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FARMACOGNOSIA IV UNIDADE 4

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UNIDADE 4
RESUMO FARMACOBOTANICA
 „ Organizar chaves de identificação botânica de acordo com as espécies de interesse e a nomenclatura científica. 
„ Selecionar plantas de acordo com a sistemática e as especificações físicas e químicas ligadas às famílias botânicas. 
„ Identificar as estruturas morfofisiológicas presentes em plantas.
Organização e identificação botânica 
Na história diversas formas de classificação na área de botânica, que aplicaram diferentes critérios para a classificação e desenvolveram formatos distintos para essa classificação. O sistema de classificação na botânica apresenta categorias taxonômicas que seguem uma padronização, que reconhece os grupos característicos. Espécie, gênero, família ordem classe filo reino.
O sistema propõe relações parentais e ancestrais entre os grupos vegetais, possibilitando delinear sua história evolutiva. E denominado de sistemática filogenética: (é o estudo científico da diversidade de organismos que vivem na terra, que analisa suas relações parentais e história evolutiva).
A construção da sistemática filogenética é feita a partir de características das plantas: morfologia, anatomia, fitoquímica e biologia molecular. Nenhuma característica pode apresentar maior valor do que a outra. Taxonomia é o estudo que determina o táxon que descreve a planta, atribuindo o nome, a identificação e a classificação a ela.
Quatro grupos de vegetais: briófitas, vasculares sem sementes, gimnospermas e angiospermas. Presentes em meio aquático e entre os vasculares terrestres. Rigidez na parede celular, tendo um corpo bastante pequeno. 
As plantas vasculares não apresentam organização de tecidos, órgãos não estão bem definidos. 
Gimnospermas são de ambiente terrestre e não dependem de água para a reprodução sexuada. O grão de pólen, que carrega a estrutura de reprodução feminina (óvulos que originam as sementes) e os gametas masculinos. São encontradas em vegetais de característica alta, que apresentam um sistema condutor bem desenvolvido. Os caules são bem ramificados e as folhas apresentam diferentes tamanhos
Angiospermas são divididas em dois grupos, de acordo com as características relacionadas à ancestralidade. Angiospermas basais: o maior número de características ancestrais. Angiospermas centrais: são subdivididas em dois grupos: Monocotiledôneas - uma abertura (monoaperturado ou derivada), peças florais cíclicas e um cotilédone nas sementes. Eudicotiledôneas: três aberturas (triaperturado ou derivada), peças florais cíclicas e sementes com dois cotilédones.
Regras de nomenclatura botânica 
Os nomes das plantas são estabelecidas pelo Código de Nomenclatura Botânica (CNB), atualizado a cada seis anos por uma comissão que se reúne dias antes do Congresso Internacional de Botânica. Ordem termina em ales; família em aceae; gênero nome simples destacado em itálico ou sublinhado e espécie nome formado pelo gênero e a espécie que pertence.
Os nomes científicos devem apresentar o seu autor, quando forem escritos pela primeira vez em um texto. Quando se desconhece a espécie, deve-se indicar somente o nome do gênero. O uso de nomes populares ou vulgares deve ser evitado, pois os vegetais apesar de diferentes, pode ter o mesmo nome vulgar. 
Especificações químicas e físicas botânicas 
Nos vegetais quantidade de água — 90% do peso total são representados por água. Os íons K+ , Mg2 + e Ca2 + apresentam uma baixa concentração, e o restante da constituição química é composto por moléculas orgânicas.
Carboidratos 
Mais encontrada no meio vegetal, reserva energética para os organismos vivos, componente estrutural da parede celular. A forma de transporte do açúcar nas plantas é por meio da sacarose, por meio do órgão fotossintetizante, passando para o corpo da planta e para o órgão armazenador. Quando a sacarose chega ao órgão armazenador, os açúcares sofrem a polimerização, gerando os grãos de amido.
Os polissacarídeos presença de muitos açúcares: O amido e a celulose são os principais polissacarídeos encontrados nas plantas, e a reserva energética acontece no amido, produzido pela própria planta. A reserva ocorre em órgãos em forma de grãos, e pode ser no caule, nas raízes e nas sementes.
Lipídeos
Apresentam características hidrofóbicas e são formados pela união de moléculas de ácido graxo e uma molécula de glicerol. As gorduras e óleos se encontram armazenados nas sementes. Óleos representam uma grande reserva energética. Os óleos essenciais são secretados e armazenados em estruturas secretoras que se encontram na epiderme; as gorduras estruturais (curina e siberina) promovem, nos tecidos, a impermeabilização da parede celular.
