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10 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI CENTRO DE EDUCAÇÃO ABERTA E A DISTÂNCIA – CEAD/UFPI AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM João do Socorro Silva Rocha Maria das Graças R. de Moura e Sousa Vera Lúcia Costa Oliveira 2014 11 R672e ROCHA, João do Socorro Silva. Avaliação da Aprendizagem / João do Socorro Silva Rocha, Maria das Graças R. de Moura e Sousa, Vera Lúcia Costa Oliveira. Teresina: CEAD/EDUFPI, 2014. 130p. ISBN xxxxxxxx 1. Avaliação da Aprendizagem. 2. Concepções da avaliação vigentes na escola. 3 instrumentos e critérios de avaliação Institucional .I. Sousa, Maria das Graças R. de Moura. II. Oliveira, Vera Lúcia Costa e .III. Titulo. CDD 574.5 12 APRESENTAÇÃO Caro estudante, neste módulo, estudaremos o processo da avaliação da aprendizagem e avaliação institucional. Ao estudarmos essa temática não podemos deixar de lado os estudos sobre a Educação, pois é a partir do conceito e da prática de educação que conseguimos situar a avaliação. Apresentamos a temática da avaliação aprendizagem e avaliação institucional dentro de um prisma social, político e pedagógico, sempre focando as evoluções na educação e nos métodos de avaliar as crianças, adolescentes, jovens e adultos do Brasil. Portanto, ao se apropriar dos conteúdos do curso, você deverá fazê-lo de forma pausadamente e de maneira interativa. Você deve proceder à leitura compreensiva dos textos, e refletir sobre as possibilidades de aplicação das habilidades acumuladas na sua própria realidade. Parabéns aproveite ao máximo esta oportunidade: observe os símbolos e as ilustrações, consulte as fontes complementares indicadas, elabore sínteses e esquemas, realize as atividades propostas. Vale ressaltar, que ao iniciar as leituras, você deve elaborar uma programação pessoal, baseada no tempo disponível. Deve estabelecer uma previsão em relação aos conteúdos a serem estudados, os prazos para realização das atividades e as datas de entrega das atividades no SIGAA/UAB- UFPI. Com a finalidade de compreender a avaliação para além da nota e da tarefa burocrática, apresentamos na Unidade 01 a contextualização da avaliação a partir de sua evolução histórica e a Origem da avaliação. Além de uma pequena viagem na 13 Avaliação na idade antiga; Avaliação na idade média, avaliação no período renascentista; Avaliação nos tempos modernos e Avaliação na idade contemporânea. Compreendemos que o ato de avaliar requer compromisso político e conhecimento sobre a legislação de nossa Educação, por isso a Unidade 02 Destacamos de forma detalhada um pouco de nossa legislação no tocante a avaliação da aprendizagem; Detalha os Parâmetros curriculares nacionais - PCNs e a avaliação; Bem como discorre sobre as Diretrizes para a formação de professores e a avaliação. A Unidade 03 Procurou-se apresenta os tipos de avaliação, os critérios e instrumentos avaliativos. Através dos fundamentos teóricos da avaliação da aprendizagem; Paradigmas e conceitos da avaliação da aprendizagem; Concepções pedagógicas e a avaliação escolar. A Unidade 04 Discorreu sobre as Práticas avaliativas na educação básica; Práticas avaliativas na educação básica na visão tradicional; Práticas avaliativas na educação básica na visão escolanovista; Práticas avaliativas na educação básica na visão tecnicista; e Práticas avaliativas na educação básica na visão interacionista. E avaliação Institucional. Esperamos que seus estudos sejam permeados de organização e disciplina, e as aprendizagens deles resultantes tenham significados para e na sua formação. Bons estudos!! Prof. Ms. João do Socorro Silva Rocha 14 SUMÁRIO UNIDADE 1 PROCESSO HISTÓRICO DA AVALIAÇÃO .............................. 16 Processo histórico da avaliação.............................................. 17 Origem da avaliação ............................................................... 19 Avaliação na idade antiga ........... Erro! Indicador não definido. Avaliação na idade média ....................................................... 22 Avaliação no periodo renascentista ........................................ 24 Avaliação nos tempos modernos ............................................ 25 Avaliação na idade contemporânea ........................................ 27 Anos 50: primazia da avaliação dos produtos. ........................ 