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Professor: Leonardo Barreto Moreira Alves Rafael Barreto Ramos Curso PROLABORE 2017 1 CURSO PROCURADOR DA PREFEITURA DE BELO HORIZONTE Direito Processual Penal Professor: Leonardo Barreto Moreira Alves – site: www.leonardomoreiraalves.com.br 13/02/17 Ø Bibliografia recomendada Livro do professor que deve ser comprado por meio do site www.juspodivm.com.br Ø Inquérito policial 1. Conceito Inquérito policial é procedimento administrativo1 conduzido pela polícia judiciária2 e que tem como finalidade precípua formar a justa causa3 que permita o início da ação penal. Procedimento administrativo à polícia judiciária à justa causa. (1) Procedimento administrativo: Referente à natureza jurídica do inquérito. NÃO DEVE SER CONFUNDIDO COM A AÇÃO PENAL. Em inquérito, quer-se, tão somente, apurar a existência de um crime e, caso positivo, qual seria o seu autor. Logo, o inquérito é uma etapa pré-processual. É muito forte a influência do direito administrativo. Não há atos processuais. Os atos praticados ao longo do inquérito são administrativos. (2) Polícia judiciária: Investigação criminal trata-se de um gênero, ou seja, pode-se investigar um crime através de: a) Inquérito policial; b) CPI; c) Inquérito Civil Público; d) Procedimento Investigatório Criminal – PIC: aquele realizado pelo Ministério Público. O INQUÉRITO POLICIAL SOMENTE PODE SER CONDUZIDO PELA POLÍCIA JUDICIÁRIA: i. Polícia Civil: Esfera estadual; ii. Polícia Federa: Esfera federal. O inquérito policial possui função REPRESSIVA, ou seja, visa apurar um crime após a sua ocorrência. Professor: Leonardo Barreto Moreira Alves Rafael Barreto Ramos Curso PROLABORE 2017 2 A POLÍCIA JUDICIÁRIA não afasta a possibilidade de outro órgão público apurar crimes, como, por exemplo, o Ministério Público. Polícia Judiciária Polícia Administrativa Função repressiva (típica). Ex. Polícia civil. Função preventiva (típica). Ex. Polícia Militar. Art. 4º - CPP - A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria. (Redação dada pela Lei nº 9.043, de 9.5.1995) Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função. IMPORTANTE: - A função atípica de um órgão somente pode ser desempenhada se não se sobrepor à típica. - O MINISTÉRIO PÚBLICO POSSUI O PODER INVESTIGATÓRIO RECONHECIDO PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. O STF reconhece poder investigatório ao Ministério Público. O MP PODERÁ APURAR QUALQUER CRIME. (3) Justa causa: Suporte probatório mínimo, ou seja, este é o somatório de: a) indícios suficientes de autoria; + b) Prova da materialidade. Fundamento probatório mínimo que garanta que ação penal será ajuizada e poderá chegar ao seu resultado final. Evitar que ação penal seja oferecida de forma temerária, abusiva, etc. “O inquérito reúne as provas que serão utilizadas para o ajuizamento da ação.” 2. Características do inquérito policial Algumas características são legais (Código de Processo Penal) e, outras, são corolárias da doutrina. Professor: Leonardo Barreto Moreira Alves Rafael Barreto Ramos Curso PROLABORE 2017 3 2.1. Inquisitivo (doutrinária) Atos praticados no inquérito NÃO estão submetidos ao CONTRADITÓRIO e a AMPLA DEFESA. Isto ocorre porque o inquérito policial é mero procedimento administrativo. Assim, em regra, a prova produzida no inquérito deverá ser REPETIDA em Juízo. Exceção: art. 155, CPP. Art. 155 - CPP. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as restrições estabelecidas na lei civil. 2.2. Inexistência de nulidades (doutrinária) – CAI Eventuais vícios do inquérito policial não contaminam a futura ação penal. “Se forneceu justa causa, o MP poderá ajuizar a ação penal.” “Nulidades no inquérito não impedem o ajuizamento da ação penal.” Ex. Em caso de prisão em flagrante delito, o Delegado deverá instaurar o inquérito por meio da lavratura do auto de prisão em flagrante delito – APFD. A prisão deverá ser comunicada a um Juiz que, em caso de vício na prisão, deverá relaxá-la. Neste caso, mesmo a prisão sendo ilegal, poderá ser ajuizada a ação penal. 2.3. Ofíciosidade (doutrinária) O Delegado tem o DEVER de instaurar o inquérito DE OFÍCIO, ou seja, sem ser provocado. SOMENTE VALE PARA AS AÇÕES INCONDICIONADAS. Art. 5o – CPP - Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado: I - de ofício; II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. § 1o O requerimento a que se refere o no II conterá sempre que possível: a) a narração do fato, com todas as circunstâncias; b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de convicção ou de presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer; c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência. Professor: Leonardo Barreto Moreira Alves Rafael Barreto Ramos Curso PROLABORE 2017 4 § 2o Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá recurso para o chefe de Polícia. § 3o Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar inquérito. § 4o O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, não poderá sem ela ser iniciado. § 5o Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder a inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la. “Mesmo que o Delegado saiba da prática do crime, NÃO poderá instaurar o inquérito sem o requerimento da parte.” 2.4. Oficialidade (doutrinária) O inquérito é presidido por ÓRGÃO OFICIAL DO ESTADO, qual seja, a POLÍCIA JUDICIÁRIA. “Refere-se ao órgão”. 2.5. Autoritariedade (Delegado) (doutrinária) Quem preside o inquérito é autoridade policial que, por sua vez, é o DELEGADO “Refere-se ao membro do órgão.” 2.6. Escrito (Art. 9º - CPP) Deve ser FORMAL. Art. 9o - CPP - Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade. 2.7. Dispensabilidade (Art. 12 – CPP) O inquérito é um instrumento não obrigatório, sendo, portanto, DISPENSÁVEL. Há outras formas de se apurar um crime (Ex. CPI, PIC). Art. 12 - CPP. O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de base1 a uma ou outra. (1) Sempre que servir de base: Sempre que fornecer justa causa. Se não fornecer, é prescindível. 2.8. Discricionariedade (art. 14 – CPP) Assim como no Direito Administrativo, e aquele ato que é cabível o juízo de conveniência e oportunidade da autoridade competente a praticá-lo. Assim, a prova do inquérito só será colhida a depender do juízo de conveniência de oportunidade feito pelo Delegado. Professor: Leonardo Barreto Moreira Alves Rafael Barreto Ramos Curso PROLABORE 2017 5 O Ministério Públicoe o investigado podem requerer diligências que, a seu turno, podem ser INDEFERIDOS pelo Delegado. Desta decisão, NÃO CABE MANDADO DE SEGURANÇA. IMPORTANTE: Ao longo do inquérito policial, há um ato praticado de colheita de prova é VINCULADO, ou seja, o Delegado é OBRIGADO a cumpri-lo, qual seja: - EXAME DE CORPO DE DELTO Art. 158 - CPP. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. 2.9. Curador (art. 15 – CPP – REVOGADO, AINDA QUE TACITAMENTE) O Código de Processo Penal é da década de 40, quando da vigência do Código Civil de 1916 que, por sua vez, previa que a maioridade cível se dava com 21 anos. Assim, àquela época, dos 18 aos 21, o indivíduo era penalmente capaz, todavia o mesmo não ocorria na esfera cível. Logo, dos 18 aos 21, este deveria ter curador nomeado, que deveria acompanhá-lo, inclusive, no interrogatório judicial. Contudo, com o advento do Código Civil 2002, a capacidade cível foi reduzida para 18 anos. Ante o exposto, a doutrina entende que o art. 15 encontra-se TACITAMENTE revogado. Art. 15 - CPP. Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado curador pela autoridade policial. (TACITAMENTE REVOGADO) Art. 194 - CPP. Se o acusado for menor, proceder-se-á ao interrogatório na presença de curador. (Revogado pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003) 2.10. Indisponibilidade (art. 17 – CPP) O Delegado não poderá determinar o ARQUIVAMENTO do inquérito. Quem promove o arquivamento é o MINISTÉRIO PÚBLICO. O Juiz HOMOLOGARÁ a promoção de arquivamento realizada pelo MP. NUNCA/JAMAIS, O DELEGADO PODERÁ ARQUIVAR INQUÉRITO. NÃO HÁ EXCEÇÕES. Art. 17 - CPP. