinou e revacinou mais de 80 milhões 
de pessoas ocorreu entre os anos de 1966 
a1973. Esta se deu no âmbito do Programa de 
Erradicação da Varíola da Organização Mundial 
da Saúde (OMS) entre 1967 e 1980, ano em que a 
varíola foi declarada erradicada (<http://www.
scielo.br/pdf/csc/v16n2/v16n2a02.pdf>)
A Cruz Vermelha Brasileira em 1916 criou 
uma escola de enfermagem no Rio de 
Janeiro, subordinada ao Ministério da 
Guerra, que preparava os enfermeiros 
em curso de dois anos de duração, com o 
objetivo de treinar socorristas voluntários, 
e em 1920, na mesma escola, foi criado o 
curso de visitadoras sanitárias (GOMES; 
FERREIRA, 2015; FERREIRA, 2012).
Link
A Escola de Enfermagem da Cruz Vermelha, na 
época era vinculada ao Ministério da Guerra e a 
Escola de Enfermagem Alfredo Pinto no Rio de 
Janeiro, vinculada ao Ministério da Justiça (<http://
www.scielo.br/pdf/tce/v18n4/16.pdf>).
Em 1918, a gripe espanhola devastou 
diversas cidades, demostrando o quanto 
a questão de saúde pública estava frágil. 
http://www.scielo.br/pdf/csc/v16n2/v16n2a02.pdf
http://www.scielo.br/pdf/csc/v16n2/v16n2a02.pdf
http://www.scielo.br/pdf/tce/v18n4/16.pdf
http://www.scielo.br/pdf/tce/v18n4/16.pdf
Unidade 2 • História e Conceito de Política de Saúde Pública Brasileira na Primeira República à Era Vargas40/234
Além disso, ocorreram greves gerais nas 
fábricas e toda essa situação causava 
temor, pois poderia desencadear uma 
revolução como a ocorrida na Rússia. Nesse 
ano, foi criada a Liga Pró-Saneamento do 
Brasil, que congregou os maiores nomes 
do pensamento sanitarista, pois foi uma 
ideia da formação de um serviço de saúde 
pública, o qual pudesse enfrentar os 
problemas das áreas urbanas (DANTES, 
2003; FERREIRA, 2015).
Nota-se uma gravíssima situação sanitária 
das áreas rurais, e cria-se em maio desse 
mesmo ano (1918) o Serviço de Profilaxia 
Rural como o objetivo de controlar as 3 
grandes endemias das regiões agrárias 
do país: a ancilostomose, a malária e a 
doença de Chagas. Então, veio a sugestão 
de solução dos problemas sanitários 
nacionais: a criação de um Ministério de 
Higiene e Saúde Pública, por parte da Liga 
Pró-Saneamento que compreenderia 
(GRECO, 2015):
• uma Inspetoria de saúde pública do 
Distrito federal;
• uma Inspetoria Geral de Profilaxia 
Rural e urbana dos estados;
• uma Inspetoria de Saúde dos Portos e 
Rios;
• Inspetoria de Demografia Sanitária.
Link
Na América Latina,essa doença figura entre as 
quatro principais endemias, sendo um dos seus 
maiores problemas sanitários (<http://www.
saude.rs.gov.br>).
http://www.saude.rs.gov.br
http://www.saude.rs.gov.br
Unidade 2 • História e Conceito de Política de Saúde Pública Brasileira na Primeira República à Era Vargas41/234
Surge, então, a primeira Lei de Acidentes 
de Trabalho (1919). Em 1920, Carlos 
Chagas, sucessor de Oswaldo Cruz, 
reestrutura o Departamento Nacional de 
Saúde Pública, então ligado ao Ministério 
da Justiça, e introduz a propaganda e a 
educação sanitária na técnica rotineira 
de ação, inovando o modelo campanhista 
de Oswaldo Cruz, que possuía puramente 
enfoque fiscal e policial. Inicia-se 
a extensão pública dos serviços de 
saneamento urbano e rural, além da 
higiene industrial e materno-infantil, 
e começa um movimento sanitário por 
uma educação sanitária (FERREIRA, 2012; 
GALVÃO, 2015).
São criados os órgãos especializados na 
luta contra a tuberculose, a lepra e as 
doenças venéreas e assistência hospitalar, 
infantil e a higiene industrial começam a se 
destacar como problemas individualizados. 
Ocorrem inovações na legislação de 1920 
em relação à vigilância das condições de 
trabalho de mulheres e crianças e controle 
sobre qualidade de alimentos. Expandem-
se as atividades de saneamento para 
outros estados, além do Rio de Janeiro 
(GALVÃO, 2015).
A república pode ser vista, em termos de 
saúde, como um período de politização 
do movimento sanitarista no Brasil. Esse 
movimento perde a força ideológica, 
com o início da Era Vargas (1930-
1945), quando foi criado o Ministério 
da Educação e Saúde, desintegrando as 
atividades do Departamento Nacional de 
Unidade 2 • História e Conceito de Política de Saúde Pública Brasileira na Primeira República à Era Vargas42/234
Saúde Pública (vinculado ao Ministério 
da Justiça) e transformando a reforma 
sanitária em um projeto governamental. 
Vale dizer que o caráter dessa política 
continuou sendo restrito, pois limitava-se 
apenas à cobertura de certos segmentos 
de trabalhadores (DANTES, 2003; 
FERREIRA, 2015).
Com a Revolução de 1930, as frações das 
oligarquias, o tenentismo e as classes 
médias urbanas, mudaram a estrutura de 
poder, reduzindo o poder oligárquico e 
aumentando o poder dos estratos sociais 
pertencentes à burguesia. As ocorrências 
de surtos epidêmicos se intensificaram, 
devido à piora das condições de vida, 
decorrentes principalmente do excesso 
populacional e da falta de infraestrutura 
sanitária (SANTOS et al., 2007).