28 Anos 60: primazia da avaliação nos produtos, mas também nos processos. .............................................................................. 29 Anos 70: primazia da avaliação na interpretação dos contextos. ............................................................................................... 30 UNIDADE 2 A LEGISLAÇÃO E A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM........ 34 A legislação e a avaliação da aprendizagem .......................... 35 Parâmetros curriculares nacionais - PCN e a avaliação ......... 44 Diretrizes para a formação de professores e a avaliação ....... 49 UNIDADE 3 FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA AVALIAÇÃO ESCOLAR ...... 53 Fundamentos teoricos da avaliação da aprendizagem ........... 55 Paradigmas e conceitos da avaliação da aprendizagem ........ 55 Concepções pedagógicas e a avaliação escolar .................... 59 Práticas avaliativas na educação básica. ................................ 73 Práticas avaliativas na educação básica na visão tradicional . 73 Práticas avaliativas na educação básica na visão escolanovista ............................................................................................... 74 Práticas avaliativas na educação básica na visão tecnicista ... 75 Práticas avaliativas na educação básica na visão interacionista ............................................................................................... 76 Critérios e instrumentos de avaliação ..................................... 78 Os instrumentos coletivos de avaliação. ................................. 87 UNIDADE 04 INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO PARA EDUCAÇÃO INFANTIL & AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL ............................. 99 Instrumentos de avaliação para educação infantil .................100 Tipos de avaliação informal que podem ser aplicados na educação infantil: ...................................................................102 A observação como instrumentos de avaliação .....................103 15 O registro de observação como instrumentos de avaliação ...104 A lista de verificação como instrumentos de avaliação ..........105 As grelhas de observação como instrumentos de avaliação ..106 As escalas como instrumentos de avaliação..........................106 Os registros de incidentes críticos como instrumentos de avaliação ...............................................................................107 Modalidades de avaliação: somativa, formativa e diagnóstica ..............................................................................................108 Avaliação institucional ...........................................................119 Organização d as avaliações institucionais ............................119 REFERÊNCIAS CONSULTADAS ............................................125 16 UNIDADE 1 PROCESSO HISTÓRICO DA AVALIAÇÃO RESUMINDO O objetivo desta unidade foi capacitar o aluno de pós graduação analisar os processo histórico da avaliação; A Origem da avaliação; Realizou – se uma pequena viagem na Avaliação na idade antiga; Avaliação na idade média; Avaliação no período renascentista; Avaliação nos tempos modernos; Avaliação na idade contemporânea. Também Identificou avaliação nos anos 50: primazia da avaliação dos produtos; Anos 60: primazia da avaliação nos produtos, mas também nos processos e no anos 70: primazia da avaliaçãona interpretação dos contextos. . 17 PROCESSO HISTÓRICO DA AVALIAÇÃO A quase totalidade da literatura referente à avaliação diz respeito à aprendizagem do aluno. Entre esta literatura, uma grande parte trata das técnicas de avaliação. Ora, o processo de avaliação não diz respeito apenas ao ensino e nem pode ser reduzido apenas a técnicas. A avaliação é uma constante em nosso cotidiano, não aquela que fazemos ou estamos comprometidos a fazer quando nos encontramos na escola, mas outro tipo, como aquele em que avaliamos impressões e sentimentos, possibilitando-nos observar que a ação e avaliar é tarefa inerente ao pensar, ao sentir e ao agir humano. Fazendo parte da permanente reflexão sobre a atividade humana, a avaliação constitui-se num processo intencional, auxiliado por diversas ciências, e que se aplica a qualquer prática. Analisando o processo de avaliação, observa-se que os fatores dinâmicos, proporciona