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito. Professor: Leonardo Barreto Moreira Alves Rafael Barreto Ramos Curso PROLABORE 2017 6 2.11. Sigiloso (art. 20 – CPP) É somente na ação penal que vigorará a publicidade. Como o inquérito é uma etapa pré-processual, valerá para ele, em regra, a sigilosidade. - Dupla finalidade: a) Resguardar a privacidade/intimidade dos envolvidos, principalmente do investigado; b) Resguardar a eficácia da apuração criminal. “A divulgação de alguma informação poderia frustrar a colheita da prova.” Art. 20 - CPP. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade. 2.11.1. ACESSO AO INQUÉRITO a) Juiz; b) Ministério Público; c) Advogado sem procuração Somente diligências inerentes ao direito de defesa e somente diligências FINALIZADAS e DOCUMENTADAS. NÃO SE LIMITA AO INQUÉRITO. O ESTATUTO DA OAB AMPLIOU PARA QUALQUER TIPO DE INVESTIGAÇÃO. Ex. PIC. c.1) Exceção: EXIGIDA PROCURAÇÃO – INQUÉRITOS SIGILOSOS Art. 7º - Estatuto da OAB - São direitos do advogado: XIV - examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de investigações de qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital; (Redação dada pela Lei nº 13.245, de 2016) § 10. Nos autos sujeitos a sigilo, deve o advogado apresentar procuração para o exercício dos direitos de que trata o inciso XIV. (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016) § 11. No caso previsto no inciso XIV, a autoridade competente poderá delimitar o acesso do advogado aos elementos de prova relacionados a diligências em andamento e ainda não documentados nos autos, quando houver risco de comprometimento da eficiência, da eficácia ou da finalidade das diligências. (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016) § 12. A inobservância aos direitos estabelecidos no inciso XIV, o fornecimento incompleto de autos ou o fornecimento de autos em que houve a retirada de peças já incluídas no caderno investigativo implicará responsabilização criminal e funcional por abuso de autoridade do responsável que impedir o acesso do Professor: Leonardo Barreto Moreira Alves Rafael Barreto Ramos Curso PROLABORE 2017 7 advogado com o intuito de prejudicar o exercício da defesa, sem prejuízo do direito subjetivo do advogado de requerer acesso aos autos ao juiz competente. (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016) Súmula Vinculante 14 É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa. 2.12. Incomunicabilidade (art. 21 – CPP – REVOGADO ou NÃO RECEPCIONADO PELA CF/88) O investigado preso não poderia ter contato com ninguém, nem mesmo o seu advogado. Foi revogado/não recepcionado pela CF/88 em razão da norma prevista no art. 136, §3º, da Constituição Federal. Ademais, impende destacar o Estatuto da OAB permite o acesso do advogado ao seu cliente, ainda que este seja considerado incomunicável. Art. 21 - CPP. A incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre de despacho nos autos e somente será permitida quando o interesse da sociedade ou a conveniência da investigação o exigir. Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não excederá de três dias, será decretada por despacho fundamentado do Juiz, a requerimento da autoridade policial, ou do órgão do Ministério Público, respeitado, em qualquer hipótese, o disposto no artigo 89, inciso III, do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil (Lei n. 4.215, de 27 de abril de 1963) Art. 136 – CF/88. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, decretar estado de defesa para preservar ou prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza. § 3º Na vigência do estado de defesa: IV - é vedada a incomunicabilidade do preso. Art. 7º - Estatuto da OAB - São direitos do advogado: III - comunicar-se com seus clientes, pessoal e reservadamente, mesmo sem procuração, quando estes se acharem presos, detidos ou recolhidos em estabelecimentos civis ou militares, ainda que considerados incomunicáveis; 3. Início do inquérito policial 3.1. De ofício O inquérito policial poderá ser instaurado de ofício pelo Delegado de Polícia. Somente valerá para as ações públicas incondicionadas. Professor: Leonardo Barreto Moreira Alves Rafael Barreto Ramos Curso PROLABORE 2017 8 3.2. Requisição da autoridade competente Se a requisição for FUNDAMENTADA e LEGAL terá o efeito prático de uma ordem. Isto é, o Delegado terá que acatar a ordem, ou seja, deverá instaurar o inquérito policial. Contraexemplo. Requisição para instaurar inquérito para apuração de adultério que, por sua vez não mais é crime desde 2005. Assim, tratar-se-ia de uma requisição ILEGAL. 3.2.1. Autoridades competentes - Ministério Público; - Juiz. 3.3. Delação de 3º (Delatio Criminis) – CAI Qualquer pessoa do povo PODERÁ1 informar ao Delegado a ocorrência de um crime. (1) Poderá: Trata-se de um DIREITO e não um dever. 3.3.1. Delatio Criminis anônima/apócrifa A delação anônima ou apócrifa, por si só, NÃO permite a instauração de inquérito policial. Ex. Bilhete apócrifo narrando a ocorrência de um crime. - Fundamentos: a) Constituição Federal VEDA o anonimato; b) Bilhete falso DOLOSAMENTE encaminhado ao Delegado. Ex. Delator está concorrendo a uma vaga de empregado com o eventual investigado. - Para o STF, o Delegado, se realizar diligências preliminares e informais,constatando-se o mínimo de veracidade da delação anônima, poderá, formalmente, instaurar o inquérito policial. O Delegado não pode baixar a Portaria. Deve chamar o investigador que, por sua vez, deverá realizar diligências preliminares informais e, constatado o mínimo de veracidade da notitia criminis, o Delegado estará autorizado a instaurar formalmente o inquérito policial. Estas diligências não buscam a justa causa - a ser alcançada ao término do inquérito policial, mas somente o mínimo de veracidade para a sua apuração. Professor: Leonardo Barreto Moreira Alves Rafael Barreto Ramos Curso PROLABORE 2017 9 3.4. Requerimento do ofendido ou de seu representante legal Caso se trate de ação privada ou ação pública condicionada, ESTA SERÁ A ÚNICA FORMA DE INSTAURAÇÃO DE INQUÉRITO POLICIAL. Este requerimento deverá ser FUNDAMENTADO e LEGAL. Preenchidos os requisitos, o Delegado DEVERÁ instaurar o inquérito. Caso o requerimento seja indevidamente indeferido, caberá recurso ao chefe de polícia (recurso administrativo). Se o Delegado não acatar as ordens do Chefe de Polícia, incorrerá em descumprimento do dever funcional, posto tratar-se ordem de superior hierárquico. Art. 5o - CPP - Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado: I - de ofício; II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. § 1o O requerimento a que se refere o no II conterá sempre que possível: a) a narração do fato, com todas as circunstâncias; b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de convicção ou de presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer; c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência. § 2o Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá recurso para o chefe de Polícia. § 3o Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar inquérito. § 4o O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, não poderá sem ela ser iniciado. § 5o Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder a inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la. 3.5. Auto de Prisão em Flagrante Delito (Notitia criminis coercitiva) Neste caso, o inquérito DEVERÁ ser instaurado. O auto não comporá o inquérito, mas sim o instaurará. Professor: Leonardo Barreto Moreira Alves Rafael Barreto Ramos Curso PROLABORE 2017 10 Nota: - Notitia criminis a) Direta/espontânea/de cognição imediata: Ocorre quando o Delegado recebe notícia do crime POR CONTA PRÓPRIA. Ex. Instauração de ofício. b) Indireta/provocada/cognição mediata: Ocorre quando a notícia do crime é levada a conhecimento do Delegado por um terceiro. Ex. Instauração por requisição, delação, requerimento. 