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PANCREATITE CRÔNICA E AGUDA MILENA BAVARESCO PANCREATITE CRÔNICA DEFINIÇÃO ▪ É uma patologia caracterizada por fibrose progressiva do parênquima pancreático; ▪ É decorrente de alterações inflamatórias no pâncreas; ▪ Essas alterações inflamatórias quando evoluem, causam alterações estruturais e comprometimento da função exócrina e posteriormente endócrina do órgão; ▪ As alterações que surgem na pancreatite crônica (PC) são irreversíveis; ▪ Tende a ser assintomática por longos períodos e pode apresentar, inicialmente, alterações localizadas; ▪ Era dividida em três tipos: ▪ Nova classificação (2001) – TIGAR-O: baseada no mecanismo de lesão e os múltiplos fatores de risco: ▪ Tóxica-Metabólica: incluídas PC causadas por álcool, tabaco, hipercalcemia (hiperparatireoidismo), hipertrigliceridemia, insuficiência renal crônica, medicações e toxinas; ▪ Idiopática: pode se apresentar de dois modos, o início pode ser precoce por volta dos 20 anos e apresenta dor como principal características, ou, início pode ser tardio, por volta dos 56 anos, com elevada frequência de calcificações de insuficiência endócrina e exócrina, a dor é pouco frequente; o ▪ Genética ou Hereditária: herança autossômica dominante, porém a penetrância não é total – em torno de 80% dos indivíduos que nascem com o gene mutante desenvolvem a doença; o ▪ Autoimune: característica histológica predominante é a infiltração linfocitária, designadamente de linfócitos TCD4+; ▪ Pancreatite Aguda Recorrente Severa: existe associação entre hipertrigliceridemia (>500mg/dL) e a pancreatite aguda recorrente bem estabelecida; ▪ Obstrutiva: pancreatite de origem calculosa que conduz à lesão da célula acinar, sendo desencadeada pela obstrução do fluxo a partir do ducto de Wirsung; ▪ Ainda existem outras classificações para PC. No Brasil, é utilizada classificação adaptada às características das pancreatites em nosso meio; ▪ Classificação de Marselha-Roma: FISIOPATOLOGIA ▪ Ainda não é completamente esclarecida a fisiopatogênese da doença, porém há algumas hipóteses; PANCREATITE CRÔNICA E AGUDA MILENA BAVARESCO ▪ Na etiologia (de origem) alcoólica, acredita-se que o álcool modifica a constituição de suco pancreático tornando-o bastante proteico. o As proteínas vão formar plugs que vão causar obstrução nos ductos pancreáticos e ativam enzimas que causam a inflamação do órgão; o O cálcio tenderia a se depositar nos plugs proteicos e forma os cálculos pancreáticos, causadores de obstrução; ▪ Além desse mecanismo, sabe-se que a patologia é multifatorial, e que há outros mecanismos potencialmente envolvidos, como: isquemia tissular, estresse oxidativo, efeito tóxico metabólico e fenômenos autoimunes; CLÍNICA ▪ O sintoma predominante na PC é a dor abdominal, em geral se apresenta ou piora após 15-30 minutos após a alimentação; ▪ Isso faz com que o paciente passe a ter medo de se alimentar; ▪ A intensidade pode variar de leve a muito severa e possui duas formas de evolução: o Episódios de dor com permanência inferior a 10 dias e períodos de remissão de meses a anos; o Períodos prolongados de dor diária com exacerbações recorrentes; ▪ A dor localiza-se frequentemente ao abdome superior e médio, e as vezes se irradia para o dorso; ▪ É comum o paciente apresentar a posição antálgica genupeitoral (prece maometana): ▪ Cerca de 15 a 20% dos pacientes não relatam dor e a PC se manifesta por insuficiência pancreática exócrina ou diabetes mellitus; o A diabetes surge quando o parênquima pancreático endócrino é substituído por fibrose e, uma vez instalada a lesão, o paciente pode ter as mesmas complicações de qualquer outro paciente diabético; ▪ Outro sintoma é o emagrecimento e desnutrição pela mudança dos hábitos alimentares em decorrência da dor, além do quadro de esteatorreia; ▪ Ocorre insuficiência pancreática exócrina com perda de absorção de gordura e proteínas, quando a perda de função do órgão é maior que 90% - observa-se esteatorreia com fezes gordurosas, volumosas e malcheirosas; ▪ Tríade clássica da PC: esteatorreia + diabetes Mellitus + calcificações; DIAGNÓSTICO ▪ É feito com história clínica associada a exames de imagens. ▪ Alguns exames laboratoriais revelam PC nas fases iniciais; ▪ Testes realizados para o diagnóstico de má absorção de gorduras: o Teste quantitativo de gordura fecal; o Teste qualitativo de gordura fecal; o Teste da bentiromida; o Teste da secretina; ▪ Exames de imagem: o Radiografia simples de abdome; o Tomografia computadorizada helicoidal com contraste venoso; o Ultrassonografia abdominal; o Colangiopancreatografia endoscópica retrógada (CPER); o Ultrassonografia endoscópica; TRATAMENTO ▪ O alicerce do tratamento de PC é a reposição de enzimas pancreáticas (lipases e protease); o