uma evolução, ocasionando continuamente uma metamorfose. Desta forma o processo, atual, do sistema de avaliação é mais uma etapa nesta jornada histórica do sistema de educação. Os primeiros sinais de um sistema de avaliação da aprendizagem escolar datam de 1549 com o ensino jesuítico, que permaneceu no Brasil até 1759, ou seja, por 210 anos. Tal ensino era caracterizado por sua postura tradicional com o foco no professor e levava o aluno a uma prática que o distanciava da convivência com a sociedade, no que se refere às práticas da vida cotidiana. Sobre essa questão Libâneo diz: [...] Os objetivos, explícitos ou implícitos, referem-se à formação de um aluno ideal desvinculado com a sua realidade concreta. O professor tende a encaixar o aluno num modelo idealizado de homem que nada Curiosidade Quando se pensa em avaliação em educação, pensa-se logo em provas. Acontece que avaliação é algo muito mais amplo do que fazer, aplicar, corrigir provas e atribuir notas ou conceitos. http://www.luckesi.com. br/apresentacao.htm 18 tem a ver com a vida presente e futura. A matéria de ensino é tratada separadamente, isto é, desvinculada dos interesses dos alunos e dos problemas reais da sociedade e da vida.” (LIBÂNEO, 1994, p. 63) Assim, mesmo não tendo um sistema avaliativo propriamente dito, os jesuítas se configuravam pelo ensino focado na memorização, ou seja, os alunos eram obrigados a decorar as lições, tal como estava nos livros. Sobre isso Aranha (1989) diz: O ensino jesuítico possuía uma metodologia própria baseada em exercícios de fixação por meio de repetição, com objetivo de serem memorizados. Os melhores alunos auxiliavam os professores a tomar lições de cor dos outros, recolhendo exercícios e tomando nota dos erros dos outros e faltas diversas que eram chamadas de decuriões. As classes inferiores repetiam lições da semana todo sábado. Daí a expressão “sabatina” utilizada por muito tempo para indicar formas de avaliação.” (ARANHA, 1989, p. 51) O período do império por ter sido marcado pelas mudanças históricas tanto na política como no processo educativo, as formas avaliativas quase nunca eram realizadas, por não haver um processo avaliativo estabelecido. O período republicano trouxe a avaliação da aprendizagem de forma mais sistemática, desse modo os alunos passaram a ser avaliados constantemente com a realização de provas, orais, escritas e práticas. Assim a avaliação se restringia a aprovação e reprovação do aluno. Porém em 1904 a avaliação passou a ser sistematizada a partir de notas que iam de 0 a 5. A primeira república, que teve início em 1920, trouxe algumas discussões sobre o formato do ensino tradicional limitada Saiba Mais Avaliar é um processo que acontece ao longo de todo o percurso de aprendizagem dos estudantes. Sem avaliar não há construção de conhecimentos, não há aprendizagens. http://www.luckesi.com. br/apresentacao.htm 19 à elite e pautada na aprendizagem de forma mecânica. A partir de 1932 com o Manifesto dos Pioneiros, que tinha entre seus idealizadores Anísio Teixeira, a luta por uma escola democrática que contemplasse toda população ganhou mais força. A Escola Nova apresentou a proposta onde os professores tivessem como parâmetro os interesses dos alunos, tornando-se assim facilitadores ao invés de apenas transmissores de conteúdos. Desse modo, o sistema avaliativo era feito de forma subjetiva, permitindo que o aluno tivesse autonomia sobre sua formação. Através do tempo, são verificados as principais tendências e desenvolvimento do processo avaliativo em diferentes fases históricas tais como: Idade Antiga, Idade média, renascimento, tempos modernos e idade contemporânea. AVALIAÇÃO E SUA ORIGEM O termo “Avaliar” vem do latim a + valere, que significa atribuir valor e mérito ao objeto em estudo. Segundo Maria Elisabeth Pereira Kraemer (2010), avaliar é atribuir um juízo de valor sobre a propriedade de um processo para a aferição da qualidade do seu resultado. Agora o entendimento do sistema avaliativo em sintonia com o processo ensino/aprendizagem é levado em conta o raciocínio do quantitativo, isto é, mensurar as habilidades acumuladas durante um período letivo. A temática “Avaliação” é motivo de estudo deste meados do século XX. Agora de acordo com Caro Apud Goldberg & Souza Dica Importante É importante que você leia os livros mais recomendados da professora