Em 1932, foram criados os Institutos de 
Aposentadoria e Pensões (IAPs), tendo 
sido vistos como resposta, por parte do 
Estado, às lutas e reivindicações dos 
trabalhadores no contexto de consolidação 
dos processos de industrialização e 
urbanização brasileiros. Acentua-se, assim, 
o componente de assistência médica, 
em parte por meio de serviços próprios, 
mas, principalmente, por meio da compra 
de serviços do setor privado. Devido à 
intensa inflação da época, acentuou a 
piora das condições de vida, fenômeno 
que se refletiu nas demandas por saúde 
e assistência médica. Os Institutos de 
Assistência Previdenciária (IAPs), que, a 
princípio, não se dispunham a fornecer 
esse tipo de cobertura, começaram 
Unidade 2 • História e Conceito de Política de Saúde Pública Brasileira na Primeira República à Era Vargas43/234
a diferenciar-se em suas estruturas, 
prestando serviços no âmbito da 
assistência médica (CARVALHO, 2013).
A aceleração do crescimento industrial 
aumentava a preocupação com a 
manutenção da força de trabalho em 
condições de produção, bem como na 
sua reintegração rápida ao processo 
de produção. Para responder a essas 
demandas, várias instituições de 
trabalho passaram a criar serviços de 
atendimento ambulatorial próprios, de 
caráter terapêutico e, alguns, em nível de 
reabilitação (DANTES, 2003).
Em 1933, foi criado o primeiro Instituto de 
Aposentadoria e Pensões: o dos Marítimos 
(IAPM). Seu decreto de constituição definia, 
no artigo 46, os benefícios assegurados 
aos associados (RIBEIRO, 2010):
a) aposentadoria;
b) pensão em caso de morte para os 
membros de suas famílias ou para os 
beneficiários, na forma do art. 55;
c) assistência médica e hospitalar, com 
internação até trinta dias;
d) socorros farmacêuticos, mediante 
indenização pelo preço do custo 
acrescido das despesas de 
administração.
§ 2º – O custeio dos socorros mencionados 
não deverá exceder à importância 
correspondente a 8%, da receita anual do 
Instituto, apurada no exercício anterior, 
sujeita a respectiva verba à aprovação do 
Conselho Nacional do Trabalho.
Unidade 2 • História e Conceito de Política de Saúde Pública Brasileira na Primeira República à Era Vargas44/234
No ano de 1934, é criado o Ministério da 
Agricultura e em 1942, o Ministério da 
Higiene e Segurança do Trabalho, que se 
vincula ao Ministério do Trabalho. Ainda 
na Era Vargas, observamos algumas 
Para saber mais
Órgão criado pelo Decreto nº 16.027, de 30 de abril 
de 1923, vinculado ao Ministério da Agricultura, 
Indústria e Comércio e destinado à consulta 
dos “poderes públicos em assuntos referentes à 
organização do trabalho e da previdência social”. 
Em 9 de setembro de 1946, pelo Decreto nº 9.797, 
transformou-se no Tribunal Superior do Trabalho 
(<http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/
verbete-tematico/conselho-nacional-do-
trabalho-cnt>).
estruturações, como (SANTOS et al., 2007; 
GOMES; FERREIRA, 2015):
• saúde pública institucionalizada 
pelo Ministério da Educação e Saúde 
Pública;
• previdência social e saúde 
ocupacional institucionalizadas pelo 
Ministério do Trabalho, Indústria e 
Comércio;
• campanhas de saúde pública contra a 
febre amarela e a tuberculose;
• Institutos de Aposentadoria e Pensão 
(IAPs) estendem a previdência social 
à maior parte dos trabalhadores 
urbanos (1933-38).
http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-tematico/conselho-nacional-do-trabalho-cnt
http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-tematico/conselho-nacional-do-trabalho-cnt
http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-tematico/conselho-nacional-do-trabalho-cnt
Unidade 2 • História e Conceito de Política de Saúde Pública Brasileira na Primeira República à Era Vargas45/234
Entre os principais desafios encontrados 
nesse período está a predominância de 
endemias rurais (por exemplo, doença de 
Chagas, esquistossomose, ancilostomíase 
e malária), tuberculose, sífilis e deficiências 
nutricionais (ROYQUAROL, 2003).
Em 1941, instituiu-se a reforma Barros 
Barreto, em que se destacam as seguintes 
ações (DANTES, 2003; CARVALHO, 2013):
• Instituição de órgãos normativos e 
supletivos destinados a orientar a 
assistência sanitária e hospitalar;
• criação de órgãos executivos de 
ação direta contra as endemias mais 
importantes (malária, febre amarela, 
peste);
• fortalecimento do Instituto Oswaldo 
Cruz, como referência nacional;
• descentralização das atividades 
normativas e executivas por oito 
regiões sanitárias;
• destaque aos programas de 
abastecimento de água e construção 
de esgotos, no âmbito da saúde 
pública;
• atenção aos problemas das doenças 
degenerativas e mentais, com a 
criação de serviços especializados de 
âmbito nacional (Instituto Nacional 
do Câncer).
A escassez de recursos financeiros 
associada à pulverização desses recursos e 
de pessoal entre diversos órgãos e setores, 
Unidade 2 • História e Conceito de Política de Saúde Pública Brasileira na Primeira República à Era Vargas46/234
aos conflitos de jurisdição e gestão, e 
superposição de funções e atividades, 
fizeram com que a maioria das ações de 
saúde pública no Estado Novo se reduzisse a 
meros aspectos normativos, sem efetivação 
no campo prático de soluções para os 
grandes problemas sanitários existentes no 
país naquela época (GRECO, 2015).
Unidade 2 • História e Conceito de Política de Saúde Pública Brasileira na Primeira República à Era Vargas47/234
Glossário
Oligarquias: oconceito micheliano de oligarquia permite identificar processos mediante os 
quais certos grupos apoderam-se do poder organizacional, entrincheirando-se e tornando-se 
infensos a controles, sejam eles democráticos ou meritocráticos (COUTO, 2012).
