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Direito Civil - Procurador da Prefeitura 17 04 17 - CURSO COMPLETO

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Prévia do material em texto

Rafael	Barreto	Ramos	
		2017	
1	
	
CURSO	PROCURADOR	DA	PREFEITURA	DE	BELO	HORIZONTE	
Direito	Civil	
	
Professor:	Haroldo	Nicácio	
	
13/11/16	
Parte	geral	
Ø Pessoa	natural	
1.	Personalidade	civil	ou	jurídica	
Capacidade	de	direito	(de	gozo).	
1.1.	Início	
Nascimento	com	vida.	
A	 lei	põe	a	salvo,	desde	a	concepção,	os	direitos	do	nascituro.	Trata-se	de	questão	polêmica,	
pois	o	STF	decidiu	por	incluir	a	interrupção	da	gravidez	até	três	meses.		
1.1.1.	Teoria	natalista	
Defende	a	tese	de	que	os	direitos	somente	estão	resguardados	a	partir	do	nascimento	com	vida.	
1.1.2.	Teoria	concepcionista	
Defende	que	os	direitos	estão	resguardados	desde	a	concepção.	
A	concepção	não	se	configura	a	partir	da	fecundação,	pois	não	há	como	fazer	perícia.	
A	partir	do	momento	que	se	prende	ao	endométrio,	ocorre	o	fenômeno	biológico	da	nidação,	o	que	o	
direito	chama	de	nascituro.	
Desta	feita,	a	concepção	se	inicia	a	partir	da	nidação.	
1.1.3.	Direito	das	sucessões	
Adota	o	princípio	“droit	de	saisine”.	
Princípio	segundo	o	qual	o	art.	1.784	não	admite	como	crível	o	patrimônio	como	sem	titular.	
Ou	seja,	aberta	a	sucessão,	este	é	transmitido,	automaticamente,	para	os	herdeiros	legítimos	ou	herdeiros	
testamentários.	
Pelo	 direito	 sucessório,	 aquele	 não	 nascido	 tem	 uma	 expetativa	 de	 direito	 à	 herança,	 estando	 este	
condicionado	ao	nascimento	com	vida.	
Rafael	Barreto	Ramos	
		2017	
2	
	
Se	A,	casado	com	B,	que	está	grávida,	falece,	B	poderá	requerer	a	posse	em	nascituro,	para	comprovar	
que	está	grávida	e	esperar	o	nascimento.	
Caso	se	tratar	de	um	natimorto	(aquele	que	nasceu	morto),	não	haverá	direitos	sucessórios.	
De	outra	forma,	neomorto	é	aquele	que,	respirou	ao	menos	uma	vez,	cumprindo	o	requisito	legal	(nascer	
com	vida),	adquiriu	personalidade	civil	ou	jurídica	e,	assim,	os	direitos	sucessórios	e,	ao	nascer	e,	 logo	
após,	morrer,	transferiu	seus	direitos	sucessórios	à	sua	genitora.	
O	procedimento	realizado	para	comprovar	o	nascimento	com	vida	é	a	docimasia	hidrostática	de	galeno	
que	consiste	em	pegar	o	pulmão	do	recém-nascido	e,	caso	este	não	boie,	comprova	que	estava	repleto	
de	líquido	amniótico,	ou	seja,	o	ser	nasceu	morto	e,	caso	não	boie,	comprova	que	o	ser	respirou	e,	assim,	
nasceu	com	vida.	
Todavia,	este	procedimento	está	sujeito	a	falsos	positivos.	
Desta	 feita,	 atualmente,	 quando	 a	 docimasia	 resta	 postiva,	 adota-se,	 também,	 o	 procedimento	
denominado	histologia.		
IMPORTANTE:	
Enquanto	o	direito	sucessório	adota	a	teoria	natalista,	os	alimentos	gravídicos	adotam	a	teoria	
concepcionista.	
Art.	2o	–	CC	 -	A	personalidade	civil	da	pessoa	começa	do	nascimento	com	vida;	mas	a	 lei	põe	a	salvo,	
desde	a	concepção,	os	direitos	do	nascituro.	
Art.	 1.784	 -	 CC.	 Aberta	 a	 sucessão,	 a	 herança	 transmite-se,	 desde	 logo,	 aos	 herdeiros	 legítimos	 e	
testamentários.	
Art.	1.829	-	CC.	A	sucessão	legítima	defere-se	na	ordem	seguinte:	
I	-	aos	descendentes,	em	concorrência	com	o	cônjuge	sobrevivente,	salvo	se	casado	este	com	o	falecido	
no	regime	da	comunhão	universal,	ou	no	da	separação	obrigatória	de	bens	(art.	1.640,	parágrafo	único);	
ou	se,	no	regime	da	comunhão	parcial,	o	autor	da	herança	não	houver	deixado	bens	particulares;	
II	-	aos	ascendentes,	em	concorrência	com	o	cônjuge;	
2.	Louco	e	interditado	
Com	o	advento	da	Lei	13.146/15Somente	são	absolutamente	incapazes	os	menores	de	16	anos.	
Assim,	o	louco	e	o	interditado	não	perdem	seus	direitos.	
Art.	3o	-	CC	São	absolutamente	incapazes	de	exercer	pessoalmente	os	atos	da	vida	civil	os	menores	de	16	
(dezesseis)	anos.													(Redação	dada	pela	Lei	nº	13.146,	de	2015)										(Vigência)	
	I	-	(Revogado);								(Redação	dada	pela	Lei	nº	13.146,	de	2015)						(Vigência)	
	II	-	(Revogado);										(Redação	dada	pela	Lei	nº	13.146,	de	2015)								(Vigência)	
	III	-	(Revogado).										(Redação	dada	pela	Lei	nº	13.146,	de	2015)								(Vigência)	
Rafael	Barreto	Ramos	
		2017	
3	
	
Art.	4o	-	CC	São	incapazes,	relativamente	a	certos	atos	ou	à	maneira	de	os	exercer:													(Redação	dada	
pela	Lei	nº	13.146,	de	2015)								(Vigência)	
I	-	os	maiores	de	dezesseis	e	menores	de	dezoito	anos;	
	 II	 -	 os	 ébrios	 habituais	 e	 os	 viciados	 em	 tóxico;	 	 	 	 	 	 	 	 	 (Redação	 dada	 pela	 Lei	 nº	 13.146,	 de	
2015)									(Vigência)	
	III	-	aqueles	que,	por	causa	transitória	ou	permanente,	não	puderem	exprimir	sua	vontade;										(Redação	
dada	pela	Lei	nº	13.146,	de	2015)								(Vigência)	
IV	-	os	pródigos.	
Parágrafo	único.		A	capacidade	dos	indígenas	será	regulada	por	legislação	especial.								(Redação	dada	
pela	Lei	nº	13.146,	de	2015)									(Vigência)	
3.	Morto	
Necessária	a	certidão	de	óbito	após	ter	sido	atestado	por	médico.	
Art.	6o		CC	-	A	existência	da	pessoa	natural	termina	com	a	morte;	presume-se	esta,	quanto	aos	ausentes,	
nos	casos	em	que	a	lei	autoriza	a	abertura	de	sucessão	definitiva.	
Art.	9o	-		CC	Serão	registrados	em	registro	público:	
I	-	os	nascimentos,	casamentos	e	óbitos;	
II	-	a	emancipação	por	outorga	dos	pais	ou	por	sentença	do	juiz;	
III	-	a	interdição	por	incapacidade	absoluta	ou	relativa;	
IV	-	a	sentença	declaratória	de	ausência	e	de	morte	presumida.	
3.1.	Morte	ficta	ou	presumida	
3.1.1.	Com	decretação	de	ausência	
É	aquela	da	qual	uma	pessoa	desaparece	de	seu	domicílio	sem	qualquer	notícia.	
O	ausente,	desde	que	declarado	como	tal	por	sentença,	NÃO	É	PRESUMIDAMENTE	DECRETADO	COMO	
MORTO.	 Nesta	 fase	 este	 será	 somente	 ausente.	 Após,	 abre-se	 provisoriamente	 uma	 sucessão	 para,	
somente	então,	ser	este	tido	como	presumidamente	morto.	
Combinar	o	art.	6º	com	o	22	e	seguintes,	todos	do	CC.	
Art.	22	-	CC.	Desaparecendo	uma	pessoa	do	seu	domicílio	sem	dela	haver	notícia,	se	não	houver	deixado	
representante	ou	procurador	a	quem	caiba	administrar-lhe	os	bens,	o	juiz,	a	requerimento	de	qualquer	
interessado	ou	do	Ministério	Público,	declarará	a	ausência,	e	nomear-lhe-á	curador.	
Art.	23	-	CC.	Também	se	declarará	a	ausência,	e	se	nomeará	curador,	quando	o	ausente	deixar	mandatário	
que	não	queira	ou	não	possa	exercer	ou	continuar	o	mandato,	ou	se	os	seus	poderes	forem	insuficientes.	
Art.	24	-	CC.	O	juiz,	que	nomear	o	curador,	fixar-lhe-á	os	poderes	e	obrigações,	conforme	as	circunstâncias,	
observando,	no	que	for	aplicável,	o	disposto	a	respeito	dos	tutores	e	curadores.	
Rafael	Barreto	Ramos	
		2017	
4	
	
Art.	25	-	CC.	O	cônjuge	do	ausente,	sempre	que	não	esteja	separado	judicialmente,	ou	de	fato	por	mais	
de	dois	anos	antes	da	declaração	da	ausência,	será	o	seu	legítimo	curador.	
§	1o	Em	falta	do	cônjuge,	a	curadoria	dos	bens	do	ausente	incumbe	aos	pais	ou	aos	descendentes,	nesta	
ordem,	não	havendo	impedimento	que	os	iniba	de	exercer	o	cargo.	
§	2o	Entre	os	descendentes,	os	mais	próximos	precedem	os	mais	remotos.	
§	3o	Na	falta	das	pessoas	mencionadas,	compete	ao	juiz	a	escolha	do	curador.	
3.1.2.	Sem	decretação	de	ausência	
Se	fugir	à	regra	do	art.	7º	do	CC,	cairá	na	regra	do	art.	6º	e	22	e	ss	do	CC	(vide	item	acima).	
Art.	7o	–	CC	-	Pode	ser	declarada	a	morte	presumida,	sem	decretação	de	ausência:	
I	-	se	for	extremamente	provável	a	morte	de	quem	estava	em	perigo	de	vida;	
II	-	se	alguém,	desaparecido	em	campanha	ou	feito	prisioneiro,	não	for	encontrado	até	dois	anos	após	o	
término	da	guerra.	
Parágrafo	único.	A	declaração	da	morte	presumida,	nesses	casos,	somente	poderá	ser	requerida	
depois	de	esgotadas	as	buscas	e	averiguações,	devendo	a	sentença	fixar	a	data	provável	
do	falecimento.	
Enquanto	 as	 buscas	 e	 averiguações	 do	 possível	 presumido	 morto	 não	 termiarem,	 não	 poderá	 ser	
prolatada	a	sentença.	
3.1.3	Sentença	
Art.	9o	–	CC	-	Serão	registrados	em	registro	público:	
I	-	os	nascimentos,	casamentos	e	óbitos;	
II	-	a	emancipação	por	outorga	dos	pais	ou	por	sentença	do	juiz;	
III	-	a	interdição	por	incapacidade	absoluta	ou	relativa;	
IV	-	a	sentença	declaratória	de	ausência	e	de	morte	presumida.	
4.	Capacidade	de	fato	(de	exercício)	
4.1.	1º	implemento–	maioridade	civil	–	18	anos	
4.2.	2º	implemento	–	emancipação	(art.	5º	-	par.	unic.	–	CC)	
A	emancipação	NÃO	CESSA	A	MENORIDADE,	MAS	SIM	A	INCAPACIDADE.	
4.2.1.	Emancipação	voluntária	
Conferida	pelos	pais	ou	um	deles,	na	falta	de	outro.	
NECESSÁRIA	ESTA	SER	CONFERIDA	POR	ESCRITURA	PÚBLICA	(NÃO	É	PARTICULAR).	Não	necessita	ser	homologada	
judicialmente.	
Rafael	Barreto	Ramos	
		2017	
5	
	
NECESSÁRIO	QUE	O	FILHO	TENHA	16	ANOS.	
Não	 compete	 ao	 tabelião	 do	 cartório	 de	 notas	 perquirir	 quanto	 aos	motivos	 dos	 pais.	 Deve	 somente	
conferir	se	os	pais	estão	de	comum	acordo	e	se	o	filho	tem	16	anos.	
Após	lavrada	a	escritura	pública,	esta	deve	ir	a	registro	público	(art.	9º,	inciso	II	–	CC)	
4.2.1.1.	Falta	de	um	dos	pais	
-	No	caso	de	morte	de	um	dos	genitores,	sendo	necessária	a	certidão	de	óbito	em	caso	de	morte	real.	
Tratando-se	de	morte	presumida	ou	ficta,	deve	esta	ser	provada	por	meio	da	sentença	de	falecimento.	
-	No	 caso	 do	 pai	 faltoso	 estar	 com	 vida,	mas	 ter	perdido	 o	 poder	 familiar.	 Depende	 de	 sentença	 do	
judiciário	(art.	1.638	–	CC).	
-	No	caso	de	paternidade	não	declarada	por	um	dos	genitores.	Demonstração	por	meio	da	certidão	de	
nascimento	do	menor.	
Art.	5o	–	CC	-	A	menoridade	cessa	aos	dezoito	anos	completos,	quando	a	pessoa	fica	habilitada	à	prática	
de	todos	os	atos	da	vida	civil.	
Parágrafo	único.	Cessará,	para	os	menores,	a	incapacidade:	
I	 -	 pela	 concessão	 dos	 pais,	 ou	 de	 um	 deles	 na	 falta	 do	 outro,	 mediante	 instrumento	 público,	
independentemente	de	homologação	judicial,	ou	por	sentença	do	juiz,	ouvido	o	tutor,	se	o	menor	tiver	
dezesseis	anos	completos;	
II	-	pelo	casamento;	
III	-	pelo	exercício	de	emprego	público	efetivo;	
IV	-	pela	colação	de	grau	em	curso	de	ensino	superior;	
V	-	pelo	estabelecimento	civil	ou	comercial,	ou	pela	existência	de	relação	de	emprego,	desde	que,	em	
função	deles,	o	menor	com	dezesseis	anos	completos	tenha	economia	própria.	
Art.	9o	–	CC	-	Serão	registrados	em	registro	público:	
I	-	os	nascimentos,	casamentos	e	óbitos;	
II	-	a	emancipação	por	outorga	dos	pais	ou	por	sentença	do	juiz;	
Art.	1.638	-	CC.	Perderá	por	ato	judicial	o	poder	familiar	o	pai	ou	a	mãe	que:	
I	-	castigar	imoderadamente	o	filho;	
II	-	deixar	o	filho	em	abandono;	
III	-	praticar	atos	contrários	à	moral	e	aos	bons	costumes;	
IV	-	incidir,	reiteradamente,	nas	faltas	previstas	no	artigo	antecedente.	
4.2.1.2.	Efeitos	
SOMENTE	NA	EMANCIPAÇÃO	VOLUNTÁRIA,	OS	PAIS	CONTINUARÃO	CO-RESPONSÁVEIS	PELOS	DANOS	
CAUSADOS	PELO	FILHO.	
Rafael	Barreto	Ramos	
		2017	
6	
	