4. Investigação criminal contra agente com prerrogativa de função NÃO SERÁ POSSÍVEL A INSTAURAÇÃO DE INQUÉRITO POLICIAL. Será possível somente a instauração de investigação supervisionada, ou seja, haverá uma investigação que irá tramitar no foro competente. NÃO É O FORO QUE APURA, mas é este que autoriza e supervisiona tanto a apuração quanto as diligências a serem realizadas. Ex. Deputado Federal praticou crime. O Delegado não poderá baixar portaria para apurar o crime, mas sim informar ao foro competente que, por sua vez, instaurará a investigação supervisionada. O foro competente autorizará a apuração do fato, bem como as diligências a serem realizadas. Caso investigações contra cidadão comum do povo direcionem a coautoria entre este e agente com prerrogativa de função, deve-se pedir autorização ao foro competente. Caso positivo, a autoridade policial poderá continuar a apurar as condutas. Caso negativo, caberá ao foro competente apurar a conduta supostamente praticada pelo agente com prerrogativa de função. 5. Desenvolvimento do inquérito policial (arts. 6º e 13 – CPP) Art. 6o - CPP - Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá: I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais; (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) (Vide Lei nº 5.970, de 1973) II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais; (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias; IV - ouvir o ofendido; Professor: Leonardo Barreto Moreira Alves Rafael Barreto Ramos Curso PROLABORE 2017 11 V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III do Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura; VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações; VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras perícias; VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes; IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter. X - colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) Art. 13 - CPP. Incumbirá ainda à autoridade policial: I - fornecer às autoridades judiciárias as informações necessárias à instrução e julgamento dos processos; II - realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Ministério Público; III - cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autoridades judiciárias; IV - representar acerca da prisão preventiva. - Arts. criados para se punir com mais rigor contra o tráfico de pessoas: Art. 13-A - CPP. Nos crimes previstos nos arts. 148, 149 e 149-A, no § 3º do art. 158 e no art. 159 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), e no art. 239 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), o membro do Ministério Público ou o delegado de polícia poderá requisitar, de quaisquer órgãos do poder público ou de empresas da iniciativa privada, dados e informações cadastrais da vítima ou de suspeitos. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) Parágrafo único. A requisição, que será atendida no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, conterá: (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) I - o nome da autoridade requisitante; (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) II - o número do inquérito policial; e (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) III - a identificação da unidade de polícia judiciária responsável pela investigação. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) Art. 13-B - CPP. Se necessário à prevenção e à repressão dos crimes relacionados ao tráfico de pessoas, o membro do MinistérioPúblico ou o delegado de polícia poderão requisitar, mediante autorização judicial, às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem imediatamente os meios técnicos adequados – como sinais, informações e outros – que permitam a localização da vítima ou dos suspeitos do delito em curso. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) Professor: Leonardo Barreto Moreira Alves Rafael Barreto Ramos Curso PROLABORE 2017 12 § 1o Para os efeitos deste artigo, sinal significa posicionamento da estação de cobertura, setorização e intensidade de radiofrequência. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) § 2o Na hipótese de que trata o caput, o sinal: (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) I - não permitirá acesso ao conteúdo da comunicação de qualquer natureza, que dependerá de autorização judicial, conforme disposto em lei; (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) II - deverá ser fornecido pela prestadora de telefonia móvel celular por período não superior a 30 (trinta) dias, renovável por uma única vez, por igual período; (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) III - para períodos superiores àquele de que trata o inciso II, será necessária a apresentação de ordem judicial. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) § 3o Na hipótese prevista neste artigo, o inquérito policial deverá ser instaurado no prazo máximo de 72 (setenta e duas) horas, contado do registro da respectiva ocorrência policial. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) § 4o Não havendo manifestação judicial no prazo de 12 (doze) horas, a autoridade competente requisitará às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem imediatamente os meios técnicos adequados – como sinais, informações e outros – que permitam a localização da vítima ou dos suspeitos do delito em curso, com imediata comunicação ao juiz. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) 6. Conclusão do inquérito policial 6.1. Prazos 6.1.1. Regra geral a) Investigado preso – 10 dias – IMPRORROGÁVEL; Expirado o prazo, o Delegado deveria encaminhar para o Juiz para que este autorize a continuidade das investigações. b) Investigado solto – 30 dias – PRORROGÁVEL - Requisitos para a prorrogação: i) Ordem judicial; + ii) Fato for de difícil elucidação; + iii) Ilimitada. Professor: Leonardo Barreto Moreira Alves Rafael Barreto Ramos Curso PROLABORE 2017 13 Art. 10 - CPP. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela. § 1o A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz competente. § 2o No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem sido inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser encontradas. § 3o Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade poderá requerer ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no prazo marcado pelo juiz. 6.1.2. Exceções 6.1.2.1. Justiça Federal a) Investigado preso – 15 DIAS – DUPLICÁVEL; b) Investigado solto – 30 dias – PRORROGÁVEL - Requisitos para a prorrogação: i) Ordem judicial; + ii) Fato for de difícil elucidação; + iii) Ilimitada. 6.1.2.2. Lei de tóxicos (Lei 11343/06) a) Investigado preso – 30 DIAS – DUPLICÁVEL; b) Investigado solto – 90 dias – DUPLICÁVEL. Na prática, prorroga-se mais de uma vez. 6.1.2.3. Crimes contra a economia popular (Lei 1521/51) Crimes referes à formação de cartéis, dumping, etc. Sempre será de 10 dias – improrrogável. Professor: Leonardo Barreto Moreira Alves Rafael Barreto Ramos Curso PROLABORE 2017 14 6.1.2.4. Inquérito policial militar a) Investigado preso – 20 DIAS – IMPRORROGÁVEL; b) Investigado solto – 40 dias – PRORROGÁVEL, por uma vez, por mais 20 dias 6.2. Arquivamento e desarquivamento do inquérito policial 6.2.1. Arquivamento 6.2.1.1. Requisitos para o ARQUIVAMENTO do inquérito policial a) Esgotamento de diligências investigatórias; Ex. Trabalhos de campo, etc. infrutíferos. + b) Ausência de justa causa. Ex. Vultosa quantidade de drogas encontrada em local ermo, não sendo identificado o proprietário destas. 