Endemias: e a presença constante de uma doença ou de um agente infeccioso em determinada 
área geográfica (ROYQUAROL, 2003).
Desinfeção: eliminação de agentes infecciosos que se encontram fora do corpo, por meio de 
exposição direta a agentes químicos ou físicos (ROYQUAROL, 2003).
Questão
reflexão
?
para
48/234
Como você pode perceber, o período da Primeira República 
até a Era Vargas passou por inúmeras situações de endemias. 
Reflita sobre essa situação e descreva uma ou mais situações 
da ocorrência de endemias em algumas localidades brasileiras, 
citando os tipos de doenças mais frequentes em cada uma 
delas.
49/234
Considerações Finais
No período da Primeira República o Brasil, foi comandado pelas 
oligarquias (estados mais ricos) que possuíam grande produção de café, 
sendo assim, aplicavam seu lucro no desenvolvimento de suas cidades;
As endemias foram frequentes neste período;
O enfoque capitalismo permanece também nesse período.
Unidade 2 • História e Conceito de Política de Saúde Pública Brasileira na Primeira República à Era Vargas50/234
Referências 
CARVALHO, G. A saúde pública no Brasil: Estudos Avançados. São Paulo, v. 27, n. 78, p. 1-22, 
abr. 2013.
COUTO, C. G. Oligarquia e processos de oligarquização: O aporte de Michels à análise política 
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em: <periodicos.ufrn.br>. Acesso em: 30 nov. 2015.
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Acesso em: 30 nov. 2015.
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/origem_politicas_saude_publica_brasil.pdf
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/origem_politicas_saude_publica_brasil.pdf
https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=4&cad=rja&uact=8&ved=0ahUKEwiR4cSlzPLTAhXICpAKHbTXBvgQFghBMAM&url=https%3A%2F%2Fperiodicos.ufrn.br%2Finterlegere%2Farticle%2Fdownload%2F6407%2F5010&usg=AFQjCNGOfEQd7vxwsGhg81X5WEFjMd35Bg
http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v30n3/v30n3a04
Unidade 2 • História e Conceito de Política de Saúde Pública Brasileira na Primeira República à Era Vargas51/234
HORTON, R. Saúde no Brasil. Londres: The Lancet, p. 1-7, 2011.
MELLO, A. O.; CESAR, É.; BELTRAME, M. V.; HEBERLE, R. O discurso sanitarista como discurso 
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RIBEIRO, Carla T. M; RIBEIRO, Márcia G; ARAÚJO, Alexandra P; MELLO, Lívia R; RUBIM, Luciana 
C; FERREIRA, Joyce E. S. O sistema público de saúde e as ações de reabilitação no Brasil. Revista 
Pernanbucana Salud Publica Rio de Janeiro, v. 28, n. 1, p. 43-8, 2010.
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Dualidade Institucional de um bem público. Rio de Janeiro. Fiocruz, 2007.
52/234
1. Qual a primeira cidade brasileira a investir em empreendimentos de 
higiene pública?
a) Rio de Janeiro
b) Minas Gerais
c) São Paulo
d) Salvador
e) Recife
Questão 1
53/234
2. São fatores que contribuíram para um quadro de desordem da saúde no 
RJ, no início do sec. XIX, exceto:
a) Imigração europeia.
b) Crescimento desordenado das cidades.
c) Aparição de novas doenças.
d) Epidemia de febre amarela.
e) Ampliação do Instituto Bacteriológico.
Questão 2
54/234
3. No final do século XIX, qual doença mais contribuía para a fama do Brasil 
de uma das áreas mais insalubres dos trópicos?
a) Tifo
b) Sarampo
c) Febre amarela
d) Gripe
e) Hantavírus
Questão 3
55/234
4. Sobre o sistema de saúde pública durante o Estado Novo, é correto 
afirmar, em síntese, que:
a) o sistema de saúde tinha boa estruturação e funcionava bem na prática;
b) o sistema de saúde não tinha nenhuma estruturação e não funcionava bem;
c) o sistema de saúde não tinha nenhuma estruturação, mas funcionava bem;
d) o sistema de saúde tinha estruturação, mas não funcionava na prática;
e) não existia um sistema de saúde pública, mas por ação de voluntários as pessoas doentes 
eram bem atendidas.
Questão 4
56/234
5. Qual afirmativa completa o texto corretamente?
A população do RJ encontrava-se insatisfeita com as medidas radicais tomadas por 
________________. Seu modelo ________________ começa, no objetivo de erradicar (3), mas é 
durante uma campanha obrigatória contra ________________ que eclode uma grande revolta 
popular, conhecida como ________________. 
a) Oswaldo Cruz / campanhista / febre amarela / o sarampo / Revolta da Vacina
b) Oswaldo cruz / campanhista / tuberculose / a varíola / Revolta da Vacina
c) Carlos Chagas / sanitarista / tuberculose / o tifo / Revolta da Vacina
d) Oswaldo Cruz / campanhista / febre amarela / a varíola / Revolta da Vacina
e) Carlos Chagas / sanitarista / febre amarela / o sarampo / Revolta da Vacina
Questão 5
57/234
Gabarito
1. Resposta: C.
A cidade de São Paulo, vista nesse período 
como cidade portuária, foi a primeira que 
implantou os empreendimentos de Higiene 
Pública. Iniciaram-se as fortes e intensas 
intervenções higienistas na cidade, que na 
época era considerada uma das mais ricas 
das oligarquias. 
2. Resposta: E.
Os fatores que contribuíram para um 
quadro de desordem da saúde no RJ, no 
início do século XIX, foram: imigração 
europeia; crescimento desordenado das 
cidades; aparição de novas doenças; 
epidemia de febre amarela.