	
IMPORTANTE:	
Se	o	filho	estiver	longe	dos	pais	na	escola	e	causar	um	dano,	a	escola	se	responsabilizará	por	
ressarcir	o	dano.	
A	jurisprudência	é	uníssona	ao	definir	que,	para	provar	o	disposto	no	art.	932,	inciso	I,	-	CC,	não	
é	necessário	provar	a	companhia	física,	todavia	deve	provar	a	autoridade.	
Art.	932	-	CC.	São	também	responsáveis	pela	reparação	civil:	
I	-	os	pais,	pelos	filhos	menores	que	estiverem	sob	sua	autoridade	e	em	sua	companhia;	
4.2.2.	Emancipação	judicial	
Após	pleiteado	pelo	genitor,	poderá	ser	concedido	pelo	Juiz	em	sentença.	
NECESSÁRIO	QUE	O	FILHO	TENHA,	NO	MÍNIMO,	16	ANOS.	
Em	caso	de	divergência	entre	os	genitores,	poderá	um	destes	acionar	o	judiciário	para	dirimir	
conflito.	
NÃO	 MANTÉM	 A	 RESPONSABILIDADE	 DOS	 PAIS	 POR	 DANOS	 CAUSADOS	 PELOS	 FILHOS	 A	
TERCEIROS.	
Art.	1.631	-	CC.	Durante	o	casamento	e	a	união	estável,	compete	o	poder	familiar	aos	pais;	na	falta	ou	
impedimento	de	um	deles,	o	outro	o	exercerá	com	exclusividade.	
Parágrafo	único.	Divergindo	os	pais	quanto	ao	exercício	do	poder	familiar,	é	assegurado	a	qualquer	deles	
recorrer	ao	juiz	para	solução	do	desacordo.	
4.2.3.	Tutor	–	NÃO	É	LEGÍTIMO	PARA	CONCEDER	A	EMANCIPAÇÃO	
Caso	o	menor	tenha	16	anos	e	haja	divergência	entre	este	e	o	tutor,	poderá	este	pleitear	a	emancipação	
e,	após	ouvido	o	tutor,	o	juiz	poderá	conceder	por	meio	de	sentença.	
4.3.	Emancipação	pelo	casamento	
SOMENTE	 ATRAVÉS	 DO	 CASAMENTO.	 DEVE	 SER	 PROVADA	 POR	 MEIO	 DA	 CERTIDÃO	 DE	
CASAMENTO.	
NÃO	CABE	NOS	CASOS	DE	UNIÃO	ESTÁVEL.	
Requerida	a	idade	núbil	de	16	anos	(art.	1.517	–	CC).		
O	casal	com	idade	núbil	possui	capacidade	relativa,	sendo	os	negócios	jurídicos	realizados	por	
estes	passíveis	de	anulação	(art.	171,	inciso	I	–	CC).	
Necessária	a	AUTORIZAÇÃO	dos	genitores	e	não	a	representação	destes.	
Caso	os	pais	neguem	autorização	de	forma	injusta,	poderá	esta	ser	suprida	judicialmente.	
Rafael	Barreto	Ramos	
		2017	
7	
	
-	EXCEÇÃO	À	IDADE	NÚBIL	
Por	meio	da	ação	de	suprimento	de	idade	(art.	1.520	–	CC).	
A	Lei	11.106/05	revogou	os	incisos	VII	e	VIII	do	art.	107	do	Código	Penal.	
Assim,	a	primeira	parte	do	art.	1.519	restou	prejudicada	ante	a	redação	da	lei	11.106/05.	
Portanto,	somente	haverá	exceção	à	idade	núbil	em	caso	de	gravidez.	
NÃO	 MANTÉM	 A	 RESPONSABILIDADE	 DOS	 PAIS	 POR	 DANOS	 CAUSADOS	 PELOS	 FILHOS	 A	
TERCEIROS.	
Art.	1.517	-	CC.	O	homem	e	a	mulher	com	dezesseis	anos	podem	casar,	exigindo-se	autorização	de	
ambos	os	pais,	ou	de	seus	representantes	legais,	enquanto	não	atingida	a	maioridade	civil.	
Parágrafo	único.	Se	houver	divergência	entre	os	pais,	aplica-se	o	disposto	no	parágrafo	único	do	art.	1.631.	
Art.	171	-	CC.	Além	dos	casos	expressamente	declarados	na	lei,	é	anulável	o	negócio	jurídico:	
I	-	por	incapacidade	relativa	do	agente;	
Art.	1.519	-	CC.	A	denegação	do	consentimento,	quando	injusta,	pode	ser	suprida	pelo	juiz.	
Art.	1.520	-	CC.	Excepcionalmente,	será	permitido	o	casamento	de	quem	ainda	não	alcançou	a	idade	núbil	
(art.	1517),	para	evitar	imposição	ou	cumprimento	de	pena	criminal	ou	em	caso	de	gravidez.	
Art.	107	-	CP	-	Extingue-se	a	punibilidade:		(Redação	dada	pela	Lei	nº	7.209,	de	11.7.1984)	
VII	-	(Revogado	pela	Lei	nº	11.106,	de	2005)	
VIII	-	(Revogado	pela	Lei	nº	11.106,	de	2005)	
4.4.	III	-	pelo	exercício	de	emprego	público	efetivo	e	IV	-	pela	colação	de	grau	em	curso	
de	ensino	superior;	
Uma	vez	tratando-se	de	emancipação	legal,	não	é	necessária	sentença	judicial.	
Provada	por	meio	da	comprovação	do	emprego	público	e	diploma.	
NÃO	 MANTÉM	 A	 RESPONSABILIDADE	 DOS	 PAIS	 POR	 DANOS	 CAUSADOS	 PELOS	 FILHOS	 A	
TERCEIROS.	
4.5.	 Pelo	 estabelecimento	 civil	 ou	 comercial,	 ou	 pela	 existência	 de	 relação	 de	
emprego,	desde	que,	em	função	deles,	o	menor	com	dezesseis	anos	completos	tenha	
economia	própria.	
Critério	etário	de	16	anos.	
Uma	vez	tratando-se	de	emancipação	legal,	não	é	necessária	sentença	judicial.	
Hipótese	de	difícil	comprovação.	
Rafael	Barreto	Ramos	
		2017	
8	
	
Nesta	 situação,	pode-se	pleitear	uma	ação	declaratória	de	emancipação,	 cuja	 sentença	 terá	
efeitos	ex	tunc.	
NÃO	 MANTÉM	 A	 RESPONSABILIDADE	 DOS	 PAIS	 POR	 DANOS	 CAUSADOS	 PELOS	 FILHOS	 A	
TERCEIROS.	
3.	Absolutamente	incapazes	
Os	negócios	jurídicos	celebrados	pelos	absolutamente	incapazes	são	NULOS.	
Art.	3o	-	CC		São	absolutamente	incapazes	de	exercer	pessoalmente	os	atos	da	vida	civil	os	menores	de	16	
(dezesseis)	anos.													(Redação	dada	pela	Lei	nº	13.146,	de	2015)										(Vigência)	
Art.	166	-	CC.	É	nulo	o	negócio	jurídico	quando:	
I	-	celebrado	por	pessoa	absolutamente	incapaz;	
3.1.	Ação	declaratória	de	nulidade	
Não	é	passível	de	decadência	e	prescrição,	podendo	ser	ajuizada	por	qualquer	 interessado	a	
qualquer	tempo.	
AÇÃO	PERPÉTUA.	
Art.	168	-	CC.	As	nulidades	dos	artigos	antecedentes	podem	ser	alegadas	por	qualquer	interessado,	ou	
pelo	Ministério	Público,	quando	lhe	couber	intervir.	
Parágrafo	único.	As	nulidades	devem	ser	pronunciadas	pelo	juiz,	quando	conhecer	do	negócio	jurídico	ou	
dos	seus	efeitos	e	as	encontrar	provadas,	não	lhe	sendo	permitido	supri-las,	ainda	que	a	requerimento	
das	partes.	
Art.	169	-	CC.	O	negócio	jurídico	nulo	não	é	suscetível	de	confirmação,	nem	convalesce	pelo	decurso	do	
tempo.	
IMPORTANTE:	
OS	 NEGÓCIOS	 JURÍDICOS	 NULOS	 ENTRAM	 SIM	 NO	MUNDO	 JURÍDICO	 E	 ESTAS	DEVEM	 SER	
RECONHECIDAS	PELO	MAGISTRADO.	
Art.	168	-CC.	As	nulidades	dos	artigos	antecedentes	podem	ser	alegadas	por	qualquer	interessado,	ou	
pelo	Ministério	Público,	quando	lhe	couber	intervir.	
Parágrafo	 único.	 As	 nulidades	devem	 ser	 pronunciadas	 pelo	 juiz,	 quando	 conhecer	 do	
negócio	jurídico	ou	dos	seus	efeitos	e	as	encontrar	provadas,	não	lhe	sendo	permitido	supri-las,	ainda	que	
a	requerimento	das	partes.	
A	Lei	13.146/15	–	Estatuto	do	Deficiente-	 	 trouxe	um	prejuízo	ao	deficiente	 físico,	posto	que	
passou	 a	 correr	 prescrição	 em	 seu	 desfavor,	 uma	 vez	 que	 este	 foi	 retirado	 do	 rol	 dos	
absolutamente	incapazes	e	foi	incluído	no	rol	dos	relativamente	incapazes.	
Art.	198	-	CC.	Também	não	corre	a	prescrição:	
I	-	contra	os	incapazes	de	que	trata	o	art.	3o;	
Rafael	Barreto	Ramos	
		2017	
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4.	Relativamente	incapazes	(art.	4º	-	CC)	
Os	atos	praticados	pelos	 incapazes	estão	 sujeitos	à	assistência	para	certos	atos	da	vida	 civil	
(NÃO	SÃO	TODOS	OS	ATOS).	
Caso	não	seja	cumprido	o	requisito	acima,	estar-se-á	diante	de	um	negócio	jurídico	anulável.	
4.1.	Ação	anulatória	
JAMAIS	ESTARÁ	SUJEITA	A	PRAZO	PRESCRICIONAL.	
Todavia,	 está	 sujeita	 a	 prazo	 decadencial	 fixado	 pela	 lei.	 Leva-se	 em	 conta	 o	 ato	 a	 ser	
desconstituído.	
Art.	4o	-	CC	São	incapazes,	relativamente	a	certos	atos	ou	à	maneira	de	os	exercer:													(Redação	dada	
pela	Lei	nº	13.146,	de	2015)								(Vigência)	
I	-	os	maiores	de	dezesseis	e	menores	de	dezoito	anos;	
	 II	 -	 os	 ébrios	 habituais	 e	 os	 viciados	 em	 tóxico;	 	 	 	 	 	 	 	 	 (Redação	 dada	 pela	 Lei	 nº	 13.146,	 de	
2015)									(Vigência)	
	III	-	aqueles	que,	por	causa	transitória	ou	permanente,	não	puderem	exprimir	sua	vontade;										(Redação	
dada	pela	Lei	nº	13.146,	de	2015)								(Vigência)	
IV	-	os	pródigos.	
Parágrafo	único.		A	capacidade	dos	indígenas	será	regulada	por	legislação	especial.								(Redação	dada	
pela	Lei	nº	13.146,	de	2015)									(Vigência)	
Art.	171	-	CC.	Além	dos	casos	expressamente	declarados	na	lei,	é	anulável	o	negócio	jurídico:	
I	-	por	incapacidade	relativa	do	agente;	
4.2.	Atos	que	não	necessitam	de	assistência	
-	Testemunhar	(art.	228	–	inciso	I	–	CC);	
-	Figurar	como	mandatário	(art.	666	–	CC);	
-	Casamento	(art.	1.517	–	CC);	
-	Dispor	de	seus	bens	por	meio	de	testamento	(art.	1.860,	parágrafo	único	–	CC)	
Art.	228	-	CC.	Não	podem	ser	admitidos	como	testemunhas:	
I	-	os	menores	de	dezesseis	anos;	 	
Art.	666	-	CC.	O	maior	de	dezesseis	e	menor	de	dezoito	anos	não	emancipado	pode	ser	mandatário,	mas	
o	 mandante	 não	 tem	 ação	 contra	 ele	 senão	 de	 conformidade	 com	 as	 regras	 gerais,	 aplicáveis	 às	
obrigações	contraídas	por	menores.	
Art.	1.517	-	CC.	O	homem	e	a	mulher	com	dezesseis	anos	podem	casar,	exigindo-se	autorização	de	ambos	
os	pais,	ou	de	seus	representantes	legais,	enquanto	não	atingida	a	maioridade	civil.	
Rafael	Barreto	Ramos	
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Parágrafo	único.	Se	houver	divergência	entre	os	pais,	aplica-se	o	disposto	no	parágrafo	único	do	art.	1.631.	
Art.	 1.860	 -	 CC.	 Além	dos	 incapazes,	 não	 podem	 testar	 os	 que,	 no	 ato	 de	 fazê-lo,	 não	 tiverem	pleno	
discernimento.	
Parágrafo	único.	Podem	testar	os	maiores	de	dezesseis	anos.	
4.3.	Pródigos	
Art.	1.782	-	CC.	A	interdição	do	pródigo	só	o	privará	de,	sem	curador,	emprestar,	transigir,	dar	quitação,	
alienar,	hipotecar,	demandar	ou	ser	demandado,	e	praticar,	em	geral,	os	atos	que	não	sejam	de	mera	
administração.	
A	jurisprudência	entende	que	o	pródigo	pode	se	casar,	optando	pelo	regime	de	bens,	desde	que,	
para	a	validade	do	pacto,	esteja	devidamente	assistido	pelo	seu	curador.	
Caso	o	curador	seja	o	cônjuge,	será	necessária	a	nomeação	de	um	curador	de	curadoria	especial	
(conflito	de	interesses	–	art.	72	–	CPC).	
Art.	72	-	CPC.		O	juiz	nomeará	curador	especial	ao:	
I	-	incapaz,	se	não	tiver	representante	legal	ou	se	os	interesses	deste	colidirem	com	os	daquele,	enquanto	
durar	a	incapacidade;	
II	 -	 réu	 preso	 revel,	 bem	 como	 ao	 réu	 revel	 citado	 por	 edital	 ou	 com	 hora	 certa,	 enquanto	 não	 for	
constituído	advogado.	
Parágrafo	único.		A	curatela	especial	será	exercida	pela	Defensoria	Pública,	nos	termos	da	lei.	
IMPORTANTE:	
O	advogado,	 apesar	de	 representar	os	 interesses	do	 cliente,	NÃO	É	REPRESENTANTE	 LEGAL,	
posto	que	se	trata	de	representação	convencional	(advinda	da	vontade	das	partes).	Atua	por	
mandato,	de	forma	voluntária,	de	forma	convencional.	
Art.	115	-	CC.	Os	poderes	de	representação	conferem-se	por	lei	ou	pelo	interessado.	
Nota:	
Art.	1.641	-	CC.	É	obrigatório	o	regime	da	separação	de	bens	no	casamento:	
I	-	das	pessoas	que	o	contraírem	com	inobservância	das	causas	suspensivas	da	celebração	do	casamento;	
II	–	da	pessoa	maior	de	70	(setenta)	anos;	(Redação	dada	pela	Lei	nº	12.344,	de	2010)	
III	-	de	todos	os	que	dependerem,	para	casar,	de	suprimento	judicial.	
Inclusive	os	relativamente	incapazes.	
	 	
