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Proposta de Redação Mediador: Oscar de Paula Neto TEXTO I Os dilemas do trabalho no limiar do século 21 – Ricardo Antunes, sociólogo. Se há um tema que está sempre presente nos debates atuais, junto com a destruição ambiental, esse tema é o do trabalho e seu corolário, o desemprego. Isso porque também não há nenhum país que, em alguma medida, não esteja vivenciando o desmoronamento do trabalho. Em plena eclosão da mais recente crise financeira, estamos constatando a corrosão do trabalho contratado, a erosão do emprego regulamentado, que foi dominante no século 20 e que está sendo substituído pelas diversas formas alternativas de trabalho e subtrabalho, de que são exemplo o “empreendedorismo”, o “trabalho voluntário”, o “cooperativismo”, modalidades que frequentemente “substituem” o trabalho formal, gerando novos e velhos mecanismos de intensificação e mesmo autoexploração do trabalho. Os modos de precarização do trabalho, o avanço tendencial da informalidade, o desemprego dos imigrantes, tudo isso acentua o tamanho da tragédia social em que estamos envolvidos. O emprego assalariado formal, modalidade de trabalho dominante no capitalismo da era taylorista e fordista, que magistralmente Chaplin satirizou em Tempos modernos, está se exaurindo e sendo substituído por formas de trabalho que em alguns casos se assemelham às da fase que marcou o início da Revolução Industrial. Senão, como explicar, em pleno século 21, as jornadas de trabalho que, em São Paulo, chegam a 17 horas por dia? Tudo isso nos obriga a refletir: que trabalho queremos, de que trabalho necessitamos? Fonte: https://revistacult.uol.com.br/home/os-dilemas-do-trabalho-no-limiar-do-seculo-21/ TEXTO II No futuro haverá trabalho, mas não necessariamente emprego A vida de empregos temporários, freelancers e “bicos” não é um traço passageiro das economias, tampouco uma expressão particular de suas crises. As ocupações instáveis e flexíveis, segundo estudiosos, já formam o novo rosto do mercado de trabalho. Se novas maneiras de ganhar a vida estão se sobrepondo, algo está, obrigatoriamente, morrendo. Para o economista britânico Guy Standing, o colapso acontece com a forma de emprego clássica. “As pessoas estão sendo forçadas a aceitar uma vida de empregos instáveis, sem uma identidade ocupacional”. Standing é Ph.D pela Universidade de Cambrigde e pesquisa há décadas como as mudanças estruturais no mercado de trabalho, atreladas à globalização e à revolução tecnológica, constroem um novo grupo social e econômico, o qual ele chama de precariado. O conceito sociológico de precariado surgiu na década de 80, na Itália, a partir do movimento social autonomista. O grupo estava preocupado em fazer uma análise do trabalho e entender porque as novas gerações, quando entram no mercado, não experimentam as mesmas políticas de bem-estar que as gerações anteriores. O professor da Universidade de Londres afirma que a população mundial experimenta cada vez menos o emprego, no sentido formal, para ocupar vários trabalhos durante a vida. Afinal, construir a carreira dentro de um único tipo de profissão ou passar anos na mesma empresa, exercendo as mesmas atividades, estão se mostrando opções gradativamente inviáveis na economia, seja no Brasil ou no resto do mundo. Se o envelhecimento da população está afetando o mercado de trabalho, o contrário também acontece: as novas tecnologias, economia disruptiva e a Quarta Revolução Industrial estão conferindo uma cara velha ao emprego tradicional. O economista Octavio de Barros, uma das vozes brasileiras do debate, explica que esta extinção da ocupação “clássica” cria espaços para o aumento do precariado. “O trabalho se torna cada vez mais ‘on demand’ [sob demanda] porque essa é a flexibilidade que o mundo digital impõe”, explica Barros, que foi economista-chefe do Banco Bradesco por 15 anos e hoje dirige o Instituto República. https://revistacult.uol.com.br/home/os-dilemas-do-trabalho-no-limiar-do-seculo-21/ Disponível em: https://infograficos.estadao.com.br/focas/planeje-sua-vida/no-futuro-havera-trabalho-mas-nao- necessariamente-emprego TEXTO III FGV já detecta alta dramática do desemprego no país – Felipe Mendes, jornalista Com as medidas restritivas de governantes para evitar a disseminação do novo coronavírus (Covid- 19) pelo país, dois indicadores de emprego medidos pela Fundação Getulio Vargas (FGV) apresentaram declínio agora em março. O maior tombo foi do Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp), que busca antecipar tendências do mercado de trabalho para os próximos meses, que retraiu 9,4 pontos, para 82,6 pontos, numa escala de 0 a 200 – é o menor nível desde junho de 2016, quando estava em 82,2 pontos. A própria instituição já havia estimado anteriormente que a taxa de desemprego do Brasil poderá pular dos atuais 11,6% para 16,1% ao fim do segundo trimestre deste