3. Resposta: C.
Desde 1849, a febre amarela apresentava 
taxa de mortalidade alta, permanecia 
endêmica ao longo da costa litorânea e 
epidêmica nos centros urbanos. Até 1900, 
a frequência e regularidade com que a 
doença atacava o Rio de Janeiro, a grande 
susceptibilidade dos estrangeiros à doença 
e o fracasso da Medicina em resolver o 
problema deram ao Brasil a reputação de 
uma das áreas mais insalubres dos trópicos.
4. Resposta: D.
A escassez de recursos financeiros 
associada à pulverização desses recursos e 
de pessoal entre diversos órgãos e setores, 
58/234
aos conflitos de jurisdição e gestão, e 
superposição de funções e atividades, 
fizeram com que a maioria das ações de 
saúde pública no Estado Novo se reduzisse 
a meros aspectos normativos, sem 
efetivação no campo prático de soluções 
para os grandes problemas sanitários 
existentes no país naquela época.
5. Resposta: D.
A população do RJ encontrava-se 
insatisfeita com as medidas radicais 
tomadas por Osvaldo Cruz. Seu modelo 
campanhista começa, no objetivo de 
erradicar febre amarela, mas é durante 
uma campanha obrigatória contra varíola 
que eclode uma grande revolta popular, 
conhecida como Revolta da Vacina.
59/234
Unidade 3
História e Conceito de Política de Saúde Pública Brasileira do Saneamento dos Portos e 
Sanitarismo Campanhista
Objetivos
1. Aprimorar os conhecimentos de 
profissionais da área da saúde e áreas 
afins, sobre os pontos relevantes no 
contexto histórico da saúde pública 
brasileira no contexto do saneamento 
dos portos e do sanitarismo 
campanhista.
2. Abordar os conceitos, organização efuncionamento do saneamento dos 
portos e do sanitarismo campanhista.
Unidade 3 • História e Conceito de Política de Saúde Pública Brasileira do Saneamento dos Portos e Sanitarismo Campanhista60/234
1. Introdução
A instalação oficial da vigilância sanitária 
no Brasil ocorreu em 28 de janeiro de 1808, 
quando D. João VI assinou em Salvador 
(BA), então capital brasileira, a carta régia 
que “abriu os portos às nações amigas”. 
Impôs-se um controle sanitário mais 
efetivo não só dos portos, mas também 
dos navios e passageiros que chegavam 
ao Brasil. Em 1808, com a transferência 
da família real para o Brasil, foram feitas 
profundas mudanças na cidade do Rio 
de Janeiro, visando adequá-la à condição 
de sede da corte portuguesa na América 
(BARBOSA, 1909).
Essas transformações procuraram 
garantir a higiene e a salubridade urbana. 
A organização dos serviços sanitários 
instalados por D. João VI no Brasil enfocou 
o controle das doenças epidêmicas, 
com especial atenção para as cidades 
portuárias, mais propícias à sua ocorrência 
pela intensa circulação de pessoas e 
mercadorias. Inicialmente, as questões 
sanitárias relacionadas ao combate às 
Link
Carta de Sua Majestade escrita ao 
Governador e Capitão Geral deste Estado, 
Dom João de Alencastro, sobre as sesmarias 
(<http://memoria.bn.br/pdf/094536/
per094536_1949_00084.pdf>)
http://memoria.bn.br/pdf/094536/per094536_1949_00084.pdf
http://memoria.bn.br/pdf/094536/per094536_1949_00084.pdf
Unidade 3 • História e Conceito de Política de Saúde Pública Brasileira do Saneamento dos Portos e Sanitarismo Campanhista61/234
epidemias e à inspeção dos portos era 
atribuição da Provedoria-mor de Saúde da 
Corte e Estado do Brasil, estabelecida pelo 
decreto de 28 de julho de 1809. À extinção 
dos cargos e órgãos responsáveis por tais 
serviços seguiu-se a aprovação, em 1828, 
da chamada Lei de 1º de Outubro, que 
definiu as funções das Câmaras Municipais. 
A criação da Inspeção de Saúde do Porto 
veio complementar a mudança que se 
verificava na divisão de responsabilidades 
entre o governo central, as províncias e 
as municipalidades na administração dos 
negócios referentes à saúde da população 
e à salubridade das cidades (CARVALHO, 
2013).
A Inspeção de Saúde Pública do Porto 
do Rio de Janeiro, criada pelo decreto 
de 17 de janeiro de 1829, tinha como 
função verificar o estado sanitário das 
embarcações e decidir se estavam 
autorizadas ou deveriam guardar 
quarentena. Esse regulamento de 
fiscalização sanitária do porto foi expedido 
no contexto da reorganização dos serviços 
de saúde durante o Primeiro Reinado 
(1822-1831), que definiu seu novo arranjo 
institucional após a extinção dos cargos de 
físico-mor, cirurgião-mor e provedor-mor, 
e a publicação da lei de 1º de outubro de 
1828 (HORTON, 2011).
Na corte, o serviço seria desempenhado 
por uma comissão composta por provedor 
da saúde, professor de saúde, intérprete, 
que serviria também de secretário, 
guarda-bandeira e os guardas que fossem 
Unidade 3 • História e Conceito de Política de Saúde Pública Brasileira do Saneamento dos Portos e Sanitarismo Campanhista62/234
necessários. O chefe da comissão seria 
o provedor da saúde, escolhido dentre 
os vereadores e nomeado pela Câmara 
Municipal, que designaria também o 
professor de saúde, que deveria ser 
um médico ou cirurgião aprovado em 
medicina, e desempenharia a função de 
diretor das visitações (ROSEN, 1994).