Rafael	Barreto	Ramos	
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02/01/17	
Ø Defeitos	dos	negócios	jurídicos	
1.	Considerações	iniciais	
Dedicar-se-á	o	estudo	dos	defeitos	que	acarretem	em	anulação.	
Tem	uma	única	consequência:	gerar	ATOS	ANULÁVEIS.	
Não	podem	ser	reconhecidos	de	ofício	pelo	magistrado.	
Deve	ser	arguido	pela	parte,	dentro	do	prazo	DECADENCIAL,	por	meio	da	AÇÃO	ANULATÓRIA.	
-	Prazo	decadencial	de	4	anos.	
Quando	 se	 trata	 de	 prazo	 decadencial	 legal	 (nem	 todos	 defeitos	 que	 acarretam	 em	
anulabilidade	são	 legais),	a	 lei	deve	dizer	quando	se	dá	o	dies	a	quo	 (termo	 inicial)	do	prazo	
decandecial.	
Art.	171	-	CC.	Além	dos	casos	expressamente	declarados	na	lei,	é	anulável	o	negócio	jurídico:	
I	-	por	incapacidade	relativa	do	agente;	
Início	do	prazo	decadencial	–	quando	cessar	a	incapacidade.	
II	-	por	vício	resultante	de	erro,	dolo,	coação,	estado	de	perigo,	lesão	ou	fraude	contra	credores.	
Início	do	prazo	–	quando	se	realizar	o	negócio	jurídico	–	EXCETO	COAÇÃO	–	quando	esta	se	cessar	(vide	
abaixo).	
	 	 	 	 	 	 dolo	 	 	 	 	 	
erro	
-	Vícios	de	consentimento	(de	vontade)		 	 coação	
	 	 	 	 	 	 estado	de	perigo	
	 	 	 	 	 	 lesão	
-	Vício	social	à	fraude	contra	credores	
Para	todos,	o	prazo	se	inicia	com	a	realização	do	negócio	jurídico,	EXCETO	A	COAÇÃO,	NA	QUAL	O	PRAZO	
SE	INICIAL	SOMENTE	QUANDO	ESTA	SE	CESSAR.	
	 	
Rafael	Barreto	Ramos	
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Art.	178	–	CC	-	CAI.	É	de	quatro	anos	o	prazo	de	decadência	para	pleitear-se	a	anulação	do	negócio	jurídico,	
contado:	
I	-	no	caso	de	coação,	do	dia	em	que	ela	cessar;	
II	-	no	de	erro,	dolo,	fraude	contra	credores,	estado	de	perigo	ou	lesão,	do	dia	em	que	se	realizou	o	negócio	
jurídico;	
III	-	no	de	atos	de	incapazes,	do	dia	em	que	cessar	a	incapacidade.	
2.	Espécies	de	vício	de	consentimento	
2.1.	Dolo	
Engodo,	ardil,	manobra	ardilosa	que	visa	iludir	a	vítima	com	o	intuito	de	conseguir	sua	vontade.	
NÃO	É	QUALQUER	DOLO	QUE	ACARRETA	EM	ANULAÇÃO	DO	NEGÓCIO	JURÍDICO,	MAS	SIM	O	
DOLO	PRINCIPAL,	ou	seja,	aquele	dolo	sem	o	qual	o	negócio	jurídico	não	teria	sido	realizado.		
Acarreta	na	possibilidade	do	ajuizamento	da	ação	anulatória.	
Contudo,	 o	 dolo	 principal	 NÃO	 BASTA	 para	 ajuizamento	 da	 ação	 anulatória.	 Há	 mais	 dois	
requisitos.		
-	Assim,	neste	caso,	os	requisitos	para	a	ação	anulatória	são:	
a)	Dolo	principal;	
b)	Dolus	malus:	dolo	que	acarreta	em	prejuízo	para	a	vítima.	A	vítima	deve	fazer	a	prova	do	prejuízo.	
NÃO	É	O	DOLO	QUE	TRAZ	BENEFÍCIO,	MAS	AQUELE	QUE	NÃO	TRAZ	PREJUÍZO,	NÃO	PREJUDICAR.	
Contraexemplo	(“dolo	bom”):	Modifica-se	a	cor	de	um	remédio	para	que	o	indivíduo	o	ingira.	
Papelaria	que	diz	que	determinado	marca	texto	é	o	melhor	da	cidade,	qual,	de	fato,	não	o	é.	
	 Por	ação	
c)	Dolo		
	 Por	omissão	
Admite-se	tanto	o	dolo	por	ação,	quanto	por	omissão.	
Ex.	COM	TODOS	OS	REQUISITOS:	Cliente	compra	uma	bijuteria	de	presente	para	a	sua	esposa	pensando	
ser	uma	joia.	Vendedor,	de	 início,	omite	que	se	trata	de	uma	bijuteria	e,	após,	eleva	maliciosamente	o	
valor	da	bijuteria	para	que	o	cliente	a	compre	por	preço	de	joia.		
IMPORTANTE:O	INÍCIO	DO	PRAZO	PARA	AJUIZAMENTO	DA	AÇÃO	ANULATÓRIA	NÃO	SE	DÁ	QUANDO	A	VÍTIMA	
TOMA	CIÊNCIA	QUE	FOI	ENGANADA/ILUDIDA,	MAS	SIM	QUANDO	DA	REALIZAÇÃO	DO	NEGÓCIO	
JURÍDICO.	
Rafael	Barreto	Ramos	
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Art.	145	-	CC.	São	os	negócios	jurídicos	anuláveis	por	dolo,	quando	este	for	a	sua	causa.	
Art.	147	-	CC.	Nos	negócios	jurídicos	bilaterais,	o	silêncio	intencional	de	uma	das	partes	a	respeito	de	fato	
ou	 qualidade	 que	 a	 outra	 parte	 haja	 ignorado,	 constitui	 omissão	 dolosa,	 provando-se	 que	 sem	 ela	 o	
negócio	não	se	teria	celebrado.	
-	Dolo	praticado	por	terceiros:	
Art.	 148	 -	 CC.	 Pode	 também	 ser	 anulado	 o	 negócio	 jurídico	 por	 dolo	 de	 terceiro,	 se	 a	 parte	 a	 quem	
aproveite	dele	tivesse	ou	devesse	ter	conhecimento;	em	caso	contrário1,	ainda	que	subsista	o	negócio	
jurídico,	o	terceiro	responderá	por	todas	as	perdas	e	danos	da	parte	a	quem	ludibriou.	
(1)	Em	caso	contrário:	quando	o	dolo	praticado	pelo	terceiro	não	é	conhecido,	e	nem	deveria	ser,	por	
quem	realizou	o	negócio	jurídico	com	a	vítima.	
O	ato	doloso	que	ensejará	em	eventual	anulação	do	negócio	jurídico	pode	ser	praticado	por	terceiro.	
Caso	subsista	o	negócio	 jurídico	(não	seja	anulado	o	negócio	 jurídico),	a	vítima	poderá	ajuizar	ação	de	
reparação	civil,	uma	vez	que	o	terceiro	responderá	por	todas	as	perdas	e	danos	da	parte	a	quem	ludibriou.	
-	Dolo	praticado	por	representante	
a)	Representante	legal:	
O	dolo	do	representante	legal	somente	responsabiliza	o	representado	no	proveito	que	teve.	
b)	Representante	convencional	ou	voluntária	(IMPORTANTÍSSIMO):	
Obriga	o	representado	a	responder	SOLIDARIAMENTE	por	perdas	e	danos.	
Art.	149	-	CC.	O	dolo	do	representante	 legal	de	uma	das	partes	só	obriga	o	representado	a	responder	
civilmente	até	a	importância	do	proveito	que	teve;	se,	porém,	o	dolo	for	do	representante	convencional,	
o	representado	responderá	solidariamente	com	ele	por	perdas	e	danos.	
-	Dolo	recíproco	
Quando	o	dolo	é	praticado	por	ambas	as	partes	participantes	do	negócio	jurídico,	um	dolo	se	compensará	
pelo	outro,	de	forma	que	nenhuma	das	partes	poderá	pleitear	a	anulação	do	referido	negócio,	nem	por	
perdas	e	danos.	
Art.	150	-	CC.	Se	ambas	as	partes	procederem	com	dolo,	nenhuma	pode	alegá-lo	para	anular	o	negócio,	
ou	reclamar	indenização.	
O	dolo	acidental,	a	seu	turno,	dá	o	direito	em	ação	de	reparação	civil,	na	qual	se	pleiteia	por	
perdas	e	danos.	
Ex.	 Vou	 comprar	 uma	 ave	 e	 pago	 mais	 caro	 em	 razão	 de	 promessa	 de	 que	 esta	 falaria.	
Considerando	que	a	ave	seria	comprada	de	qualquer	forma,	trata-se	de	dolo	acidental,	podendo-
se	exigir	perdas	e	danos	somente.	
Art.	146	-	CC.	O	dolo	acidental	só	obriga	à	satisfação	das	perdas	e	danos,	e	é	acidental	quando,	a	seu	
despeito,	o	negócio	seria	realizado,	embora	por	outro	modo.	
	
Rafael	Barreto	Ramos	
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14	
	
Dolo	principal	 Dolo	acidental	
-	Causa	determinante	do	ato	(art.	145	–	CC	–	vide	
acima)	
-	Ação	anulatória	
-	Prazo	DECADENCIAL	de	4	anos	
-	 Termo	 inicial	 –	 REALIZAÇÃO	 DO	 NEGÓCIO	
JURÍDICO.	
-	Dolo	secundário	(art.	146	–	CC)	
-	Ação	de	reparação	civil	(perdas	e	danos)	
-	Prazo	PRESCRICIONAL	de	3	anos	(art.	206,	§3º,	
V	–	CC)	
	
IMPORTANTE:	
Art.	166	-	CC.	É	nulo	o	negócio	jurídico	quando:	
I	-	celebrado	por	pessoa	absolutamente	incapaz;	
II	-	for	ilícito,	impossível	ou	indeterminável	o	seu	objeto;	
III	-	o	motivo	determinante,	comum	a	ambas	as	partes,	for	ilícito;	
2.2.	Erro	
Falsa	percepção	de	uma	realidade.	
2.2.1.	Requisitos	
-	Vítima	do	erro	(art.	138	–	CC)	
Deve-se	analisar	a	vítima	do	erro,	que	deve	ser	o	ignorante1.	
(1)	Ignorante:	Para	fins	jurídicos,	ignorante	é	aquele	que	simplesmente	ignora	a	percepção	da	realidade	
em	que	está	inserido.	
Art.	138	-	CC.	São	anuláveis	os	negócios	jurídicos,	quando	as	declarações	de	vontade	emanarem	de	erro	
substancial	que	poderia	ser	percebido	por	pessoa	de	diligência	normal1,	em	face	das	circunstâncias	do	
negócio.	
(1)	Pessoa	de	diligência	normal:	ignorante.	
-	Erro	substancial	ou	essencial	(art.	139	–	CC)	
Art.	139	-	CC.	O	erro	é	substancial	quando:	
I	-	interessa	à	natureza	do	negócio,	ao	objeto	principal	da	declaração,	ou	a	alguma	das	qualidades	a	ele	
essenciais;	
	 	 Negócio	jurídico	(error	in	negotio)	
Erro	de	fato	
	 	 Objeto	(error	in	corpore)	
Rafael	Barreto	Ramos	
		2017	
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Ex.	error	in	negotio:	Indivíduo	empresta	gratuitamente	imóvel	a	outrem	aproveitando	contrato	anterior	
que,	por	sua	vez,	tratava-se	de	contrato	de	DOAÇÃO.	Neste	caso,	deveria	ser	contrato	de	COMODATO.	
Em	regra,	ação	anulatória.	
Se	não	houver	lide,	pode	haver	um	mero	adendo	ao	contrato	(vide	art.	144	abaixo).	
Ex.	 error	 in	 corpore:	 Indivíduo	 compra	propriedade	num	determinado	município,	 em	determinada	 rua,	
todavia	em	bairro	diverso	que	almejara.	
Trata-se	de	erro	de	fato	do	objeto.	
Cabe	ajuizamento	de	ação	anulatória	num	prazo	decadencial	de	4	anos	a	contar	da	data	da	realização	do	
negócio	jurídico.	
II	-	concerne	à	identidade	ou	à	qualidade	essencial	da	pessoa	a	quem	se	refira	a	declaração	de	vontade,	
desde	que	tenha	influído	nesta	de	modo	relevante;	
Erro	de	fato	à	de	pessoa	(error	in	persona)	
Ex.	 error	 in	 persona:	 Indivíduo	 contrata	 uma	 pessoa	 para	 perfurar	 um	 poço	 artesiano	 quando,	 na	
realidade,	esta	possui	capacidade	técnica	para	perfurar	cisterna.	
III	 -	sendo	de	direito	e	não	 implicando	recusa	à	aplicação	da	 lei1,	 for	o	motivo	único	ou	principal	do	
negócio	jurídico.	
Erro	de	direito.	
Ex.	erro	de	direito:	Alcança-se	a	capacidade	para	testar	aos	16	anos	(art.	1.860,	parágrafo	único	–	CC).	
Menor	de	16	anos,	gravemente	enfermo,	deseja	destinar,	por	meio	de	testamento,	todos	os	seus	bens	a	
uma	entidade.	
Todavia,	depara-se	com	o	impedimento	previsto	nos	arts.	1.789/1.846,	qual	seja,	referente	à	legítima,	ou	
seja,	metade	do	patrimônio	que	é	destinada	aos	herdeiros	necessários.	
No	entanto,	o	menor,	leigo,	não	possuía	herdeiros	necessários,	ignora	esta	situação,	elabora	o	testamento	
deixando	metade	do	 seu	patrimônio	a	 seus	 irmãos,	que	achava	 serem	herdeiros	necessário	e,	a	outra	
metade,	 à	 instituição	 de	 caridade,	 deixando	 claro	 que	 deixou	 a	 metade	 aos	 irmãos	 em	 virtude	 do	
impedimento	legal.	
Neste	caso,	trata-se	do	erro	de	direito	previsto	no	inciso	III		do	art.	139	(vide	art.	112	abaixo).	
IMPORTANTE:	
Art.	108	-	CC.	Não	dispondo	a	 lei	em	contrário,	a	escritura	pública	é	essencial	à	validade	dos	negócios	
jurídicos	que	visem	à	constituição,	transferência,	modificação	ou	renúncia	de	direitos	reais	sobre	imóveis	
de	valor	superior	a	trinta	vezes	o	maior	salário	mínimo	vigente	no	País.	
-	Em	caso	de	doação	de	bem	imóvel,	esta	somente	deverá	ser	por	meio	de	escritura	pública	caso	supere	
30	salários	mínimos		(art.	108	c/c	art.	541,	caput,	CC)	
	
