Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Mecânica dos Sólidos 7. Tensão e Deformação Equilíbrio de um Corpo Deformável 2 Cargas externas: 1. Forças de superfície: • Causadas pelo contato direto de um corpo com a superfície de outro. • São distribuídas pela área de contato entre os corpos. • Se a área de contato for pequena, podem ser idealizadas como uma única força concentrada (pontual). • Se a carga for aplicada ao longo de uma área estreita, podem ser idealizadas como uma carga distribuída linear. Equilíbrio de um Corpo Deformável 3 Cargas externas: 2. Forças de corpo (campo): • Desenvolvidas quando um corpo exerce força sobre outro, sem contato físico direto entre eles. • Como exemplo temos as forças devido aos efeitos da gravitação ou campo eletromagnético. • Apesar de atuarem em cada partícula de um corpo, são normalmente representadas por uma única força concentrada, como a força peso, por exemplo. Equilíbrio de um Corpo Deformável 4 Cargas externas: Equilíbrio de um Corpo Deformável 5 Reações de apoio: • Forças de superfície desenvolvidas nos apoios ou pontos de contato entre corpos. Para sistemas submetidos a forças coplanares os apoios mais comuns são: Equilíbrio de um Corpo Deformável 6 Equações de equilíbrio • O equilíbrio de um corpo exige um equilíbrio de forças e um equilíbrio de momentos. • Se estipularmos um sistema de coordenadas x, y, z com origem no ponto O, • A melhor maneira de avaliar essas forças é desenhar o diagrama de corpo livre do corpo (DCL). (1.1) (1.2) 0M 0F O 0 , 0 , 0 0 , 0 , 0 zyx zyx MMM FFF Equilíbrio de um Corpo Deformável 7 Equações de equilíbrio • Na prática da engenharia, muitas vezes a carga sobre um corpo pode ser representada como um sistema de forças coplanares. Se esse for o caso, as condições de equilíbrio podem ser especificadas por apenas três equações: (1.3) 0M 0 0 O y x F F Equilíbrio de um Corpo Deformável 8 Cargas resultantes internas • Aplicando o método das seções em um corpo, é possível obter as cargas que agem em uma região específica do interior de um corpo: Equilíbrio de um Corpo Deformável 9 Cargas resultantes internas • Embora a distribuição exata da carga interna seja desconhecida, podemos usar as equações de equilíbrio para relacionar as forças externas sobre o corpo com a força resultante e o momento resultante da distribuição da carga interna. Equilíbrio de um Corpo Deformável 10 Cargas resultantes internas • Em geral, há quatro tipos diferentes de cargas resultantes: a) Força normal, N b) Força de cisalhamento (cortante), V c) Momento de torção ou torque, T d) Momento fletor, M Equilíbrio de um Corpo Deformável 11 Cargas resultantes internas • Em geral, há quatro tipos diferentes de cargas resultantes: Força normal (N) Força de cisalhamento ou cortante (V), Momento de torção ou Torque (T) e Momento fletor (M). Equilíbrio de um Corpo Deformável 12 Cargas resultantes internas • Se o corpo for submetido a um sistema de forças coplanares, então haverá na seção apenas componentes da força normal, força de cisalhamento e momento fletor. Tensão 13 • Considere que a área seccionada de um corpo está subdividida em pequenas áreas, de tamanho ∆A. • À medida que reduzimos ∆A, temos que adotar duas premissas: o material é contínuo (distribuição uniforme de matéria sem vazios) e coeso (porções sem separações ou trincas). Tensão 14 • Uma força típica finita ∆F, porém muita pequena, age sobre a área ∆A e pode ser substituída por suas três componentes (∆Fx , ∆Fy e ∆Fz). • À medida que ∆A tende a zero, ∆F também tende a zero. Porém, em geral o quociente entre a força e a área tenderá a um limite finito, denominado tensão. • A tensão descreve a intensidade da força interna sobre um plano específico (área) que passa por um ponto. Tensão 15 Tensão Normal (σ) • Intensidade da força que age perpendicularmente à ΔA. • Se a tensão normal tracionar o elemento de área ΔA, ela será denominada tensão de tração. • Se a tensão normal comprimir o elemento de área