A inspeção e fiscalização, segundo o 
regulamento de fiscalização sanitária, 
determinava que fossem submetidas às 
visitas de saúde todas as embarcações 
mercantis ou de guerra, nacionais ou 
estrangeiras, que aportassem no Rio 
de Janeiro. Com exceção apenas das 
embarcações de menor porte, voltadas 
ao comércio interno e da costa. Para a 
visitação, os navios deviam ficar fundeados 
no ancoradouro de Jurujuba, em Niterói. 
(MELLO, 2010).
A preocupação dos estados com as cidades 
era evidente, preservando a força de 
trabalho das classes sociais mais baixas e 
ainda preservando a segurança da classe 
alta que residia no meio urbano contra 
doenças transmissíveis, como varíola, 
peste e febre amarela.
Link
O vírus da varíola foi descoberto pela primeira 
vez em 570 DC. Por Bishop Marius de Avenches, 
na Suiça. A palavra deriva do latim varius ou varus 
que significa bexigas (<http://www.ahistoria.
com.br/variola/>)
http://www.ahistoria.com.br/variola/
http://www.ahistoria.com.br/variola/
Unidade 3 • História e Conceito de Política de Saúde Pública Brasileira do Saneamento dos Portos e Sanitarismo Campanhista63/234
A cidade de São Paulo foi a primeira 
cidade portuária que implantou os 
empreendimentos de higiene pública. 
Ocorre, então, um alto investimento 
para a área da saúde pública. E, assim, as 
fiscalizações tornaram-se mais rigorosas, 
e ficou obrigatória a notificação oficial de 
todos os casos de doenças infeciosas.
Nas primeiras décadas do século XIX 
(1820), ocorreu a chegada de inúmeros 
imigrantes europeus, sendo que as 
condições sanitárias para a sua recepção e 
permanência no país eram cada vez mais 
difíceis. Esse fato, juntamente com a falta 
de políticas sociais e de saúde, resultou 
na disseminação de epidemias de febre 
amarela e peste bubônica, dentre outras. 
Além disso, os emigrantes traziam doenças 
raras, como a cólera, a escarlatina e o tifo, 
o que resultava na ocorrência de diversos 
tipos de surtos em toda a população 
(BARBOSA, 1909).
Para saber mais
No quadro das principais doenças da história da 
humanidade, a Peste Bubônica, indubitavelmente, 
ocupa um lugar de destaque. Para a maioria dos 
países, a palavra peste significa tanto uma doença 
específica, a Peste Bubônica, quanto uma série de 
males que por séculos assolaram as populações 
humanas. Tal associação se deve ao elevado 
número de óbitos provocados pelas epidemias 
no continente europeu, cuja mais impactante 
permanece sendo a do século XIV (<http://www.
hcte.ufrj.br/downloads/sh/sh4/trabalhos/
Vagner%20Souza.pdf>).
http://www.hcte.ufrj.br/downloads/sh/sh4/trabalhos/Vagner%20Souza.pdf
http://www.hcte.ufrj.br/downloads/sh/sh4/trabalhos/Vagner%20Souza.pdf
http://www.hcte.ufrj.br/downloads/sh/sh4/trabalhos/Vagner%20Souza.pdf
Unidade 3 • História e Conceito de Política de Saúde Pública Brasileira do Saneamento dos Portos e Sanitarismo Campanhista64/234
A partir de 1832, a epidemia de cólera se 
propagou pela Europa e seguiu as rotas 
comerciais que ligavam os diferentes 
portos, chegando rapidamente à 
América. O desafio das autoridades 
nesse momento era conter a entrada da 
epidemia e, ao mesmo tempo, manter as 
atividades comerciais, o que esbarrava 
nas quarentenas previstas pelo código 
sanitário. Os prazos das quarentenas 
eram definidos de acordo com os portos 
de proveniência dos navios, tendo sido 
estipulados procedimentos específicos 
a serem adotados com as embarcações 
dedicadas ao tráfico negreiro (BARBOSA, 
1909; CARVALHO, 2013).
Assim, o serviço da Inspeção no Rio de 
Janeiro passou a se organizar em duas 
frentes, subordinadas ao provedor de 
saúde: o serviço de mar, composto pelo 
professor de saúde, intérprete e um guarda; 
e o serviço de terra, desempenhado pelo 
facultativo, intérprete e guarda. Em 1836, 
esse regulamento foi alterado pelo decreto 
de 23 de abril, que limitou o número de 
facultativos servindo na Inspeção de 
Saúde do Porto, aboliu o destacamento 
semanal dos empregados do serviço 
de mar na fortaleza de Villegaignon, 
estabeleceu visitas diárias às embarcações 
e determinou que as despesas do serviço 
se fizessem pelo orçamento da própria 
Provedoria da Saúde (HORTON, 2011; 
MELLO, 2010).
Unidade 3 • História e Conceito de Política de Saúde Pública Brasileira do Saneamento dos Portos e Sanitarismo Campanhista65/234
O decreto n. 243, de 30 de novembro de 
1841, autorizou o governo a reformar as 
inspeções de saúde dos portos. Um novo 
regulamento foi aprovado apenas em 
1843, pelo decreto n. 268, de 29 de janeiro, 
que retirou das Câmaras Municipaisa 
jurisdição sobre as inspeções sanitárias 
dos portos e determinou a competência 
privativa do governo imperial sobre a 
nomeação de seus empregados. Esse ato 
aboliu ainda o lugar de professor de saúde, 
ficando suas funções transferidas para o 
provedor de saúde, cargo exercido por um 
médico ou cirurgião. A Inspeção de Saúde 
no Rio de Janeiro, segundo decreto n. 273, 
de 25 de fevereiro, ficava subordinada 
à 2ª Seção da Secretaria de Estado dos 
Negócios do Império, responsável pelos 
Para saber mais
Em 10 de novembro de 1555, chegou ao Brasil 
uma expedição comandada pelo francês Nicolas 
Durand de Villegagnon, Vice-Almirante da 
Bretanha, tendo como pretensão fundar uma 
colônia francesa em terras austrais brasileiras 
pertencentes a Portugal. Fundou na Baía de 
Guanabara, chamada pelos franceses de 
Genèvre, e resolveu, após dois meses estudando 
as ilhas e as terras adjacentes com a ajuda 
dos índios tupinambás, estabelecer se numa 
pequena ilha conhecida pelos indígenas com 
o nome de Sergipe e pelos portugueses, de 
Palmeiras (<http://www.revistanavigator.
com.br>).
http://www.revistanavigator.com.br
http://www.revistanavigator.com.br
Unidade 3 • História e Conceito de Política de Saúde Pública Brasileira do Saneamento dos Portos e Sanitarismo Campanhista66/234
assuntos relativos à saúde pública, 
instrução, obras públicas, polícia civil e 
caridade (ROSEN, 1994).