Jussara Hoffmann que são Avaliação Mediadora uma prática em construção da pré-escola à universidade, e Avaliação: Mito e Desafio uma perspectiva construtivista. Visite seu site http://www.jussarahoff mann.com.br http://www.jussarahoffmann.com.br/ http://www.jussarahoffmann.com.br/ 20 (1982), deste do século XIX há evidencias de estudos avaliativo com a finalidade de esclarecer a real relação entre o tempo de treinamento e o rendimento em ortografia, identificando na pesquisa que uma demanda grande de atividades não proporciona uma qualidade melhor no aprendizado dos alunos. No artigo, avaliação da aprendizagem como alavanca para construção de uma nova escola, a autora aponta que: [...] as duas primeiras décadas deste século, de acordo com Borba & Ferri (1997), foram marcadas pelo desenvolvimento de testes padronizados para medir as habilidades e aptidões dos alunos e influenciados, principalmente nos Estados Unidos, pelos estudos de Robert Thorndike. (KRAEMER,(2010). A pesquisadora reforça que neste período, as pesquisas avaliativas voltavam-se particularmente para a mensuração de mudanças do comportamento humano. Caro Apud Goldberg & Souza (1982) aponta várias destas pesquisas realizadas nos anos 20 para medir efeitos de programas de diversas áreas sobre o comportamento das pessoas. Eram realizados experimentos relativos à produtividade e à moral dos operários, à eficácia de programas de saúde pública, à influência de programas experimentais universitários sobre a personalidade e atitudes dos alunos, etc. ( KRAEMER,(2010). A avaliação da aprendizagem tem seus princípios e características no campo da Psicologia, sendo que as duas primeiras décadas do século XX foram marcadas pelo Para refletir A PROVA é apenas uma atividade que pode e deve ser utilizada nesse processo. O processo de avaliar envolve fazer um diagnóstico de uma situação, seja ela a aprendizagem de um aluno, o desenvolvimento de um projeto, a saúde de um paciente; envolve, ainda, estabelecer formas de atuar para melhorar a situação, no que for necessário e, depois de diagnosticada essa situação, tomar decisões a partir da ação implementada. http://www.luckesi.com. br/apresentacao.htm 21 desenvolvimento de testes padronizados para medir as habilidades e aptidões dos alunos. Ainda nesta perspectiva a autora entende que a avaliação é uma operação descritiva e informativanos meios que emprega, formativa na intenção que lhe preside e independente face à classificação. De âmbito mais vasto e conteúdo mais rico, a avaliação constitui uma operação indispensável em qualquer sistema escolar. (KRAEMER,(2010). Havendo sempre, no processo de ensino/aprendizagem, um caminho a seguir entre um ponto de partida e um ponto de chegada, naturalmente que é necessário verificar se o trajeto está a decorrer em direção à meta, se alguns pararam por não saber o caminho ou por terem enveredado por um desvio errado. É essa informação, sobre o progresso de grupos e de cada um dos seus membros, que a avaliação tenta recolher e que é necessária a professores e alunos. A avaliação descreve que conhecimentos, atitudes ou aptidões que os alunos adquiriram, ou seja, que objetivos do ensino já atingiram num determinado ponto de percurso e que dificuldades estão a revelar relativamente a outros. De acordo com Kraemer (2010), esses conhecimentos são necessárias ao professor para procurar meios e estratégias que possam ajudar os alunos a resolver essas dificuldades e é necessária aos alunos para se aperceberem delas, desta forma, não podem os alunos identificar claramente as suas próprias dificuldades num campo que desconhecem, e tentarem ultrapassá-las com a ajuda do professor e com o próprio esforço. Por isso, a avaliação tem uma intenção formativa. Saiba Mais Visite o site do professor Luckesi e tenha boas reflexões sobre a avaliação da aprendizagem. http://www.luckesi.com. br/apresentacao.htm 22 A avaliação proporciona também o apoio a um processo a decorrer, contribuindo para a obtenção de produtos ou resultados de aprendizagem. As avaliações a que o professor procede enquadram - se em três grandes tipos: avaliação diagnostica, formativa e Somativa. (KRAEMER, (2010). Pudemos constatar que a própria origem da avaliação está associada à aferição da qualidade, portanto são dois fatores que não podem ser separados. Se o objetivo principal da avaliação consiste