6.2.1.2. Ações do Juiz 6.2.1.2.1. Discorda (art. 28 – CPP) 6.2.1.2.1.1. Juiz Estadual Juiz remete os autos para o Procurador Geral de Justiça. - O PGJ poderá: a) Concordar com o MP (Promotor): O juiz deverá acatar e, então, homologar o arquivamento; b) Discordar do MP (Promotor): i) o próprio PGJ oferece a denúncia; ii) designa NOVO MEMBRO para oferecer a denúncia. O novo membro é OBRIGADO a denunciar, posto que estará agindo por DELEGAÇÃO, ou seja, será um longa manus do Procurador Geral de Justiça. JAMAIS DEVE INDICAR O PROMOTOR QUE MANIFESTOU PELO ARQUIVAMENTO, TENDO EM VISTA A INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL. Art. 28 - CPP. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador- geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender. Professor: Leonardo Barreto Moreira Alves Rafael Barreto Ramos Curso PROLABORE 2017 15 IMPORTANTE: Arquivamento de inquérito JAMAIS deve ser feito de ofício pelo Juiz, tendo em vista que incorreria em violação do sistema acusatório. Deve ser PROVOCADO PELO MINISTÉRIO PÚBLICO. 6.2.1.2.1.1. Juiz Federal (Art. 62, inciso IV – Lei Complementar 75/93) O Juiz Federal, se discordar, deverá remeter os autos às câmaras de coordenação e revisão criminal do MPF. Trata-se de órgão interno do MPF. Art. 62 – Lei Complementar 75/93. Compete às Câmaras de Coordenação e Revisão: IV - manifestar-se sobre o arquivamento de inquérito policial, inquérito parlamentar ou peças de informação, exceto nos casos de competência originária do Procurador-Geral; 6.2.1.2.2. Concorda O Juiz homologará o arquivamento. - Em regra, caracterizará coisa julgada formal1, ou seja, caberá DESARQUIVAMENTO. (1) Coisa julgada formal: Não se julga o mérito. O desarquivamento somente será possível com o surgimento de NOVA PROVA, desde que NÃO TRANSCORRIDA A PRESCRIÇÃO PUNITIVA. Art. 18 - CPP. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia. Súmula 524 - STF Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas. - Exceções: coisa julgada material2 (2) Coisa julgada material: Julga o mérito. NÃO CABE DESARQUIVAMENTO. “A nova prova não tem o poder de desaguar no desarquivamento do feito.” Para o STF – em casos de ATIPICIDADE DA CONDUTA. Para o STJ – concorda com o entendimento do STF einclui mais uma hipótese, qual seja, EXCLUDENTE DE ILICITUDE (deve haver prova INEQUÍVOCA, CABAL, CERTA da excluente de ilicitude). Professor: Leonardo Barreto Moreira Alves Rafael Barreto Ramos Curso PROLABORE 2017 16 IMPORTANTE: No inquérito policial, adota-se o in dubio pro societate, ou seja, caso haja o menor indício, deve- se prosseguir com o mesmo. Ø Ação penal 1. Espécies (art. 100 – CP e art. 24, caput, - CPP) Critério que leva em consideração a legitimidade ativa para propor a ação. 1.1. Ação penal pública 1.1.1. Incondicionada O início da ação penal “não está condicionado a nada.” “A vontade da vida é irrelevante.” “Importará somente se o Ministério Público tem justa causa ou não.” NO SILÊNCIO DA LEI, A AÇÃO SERÁ PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA. “É o que vai valer para a maioria dos crimes.” 1.1.2. Condicionada Dependerá da autorização de um terceiro para que o Ministério Público possa iniciar a ação penal. Será condicionada a: a) Representação do ofendido ou Condições específicas da ação pública1 b) Requisição do Ministro da Justiça (1) Condições específicas da ação pública/condições de PROCEDIBILIDADE: Condições a serem preenchidas para se garantir o INÍCIO da ação penal. A LEI PREVÊ EXPRESSAMENTE OS CASOS EM QUE AS AÇÕES PENAIS SÃO PÚBLICAS CONDICIONADAS. 1.2. Ação penal privada Particular possui a legitimidade ativa para ajuizamento da ação. A LEI PREVÊ EXPRESSAMENTE OS CASOS EM QUE AS AÇÕES PENAIS SÃO PRIVADAS. Art. 24 - CPP. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. Professor: Leonardo Barreto Moreira Alves Rafael Barreto Ramos Curso PROLABORE 2017 17 § 1o No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. (Parágrafo único renumerado pela Lei nº 8.699, de 27.8.1993) § 2o Seja qual for o crime, quando praticado em detrimento do patrimônio ou interesse da União, Estado e Município, a ação penal será pública. (Incluído pela Lei nº 8.699, de 27.8.1993) Art. 100 – CP - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo, quando a lei o exige, de representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 2º - A ação de iniciativa privada é promovida mediante queixa do ofendido ou de quem tenha qualidade para representá-lo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 3º - A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes de ação pública, se o Ministério Público não oferece denúncia no prazo legal. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 4º - No caso de morte do ofendido ou de ter sido declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou de prosseguir na ação passa ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 2. Casos especiais 2.1. Ação penal nos crimes de lesões corporais leves e culposas na Lei Maria da Penha Alguns juízes entenderam que a Lei Maria da Penha é inconstitucional, posto que, por exemplo, protege a mulher de forma superior ao homem. Foi necessário o ajuizamento de Ação Declaratória de Constitucionalidade, na qual a o Supremo a declarou constitucional. É uma vulnerabilidade da técnica da mulher, posto que inserida num contexto. Assim, se lesão corporal leve e culposa no âmbito da Lei Maria da Penha, conforme STF e STJ, será AÇÃO PÚBLICA INCONDICIONADA, não cabendo, inclusive, TRANSAÇÃO PENAL e SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO. Art. 41 – Lei 11.340/06. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995. Art. 88 – Lei 9099/95. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá de representação a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas. Súmula 542 - STJ – A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada. (Súmula 542, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 26/08/2015, DJe 31/08/2015) Súmula 536 – STJ - A suspensão condicional do processo e a transação penal não se aplicam na hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha. Professor: Leonardo Barreto Moreira Alves Rafael Barreto Ramos Curso PROLABORE 2017 18 06/03/17 2.2. Ação penal nos crimes contra a dignidade sexual 2.2.1. Regra geral (art. 225, caput, Código Penal) Os crimes são de ação penal pública condicionada à representação do ofendido. Art. 225 - CP. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se mediante ação penal pública condicionada à representação. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) 2.2.2. Exceções – ação penal pública INCONDICIONADA (art. 225, parágrafo único – CP) Se a vítima for: a) menor de idade; ou b) vulnerável (arts. 271-A e seguintes – CP). Art. 225 – CP -Parágrafo único. Procede-se, entretanto, mediante ação penal pública incondicionada se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa vulnerável. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) CUIDADO: O STJ entende que, em caso de vulnerável, somente se a vulnerabilidade for permanente, definitiva. Neste caso, tratar-se-á de ação penal incondicionada. Ex. Indivíduo que tem transtorno mental grave. Se a vulnerabilidade ocorrer somente na situação, será ação penal pública condicionada. Ex. Embriaguez, “boa-noite cinderela”. 2.3. Ação penal nos crimes contra a honra praticados contra funcionários públicos no exercício de suas funções (propter oficium) (Súmula 714 – STF) (1) Crimes contra a honra: Calúnia, difamação e injúria. 