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1. SISTEMA RECURSAL •INTRODUÇÃO: -DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO - O principio do duplo grau de jurisdição, abraçado pelo artigo 5º, inciso LV, da Magna Carta, objetiva garantir ao litigante em processo judicial ou administrativo o direito de submeter a matéria decidida a uma nova apreciação jurisdicional, seja de modo total ou parcial, desde que atendidos os pressupostos específicos, previstos em lei. -SISTEMA RECURSAL NO CPC - O sistema recursal abraçado pelo novo CPC abrange nove (09) tipos de recursos, quais sejam:(1)apelação, (2)agravo de instrumento, (3)agravo interno, (4 )embargos de declaração, (5)recurso ordinário, (6)recurso especial, (7)recurso extraordinário, (8)agravo de recurso especial ou extraordinário e (9)embargos de divergência. Também encontramos a possibilidade de(10)recurso adesivo em circunstâncias especificas. 2. ORDEM DOS PROCESSOS E PROCESSOS DE COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DOS TRIBUNAIS - Antes de adentrarmos no estudo de cada um dos recursos nominados, previstos no CPC, faremos a análise da (1) ordem geral dos processos nos Tribunais, bem como analisaremos outros temas específicos da competência dos Tribunais, tais como (2) incidente de assunção de competência, (3) incidente de arguição de inconstitucionalidade,(4) conflito de competência,(5) homologação de decisão estrangeira, (6) ação rescisória, (7)incidente de resolução de demandas repetitivas e (8) reclamação. • JURISPRUDÊNCIA ESTÁVEL, INTEGRA E COERENTE – Para o fim de trazer segurança jurídica àqueles que litigam, o novo CPC exige que os Tribunais uniformizem a sua jurisprudência, mantendo-a estável, integra e coerente, editando enunciados de súmula, tomando por base as circunstâncias fáticas dos precedentes (art. 926, S91° e 2°), sempre com a necessária publicidade dos precedentes ($5°). A) Precedente: Qualquer julgamento que venha a ser utilizado como fundamento de um outro julgamento, posteriormente proferido. B) Jurisprudência: É o resultado de um conjunto de decisões judiciais no mesmo sentido, sobre uma mesma matéria proferida pelos tribunais. É formada. por precedentes vinculantes e persuasivos, representando o entendimento majoritário do tribunal, sobre certa questão. C) Súmula: É uma consolidação objetiva da jurisprudência, ou seja, é a materialização objetiva da jurisprudência. •EFICÁCIA VINCULANTE - De acordo com o disposto no artigo 927, caput, os juízes e tribunais têm o dever de observar e acatar as decisões superiores, não lhes sendo dado julgar de modo diversos nos casos de: -Soluções do STF em controle concentrado de constitucionalidade; -Enunciados de súmulas vinculantes; -Acórdãos em IAC ou IRDR repetitivas e em recursos extraordinário e especial repetitivos (art. 928); -Enunciados de súmulas do STF em matéria constitucional e do STJ em matéria infraconstitucional; -Orientação do plenário ou do Órgão Especial dos Tribunais a que estejam vinculados. • FUNDAMENTAÇÃO- Todas as decisões, mesmo quando se adequem às soluções impostas pelos órgãos jurisdicionais superiores, devem ser fundamentadas (art. 927, $1°). •Tipos de controle: Temos o controle concentrado e o controle difuso de constitucionalidade. O controle chamado difuso (aquele que está disperso em todo judiciário) significa que qualquer juiz em qualquer grau de jurisdição pode analisar se qualquer lei é ou não constitucional. Isto pode ser um problema, pois a decisão do juiz que profira ser inconstitucional, só valerá para aquele caso, aquelas partes, e outros casos não poderão utilizá-la como base para vincular ao seu processo. O controle concentrado é o controle que é feito exclusivamente pelo STF, e é realizado dentro de três ações específicas: ação direta de inconstitucionalidade (ADI), ação direta de constitucionalidade (ADCON) ou a ação de arguição de descumprimento de preceito constitucional. Nestes casos questionados lá no Supremo, quando há decisão e um destes processos, isso quer dizer que esta decisão vale para todos os que estão abaixo. A lei deverá ser tratada como tal e todo judiciário deverá respeitar esta decisão e acatar nos seus julgados. Este dever de cumprimento também ocorre quando se trata de súmulas vinculantes, que são exclusivamente baixadas pelo STF, que vincula o judiciário e também todo o administrativo. Ainda, acórdãos e incidentes de resolução de demandas repetitivas, súmulas proferidas pelos tribunais superiores, e decisões de órgãos superiores, onde os juízes deverão cumprir e decidirem da mesma forma. DISTINÇÃO Mais ainda, a fundamentação é essencial nos casos em que houver solução contrária diversa, sob o argumento de que as particularidades do caso (fática ou jurídica) em análise não se adequam ao posicionamento superior. SUPERAÇÃO Sempre que a tese jurídica adotada pelo tribunal em súmula ou julgamento de casos repetitivos precisar ser ALTERADA, será necessária a realização de audiências públicas para a rediscussão da tese (art. 927, $2°). A alteração da tese exige fundamentação adequada e especifica ($4°), bem como a modulação dos efeitos da alteração ($3°). 3. ORDEM DOS PROCESSOS NOS TRIBUNAIS ➔ Art. 929 e seus artigos subsequentes REGISTRO E DISTRIBUIÇÃO IMEDIATA – Remetidos os autos ao Tribunal competente, os mesmos serão imediatamente registrados e distribuídos (art. 929 e 93, XV da CF). Tal distribuição será realizada de acordo com o Regimento Interno do Tribunal, mediante sorteio eletrônico e publicidade (art. 930). PREVENÇÃO – o primeiro recurso distribuído tornará o relator prevento para novos recursos do mesmo processo (art. 930, parágrafo único) A prevenção é uma das formas de fixação de competência do juízo. Em linhas gerais, quando há dois ou mais juízes competentes ou com jurisdição cumulativa, será prevento o juiz que tiver realizado algum ato do processo antes dos demais juízes. REMESSA AO RELATOR Uma vez distribuído o processo no Tribunal, o mesmo será imediatamente encaminhado conclusos a Relator sorteado, o qual deverá elaborar o seu VOTO em trinta (30) dias e devolver o processo à secretaria (art. 931). Trata-se de prazo IMPRÓPRIO, pois não haverá consequência processual se acaso restar descumprido. INCUMBÊNCIAS DO RELATOR Além da responsabilidade pela elaboração do voto, incumbira o relator (art. 932) o que segue: Art. 932. Incumbe ao relator: I - dirigir e ordenar o processo no tribunal, inclusive em relação à produção de prova, bem como, quando for o caso, homologar autocomposição das partes; II - apreciar o pedido de tutela provisória nos recursos e nos processos de competência originária do tribunal; III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha impugnado especificamente os fundamentos da decisão recorrida; IV - negar provimento a recurso que for contrário a: a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal; b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; V - depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar provimento ao recurso se a decisão recorrida for contrária a: a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal; b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; VI - decidir o incidente de desconsideração da personalidade jurídica, quando este for instaurado originariamente perante o tribunal;VII - determinar a intimação do Ministério Público, quando for o caso; VIII - exercer outras atribuições estabelecidas no regimento interno do tribunal. Parágrafo único. Antes de considerar inadmissível o recurso, o relator concederá o prazo de 5 (cinco) dias ao recorrente para que seja sanado vício ou complementada a documentação exigível. FATO SUPERVENIENTE Sempre que o Relator constatar a ocorrência de (1) fato superveniente à decisão ou a (2) existência de questão apreciável de oficio ainda não examinada, que deva considerar no julgamento do recurso, ouvirá as partes a respeito, no prazo de cinco (05) dias (art. 933, 'caput'). O julgamento será suspenso, se tal verificação ocorrer durante a sessão ($1°). DESIGNAÇÃO DE JULGAMENTO PRESENCIAL Uma vez elaborado o voto pelo Relator e restituídos os autos pelo mesmo à Secretaria, o processo será encaminhado 20 Presidente, que designará data para o julgamento presencial. A pauta elaborada será publicada no DOE e afixada na porta da sala em que será realizado o julgamento, com pelo menos cinco (05) dias antes da sessão (art. 935). ORDEM DE JULGAMENTO No dia da sessão, os processos serão julgados na seguinte ordem: a) preferências legais e regimentais; b) casos em que houver sustentação oral, segundo a ordem dos requerimentos; c) casos com requerimento de preferência; e d) casos com julgamento iniciado na sessão anterior (art. 936). A) Preferências legais e regimentais; B) Sustentação oral; C) Requerimento de preferência; D) Julgamento iniciado em sessão anterior. SUSTENTAÇÃO ORAL Só é permitido nos recursos elencados no art.937, incisos I a IX. Para sustentar oralmente deve se apresentar requerimento até o início da sessão em que o processo deve. Ser julgado. É realizado após a exposição da causa e dará a palavra ao recorrente, recorrido e o MP pelo período de 15 minutos, admitindo-se sustentação por videoconferência. QUESTÕES PRELIMINARES Preliminares são decididos antes do mérito e não será conhecido caso haja incompatibilidade da decisão, caso sejam afastados, o julgamento seguirá seu rito. 17/03 CONCLUSÃO DO JULGAMENTO No Julgamento de apelação e de agravo