em testar a qualidade de um determinado processo não podemos analisá-las a parte, mas sim devem ser entrelaçados. AVALIAÇÃO NO PERÍODO DA IDADE MÉDIA Segundo Lima (2008), no período da Idade média é caracterizada por grandes motivações relacionada a questões religiosas, principalmente na época apostólicas e monástico, verifica-se um grande interesse pelo conhecimento de realidades mediatas, não perceptíveis pelos sentidos, de ordens suprassensíveis ou por um conjunto de verdades a que os homens chegaram não com o auxilio de inteligência, mas mediante a aceitação da fé, dos dados da revelação divina. Neste período havia uma supremacia do método tradicional e o argumento de autoridade: O primeiro aplicado a realidades e fatos não suscetíveis de comprovação experimental, e; PARA REFLETIR Pense em sua vida cotidiana: para que você aprenda com as coisas da vida, você precisa analisar, refletir, mudar percursos, tomar decisões, ir em frente, voltar atrás. http://www.luckesi.com. br/apresentacao.htm 23 O segundo consistindo em admitir uma verdade ou doutrina, baseada apenas no valor intelectual ou moral daquele que a propõe ou professa. Aceitava-se quase passivamente a opinião dos mestres ou autoridades no assunto. Repetir, portanto, integralmente o que se ouvia ou lia, era a prova mais convincente do saber. (LIMA, 2008) Basicamente era cobrado a atenção e a memória, sendo os principais técnicas operatórios de pensamento mais utilizados nos centros de formação deste período. Porém, com evolução dos tempos os educadores escolásticos, tinha o celebre conhecido por Santo Tomás de Aquino (1225 - 1274) que combatia veementemente os métodos apriorístico e o respeito exagerado a autoridade dos antigos. Este pesquisado realizou uma excelente pesquisa objetiva, que ainda hoje é analisada e estudada pelos cientistas contemporâneos. Desta forma os grupos escolares receberam grande influência neste período e que constituíram as organizações mais influentes e fecundas de todos os tempos que são os centros de formação de pessoas de nível superior. Nestes centros de formação de nível superior, as universidades, as pesquisas e estudos, tinha a finalidade principalmente, a formação dos docentes. Os graus universitários compreendiam o bacharelado, a licença e o doutorado. Os que venciam o bacharelado deveriam prestar exames a fim de conseguir licença para ensinar. O exame consistia na interpretação e explicação de trechos selecionados por grandes mestres. Quanto ao doutorado, só aos mestres que liam publicamente o livro das sentenças de Pedro Lombardo, era 24 conferido este título, e mais tarde, somente aqueles que defendiam teses. (LIMA, 2008) Segundo lima (2007) os doutores medievais ao refletirem sobre o irracional prepararam os caminhos da razão e abriram novas perspectivas para a avaliação. Santo Tomás, no tratado dos anjos, nos oferece análise da operação intelectual, cuja sutileza e profundidade imprimem uma orientação nova no pensamento cristão. Mas o caráter básico desta direção continua ainda sendo o teocentrismo, centro de gravitação de toda a Idade Média. AVALIAÇÃO NO PERIODO RENASCENTISTA No movimento renascentista se iniciava um grande movimento do humanismo em duas correntes, claramente bem divergentes que se distinguiam entre a corrente do humanismo as pessoas que seguiam cristo (cristãos) e a corrente do humanismo, das pessoas que o negavam, ou seja, os pagãos. Nesta perspectiva, os seuidores da corrente do humanismo cristão realizavam grandes descobertas e consequentemente contribuições para a avaliação através de uma orientação psicológica que objetivava a suprir as desigualdades e divergências individuais dos estudantes (discípulos), com a finalidade de prepará-los para sociedade em conformidade com as suas aptidões, interesses e as necessidades da comunidade em geral. Saiba Mais O Renascimento começou na Itália, no século XIV, e difundiu-se por toda a Europa, durante os séculos XV e XVI. Foi um período da história europeia marcado por um renovado interesse pelo passado greco-romano clássico, especialmente pela sua arte. http://www.luckesi.com. br/apresentacao.htm 25 Já a corrente do humanismo pagão procurava elevar o egocentrismo e as atividades individuais de cada estudante. Procuravam a supervalorização do eu individual sem quaisquer vínculos com valores transcendentais. De acordo