Proteínas 
Junção de centenas de aminoácidos, que são os monômeros. Eles de forma linear. São polímeros e constituem a estrutura de membranas; essas proteínas podem agir como catalizadores nas reações químicas que ocorrem dentro da célula (enzimas). Quantidade satisfatória de proteínas em sementes, em que representam 40% do seu peso seco.
Ácidos nucleicos
São formados por longas cadeias construídas de unidades nucleotídeos. Hoje são conhecidos alguns metabólitos secundários que são de grande importância para a indústria farmacêutica e alimentícia. Os metabólitos secundários são responsáveis pelos efeitos terapêuticos. São conhecidas três classes de metabólitos secundários: alcaloides, terpenoides e compostos fenólicos.
Alcaloides 
Apresenta grande potencial medicinal, encontrada em diferentes espécies, sendo associada a ações terapêuticas, efeitos psicoativos e intoxicação. É um composto nitrogenado e apresenta sabor amargo. Ex: morfina (analgésico), cocaína (alucinógeno), cafeína (estimulante), nicotina (ação estimulante) e atropina (estimulante cardíaco).
Terpenoides 
São encontrados em todas as plantas. São formados pelo encadeamento de unidades chamadas isoprenos. A mesma planta apresenta a capacidade de sintetizar diferentes terpenoides em seus diferentes órgãos, apresentando ações diferenciadas com sazonalidades diferentes. Os óleos essenciais apresentam terpenoides, esses óleos tem odores característicos para diferentes plantas. 
Alguns de grande importância farmacológica, como o taxol (ação antitumoral para câncer de ovário e mama) e os glicosídeos cardioativos (efeito regulador cardíaco), como, por exemplo, a digoxina extraída da deladeira (Digitalis purpurea).
Compostos fenólicos 
Se caracteriza por apresentar em sua estrutura química um grupo hidroxila (−OH) ligado ao anel aromático. São encontrados em todos vegetais, desempenham funções diferenciada. Os flavonoides e as antocianinas proporcionam uma coloração nas plantas onde estão armazenados, que vai do vermelho à púrpura. 
As flavonas e os flavonóis apresentam uma pigmentação amarela ou incolor, e as antocianinas, junto com os íons metálicos, desenvolvem uma coloração azul intensa em flores. Taninos, fenólicos, que traz proteção aos vegetais contra insetos, aves, mamíferos e répteis, muito utilizados na indústria têxtil para a tanagem do couro. Encontra-se uma grande concentração em casca e folhas de diversas plantas.
Estrutura celular vegetal 
As células vegetais são eucariontes e apresentam material genético individualizado, que se encontra dentro do núcleo delimitado por uma membrana.
Parede celular 
O que define as características celulares, pois ela apresenta as diferenciações celulares de animal e vegetal. Ela delimita o tamanho e o formato da célula, e é a estrutura que protege a célula contra a entrada de bactérias e fungos. É uma estrutura rígida que pode apresentar diversas espessuras. Previne o rompimento da membrana quando está cheia d’água. A água penetra na parede celular e contribui para a elasticidade primária. 
Constituição química da parede celular são encontradas enzimas que são sinalizadoras contra o ataque de microrganismos e que trabalham na produção de fitoalexinas. A pectina é um polissacarídeo altamente hidrofílico que forma um gel, compondo uma rede de microfibrilas de celulose e hemiceluloses.
Protoplasto
Estrutura delimitada pelas membrana plasmática,constituída de uma matriz fluida chamada de citoplasma. Nela estão organelas, núcleo e substâncias como lipídios, carboidratos de proteínas: Núcleo: delimitação por duas membranas lipoproteicas e armazena a maior parte do material genético celular. Os ribossomos e o retículo endoplasmático estão ligados à membrana. O núcleo apresenta a função de controle metabólico da célula, comando da síntese ribossomal. 
 Vacúolo: organela presente nas células vegetais, delimitada por uma camada lipoproteica (tonoplasto). Seu interior é constituído pelo suco vacuolar, e sua constituição química apresenta água, íons, ácidos orgânicos, açúcares e aminoácidos. Componentes são sintetizados em outras partes do citoplasma e acumulados dentro do vacúolo. Funções são controle osmótico, armazenamento de ácidos orgânicos, digestão de organelas presentes no citoplasma e armazenamento de substâncias (açúcares, metabólitos secundários, pigmentos e proteínas).
Plastos: função de realizar a fotossíntese. Apresentam envoltório de dupla membrana e um sistema interno de membranas denominadas tilacoide, presente na matriz estroma.
Cloroplastos: armazenamento da clorofila, dos carotenoides e dos pigmentos e o principal acessório no processo da fotossíntese. São encontrados em todas as partes verdes das plantas, mas as folhas apresentam a maior concentração, podendo acumular amido de assimilação, aminoácidos e lipídios. 