de instrumento, a decisão resultará do voto de 3 juízes (art. 941, §2º) Após a manifestação do voto de todos os juizes, o Presidente anunciará o RESULTADO. O acórdão será REDIGIDO pelo Relator ou, se ele tiver sido vencido, a redação será elaborada pelo autor do primeiro voto vencedor (art. 941, 'caput'). O voto vencido será necessariamente DECLARADO e fará parte integrante do acórdão (art. 941, $3°). Carta de ordem: carta na qual solicita para o juiz de 1º instância recolha as provas necessárias para a solução do recurso em 2º instância Incidente de desconsideração da personalidade jurídica - art. 134 Art. 134. O incidente de desconsideração é cabível em todas as fases do processo de conhecimento, no cumprimento de sentença e na execução fundada em título executivo extrajudicial. § 1o A instauração do incidente será imediatamente comunicada ao distribuidor para as anotações devidas. § 2o Dispensa-se a instauração do incidente se a desconsideração da personalidade jurídica for requerida na petição inicial, hipótese em que será citado o sócio ou a pessoa jurídica. § 3o A instauração do incidente suspenderá o processo, salvo na hipótese do § 2o. § 4o O requerimento deve demonstrar o preenchimento dos pressupostos legais específicos para desconsideração da personalidade jurídica. O voto proferido por qualquer um dos juízes poderá ser ALTERADO até o instante da proclamação do resultado, salvo no caso de juiz afastado ou substituído (art. 941, $1°). ➔ Art. 941. Proferidos os votos, o presidente anunciará o resultado do julgamento, designando para redigir o acórdão o relator ou, se vencido este, o autor do primeiro voto vencedor. § 1o O voto poderá ser alterado até o momento da proclamação do resultado pelo presidente, salvo aquele já proferido por juiz afastado ou substituído. § 2o No julgamento de apelação ou de agravo de instrumento, a decisão será tomada, no órgão colegiado, pelo voto de 3 (três) juízes. § 3o O voto vencido será necessariamente declarado e considerado parte integrante do acórdão para todos os fins legais, inclusive de pré-questionamento. RESULTADO NÃO UNÂNIME Nos casos de apelação, quando o Resultado não for unânime, o julgamento prosseguirá, independentemente de pedido das partes, na mesma sessão ou em outra a ser designada, com a presença de outros julgadores convocados, para garantir a possibilidade de inversão do resultado inicial (artigo 942, 'caput'). Tal procedimento substitui o antigo recurso de embargos infringentes que não mais existe no novo CPC Essa técnica de julgamento se aplica também no julgamento de ação rescisória e agravo de instrumento, com as especificidades apontadas no art. 942, $3°, Porém, não é utilizada no julgamento de IAC, IRDR, remessa necessária e casos submetidos ao plenário ou à corte especial ($4°). ➔ Art. 942. Quando o resultado da apelação for não unânime, o julgamento terá prosseguimento em sessão a ser designada com a presença de outros julgadores, que serão convocados nos termos previamente definidos no regimento interno, em número suficiente para garantir a possibilidade de inversão do resultado inicial, assegurado às partes e a eventuais terceiros o direito de sustentar oralmente suas razões perante os novos julgadores. § 1o Sendo possível, o prosseguimento do julgamento dar-se-á na mesma sessão, colhendo-se os votos de outros julgadores que porventura componham o órgão colegiado. § 2o Os julgadores que já tiverem votado poderão rever seus votos por ocasião do prosseguimento do julgamento. § 3o A técnica de julgamento prevista neste artigo aplica-se, igualmente, ao julgamento não unânime proferido em: I - ação rescisória, quando o resultado for a rescisão da sentença, devendo, nesse caso, seu prosseguimento ocorrer em órgão de maior composição previsto no regimento interno; II - agravo de instrumento, quando houver reforma da decisão que julgar parcialmente o mérito. § 4o Não se aplica o disposto neste artigo ao julgamento: I - do incidente de assunção de competência e ao de resolução de demandas repetitivas; II - da remessa necessária; III - não unânime proferido, nos tribunais, pelo plenário ou pela corte especial. REGISTRO ELETRÔNICO Os votos, acordãos e demais atos processuais poderão ser registrado. Assinados em documentos eletrônicos (art. 943, ‘caput’) EMENTA Todo acórdão, além do relatório, fundamentação e dispositivo, conterá obrigatoriamente uma EMENTA, sob pena de nulidade. A ementa consiste em um resumo objetivo e preciso daquilo que ficou decidido no acórdão. (art. 943, $1°). PUBLICAÇÃO Após a lavratura do acórdão, haverá a publicação da ementa no DOE, no prazo de dez dias (art. 943, $2°). ➔ Art. 943. Os votos, os acórdãos e os demais atos processuais podem ser registrados em documento eletrônico inviolável e assinados eletronicamente, na forma da lei, devendo ser impressos para juntada aos autos do processo quando este não for eletrônico. § 1o Todo acórdão conterá ementa. § 2o Lavrado o acórdão, sua ementa será publicada no órgão oficial no prazo de 10 (dez) dias. JULGAMENTO ELETRÔNICO (VIRTUAL) O julgamento VIRTUAL se sujeita às regras da Resolução TJSP n° 772/2017 e também do Provimento CSM n° 2552/2020 e Resolução CNJ 313/2020. 4. INCIDENTE DE ASSUNÇÃO DE COMPETÊNCIA CONCEITO Trata-se de incidente processual destinado deslocar a competência funcional de órgão fracionário que seria originariamente competente para apreciar orecurso, para um órgão colegiado de maior composição, em casos não repetitivos que envolvam questão relevante de direito, com grande repercussão social, sendo que o acórdão proferido pelo criará um precedente que VINCULARÁ todos os órgãos daquele tribunal que, diante de outro caso igual, não poderão decidir de maneira diferente. Exemplo: processo envolvendo a alteração de um registro de nascimento para a mudança de sexo, de feminino para masculino, depois de realizada cirurgia de redesignação sexual. OBJETIVO Criar um incidente em processos únicos ou raros, mas de alta relevância social, com o fim de gerar uma solução com eficácia vinculante a todos os juízes e órgãos fracionários, padronizando um posicionamento e com isso, unificando 3 jurisprudência interna do Tribunal em tomo do tema, de modo a PREVENIR ou COMPOR divergência entre câmaras ou turmas. REQUISITOS Somente pode ser instaurado, se estiverem presentes os seguintes requisitos (art. 947, ‘caput’): ➔ Art. 947. É admissível a assunção de competência quando o julgamento de recurso, de remessa necessária ou de processo de competência originária envolver relevante questão de direito, com grande repercussão social, sem repetição em múltiplos processos. § 1o Ocorrendo a hipótese de assunção de competência, o relator proporá, de ofício ou a requerimento da parte, do Ministério Público ou da Defensoria Pública, que seja o recurso, a remessa necessária ou o processo de competência originária julgado pelo órgão colegiado que o regimento indicar. § 2o O órgão colegiado julgará o recurso, a remessa necessária ou o processo de competência originária se reconhecer interesse público na assunção de competência. § 3o O acórdão proferido em assunção de competência vinculará todos os juízes e órgãos fracionários, exceto se houver revisão de tese. § 4o Aplica-se o disposto neste artigo quando ocorrer relevante questão de direito a respeito da qual seja conveniente a prevenção ou a composição de divergência entre câmaras ou turmas do tribunal. Remessa necessária (art. 496) Art. 496. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal, a sentença: I - proferida contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de direito público; II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução fiscal. § 1o Nos casos previstos neste artigo, não interposta a apelação no prazo legal, o juiz ordenará a remessa dos autos ao tribunal, e, se não o fizer, o presidente do respectivo tribunal avocá-los-á. § 2o Em qualquer dos casos referidos no § 1o, o tribunal julgará a remessa necessária. § 3o Não se aplica o disposto neste artigo quando a condenação ou o proveito econômico obtido na causa for de valor certo e líquido inferior a: I - 1.000 (mil) salários-mínimos para a União e as respectivas autarquias e fundações de direito público; II - 500 (quinhentos) salários-mínimos para os Estados, o Distrito Federal, as respectivas autarquias e fundações de direito público e os Municípios que constituam capitais dos Estados; III - 100 (cem) salários-mínimos para todos os demais Municípios e respectivas autarquias e fundações de direito público. § 4o Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver fundada em: I - súmula de tribunal superior; II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; IV - entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito administrativo do próprio ente público, consolidada em manifestação, parecer ou súmula administrativa. PROCEDIMENTO O RELATOR do processo deverá solicitar a instauração do incidente e para tanto, agirá de oficio ou a requerimento da parte, do Ministério Público ou da Defensoria Pública. Assim, ANTES do julgamento do recurso pelo órgão fracionário, o Relator proporá a submissão da sua análise pelo órgão colegiado que o regimento do Tribunal indicar. O órgão colegiado julgará o recurso apenas se reconhecer o interesse público na assunção de competência (art.947,$2°). 