com Lima (2008), a concepção do humanismo levaria, como consequência, o pensamento moderno seu caráter predominantemente naturalista. Entendia ainda que a originalidade da renascença reside nesta posição nova que o homem assumiu daí por diante em face da natureza, não se interessando por chegar ao seu conhecimento através de operações puramente dialéticas, mas procurando interrogá-lo em função dos seus fenômenos, desvendando-lhe os segredos, descobrindo lhe as causas. Maneira era fundada a ciência moderna. Entre os educadores desta época, destaca-se Vitorino de Feltre, considerando o mais notável educador italiano. “Quero ensinar os alunos a pensar e não a disparatar”. Para verificar o aproveitamento do aluno, mandava-o ler, em voz alta. Conforme a expressão que dava à leitura, julgava-o habilitado ou não. Exigia linguagem culta, pronúncia correta e tom de voz moderado. Era inflexível no que diz respeito à moralidade e às boas maneiras. (LIMA, 2008) AVALIAÇÃO NOS TEMPOS MODERNOS No artigo publicado pelo professor João do Rozario Lima (2008), sobre a importância da avaliação no ensino fundamental, descreve que durante a tomada de Constantinopla pelos turcos, 26 os sábios bizantinos se refugiaram na Itália. E levaram consigo a obra mais importante dos escritores da antiguidade, despertando,desta maneira, um grande interesse pelo estudo das línguas antigas. Foi nesta época que se formaram as nacionalidades e que surgiram as obras primas das línguas modernas. Mas, foi à invenção da imprensa que mais contribuiu para o desenvolvimento de todas as formas de atividade intelectual. Multiplicaram-se os livros. E se tornaram acessíveis a todos. Fundaram-se escolas e criaram-se bibliotecas. (LIMA, 2008). Alguns aspectos da pedagogia desta época nos possibilitam tirar algumas inferências sobre a maneira como os educadores avaliavam o aproveitamento do aluno. De acordo com René Descarte, as quatro regras próprias para encaminhar o espírito na busca da verdade: 1. Nada se admite como verdadeiro se não se conhece evidentemente como tal. É a regra da evidência. 2. Dividir cada uma das dificuldades em tantas parcelas quantas se puder e for exigido para sua melhor resolução. É o princípio da análise. 3. Levar os pensamentos em ordem começando pelos objetos mais simples e mais fáceis de serem conhecidos para subir, pouco a pouco, como por degraus, aos conhecimentos mais complexos. É a regra assíntese. 4. Fazer em todas as partes enumerações tão completas e inspeções tão gerais que esteja certo de nada omitir. É a regra da verificação. 27 Para Lima (2008), essas regras, ainda hoje, são de uso constante na prática da avaliação. Nas escolas religiosas, tanto as protestantes, como as católicas insistiam nas argüições, nos exames orais. Ainda se valendo de uma citação o artigo de Lima (2008) somente em 1702, em Cambridge, na Inglaterra, é que se utilizaram, pela primeira vez, do método de um exame escrito, para se obtiver a avaliação de estudantes. AVALIAÇÃO NA IDADE CONTEMPORÂNEA Na pesquisa realizada por Lima (2008), apontou que na idade contemporânea compreende o espaço entre o fim do século XVII, XIX e XX. E nesta época surge a necessidade de se reconstruir um sistema educativo inteiramente novo no qual a educação da criança passa ao domínio exclusivo e absorvente do Estado. Neste período histórico, existem uma reação contra o ensino humanista tradicional, nascendo as formas de relevo predominante nos planos educativos às ciências naturais, às línguas modernas e aos trabalhos manuais. Desta forma, surge laicismo e uma forte influência das ideias materialistas e anticlericais do racionalismo, do Enciclopedismo e do Naturalismo. Nos fins do século XVII houve uma forte reação contra o ensino vigente. Nos séculos XIX e XX predominaram as seguintes correntes pedagógicas: o individualismo, o socialismo, o SAIBA MAIS A Idade Contemporânea é um tempo histórico em aberto. Compreendendo o final do século XVIII até os dias atuais, a contemporaneidade atrai o interesse de muitas pessoas em razão da emergência e do apelo que as questões históricas e filosóficas observadas nesse período trazem à tona. O desenvolvimento do capitalismo e a ascensão dos valores de um mundo em “progresso ininterrupto” figuram importantes fatos e correntes de pensamento do século XIX. Os problemas e transformações de um mundo globalizado