ΔA, ela será denominada tensão de compressão. A Fz A z 0 lim (1.4) Tensão 16 Tensão de Cisalhamento (τ) • Intensidade da força que age tangente à ΔA. • São usados dois índices para as componentes da tensão de cisalhamento (τzx e τzy). O eixo z especifica a orientação da área e x e y referem-se às retas que indicam a direção das tensões de cisalhamento. (1.5) A F A F y A zy x A zx 0 0 lim lim Tensão 17 Estado geral de tensão • Se o corpo for ainda mais seccionado por planos paralelos ao plano x-z e pelo plano x-y, então podemos cortar um elemento cúbico de volume que representa o estado de tensão que age em torno do ponto escolhido. Tensão 18 • A figura a seguir representa as direções da tensão normal e das componentes das tensões de cisalhamento em relação à área ΔA. Tensão normal média em uma barra com carga axial 19 Frequentemente, elementos estruturais ou mecânicos são compridos e delgados, ou seja, possuem o formato típico de barras e estão sujeitos a aplicação de cargas axiais. Tensão normal média em uma barra com carga axial 20 Para determinar a distribuição da tensão média que age na seção transversal de uma barra com carga axial, inicialmente adotamos as seguintes hipóteses: • A área da seção transversal da barra é constante ao longo do comprimento da barra (barra prismática). • O peso da barra pode ser desprezado se este for bem menor em relação a carga aplicada. • A deformação na barra devido à aplicação de carga é uniforme. Para que isso seja possível, as cargas axiais são consideradas aplicadas ao longo do eixo do centroide da seção transversal e o material é considerado homogêneo e isotrópico. Tensão normal média em uma barra com carga axial 21 Distribuição da tensão normal média: Considerando as hipóteses adotadas, a deformação da barra é resultado de uma tensão normal constante σ. Cada elemento de área ΔA está submetida a uma força ∆F = σΔA. A soma dessas forças que agem em toda a área da seção transversal deve ser equivalente à força externa P. Tensão normal média em uma barra com carga axial 22 Distribuição da tensão normal média: Se fizermos ∆A → dA e ∆F → dF, temos: නdF = න 𝐀 𝛔dA 𝐏 = 𝛔A 𝛔 = 𝐏 𝐀 onde: σ = tensão normal média [Pa] P = força normal interna resultante[N] A = área da seção transversal [m²] (1.6) Tensão normal média em uma barra com carga axial 23 Equilíbrio: Se consideramos o equilíbrio vertical do elemento de volume da barra, aplicando a equação de equilíbrio de forças, temos: 𝛔 = 𝛔′ Em outras palavras, as duas componentes da tensão normal no elemento devem ter valores iguais, mas direções opostas , o que é denominado tensão uniaxial. Tensão normal média em uma barra com carga axial 24 Equilíbrio: Dependendo do sentido de aplicação da carga axial, a barra estará sujeita à tensão ou compressão. Tração Compressão Tensão normal média em uma barra com carga axial 25 Tensão normal média máxima: Normalmente, uma barra pode estar sujeita a várias cargas externas ao longo de seu eixo. Além disso, em alguns casos, a área da seção transversal pode mudar. Para esses casos, a tensão normal varia ao longo da barra e, portanto, é necessário determinar a tensão normal média máxima. Para fazer isso, é necessário determinar as cargas normais ao longo da barra utilizando o diagrama de força normal. Exercícios 26 1. A barra da figura tem largura constante de 35 mm e espessura de 10 mm. Determine a tensão normal média máxima na barra quando ela é submetida à carga mostrada. σmed,max = 85,7 MPa Exercícios 27 2. A luminária de 80 kg é sustentada por duas hastes, AB e BC. Se AB tiver diâmetro de 10 mm e BC tiver diâmetro de 8 mm, determine a tensão normal média em cada haste. σBC = 7,86 MPa σBA = 8,05 MPa Exercícios28 3. O elemento AC mostrado na figura está submetido a uma força vertical de 3 kN. Determine a posição x dessa força de modo que a tensão de compressão média no apoio liso C seja igual à tensão de tração média na barra AB. A área de seção transversal da barra é 400 mm² e a área em C é 650 