No Rio de Janeiro, o órgão era composto 
pelo provedor, dois secretários intérpretes, 
um agente, um guarda bandeira e dois 
guardas. Nas províncias, a estrutura 
variava um pouco: na Bahia, Pernambuco 
e Maranhão, haveria provedor, secretário 
intérpretes e guarda; nos demais portos 
onde houvesse alfândega, teriam somente 
o provedor e guarda. O regulamento de 
1843 estabeleceu ainda que em todos os 
portos brasileiros deveria ser designado 
um ancoradouro para a quarentena, e 
que as embarcações vindas do exterior 
eram obrigadas a exibir a carta de 
saúde, documento expedido pelas 
autoridades sanitárias que atestava a 
saúde da tripulação e do porto de origem 
(CARVALHO, 2013).
Apesar de todos esses esforços, a febre 
amarela aportou em Salvador em 1849, 
atingindo ainda Natal, Belém e Santos, 
mas foi sua chegada ao Rio de Janeiro 
que promoveu alterações na organização 
dos serviços sanitários, com a aprovação, 
pelo decreto n. 598, de 14 de setembro de 
1850, de um crédito extraordinário a ser 
despendido exclusivamente na melhoria da 
salubridade da capital e a criação da Junta 
de Higiene Pública. À Junta, encarregada 
de apresentar ao governo imperial 
medidas indispensáveis à manutenção da 
salubridade pública, ficavam incorporados 
a Inspeção de Saúde do Porto e o Instituto 
Unidade 3 • História e Conceito de Política de Saúde Pública Brasileira do Saneamento dos Portos e Sanitarismo Campanhista67/234
Vacínico do Império. O decreto também 
determinava que a junta exercesse a polícia 
médica nas visitas das embarcações, papel 
que até então cabia à Inspeção da Saúde 
do Porto (HORTON, 2011).
organização da Inspeção de Saúde dos 
Portos, de forma a adequá-la às novas 
autoridades sanitárias constituídas nas 
províncias: as comissões de higiene e os 
provedores de saúde pública. Além disso, 
com a recorrência da febre amarela no Rio 
de Janeiro, foi estabelecido nesse mesmo 
ano um lazareto na enseada de Jurujuba, 
transformado, em março de 1853, no 
Hospital Marítimo de Santa Isabel. O 
decreto n. 2.052, de 12 de dezembro de 
1857, colocou o Hospital de Santa Isabel 
sob a direção do provedor de saúde do 
porto do Rio de Janeiro (MELLO, 2010).
Em 1859, um novo regulamento da 
Inspeção de Saúde dos Portos, define que 
seria considerado portos infeccionados 
aqueles onde reinassem o cólera-morbo, 
Para saber mais
Criado pelo decreto n.º 464, de 17/08/1846, o 
Instituto Vacínico do Império, conhecido também pelo 
nome de Instituto Vacínico da Corte, era resultante 
do Regulamento que reformara a Junta Vacínica da 
Corte, ampliando seu raio de ação para todo o Império 
(<http://www.dichistoriasaude.coc.fiocruz.br/
iah/pt/verbetes/instvacimp.htm>).
O regulamento aprovado pelo decreto 
n. 828, de 29 de setembro de 1851, 
promoveu alterações pontuais na 
http://www.dichistoriasaude.coc.fiocruz.br/iah/pt/verbetes/instvacimp.htm
http://www.dichistoriasaude.coc.fiocruz.br/iah/pt/verbetes/instvacimp.htm
Unidade 3 • História e Conceito de Política de Saúde Pública Brasileira do Saneamento dos Portos e Sanitarismo Campanhista68/234
a febre amarela e a peste do Oriente, 
estabelecendo as formas e prazos para 
concessão da carta de saúde aos navios 
que tocassem os portos brasileiros. Ainda 
em 1859, um novo decreto reorganizou a 
estrutura da Inspeção de Saúde dos Portos 
nas províncias da Bahia, Pernambuco, Pará, 
e S. Pedro, extinguindo o cargo de ajudante 
dos inspetores de saúde (ROSEN, 1994).
O regulamento de 1861, aprovado 
pelo decreto n. 2.734, de 23 de janeiro, 
substituiu as quarentenas pelas 
desinfecções dos navios e estabeleceu 
que fossem duas as visitas no porto do 
Rio de Janeiro, a do escaler aos navios 
que entrassem e a do vapor aos que já 
estivessem ancorados. Também ficou 
definida uma nova estrutura para a 
Inspeção de Saúde dos Portos, no Rio de 
Janeiro e nas províncias. Na corte, além 
do inspetor de saúde, a Inspeção contaria 
com três ajudantes, secretário, agente 
e dois guardas. Na Bahia, Pernambuco, 
Maranhão, Pará e São Pedro haveria 
o inspetor, secretário e dois guardas, 
enquanto que nos demais portos em 
que houvesse alfândega a composição 
previa o inspetor e dois guardas. O novo 
regulamento definiu que para os cargos 
de inspetor e ajudante só poderiam 
ser nomeados “doutores em medicina” 
que soubessem falar francês ou inglês 
(RIBEIRO, 2010).