	
Rafael	Barreto	Ramos	
		2017	
16	
	
Art.	541,	caput,	-	CC.	A	doação	far-se-á	por	escritura	pública	ou	instrumento	particular.	
Parágrafo	único.	A	doação	verbal	será	válida,	se,	versando	sobre	bens	móveis	e	de	pequeno	valor,	se	lhe	
seguir	incontinenti	a	tradição.	
2.2.2.	Erro	de	terceiro	
Art.	141	-	CC.	A	transmissão	errônea	da	vontade	por	meios	interpostos	é	anulável	nos	mesmos	casos	em	
que	o	é	a	declaração	direta.	
2.2.3.	Erro	de	indicação	de	pessoa	ou	coisa	e	erro	de	cálculo		
NÃO	SÃO	PASSÍVEIS	DE	ANULAÇÃO	DO	NEGÓCIO	JURÍDICO,	MAS	SIM	DE	MERA	RETIFICAÇÃO.	
Ex.	 Indivíduo,	 em	 testamento,	 deixa	 parte	 de	 seus	 bens	 a	 José	 por	 ter	 salvado	 sua	 vida.	 Todavia,	
ulteriormente	se	descobre	que	se	tratava	de	João.		
Art.	142	-	CC.	O	erro	de	indicação	da	pessoa	ou	da	coisa,	a	que	se	referir	a	declaração	de	vontade,	não	
viciará	o	negócio	quando,	por	seu	contexto	e	pelas	circunstâncias,	se	puder	identificar	a	coisa	ou	pessoa	
cogitada.	
Art.	143	-	CC.	O	erro	de	cálculo	apenas	autoriza	a	retificação	da	declaração	de	vontade.	
2.2.4.	Error	in	negotio	não	questionado	
Se	houver	consenso	entre	as	partes	acerca	do	erro,	e	a	outra	parte	se	oferecer	para	executar	o	negócio	
conformea	vontade	real	almejada,	não	será	prejudicada	a	validade	do	negócio	jurídico.	
Art.	144	-	CC.	O	erro	não	prejudica	a	validade	do	negócio	jurídico	quando	a	pessoa,	a	quem	a	manifestação	
de	vontade	se	dirige,	se	oferecer	para	executá-la	na	conformidade	da	vontade	real	do	manifestante.	
Art.	112	-	CC.	Nas	declarações	de	vontade	se	atenderá	mais	à	intenção	nelas	consubstanciada	do	que	ao	
sentido	literal	da	linguagem.	
2.3.	Coação	
Neste	caso,	somente	se	considera	a	COAÇÃO	MORAL.	
	 	 vis	absoluta	(força	física)1	
Coação	
	 	 Vis	compulsiva	(força	moral)	 	
(1)	Consequências	da	coação	decorrente	de	força	física:	Dividem-se	em	duas	correntes:	
-	Corrente	majoritária:	defende	que	o	ato	é	inexistente,	haja	vista	ausente	a	manifestação	de	vontade	da	
parte	coagida.	
-	Corrente	minoritária:	defende	que	o	ato	existe,	todavia	é	nulo.	
Desta	 feita,	 não	 serão	 estudadas	 neste	 tópico,	 posto	 que	 NÃO	 ACARRETAM	 EM	 ANULABILIDADE	 DO	
NEGÓCIO	JURÍDICO.	
	
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IMPORTANTE:	
NÃO	É	TODO	TIPO	DE	COAÇÃO	QUE	ENSEJA	A	ANULAÇÃO	DO	NEGÓCIO	JURÍDICO.	
NESTE	CASO,	SOMENTE	É	CONSIDERADA	COAÇÃO	COROLÁRIA	DE	FORÇA	MORAL.	
Art.	151	-	CC.	A	coação,	para	viciar	a	declaração	da	vontade,	há	de	ser	tal	que	incuta	ao	paciente	fundado	
temor	de	dano	iminente	e	considerável	à	sua	pessoa,	à	sua	família,	ou	aos	seus	bens.	
Parágrafo	único.	Se	disser	respeito	a	pessoa	não	pertencente	à	família	do	paciente,	o	juiz,	com	base	nas	
circunstâncias,	decidirá	se	houve	coação.	
Art.	 152	 -	 CC.	 No	 apreciar	 a	 coação,	 ter-se-ão	 em	 conta	 o	 sexo,	 a	 idade,	 a	 condição,	 a	 saúde,	 o	
temperamento	do	paciente	e	todas	as	demais	circunstâncias	que	possam	influir	na	
gravidade	dela.	
Rol	EXEMPLIFICATIVO	e	não	exaustivo.	
Ex.	Idosa	é	chamada	pelo	banco	para	assumir	as	dívidas	do	marido	que	falecera	sem	deixar	bens,	sendo	
que,	na	ocasião,	o	banco	afirma	que,	se	não	assumir	os	débitos,	perderá	o	direito	à	aposentadoria.	
-	Não	são	considerados	coação:	
Art.	153	-	CC.	Não	se	considera	coação	a	ameaça	do	exercício	normal	de	um	direito,	nem	o	
simples	temor	reverencial.	
(1)	Exercício	anormal	de	um	direito	pode	ser	considerado	ato	ilícito:	Art.	187	-	CC.	Também	comete	ato	
ilícito	o	titular	de	um	direito	que,	ao	exercê-lo,	excede	manifestamente	os	limites	impostos	pelo	seu	fim	
econômico	ou	social,	pela	boa-fé	ou	pelos	bons	costumes.	
Ex.	Quem	cobra	dívida	de	forma	abusiva.	
-	Coação	de	terceiro:	
a)	Com	conhecimento	
Art.	 154	 -	 CC.	 Vicia	 o	 negócio	 jurídico	 a	 coação	 exercida	 por	 terceiro,	 se	 dela	 tivesse	 ou	 devesse	 ter	
conhecimento	a	parte	a	que	aproveite,	e	esta	responderá	solidariamente	com	aquele	por	perdas	e	danos.	
Ex.	 A	 coloca	 a	 venda	 um	 imóvel	 em	 preço	 de	mercado.	 B	 se	 interessa	 pela	 imóvel,	 todavia	 não	 tem	
condições	de	comprá-lo,	fato	este	que	comenta	com	C.	C,	COM	conhecimento	de	B,	intimida	A	para	que	
este	venda	o	imóvel	para	B	preço	mais	baixo.	
Trata-se	de	caso	de	anulabilidade	e	a	parte	responderá	solidariamente	por	perdas	e	danos.	
PRAZO	DECADENCIAL	DE	4	ANOS.	
	
	
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b)	Sem	conhecimento	
Art.	 155	 -	 CC.	 Subsistirá	 o	 negócio	 jurídico,	 se	 a	 coação	 decorrer	 de	 terceiro,	 sem	que	 a	 parte	 a	 que	
aproveite	dela	 tivesse	ou	devesse	 ter	 conhecimento;	mas	o	autor	da	 coação	 responderá	por	 todas	as	
perdas	e	danos	que	houver	causado	ao	coacto.	
Ex.	 A	 coloca	 a	 venda	 um	 imóvel	 em	 preço	 de	mercado.	 B	 se	 interessa	 pela	 imóvel,	 todavia	 não	 tem	
condições	de	comprá-lo,	fato	este	que	comenta	com	C.	C,	SEM	conhecimento	de	B,	intimida	A	para	que	
este	venda	o	imóvel	para	B	preço	mais	baixo.	
Trata-se	de	ação	de	reparação,	cujo	prazo	é	PRESCRICIONAL	e	de	3	anos.	
IMPORTANTE:	
A	SOLIDARIEDADE	NÃO	É	PRESUMIDA.	OU	RESULTA	DA	LEI	OU	DA	VONTADE	DAS	PARTES.	
Art.	265	-	CC.	A	solidariedade	não	se	presume;	resulta	da	lei	ou	da	vontade	das	partes.	
	 	
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04/01/17	
2.4.	Estado	de	Perigo	(art.	156	–	CC)	
2.4.1.	Conceito	
Igualmente	em	relação	aos	demais	defeitos,	a	vítima	externará	seu	consentimento,	mas	este	não	será	
livre,	 haja	 vista	 que	esta	 se	 encontrava	numa	 situação	onde,	 premente	necessidade	de	 salvar	 a	 si	 ou	
alguém	de	sua	família,	manifesta	sua	vontade.	
2.4.2.	Requisitos	CUMULATIVOS	
a)	Alguém	(vítima)	sob	premente	necessidade	de	salvar-se,	ou	alguém	de	sua	família1;	
(1)	Família:	ATENÇÃO:	VER	PARÁGRAFO	ÚNICO	do	art.	156	(vide	abaixo).	
Caberá	ao	Juiz	decidir	se,	no	caso	em	específico,	a	vítima	aceitou	para	salvar	não	a	si,	e	nem	alguém	de	
sua	família,	mas	sim	alguém	de	seu	afeto.	
b)	De	grave	dano	conhecido	pela	outra	parte	
A	outra	parte,	ao	invés	de	agir	com	lealdade,	boa-fé	objetiva,	obtém	vantagem	da	premente	necessidade	
da	vítima.	
c)	Vítima	assume	prestação	excessivamente	onerosa	
Ex1.	Gerente	de	banco,	que	tem	ciência	de	que	um	pai	teve	seu	filho	sequestrado,	concede-lhe	empréstimo	
mediante	juros	excessivos.	
Ex2.	Internação	mediante	cheque	caução	(vide	tópico	2.4.5.).	
2.4.3.	Nexo	entre	os	requisitos	–	DOLO	DE	APROVEITAMENTO	
A	doutrina	vem	ensinando	que,	como	elemento	de	ligação	entre	os	três	requisitos	supramencionados,	há	
o	DOLO	DE	APROVEITAMENTO.	
2.4.4.	Ação	anulatória	–	prazo	de	4	anos	DECADENCIAL	
Assim	como	nos	demais	defeitos,	preenchidos	os	requisitos,	caberá	ação	anulatória,	no	prazo	decadencial	
de	4	anos,	este	a	contar	da	data	da	celebração	do	negócio	 jurídico	 (exceto	coação	–	quando	cessar	a	
coação).	
2.4.5.	Internação	mediante	cheque	caução	
Quando	somente	se	 interna	mediante	assinatura	de	cheque	caução,	trata-se	de	crime	previsto	no	art.	
135-A	do	Código	Penal	(vide	abaixo).	
O	autor	responderá	na	esfera	criminal	e,	na	esfera	cível,	caberá	ação	anulatória	(vide	tópico	anterior).		
Art.	156	-	CC.	Configura-se	o	estado	de	perigo	quando	alguém,	premido	da	necessidade	de	salvar-se,	ou	
a	pessoa	de	sua	família,	de	grave	dano	conhecido	pela	outra	parte,	assume	obrigação	excessivamente	
onerosa.	
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Parágrafo	único.	Tratando-se	de	pessoa	não	pertencente	à	família	do	declarante,	o	juiz	decidirá	segundo	
as	circunstâncias.	
Art.	135-A	–	CÓDIGO	PENAL.		Exigir	cheque-caução,	nota	promissória	ou	qualquer	garantia,	bem	como	o	
preenchimento	 prévio	 de	 formulários	 administrativos,	 como	 condição	 para	 o	 atendimento	 médico-
hospitalar	emergencial:		(Incluído	pela	Lei	nº	12.653,	de	2012).	
								Pena	-	detenção,	de	3	(três)	meses	a	1	(um)	ano,	e	multa.	(Incluído	pela	Lei	nº	12.653,	de	2012).	
	 	 	 	 	 	 	 	Parágrafo	único.	 	A	pena	é	aumentada	até	o	dobro	se	da	negativa	de	atendimento	resulta	 lesão	
corporal	de	natureza	grave,	e	até	o	triplo	se	resulta	a	morte.	(Incluído	pela	Lei	nº	12.653,	de	2012).	
2.4.6.	 Princípio	 da	 conservação	 dos	 contratos	 (pacta	 sunt	 servanda)	 (art.	 157,	 §2º	 -	 CC)	 –	
INTERPRETAÇÃO	 EXTENSIVA	 DO	 DISPOSITIVO	 ACERCA	 DA	 LESÃO	 –	 ENTENDIMENTO	
JURISPRUDENCIAL	(vide	tópico	2.5.4.	abaixo)	
É	pacifico	do	entendimento	que,	em	nome	do	princípio	do	pacta	sunt	servanda,	deve-se	aplicar	
o	§2º	do	art.	157	no	Estado	de	Perigo.	
NÃO	 HÁ	 PREVISÃO	 EXPRESSA	 NO	 CÓDIGO	 CIVIL	 PARA	 APLICAÇÃO	 DO	 PARÁGRAFO	 ACIMA	
MENCIONADO	PARA	O	ESTADO	DE	PERIGO,	RESTANDO	RESTRIDO	À	LESÃO.	
O	entendimento	JURISPRUDENCIAL	que	entende	que	se	deve	utilizar	da	interpretação	extensiva	
ao	Estado	de	Perigo.	
2.5.	Lesão	(art.	157	–	CC)	
2.5.1.	Requisitos	
a.1)	Alguém	(vítima)	sob	premente	necessidade	–	QUALQUER	UMA,	EXCETO	A	ESPECÍFICA	DO	ESTADO	
DE	PERIGO	
Ex.	Premente	necessidade	de	viajar,	de	frequentar	um	curso	e	afins.	
ou	
a.2)	Por	INEXPERIÊNCIA	
e	
b)	Vítima	assume	obrigação	manifestamente	desproporcional	à	prestação	oposta	
2.5.2.	Dolo	de	aproveitamento	–	NÃO	EXIGIDO	
NÃO	EXIGE	O	DOLO	DE	APROVEITAMENTO.		
Pode	estar	presente,	MAS	NÃO	É	REQUISITO,	ou	seja,	é	prescindível.	
Ex.	Indivíduo	morre	e	deixa	um	imóvel	bem	localizado	na	capital	para	parente	do	interior.	Outra	pessoa	
oferece	umimóvel	no	interior	em	troca	do	imóvel	da	capital,	celebrando	estes	a	troca.	Não	houve	o	dolo	
de	aproveitamento,	mas	sim	MERA	INEXPERIÊNCIA.	
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Poder-se-á	anular	o	negócio,	por	meio	da	ação	anulatória,	desde	que	ajuizada	dentro	do	prazo	decadencial	
de	4	anos,	contados	da	celebração	do	negócio.	
2.5.3.	Desproporcionalidade	–	À	ÉPOCA	DA	CELEBRAÇÃO	DO	NEGÓCIO	(art.	157,	§1º	-	CC)	
Deve	ter	ocorrido	quando	da	celebração	do	negócio	e	não	ao	longo	do	prazo	decadencial.	
Ex.	No	exemplo	retrorreferido,	não	importa	se,	no	futuro,	a	cidade	do	interior	sofrer	avanços.	
2.5.4.	Princípio	da	conservação	dos	contratos	(art.	157,	§2º	-	CC)	
A	 jurisprudência	 é	 uníssona	 quanto	 ao	 fato	 de	 que	 o	 negócio	 jurídico	 somente	 será	 anulado	 após	 o	
disposto	no	§2º	do	art.	157,	no	qual	o	réu,	após	citado,	pode	oferecer	suplemento	suficiente	ou,	também,	
a	vítima	pode	concordar	com	a	redução	do	proveito.	
EXPRESSAMENTE	PREVISTO	NA	LEI	PARA	A	LESÃO.	
Art.	157	-	CC.	Ocorre	a	lesão	quando	uma	pessoa,	sob	premente	necessidade,	ou	por	inexperiência,	se	
obriga	a	prestação	manifestamente	desproporcional	ao	valor	da	prestação	oposta.	
§	 1o	 Aprecia-se	 a	 desproporção	 das	 prestações	 segundo	 os	 valores	 vigentes	 ao	 tempo	 em	 que	 foi	
celebrado	o	negócio	jurídico.	
§	 2o	 Não	 se	 decretará	 a	 anulação	 do	 negócio,	 se	 for	 oferecido	 suplemento	 suficiente,	 ou	 se	 a	 parte	
favorecida	concordar	com	a	redução	do	proveito.	–	APLICADO	EXTENSIVAMENTE	AO	ESTADO	DE	PERIGO	
(vide	acima).	
IMPORTANTE:	
Em	 todos	 os	 vícios	 de	 consentimento,	 a	 vítima	 participa	 do	 ato,	 sendo	 que,	 em	 todas	 as	
situações,	esta,	inclusive,	manifesta	sua	vontade	de	forma	embaraçada.		
3.	Vício	social	–	fraude	contra	credores	(Cai	mais	que	os	outros)	
3.1.	Não	participação	da	vítima	
A	vítima	não	faz	parte	da	relação	negocial,	não	faz	parte	do	ato,	não	externa	sua	vontade.	
3.2.	Ação	específica	-	Ação	pauliana/ação	revocatória	
3.2.1.	Características	-	GRAVAR	
a)	TEM	ÚNICA	FINALIDADE	DESCONSTITUIR	ATOS	EIVADOS	FRAUDE	CONTRA	CREDORES;	
b)	TEM	NATUREZA	ANULATÓRIA	
c)	SUBMETE-SE	AO	PRAZO	DECADENCIAL	LEGAL	DE	4	ANOS,	A	CONTAR	DA	CONCLUSÃO	DO	NEGÓCIO	
JURÍDICO	
	 	