PANCREATITE CRÔNICA E AGUDA MILENA BAVARESCO Fracionamento das refeições; o Reduzir ingestão de gorduras; o Analgesia farmacológica (escalonada); o Descompressão ductal endoscópica; o Descompressão ductal cirúrgica (pacreatojejunostomia lateral); o Pancreatectomia subtotal (Whipple); Bloqueio de Plexo Celíaco; PANCREATITE AGUDA INTRODUÇÃO ▪ É uma condição inflamatória aguda do pâncreas; ▪ Sua gênese depende da autodigestão tecidual devido a secreção das próprias enzimas pancreáticas; ▪ Os mecanismos pelos quais essas causas desencadeiam essa doença, ainda não foram bem esclarecidos; ETIOLOGIA E PATOGÊNESE ▪ Existem várias causas de pancreatite aguda, mas os mecanismos pelos quais essas condições desencadeiam a inflamação pancreática não foram esclarecidos; ▪ Litíase biliar e álcool são responsáveis por 80% a 90% dos casos nos EUA; ▪ Qualquer fator (como droga ou álcool) que cause um aumento abrupto nos níveis séricos de triglicerídeos pode precipitar uma crise de pancreatite aguda; ▪ Medicações podem causar pancreatite tanto por hipersensibilidade quanto pela formação de metabólicos tóxicos; ▪ A teoria da autodigestão é a teoria mais aceita, de acordo com esta teoria, a pancreatite acontece quando enzimas proteolíticas são ativadas nas células acinares do pâncreas ao invés do lúmen intersticial no intestino; ▪ As enzimas ativas, especialmente a tripsina, não apenas digerem os tecidos pancreáticos e peripancreáticos, mas também podem ativar outras enzimas, como elastase e fosfolipase A2. Também pode ocorrer a ativação espontânea da tripsina. CLÍNICA ▪ A maioria dos pacientes com pancreatite aguda começa com uma dor persistente e intensa na região epigástrica, já em alguns pacientes, a dor pode estar localizada em hipocôndrio direito e mais raramente no hipocôndrio esquerdo; ▪ As enzimas proteolíticas ativas, especialmente a tripsina, não apenas digerem os tecidos pancreáticos e peripancreáticos, mas também podem ativar outras enzimas, como elastase e fosfolipase A2. Também pode ocorrer a ativação espontânea da tripsina. ▪ pacientes com Pancreatite Aguda causada por doença metabólica ou uso de álcool a dor pode ser menos abrupta e mais difícil de localizar; ▪ aproximadamente 90% dos pacientes têm náuseas e vômitos associados, os quais podem persistir por várias horas; ▪ pacientes com pancreatite aguda grave podem ter dispneia, pois pode ocorrer inflamação do diafragma secundária à pancreatite, derrames pleurais ou síndrome da angustia respiratória; ▪ 5 a 6% dos pacientes graves podem abrir o quadro sem dor e com uma hipotensão sem causa definida, principalmente pacientes em pós- operatório, pacientes em dialise, envenenamento com organofosforado e doenças dos legionários;PANCREATITE CRÔNICA E AGUDA MILENA BAVARESCO EXAME FÍSICO ▪ Em pacientes com pancreatite aguda grave podem ter uma sensibilidade a palpação do epigástrico ou do abdome todo; ▪ Alguns pacientes podem apresentar distensão abdominal e ruídos hidroaéreos diminuídos devido à um íleo paralítico secundário à inflamação; ▪ Pacientes podem ter icterícia na esclera devido a edema na cabeça do pâncreas; ▪ Pct com pancreatite aguda grave podem ter febre, taquipneia, hipoxemia e hipotensão ▪ Em 3% pode haver uma coloração azulada ao redor do umbigo (sinal de Cullen) ou uma coloração arroxeada nos flancos (sinal de Grey Turner); EXAMES LABORATORIAIS ▪ Amilase Sérica; ▪ Lipase Sérica; ▪ Outras enzimas e produtos; ▪ Leucocitose; EXAMES DE IMAGEM ▪ Radiografia de abdome e tórax: ▪ Ultrassonografia de abdome; ▪ Tomografia; ▪ Ressonância Magnética; DIAGNÓSTICO ▪ o diagnóstico é estabelecido por critério: o dor abdominal típica no abdome que irradia em faixa para as costas; o elevação de três vezes ou mais na lipase e/ou amilase sérica; o achados compatíveis com pancreatite aguda em tomografia computadorizada; TRATAMENTO ▪ O tratamento depende da gravidade do quadro; ▪ Forma Leve: paciente vai permanecer em dieta zero até melhora do quadro clínica e até que haja peristalse audível. Só é possível reinserir a dieta via oral após 3-5 dias de evolução. De maneira geral, o resto é apenas tratamento de suporte (analgesia, hidratação e controle hidroeletrolítico). ▪ Forma Grave: o paciente vai permanecer em dieta zero, a medida mais importante é a reposição hidroeletrolítica, o objetivo é normalizar a diurese, pressão arterial, frequência cardíaca e pressão venosa central. o Devem ser repostos pelo menos 6 litros de cristaloides nas primeiras 24h. O fluido de escolha pode ser tanto ringer lactato quanto soro fisiológico. Também deve ser feito o suporte nutricional, pois esses pacientes ficarão em dieta zero por tempo prolongado, sendo a nutrição enteral jejunal a mais indicada atualmente.
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