Em 1863, a Inspeção de Saúde do Porto 
do Rio de Janeiro passou por alterações 
pontuais que, de acordo com o decreto 
Unidade 3 • História e Conceito de Política de Saúde Pública Brasileira do Saneamento dos Portos e Sanitarismo Campanhista69/234
n. 3.059, de 11 de março, deveriam ser 
executadas quando o Hospital Marítimo de 
Santa Isabel deixasse de receber doentes, 
ou seja, quando não houvesse mais risco 
epidêmico. Nessa ocasião, diminuiriam 
para dois os lugares de ajudante do 
inspetor de saúde e as duas visitas 
sanitárias aos navios seriam feitas pelo 
vapor (MELLO, 2010).
Ainda que a febre amarela tenha se 
tornada endêmica, o Rio de Janeiro teve 
dois surtos importantes da doença, em 
1873 e 1876. Como forma de conter a 
frequência com que as febres amarelas, 
além da cólera e outras moléstias, 
irrompiam na corte e cidades portuárias, 
foram reorganizados os serviços sanitários 
em diversas cidades marítimas do 
Império. O decreto n. 6.378, de 15 de 
novembro de 1876, mandou executar 
provisoriamente medidas necessárias para 
conter a introdução e o avanço de doenças 
epidêmicas em diversos portos e cidades 
marítimas do Império, com instruções 
específicas para a organização e o serviço 
a cargo da Junta Central de Higiene Pública 
(CARVALHO, 2013).
O ato também dispôs sobre as duas visitas 
sanitárias aos navios no porto do Rio 
de Janeiro, criando provisoriamente um 
lazareto flutuante na enseada da Jurujuba, 
destinado à quarentena dos passageiros 
procedentes de portos onde grassassem a 
febre amarela, cólera ou peste do Oriente. 
Tais medidas foram estendidas, no que 
fosse aplicável, às províncias da Bahia, 
Unidade 3 • História e Conceito de Política de Saúde Pública Brasileira do Saneamento dos Portos e Sanitarismo Campanhista70/234
Pernambuco, Maranhão, Pará, São Paulo e 
Rio Grande do Sul (MELLO, 2010).
O decreto n. 9.159, de 1º de março de 
1884, ampliou as atribuições da Inspeção 
de Saúde do Porto do Rio de Janeiro, 
conferindo-lhe, além do serviço sanitário 
que regularmente executava, a polícia 
sanitária do litoral e das docas de mercado, 
bem como o exame dos gêneros fornecidos 
Link
O termo peste é usado popularmente para 
designar flagelos marcantes que, porsua 
magnitude e transcendência, alteram a rotina 
das famílias, das sociedades e das nações 
(<http://bvsms.saude.gov.br>).
às embarcações pelos quitandeiros 
marítimos. A Inspeção ficava ainda 
responsável pela vigilância sobre posturas 
municipais, no que concernia à higiene do 
litoral, devendo comunicar as infrações 
à Câmara Municipal para imposição das 
penas (ROSEN, 1994).
No mesmo ano de 1884, a cólera-morbo 
voltou a grassar epidemicamente na 
Europa, atingindo rapidamente diversos 
países. No Rio de Janeiro, foi autorizada a 
construção de um lazareto na Ilha Grande, 
destinado às quarentenas, subordinado à 
Inspetoria-Geral de Saúde dos Portos do 
Rio de Janeiro (MELLO, 2010).
Em 1886, o decreto n. 9.554, de 3 de 
fevereiro, reestruturou os serviços 
sanitários do Império, dividindo-os em 
http://bvsms.saude.gov.br/edicoes-anteriores/2001-a-2016/174-edicoes-2003/is-n-2-abr-jun-2003/1551-doencas-endemicas
Unidade 3 • História e Conceito de Política de Saúde Pública Brasileira do Saneamento dos Portos e Sanitarismo Campanhista71/234
serviços terrestre e marítimo, dirigidos 
respectivamente pela Inspetoria-Geral de 
Higiene e pela Inspetoria-Geral de Saúde 
dos Portos. Este ato é considerado a última 
grande reforma na área da saúde pública 
do Império, e confirmava a tendência à 
centralização político-administrativa, 
criando o Conselho Superior de Saúde 
Pública, presidido pelo secretário e ministro 
dos Negócios do Império, e extinguindo 
a Junta Central de Higiene Pública e seus 
órgãos subordinados (REBELO, 2010).
Pela nova estrutura, na corte o serviço 
sanitário terrestre ficava responsável 
pelas atividades de propagação da vacina, 
enquanto o serviço sanitário dos portos 
respondia pelo socorro médico e pela 
polícia sanitária dos navios, ancoradouros e 
litoral, além das quarentenas marítimas. Na 
execução dos serviços, a Inspetoria-Geral de 
Saúde dos Portos tinha a jurisdição no porto 
do Rio de Janeiro e as províncias ficavam sob 
a alçada dos inspetores de saúde dos portos 
das províncias (MELLO, 2010).
Na corte, a estrutura da Inspeção de 
Saúde compunha-se do inspetor-
geral, quatro ajudantes, secretário, que 
deveriam ser médicos, além de dois 
amanuenses, porteiro e contínuo. Nas 
províncias do Pará, Pernambuco e Bahia 
haveria um inspetor de saúde do porto, 
um ajudante do inspetor, um secretário 
e dois guardas de saúde. Nas províncias 
do Maranhão, São Paulo e Rio Grande do 
Sul, existia um inspetor de saúde do porto, 
um secretário e dois guardas de saúde. 
Unidade 3 • História e Conceito de Política de Saúde Pública Brasileira do Saneamento dos Portos e Sanitarismo Campanhista72/234
Nas províncias do Amazonas, Piauí, Ceará, 
Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas, 
Sergipe, Espírito Santo, Paraná e Santa 
Catarina, a Inspeção seria formada pelo 
inspetor de saúde do porto e dois guardas 
de saúde (CARVALHO, 2013).