Rafael	Barreto	Ramos	
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3.2.2.	Polo	ativo	
Credor	preexistente	aos	atos	de	dissipação	patrimonial	realizado	do	devedor	que	o	levaram	à	insolvência.	
Ex.	“A”	Credor	
“B”	Devedor,	à	época	do	negócio	jurídico,	solvente	que,	a	seu	turno,	decide	dilapidar	seu	patrimônio	para	
não	honrar	com	a	dívida.	
3.2.2.1.	Não	restrita	ao	credor	quirografário	
Não	se	restringe	aos	credores	quirografários.	
NÃO	É	EXCLUSIVA	A	CREDORES	QUIROGRAFÁRIOS.	
Ex	em	dívida	hipotecária.	Devedor	vende	imóvel	hipotecário.	
Comprador	 não	 pode	 alegar	 que	 desconhecia	 que	 o	 bem	 possuía	 hipoteca	 (possui	 oponibilidade	 erga	
omnes).	
Assim,	a	princípio,	apesar	de	seja	vendido	em	fraude	contra	credores,	haverá	o	direito	de	sequela.	
Entretanto,	é	NULA	cláusula	comissória,	qual	seja,	o	credor	hipotecário	não	pode	ficar	com	o	bem	caso	a	
dívida	hipotecária	não	seja	paga	(art.	1.428	–	vide	abaixo).	
Levado	o	imóvel	vendido	ao	terceiro	a	hasta	pública,	o	valor	arrecadado	não	foi	suficiente	para	quitar	a	
dívida.	
Voltando-se	 o	 credor	 ao	 devedor,	 verifica	 que	 este	 não	 mais	 possui	 patrimônio	 e,	 SOMENTE	 NESTE	
MOMENTO,	O	CREDOR	PODERÁ,	SIM,	AJUIZAR	A	AÇÃO	PAULIANA.		
(1)	Direito	de	sequela:	Privilégio	que	assiste	ao	titular	de	direito	real	(v	direitos	reais)	de	executar	os	bens	
que	lhe	servem	de	garantia	para,	com	o	seu	produto,	pagar-se	de	seu	crédito,	bem	como	de	apreendê-los	
em	poder	de	qualquer	pessoa	que	os	detenha.	Segue,	persegue,	vai	à	busca	do	bem	que	lhe	pertença,	
cabendo	ação	contra	aquele	que	o	detenha.	O	seu	titular	terá	o	direito	sobre	o	bem,	ainda	que	o	mesmo	
esteja	em	poder	de	terceiros	possuidores.	
-	Fonte:	http://www.enciclopedia-juridica.biz14.com/pt/d/direito-de-sequela/direito-de-sequela.htm	
Art.	158	-	CC.	Os	negócios	de	transmissão	gratuita	de	bens	ou	remissão	de	dívida,	se	os	praticar	o	devedor	
já	 insolvente,	 ou	por	 eles	 reduzido	 à	 insolvência,	 ainda	quando	o	 ignore,	 poderão	 ser	 anulados	pelos	
credores	quirografários,	como	lesivos	dos	seus	direitos.	
§	1o	Igual	direito	assiste	aos	credores	cuja	garantia	se	tornar	insuficiente.	
§	2o	Só	os	credores	que	já	o	eram	ao	tempo	daqueles	atos	podem	pleitear	a	anulação	deles.	
Nota:	
Um	 comprador	 diligente	 deve,	 em	momento	 anterior	 à	 compra	 do	 imóvel,	 pedir	 a	 certidão	
alodialidade	(certidão	de	inexistência	de	ônus	reais).	
Art.	1.475	-	CC.	É	nula	a	cláusula	que	proíbe	ao	proprietário	alienar	imóvel	hipotecado.	
Parágrafo	único.	Pode	convencionar-se	que	vencerá	o	crédito	hipotecário,	se	o	imóvel	for	alienado.	
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Art.	1.428	-	CC.	É	nula	a	cláusula	que	autoriza	o	credor	pignoratício,	anticrético	ou	hipotecário	a	ficar	com	
o	objeto	da	garantia,	se	a	dívida	não	for	paga	no	vencimento.	
Parágrafo	único.	Após	o	vencimento,	poderá	o	devedor	dar	a	coisa	em	pagamento	da	dívida.	
3.2.3.	Polo	passivo	
NÃO	RESTRITA	AO	DEVEDOR	INSOLVENTE.	
Deve	haver	o	devedor	insolvente,	mas	também	todos	que	com	ele	conluíram,	bem	assim	adquirentes	de	
má-fé.		
Art.	161	-	CC.	A	ação,	nos	casos	dos	arts.	158	e	159,	poderá	ser	intentada	contra	o	devedor	insolvente,	a	
pessoa	que	com	ele	celebrou	a	estipulação	considerada	fraudulenta,	ou	terceiros	adquirentes	que	hajam	
procedido	de	má-fé.	
3.2.4.	Atos	de	transmissão	de	bens	a	título	gratuito	ou	remissão	de	dívida	(art.	158	–	CC)	
3.2.4.1.	Ato	de	transmissão	de	bens	a	título	gratuito	
-	REQUISITO	–	EVENTUS	DAMNI	
Ex.	Devedor	doa	todo	seu	patrimônio	(NÃO	É	NULA	EM	ALGUNS	CASOS	–	vide	importante	abaixo)	a	terceiro	
de	boa-fé,	para	fraudar	o	credor.	
Ajuizada	a	ação	contra	o	devedor	e	o	terceiro,	este	alega,	após	citado,	a	sua	boa-fé,	pugnando	pela	sua	
retirada	do	ato	de	boa	fé.	
Todavia,	 a	 ação	pauliana	 tem	 como	objetivo	anular	 o	ATO,	 havendo	UMA	PRESUNÇÃO	ABSOLUTA	de	
conluio	entre	o	devedor	e	o	terceiro.	
“Eventus	damni”	–	prova	de	que	se,	caso	não	seja	anulado	o	negócio	jurídico	realizado	pelo	devedor	para	
fraudar	o	credor,	independentemente	da	má-fé	de	terceiro,	aquele	não	receberia	o	que	lhe	é	devido.	
Assim,	o	terceiro	não	pode	alegar	eventual	desconhecimento.		
3.2.4.2.	Remissão	
-	REQUISITO	–	EVENTUS	DAMNI	
Ex.	“B”,	devedor	de	“A”,	REMITE	uma	dívida	de	“C”,	de	forma	bilateral	(vide	art.	385	abaixo),	para	
fraudar	“A”.		
“A”	pode	ajuizar	ação	contra	“B”	e	“C”,	ainda	que	de	boa-fé,	uma	vez	que	o	CONLUIO	É	PRESUMIDO,	
devendo	provar,	somente,	o	EVENTUS	DAMNI.	
Art.	158		-	CC.	Os	negócios	de	transmissão	gratuita	de	bens	ou	remissão	de	dívida,	se	os	praticar	o	devedor	
já	 insolvente,	 ou	por	 eles	 reduzido	 à	 insolvência,	 ainda	quando	o	 ignore,	 poderão	 ser	 anulados	pelos	
credores	quirografários,	como	lesivos	dos	seus	direitos.	
§	1o	Igual	direito	assiste	aos	credores	cuja	garantia	se	tornar	insuficiente.	
§	2o	Só	os	credores	que	já	o	eram	ao	tempo	daqueles	atos	podem	pleitear	a	anulação	deles.	
Rafael	Barreto	Ramos	
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Art.	 385	 -	 CC.	 A	 remissão	 da	 dívida,	 aceita	 pelo	 devedor,	 extingue	 a	 obrigação,	mas	 sem	prejuízo	 de	
terceiro.	
IMPORTANTE:	
É	possível	que	um	doador,	com	vultosa	aposentadoria,	doar	todo	o	seu	patrimônio,	possui	renda	
suficiente	para	sua	ulterior	subsistência.	
Art.	 548	 -	 CC.	 É	 nula	 a	 doação	 de	 todos	 os	 bens	 sem	 reserva	 de	 parte,	ou	 renda	 suficiente	 para	 a	
subsistência	do	doador.	
Nota:	
-	Remição	vs.	remissão	
a)	Remissão:	Perdão;	
Advém	do	verbo	REMITIR.	
Ex.	Fulano	REMITIUa	dívida.	
Macete:	Associar	a	remissão	à	missa,	na	qual	se	pede	perdão	e,	ainda,	ao	“t”	de	remitir,	no	qual	há	uma	
cruz.		
b)	Remição:	Resgate.	
Advém	do	verbo	REMIR.	
Ex.	Fulado	REMIU	a	dívida.	
3.2.5.	Contratos	onerosos	(art.	159	-	CC)		
NÃO	SE	PODE	CONCLUIR	PELA	PRESUNÇÃO	DO	CONLUIO.	
3.2.5.1.	Requisitos	
a)	Eventus	damni	
Evento	danoso	–	videacima.	
O	 eventus	 damni,	 segundo	 o	mesmo	 autor	 é:	 "todo	 ato	 prejudicial	 ao	 credor,	 por	 tornar	 o	 devedor	
insolvente,	ou	por	ter	sido	praticado	em	estado	de	insolvência".	
b)	Consilium	Fraudis	
Má-fé	do	terceiro	envolvido.	
O	 consilium	 fraudis,	 segundo	 Washington	 de	 Barros	 Monteiro	 "é	 a	 má	 fé,	 o	 intuito	 malicioso	 de	
prejudicar".	O	eventus	damni,	segundo	o	mesmo	autor	é:	"todo	ato	prejudicial	ao	credor,	por	tornar	o	
devedor	insolvente,	ou	por	ter	sido	praticado	em	estado	de	insolvência"	
-	Fonte:	https://jus.com.br/artigos/2792/fraude-contra-credores-e-acao-pauliana	
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Ex.	Indivíduo,	para	não	pagar	pensão	alimentícia,	vende	seu	patrimônio,	dois	apartamentos,	à	sua	irmã,	
ciente	esta	da	situação.	
Eventus	damni	–	sem	patrimônio,	a	filha	não	receberia	a	pensão;	
Consilum	fraudis	–	má-fé.	
Art.	 159	 -	 CC.	 Serão	 igualmente	 anuláveis	 os	 contratos	 onerosos	 do	 devedor	 insolvente,	 quando	 a	
insolvência	for	notória,	ou	houver	motivo	para	ser	conhecida	do	outro	contratante.	
3.2.6.	Objetivo	–	restituição	do	status	a	quo	
A	ação	pauliana	visa	somente	anular	o	ato,	não	restando	em	garantia	de	recebimento	da	dívida.	
Art.	165	-	CC.	Anulados	os	negócios	fraudulentos,	a	vantagem	resultante	reverterá	em	proveito	do	acervo	
sobre	que	se	tenha	de	efetuar	o	concurso	de	credores.	
Parágrafo	 único.	 Se	 esses	 negócios	 tinham	 por	 único	 objeto	 atribuir	 direitos	 preferenciais,	 mediante	
hipoteca,	penhor	ou	anticrese,	sua	invalidade	importará	somente	na	anulação	da	preferência	ajustada.	
3.2.7.	Depósito	em	Juízo	e	citação	de	todos	os	interessados	
Art.	160	-	CC.	Se	o	adquirente	dos	bens	do	devedor	insolvente	ainda	não	tiver	pago	o	preço	e	este	for,	
aproximadamente,	 o	 corrente,	 desobrigar-se-á	 depositando-o	 em	 juízo,	 com	 a	 citação	 de	 todos	 os	
interessados.	
Parágrafo	único.	Se	 inferior,	o	adquirente,	para	conservar	os	bens,	poderá	depositar	o	preço	que	 lhes	
corresponda	ao	valor	real.	
3.2.8.	Terceiros	de	má-fé	
Art.	161	-	CC.	A	ação,	nos	casos	dos	arts.	158	e	159,	poderá	ser	intentada	contra	o	devedor	insolvente,	a	
pessoa	que	com	ele	celebrou	a	estipulação	considerada	fraudulenta,	ou	terceiros	adquirentes	que	hajam	
procedido	de	má-fé.	
3.2.9.	Pagamento	de	dívidas	não	vencidas	e	concessão	de	garantias	
Art.	162	-	CC.	O	credor	quirografário,	que	receber	do	devedor	insolvente	o	pagamento	da	dívida	ainda	
não	vencida,	ficará	obrigado	a	repor,	em	proveito	do	acervo	sobre	que	se	tenha	de	efetuar	o	concurso	de	
credores,	aquilo	que	recebeu.	
Art.	163	-	CC.	Presumem-se	fraudatórias	dos	direitos	dos	outros	credores	as	garantias	de	dívidas	que	o	
devedor	insolvente	tiver	dado	a	algum	credor.	
3.2.9.	Boa-fé	do	devedor	presumida	
Em	nome	do	princípio	da	Dignidade	da	Pessoa	Humana,	não	se	pode	desconstituir	uma	fraude	contra	
credores	que	visou	a	subsistência	da	família	do	devedor	ou	negócios	ordinários	indispensáveis.	
PRESUNÇÃO	DE	BOA-FÉ	ABSOLUTA,	não	admitindo	prova	em	contrário.	
Art.	 164	 -	 CC.	 Presumem-se,	 porém,	 de	 boa-fé	 e	 valem	 os	 negócios	 ordinários	 indispensáveis	 à	
manutenção	de	estabelecimento	mercantil,	 rural,	ou	 industrial,	ou	à	subsistência	do	devedor	e	de	sua	
família.	
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3.2.10.	Inércia	do	interessado	
O	ato	de	fraude	contra	credores,	após	a	inércia	do	credor	durante	o	prazo	decadencial,	será	convalescido,	
haja	vista	se	tratar	de	ato	anulável.		
3.3.	Fraude	contra	credores	vs.	fraude	à	execução	
Fraude	contra	credores	 Fraude	à	execução	
-	Ato	anulável	
-	Necessário	ajuizamento	de	ação	pauliana	
-	Ato	ineficaz	
-	Todo	ato	de	dissipação,	após	a	DISTRIBUIÇÃO	DA	
AÇÃO,	independentemente	de	citação,	configura	
a	FRAUDE	À	EXECUÇÃO	
-	Necessária	 somente	distribuição	de	petição	na	
ação	já	distribuída	
-	O	STJ	entendeu	que	o	terceiro	adquirente	está	
respaldado,	 podendo	 demonstrar	 a	 inexistência	
do	registro	da	penhora	do	bem	alienado		
	