mm². FAB = 1143 N FAC = 1857 N x = 124 mm Tarefa Tensão de cisalhamento média 29 Ao analisar o efeito da aplicação de uma força F à barra mostrada na figura, podemos concluir que se os apoios forem rígidos e F for suficientemente grande, o material da barra irá se deformar ao ponto de ser cortado (ou cisalhado) ao longo dos planos identificados por AB e CD. Tensão de cisalhamento média 30 Um diagrama de corpo livre do segmento central não apoiado da barra indica que a força de cisalhamento V = F/2 deve ser aplicada a cada seção para manter o segmento em equilíbrio. A tensão de cisalhamento média distribuída sobre cada área seccionada que desenvolve essa força de cisalhamento é definida por: onde: τmed= tensão de cisalhamento média [Pa] V = força interna de cisalhamento ou cortante [N] A = área da seção transversal [m²] 𝛕𝐦𝐞𝐝 = 𝐕 𝐀 (1.7) Tensão de cisalhamento média 31 Cisalhamento simples: A junta mostrada abaixo é um exemplo de acoplamento de cisalhamento simples normalmente denominada junta sobreposta. Considerando que os elementos são finos e que a porca não está muito apertada podemos desprezar o atrito e o momento. Analisando um dos elementos em um diagrama de corpo livre, concluímos que para o equilíbrio deve haver apenas uma força de cisalhamento V = F. Tensão de cisalhamento média 32 Cisalhamento duplo: Quando a junta é construída conforme a figura abaixo, duas superfícies de cisalhamento devem ser consideradas. Esse tipo de junta é denominado junta de dupla superposição. Para as mesmas considerações anteriores e analisando um dos elementos em um diagrama de corpo livre, concluímos que para o equilíbrio deve haver apenas duas força de cisalhamento, tal que V = F/2. Tensão de cisalhamento média 33 Equilíbrio: Se considerarmos um elemento de volume de material e aplicarmos as equações de equilíbrio de forças e momentos, veremos que: 𝝉𝒛𝒚 = 𝝉′𝒛𝒚 = 𝝉𝒚𝒛 = 𝝉′𝒚𝒛 = 𝝉 Exercícios 34 4. A escora de madeira mostrada na figura está suspensa por um pino de aço de 10 mm de diâmetro que está presa na parede. Considerando que a escora suporta uma carga vertical de 5 kN, calcule a tensão de cisalhamento média no pino na parede e ao longo dos dois planos sombreados da escora, um dos quais é indicado como abcd. τmed, aço = 63,7 MPa τmed, madeira = 3,12 MPa Tensão admissível 35 • No projeto de um elemento estrutural ou mecânico, por segurança o engenheiro deve restringir a carga atuante a um nível menor que o elemento pode suportar. • Um método para se determinar um nível seguro, é o uso do fator de segurança (FS), que é a razão entre a carga de ruptura (Frup) e a carga admissível (Fadm). • A carga de ruptura é determinada experimentalmente para cada tipo de material (aço, madeira, concreto, etc.). • O fator de segurança é selecionado com base na experiência (geralmente normas e manuais de projeto apresentam essa informação). Tensão admissível 36 • Matematicamente: • Se as cargas se relacionam linearmente com a tensão interna no elemento, então podemos expressar FS como: onde: σrup = tensão normal de ruptura [Pa] σadm = tensão normal admissível [Pa] τrup = tensão de cisalhamento de ruptura [Pa] τadm = tensão de cisalhamento admissível [Pa] 𝐅𝐒 = 𝐅𝐫𝐮𝐩 𝐅𝐚𝐝𝐦 (1.8) 𝐅𝐒 = σ𝐫𝐮𝐩 σ𝐚𝐝𝐦 𝐨𝐮 𝐅𝐒 = τ𝐫𝐮𝐩 τ𝐚𝐝𝐦 (1.9) Projeto de acoplamentos simples 37 • Adotando as premissas mencionadas anteriormente em relação ao material e com base nas equações (1.6) e (1.7), é possível projetar um acoplamento simples. • Se um elemento estiver submetido a uma força normal P, a área de seção exigida para esse elemento será: • Por outro lado, se o elemento estiver sujeito a uma força de cisalhamento V, a área de seção exigida será: 𝐀 = 𝐏 σ𝐚𝐝𝐦 (1.10) 𝐀 = 𝐕 τ𝐚𝐝𝐦 (1.11) Projeto de acoplamentos simples 38 Área da seção transversal de um elemento submetido à tração • A área da seção transversal de um elemento prismático submetido à tração pode ser determinada com a Equação (1.10) se for considerado que a força externa age no centroide da seção. Projeto de acoplamentos