Até 1900, a frequência e regularidade 
com que a doença atacava o Rio de 
Janeiro, a grande susceptibilidade dos 
estrangeiros à doença e o fracasso da 
Medicina em resolver o problema deram ao 
Brasil a reputação de uma das áreas mais 
insalubres dos trópicos (BARBOSA, 1909).
Em 1903, Oswaldo Cruz assume a Diretoria 
Geral de Saúde Pública, com o objetivo 
de eliminar a febre amarela do Rio de 
Janeiro, adotando medidas autoritaristas 
desempenhadas pelos chamados guardas 
sanitários (por exemplo, entrada nas 
casas da população sem permissão do 
dono, seguida de queima de colchões, 
demolições de construções antigas, o 
que gerou descontentamento e revolta 
popular). Este foi o modelo de intervenção 
chamado de campanhista, concebido 
dentro de uma visão militar em que os fins 
justificam os meios, e no qual o uso da 
força e da autoridade eram considerados 
os instrumentos preferenciais de ação 
(SANTOS et al., 2007).
Apesar das arbitrariedades e dos abusos 
cometidos em decorrência do modelo 
campanhista, obtiveram-se importantes 
vitórias no controle das doenças 
epidêmicas, conseguindo, inclusive, 
erradicar a febre amarela da cidade do 
Unidade 3 • História e Conceito de Política de Saúde Pública Brasileira do Saneamento dos Portos e Sanitarismo Campanhista73/234
Rio de Janeiro, o que fortaleceu o modelo 
proposto e o tornou hegemônico como 
proposta de intervenção na área da saúde 
coletiva saúde durante décadas (SANTOS 
et al., 2007).
Em 1914, foi criada a Liga Pró-Saneamento 
do Brasil, que congregou os maiores nomes 
do pensamento sanitarista. Com a situação 
dos problemas sanitários nacionais, criou-
se o Ministério de Higiene e Saúde Pública, 
por parte da Liga Pró-Saneamento, que 
compreenderia a inspeção de Saúde dos 
Portos e Rios. Em 1920, Carlos Chagas, 
sucessor de Oswaldo Cruz, reestrutura o 
Departamento Nacional de Saúde Pública, 
então ligado ao Ministério da Justiça, 
e introduz a propaganda e a educação 
sanitária na técnica rotineira de ação, 
inovando o modelo campanhista de 
Oswaldo Cruz, que possuía puramente 
enfoque fiscal e policial. Nesse período, 
ocorriam os movimentos dos operários 
reivindicando alguns direitos sociais 
(CARVALHO, 2013).
Assim, em 24 de janeiro de 1923, foi 
aprovada pelo Congresso Nacional a Lei 
Eloi Chaves, marco inicial da previdência 
social no Brasil, sendo instituídas as 
Caixas de Aposentadoria e Pensão (CAPs) 
que asseguravam os socorros médicos 
em caso de doença em sua pessoa ou 
pessoa de sua família; a aposentadoria; 
a pensão para seus herdeiros em caso de 
morte; e a assistência aos acidentados no 
trabalho. A primeira CAP criada foi a dos 
ferroviários, o que pode ser explicado pela 
Unidade 3 • História e Conceito de Política de Saúde Pública Brasileira do Saneamento dos Portos e Sanitarismo Campanhista74/234
importância que esse setor desempenhava 
na economia do país naquela época e pela 
capacidade de mobilização que a categoria 
dos ferroviários possuía. A lei deveria ser 
aplicada somente ao operariado urbano 
e as caixas organizadas pelas próprias 
empresas (HORTON, 2011).
O Estado não participava propriamente 
do custeio das Caixas, que, de acordo com 
o determinado pelo artigo 3o da lei Eloy 
Chaves, eram mantidas por: empregados 
das empresas (3% dos respectivos 
vencimentos); empresas (1% da renda 
bruta); e consumidores dos serviços 
delas. Em 1930, o sistema já abrangia 47 
caixas, com 142.464 segurados ativos, 
8.006 aposentados e 7.013 pensionistas 
(RIBEIRO, 2010).
No que tange a previdência social, a 
política do estado pretendeu estender 
a todas as categorias do operariado 
urbano organizado os benefícios da 
previdência. Dessa forma, as antigas 
CAPs são substituídas pelos Institutos 
de Aposentadoria e Pensões (IAP). 
Nesses institutos, os trabalhadores eram 
organizados por categoria profissional 
(marítimos, comerciários, bancários) e não 
por empresa (REBELO, 2010).
Em 1933, foi criado o primeiro Instituto de 
Aposentadoria e Pensões o dos Marítimos 
(IAPM). Seu decreto de constituição definia, 
no artigo 46, os benefícios assegurados 
aos associados (FERREIRA, 2012):
Unidade 3 • História e Conceito de Política de Saúde Pública Brasileira do Saneamento dos Portos e Sanitarismo Campanhista75/234
a) aposentadoria;
b) pensão em caso de morte para os 
membros de suas famílias ou para os 
beneficiários, na forma do art. 55;
c) assistência médica e hospitalar, com 
internação até trinta dias;
d) socorros farmacêuticos, mediante 
indenização pelo preço do custo 
acrescido das despesas de 
administração.
§ 2º - O custeio dos socorros mencionados 
na alínea c não deverá exceder à 
importância correspondente ao total de 
8%, da receita anual do Instituto, apurada 
no exercício anterior, sujeita a respectiva 
verba à aprovação do Conselho Nacional 
do Trabalho (FERREIRA, 2012):
Os IAPs foram criados de acordo com a 
capacidade de organização, mobilização 
e importância da categoria profissional 
em questão. Assim, em 1933, foi criado o 
primeiro instituto, o de Aposentadoria e 
Pensões dos Marítimos (IAPM), em 1934, 
o dos Comerciários

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