ano, acrescentando 5 milhões de pessoas na fila do desemprego em apenas três meses, elevando o número de desempregados no país para cerca de 17 milhões. O cenário que se desenha é catastrófico, tanto para o mercado de trabalho como para a recuperação da renda das famílias – e da própria economia. Diante da escalada da enfermidade, que já contabiliza mais de 12.000 infectados e mais de 500 mortes no país, muitos trabalhadores estão em suas casas. Segundo o economista da FGV, Rodolpho Tobler, o cenário é incerto tanto para quem está em busca de um emprego quanto para as próprias companhias, que tiveram de revisar planos de investimento para este ano. “A incerteza é muito elevada. E já tem um impacto muito claro para o mercado de trabalho. As empresas que iniciaram este ano com perspectivas de contratação e crescimento, agora estão segurando isso porque precisam de um ambiente de negócios mais tranquilo para poder tomar as decisões. É normal que elas adotem mais cautela neste momento”, afirma. Disponível em: https://veja.abril.com.br/economia/fgv-ja-detecta-alta-dramatica-do-desemprego-no-pais/ TEXTO IV A uberização das relações de trabalho No último dia 06 de julho, São Paulo testemunhou mais uma vítima da debilidade das novas relações de trabalho. O motorista de aplicativo da plataforma RAPPI, Thiago de Jesus Dias faleceu aos 33 anos, após acidente vascular cerebral, durante uma entrega, sem qualquer tipo de assistência, seja da empresa de aplicativo ou dos serviços públicos. O motorista passou mal no local da entrega, a cliente chegou a entrar em contato com a central da RAPPI, que de maneira desumana se limitou a solicitar que a mesma desse baixa no pedido, para que eles conseguissem cancelar as próximas entregas do mesmo, evitando prejuízo aos clientes do aplicativo, afirmando nada poder fazer em relação ao estado de saúde do “motorista parceiro”. Thiago foi levado ao hospital por um amigo, em carro particular, cerca de duas horas depois, já que a SAMU não chegou ao local, e um motorista de “UBER”, chamado para conduzi-lo ao hospital, se recusou a permitir sua entrada no automóvel, pois o mesmo “sujaria o veículo”, já que havia urina em sua roupa. Ele não resistiu e faleceu cerca de doze horas após dar entrada no hospital. Esta situação traz à tona a fragilidade e riscos decorrentes dos novos modelos de contrato de trabalho, oriundos de dispositivos tecnológicos, denominados de sharing economy – economia colaborativa ou cultura de compartilhamento. Trata-se do fenômeno da Uberização das relações de trabalho, através da qual, há uma exploração da mão de obra, por parte de poucas e grandes empresas que concentram o mercado mundial dos aplicativos e plataformas digitais, que tem como principal característica, a ausência de qualquer tipo de responsabilidade ou obrigação em relação aos “parceiros cadastrados”, como são chamados os prestadores de serviços. Isto porque deixam claro que têm como objeto, a prestação de serviços de tecnologia, contratados pelos “parceiros”.O modelo de trabalho é vendido como atraente e ideal, pois propaga a possibilidade de se tornar um empreendedor, autônomo, com flexibilidade de horário e retorno financeiro imediato. Esta ilusão fez o mercado crescer rapidamente, em detrimento as relações formais de emprego que estávamos acostumados, principalmente, no que se refere a identificação profissional. O fantasiado trabalho autônomo, passa a se https://infograficos.estadao.com.br/focas/planeje-sua-vida/no-futuro-havera-trabalho-mas-nao-necessariamente-emprego https://infograficos.estadao.com.br/focas/planeje-sua-vida/no-futuro-havera-trabalho-mas-nao-necessariamente-emprego https://veja.abril.com.br/economia/fgv-ja-detecta-alta-dramatica-do-desemprego-no-pais/ fazer presente em todo e qualquer momento, bastando ativar o aplicativo, dando lugar a uma atividade interligada a própria vida do indivíduo, que de maneira contraditória, cessa qualquer chance de liberdade, num verdadeiro círculo carcerário de busca constante pela subsistência. Disponível em: https://www.cartacapital.com.br/justica/a-uberizacao-das-relacoes-de-trabalho/ TEXTO V Disponívelem: https://g1.globo.com/google/amp/economia/noticia/2018/08/31/desemprego-cai-mas-aumento-do-trabalho- informal-dificulta-retomada-da-economia.ghtml PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa posicionando-se sobre a questão: “Os impactos do processo de precarização do trabalho no Brasil”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. https://www.cartacapital.com.br/justica/a-uberizacao-das-relacoes-de-trabalho/ https://g1.globo.com/google/amp/economia/noticia/2018/08/31/desemprego-cai-mas-aumento-do-trabalho-informal-dificulta-retomada-da-economia.ghtml https://g1.globo.com/google/amp/economia/noticia/2018/08/31/desemprego-cai-mas-aumento-do-trabalho-informal-dificulta-retomada-da-economia.ghtml
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