fizeram desta época, conforme apontado pelo historiador Eric J. Hobsbawn, um século “breve”. http://www.webartigos. com/artigos http://www.webartigos.com/artigos http://www.webartigos.com/artigos 28 nacionalismo e pragmatismo. Ainda hoje podemos encontrá-los, informando um grande número de teorias educacionais. No inicio do século XX predominaram as tendências pedagógicas que colocaram em primeiro plano o problema técnico da educação. Segundo Lima (2008), as tecnologias educacionais (TICs) se firma como uma maneira nova de pensar a educação e de fazer frente aos problemas educacionais. Também um movimento em prol da reabilitação dos valores espirituais acentua, além da necessidade de formação intelectual e cientifica, a formação ético- religiosa. Anos 50: Primazia da avaliação dos produtos. Período caracterizado pela atribuição à avaliação de um papel importante no estudo da adequação dos programas educacionais, de modo a atingirem-se os resultados mais eficazes. É a partir do trabalho de R. TYLER que o conceito de avaliação se distancia dos procedimentos docimológicos tradicionais, limitados à aplicação de instrumentos de medida dos conhecimentos adquiridos, para passar a dizer respeito a todo o processo de ensino e ao currículo. Nesta perspectiva, a avaliação é entendida como processo de determinar até que ponto os objetivos do programa foram atingidos, após a aplicação da ação. - A preocupação fundamental da avaliação é contribuir para a eficácia e rentabilidade dos currículos e das atividades educativas, fornecendo dados sobre o grau de êxito das intenções definidas no momento de partida. 29 Assenta numa pedagogia vulgarmente conhecida por «pedagogia por objetivos», onde se prevê a planificação sem quaisquer desvios. Os objetivos não são utilizados como meios, mas como fins. Anos 60: Primazia da avaliação nos produtos, mas também nos processos. - Passam a ser focalizados não só os resultados, mas também os processos seguidos para os atingir. - A avaliação tinha por finalidade não apenas dar informações sobre o grau de consecução dos objetivos antecipadamente fixados, mas também ajudar a tomar decisões quanto aos processos de os conseguir alcançar. - A questão da aprendizagem foi uma das questões a que se deu mais ênfase neste período. - São desta época as perspectivas de CRONBACH e SCRIVEN. Scriven é conhecido como pai da avaliação formativa e defende este tipo de avaliação para reformulação do processo educativo e para a verificação, no final da aplicação do programa, se os resultados obtidos satisfazem ou não as necessidades dos educandos. Através das dinâmicas avaliativas obtém-se dados para regular processos, reforçar êxitos, gerar aprendizagem. Dá-se ênfase ao processo de ensino e aos percursos de aprendizagem, numa visão individualizada do sujeito que aprende e dos aspectos técnicos que assegura m essa aprendizagem. 30 Ignoram-se, ou pelo menos não se valorizam, os aspectos sócio - culturais de que cada aluno é detentor e portador. Princípio de que a qualidade da aprendizagem depende da participação ativa do aluno. Anos 70: Primazia da avaliação na interpretação dos contextos. Postulam-se currículos flexíveis e abertos, que atendam à diversidade cultural e à situação de interação educativa centrada no contexto e na vida. Dá-se ênfase ao papel social da educação e à participação da escola na mudança. Considera-se importante o currículo escolar privilegiar não apenas o nível do «saber» instrumental e do «saber fazer», mas também o nível do «saber-ser» e do «saber intervir». A subjetividade, posta de lado na avaliação tecnicista dos anos 50, é agora recuperada e dá-se ênfase às dimensões avaliativas de caráter qualitativo e formativo, numa tentativa de conhecer e compreender os efeitos gerados no desenvolvimento do currículo, permitindo, assim, introduzir as alterações mais adequadas. Assim esta avaliação perspectiva-se na ação, recorrendo a uma multiplicidade de informações, que permitem construir e reconstruir essa mesma ação. De acordo com Guba e Lincoln, apud Firme (1994) a avaliação vem evoluindo e no começo do século XX se subdividem em quatro segmentos, que são elas: mensuração, descritiva, julgamento e negociação. 