2.3.1. Regra – ação penal pública condicionada à representação do ofendido Art. 145 – CP - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal. Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3o do art. 140 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 12.033. de 2009) Professor: Leonardo Barreto Moreira Alves Rafael Barreto Ramos Curso PROLABORE 2017 19 2.3.2. Exceção – STF – ação penal pública condicionada ou ação penal privada Trata-se de legitimidade concorrente. Súmula 714 - STF É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do ministério público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções. IMPORTANTE: - Ação penal aditiva: pública e privada. - Ação penal disjuntiva: pública ou privada. 3. Ação penal pública 3.1. Princípios regentes 3.1.1. Princípio da obrigatoriedade/legalidade processual O Estado não confere ao Órgão Público um mero direito, mas sim uma obrigação de iniciar a ação pública. É dever funcional do Ministério Público iniciar a ação penal pública, desde que exista a justa causa, ou seja, suporte probatório mínimo. 3.1.1.1. Mitigação/relativização/flexibilização desteprincípio no JESP (Lei 9.099/95) No Juizado Especial Criminal, este princípio é MITIGADO em razão da transação penal. Se preenchidos os requisitos elencados no art. 76, §2º - Lei 9.099/95, o MP será OBRIGADO a oferecer o beneplácito em comento. Desta feita, o MP possui a obrigatoriedade mitigada ou discricionariedade regrada. (1) Transação penal: Acordo cuja proposta é encaminhada pelo MP e deverá ser aceita pelo autor do fato (“réu” nas ações de menor potencial ofensivo). Não existirá ação penal. O acordo envolverá pena restritiva de direitos. Se cumprido o acordo, haverá extinção da punibilidade. Art. 76 – Lei 9.099/95. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta. § 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o Juiz poderá reduzi-la até a metade. § 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado: Professor: Leonardo Barreto Moreira Alves Rafael Barreto Ramos Curso PROLABORE 2017 20 I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de liberdade, por sentença definitiva; II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela aplicação de pena restritiva ou multa, nos termos deste artigo; III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida. § 3º Aceita a proposta pelo autor da infração e seu defensor, será submetida à apreciação do Juiz. § 4º Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo autor da infração, o Juiz aplicará a pena restritiva de direitos ou multa, que não importará em reincidência, sendo registrada apenas para impedir novamente o mesmo benefício no prazo de cinco anos. § 5º Da sentença prevista no parágrafo anterior caberá a apelação referida no art. 82 desta Lei. § 6º A imposição da sanção de que trata o § 4º deste artigo não constará de certidão de antecedentes criminais, salvo para os fins previstos no mesmo dispositivo, e não terá efeitos civis, cabendo aos interessados propor ação cabível no juízo cível. 3.1.2. Princípio da indisponibilidade (corolário do princípio da obrigatoriedade) O MP não poderá desistir da ação penal pública por ele interposta. NÃO SIGNIFICA QUE O MP, AO FINAL DA AÇÃO, POSSA PEDIR A ABSOLVIÇÃO DO RÉU. O mesmo ocorre no grau recursal. Art. 42 – CPP. O Ministério Público não poderá desistir da ação penal. Art. 576 - CPP. O Ministério Público não poderá desistir de recurso que haja interposto. 3.1.2.1. Oficiosidade No IP – o delegado tem o dever, de ofício, de instaurar o inquérito. Desta feita, o MP tem o dever, de ofício, de iniciar a ação penal pública incondicionada. IMPORTANTE: - NÃO CONFUNDIR OFICIOSIDADE COM: a) Oficialidade A ação penal pública deve ser oferecida por órgão oficial do Estado, qual seja, o MP. b) Autoridade A autoridade pública inicia a ação penal pública, qual seja, o MEMBRO DO MP. Professor: Leonardo Barreto Moreira Alves Rafael Barreto Ramos Curso PROLABORE 2017 21 3.1.3. Princípio da intranscendência/pessoalidade A ação penal não poderá ultrapassar a figura do autor do fato/da infração penal. A responsabilidade penal é sempre pessoal. Não se atinge nem sucessores, nem responsáveis civis pelo fato. Ex. Inimputável por menoridade furta um veículo posteriormente colidindo com outro. Neste caso, não se ajuizará ação penal contra os genitores do menor infrator, mas tão somente processo indenizatório cível. “Aplica-se tanto à ação penal pública quanto privada” 3.1.4. Princípio da (in)divisibilidade (QUESTÃO POLÊMICA/CONTROVERSA). Não há artigo em lei falando se ela é divisível ou não. Ex. A, B e C praticam roubo contra patrimônio de D. Promotor denuncia somente A e B, não fazendo sequer menção de C. 3.1.5. 1ª corrente - Doutrina – Indivisível – ARQUIVAMENTO IMPLÍCITO (NÃO É O ENTENDIMENTO DA CESPE) A ação penal pública, também, é indivisível. Funda-se na analogia. “Por analogia ao art. 48 – CPP (vide abaixo), a ação penal é indivisível.” Se o Ministério Público exclui da denúncia agente, e nada fala sobre ele, ocorreria o arquivamento implícito. Neste sentido, Nestor Távora. 3.1.6. 2ª corrente – Jurisprudência – STF e STJ – Divisível (ENTENDIMENTO DA CESPE) Tendo em vista ser a ação penal é divisível, o MP pode, perfeitamente, incluir o C por meio de aditamento à denúncia. Isto poderá ocorrer até a sentença. Após a sentença, trasladar-se-á cópia dos autos, sendo ajuizada uma nova ação. “São permitidas duas ações penais acerca do mesmo fato.” Assim, não se reconhece, no ordenamento jurídico pátrio, arquivamento implícito. Logo, o ARQUIVAMENTO deverá ser, sempre, EXPRESSO. Professor: Leonardo Barreto Moreira Alves Rafael Barreto Ramos Curso PROLABORE 2017 22 Art. 569 - CPP. As omissões da denúncia ou da queixa, da representação, ou, nos processos das contravenções penais, da portaria ou do auto de prisão em flagrante, poderão ser supridas a todo o tempo, antes da sentença final. Nota: A ação penal privada, segundo a lei, é indivisível. Visa evitar a “vingança privada”. Ex. A, B e C praticam calúnia contra D. Ou MP denuncia todo mundo, ou não denuncia ninguém. Art. 48 - CPP. A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de todos, e o Ministério Público velará pela sua indivisibilidade. 3.2. Representação do ofendido 3.2.1. Considerações iniciais 3.2.1.1. Condição de procedibilidade Trata-se de condição de procedibilidade, ou seja, é algo que deve se preencher para que Ministério Público inicie a ação. É mera liberação para o MP ajuizar a ação. “Sinal verde para o MP iniciar a ação penal.” 3.2.1.2. Não vinculação do MP Todavia, NÃO vincula o Ministério Público. Se as investigações não forem frutíferas, ou seja, não desaguarem em justa causa, poderá este promover o arquivamento. 3.2.2. Ausência de formalismo (art. 39 – CPP) Não precisa ser escrita, nem mesmo estar sujeita a forma. O STJ entende que o registro de boletim de ocorrência é tido como a representação do ofendido. 3.2.3. Prazo (art. 38 – CPP) DECADENCIAL de 6 meses da descoberta da autoria. “Deve-se ter a ideia de um cronômetro. Nada interrompe, prorroga o prazo.” Decorrido o prazo, será extinta a punibilidade (art. 107, IV – CP). Configura-se como PRAZO PENAL, ou seja, inclui-se o dia do início e se exclui o do final. Art. 38 - CP. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia. Professor: Leonardo Barreto Moreira Alves Rafael Barreto Ramos Curso PROLABORE 2017 23 Parágrafo único. Verificar-se-á a decadência do direito de queixa ou representação, dentro do mesmo prazo, nos casos dos arts. 24, parágrafo único, e 31. Art. 10 - CP - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 107 - CP - Extingue-se a punibilidade: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - pela morte do agente; II - pela anistia,graça ou indulto; III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso; IV - pela prescrição, decadência ou perempção; V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada; VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite; VII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) VIII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei. 3.2.4. Legitimidade a) Ofendido; b) Representante legal; c) Curador especial (art. 33 – CPP). - Menor de 18 anos, ou mentalmente enfermo, ou retardado mental: i. não possui representante legal; ii. interesses conflitantes com o representante legal; Art. 33 - CP. Se o ofendido for menor de 18 anos, ou mentalmente enfermo, ou retardado mental, e não tiver representante legal, ou colidirem os interesses deste com os daquele, o direito de queixa poderá ser exercido por curador especial, nomeado, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, pelo juiz competente para o processo penal. Professor: Leonardo Barreto Moreira Alves Rafael Barreto Ramos Curso PROLABORE 2017 24 d) Sucessores Atuarão em caso de morte do ofendido ou em caso de declaração de ausência do ofendido. Cônjuge Ascendente Descendente Irmão e) Procurador com poderes especiais Neste caso, é O PRÓPRIO LEGITIMADO (vide pág. 29 abaixo). 3.2.4. Destinatários a) Delegado; b) Ministério Público; c) Juiz Se o juiz receber a representação, tornar-se-á PREVENTO para julgar eventual ação penal consectária. 3.2.5. Retratabilidade 3.2.5.1. Regra geral Retratabilidade permitida até o oferecimento (não é recebimento) da exordial acusatória. Art. 25 - CP. A representação será irretratável, depois de oferecida a denúncia. 3.2.5.2. Exceção (art. 16 – Lei 11.340/06 – Lei Maria da Penha) Cabe retratação até o recebimento da peça inicial. A retratação somente será possível em audiência designada especialmente para este fim, devendo participar somente a vítima, o Juiz e o MP. Art. 16 – Lei Maria da Penha. Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público. Professor: Leonardo Barreto Moreira Alves Rafael Barreto Ramos Curso PROLABORE 2017 25 IMPORTANTE: Cabe retratação da retratação, desde que dentro do intervalo legal decadencial de 6 meses outrora mencionado. Isto ocorre porque a retratação da retratação nada mais é que uma representação. 4. Ação penal privada 4.1. Princípios regentes 4.1.1. Princípio da oportunidade/conveniência Iniciar a ação penal privada é mera faculdade. 4.1.2. Princípio da disponibilidade O particular poderá desistir da ação penal privada a qualquer tempo (até o trânsito em julgado). 4.1.3. Princípio da indivisibilidade (art. 48 – CPP) Cabível a ocorrência do arquivamento implícito (vide acima). Art. 48 - CPP. A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de todos, e o Ministério Público velará pela sua indivisibilidade. 4.1.4. Princípio da intranscendência/pessoalidade A ação penal não poderá ultrapassar a figura do autor do fato/da infração penal. A responsabilidade penal é sempre pessoal. Não se atinge nem sucessores, nem responsáveis civis pelo fato. Ex. Inimputável por menoridade furta um veículo posteriormente colidindo com outro. Neste caso, não se ajuizará ação penal contra os genitores do menor infrator, mas tão somente processo indenizatório cível. “Aplica-se tanto à ação penal pública quanto privada” 4.2. Causas de extinção da punibilidade 4.2.1. Decadência Prazo para ajuizamento da ação penal privada. 4.2.1.1. Regra geral (art. 38 – CPP) Prazo decadencial 6 meses. Professor: Leonardo Barreto Moreira Alves Rafael Barreto Ramos Curso PROLABORE 2017 26 Art. 38 - CPP. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia. Parágrafo único. Verificar-se-á a decadência do direito de queixa ou representação, dentro do mesmo prazo, nos casos dos arts. 24, parágrafo único, e 31. 4.2.1.2. Exceções a) art. 236 – CP 6 meses do trânsito em julgado da sentença anulatória do casamento. Ex. Pai oculta que a filha já era casada quando da contração de novo casamento. Art. 236 – CP - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior: Pena - detenção, de seis meses a dois anos. Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento. b) Art. 529 – CPP 30 dias da homologação judicial do laudo pericial. Ex. “CD Pirata”. Art. 529 - CPP. Nos crimes de ação privativa do ofendido, não será admitida queixa com fundamento em apreensão e em perícia, se decorrido o prazo de 30 dias, após a homologação do laudo. Parágrafo único. Será dada vista ao Ministério Público dos autos de busca e apreensão requeridas pelo ofendido, se o crime for de ação pública e não tiver sido oferecida queixa no prazo fixado neste artigo. Professor: Leonardo Barreto Moreira Alves Rafael Barreto Ramos Curso PROLABORE 2017 27 4.2.2. Renúncia e 4.2.3. Perdão do ofendido Renúncia Perdão do ofendido - Pré-processual “Antes do início da ação penal” - Unilateral Se a vítima renuncia ao direito de queixa, o Juiz já reconhece a extinção da punibilidade. - IRRETRATÁVEL - Feita a 1 dos agentes, necessariamente, vale para os demais (art. 49 – CPP) - Processual Verifica-se desde o início da ação penal privada até o trânsito em julgado da condenação. Do encaminhamento da queixa-crime até o trânsito em julgado da sentença. - IRRETRATÁVEL - Bilateral Deve-se intimar o querelado/réu para, no prazo de 3 dias, manifestar se aceita o perdão ou não. Caso não se manifeste, configurar-se-á o PERDÃO TÁCITO. O réu/querelado e procurador com poderes especiais são legitimados para aceitar o perdão. Neste caso, não se aplica o CADI (vide acima). - Feito a 1 dos agentes, pode valer para os demais (art. 51 – CPP). Art. 49 - CPP. A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos autores do crime, a todos se estenderá. Art. 50 - CPP. A renúncia expressa constará de declaração assinada pelo ofendido, por seu representante legal ou procurador com poderes especiais. Parágrafo único. A renúncia do representante legal do menor que houver completado 18 (dezoito) anos não privará este do direito de queixa, nem a renúncia do último excluirá o direito do primeiro. Art. 51 - CPP. O perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, sem que produza, todavia, efeito em relação ao que o recusar. IMPORTANTE: Não confundir a renúncia na ação penal privada que é IRRETRATÁVEL com a retratação da representação em ação penal pública (vide acima) que, por sua vez, admite retratação da retratação. Professor: Leonardo Barreto Moreira Alves Rafael Barreto Ramos Curso PROLABORE 2017 28 4.2.4. Perempção (art. 60– CPP) Um abandono injustificado da causa pelo querelante. Se é desidioso, o querelante é punido com a extinção da punibilidade. Art. 60 - CPP. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á perempta a ação penal: I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30 dias seguidos (não são 60 dias); “Querelante inicia a ação, mas a abandona SEM MOTIVO JUSTO POR 30 DIAS SEGUIDOS.” II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias (não são 30 dias), qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36; O CADI tem até 60 dias para ocupar o pólo ativo. Prazo que começa a ocorrer a partir do evento traumátio (Ex. Morte). III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, Contraexemplo. Audiência de conciliação. Contraexemplo. Audiência para oitiva de testemunha. Ex. Audiência para a oitiva do querelante. ou III. deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais; IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor. Art. 36 - CPP. Se comparecer mais de uma pessoa com direito de queixa, terá preferência o cônjuge, e, em seguida, o parente mais próximo na ordem de enumeração constante do art. 31, podendo, entretanto, qualquer delas prosseguir na ação, caso o querelante desista da instância ou a abandone. Art. 31 - CPP. No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. Professor: Leonardo Barreto Moreira Alves Rafael Barreto Ramos Curso PROLABORE 2017 29 4.3. Espécies de ação penal privada 4.3.1. Ação penal exclusivamente privada - Legitimidade ativa ampla a) Ofendido b) Representante legal Procurador com poderes especiais (art. 44 – CPP) c) Curador Especial d) Sucessores Nesta situação, o procurador com poderes especiais representa o legitimado (vide pág. 24 acima). 