SÚMULA	N.	375	-	STJ	
O	reconhecimento	da	fraude	à	execução	depende	do	registro	da	penhora	do	bem	alienado	ou	da	prova	
de	má-fé	do	terceiro	adquirente.	
Ø Vício	social	–	SIMULAÇÃO	
1.	Simulação	
Acarreta	em	NULIDADE.	
O	agente	simulador,	numa	simulação	absoluta,	não	visa	a	prática	de	negócio	
jurídico	algum.	Visa:	
-	Fraudar	a	lei;	
-	Causar	prejuízo	a	terceiro;	
-	Lesar	o	fisco.	
Ex.	Indivíduo	simula	vender	todas	as	suas	cabeças	de	gado	para	se	livrar	da	partilha	de	bens	em	
divórcio.	Após	o	trânsito	em	julgado	da	ação	de	divórcio,	o	comprador	doaria	as	cabeças	de	gado	
ao	outrora	alienante.	
Caberá	AÇÃO	DECLARATÓRIA	DE	NULIDADE	que,	por	sua	vez,	trata-se	de	AÇÃO	PERPÉTUA.	
Art.	168	-	CC.	As	nulidades	dos	artigos	antecedentes	podem	ser	alegadas	por	qualquer	interessado,	ou	
pelo	Ministério	Público,	quando	lhe	couber	intervir.	
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Parágrafo	único.	As	nulidades	devem	ser	pronunciadas	pelo	juiz,	quando	conhecer	do	negócio	jurídico	ou	
dos	seus	efeitos	e	as	encontrar	provadas,	não	lhe	sendo	permitido	supri-las,	ainda	que	a	requerimento	
das	partes.	
Art.	169	 -	 .	O	negócio	 jurídico	nulo	não	é	suscetível	de	confirmação,	nem	convalesce	pelo	decurso	do	
tempo.	
2.	Dissimulação	
O	agente	quer	realizar	o	negócio	jurídico,	contudo	o	fim	idealizado	é	vedado	por	lei.	
Assim,	este	conduz	o	negócio	de	forma	a	revesti-lo	de	“aparência”	de	legalidade.	
Ex.	 Indivíduo	 “A”,	 pai	 de	 “B”	 e	 “C”,	 simula	 uma	 venda	 de	 um	 imóvel	 a	 “D”	 para	 que	 este,	
finalmente,	doasse	o	bem	ao	filho	“B”,	como	intuito	de	se	eximir	da	anuência	de	“C”	(vide	art.	
496	–	CC	abaixo).		
	Caberá	a	“C”	decidir.	
	Caso	este	concorde,	o	negócio	será	válido,	posto	que	respeitado	o	art.	496	–	CC.	
Se	“C”	não	concordar,	poderá	pleitear	pela	nulidade	do	negócio	jurídico.	
Art.	496	 -	CC.	 É	 anulável	 a	 venda	de	ascendente	a	descendente,	 salvo	 se	os	outros	descendentes	e	o	
cônjuge	do	alienante	expressamente	houverem	consentido.	
Parágrafo	único.	Em	ambos	os	casos,	dispensa-se	o	consentimento	do	cônjuge	se	o	regime	de	bens	for	o	
da	separação	obrigatória.	
Simulação	 Dissimulação	
-	Simulação	ABSOLUTA	
-	Negócio	jurídico	NULO	
-	Simulação	RELATIVA	
-	Negócio	jurídico	VÁLIDO	
-	Negócio	jurídico	NULO	
	
Art.	167	 -	CC.	É	nulo	o	negócio	 jurídico	simulado,	mas	subsistirá	o	que	se	dissimulou,	 se	válido	 for	na	
substância	e	na	forma.	
§	1o	Haverá	simulação	nos	negócios	jurídicos	quando:	
I	 -	 aparentarem	 conferir	 ou	 transmitir	 direitos	 a	 pessoas	 diversas	 daquelas	 às	 quais	 realmente	 se	
conferem,	ou	transmitem;	
II	-	contiverem	declaração,	confissão,	condição	ou	cláusula	não	verdadeira;	
III	-	os	instrumentos	particulares	forem	antedatados,	ou	pós-datados.	
§	2o	Ressalvam-se	os	direitos	de	terceiros	de	boa-fé	em	face	dos	contraentes	do	negócio	jurídico	simulado.	
	 	
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Ø Prescrição	e	decadência	
1.	Prescrição	
1.1.	Aquisitiva	e	extintiva	
1.1.1.	Aquisitiva	(posse	+	tempo)	(usucapião)	
Usucapião	que,	por	sua	vez,	consiste,	em	síntese,	posse	por	determinado	tempo	que	acarreta	
na	aquisição	da	propriedade.	
Trata-se	de	forma	de	originária	de	aquisição	da	propriedade.	
Ação	declaratória.	
Pode	ser	arguida	como	matéria	de	defesa.	
Art.	 1.241	 -	 CC.	 Poderá	o	possuidor	 requerer	 ao	 juiz	 seja	 declarada	 adquirida,	mediante	usucapião,	 a	
propriedade	imóvel.	
Parágrafo	 único.	 A	 declaração	 obtida	 na	 forma	deste	 artigo	 constituirá	 título	 hábil	 para	 o	 registro	 no	
Cartório	de	Registro	de	Imóveis.	
Súmula	237	-	STF	
O	usucapião	pode	ser	argüido	em	defesa.	
1.1.2.	Causas	impeditivas,	suspensivas	e	interruptivas	(vide	item	1.2.2.	abaixo)	
Também	se	aplicam	à	usucapião.	
Art.	1.244	-	CC.	Estende-se	ao	possuidor	o	disposto	quanto	ao	devedor	acerca	das	causas	que	obstam,	
suspendem	ou	interrompem	a	prescrição,	as	quais	também	se	aplicam	à	usucapião.	
1.1.2.	Extintiva	(inércia	+	tempo)	
1.1.2.1.	Características	
-	Necessidade	da	preexistência	de	um	direito;	
-	Violação	do	direito;-	Sempre	começa	a	correr	da	violação	do	direito;	
-	Prazos	legais	previstos	nos	arts.	205	(norma	geral)	e	206	do	CC	(norma	especial).	
-	ATINGE	A	PRETENSÃO	DE	DETERMINADO	DIREITO	(não	atinge	o	direito	de	REGULAR	exercício	de	ação);	
-	Cumprimento	de	obrigação	prescrita	é	válido.	
Art.	189	-	CC.	Violado	o	direito,	nasce	para	o	titular	a	pretensão,	a	qual	se	extingue,	pela	prescrição,	nos	
prazos	a	que	aludem	os	arts.	205	e	206.	
Art.	205	-	CC.	A	prescrição	ocorre	em	dez	anos,	quando	a	lei	não	lhe	haja	fixado	prazo	menor.	
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Art.	206	-	CC.	Prescreve:	
§	1o	Em	um	ano:	
I	 -	 a	 pretensão	 dos	 hospedeiros	 ou	 fornecedores	 de	 víveres	 destinados	 a	 consumo	 no	 próprio	
estabelecimento,	para	o	pagamento	da	hospedagem	ou	dos	alimentos;	
II	-	a	pretensão	do	segurado	contra	o	segurador,	ou	a	deste	contra	aquele,	contado	o	prazo:	
a)	para	o	segurado,	no	caso	de	seguro	de	responsabilidade	civil,	da	data	em	que	é	citado	para	responder	
à	ação	de	indenização	proposta	pelo	terceiro	prejudicado,	ou	da	data	que	a	este	indeniza,	com	a	anuência	
do	segurador;	
b)	quanto	aos	demais	seguros,	da	ciência	do	fato	gerador	da	pretensão;	
III	 -	 a	 pretensão	 dos	 tabeliães,	 auxiliares	 da	 justiça,	 serventuários	 judiciais,	 árbitros	 e	 peritos,	 pela	
percepção	de	emolumentos,	custas	e	honorários;	
IV	-	a	pretensão	contra	os	peritos,	pela	avaliação	dos	bens	que	entraram	para	a	formação	do	capital	de	
sociedade	anônima,	contado	da	publicação	da	ata	da	assembléia	que	aprovar	o	laudo;	
V	-	a	pretensão	dos	credores	não	pagos	contra	os	sócios	ou	acionistas	e	os	liquidantes,	contado	o	prazo	
da	publicação	da	ata	de	encerramento	da	liquidação	da	sociedade.	
§	2o	Em	dois	anos,	a	pretensão	para	haver	prestações	alimentares,	a	partir	da	data	em	que	se	vencerem.	
§	3o	Em	três	anos:	
I	-	a	pretensão	relativa	a	aluguéis	de	prédios	urbanos	ou	rústicos;	
II	-	a	pretensão	para	receber	prestações	vencidas	de	rendas	temporárias	ou	vitalícias;	
III	-	a	pretensão	para	haver	juros,	dividendos	ou	quaisquer	prestações	acessórias,	pagáveis,	em	períodos	
não	maiores	de	um	ano,	com	capitalização	ou	sem	ela;	
IV	-	a	pretensão	de	ressarcimento	de	enriquecimento	sem	causa;	
V	-	a	pretensão	de	reparação	civil;	
VI	-	a	pretensão	de	restituição	dos	lucros	ou	dividendos	recebidos	de	má-fé,	correndo	o	prazo	da	data	em	
que	foi	deliberada	a	distribuição;	
VII	-	a	pretensão	contra	as	pessoas	em	seguida	indicadas	por	violação	da	lei	ou	do	estatuto,	contado	o	
prazo:	
a)	para	os	fundadores,	da	publicação	dos	atos	constitutivos	da	sociedade	anônima;	
b)	para	os	administradores,	ou	fiscais,	da	apresentação,	aos	sócios,	do	balanço	referente	ao	exercício	em	
que	 a	 violação	 tenha	 sido	 praticada,	 ou	 da	 reunião	 ou	 assembléia	 geral	 que	 dela	 deva	 tomar	
conhecimento;	
c)	para	os	liquidantes,	da	primeira	assembléia	semestral	posterior	à	violação;	
VIII	-	a	pretensão	para	haver	o	pagamento	de	título	de	crédito,	a	contar	do	vencimento,	ressalvadas	as	
disposições	de	lei	especial;	
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IX	-	a	pretensão	do	beneficiário	contra	o	segurador,	e	a	do	terceiro	prejudicado,	no	caso	de	seguro	de	
responsabilidade	civil	obrigatório.	
§	4o	Em	quatro	anos,	a	pretensão	relativa	à	tutela,	a	contar	da	data	da	aprovação	das	contas.	
§	5o	Em	cinco	anos:	
I	-	a	pretensão	de	cobrança	de	dívidas	líquidas	constantes	de	instrumento	público	ou	particular;	
II	-	a	pretensão	dos	profissionais	liberais	em	geral,	procuradores	judiciais,	curadores	e	professores	pelos	
seus	honorários,	contado	o	prazo	da	conclusão	dos	serviços,	da	cessação	dos	respectivos	contratos	ou	
mandato;	
III	-	a	pretensão	do	vencedor	para	haver	do	vencido	o	que	despendeu	em	juízo.	
Art.	 882	 -	CC.	Não	 se	pode	 repetir	o	que	 se	pagou	para	 solver	dívida	prescrita,	ou	 cumprir	obrigação	
judicialmente	inexigível.	
1.1.2.2.	Causas	impeditivas,	suspensivas	e	interruptivas	
1.1.2.2.1.	Causas	impeditivas	e	suspensivas	(arts.	197/200	-	CC)	
a)	Causa	impeditiva	
HIPÓTESES	–	ARTS.	197/200	–	CC.	
Aquela	que	impede	o	início	do	fluxo	do	prazo.	
PRAZO	NEM	MESMO	SE	INICIA.	
Ex.	Não	corre	o	prazo	prescricional	entre	ascendentes	e	descendentes	enquanto	existente	o	poder	familiar	
que,	por	sua	vez,	somente	se	extingue,	dentre	outras	situações,	pela	maioridade.		
Assim,	pode-se	cobrar	pensão	alimentícia	não	paga	durante	todo	o	período	da	menoridade.	
Art.	1.635	-	CC.	Extingue-se	o	poder	familiar:	
I	-	pela	morte	dos	pais	ou	do	filho;	
II	-	pela	emancipação,	nos	termos	do	art.	5o,	parágrafo	único;	
III	-	pela	maioridade;	
IV	-	pela	adoção;	
V	-	por	decisão	judicial,	na	forma	do	artigo	1.638.	
Súmula	309	-	STF	
O	débito	alimentar	que	autoriza	a	prisão	civil	do	alimentante	é	o	que	compreende	as	 três	prestações	
anteriores	ao	ajuizamento	da	execução	e	as	que	se	vencerem	no	curso	do	processo.	
b)	Causa	suspensiva	
O	PRAZO	SE	INICIA,	TODAVIA	É	SUSPENSO.	
HIPÓTESES	–	ARTS.	197/200	–	CC.	
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Art.	197	-	CC.	Não	corre	a	prescrição:	
I	-	entre	os	cônjuges,	na	constância	da	sociedade	conjugal;	
II	-	entre	ascendentes	e	descendentes,	durante	o	poder	familiar;	
III	-	entre	tutelados	ou	curatelados	e	seus	tutores	ou	curadores,	durante	a	tutela	ou	curatela.	
Art.	198	-	CC.	Também	não	corre	a	prescrição:	
I	-	contra	os	incapazes	de	que	trata	o	art.	3o;	
II	-	contra	os	ausentes	do	País	em	serviço	público	da	União,	dos	Estados	ou	dos	Municípios;	
III	-	contra	os	que	se	acharem	servindo	nas	Forças	Armadas,	em	tempo	de	guerra.	
Art.	199	-	CC.	Não	corre	igualmente	a	prescrição:	
I	-	pendendo	condição	suspensiva;	
II	-	não	estando	vencido	o	prazo;	
III	-	pendendo	ação	de	evicção.	
Art.	200	-	CC.	Quando	a	ação	se	originar	de	fato	que	deva	ser	apurado	no	juízo	criminal,	não	correrá	a	
prescrição	antes	da	respectiva	sentença	definitiva.	
1.1.2.2.2.	Causas	interruptivas	(art.	202	–	CC)	
Reinicia-se	a	contagem	do	prazo	prescricional	do	zero.	
Somente	ocorrerá	UMA	VEZ.	
Os	prazos	não	correm	em	face	de	certas	e	determinadas	pessoas	–	ROL	TAXATIVO	(arts.	197/198).	
Art.	202	-	CC.	A	interrupção	da	prescrição,	que	somente	poderá	ocorrer	uma	vez,	dar-se-á:	
I	-	por	despacho	do	juiz,	mesmo	incompetente,	que	ordenar	a	citação,	se	o	interessado	a	promover	no	
prazo	e	na	forma	da	lei	processual;	
II	-	por	protesto,	nas	condições	do	inciso	antecedente;	
III	-	por	protesto	cambial	(VIDE	IMPORTANTE	ABAIXO)	
IV	-	pela	apresentação	do	título	de	crédito	em	juízo	de	inventário	ou	em	concurso	de	credores;	
V	-	por	qualquer	ato	judicial	que	constitua	em	mora	o	devedor;	
VI	-	por	qualquer	ato	inequívoco,	ainda	que	extrajudicial,	que	importe	reconhecimento	do	direito	pelo	
devedor.	
Parágrafo	único.	A	prescrição	interrompida	recomeça	a	correr	da	data	do	ato	que	a	interrompeu,	ou	do	
último	ato	do	processo	para	a	interromper.	
	 	