5. INCIDENTE DE ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE: GENERALIDADES Em nosso direito, o controle de constitucionalidade de leis e atos normativos do poder público é feito de dois modos: concentrado ou difuso. O controle CONCENTRADO de constitucionalidade é exercido com exclusividade pelo Supremo Tribunal Federal (art. 102, I, 'a', da CF). É realizado através da movimentação de processo objetivo, sob a forma de ação direta de inconstitucionalidade (ADIN), ação declaratória de constitucionalidade (ADECON), ou a arguição de descumprimento de preceito fundamental. O controle DIFUSO de constitucionalidade é realizado por QUALQUER JUIZO e se efetiva de modo incidental em qualquer processo onde se questione a inconstitucionalidade como prejudicial à análise do mérito da causa. No tocante ao controle difuso, inexiste especialidade procedimental quando realizado em primeiro grau de jurisdição, pois o magistrado analisará a inconstitucionalidade incidentalmente, decidindo a matéria em sentença, como questão prejudicial (art. 503, $1°, I1I, do CPC). Não obstante, a análise incidental de inconstitucionalidade perante Os TRIBUNAIS, efetivada em sede de recursos ou em ações de sua competência originária, deve obrigatoriamente respeitar a reserva de plenário imposta pelo art. 97 da CF e além disso, se sujeitará a um incidente processual, que se desenvolverá sob procedimento específico intitulado como Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade (arts. 948 a 950 do CPC). CONCEITO Cuida-se de procedimento que se instaura com lastro no princípio da reserva de plenário, previsto no art. 97 da Constituição Federal, o qual dispõe que apenas pelo voto da maioria absoluta dos membros do Tribunal ou do correspondente órgão especial, poderá ser reconhecida a inconstitucionalidade de ato normativo do Poder Público. LEGITIMIDADE ATIVA Não há previsão legal no tocante à legitimidade ativa para suscitar o incidente e por isso se entende que a mesma é AMPLA, o que significa que pode ser instaurado DE OFÍCIO, ou mesmo mediante PROVOCAÇÃO das partes, terceiros intervenientes ou o MP. MOMENTO DE SUSCITAÇÃO A doutrina entende que não há preclusão temporal para a arguição do incidente de inconstitucionalidade. Podem as partes pugnar pela instauração até mesmo durante a sustentação oral, e os integrantes do órgão colegiado podem formular tal solicitação ao longo da sessão de julgamento. É necessário apenas que a Competência originária Competência originária é a competência para conhecer e julgar a causa pela primeira vez, originariamente, aquela que faz o primeiro exame da causa. A competência originária costuma ser dos juízos de primeiro grau, dos juízos singulares, ou seja, perante o juiz singular. Mas, há casos de ações de competência originária dos Tribunais, como a Ação Rescisória de sentença, Mandado de Segurança contra ato de juiz etc instauração do incidente seja solicitada ANTES do julgamento final do recurso, do reexame necessário, ou do processo de competência originária. INSTAURAÇÃO DO INCIDENTE Uma vez suscitada a instauração do incidente de inconstitucionalidade: A) O RELATOR ouvirá as partes e o Ministério Público a respeito, salvo se um deles foi aqueleque pediu a instauração. O prazo para a fala das partes será fixado pelo Relator, pois não há previsão legal específica. Entende-se que o Relator pode rejeitar monocraticamente a instauração, nas hipóteses do art. 949, § único; B) Após, submeterá a questão à Turma ou à Câmara à qual competir o reconhecimento do processo, para decisão a respeito da admissibilidade ou não do incidente. C) O órgão fracionário não pode decidir o mérito do incidente, mas apenas resolver pela sua admissibilidade ou não, sob pena de afrontar a reserva de plenário prevista no art. 97 da CF. D) Acaso o órgão fracionário decida pela REJEIÇÃO DO INCIDENTE, o julgamento do recurso ou da ação originária prosseguirá e nesse caso, poderá haver pronunciamento de afirmação da CONSTITUCIONALIDADE da norma, nunca da sua inconstitucionalidade. Entende-se que o órgão fracionário não pode afastar a incidência da lei, pois tal equivaleria a verdadeira declaração de inconstitucionalidade, o que não pode ser feito pelo mesmo. Nesse sentido sobrevém a Súmula Vinculante no 10, do STF: “Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, afasta sua incidência, no todo ou em parte”. E) No caso do órgão fracionário ACOLHER O INCIDENTE, então a questão será submetida ao plenário do tribunal ou de seu órgão especial. NÃO CABIMENTO DO INCIDENTE O incidente não será instaurado quando já houve pronunciamento anterior acerca do tema (inconstitucionalidade) pelo plenário ou órgão especial (art. 949, §único), mesmo que tal posicionamento tenha ocorrido de forma incidental em outro processo entre partes específicas. PROCEDIMENTO PERANTE O PLENÁRIO OU ÓRGÃO ESPECIAL Uma vez admitida pelo órgão fracionário a instauração do incidente, a análise do recurso ou da ação originária ficará SOBRESTADA até final solução do incidente. Uma cópia do Acórdão que assim decidiu será encaminhada para todos os juízes e em seguida o presidente do tribunal designará sessão de julgamento (art. 950, ‘caput’). As pessoas jurídicas de direito público responsáveis pela edição da lei ou norma questionada, bem como todos os legitimados para propor as ações do art. 103 da CF, poderão se manifestar no incidente por escrito, apresentando memoriais, juntando documentos ou até mesmo realizando sustentação oral (art. 950, §§1o e 2o). Dependendo da relevância da matéria e da representatividade dos postulantes, o Relator poderá admitir, por despacho irrecorrível, a manifestação de outros órgão ou entidades (art. 950, §3o). É cabível a intervenção de “amicus curiae”. O Ministério Público também deverá se manifestar nessa fase do incidente, respeitando-se os prazos e condições previstos no regimento interno do tribunal. JULGAMENTO DO INCIDENTE A solução do incidente ocorre com base no posicionamento da MAIORIA ABSOLUTA dos juízes que compõem o tribunal pleno ou o órgão especial, assim declarando a inconstitucionalidade. O julgamento tem natureza dúplice e assim, o resultado será de procedência, declarando-se a inconstitucionalidade da lei ou ato normativo, ou de improcedência, declarando-se a constitucionalidade. O órgão fracionário ficará vinculado ao resultado do incidente e a solução correspondente passa a fazer parte integrante do julgamento do recurso, ação originária ou reexame necessário. Exatamente por isso, o Acórdão que julga o incidente é IRRECORRÍVEL, submetendo-se apenas a embargos de declaração, pois o julgamento somente estará COMPLETO com a DECISÃO do recurso, ação originária ou reexame necessário pelo órgão fracionário, cujo julgamento será RETOMADO e terá normal prosseguimento depois de resolvido o incidente. Nesse sentido sobrevém o teor da Súmula 513 do STF, segundo a qual: “a decisão que enseja a interposição de recurso ordinário ou extraordinário não é a do plenário, que resolve o incidente de inconstitucionalidade, mas a do órgão (câmaras, grupos ou turmas) que completa o julgamento do feito”(g.n.). Bem por isso, é pacífico o entendimento nos tribunais superiores, no sentido de que a interposição de recursos especial ou extraordinário, é de rigor a instrução correspondente com cópia de AMBOS os acórdãos proferidos (do incidente de inconstitucionalidade e do recurso, ação originária ou reexame necessário). 6. CONFLITO DE COMPETÊNCIA: GENERALIDADES Como é sabido, a jurisdição é PODER, FUNÇÃO e ATIVIDADE do Estado. É PODER, porque o Estado exercita a jurisdição, como monopólio, através do Poder Judiciário. É FUNÇÃO, porque através da jurisdição a autoridade estatal aplica as leis e preserva o seu cumprimento. É ATIVIDADE, porque para o exercício da jurisdição são necessários estrutura e inúmeros órgãos para o seu desempenho (juízes, organização judiciária etc.). Assim, conceitua-se a jurisdição como o PODER EXERCIDO PELA AUTORIDADE SOCIAL LEGÍTIMA DE DECLARAR O DIREITO PARA SOLUÇÃO DE CONFLITOS INTERSUBJETIVOS E IMPOR COERCITIVAMENTE O CUMPRIMENTO DESSA DECLARAÇÃO, OU DE ÓRGÃO LEGALMENTE AUTORIZADO A DECLARÁ-LO. (OBS.: essa definição não contempla a chamada Jurisdição Voluntária, que abrange atividade administrativa exercida pelo Poder Judiciário). Não é exatamente correto falar em "espécies" de jurisdição, porque a jurisdição é UNA, como uno é o direito, mas o seu exercício é dividido e delimitado entre as autoridades e órgãos que irão desempenhá-la. A divisão da jurisdição é realizada por dois motivos: (1) para facilitar o desempenho dos serviços judiciários de modo prático e econômico, (2) bem como pela diversidade da matéria sobre que se voltam as múltiplas atividades humanas. Estabelece-se, então a COMPETÊNCIA, a qual deve ser compreendida como a medida da jurisdição na atividade dos órgãos judiciários, ou ainda, é a delimitação do poder de julgar. Em outras palavras, a competência é critério de distribuição da atuação dos órgãos/membros do Poder Judiciário para o desempenho da função jurisdicional na qual estão investidos, com o fim de aplicar as leis aos casos concretos, pacificando as lides. Essa definição da competência deve ser entendida sob duas perspectivas: 1a) significa que a competência é o resultado da divisão do trabalho jurisdicional, ou seja, é a quantidade de jurisdição que cada juiz exerce em cada processo, pois a investidura de julgar não se submete, ela mesma, a delimitações; 2a) também significa que a jurisdição é poder do Estado. Assim, todo juiz tem o poder de dizer o direito, mas