Ribossomos: não apresentam membrana são formados por uma porção proteica e outra porção de RNA ribossômico. Dispersos no citoplasma, podendo estar associados à membrana do retículo endoplasmático. Quando se agrupam, formam os polissomos, que têm a função da síntese proteica.
Mitocôndrias: organelas de estrutura ovalada, apresentam uma delimitação por dupla membrana lipoproteica. Apresentam seu próprio genoma e se autoduplicam. O corre a respiração. 
Retículo endoplasmático: uma rede interna de dupla membrana lipoproteica ligada à membrana nuclear. Não apresenta ribossomos e apresenta regiões tubulares. O retículo endoplasmático liso é responsável pela síntese de lipídeos de membrana e dos corpos oleaginosos. O retículo endoplasmático rugoso apresenta regiões em formato de cisternas, sendo responsável pela síntese de proteínas de membranas e das que serão armazenadas ou secretadas fora da célula. 
 Complexo de Golgi: estrutura formada por uma pilha ou mais pilhas denominadas corpo de Golgi. Cada pilha é constituída por cisternas, que são redes irregulares de tubos e vesículas. Tem como função a síntese de polissacarídeos (não celulósicos).
Caracterização morfofisiológica 
São classificadas como vegetais complexos, pois apresentam uma organização do seu corpo, trazendo em sua estrutura órgãos reprodutivos e vegetativos. Vejamos mais sobre eles: � Órgãos vegetativos ■ Raiz: absorção e fixação. ■ Caule: sustentação e via de transporte. ■ Folhas: fotossíntese, trocas gasosas e transpiração. � Órgãos reprodutivos ■ Flor: reprodução sexuada. ■ Fruto: dispersão das espécies. ■ Semente: proteção e nutrição do embrião.
Morfologia da raiz 
A raiz, é o órgão responsável pela absorção de água e minerais presentes no solo. Função de fixação das plantas no substrato, reserva de água e armazenamento de alimentos. Órgão subterrâneo, além de apresentarem raízes aéreas.
O colo é a região entre o caule e a raiz. Abaixo a zona de ramificação das raízes. A zona pilífera é a região onde ocorre maior absorção, prolongamento das células epidérmicas da raiz. Zona lisa é a região de divisão e crescimento celular (na zona pilífera as células não são mais capazes de se dividirem, apenas crescem). A coifa tem a função de proteger contra atritos com o meristema apical de raiz.
Características anatômicas da raiz primária 
A região primária do corpo da raiz apresenta três sistemas de tecidos: dérmico, fundamental e vascular. 
Epiderme 
Observar o córtex constituído de parênquima, região mais ampla do corpo primário da raiz. As células são aclorifadas, o córtex apresenta células que se conectam por plasmodermos, apresentando espaços intercelulares, por onde minerais e água atravessam com facilidade para o cilindro vascular, pelas vias simplástica e apoplástica. 
Cilindro Vascular 
Apresenta delimitação pelo periciclo, formado de uma ou duas camadas de células parenquimáticas, sendo originárias do procâmbio. A principal função do periciclo é originar o câmbio vascular nas regiões opostas aos raios do protoxilema, podendo originar em raízes o felogênio. O periciclo também é responsável pela origem das ramificações em raízes que acontece na zona tuberosa. O xilema e o floema são considerados tecidos vasculares e apresentam características organizativas parecidas com o cilindro vascular das raízes.
Morfologia do caule 
O caule apresenta um crescimento indeterminado e, em sua estrutura básica, existem nós e entrenós. Os nós são regiões onde as folhas se inserem, dando origem as gemas axilares. O espaço que se forma entre os nós sucessivos se denomina entrenó. No ápice caulinar encontra-se a gema apical, responsável pela produção de novas folhas e pelo crescimento primário contínuo.
Caracterização anatômica do caule primário 
Epiderme 
Apresenta característica uniestratificada, com raros estômatos ou ausentes. Pode haver presença de tricomas. A epiderme caulinar é coberta por uma cutícula, e uma hipoderme pode estar presente.
Tecidos fundamentais 
A região cortical nos caules primários está localizada abaixo da epiderme. O córtex é constituído, principalmente, por células parenquimáticas pequenas, mas também podem estar presentes a colênquima e a esclerênquima, para melhorar a sustentação do órgão. O cilindro vascular é composto por feixes vasculares, e é uma medula parenquimática. 