4.3.2. Ação penal privada personalíssima - Legitimidade ativa restrita ao ofendido. Perda superveniente de legitimidade ativa, com a consequente extinção da ação. Ocorre somente no crime previsto no art. 236 – CP. Induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento Art. 236 – CP - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior: Pena - detenção, de seis meses a dois anos. Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento. 4.3.3. Ação penal privada subsidiária da pública (supletiva) 4.3.3.1. Conceito É espécie de ação penal iniciada pelo particular em crime de ação penal pública quando o Ministério Público deixa passar em branco (in albis) o prazo legal para o oferecimento de denúncia. O art. 46, caput, do CPP fixa o prazo para oferecimento da denúncia, qual seja, 5 dias para investigado preso e 15 dias para investigado solto. Implica na inércia absoluta/completa desídia do Ministério Público. Art. 5º - CF - LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal; Professor: Leonardo Barreto Moreira Alves Rafael Barreto Ramos Curso PROLABORE 2017 30 Art. 29 - CPP. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal. Art. 46 - CPP. O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5 dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No último caso, se houver devolução do inquérito à autoridade policial (art. 16), contar-se-á o prazo da data em que o órgão do Ministério Público receber novamente os autos. § 1o Quando o Ministério Público dispensar o inquérito policial, o prazo para o oferecimento da denúncia contar-se-á da data em que tiver recebido as peças de informações ou a representação § 2o O prazo para o aditamento da queixa será de 3 dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos, e, se este não se pronunciar dentro do tríduo, entender-se-á que não tem o que aditar, prosseguindo-se nos demais termos do processo. IMPORTANTE: Consoante entendimento do STF, a promoção de arquivamento pelo Ministério Público não permite o ajuizamento da ação penal privada subsidiária da pública. 4.3.3.2. Prazo O particular tem o prazo de 6 meses após o fim do prazo para o Ministério Público (Ex. 16º se investigado solto) para apresentar a queixa-crime substituta. Exaurido este prazo, o particular perde o direito para apresentar a queixa-crime substituta, contudo o Ministério Público permanece legítimo para ajuizar a ação, desde que não ocorrida a prescrição. CUIDADO: Na ação penal privada subsidiária da pública, NÃO incidem: a) Decadência; b) Renúncia; c) Perdão do ofendido; d) Perempção. 4.3.3.3. Legitimidade concorrente MP e o particular, neste caso, possuem legitimidade concorrente para ajuizamento da ação. 4.3.3.4. Natureza jurídica da atuação do MP em caso de queixa-crime substitutiva A natureza jurídica da atuação do MP é de assistente litisconsorcial ou assistente interveniente adesivo obrigatório. Professor: Leonardo Barreto Moreira Alves Rafael Barreto Ramos Curso PROLABORE 2017 31 4.3.3.5. MP como parte O Ministério Público atua na ação penal privada subsidiária da pública como parte, possuindo todas as prerrogativas inerentes. 4.3.3.5.1. Queixa-crime substitutiva com VÍCIO INSANÁVEL OU ERRO GRAVE Neste caso, o MP repudia a queixa e oferece denúncia substitutiva. SOMENTE OCORRE QUANDO SE TRATAR DE VÍCIO INSANÁVEL OU ERRO GRAVE NÃO PASSÍVEL DE ADITAMENTO/RETIFICAÇÃO. 4.3.3.6. Requisito de cabimento - crime de vítima específica A ação penal privada subsidiária da pública somente se aplica em crime com vítima específica, determinada. Ex. Roubo, estupro. Contraexemplo. Tráfico de drogas. IMPORTANTE: - Condição de prosseguibilidade: Ex. Comparecimento ou constituição de advogado pela parte. Caso contrário, o processo e os prazos prescricionais são suspensos. Art. 366 - CPP. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312. (Redação dada pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996) Ø Competência 1. Competência territorial (ratione loci) 1.1. Doutrina 1.1.1. Teoria da Atividade Competente é o local em que ocorreu a ação ou omissão. O local do resultado é IRRELEVANTE. “Não importa o local em que ocorreu o resultado.” 1.1.2. Teoria do Resultado – TEORIA ADOTADA PELO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL Competente é o local da consumação (crime consumado) ou local do último ato de execução (crime tentado). O local em que ocorreu a ação ou omissão é IRRELEVANTE. Professor: Leonardo Barreto Moreira Alves Rafael Barreto RamosCurso PROLABORE 2017 32 1.1.3. Teoria da ubiquidade – ADOTADA PELO CÓDIGO PENAL Qualquer lugar. Não importa se é o local da ação ou omissão ou local da consumação ou local do último ato de execução. Art. 6º - CPP - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) 1.2. Regra geral – Teoria do Resultado (art. 70, caput, CPP) Art. 70 - CPP. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução. § 1o Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a competência será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução. § 2o Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será competente o juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou devia produzir seu resultado. § 3o Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção. IMPORTANTE: - Competência territorial em crimes de estelionato: a) Estelionato por emissão de cheques sem fundo Competente é o local da recusa do pagamento do cheque. Súmula 521 - STF O foro competente para o processo e julgamento dos crimes de estelionato, sob a modalidade da emissão dolosa de cheque sem provisão de fundos, é o do local onde se deu a recusa do pagamento pelo sacado. Súmula: 244 - STJ Compete ao foro do local da recusa processar e julgar o crime de estelionato mediante cheque sem provisão de fundos. b) Pela falsificação de cheque Competente é o local da obtenção da vantagem ilícita. Súmula: 48 - STJ COMPETE AO JUIZO DO LOCAL DA OBTENÇÃO DA VANTAGEM ILICITA PROCESSAR E JULGAR CRIME DE ESTELIONATO COMETIDO MEDIANTE FALSIFICAÇÃO DE CHEQUE. Professor: Leonardo Barreto Moreira Alves Rafael Barreto Ramos Curso PROLABORE 2017 33 1.3. Exceções 1.3.1. Teoria da atividade (art. 63 – Lei 9.099/95) Art. 63 – Lei 9.099/95. A competência do Juizado será determinada pelo lugar em que foi praticada a infração penal. 1.3.2. STF: Crime plurilocal de homicídio - CAI No crime plurilocal, a ação ou omissão ocorre em um lugar e o resultado ocorre em outro lugar, sendo que ambos os locais pertencem a um só país. Ex. Disparo de arma de fogo contra vítima em Belo Horizonte que, a seu turno, é levada a socorro em Contagem, sobrevindo falecimento dias depois. O STF entende que não é recomendável o julgamento no local de consumação do crime. Isto é, o STF determina que, em caso crime plurilocal, deve-se julgar o crime no local da execução do crime, sob os seguintes fundamentos: a) Facilitar a colheita da prova; b) Garantir uma maior repercussão social à pena aplicada ao réu. Nota: No crime a distância, por outro lado, a ação ou omissão ocorre em um país e o resultado ocorre em outro. Ex. Lançamento de bomba que explode em outro país. 1.3.2. Teoria da ubiquidade Art. 70 - CPP. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução. § 1o Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a competência será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução. Em alguns crimes a distância, aplicar-se-á a lei penal brasileira (art. 7º - CP) Ex. Crime contra o Presidente da República. § 2o Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será competente o juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou devia produzir seu resultado. Em alguns crimes a distância, aplicar-se-á a lei penal brasileira (art. 7º - CP) Ex. Crime contra o Presidente da República. Professor: Leonardo Barreto Moreira Alves Rafael Barreto Ramos Curso PROLABORE 2017 34 § 3o Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção. “Se a infração ocorrer em ‘ponto cego’ entre duas ou mais jurisdições, aplicar-se-á a prevenção (art. 83 – CPP).” Art. 71 - CPP. Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em território de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção. Ex. Crime de sequestro. Art. 72 - CPP. Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pelo domicílio ou residência do réu. § 1o Se o réu tiver mais de uma residência, a competência firmar-se-á pela prevenção. § 2o Se o réu não tiver residência certa ou for ignorado o seu paradeiro, será competente o juiz que primeiro tomar conhecimento do fato. “Se o réu não tem residência fixa, ou se tem mais de uma morada, adotar-se-á o critério da PREVENÇÃO, ou seja, o primeiro que se manifestar nos autos.” Art. 83 - CPP. Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que, concorrendo dois ou mais juízes igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um deles tiver antecedido aos outros na prática de algum ato do processo ou de medida a este relativa, ainda que anterior ao oferecimento da denúncia ou da queixa (arts. 70, § 3o, 71, 72, § 2o, e 78, II, c). Extraterritorialidade (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) Art. 7º - CP - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) I - os crimes: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) II - os crimes: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) b) praticados por brasileiro; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) Professor: Leonardo Barreto Moreira Alves Rafael Barreto Ramos Curso PROLABORE 2017 35 § 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) § 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições: (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) a) entrar o agente no território nacional; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) d) nãoter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) a) não foi pedida ou foi negada a extradição; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) b) houve requisição do Ministro da Justiça. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) Professor: Leonardo Barreto Moreira Alves Rafael Barreto Ramos Curso PROLABORE 2017 36 13/03/17 1.4. Foro supletivo ou subsidiário (art. 72, caput, - CPP) Critério especial, aplicável em situação excepcional, qual seja, se não for conhecido o lugar do resultado do crime. Somente ocorre se não for possível aplicar a teoria do resultado. Ex. Crimes praticado via rede mundial de computadores (internet). Critério meramente supletivo/subsidiário que, por sua vez, não pode ser utilizado como regra. Art. 72 - CPP. Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pelo domicílio ou residência do réu (não é da vítima). 1.5. Ação Penal Exclusivamente Privada (art. 73 – CPP) Art. 73 - CPP. Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o foro de domicílio ou da residência do réu, ainda quando conhecido o lugar da infração. - Domicílio ou residência do réu/querelado (não é da vítima) ou - Local do resultado IMPORTANTE: O critério de competência elencado no item “1.5.” supra não se aplica às ação penal privada subsidiária da pública. 2. Competência em razão da matéria/pela natureza da infração penal (ratione materiae) O Juízo competente será escolhido em razão do tipo de crime praticado/natureza da infração penal praticada. 2.1. Tribunal do Júri Inicialmente, cumpre mencionar que o Tribunal do Júri julga os crimes dolosos contra a vida (art. 5º, inciso XXXVIII, alínea “D”, f), quais sejam, aqueles previstos nos arts. 121 a 127 do Código Penal + crimes conexos (art. 78, inciso I – CPP) Abrange tanto crimes tentados quanto consumados. Professor: Leonardo Barreto Moreira Alves Rafael Barreto Ramos Curso PROLABORE 2017 37 Trata-se de competência constitucionalmente prevista mínima, ou seja, a lei infraconstitucional poderá ampliar, mas não diminuir, a competência do Tribunal do Júri. Ex. Lei diz que o Tribunal do Júri julga crimes conexos. Art. 5º - XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados: a) a plenitude de defesa; b) o sigilo das votações; c) a soberania dos veredictos; d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida; Art. 78 - CPP. Na determinação da competência por conexão ou continência, serão observadas as seguintes regras: (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) I - no concurso entre a competência do júri e a de outro órgão da jurisdição comum, prevalecerá a competência do júri; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) Il - no concurso de jurisdições da mesma categoria: (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) a) preponderará a do lugar da infração, à qual for cominada a pena mais grave; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) b) prevalecerá a do lugar em que houver ocorrido o maior número de infrações, se as respectivas penas forem de igual gravidade; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) c) firmar-se-á a competência pela prevenção, nos outros casos; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) III - no concurso de jurisdições de diversas categorias, predominará a de maior graduação; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) IV - no concurso entre a jurisdição comum e a especial, prevalecerá esta. (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) IMPORTANTE: Existem crimes que acarretam na morte da vítima que, todavia, não são julgados pelo Tribunal do Júri. Ex. Latrocínio, lesão corporal seguida de morte, estupro seguido de morte, etc. Súmula 603 - STF A competência para o processo e julgamento de latrocínio é do juiz singular e não do tribunal do júri. Professor: Leonardo Barreto Moreira Alves Rafael Barreto Ramos Curso PROLABORE 2017 38 SUPERIMPORTANTE: A competência CONSTITUCIONAL do Tribunal do Júri restringe-se aos crimes dolosos contra a vida. A competência deste tribunal referente aos crimes conexos foi fixada pelo Código de Processo Penal. Nota (arts. 121 a 127 – CP): Homicídio simples Art. 121. Matar alguem: Pena - reclusão, de seis a vinte anos. Caso de diminuição de pena § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. Homicídio qualificado § 2° Se o homicídio é cometido: I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; II - por motivo futil; III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossivel a defesa do ofendido; V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: Pena - reclusão, de doze a trinta anos. Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015) Pena - reclusão, de doze a trinta anos. § 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) I - violência doméstica e familiar; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) Professor: Leonardo Barreto Moreira Alves Rafael Barreto Ramos Curso PROLABORE 2017 39 II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) Homicídio culposo § 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de 1965) Pena - detenção, de um a três anos. Aumento de pena § 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003) § 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. (Incluído pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977) § 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto
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