o exercício desse poder é disciplinado pela lei, desde a Constituição às normas de organização judiciária (art. 44 do CPC). Desse modo, predominam LIMITES LEGAIS impostos ao exercício válido e regular do poder jurisdicional. Ocorre que APESAR das imposições legais atinentes à competência de cada autoridade (juiz) ou órgão jurisdicional (tribunais), podem surgir divergências entre os mesmos em torno da aceitação ou da recusa de processos, por entenderem que possuem ou não competência para julgá-los. Nesses casos, surge o chamado CONFLITO DE COMPETÊNCIA. Assim, haverá conflito de competência quando (art. 66 do CPC): A) dois ou mais juízes se declaram COMPETENTES; B) dois ou mais juízes se consideram INCOMPETENTES, atribuindo um ao outro a competência; ou C) entre dois ou mais juízes surgir controvérsia sobre a reunião ou separação de processos. Nesses casos, deverá ser suscitada a instauração do PROCEDIMENTO DE CONFLITO DE COMPETÊNCIA (arts. 951 a 959). CONCEITO O conflito de competência pode ser entendido como o incidente processual que se presta a solucionar questões relativas à competência de juízes ou de órgãos julgadores, com o objetivo de determinar qual será o juízo competentepara apreciar o processo, ordenando o prosseguimento do feito perante aquele que for considerado competente para tanto. Ainda, pode se dizer que o conflito de competência é o procedimento movimentado perante uma autoridade imediatamente superior àquela onde ele é suscitado, para que possa decidir quem terá poder para agir em determinado processo, prosseguindo com a sua direção e julgamento. ESPÉCIES DE CONFLITO O conflito de competência poderá ser POSITIVO, quando dois ou mais juízes se consideram competentes para a causa. Por outro lado, será NEGATIVO, quando (a) dois ou mais juízes se consideram incompetentes para a causa, ou (b) ambos os juízes pretendem que a reunião dos processos ocorra perante o outro juízo. LEGITIMIDADE ATIVA A legitimidade para suscitar o conflito é AMPLA, podendo fazê-lo o próprio juiz que se considera incompetente, ou qualquer das partes ou o Ministério Público, nos casos em que atua como fiscal da lei (art. 66, par. único, cc 951 do CPC). VEDAÇÃO À SUSCITAÇÃO DO CONFLITO A parte que tenha arguido no processo a incompetência relativa do juiz da causa, não pode suscitar o conflito. Ou seja, a parte que já se utilizou da exceção declinatória do foro (art. 337, II), não terá legitimidade para suscitar conflito de competência (art. 952, “caput”). Mas o oferecimento de conflito não impede que a parte que não o arguiu, possa suscitar a incompetência do juízo nos autos (par. único). FORMA PROCEDIMENTAL O conflito será sempre suscitado ao Tribunal imediatamente superior aos juízes ou órgão jurisdicional conflitantes. Em São Paulo, a competência para solução do conflito é do Órgão Especial (Regimento Interno do TJSP, arts. 219 a 225). Na hipótese de o conflito ser suscitado pelo JUIZ, deverá fazê-lo mediante ofício endereçado ao Presidente do Tribunal ou do Órgão Especial. Mas se o conflito for suscitado pela PARTE ou pelo MINISTÉRIO PÚBLICO, deverão fazê-lo por petição. Nos dois casos, o ofício ou a petição deverão ser instruídos com os documentos necessários à prova do conflito (art. 953, ‘caput’ e par. único). OITIVA DOS JUÍZES ENVOLVIDOS Uma vez distribuído o conflito, será sorteado um RELATOR para o seu processamento e o mesmo determinará a oitiva dos juízes em conflito ou, se um deles for o suscitante, ouvirá apenas o suscitado (art. 954 ‘caput’ e par. único). Os juízes deverão prestar informações no prazo fixado pelo Relator. SOBRESTAMENTO DO PROCESSO O Relator do conflito suscitado poderá, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, determinar o SOBRESTAMENTO do processo e nesse caso, deverá designar um dos juízos para resolver, em caráter provisório, as medidas urgentes do processo (art. 955, ‘caput’). JULGAMENTO MONOCRÁTICO O Relator também poderá JULGAR DE PLANO o conflito de competência, nas hipóteses do art. 955, par. único. O recurso contra tal decisão monocrática será o Agravo Interno (art. 1.021, ‘caput’). OITIVA O MINISTÉRIO PÚBLICO Nos casos em que o Ministério Público oficia (art. 178 e 951, par único), o mesmo será ouvido após as informações prestadas pelos juízes em conflito e depois, o procedimento será encaminhado para julgamento. JULGAMENTO Ao apreciar o conflito, o Tribunal declarará qual é o juízo competente para a causa e além disso, também se pronunciará sobre a validade dos atos praticados pelo juízo incompetente (art. 957, ‘caput’). Os autos serão remetidos ao juízo declarado competente (par. único). CONFLITO DE ÓRGÃOS FRACIONÁRIOS Quando o conflito envolve órgãos fracionários dos tribunais, desembargadores e juízes em exercício no tribunal, deverá ser observado o quanto disposto no Regimento Interno do Tribunal, o qual regulará o processo e julgamento do conflito (art. 958). CONFLITO DE ATRIBUIÇÕES No caso de ocorrer conflito de competência entre autoridades judiciária e administrativa, o conflito também será regulado pelo Regimento Interno do Tribunal (art. 959). O STJ entende que só existe tal conflito, quando as autoridades de diferentes poderes se julgam competentes para a prática do ato no desempenho de suas atividades administrativas. 31/03/22 7. HOMOLOGAÇÃO DE DECISÃO ESTRANGEIRA E CONCESSÃO DO EXEQUATUR À CARTA PRECATÓRIA A jurisdição é instituto intimamente ligado à soberania. Assim, se limita aos confins de cada Estado. Por isso editam-se regras que estabelecem as hipóteses justificadas pelos superiores interesses da soberania nacional, em que o julgamento da causa é reservado com exclusividade ao juiz do pais e aqueles em que tal julgamento pode concorrer com o do juiz estrangeiro. As regras que disciplinam o concurso da competência do juiz brasileiro com a do estrangeiro compõem a competência internacional. São regras de direito público interno e não de direito internacional. No CPC, tais regras encontram-se nos artigos 21 a 34 e mais especificamente, o CPC disciplina competência internacional concorrente nos artigos 21 e 24. No artigo 21 estão os casos em que se admite que a sentença do juiz estrangeiro seja executada no Brasil, evidentemente, depois de homologada pelo Superior Tribunal de Justiça (art. 105, 1, "l da CF). Nesses casos, pode-se dizer que o interesse da soberania nacional é RELATIVO. Correndo ações em país estrangeiro e concomitantemente no Brasil a respeito das matérias previstas nos artigos 21 e 22 do CPC, não haverá litispendência, como dispõe o artigo 24 do CPC. Nesse caso (concorrência), as consequências práticas são as seguintes: 1) passada em julgado a sentença estrangeira e homologada pelo Superior Tribunal de Justiça no chamado "juízo de delibação" , poderá ser cumprida no Brasil; 2) se a sentença brasileira tiver transitado em julgado ANTES da homologação da sentença estrangeira, o vencedor pela sentença estrangeira carecerá da homologação; 3) se a sentença estrangeira tiver sido homologada e ainda não tiver sido proposta ação no Brasil, o autor que a intentar carecerá da ação. Nos dois últimos casos (2 e 3), os impedimentos provêm da COISA JULGADA. HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA – A sentença estrangeira, para gerar efeitos no Brasil, precisa ser devidamente HOMOLOGADA pelo Superior Tribunal de Justiça, o qual realizará o chamado Juízo de Delibação, manifestado em Ação de Homologação de Decisão Estrangeira, a ser proposta pelo interessado (art. 960). Tal homologação somente não será necessária, se houver disposição especial em sentido contrário, prevista em convenção ou tratado internacional. De qualquer modo, não será homologada a sentença estrangeira na hipótese de COMPETÊNCIA EXCLUSIVA da autoridade judiciária brasileira (arts. 23, 47, 48 e 964). Por outro lado, não é necessária a homologação de sentença estrangeira de DIVÓRCIO, a qual produzirá efeitos no Brasil, independentemente do Juízo de Delibação manifestado pelo STJ (art. 961, $5°). DECISÃO INTERLOCUTÓRIA ESTRANGEIRA A decisão interlocutória estrangeira, inclusive aquela que concede medida de urgência, ocorrerá sempre mediante a expedição de CARTA ROGATÓRIA pelo Estado de origem, a qual, para ser cumprida no Brasil, dependerá da prévia concessão de "EXEQUATUR" pelo Superior Tribunal de Justiça (art. 961 e 962). Será dispensado o "exequatur", sempre que assim dispuser lei brasileira ou tratado internacional (art. 961, 'caput'). REQUISITOS PARA A HOMOLOGAÇÃO Para ocorrer a homologação da sentença estrangeira ou o "exequatur' da decisão interlocutória, será necessário o atendimento de TODOS OS REQUISITOS dispostos no artigo 963, quais sejam: A. Ser proferida por autoridade competente; B. Ser precedida de citação regular, ainda que verificada a revelia; C. Ser eficaz no país que foi proferida; D. Não ofender a coisa julgada brasileira; E. Estar acompanhada de tradução oficial,salvo dispensa prevista em tratado; F. Não conter manifesta ofensa à ordem pública; G. No caso de medida de urgência, estar garantido o contraditório em momento posterior(art. 962, §2) Na ação proposta perante o STJ para homologação de sentença estrangeira ou concessão do 'exequatur', NÃO SE DISCUTE questões de mérito da controvérsia original. Analisa-se APENAS se os requisitos formais estão presentes e se inexiste violação à ordem pública e à soberania nacional O procedimento se submete ao CONTRADITÓRIO e ao devido processo legal. COMPETÊNCIA PARA A EXECUÇÃO Uma vez homologada a sentença estrangeira ou concedido o 'exequatur' à carta rogatória pelo STJ, a parte interessada deverá solicitar o cumprimento correspondente perante o juízo Federal competente (art. 965, 'caput'). O pedido de execução deverá ser INSTRUÍDO com a cópia autenticada da decisão homologatória ou do 'exequatur' conforme o caso (art. 965, par, único). 