Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Caderno: ECONOMIA Criada em: 25/01/2021 16:39 Atualizada … 25/01/2021 16:41 Autor: raf.brunoo@gmail.com DAVID RICARDO II CAPÍTULO II SOBRE A RENDA DA TERRA O que é renda da terra? Porção do produto da terra que é entregue ao proprietário pelo uso das forças indestrutíveis e originais do solo. Frequentemente confundida com lucros do capital ou juros. Suponhamos duas terras com igual extensão e qualidade, uma com capital empregado em seu melhoramento e outra sem qualquer melhoria. A primeira deverá receber maior remuneração (renda+lucro do capital) em relação a segunda, entretanto, essa maior remuneração se dá pelas melhorias feitas com o capital e não pelo uso das forças originais e indestrutíveis da terra. Se houvessem terras em quantidade ilimitada e se todas fossem de igual qualidade, não haveria renda da terra. Com o crescimento da população, cresce também a demanda por alimentos. Consequentemente, terras de qualidade inferior passam a ser cultivadas. A renda surge nas terras de primeira qualidade quando terras de segunda qualidade passam a ser cultivadas; a renda surge nas de segunda qualidade quando terras de terceira qualidade passam a ser cultivadas e assim sucessivamente. A cada avanço no crescimento da população, que obrigará o país a recorrer à terra de pior qualidade, aumentará a renda de todas as terras mais férteis. Vamos supor duas extensões de terra: A e B, respectivamente e com a mesma quantidade de trabalho e de capital, produzem 100 e 90 toneladas de trigo. Enquanto não há demanda suficiente para ser cultivada a terra B, a terra A não produzirá renda e a totalidade da produção de A será repartida entre salários e lucros. Quando a terra B passa a ser cultivada, a terra A passa a gerar renda na proporção da diferença do que é produzido nas duas terras(100-90=10). Isso ocorrerá pois o capitalista buscará auferir a mesma taxa de lucro independentemente da qualidade da terra que é usada. Assim: Supondo uma taxa de lucro de 10%, onde se emprega a mesma quantidade de trabalho em ambas as terras e um capital circulante de $1000, o valor do trigo será, em cada faixa de terra: A = 1000+10%=1100 <-> 100 TONELADAS DE TRIGO=1100 1100/100=$11/TONELADA DE TRIGO B = 1000+10%=1100 <-> 90 TONELADAS DE TRIGO=1100 1100/90= $12,22/TONELADA DE TRIGO "É verdade que, na melhor terra, o mesmo produto seria ainda obtido com o mesmo trabalho utilizado anteriormente, mas se valor aumentaria, por causa dos retornos decrescentes obtidos por aqueles que aplicaram trabalho e capital nas terras de menor fertilidade(Ricardo, 1982 [1817], p. 68)." Assim temos que, embora a mesma quantidade de trabalho seja aplicado na faixa de terra A, o valor de troca de seu produto aumenta. Portanto: A= $12,22/TONELADA DE TRIGO <-> 100 TONELADAS DE TRIGO = 12,22*100 = $1222 A partir do momento em que as terras B começam a ser cultivadas, pelo motivo de ter aumento a demanda por alimentos, o valor de troca do trigo cultivado nas terras A aumentam de valor (1100+122=1222). O valor que é gerado por esse fenômeno será a parcela da produção paga ao proprietário fundiário como renda da terra. "Portanto, a razão pela qual há aumento no valor comparativo dos produtos agrícolas é o emprego de mais trabalho para produzir a última porção obtida e não o pagamento de renda ao proprietário da terra. O valor do trigo é regulado pela quantidade de trabalho aplicada à sua produção naquela qualidade de terra, ou com aquela porção de capital que não paga renda. O trigo não encarece por causa do pagamento de renda, mas, ao contrário, a renda é paga porque o trigo torna-se mais caro, e, como foi observado, nenhuma redução ocorreria no preço do trigo, mesmo que os proprietários de terras renunciassem à totalidade de suas rendas(Ricardo, 1982 [1817], p. 69)."
Compartilhar