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IMPORTANTE:	
Em	súmula,	o	STF	decidiu	que	o	protesto	cambiário	não	interrompe	a	prescrição,	TODAVIA	ESTA	
SÚMULA	É	ANTERIOR	AO	NOVO	CÓDIGO	CIVIL,	SENDO,	PORTANTO,	INAPLICÁVEL.	
Súmula	153	–	STF	(ANTERIOR	AO	NOVO	CÓDIGO	CIVIL)	
Simples	protesto	cambiário	não	interrompe	a	prescrição.	
1.2.	Inalterabilidade	do	prazo	prescricional	
Art.	192	-	CC.	Os	prazos	de	prescrição	não	podem	ser	alterados	por	acordo	das	partes.	
1.3.	Renúncia	da	prescrição	
Não	 é	 incompatível	 com	 o	 reconhecimento	 de	 ofício	 do	 juiz	 acerca	 da	 prescrição,	 UMA	 VEZ	 QUE	 O	
ENTENDIMENTO	É	PACÍFICO	QUE	ESTA	SOMENTE	DEVE	SE	DAR	APÓS	A	RESPOSTA	DO	RÉU.	
Art.	191	-	CC.	A	renúncia	da	prescrição	pode	ser	expressa	ou	tácita,	e	só	valerá,	sendo	feita,	sem	prejuízo	
de	terceiro,	depois	que	a	prescrição	se	consumar;	 tácita	é	a	 renúncia	quando	se	presume	de	 fatos	do	
interessado,	incompatíveis	com	a	prescrição.	
1.4.	Alegação	da	prescrição	em	qualquer	jurisdição	
Em	matéria	 de	 recurso	 especial	 e	 recurso	 extraordinário,	 não	 se	 poderá	 alegar	 a	 prescrição	
quando		
A	prescrição	pode	ser	alegada	em	qualquer	grau	de	 jurisdição,pela	parte	a	quem	aproveita,	
independentemente	 de	 pré-questionamento	 nas	 instâncias	 inferiores,	 SALVO	 QUANDO	 SE	
TRATAR	DE	MATÉRIA	DE	RECURSO	ESPECIAL	E	RECURSO	EXTRAORDINÁRIO.		
Art.	193	-	CC.	A	prescrição	pode	ser	alegada	em	qualquer	grau	de	jurisdição,	pela	parte	a	quem	aproveita.	
2.	Decadência	(inércia	+	tempo)	
-	Somente	EXTINTIVA.	
-	Prazos	legais	e	convencionais.	
-	Poderá	haver	alteração	do	prazo	decadencial,	DESDE	QUE	CONVENCIONAL.	
-	Causas	impeditivas,	suspensivas	e	interruptivas	–	NORMA	EXCEPCIONAL	(art.	207	–	CC).	
Ex	CAUSA	IMPEDITIVA.	No	caso	Susane,	esta	não	poderia	ser	deserdada,	pois	não	se	enquadrou	
nas	hipóteses	de	deserdação.	
Ela	foi	declarada	indigna	de	receber	os	bens	(art.	1.814	–	CC)	que,	por	sua	vez,	foi	declarada	por	
meio	de	sentença	proposta	por	seu	irmão.	
A	ação	de	exclusão	de	herdeiros	é	uma	ação	de	prazo	decadencial,	uma	vez	que	não	previsto	nos	
arts.	205	e	206	–	CC,	mas	sim	no	art.	1.815,	parágrafo	único,	do	CC.	
Rafael	Barreto	Ramos	
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Todavia,	à	época,	o	irmão	de	Susane	tinha	15	anos,	tendo	sido	impedida	a	prescrição	por	1	ano,	
ou	seja,	até	este	completar	16	anos	(art.	208	–	CC).	
-	Renúncia	da	decadência	somente	se	o	prazo	for	CONVENCIONAL.	
-	É	NULA	a	decadência	quando	FIXADA	EM	LEI.	
-	Os	prazos	não	correm	apenas	em	face	dos	absolutamente	incapazes.	
-	A	decadência	LEGAL	DEVE	ser	reconhecida	pelo	magistrado	DE	OFÍCIO.	
Art.	207	-	CC.	Salvo	disposição	legal	em	contrário,	não	se	aplicam	à	decadência	as	normas	
que	impedem,	suspendem	ou	interrompem	a	prescrição.	
Art.	208	-	CC.	Aplica-se	à	decadência	o	disposto	nos	arts.	195	e	198,	inciso	I.	
Art.	195	-	CC.	Os	relativamente	incapazes	e	as	pessoas	jurídicas	têm	ação	contra	os	seus	assistentes	ou	
representantes	legais,	que	derem	causa	à	prescrição,	ou	não	a	alegarem	oportunamente.	
Ex.	Se,	no	exemplo	acima,	o	prazo	decadencial	fosse	de	1	ano	e	o	tutor	perdesse	o	prazo,	o	irmão	de	Susane	
poderia	se	voltar	contra	a	este.	
Art.	198	-	CC.	Também	não	corre	a	prescrição:	
I	-	contra	os	incapazes	de	que	trata	o	art.	3o;	
Art.	209	-	CC.	É	nula	a	renúncia	à	decadência	fixada	em	lei.	
Art.	210	–	CC	 .	Deve	o	juiz,	de	ofício,	conhecer	da	decadência,	quando	estabelecida	
por	lei.	
Art.	211	-	CC.	Se	a	decadência	for	convencional,	a	parte	a	quem	aproveita	pode	alegá-la	em	qualquer	grau	
de	jurisdição,	mas	o	juiz	não	pode	suprir	a	alegação.	
Nota:	
Art.	1.814	-	CC.	São	excluídos	da	sucessão	os	herdeiros	ou	legatários:	
I	-	que	houverem	sido	autores,	co-autores	ou	partícipes	de	homicídio	doloso,	ou	tentativa	deste,	contra	a	
pessoa	de	cuja	sucessão	se	tratar,	seu	cônjuge,	companheiro,	ascendente	ou	descendente;	
Art.	 1.815	 -	 CC.	 A	 exclusão	 do	 herdeiro	 ou	 legatário,	 em	 qualquer	 desses	 casos	 de	 indignidade,	 será	
declarada	por	sentença.	
Parágrafo	único.	O	direito	de	demandar	a	exclusão	do	herdeiro	ou	legatário	extingue-se	em	quatro	anos,	
contados	da	abertura	da	sucessão.	
		
	
	
Rafael	Barreto	Ramos	
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34	
	
Prescrição	 Decadência	
1.	 Aquisitiva	 (posse	 +	 tempo)	 usucapião)	 OU	
extintiva	(inércia	+	tempo);	
2.	Necessidade	da	preexistência	de	um	direito;	
3.	Necessidade	de	violação	deste	direito;	
4.		Sempre	começa	a	correr	da	violação	do	direito;	
5.	 Prazos	 legais	 previstos	 nos	 arts.	 205	 (norma	
geral)	e	206	do	CC	(norma	especial);	
6.	Atinge	a	pretensão;	
7.	 NÃO	 ATINGE	 O	 DIREITO	 DO	 REGULAR	
EXERCÍCIO	DE	AÇÃO;	
8.	 O	 cumprimento	 de	 obrigação	 prescrita	 é	
considerado	válido	(art.	882);	
	
	
1.	SOMENTE	EXTINTIVA	(inércia	+	tempo);	
2.	 Prazos	 espalhados	 por	 todo	 Código	 Civil,	
EXCETO	ARTS.	205	E	206;	
3.	Prazos	legais	OU	CONVENCIONAIS;	
4.	 PODE	 SER	 ALTERADO	 PELAS	 PARTES,	 DESDE	
QUE	NÃO	SEJA	LEGAL;	
5.	Causas	impeditivas,	suspensivas	e	interruptivas	
–	NORMA	EXCEPCIONAL	(art.	207	–	CC);	
6.	Renúncia	somente	de	prazo	convencional;	
7.	É	nula	a	renúncia	de	prazo	legal;	
8.	 Os	 prazos	 não	 correm	 APENAS	 em	 face	 dos	
absolutamente	incapazes.	
9.	Decadência	legal	DEVE	ser	conhecida	de	ofício	
pelo	juiz;	
	
	
	
IMPORTANTE:	
Prescrição	 corre	 contra	 incapaz,	 qual	 seja,	 o	 RELATIVAMENTE	 INCAPAZ	 (maior	 de	 16	 anos	 e	
menor	de	18	anos).	
3.	Prescrição	vs.	decadência	(AGNELO	AMORIM	FILHO)	
-	Ação	condenatória	–	sempre	PRESCRIÇÃO	(arts.	205/206	–	CC);	
-	Ação	constitutiva	COM	prazo	fixado	em	lei	–	sempre	DECADÊNCIA	(exceto	arts.	205/206	–	
CC);	
-	Ação	constitutiva	SEM	prazo	fixado	em	lei	–	AÇÃO	PERPÉTUA;	
Ex.	Ação	de	alimentos,	posto	que	o	prazo	prescricional	do	art.	206,	§2º	-	CC	é	para	EXECUÇÃO	DE	
VERBA	ALIMENTAR.		
-	Ação	declaratória	–	AÇÃO	PERPÉTUA.	
Ex.	Ação	de	negócio	jurídico	nulo.	
Ex.	Vedada	a	pacta	corvina1	
Rafael	Barreto	Ramos	
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Art.	426	-	CC.	Não	pode	ser	objeto	de	contrato	a	herança	de	pessoa	viva.	
(1)	Pacta	corvina:	São	aqueles	negócios	capazes	de	levantar	no	coração	de	uma	das	partes,	ou	de	ambas,	
um	anseio	pela	morte	da	outra	ou	de	um	terceiro.	
A	analogia	que	se	faz	é	exatamente	com	relação	aos	hábitos	alimentares	do	corvo	(animais	mortos)	e	o	
objeto	do	contrato	(herança	de	pessoa	viva).		
O	negócio	jurídico	com	tal	objeto	indicaria	o	desejo,	os	votos	de	morte	para	aquele	de	quem	a	sucessão	
se	trata.	Tal	como	os	corvos,	que	esperam	a	morte	de	suas	vítimas	para	se	alimentarem,	os	contratantes	
estariam	avidamente	aguardando	o	falecimento	para	se	apossarem	dos	bens	da	herança.	
-	Fonte:	http://www.trabalhosfeitos.com/ensaios/Pacta-Corvina/47460390.html	
Art.	166	-	CC.	É	nulo	o	negócio	jurídico	quando:	
I	-	celebrado	por	pessoa	absolutamente	incapaz;	
II	-	for	ilícito,	impossível	ou	indeterminável	o	seu	objeto;	
III	-	o	motivo	determinante,	comum	a	ambas	as	partes,	for	ilícito;	
IV	-	não	revestir	a	forma	prescrita	em	lei;	
V	-	for	preterida	alguma	solenidade	que	a	lei	considere	essencial	para	a	sua	validade;	
VI	-	tiver	por	objetivo	fraudar	lei	imperativa;	
VII	-	a	lei	taxativamente	o	declarar	nulo,	ou	proibir-lhe	a	prática,	sem	cominar	sanção.	
Art.	169	-	CC.	O	negócio	jurídico	nulo	não	é	suscetível	de	confirmação,	nem	convalesce	pelo	decurso	do	
tempo.	
Art.	179	-	CC.	Quando	a	lei	dispuser	que	determinado	ato	é	anulável,	sem	estabelecer	prazo	para	pleitear-
se	a	anulação,	será	este	de	dois	anos,	a	contar	da	data	da	conclusão	do	ato.	
-	ADENDO:	
-	Ação	DESconstitutiva	COM	prazo	fixado	em	lei	–	sempre	DECADÊNCIA	(exceto	arts.	205/206	
–	CC);	
-	Ação	DESconstitutiva	SEM	prazo	fixado	em	lei	–	AÇÃO	PERPÉTUA;	
IMPORTANTE:	
	-	Negócio	 jurídico	nulo	adentra	ao	mundo	 jurídico	e	produz	efeitos	até	que	estes	 lhe	 sejam	
retirados.	
	