8. AÇÃO RESCISÓRIA Art 966-975 CONCEITO A ação rescisória cuida-se de demanda judicial autônoma que tem como objetivo rescindir uma decisão judicial transitada em julgado, ou seja, cuja lide já tenha sido finalizada a partir de sentença do juiz, não sendo mais possível a interposição de recursos em face da mesma. Em outras palavras, a ação rescisória pode ser entendida como uma ação, que tem o objetivo desconstituir a coisa julgada que tenha se formado com um dos vícios gravíssimos de nulidade previstos em rol taxativo do art. 966 do CPC e, sendo necessário, viabilizar o novo julgamento da lide Importante destacar, que mesmo sendo a ação rescisória um mecanismo de afastamento da coisa julgada, ela não pode ser considerada inconstitucional por atacar a coisa julgada, pois a coisa julgada que a Magna Carta quer preservar é aquela sem ter sido constituída por vícios de nulidade. Ainda, não se pode confundir DECISÃO RESCINDÍVEL com decisão NULA ou com decisão INEXISTENTE. Para estar sujeita à ação rescisória, a decisão deve EXISTIR no mundo jurídico, pois aquilo que não existe não precisa ser desconstituído, bastando se sujeitar a simples declaração de inexistência jurídica. Desse modo, uma decisão de mérito inexistente, como, p.ex, uma (1) sentença proferida em ação que tramitou perante órgão sem jurisdição, ou uma (2) demanda que contenha sentença sem dispositivo, não será objeto de rescisória, sendo suficiente mera declaração de inexistência. Por outro lado, as nulidades se CONVALIDAM com o trânsito em julgado da sentença e no tocante às nulidade absolutas, as mesmas se transformam, por disposição legal, em vício de rescindibilidade e legitimam a propositura de ação rescisória. Assim, como ensina Daniel Amorim Assumpção Neves, "O vício de rescindibilidade, portanto, não se confunde com a inexistência jurídica nem com a nulidade absoluta, sendo o resultado de uma opção de política legislativa em prever determinadas situações aptas a afastar a segurança jurídica gerada pela coisa julgada material" NATUREZA JURÍDICA A ação rescisória não é um recurso, propriamente dito, mas, isto sim, tem natureza jurídica de AÇÃO, sendo uma espécie de "sucedâneo recursal externo", ou seja, é uma forma procedimental de impugnação de decisão judicial, mediante processo diverso. Por isso é usualmente denominada como Ação Autônoma de impugnação, a qual busca desconstituir decisão de mérito que gerou coisa julgada em outro Processo. OBJETO DA RESCISÃO A ação rescisória terá como objeto toda e qualquer DECISÃO DE MÉRITO TRANSITADA EM JULGADO (art. 966, 'caput'), e que por isso, formou COISA JULGADA MATERIAL, o que abarca as sentenças meritórias (definitivas) (art. 485) e as decisões interlocutórias que tenham decidido parcialmente o mérito da demanda (art. 356) ou constituído título executivo judicial em ação monitória (art. 701, S$ 2° e 3°). Também se admite a movimentação de ação rescisória em face de DECISÃO QUE NÃO SEJA DE MÉRITO (terminativa), nas hipóteses do artigo 966, $2°, ou seja, quando a decisão: A) impeça nova propositura de demanda, como na hipótese de reconhecimento de perempção (art. 486, §3°); ou B) impeça a admissibilidade de recurso (aqui se cuida de inadmissão e não de juízo de admissibilidade), oferecido contra decisão que tenha analisado ou não o mérito da causa (uma corrente defende que só cabe rescisória contra decisão que inadmite recurso, se a decisão atacada por esse recurso é de mérito. Mas essa questão é controversa) Ainda, a ação rescisória pode ter por objeto APENAS UM CAPÍTULO DA DECISÃO. pretendendo, assim, apenas uma rescisão PARCIAL (art. 966, §3°). Por outro lado, a HOMOLOGAÇÃO JUDICIAL de atos de disposição de direitos praticados pelas partes, ensejando ACORDOS e TRANSAÇÕES no processo, bem como ATOS HOMOLOGATÓRIOS praticados no curso da execução, NÃO SE SUJEITAM à ação rescisória, mas, isto sim, se submetem apenas à ANULAÇÃO, a ser declarada em Ação Anulatória, cujo julgamento competirá ao juiz que realizou a homologação questionada (art. 966, $4°). HIPÓTESES DE CABIMENTO DA RESCISÓRIA O art. 966 apresenta um rol TAXATIVO ("numerus clausus") de situações ensejadoras do oferecimento de ação rescisória, de modo que somente nas oito (08) hipóteses destacadas naquele dispositivo legal. Vejamos, a seguir, cada uma delas: Inciso I- A primeira hipótese que justifica a propositura de ação rescisória, envolve a possibilidade da prática de crime pelo juiz da causa, na medida em que a sentença tenha resultado de prevaricação (art. 319 do CP), concussão (art. 316 do CP) ou corrupção (art. 317 do CP), cometidos pelo magistrado na condução e na solução da causa. Nesses casos não se exige prévia condenação do juiz em ação penal, ou mesmo a anterior existência de processo criminal em curso. O reconhecimento da prática do delito pode ser feita de modo INCIDENTAL na ação rescisória. Mas a ação rescisória pode ser SUSPENSA, até final solução da demanda criminal, nos termos do art.315 do CPC, por força de prejudicialidade externa. Inciso II - A segunda hipótese autorizadora da rescisória diz respeito ao fato de o processo haver sido conduzido e julgado por juiz IMPEDIDO (art. 144) ou absolutamente INCOMPETENTE (arts, 42 a 53 e 64). O impedimento parcialidade, do juiz é considerada causa ABSOLUTA gera nulidade absoluta da causa e prova a de sua rescindibilidade. Entende a doutrina e a jurisprudência, que a ação rescisória será admitida mesmo que o impedimento ou a incompetência absoluta do magistrado tenham sido objeto de arguição e análise no processo originário. Inciso II - Também justifica a propositura de ação rescisória a prática de DOLO ou COAÇÃO exercida pela parte vencedora em prejuízo da parte vencida, ou ainda, a atuação. O emprego de dolo ou coação por um dos contendores em detrimento do outro, implica em ofensa aos princípios da boa-fé e da lealdade processual e por isso compromete o seu resultado, que pode ser rescindido. Mas é necessário provar o nexo causal entre o dolo e a coação, e o resultado da demanda, pois SOMENTE será possível a rescisão da sentença se ficar evidenciado que a má-fé da parte foi DETERMINANTE para o resultado do processo, tendo influenciado de forma significativa o magistrado, afastando-o da verdade dos fatos discutidos e considerados para o julgamento da causa. Prof. Júlio César Franco ◼ Mas nesse mesmo inciso III, apresenta-se também como causa justificadora da ação rescisória a prática de SIMULAÇÃO (art. 167 CC) ou de COLUSÃO (art. 142 CPC) entre as partes, com o fim de fraudar a lei. O processo simulado não é admitido e a sua sentença poderá ser rescindida, inclusive com a aplicação das penas de litigância de má-fé em relação aos dois litigantes. ◼ Inciso IV – Autoriza a propositura de ação rescisória o eventualdesrespeito à COISA JULGADA (arts. 337, §4o e 485, V). Assim, embora o correto teria sido a extinção oportuna da ação rescindenda, sem apreciação do seu mérito (art. 485, V), se tal não ocorreu por descuido das partes e do magistrado, a sentença de mérito proferida deverá ser rescindida, pois não se admite novo julgamento da mesma causa, quando já existe anterior decisão transitada em julgado. ◼ Também haverá ofensa à coisa julgada, quando o seu EFEITO POSITIVO não for respeitado no novo processo, ou seja, quando no julgamento de uma causa for desprezada a solução de mérito acerca de determinada relação jurídica ocorrida em causa diversa. Ex.: Em um processo já houve o reconhecimento da união estável entre duas pessoas, mas em outra causa entre as mesmas, tal fato é desconsiderado pelo juiz. ◼ Inciso V – A ação rescisória também terá cabimento na hipótese da sentença ou do acórdão violar, de modo manifesto, norma jurídica. Este item, portanto, se baseia na ocorrência de ERRO CRASSO do magistrado ou do órgão julgador, o qual afronta texto expresso de uma norma jurídica. ◼ E o termo NORMA JURÍDICA, deve ser entendido de modo amplo, abrangendo qualquer texto legal e até mesmo princípios não escritos. ◼ De qualquer modo, não é qualquer violação da lei que justifica a rescisória. É preciso que no momento da aplicação da norma na decisão questionada, não exista interpretação controvertida nos tribunais. ◼ A violação manifesta contra decisão baseada em enunciado de súmula ou acórdão proferido em julgamento de CASOS REPETITIVOS, também enseja ação rescisória, quando não tenha sido apontada a distinção entre a questão discutida no processo e o padrão decisório que lhe deu fundamento (art. 966, §5o). ◼ Mas nesse caso, o autor da rescisória deve DEMONSTRAR de modo FUNDAMENTADO que se trata de “situação particularizada por hipótese fática distinta ou de questão jurídica não examinada, a impor outra solução jurídica” (§6o), sob pena de inépcia da petição inicial. ◼ A causa de pedir, nesse caso, é a DISTINÇÃO entre o precedente ou a súmula repetitiva aplicada no caso concreto e o processo julgado, assim, sem a demonstração dessa distinção, não haverá causa de pedir e por isso, a inépcia da exordial será inevitável e provocará a extinção da rescisória. ◼ Inciso VI – O