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BENZENO E COMPOSTOS AROMÁTICOS Profa. Dra. Vera Aparecida de Oliveira Tiera DQCA – IBILCE – UNESP. São José do Rio Preto HIDROCARBONETOS ALIFÁTICOS AROMÁTICOS (Arenos) ALCANOS ALCENOS ALCINOS BENZENO C C H HH H HH C C H HH H C C H HH H C C C C C C H H H HH H Benzeno Br2/CCl4 no escuro, a 25 oC H3O + /H2O Calor H2/Ni Adição lenta em temperatura elevada e pressão alta Não há hidratação Não há adição de bromo Comportamento do benzeno era totalmente diferente dos compostos insaturados que já se conhecia. As reações ocorriam via mecanismo de Substituição e não Adição como era observado para os outros alcenos. C6H6 + Br2 C6H5Br + HBr FeBr3 C6H6 + Br2 C6H5Br + HBr Substituição Adição Não se observa reação Observa-se reação Fonte: Solomons,1996. C H C H C H C HC H C H C C C C C C H H HH HH • August Kekulé (químico alemão): propôs em 1865 a primeira estrutura para o benzeno. A estrutura proposta explicava sua fórmula molecular, porém não explicava a elevada estabilidade exibida pelo benzeno. Benzeno de Kekulé: século XIX Estabilidade do Benzeno + H2 Pt + 2 H2 + 3 H2 Pt Pt 1,3-Cicloexadieno Benzeno Cicloexeno Cicloexano Cicloexano Cicloexano Ho = -28,6 kcal mol-1 Ho = (2 x –28,6) = -57,2 kcal mol-1 Ho = (3 x -28,6) = -85,8 kcal mol-1 Observado Ho = -55,4 kcal mol-1 Observado Ho = -49,8 kcal mol-1 Diferença = -36,0 kcal mol -1 Diferença = - 1,8 kcal mol-1 Fonte: Solomons,1996. FIGURA 1. Comparação dos valores de calor de hidrogenação para o ciclo-hexeno, o 1,3-ciclo-hexadieno e o benzeno. O benzeno é 150 kJ mol–1 (36 kcal mol–1) mais estável do que se esperaria para um ―ciclo- hexatrieno‖. Fonte: McMurry, 2005. • O benzeno é representado normalmente como um híbrido de duas estruturas equivalentes de Kekulé. híbrido de ressonância contribuinte de ressonância contribuinte de ressonância Cada estrutura contribui igualmente para o híbrido, de modo que as ligações C-C não são simples ou duplas, mas sim, algo intermediário. Benzeno - Ressonância Considerando: • a hibridação de orbitais atômicos • a teoria da ressonância Descreve-se a estrutura do benzeno: • um hexágono regular, com todos os ângulos de ligação C-C-C e H- C-C iguais a 120° sp2-sp2 s s sp2-1s1.09 Å 120° 120° 120° 1.39 Å C C C C C C H H H H H H C C C C C C H H H H H H A estrutura é planar Estrutura do Benzeno Nomenclatura dos derivados do benzeno Fluorbenzeno F Bromobenzeno Clorobenzeno Fenol Tolueno Cl Br NO2 CH3 O H: .. N H H : SO3H Nitrobenzeno Anilina Ácido benzenosulfônico CO2H C O CH3 .. : Ácido benzóico Benzofenona Br Br Br Br Br Br CO2H NO2 CO2H NO2 NO2 CO2H 1,2-Dibromobenzeno (o-dibromobenzeno) orto 1,3-Dibromobenzeno (m-dibromobenzeno) meta 1,2-Dibromobenzeno (o-dibromobenzeno) para Ácido 2-nitrobenzóico (ácido o-nitrobenzóico) Ácido 3-nitrobenzóico (ácido m-nitrobenzóico) Ácido 4-nitrobenzóico (ácido p-nitrobenzóico) orto meta para Requisitos para a Aromaticidade Aromaticidade 1. Composto cíclico 2. Composto planar 3. Sistema completamente conjugado 4. O número de életrons deslocalizados deve obedecer a Regra de Huckel, dada pela equação: 4n + 2 elétrons , onde n= 0, 1, 2, 3….. Regra de Huckel A regra de Huckel estabelece que, se o número de elétrons for igual a 4n + 2, onde n é igual a 0, 1, 2, 3,..., o sistema será aromático. n 4n+2 0 2 1 6 Benzeno! 2 10 3 14 4 18 • Todos os hidrocarbonetos conjugados ciclicos são propostos como aromáticos. • Contudo, ciclobutadieno é tão reactivo que dimeriza antes de ser isolado. • E ciclooctatetraeno adiciona ao Br2 rápidamente. 