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FÍSICO-QUÍMICA Prof. Isaías Soares Aula 3 – 2ª Lei da Termodinâmica Observações e constatações naturais - Quando se mistura açúcar no café, não dá pra “desmisturar” mais; - Um prato cai e quebra. Impossível ele se juntar de novo espontaneamente; - Uma vez que se mistura água quente e água fria, não dá mais pra tirar um copo de água quente de lá. Fonte: Termodinâmica Amistosa para Engenheiros- Levenspiel-Blucher Prof. Isaías Soares 2ª Lei da Termodinâmica Todas essas observações ocorrem num sentido que é o natural, embora o caminho inverso não viole a 1ª Lei da Termodinâmica. A lei natural que direciona acontecimentos num único sentido é a 2ª Lei da Termodinâmica. “Em qualquer processo espontâneo, há sempre o aumento da entropia (S) total do universo (sistema + vizinhanças)” (2ª Lei da Termodinâmica) ∆𝑆 = න 𝑑𝑄 𝑇 (1) ∆Stotal>0 (espontâneo) ∆Stotal=0 (equilíbrio) ∆Stotal<0 (não espontâneo) Para o cálculo de ∆S, devemos sempre pensar numa troca de calor reversível Prof. Isaías Soares Exercício 1 Qual a variação de entropia quando 30 kJ de energia em forma de calor são transferidos reversível e isotermicamente para um bloco de ferro a 0°C? e se fossem transferidos a uma temperatura de 50°C? Solução Prof. Isaías Soares Note que foi usado a fórmula sem a integral porque a temperatura é constante. Caso a temperatura mude, devemos expressar Q em função de T e integrar Exercício 2 Uma amostra de 36g de água é evaporada a 100°C, sendo necessários 81,4 kJ de calor. Calcule a variação de entropia molar de vaporização da água (Dado massa molar da água: 18g/mol). Solução Prof. Isaías Soares Exercício 3 Uma peça de aço fundido (c = 0,5 kJ/kg.°C) de massa 40kg e a 450°C é molhada com 150kg de óleo (c = 2,5 kJ/kg.°C) a 25°C. Se não há perdas de calor para o ambiente, calcule: a) A variação de entropia no aço; b) A variação de entropia no óleo; c) A variação de entropia total. Solução: Antes de tudo, é necessário calcular a temperatura de equilíbrio, ou seja, a temperatura que ambas as substâncias terão após se misturarem. Para isso podemos fazer: C5,46 T C)450-(T x C0,5kJ/kg x kg40C)25-(T x C2,5kJ/kg x kg150 Tc.mTc.m QQ eq eqeq açoaçoóleoóleo açoóleo = =→ −= −= Prof. Isaías Soares Finalmente, podemos calcular a variação de entropia de cada componente, através da equação (1). Assim: 𝑎)Δ𝑆𝑎ç𝑜 = න 𝑑𝑄 𝑇 = 𝑚 න 𝑇1 𝑇2 𝑐𝑎ç𝑜𝑑𝑇 𝑇 = 𝑚𝑐𝑎ç𝑜 ln 𝑇2 𝑇1 = (40𝑘𝑔)(0,5kJ/kg/°C)ln 46,5 + 273 450 + 273 = −16,33𝑘𝐽/𝐾 𝑏)Δ𝑆ó𝑙𝑒𝑜 = න 𝑑𝑄 𝑇 = 𝑚 න 𝑇1 𝑇2 𝑐ó𝑙𝑒𝑜𝑑𝑇 𝑇 = 𝑚𝑐ó𝑙𝑒𝑜 ln 𝑇2 𝑇1 = (150𝑘𝑔)(2,5kJ/kg/°C)ln 46,5 + 273 25 + 273 = +26,12𝑘𝐽/𝐾 𝑐)Δ𝑆𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = Δ𝑆ó𝑙𝑒𝑜 + Δ𝑆𝑎ç𝑜 = +26,12𝑘𝐽/𝐾 − 16,33𝑘𝐽/𝐾 = +9,79𝑘𝐽/𝐾 Prof. Isaías Soares Energia Livre de Gibbs A espontaneidade dos processos também está ligada a uma grandeza G, denominada, energia livre de Gibbs. Essa grandeza é definida como: Ou para uma variação entre dois estados: Obs: A energia livre de Gibbs mede, na verdade, o trabalho máximo de não expansão (trabalho elétrico, por exemplo) que um sistema pode realizar à mesma temperatura e pressão. No entanto, nesse curso, o conceito de energia livre será utilizado exclusivamente para predição da espontaneidade de processos. TSHG −= (2) STHG −= Prof. Isaías Soares Por definição: Como variam os sinais de entalpia e entropia para que um processo seja espontâneo? Equilíbrio - 0 G espontâneo-não Processo - 0G espontâneo Processo - 0G = Fonte: energia livre de Gibbs tabela espontaneidade - Bing images Prof. Isaías Soares Exercício 4 Para um processo endotérmico e espontâneo, quais os sinais de ∆H, ∆S e ∆G? Solução: Se o processo espontâneo, temos: ∆G < 0 Se é endotérmico: ∆H > 0 Para encontrar o sinal de ∆S, podemos nos basear na tabela anterior e ver que, se ∆G < 0 e ∆H > 0, ∆S só pode ser positivo, pois se um processo é espontâneo, mesmo sendo endotérmico, é