fato da sentença rescindenda ter se fundamentado em PROVA FALSA, assim (1) reconhecida em processo criminal ou (2) demonstrada na própria ação rescisória, justifica a propositura desta última. ◼ No caso da existência de processo criminal destinado à apuração da falsidade da prova, será possível a SUSPENSÃO da ação rescisória até o seu julgamento (art. 315). ◼ De qualquer forma, mesmo que reconhecida a falsidade da prova, APENAS será possível a rescisão da sentença se ficar EVIDENCIADO que a prova falsa foi o fundamento principal da decisão, ou seja, foi o fundamento único ou indispensável que sustentou a decisão impugnada. ◼ Inciso VII – Igualmente justificará a propositura de ação rescisória a obtenção, depois do trânsito em julgado, de PROVA NOVA, cuja existência o autor ignorava ou que não pôde fazer uso. ◼ Mas não é qualquer nova prova que autoriza a rescisória, e sim apenas aquela que, por si só, se mostra capaz de garantir ao autor um pronunciamento favorável na demanda original, como, por exemplo, o surgimento do recibo de pagamento da dívida cobrada. ◼ Entende-se por PROVA NOVA, não apenas a documental, propriamente dita, mas qualquer prova documentada, o que abrange prova pericial ou oral materializada em um documento, tal como laudo pericial ou termo de audiência. ◼ Não se confunde PROVA NOVA com FATO NOVO, pois este último não autoriza a ação rescisória. Prof. Júlio César Franco ◼ Inciso VII – Acrescenta-se como última hipótese justificadora da proposição de ação rescisória, a ocorrência de ERRO DE FATO que possa ser constatado através de exame dos autos originais. ◼ E o §1o do art. 966 explica que haverá erro de fato sempre que a decisão rescindenda (1) admitir como verdadeiro um fato INEXISTENTE ou quando (2) considerar inexistente um fato EFETIVAMENTE OCORRIDO. ◼ Imprescindível, também, que nesses dois casos o fato não represente ponto controvertido sobre o qual o juiz deveria ter se pronunciado. ◼ Assim, são REQUISITOS para a admissão da rescisória com base em erro de fato: a) o erro de fato deve ser fundamento essencial da sentença; b) a apuração do erro de fato deve ser realizado com as provas do processo original; c) o fato não pode representar ponto controvertido no processo de origem; e d) não pode existir pronunciamento judicial anterior sobre o fato. Prof. Júlio César Franco LEGITIMIDADE ATIVA Estão legitimados ativamente para propor a ação rescisória, todos os sujeitos elencados no artigo 967, quais sejam: A) qualquer uma das PARTES no processo original, ou seus SUCESSORES a título universal ou singular; B) o TERCEIRO juridicamente interessado; C) o MINISTÉRIO PÚBLICO, nas hipóteses do inciso III: c.1) quando o MP não foi ouvido no processo em que sua intervenção era obrigatória; c.2) quando a decisão rescindenda resultar de simulação ou colusão das partes, com o objetivo de fraudar a lei; ou c.3) sempre que a lei exigir a atuação do MP. D) aquele que não foi ouvido no processo em que lhe era obrigatória a intervenção, ou seja, o LITISCONSORTE NECESSÁRIO. LEGITIMIDADE PASSIVA Serão integrados ao polo passivo, TODOS OS SUJEITOS que figuraram como parte no processo originário e não estejam propondo a ação rescisória. Forma-se litisconsórcio passivo necessário nesse caso. PETIÇÃO INICIAL A petição inicial da ação rescisória deverá ser elaborada com a devida atenção aos requisitos comuns, previstos no artigo 319, acrescidos dos requisitos específicos contidos no artigo 968, “caput”, quais sejam: A) formulação de pedido de rescisão da decisão atacada; e B) pedido de novo julgamento, se for o caso. C) oferecimento de depósito em garantia do juízo, equivalente a cinco por cento sobre o valor da causa (art. 968, ‘caput’, II), o qual não será superior a 1.000 salários mínimos (§2o). O depósito em garantia referido é condição de procedibilidade da ação rescisória, tanto que a sua ausência ou insuficiência provoca o indeferimento da petição inicial (§3o). Referido depósito em garantia será convertido em MULTA e reverterá em benefício do réu, caso a ação rescisória seja, por unanimidade de votos, declarada inadmissível ou improcedente (art. 968, ‘caput’, II, cc 974, par. único). Prof. Júlio César Franco A exigência do depósito caução não será aplicada em face de autor beneficiário da assistência judiciária gratuita, ou mesmo em relação aos Entes Públicos indicados no art. 968, §1o (União, Estados, Distrito Federal, Municípios e suas autarquias e fundações), bem como ao Ministério Público e à Defensoria Pública. COMPETÊNCIA É dos TRIBUNAIS a competência originária para julgar ações rescisórias. Cuida-se de regra de competência funcional e, portanto, ABSOLUTA. De qualquer modo, se o autor distribuir a ação rescisória perante Tribunal incompetente, o mesmo será intimado para emendar a petição inicial, a fim de adequar o objeto da demanda e os autos serão remetidos ao Tribunal competente ( §§ 5o e 6o). EFEITO SUSPENSIVO DA AÇÃO A ação rescisória não tem efeito suspensivo e por isso, não impede o cumprimento da decisão rescindenda. Para que haja o sobrestamento da execução do julgado inquinado, é preciso a concessão de TUTELA PROVISÓRIA (art. 969). PROCEDIMENTO Uma vez distribuída a ação, será sorteado um RELATOR, cuja escolha recairá, sempre que possível, em um juiz que não haja participado do julgamento rescindendo(art. 971, par. único). Ao receber o processo, o Relator analisará as condições de procedibilidade da demanda e se as mesmas estiverem presentes, e não for o caso de indeferimento da petição inicial, determinará a CITAÇÃO do réu, ficando prazo para oferecimento de RESPOSTA entre um mínimo de quinze (15) dias e o máximo de trinta (30) dias (art. 970). Uma vez devolvidos os autos pelo Relator em Cartório com o RELATÓRIO, a Secretaria do Tribunal expedirá CÓPIAS do mesmo para todos os demais juízes que compuserem o órgão competente para o julgamento (art. 971, “caput”). Posteriormente, uma vez efetivada a citação, com ou sem contestação, passará a ser observado o PROCEDIMENTO COMUM e a marcha processual seguirá o rito dos artigos 318 a 512 do CPC. Na hipótese de os fatos alegados pelas partes dependerem de PROVAS, será aberta a FASE PROBATÓRIA, mediante decisão saneadora (art. 357). Assim, o RELATOR poderá (1) colher ele mesmo as provas necessárias ou, se preferir, (2) poderá delegar a competência para tanto ao órgão jurisdicional que proferiu a decisão rescindenda, expedindo CARTA DE ORDEM ao mesmo. Nesse caso, fixará prazo de um (01) a três (03) meses para a realização do ato probatório (art. 972). Uma vez concluída a instrução, será iniciada a etapa de ALEGAÇÕES FINAIS, sendo concedido às partes o prazo SUCESSIVO de dez (10) dias para a apresentação de memoriais escritos (art. 973, ‘caput’). Ato contínuo, os autos serão encaminhados em conclusão ao RELATOR, para o fim de JULGAMENTO pelo órgão competente (art. 973, par. único). Prof. Júlio César Franco Se é fato, como já dito, que a escolha do RELATOR não deverá recair sobre juiz que haja participado do julgamento rescindendo (art. 971, par. único), o mesmo impedimento NÃO OCORRE com relação aos demais juízes componentes do ÓRGÃO JULGADOR da rescisória. Nesse sentido, deparamos com a Súmula 252 do STF, segundo a qual: “Na ação rescisória, não estão impedidos os juízes que participaram do julgamento rescindendo”. JULGAMENTO DE PROCEDÊNCIA Sendo a ação rescisória julgada PROCEDENTE pelo tribunal, posto que reconhecida a ocorrência de causa de rescindibilidade, a decisão de mérito atacada será RESCINDIDA (juízo rescindendo) e por via reflexa, a coisa julgada material existente desaparecerá e deixará de prevalecer. No mesmo julgamento, acaso exista pedido específico formulado pelo autor, será proferido NOVO JULGAMENTO da causa de origem (juízo rescisório) (art. 974, “caput”). O julgamento de PROCEDÊNCIA da ação rescisória implicará na ordem de RESTITUIÇÃO do DEPÓSITO INICIAL, ao Autor. JULGAMENTO DE IMPROCEDÊNCIA Sendo a ação julgada IMPROCEDENTE pelo tribunal, a decisão rescindenda continuará a prevalecer tal como lançada e os efeitos da coisa julgada material SUBSISTIRÃO. Na hipótese de o resultado pela INADIMISSIBILIDADE da rescisória ou pela IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO, decorrer de julgamento por UNANIMIDADE do órgão julgador, o tribunal determinará a REVERSÃO do depósito inicial em favor do RÉU, sem prejuízo da imposição dos demais ônus da sucumbência ao Autor. PRAZO PARA A PROPOSITURA DA AÇÃO Como regra, o direito à rescisão se EXTINGUE em DOIS (02) ANOS (art. 975 “caput”). A natureza jurídica desse prazo é DECADENCIAL, o que implica dizer que a parte não perde o direito à ação rescisória, mas, isto sim, o decai do próprio direito material de desconstituir a decisão. O TERMO INICIAL (“dies a quo”) do prazo, coincide com o trânsito em julgado da última decisão proferida no processo (art. 975, “caput”), mesmo que tal decisão seja de inadmissão de recurso. Sobre o tema, confira-se a Súmula 401 do STJ: “O prazo decadencial da ação rescisória só se inicia quando não for cabível qualquer recurso do último pronunciamento judicial”. Mas se a rescisória tiver por base a ocorrência de SIMULAÇÃO ou COLUSÃO das partes, o TERMO INICIAL do prazo decadencial para o terceiro prejudicado e o Ministério Público, será o momento em que tiveram ciência da simulação ou da colusão (art. 975,§3o). Entende-se, também, que o prazo decadencial de dois anos NÃO FLUI em desfavor de INCAPAZES (art. 208 CC). O termo inicial da decadência, nesse caso, seria a perda da condição de incapaz. Também importante o fato de que, se o PRAZO TERMINAR em férias forenses, recesso, feriados ou em dias sem expediente forense, será PRORROGADO até o primeiro dia útil imediatamente subsequente (art. 975, §1o). PRAZO DIFERENCIADO No caso da ação rescisória ter fundamento no surgimento de PROVA NOVA (art. 966, VII), então o prazo decadencial continua a ser, tecnicamente, de DOIS (02) ANOS, computado a partir da data da descoberta da prova nova, PORÉM, respeitado o limite máximo de cinco (05) anos, considerados desde o trânsito em julgado da última decisão proferida no processo (art. 975, §2o) ... 