Tecidos vasculares
 Os tecidos vasculares primários estão organizados em feixes vasculares, podendo ser colaterais e biocolaterais. O tipo bicolateral anfivasal é encontrado nas Monocotiledôneas. O floema está voltado para a região periférica do órgão, o xilema está voltado para dentro, exceto nas Monocotiledôneas, cujos feixes vasculares estão dispersos em todo o tecido. 
O xilema apresenta uma região protoxilema, onde está voltado para a medula parenquimática. O metaxilema está abaixo de procâmbio, região não condutora do xilema primário de caules primários. O metaxilema tem a função de condução.
Caracterização anatômica do caule secundário 
A periderme é responsável pela construção da casca, sendo constituída por tecidos externos ao câmbio vascular das Eudicotiledôneas. O xilema secundário é denominado de lenho, sendo originário do câmbio vascular. Conforme a planta envelhece e seu espessamento aumenta, o lenho é preenchido por todo o cilindro vascular. É possível observar o crescimento de anéis nos xilemas secundários.
Morfologia e anatomia das folhas 
Crescimento variável, de acordo com o tempo de vida. Morfologia variável e, por isso, sua classificação e caracterização é mais complexa do que do caule e da raiz. A folha está dividida em três partes: bainha, pecíolo e limbo. A classificação das folhas é feita de acordo com as partes que ela apresenta, da seguinte maneira: „ Completa: limbo + pecíolo + bainha. „ Peciolada: limbo + pecíolo. „ Invaginante: limbo + bainha. „ Séssil: apenas o limbo.
Podem apresentar tricomas e sua distribuição é bastante variável nos táxons. Quando apresenta tricomas é designada pilosa; quando não apresenta, é denominada glabra. A superfície do limbo pode ser lisa. A enervação das folhas ajuda a distinguir as Monocotiledôneas e as Eudicotiledôneas, ajudando na identificação de alguns táxons.
Anatomia foliar 
O conhecimento da anatomia foliar é de suma importância para o controle de qualidade de plantas medicinas e drogas vegetais. Todas as folhas apresentam o mesmo padrão e são compostas dos mesmos tecidos. As folhas são órgãos primários formados por tecidos primários. Podem apresentar crescimento secundário nos tecidos vasculares foliares das gimnospermas e no pecíolo e na nervura mediana de algumas Eudicotiledôneas; a base foliar das monocotiledôneasapresenta um espaçamento secundário também no caule.
Epiderme 
É o primeiro tecido a receber energia luminosa, transformada pelo processo da fotossíntese. Apresenta uma série de características conforme a disponibilidade hídrica, como posição dos estômatos, cutícula, cera, tricomas e espessamento de parede. A distribuição de tricomas e estômatos e a deposição de cutícula e ceras são caracteres para a identificação de táxons.
Mesofilo 
Esse tecido indica o ambiente em que a planta vive, pois apresenta estruturas que ajudam na identificação celular. Essas células são geneticamente determinadas, mas há uma variação celular, e isso ocorre devido ao ambiente em que a planta se encontra. O mesofilo é utilizado para realizar o diagnóstico na distinção de folhas das Eudicotiledôneas (mesófilo diferenciado em parênquima paliçádico e parênquima lacunoso) e Monocotiledôneas (parênquima paliçádico ausente). Ele é classificado de acordo com os tipos celulares fotossintetizantes, acompanhe:
Homogêneo: mesófilo formado só por um tipo celular. „ Bifacial: mesófilo formado por uma região do parênquima paliçádico voltada para a face adaxial; apresenta uma região esponjosa, sendo voltada para a base abaxial. „ Isolateral: parênquima paliçádico localizado abaixo da epiderme nas duas faces da folha.
Tecidos vasculares 
O xilema está voltado para a face adaxial e o floema está voltado para a face abaxial. Os feixes vasculares são envolvidos por uma bainha, que os separa dos espaços preenchidos por ar.
Variações na anatomia foliar com o ambiente 
A variação de água e de luz pode influenciar nas características da anatomia foliar. As adaptações das plantas ocorrem de acordo com as necessidades de água e são classificadas em xerófitas, plantas adaptadas a períodos de estiagem e ambiente seco e árido; mesófitas, plantas adaptadas para ambiente úmido (solo e ar); e hidrófitas, plantas presentes em ambiente aquático ou rico em água. 
O conhecimento da estrutura corporal dos vegetais às vezes é complexo, mais segue um padrão de definição para cada um, estabelecido ajuda no controle microscópico e no desenvolvimento de estudos voltados para o corpo vegetal, e ajuda compreender por que as plantas têm um crescimento indeterminado e quais os padrões encontrados para sistema de tecidos e como é sua distribuição em cada órgão da planta.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:
FARMACOGNOSIA APLICADA. Angela Sperry.

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