porque sua desordem deve aumentar. Logo: ∆S > 0 (obrigatoriamente). Olhando para a equação ∆G(-) = ∆H(+) – T. ∆S Se ∆G deve ser negativo, e se ∆H é positivo, a única chance de isso acontecer é se ∆S for positivo, logo ∆S > 0 (obrigatoriamente) Prof. Isaías Soares Exercício 5 Calcule a temperatura esperada para que uma reação se torne espontânea se ΔH = 67,0 kJ e ΔS = -131 J/K Solução: Não existe tal temperatura, visto que este é um caso de não espontaneidade geral (aumento de energia e de ordem são processos sempre não-espontâneos). Prof. Isaías Soares Exercício 6 Para o Exercício 5, calcule a temperatura de espontaneidade, considerando ∆H = - 67kJ. Solução: da equação (1): ∆G = ∆H – T. ∆S O processo passa a ser espontâneo quando ∆G < 0, então: ∆H – T. ∆S < 0 → -67000 J – T.(-131 J/K) < 0 → 131 T (J/K) < 67000 J 131 T < 67000 K → T < 511,45 K Ou seja, o processo só ocorre a temperaturas abaixo de 511,45 K ou 238,45°C Prof. Isaías Soares Espontaneidade das reações químicas Da mesma forma como nos cálculos de entalpia de reações químicas foram necessários os conhecimentos das entalpia padrão das substâncias (a 25°C e 1 atm), a entropia padrão (S0) e a energia livre padrão (∆G0) das substâncias para o cálculo de variações de entropia e energia livre das reações químicas. Dessa forma, podemos prever se uma dada reação química é espontânea. A variação de entropia é dada por Onde SP é a soma das entropias padrão dos produtos e SR a dos reagentes. Para o cálculo da energia livre, a equação (2) pode ser usada. A tabela seguinte mostra os valores de S0 para algumas substâncias. A entropia é considerada zero para qualquer substância no zero absoluto (3ª Lei da Termodinâmica). Esse fato nos ajuda a obter os valores dados na tabela de entropias padrão. (3) S-SS RP= Prof. Isaías Soares Entropias absolutas a 25°C e 1 atm Fonte: Brady e Humiston –Química Geral vol.2 Prof. Isaías Soares Exercício 7 Calcule a variação de entropia padrão (em J/K) para a reação: Solução: Obs: essa reação também é endotérmica (pois é preciso calor para decompor o NaHCO3), de modo que essa reação possui ∆H e ∆S positivos. Ou seja, essa reação é só espontânea a altas temperaturas e por isso o bicarbonato de sódio é utilizado em extintores de incêndio. )g(OH)g(CO)s(CONa)s(NaHCO2 22323 ++→ Δ𝑆 = [𝑆𝑁𝑎2𝐶𝑂3 + 𝑆𝐶𝑂2 + 𝑆𝐻 2𝑂 ] − [2𝑆𝑁𝑎𝐻𝐶𝑂3] = [1𝑚𝑜𝑙(136𝐽/𝑚𝑜𝑙. 𝐾) + 1𝑚𝑜𝑙(213,6𝐽/𝑚𝑜𝑙. 𝐾) + 1𝑚𝑜𝑙(188,7𝐽/𝑚𝑜𝑙. 𝐾)] − [2𝑚𝑜𝑙(155𝐽/𝑚𝑜𝑙. 𝐾)] = +228 J/K Prof. Isaías Soares Exercício 8 Calcule a variação de energia livre para a reação a 25°C: Sabendo que o ∆H dessa reação é -394 kJ/mol. Solução: a variação de entropia para esta reação é dada por Então, a variação da energia livre para a reação é: )g(CO)g(O)s)(grafita(C 22 →+ J/mol.K 2,91+= +−= +−= )]K.mol/J( 205) 69,5(K.mol/J 6,213[ ]SS[]S[S 2OCCO2 Δ𝐺 = Δ𝐻 − 𝑇Δ𝑆 = −394𝑘𝐽/𝑚𝑜𝑙 − 298𝐾(2,91𝐽/𝑚𝑜𝑙. 𝐾) = −𝟑𝟗𝟒, 𝟖𝟕 𝒌𝑱/𝒎𝒐𝒍 Prof. Isaías Soares Alternativamente, a energia livre de Gibbs da reação pode ser calculada a partir dos valores de energia de Gibbs de formação tabelados (a seguir), através de equação: (4) )G dos Soma(-)G dos Soma(G ReagentesProdutos = Prof. Isaías Soares Fonte: Brady e Humiston –Química Geral vol.2 Exercício 9 Calcule a variação de energia livre para a reação de combustão do silano (SiH4): Solução: utilizando os valores da tabela de energia livre aplicamos diretamente a equação (4) )g(OH2)s(SiO)g(O2)s(SiH 2224 +→+ Δ𝐺 = [Δ𝐺𝑆𝑖𝑂2 + 2Δ𝐺𝐻2𝑂] − [Δ𝐺𝑆𝑖𝐻4 + 2Δ𝐺𝑂2] = [1𝑚𝑜𝑙(−805 k𝐽/𝑚𝑜𝑙) + 2𝑚𝑜𝑙(− 205 k𝐽/𝑚𝑜𝑙)] − [1𝑚𝑜𝑙(−39 k𝐽/𝑚𝑜𝑙) + 0] = −1222 kJ Exercício 10 Dados os valores de entropia e de entalpia de formação: ∆S (H2O líquida) = 70 J/mol.K ∆S (H2O gasosa) = 188,7 J/mol.K ∆H(H2O líquida) = -286 kJ/mol ∆H (H2O gasosa) = -242 kJ/mol Calcule o ponto de ebulição da água. Prof. Isaías Soares Exercício 10 Solução Prof. IsaíasSoares Exercício 10 Prof. Isaías Soares
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