1. CONCEITO Como visto anteriormente, por força da regra disposta no artigo 926, os tribunais devem UNIFORMIZAR a sua jurisprudência, harmonizando os julgados, bem como mantê-la estável, integra e coerente, com o intuito de garantir aos jurisdicionados um tratamento isonômico e segurança jurídica. Dessa forma, o Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas (IRDR), previsto nos arts. 976 a 987, pode ser entendido como um dos instrumentos processuais criados pelo novo CDC, destinado a uniformizar a interpretação e a aplicação do direito, material ou processual, sempre que constatada efetiva REPETIÇÃO DE PROCESSOS sobre a MESMA CONTROVÉRSIA. O objetivo do IRDR, é fixar TESE JURÍDICA a ser aplicada em todos os processos, individuais ou coletivos, bem como aos casos presentes e futuros que tratem sobre idêntica questão de direito, criando interpretação com força VINCULATIVA. 2. REQUISITOS A instauração do IRDR somente se mostra possível quando presentes os requisitos legais, que são (art, 976): 2.a) efetiva repetição de processos tratando sobre a mesma controvérsia (inciso I) 2.b) ocorrência da mesma questão unicamente de DIREITO (inciso II) 2.c) risco de ofensa à isonomia e à segurança jurídica (inciso II); 2.d) inexistência de afetação de recurso em um dos tribunais superiores, para definição sobre a mesma tese repetitiva (§4°). 3. MINISTÉRIO PÚBLICO A intervenção do Ministério Público será OBRIGATÓRIA no IRDR, como fiscal da lei ("custos legis),sob pena de nulidade, sempre que ele mesmo não seja o requerente do incidente. No caso de desistência ou abandono do IRDR pelo seu proponente, o Ministério Público assumirá a sua titularidade (art. 976, $2°). 4. REPROPOSITURA DO IRDR Nos casos de inadmissão do IRDR por ausência de qualquer de seus pressupostos de admissibilidade, não há impedimento para nova proposição do incidente, desde que os requisitos sejam afinal atendidos (art. 976, §3°). 5. GRATUIDADE A instauração do IRDR independe do recolhimento de custas processuais ou o pagamento de verba honorária advocatícia . Cuida-se, portanto, de incidente processual GRATUITO (art. 976, $5°), 6. LEGITIMIDADE ATIVA As pessoas elencadas no artigo 977 "caput" estão legitimadas ativamente para propor a instauração do IRDR. Assim, poderão fazê-lo: A) o juiz ou o relator, mediante oficio; B) qualquer uma das partes do processo, por petição; C) o Ministério Público, por petição; ou D)a Defensoria Pública, por petição. 7. COMPETÊNCIA PARA JULGAMENTO O julgamento do IRDR compete ao TRIBUNAL onde os processos repetitivos tramitam. Especificamente, O julgamento caberá ao ÓRGÃO indicado pelo Regimento Interno do Tribunal, como sendo o responsável pela uniformização de sua jurisprudência (art. 978). No casodos Juizados Especiais, o IRDR será julgado pelo COLÉGIO RECURSAL, especificamente pela TURMA DE UNIFORMIZAÇÃO DO SISTEMA DOS JUIZADOS ESPECIAIS. 8. PUBLICIDADE A instauração do IRDR será sucedida da mais ampla e específica DIVULGAÇÃO e PUBLICIDADE, por meio de registro eletrônico no Conselho Nacional de Justiça (art. 979, 'caput'). Além disso, os TRIBUNAIS também deverão manter BANCO ELETRÔNICO DE DADOS atualizados, com informações específicas sobre as questões de direito submetidas ao incidente (§1°). Necessário o apontamento de elementos mínimos de identificação dos processos abrangidos pelo IRDR, principalmente os (1) fundamentos determinantes da decisão e (2) os dispositivos normativos a ela relacionados (§2°). 9. PRAZO PARA JULGAMENTO Dispõe o art. 980 que o IRDR deverá ser julgado no prazo de um (01) ano, sendo que tal incidente terá PREFERÊNCIA sobre todos os demais processos, salvo quando se trate de demanda envolvendo réu preso, bem como os pedidos de 'habeas corpus'. Na hipótese de SUPERAÇÃO do prazo ânuo referido, deverá CESSAR a suspensão dos processos que tratam sobre a mesma matéria, salvo se houver decisão fundamentada do relator em sentido contrário (par. Único). 1. CONCEITO E GENERALIDADES: A reclamação deve ser entendida como o instrumento processual que tem por objetivo evitar a ocorrência de ofensa à autoridade de um julgado, fazendo prevalecer e garantir a eficácia das decisões de determinado tribunal, bem como a preservação de sua competência. A reclamação tem natureza JURISDICIONAL e não se trata de simples atividade administrativa. Assim, não se confunde com correição parcial. Mas a reclamação também não tem natureza recursal , pois o seu objetivo NÃO É de reforma da decisão, nem a sua anulação, mas apenas permite (1) a CASSAÇÃO da decisão que ofende a autoridade do Tribunal, ou (2) viabiliza a preservação da competência do Tribunal, 2. HIPÓTESES DE CABIMENTO: A reclamação poderá ser oferecida nas hipóteses indicadas no artigo 988, "caput" do CPC. Assim, terá cabimento para: A) preservar a competência do tribunal - sempre que um órgão jurisdicional inferior usurpar a competência dos tribunais, atuando e decidindo em casos que competiram com exclusividade a estes últimos, será possível o oferecimento de reclamação. Ex.: quando oferecida apelação, o juiz de primeiro grau não pode mais realizar juízo de admissibilidade (art. 1010, §3°), pois tal será efetuado somente em segundo grau; assim, se o magistrado negar seguimento ao apelo, estará usurpando a competência do tribunal e estará sujeito à reclamação. B) garantir a autoridade das decisões do tribunal - as decisões dos tribunais devem ser cumpridas e respeitadas pelos órgãos jurisdicionais sujeitos a eles. Sempre que uma decisão da Corte superior for desatendida ou afrontada por um órgão ou juiz inferior, terá cabimento a reclamação para cassar a decisão que a afronta. Ex: se ao solucionar um agravo de instrumento, o tribunal decidiu que determinada diligência deveria ser realizada, entendendo que se tratava de prova necessária no processo, mas o juiz de primeiro grau, contrariando aquela solução negou a realização do ato processual referido, sofrerá os efeitos da reclamação, pois fez 'tabula rasa" da decisão superior, afrontando-a. C) garantir a observância de enunciado de súmula vinculante e de decisão do STF em controle concentrado de constitucionalidade -O Supremo Tribunal Federal, como órgão máximo do Poder Judiciário, é soberano em suas decisões, sobretudo aquelas expressadas em súmulas vinculantes e no exercício do control concentrado de constitucionalidade. Assim, quando qualquer órgão jurisdicional inferior descumprir tais decisões, desprezando os seus termos, sofrerá os efeitos da reclamação. Inclusive, no que se refere a afrontas a decisões do STF e do STJ, a possibilidade de oferecimento de reclamação está prevista na própria Magna Carta (art. 102, I, "l e 105, I, 'f), propiciando a denominada RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL. D) garantir a observância de acórdão proferido em julgamento de incidente de resolução de demandas repetitivas ou de incidente de assunção de competência Os incidentes referidos, quais sejam o IRDR e o lAC, pretendem justamente uniformizar a jurisprudência em torno de determinados temas, porque se mostram repetitivos, relevantes, ou têm grande repercussão social. Bem por isso, os juízes e tribunais devem necessariamente se sujeitar aos acórdão proferidos em tais incidentes, cumprindo os seus termos (art. 927, II1), sob pena de, ao afrontar os mesmos, sofrerem os efeitos da reclamação. 3) LEGITIMIDADE ATIVA Dispõe o art. 988, "caput", que a reclamação poderá ser oferecida pela (1) parte interessada ou pelo (2) ministério público. Mas há entendimento no sentido de que (3) terceiros interessados também estarão legitimados ativamente para o oferecimento da reclamação. 4) COMPETÊNCIA PARA PROCESSAMENTO A reclamação será processada perante o TRIBUNAL, qualquer que sela ele, que teve a sua decisão ou competência afrontada, e será julgada pelo órgão jurisdicional cuja competência se busca preservar ou cuja autoridade se pretenda garantir (art. 988, $1°). 5) AUTONOMIA ENTRE DIREITO DE RECLAMAR E DE RECORRER Subsiste independência e autonomia entre o direito recursal e o direito à reclamação, de tal forma que se utilizou de ambas as formas de ataque à decisão(recurso e reclamação), a inadmissibilidade ou o julgamento do recurso interposto contra a decisão proferida pelo órgão reclamado, não prejudica reclamação (art. 988, §6°). 6) PRAZO PARA OFERECIMENTO Em se cuidando de ação judicial, NÃO HÁ PRAZO processual para oferecimento Da reclamação. Porém, o STF pacificou o entendimento de que não cabe reclamação constitucional contra decisão transitada em julgado (Súmula 734). Súmula 734: Não cabe reclamação quando já houver transitado em julgado o ato judicial que se alega tenha desrespeitado decisão do Supremo Tribunal Federal. 