6 elétrons ; completamente conjugado Não aromático 6 elétrons ; não completamente conjugado H H aromático Polienos Completamente Conjugados Requisito para a Aromaticidade: no de Elétrons Ciclobutadieno não benzeno ciclooctatetraeno aromático (não é planar) aromático não aromático 4 elétrons 6 elétrons 8 elétrons Naftaleno Fenantreno Criseno Os critérios que determinam se um hidrocarboneto monocíclico é ou não aromático podem também ser usados para o hidrocarboneto policíclico. Ânion Ciclopentadienila H H H H H •• – 6 elétrons p deslocalizados ao longo de 5 carbonos. Carga negativa dispersa sobre 5 carbonos ânion estabilizado Íons Aromáticos Deslocalização Eletrônica no Ânion Ciclopentadienila •• – H H H H H H H H H H •• – H H H H H – • • • • H H H H H – H H H H H •• – Aromaticidade: Consequência na Acidez de Compostos Orgânicos. • Pode afetar os valores de pKa: • Por que o pKa ciclopentadieno é tão baixo ? – Produto é aromático !!! Cada átomo tem um orbital p 4n+2 = 6 Ciclica + Planar O ciclopropeno e o ânion ciclopropenila não são Aromáticos. O cátion ciclopropenila é aromático. Ciclopropeno cátion ânion ciclopropenila Contribuintes de ressonância do cátion ciclopropenila contribuintes de ressonância do cátion ciclopropenila híbrido de ressonância Não tem um anel ininterrupto de átomos que contenham orbitais p Quinolina N •• N • • Isoquinolina Uma substância heterocíclica tem pelo menos um heteroátomo na sua estrutura. Piridina Pirrol Furano Tiofeno Compostos Aromáticos Heterocíclicos O Pirrol é Aromático? contribuintes de ressonância do pirrol estrutura do orbital do pirrol O Furano é Aromático? estrutura do orbital do pirrol estrutura do orbital do furano contribuintes de ressonância do furano Reações de substituição eletrofílica em aromáticos Reação de adição eletrofílica em alcenos. Quando um reagente como o HCl é adicionado a um alceno, os orbitais p da ligação dupla se aproxima do átomo de hidrogênio eletrofílico e forma uma ligação com o átomo de carbono, deixando a carga positiva no outro átomo de carbono. Esse intermediário carbocátion então reage com o íon nucleófilo Cl- para formar o produto de adição. Uma reação de substituição aromática eletrofílica começa de uma maneira semelhante, porém existem algumas diferenças. Uma dessas diferenças é que os anéis aromáticos são menos reativos que os alcenos em relação aos eletrófilos. Reações de Substituição Eletrofílica em Aromáticos E + E+ + H+ E H + E H + E H + Mecanismo + E+ E H + E Etapa 1 Etapa 2 Íon arênio Substituição Aromática: Eletrofílica Etapa 1: ataque sobre o eletrófilo forma um complexo sigma Etapa 2: perda de um próton leva ao produto de substituição Complexo sigma (íon arênio) Mecanismo em duas etapas: H E + . . . . . + H E + . . . . . + . . . . . H E + + G(2) G(1) + E+ + H+ E Coordenada de reação E n er g ia l iv re + E+ + H E + + H E + E + H+ Lenta Rápida Etapa 1 Etapa 2 X2, F2X3 X = Cl, Br) HONO2 H2SO4 SO3 H2SO4 RCl, AlCl3 R pode sofrer rearranjo , AlCl3 RC O Cl X NO2 SO3H R C O R + HX Halogenação + H2O Nitração Sulfonação + HCl Alquilação Friedel- Crafts + HCl Acilação Friedel-Crafts Reações mais comuns do benzeno Bromação do Benzeno • Requer um eletrófilo mais forte do que Br2. • Usa-se um catlizador ácido de Lewis, FeBr3. Br Br FeBr3 Br Br FeBr3 Br Br FeBr3H H H H H H H H H H H H Br + + FeBr4 _ Br HBr+ Para que ocorra a bromação do benzeno, é necessária a presença de um catalisador como o FeBr3. O catalisador age sobre a molécula de Br2 tornando-a mais eletrofílica devida à formação da espécie FeBr4—Br+ que reage como fosse o Br+. A molécula de Br2 polarizada é então atacada pelos elétrons p do anel benzênico nucleófilico em uma etapa lenta, determinante da velocidade da reação, para formar um intermediário carbocátion não-aromático. Esse carbocátion é duplamente alílico e tem três formas de ressonância: Diagrama de Energia para Bromação Intermediário Produto reagente en er g ia Caminho Reacional # determinante da V Usa-se ácido sulfúrico com ácido nítrico para formar o eletrófilo íon nitrônio H O N O O H O S O H O O + HSO4 _ H O N OH O + H O N OH O + H2O + N O O + NO2 + forma então um complexo sigma com o benzeno, perde H+ para formar nitrobenzeno Nitração do Benzeno Mecanismo alquilação de Friedel-Crafts Etapa 1 CH CH3 CH3 Cl .. .. : + .. .. :: Al Cl Cl: :.. Cl: .. .. .. Cl CH3 CH3 CH .. :Cl .. ::Cl Cl Al : : .. .. :Cl .. .. :: Al Cl Cl: :.. Cl: .... .. CH3 CH3 CH + + Etapa 2 + CH3 CH3 CH + + Etapa 3 CH3 CH3 C H H + – :Cl .. .. :: Al Cl Cl: :.. Cl: .... .. – + CH3 HC CH3 + HCl + AlCl3 Outras estruturas de ressonância – + CH3 CH3 C H H Limitação desta reação: Para haletos de alquila de cadeia que possibilitam a ocorrência de rearranjo normalmente tem-se mistura de produtos. Acilação de Friedel-Crafts CH3C O Cl C O CH3 + + HCl Cloreto de acetila Acetofenona benzeno em excesso (80%) AlCl3 Mecanismo da acilação de Friedel-Crafts Etapa 1 Etapa 2 .. :O CR .. :Cl.. AlCl3 + .. :O CR .. :Cl.. AlCl3 - + .. :O CR .. :Cl.. AlCl3 - + .. :R OC + :R OC + + AlCl4 - Íons acílio .. + C R O Etapa 3 + :.. + C H R O Outras estruturas de ressonância Íon arênio :.. + C H R O Etapa 4 + AlCl4 - + HCl + AlCl3 :.. C R O Etapa 5 :.. R O C + AlCl3 :.. R O C + AlCl3 - Etapa 6 :.. R O C + AlCl3 - + 3H2O :.. R O C + Al(OH)3 + 3 HCl Para ocorrer a liberação da cetona é necessário tratamento com água. O ácido de Lewis forma um complexo com a cetona SULFONAÇÃO Efeito de substituição nos anéis aromáticos Os três produtos da dissubstituição (orto, meta e para) normalmente não são formados na mesma proporção. A natureza do substituinte que já está presente no anel determina a posição do segundo substituinte. Nitração do Tolueno • Reage 25 vezes mais rápido que o benzeno. O grupo metílico é um ativador. • Os principais produtos são orto and para. => Complexo Sigma Intermediário é mais estável se a nitração ocorrer na posição orto or para Diagrama de Energia • Grupos alquilas estabilizam o complexo sigma por indução, doando densidade eletrônica através da ligação sigma. • Substituintes com pares de elétrons isolados estabiliza o complexo sigma por ressonância. OCH3 H NO2 + OCH3 H NO2 + Substituintes Dirigentes ativantes O-, P- Produto (%) Orto Meta Para Desativadores dirigentes meta + N(CH3)3 2 87 11 NO2 7 91 2 CO2H 22 76 2 CN 17 81 2 CO2CH3 28 66 6 COCH3 26 72 2 CHO 19 72 9 Orientação da nitração no substituintes Y Y HNO3 H2SO4 , 25 oC NO2 Produto (%) Orto Meta Para Desativadores dirigentes orto F.. .. : 13 1 86 Cl:.. .. 35 1 64 Br .. :.. 43 1 56 I.. .. : 45 1 54 Ativadores dirigentes orto e para CH3 63 3 34 OH.. .. 50 0 50 Produto (%) Orto Meta Para Desativadores dirigentes orto F.. .. :F.. .. : 13 1 86 Cl:.. .. Cl:.. .. 35 1 64 Br .. :..Br .. :.. 43 1 56 I.. .. :I.. .. : 45 1 54 Ativadores dirigentes orto e para CH3CH3 63 3 34 OH.. .. OH.. .. 50 0 50 Ativadores dirigentes Orto e Para: OH e NH2 Fonte: McMurry, 2005. Ativadores dirigentes Orto e Para: Grupos Alquila Fonte: McMurry, 2005. Desativadores dirigentes Orto e Para: Halogênios Fonte: McMurry, 2005. Substituintes Dirigentes: meta- desativante. • Reações de Substituições Eletrofílicas para nitrobenzenos são 100,000 vezes mais lentas do que para o benzeno. • A mistura de produto contem principalmente o isômero meta, somente pequenas quantidades dos isômeros orto e para. • Meta-dirigentes desativam todas as posições do anel, mas a posição meta é menos desativada. => Substituição Orto sobre Nitrobenzeno Substituição Para sobre o Nitrobenzeno Substituição Meta sobre Nitrobenzeno Meta-dirigentes desativam todas as posições do anel, mas a posição meta é menos desativada. Diagrama de Energia • Reações de Substituições Eletrofílicas para nitrobenzenos são 100,000 vezes mais lentas do que para o benzeno. Estrutura dos Desativadores: Meta-Metadirigentes • O átomo ligado ao anel aromático terá uma carga positiva parcial. • Densidade eletrônica é retirada indutivelmente ao longo da ligação sigma, assim o anel é menos rico em elétrons do que o benzeno. Sumário : Desativadores Prof. Sidney Lima – UFPI 2010 Mais Desativadores Desativadores dirigentes Meta Fonte: McMyrry, 2005. Classificação dos efeitos substituintes nas reações de substituição aromática eletrofílica. Todos os grupos ativadores são dirigentes orto e para e todos os grupos desativadores, com exceção dos halogênios, são dirigentes meta. Os halogênios são os únicos desativadores que são dirigentes orto e para. Fonte: McMurry, 2005.
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