simples 39 Área da seção transversal de um acoplamento submetido a cisalhamento • Parafusos ou pinos quando utilizados para interligar chapas, por exemplo, serão submetidos à uma força de cisalhamento. • Se considerarmos que a τ está uniformemente distribuída, a área da seção do parafuso ou pino pode ser calculada com a Equação (1.11). Projeto de acoplamentos simples 40 Área exigida para resistir ao apoio • A tensão normal produzida pela compressão de uma superfície contra outra é denominada tensão de apoio. • Se a tensão de apoio for alta demais, poderá deformar as superfícies. • A área de apoio pode ser determinada pela Equação (1.10) considerando a menor tensão admissível entre os dois materiais em contato. Projeto de acoplamentos simples 41 Área exigida para resistir a cisalhamento provocado por carga axial • Em alguns casos, elementos serão apoiados de tal modo que uma carga axial poderá gerar também tensão de cisalhamento. • Um exemplo é uma haste de aço engastada em concreto. Se uma carga axial agir na haste, uma tensão de cisalhamento τ é gerada na área de contato entre a haste e o concreto. Se a haste é cilíndrica, A = πDL. • Se a distribuição de τ for considerada uniforme, a Equação (1.11) pode ser utilizada para dimensionar a haste. Deformação 42 • Deformação é a alteração na forma e no tamanho de um corpo devido a aplicação de uma força ou devido a variação de temperatura. • As deformações podem ser altamente visíveis ou praticamente imperceptíveis se não forem utilizados equipamentos que façam medições precisas. • De modo geral, a deformação de um corpo não é uniforme em todo o seu volume. 43 Deformação normal • Deformação normal é o alongamento ou contração de um segmento de reta por unidade de comprimento. • O segmento AB contido no corpo da figura se encontra ao longo do eixo n e tem comprimento inicial ∆s. Após a deformação os pontos A e B são deslocados para A’ e B’ e a reta torna-se uma curva de comprimento ∆s’. • Nesse caso, a deformação normal média ∈med é dada por: Deformação ∈𝐦𝐞𝐝= ∆𝒔′ − ∆𝒔 ∆𝒔 (2.1) 44 Deformação normal • À medida que escolhemos o ponto B cada vez mais próximo do ponto A, o comprimento da reta fica cada vez menor, de modo tal que ∆s → 0. Desta maneira, B’ aproxima-se de A’, de forma que ∆s’→ 0. • Por consequência, no limite, a deformação normal ∈ no ponto A na direção n é: • Observe que ∈ é uma quantidade adimensional. Apesar disso é comum o uso de m/m ou mm/mm. Deformação ∈ = 𝐥𝐢𝐦 𝐁→𝐀 ∆𝐬′ − ∆𝐬 ∆𝐬 (2.2) 45 Deformação por cisalhamento • Deformação por cisalhamento é a mudança que ocorre no ângulo entre dois segmentos de reta que eram originalmente perpendiculares. • Esse ângulo é representado por γ (gama) e medido em radianos. • Os segmentos de reta AB e AC da figura se originam no mesmo ponto A e estão direcionadas ao longo dos eixos perpendiculares n e t. Deformação 46 Deformação por cisalhamento • Após a deformação, as extremidades das retas são deslocadas, e as próprias retas se transformam em curvas, de modo que o ângulo entre elas em A é θ’. • Por consequência, definimos a deformação por cisalhamento no ponto A associada aos eixos n e t como: Deformação 𝛄𝐧𝐭 = 𝝅 𝟐 − 𝐥𝐢𝐦 𝐁→𝐀 𝐞𝐦 𝐧 𝐂→𝐀 𝐞𝐦 𝐭 𝛉′ (2.3) Exercícios 47 1. Uma força que atua na empunhadura do cabo da alavanca mostrada na figura provoca uma rotação no cabo de θ = 0,002 rad em sentido horário. Determine a deformação normal média desenvolvida no cabo BC. ∈med = 0,00092 = 0,092%Exercícios 48 2. A chapa é deformada até a forma representada pelas linhas tracejadas mostradas na figura. Se, nessa forma deformada, as retas horizontais na chapa permanecem horizontais e seus comprimentos não mudarem, determine (a) a deformação normal ao longo do lado AB e (b) a deformação por cisalhamento média da chapa em relação aos eixos x e y. ∈med = -0,008 = -0,8% γ = 0,0121 rad Extra Classe 49 Livro Hibbeler – Resistência dos Materiais 7° Edição 1.34; 1.35; 1.36; 1.37; 1.40; 1.42;1.47; 1.81;1.86 2.1; 2.2; 2.3;2.25
Compartilhar