7) INADMISSIBILIDADE DA RECLAMAÇÃO A reclamação será inadmissível nas hipóteses do art. 988, $5°, ou seja, se for proposta: I) depois do trânsito em julgado da decisão reclamada; II) quando ainda não esgotadas as instâncias ordinárias, a reclamação for oferecida para garantir a observância de acórdão de recurso extraordinário com repercussão geral reconhecida ou de acórdão proferido em julgamento de recursos extraordinário ou especial repetitivos. 8) PROCEDIMENTO A) A PETIÇÃO INICIAL da reclamação deverá ser instruída com prova documental da afronta à decisão ou à competência do tribunal e será direcionada ao PRESIDENTE do órgão colegiado ofendido (art. 988, $2°). B) Assim que apresentada a petição inicial, a mesma será AUTUADA e DISTRIBUÍDA ao relator do processo principal, sempre que possível (art. 988, $3°). C) Ao receber a petição inicial, o RELATOR: C.1)requisitará informações da autoridade a quem se imputa a prática do ato impugnado, no prazo de dez (10) dias; C.2) ordenará a suspensão do processo ou do ato impugnado, se necessário for; e C.3) determinará a citação do beneficiário da decisão impugnada, para que possa apresentar contestação em 15 dias. D)Qualquer interessado poderá impugnar o pedido do reclamante, ingressando na reclamação para tanto (art.990). F) Na hipótese de o Ministério Público não ser o autor da reclamação, o mesmo atuará como fiscal da ordem jurídica ('custos legis') e terá vista dos autos pelo prazo de cinco (05) dias, após o decurso do prazo para contestação, para oferecimento do seu PARECER. G) Após, a reclamação será objeto de JULGAMENTO pelo órgão colegiado competente, podendo o resultado ser de procedência ou de improcedência. G.1) Se a solução da reclamação for de IMPROCEDÊNCIA, então haverá oreconhecimento de que não houve afronta alguma à decisão superior ou à competência do tribunal, o que levará à prevalência da decisão atacada. G.2) Mas se a solução da reclamação for de PROCEDÊNCIA, então o tribunal (1) CASSARÁ a decisão exorbitante e (2) determinará a MEDIDA ADEQUADA para a solução da controvérsia (art. 992). 9) MOMENTO DE GERAÇÃO DE EFEITOS Conforme disposição do art. 993, o presidente do tribunal determinará o cumprimento IMEDIATO da decisão da reclamação, antes mesmo da lavratura do acórdão, com base nos princípios da celeridade e da efetividade das decisões judiciais. •DISPOSIÇÕES GERAIS• A partir de agora iniciaremos o estudo dos RECURSOS, propriamente ditos, e adentraremos na análise de cada uma das ESPÉCIES RECURSAIS previstas no Código de Processo Civil. O RECURSO nada mais é do que um MEIO ou INSTRUMENTO, previsto em lei, através do qual a parte ou interessado em determinado processo poderá provocar o REEXAME de uma decisão judicial, requerendo uma nova análise da mesma, com o objetivo de obter a sua invalidação, a reforma, o esclarecimento ou a sua integração. Segundo o mestre Humberto Theodoro Júnior, "caracteriza-se o recurso como o meio idôneo a ensejar o reexame da decisão dentro do mesmo processo em que foi proferida, antes da formação da coisa julgada". Para ser considerado como recurso, o mesmo deve ser utilizado DENTRO do mesmo processo em que foi proferida a decisão recorrida, Ações autônomas de impugnação, tais como mandado de segurança, ação rescisória e embargos de terceiro, não podem ser classificadas como recurso. Neste momento especifico, então, apreciaremos as regras gerais contidas nos artigos 994 ao 1008 do CPC, as se aplicam indistintamente a TODOS os recursos. 1. ROL TAXATIVO DE RECURSOS Apenas pode ser considerado como recurso o instrumento de impugnação previsto como tal em LEI FEDERAL, pois a UNIÃO tem competência exclusiva para legislar sobre processo (art. 22, I, da Magna Carta). Portanto, os recursos estarão previstos de forma EXAUSTIVA ('numerus clausus') no ordenamento processual, o que impede as partes, mesmo que de comum acordo, de criar outras formas recursais (Principio da Taxatividade), mesmo diante do artigo 190 do CPC, o qual autoriza mudanças no procedimento por vontade dos litigantes. Daí resulta que os únicos recursos possíveis no processo civil, são aqueles previstos no artigo 994 do CPC ou em outras Leis Federais como o recurso inominado no JEC (art. 41 da Lei 9.099.95) e os embargos infringentes na execução fiscal (art. 34 da Lei 6830/80). 2. EFEITOS DOS RECURSOS Todos os recursos, indistintamente, são dotados de EFEITO DEVOLUTIVO, pois devolvem ao Tribunal a reanálise da matéria questionada, abrindo a oportunidade de sua revisão, adequação ou anulação. Porém, nem todo recurso possui EFEITO SUSPENSIVO, que consiste na capacidade de impedir a eficácia da decisão atacada enquanto não for julgado pelo tribunal. Ou seja, tal efeito torna a decisão recorrível INEFICAZ, impedindo que a mesma propague os seus efeitos no mundo jurídico, até que haja o julgamento do recurso. Os recursos, como regra, NÃO TÊM EFEITO SUSPENSIVO, O que somente será possível quando houver (1) expressa previsão legal ("ope legis") ou quando houver (2) decisão judicial ("ope judicis") concedendo o efeito no caso concreto, se estiverem presentes os requisitos para tanto (art. 995, 'caput'). A decisão judicial que atribui efeito suspensivo ao recurso será concedida pelo RELATOR e para tanto, deverão ser atendidos os seguintes requisitos contidos no art. 995, par. único: A) haver perigo de dano grave; B) existir risco de difícil ou impossível reparação; e C) ficar demonstrada a probabilidade de provimento do recurso. 3. LEGIMIDADE RECURSAL Conforme disposição contida no art. 996, 'caput', o recurso pode ser interposto (1) pela parte vencida, (2) pelo terceiro prejudicado, ou (3) pelo Ministério Público. No tocante à PARTE, aí se inclui o AUTOR, o RÉU e TERCEIROS INTERVENIENTES, desde que integrados à lide no momento em que a decisão impugnada é proferida. No que pertine ao MINISTÉRIO PÚBLICO, o mesmo poderá recorrer como fiscal da lei ('custos legis') ou como parte ("dominus litis"), pouco importando a forma como atua na demanda. No que se refere ao TERCEIRO PREJUDICADO, o mesmo deve demonstrar a possibilidade de a decisão impugnada "atingir direito de que se afirme titular ou que possa discutir em juízo como substituto processual" (art. 996, par. único) (ex.: perito que teve reduzido seu salário; advogado que não aceita a fixação da verba honorária; "amicus curiae"). 4. RECURSO ADESIVO Como regra, as partes devem oferecer cada qual o seu recurso, de forma INDEPENDENTE e DESVINCULADA uma da outra, desde que o façam no prazo correto e atendam as exigências legais para tanto (art. 997."caput"). No entanto, quando forem vencidos autor e réu, admite-se a possibilidade de qualquer um deles ADERIR ao recurso do outro mediante RECURSO ADESIVO (art. 997, $1°). O recurso adesivo é tratado como um recurso SUBORDINADO, pois se vincula ao recurso independente ao qual aderiu e por isso, a ele se aplicam as mesmas regras para admissibilidade e julgamento pelo tribunal (art. 997, §2°). Como se trata de um recurso SUBORDINADO, o mesmo não será conhecido se (1) houver desistência do recurso principal, ou se (2) este último for considerado inadmissível (art. 997, $2°,III). Xxx 5. DESISTÊNCIA DO RECURSO Uma vez interposto o recurso, o recorrente poderá DESISTIR do mesmo a qualquer tempo e para tanto, não precisará da anuência do recorrido ou mesmo dos litisconsortes (art. 998, "caput"). No entanto, o termo utilizado pela lei, "a qualquer tempo", deve ser entendido como sendo possível a desistência apenas até o encerramento do julgamento do recurso, porque não será admitida a desistência depois de pronunciado o resultado do julgamento. Ainda, a desistência não gera efeitos no tocante à análise de questão cuja (1) repercussão geral lá tenha sido reconhecida ou que seja (2) objeto de julgamento de recursos extraordinários ou especiais repetitivos (art. 998, par. único). Nesses casos, o interesse público sobre a matéria de repercussão geral prevalece e permite que o Tribunal continue a discussão e julgamento a respeito. 6. RENÚNCIA AO DIREITO DE RECORRER O direito de oferecer recurso pode ser objeto de RENÚNCIA pela parte e a sua manifestação independe de anuência ou aceitação do outro litigante (art. 999). A renúncia ao direito de recorrer pode ser EXPRESSA, quando manifestada por escrito, via petição nos autos, ou mesmo oralmente, em audiência. A renúncia será TÁCITA, quando a parte Apenas deixa de recorrer dentro do prazo para oferecimento de recurso. Ainda, a renúncia pode ser TOTAL ou PARCIAL, conforme atinja todo e qualquer recurso, ou se refira somente ao recurso principal, viabilizando, porém, a apresentação de recurso adesivo. 7. ACEITAÇÃO DO JULGADO O art. 1.000 cuida do fenómeno da AQUIESCÊNCIA e destaca que a mesma gera a preclusão lógica do direito de oferecer recurso. Portanto, a parte que ACEITA a decisão, de modo expresso ou tácito, não poderá depois se voltar contra ela pela via recursal. A aceitação EXPRESSA resulta de manifestação inequívoca da parte, declarando expressamente que admite a decisão e não se opõe a ela. A aceitação TÁCITA decorre da prática, sem reservas, de ato incompatível com a vontade de recorrer, como, por exemplo, no caso da parte que deposita o valor da condenação sem qualquer ressalva. 8. IRRECORRIBILIDADE DOS DESPACHOS Entende-se por DESPACHO, todo e qualquer pronunciamento do juiz no processo, de ofício ou a requerimento da parte, sem caráter decisório, destinado apenas ao andamento do processo, (art
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