	
	 	
Rafael	Barreto	Ramos	
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09/01/17	
Ø Direito	das	coisas	
Tema	de	grande	importância,	pois	possui	forte	aplicabilidade	com	a	função	de	procurador.	
1.	Posse	(arts.	1196	e	seguintes	–	CC)	
1.1.	Teorias	clássicas	da	posse	
1.1.1.	Teoria	subjetivista	(Savigny)	
Posse:	corpus	(poder	físico	sobre	a	coisa)	+	animus	(ânimo	de	dono	–	animus	domini	-	ou	o	ânimo	de	
possuir	como	se	dono	fosse	–	animus	rem	sibi	habendi)	
Perante	a	teoria	subjetivista,	o	locatário,	depositário	e	comandatário	não	seriam	possuidores,	posto	que	
lhes	falta	o	elemento	animus.	Estes	detêm	a	DETENÇÃO.	
Animus	+	corpus	=	possuidor	
Corpus	=	detentor	
Fâmulo	da	posse	=	aquele	que	exerce	posse,	porém	em	nome	alheio.	
Ex.	 Caseiro	 de	 um	 sítio,	 capataz	 de	 uma	 fazenda,	 servidor	 numa	 praça	 pública	 com	 os	 instrumentos	
inerentes	à	posse	em	nome	do	município.	
1.1.2.	Teoria	objetivista	(Ihering)	–	ADOTADO	PELO	CC	(ARTS.	1196	E	1198–	CC)	
Basta	a	exteriorização	do	domínio	(corpus),	faltando	o	elemento	anímico.	
Neste	caso,	o	locatário,	depositário	e	comodatário	são	POSSUIDORES.	
Detentor	 e	 fâmulo	 da	 posse	 são	 expressões	 sinônimas:	 aquele	 que	 exerce	 a	 posse	 em	 nome	 alheio,	
mediante	comandos	e	instruções	previamente	lhe	direcionados.	
Assim	detenção	é	uma	posse	degradada	pela	lei.	
-	Posse:	
Art.	1.196	-	CC.	Considera-se	possuidor	todo	aquele	que	tem	de	fato	o	exercício,pleno	ou	não,	de	algum	
dos	poderes	inerentes	à	propriedade.	
NÃO	SE	EXIGIU	O	ELEMENTO	ANÍMICO.	
-	Detentor:	
Art.	 1.198	 -	 CC.	 Considera-se	detentor	 aquele	que,	 achando-se	em	 relação	de	dependência	para	 com	
outro,	conserva	a	posse	em	nome	deste	e	em	cumprimento	de	ordens	ou	instruções	suas.	
Rafael	Barreto	Ramos	
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Parágrafo	único.	Aquele	que	começou	a	comportar-se	do	modo	como	prescreve	este	artigo,	em	relação	
ao	bem	e	à	outra	pessoa,	presume-se	detentor,	até	que	prove	o	contrário.	
IMPORTANTE:	
O	código	civil	abraçou	AMBAS	AS	TEORIAS:	
-	Conceito	de	posse	e	detentor	(adota,	COM	EXCLUSIVIDADE,	teoria	objetivista);	
-	Usucapião	(adota,	COM	EXCLUSIVIDADE,	a	teoria	subjetivista).	
Ex.	Comodatário,	locatário	e	mandatário	não	podem	usucapir,	posto	que	não	possuem	o	animus.	
1.2.	Classificação	
1.2.1.	Justa	e	injusta	
1.2.1.1.	Justa	
Art.	1.200	-	CC.	É	justa	a	posse	que	não	for	violenta,	clandestina	ou	precária.	
1.2.1.2.	Injusta	
Obtida	com	atos	de:	
	-	Violência:	não	se	exige	a	violência	física,	sendo	admitida	a	violência	moral);	
-	Clandestina:	aquela	obtida	com	atos	de	ocultamento	do	antigo	possuidor.	Basta	que	o	antigo	possuidor	
a	ignore	para	que	ela	seja	considerada	injusta.	É	irrelevante	que	a	comunidade	saiba,	ou	não,	acerca	desta	
posse.	
-	Precária:	posse	arbitrária.	
Ex.	 A	 decidiu	 emprestar	 a	 B	 um	 imóvel	 de	 sua	 propriedade	 por	 meio	 de	 um	 contrato	 de	 comodato	
devidamente	escrito	com	prazo	previamente	estabelecido.	
Findo	o	prazo,	B	deixa	de	restituir	o	imóvel.	A	partir	do	dia	seguinte	ao	término	do	prazo,	a	posse,	outrora	
justa,	passa	a	ser	injusta.	
1.2.2.	Boa-fé	e	má-fé	
Art.	1.201	-	CC.	É	de	boa-fé	a	posse,	se	o	possuidor	ignora	o	vício,	ou	o	obstáculo	que	impede	a	aquisição	
da	coisa.	
Parágrafo	único.	O	possuidor	com	justo	título	tem	por	si	a	presunção	de	boa-fé,	salvo	prova	em	contrário,	
ou	quando	a	lei	expressamente	não	admite	esta	presunção.	
Ex.	 Comodatário,	 de	 boa-fé,	 repara	 o	 telhado	 (benfeitoria	 necessária),	 constrói	 garagem	
(benfeitoria	 útil)	 e	 uma	 piscina	 (benfeitoria	 voluptuária)	 em	 um	 sítio	 e,	 findo	 o	 prazo	 do	
comodato,	 este	 não	 devolve	 o	 imóvel,	 posto	 requerer	 indenização	 por	 todas	 as	 benfeitorias	
realizadas.	
Neste	caso,	somente	as	benfeitorias	necessárias	e	úteis	serão	indenizadas.	
Rafael	Barreto	Ramos	
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Pode-se	 levantar	as	voluptuárias,	quando	o	puder	sem	detrimento	da	coisa	 (não	aplicável	ao	
presente	caso).	
Poderá	exercer	o	direito	de	retenção	até	o	pagamento	das	benfeitorias	necessárias	e	úteis.	
Art.	96	-	CC.	As	benfeitorias	podem	ser	voluptuárias,	úteis	ou	necessárias.	
§	1o	São	voluptuárias	as	de	mero	deleite	ou	recreio,	que	não	aumentam	o	uso	habitual	do	bem,	ainda	que	
o	tornem	mais	agradável	ou	sejam	de	elevado	valor.	
§	2o	São	úteis	as	que	aumentam	ou	facilitam	o	uso	do	bem.	
§	3o	São	necessárias	as	que	têm	por	fim	conservar	o	bem	ou	evitar	que	se	deteriore.	
Art.	1.219	-	CC.	O	possuidor	de	boa-fé	tem	direito	à	indenização	das	benfeitorias	necessárias	e	úteis,	bem	
como,	quanto	às	voluptuárias,	se	não	lhe	forem	pagas,	a	levantá-las,	quando	o	puder	sem	detrimento	da	
coisa,	e	poderá	exercer	o	direito	de	retenção	pelo	valor	das	benfeitorias	necessárias	e	úteis.	
Art.	1.220	-	CC.	Ao	possuidor	de	má-fé	serão	ressarcidas	somente	as	benfeitorias	necessárias;	não	 lhe	
assiste	o	direito	de	retenção	pela	importância	destas,	nem	o	de	levantar	as	voluptuárias.	
Art.	1.221	-	CC.	As	benfeitorias	compensam-se	com	os	danos,	e	só	obrigam	ao	ressarcimento	se	ao	tempo	
da	evicção	ainda	existirem.											(Vide	Decreto-lei	nº	4.037,	de	1942)	
Ex.	Edifiquei	um	telhado	de	 imóvel	em	 imóvel	que	possuo	de	má-fé	e,	ante	a	ausência	de	 indenização,	
danifico-o.	
IMPORTANTE:	
O	invasor	de	um	imóvel	público	é	tido	como	detentor	e,	haja	vista	condição,	não	é	garantido	a	
ele	nenhum	tipo	de	benfeitoria.	
1.2.3.	Com	justo	título	e	sem	justo	título	
1.2.3.1.	Com	justo	título	
Possui	presunção	juris	tantum1	de	boa-fé.	
(1)	Presunções:	
Presunção	jure	et	de	jure	-	absoluta	 Presunção	juris	tantum	-	relativa	
Não	admite	prova	em	sentido	contrário	 Admite	prova	em	sentido	contrário	
	
A	Lei	não	se	prendeu	ao	trabalho	de	definir	o	que	é	justo	título,	relegando	este	trabalho	à	doutrina.	
Ex.	Contrato	de	compra	e	venda/testamento/carta	de	arrematação	que,	em	virtude	um	vício,	impediu	o	
registro.	
PARA	IDENTIFICAR	UM	JUSTO	TÍTULO	NÃO	É	NECESSÁRIO	DOCUMENTO	ESCRITO.	
Rafael	Barreto	Ramos	
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Ex.	A	exerce	posse	mansa,	pacífica,	ininterrupta,	com	justo	título	e	de	boa-fé	de	um	imóvel.	No	seu	último	
ano	de	vida,	vive	no	imóvel	em	união	estável	com	B.	Considerando	o	teor	do	art.	1206	(vide	abaixo),	esta	
herdará	a	posse	com	justo	título.	
Art.	1.201	-	CC.	É	de	boa-fé	a	posse,	se	o	possuidor	ignora	o	vício,	ou	o	obstáculo	que	impede	a	aquisição	
da	coisa.	
Parágrafo	único.	O	possuidor	com	justo	título	tem	por	si	a	presunção	de	boa-fé,	salvo	prova	em	contrário,	
ou	quando	a	lei	expressamente	não	admite	esta	presunção.	
Art.	1.206	-	CC.	A	posse	transmite-se	aos	herdeiros	ou	legatários	do	possuidor	com	os	mesmos	caracteres.	
1.2.4.	Direta	e	indireta	
Abrange	direitos	pessoais	e	reais.	
-	Direito	pessoal		
Ex.	Locação:	
	Alugar	o	imóvel,	não	faz	com	que	o	locador	(posse	indireta)	perca	a	posse	do	imóvel.	A	posse	será	exercida	
por	ambos	(locatário	–	posse	direta).	
a)	Locador:	propriedade	e	posse	indireta	
b)	Locatário:	posse	direta	
-	Direito	real	
Ex.	Alienação	fiduciária	em	garantia:	
a)	Fiduciário:	propriedade	e	posse	indireta	(“não	é	otário,	mas	sim	proprietário”)	
b)	Fiduciante:	posse	direta.	
Art.	1.197	-	CC.	A	posse	direta,	de	pessoa	que	tem	a	coisa	em	seu	poder,	temporariamente,	em	virtude	
de	direito	pessoal,	ou	real,	não	anula	a	indireta,	de	quem	aquela	foi	havida,	podendo	o	possuidor	direto	
defender	a	sua	posse	contra	o	indireto.	
1.2.5.	ad	interdicta	e	ad	usucapionem	
-	ad	usucapionem:	Aquela	que	confere	o	direito	de	usucapir.	
-	 ad	 interdicta:	 É	 aquela	 que	 confere	 o	 direito	 de	 utilizar	 os	 interditos	 possessórios	 (ações	
possessórias	–	vide	tabela	a	seguir).	
Ação	reintegração	da	posse	 Ação	de	manutenção	de	posse	 Ação	de	interdito	proibitório	
Esbulho	–	perda	da	posse	
“Me	ver	reintegrar	na	posse	que	
tinha,	 mas	 que,	 num	 dado	
momento,	 a	perdi,	 por	 ter	 sido	
esbulhado”	
Turbação	 –	 admoestação	 da	
posse	
“Me	ver	mantido	na	posse	
Ameaça	de	perda	da	posse	
Rafael	Barreto	Ramos	
		2017	
40	
	
	
Ex.	Tenho	o	direito	real	da	servidão	(arts.	1378	–	CC),	dois	prédios	de	donos	distintos	em	que	um	(imóvel	
dominante)	utiliza	o	outro	em	seu	detrimento	(imóvel	serviente).	
Conforme	art.	1.383	(vide	abaixo),	o	dono	do	prédio	serviente	não	poderá	embaraçar	o	uso	legítimo	da	
servidão.	
O	dono	do	imóvel	serviente	ameaça	o	dono	do	imóvel	dominante	fechar	a	servidão.	
Nesta	situação,	o	dono	do	imóvel	ajuíza	ação	de	interdito	proibitório.	
Ao	distribuir	a	ação,	verifica	que	a	servidão	foi	fechada.	
Em	razão	do	princípio	da	fungibilidade	das	ações	possessórias	clássicas,	poderá	requer	o	julgamento	da	
ação	como	ação	de	reintegração	da	posse.	
Art.	1.210	-	CC.	O	possuidor	tem	direito	a	ser	mantido	na	posse	em	caso	de	turbação,	restituído	no	de	
esbulho,	e	segurado	de	violência	iminente,	se	tiver	justo	receio	de	ser	molestado.	
§	1o	O	possuidor	turbado,	ou	esbulhado,	poderá	manter-se	ou	restituir-se	por	sua	própria	força,	contanto	
que	o	faça	logo;	os	atos	de	defesa,	ou	de	desforço,	não	podem	ir	além	do	indispensável	à	manutenção,	
ou	restituição	da	posse.	
§	2o	Não	obsta	à	manutenção	ou	reintegração	na	posse	a	alegação	de	propriedade,	ou	de	outro	direito	
sobre	a	coisa.	
Art.	1.383	-	CC.	O	dono	do	prédio	serviente	não	poderá	embaraçar	de	modo	algum	o	exercício	legítimo	
da	servidão.	
IMPORTANTE:	
-	Princípio	da	fungibilidade	das	ações	possessórias	clássicas	(art.	554	–	CPC)	
Art.	554	-	CPC.		A	propositura	de	uma	ação	possessória	em	vez	de	outra	não	obstará	a	que	o	juiz	conheça

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