31 Mensuração – Na visão de Luckesi (2003), não distinguia avaliação e medida. Nessa fase, era preocupação dos estudiosos a elaboração de instrumentos ou testes para verificação do rendimento escolar. O papel do avaliador era, então, eminentemente técnico e, neste sentido, testes e exames eram indispensáveis na classificação de alunospara se determinar seu progresso. (LUCKESI. 2003) Descritiva – Segundo Luckesi (2003), essa geração surgiu em busca de melhor entendimento do objetivo da avaliação. Conforme os estudiosos, a geração anterior só oferecia informações sobre o aluno. Precisavam ser obtidos dados em função dos objetivos por parte dos alunos envolvidos nos programas escolares, sendo necessário descrever o que seria sucesso ou dificuldade com relação aos objetivos estabelecidos. Neste sentido o avaliador estava muito mais concentrado em descrever padrões e critérios. Foi nessa fase que surgiu o termo “avaliação educacional”. Julgamento – De acordo com Luckesi (2003), a terceira geração questionava os testes padronizados e o reducionismo da noção simplista de avaliação como sinônimo de medida; tinha como preocupação maior o julgamento. Neste sentido, o avaliador assumiria o papel de juiz, incorporando, contudo, o que se havia preservado de fundamental das gerações anteriores, em termos de mensuração e descrição. Assim, o julgamento passou a ser elemento crucial do processo avaliativo, pois não só importava medir e descrever, era preciso julgar sobre o PARA REFLETIR Observar e compreender o dinamismo presente no desenvolvimento infantil é fundamental para redimensionar o fazer pedagógico. Essa compreensão influenciará diretamente na qualidade da interação dos professores com a infância. http://www.luckesi.com. br/apresentacao.htm 32 conjunto de todas as dimensões do objeto, inclusive sobre os próprios objetivos. Negociação – Segundo Luckesi (2003), nesta geração, a avaliação é um processo interativo, negociado, que se fundamenta num paradigma construtivista. Assim, segundo o especialista Guba e Lincoln apud Firme (1994) negociação, é uma forma responsável de enfocar e um modo construtivista de fazer. A avaliação é responsiva porque, diferentemente das alternativas anteriores que partem inicialmente de variáveis, objetivos, tipos de decisão e outros, ela se situa e desenvolve a partir de preocupações, proposições ou controvérsias em relação ao objetivo da avaliação, seja ele um programa, projeto, curso ou outro foco de atenção. Ela é construtivista em substituição ao modelo científico, que tem caracterizado, de um modo geral, as avaliações mais prestigiadas neste século. Nesta perspectiva, Souza (1993) diz que a finalidade da avaliação, de acordo com a quarta geração, é fornecer, sobre o processo pedagógico, informações que permitam aos agentes escolares decidir sobre as intervenções e redirecionamentos que se fizerem necessários em face do projeto educativo, definido coletivamente, e comprometido com a garantia da aprendizagem do aluno. Para concluir essa seção, enfatizamos que a avaliação é um instrumento referencial e de apoio às definições de natureza pedagógica, administrativa e institucional, que se concretiza por meio de relações partilhadas e cooperativas, com a finalidade de detectar problemas e ou soluções. 33 ATIVIDADE DA UNIDADE 1 Estimado (a) aluno(a), leia atentamente o capitulo 1 do livro, processo histórico da avaliação. Em seguida lance mão da sua memória e relate, por meio da escrita, uma experiência avaliativa vivida por você, enquanto aluno em que considerou injusta a nota recebida. Nesta reflexão, considere: 1. Seus sentimentos em relação ao acontecido; 2. Sua aprendizagem acerca do conteúdo avaliado; 3. A importância deste fato na construção de sua autoestima. Depois envie por meio da plataforma SIGAA/UAB-UFPI para seu tutor. FÓRUM DA UNIDADE 01 Neste fórum vamos continuar a discussão acerca das reflexões discorrida por você na atividade (01). Agora socialize os fatos narrados pelos colegas de curso. CHAT DA UNIDADE 01 A nota que você recebe em uma atividade interfere em sua autoestima? Quando você tira nota baixa a sua aprendizagem acerca do conteúdo avaliado? 34 UNIDADE 2 A LEGISLAÇÃO E A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM Resumindo Nesta unidade, abordamos os aspectos de nossa legislação no tocante a avaliação da aprendizagem; Detalha os Parâmetros curriculares nacionais - PCNs e a avaliação; Bem como discorre sobre as Diretrizes para a formação de professores e a avaliação. 35 A LEGISLAÇÃO E A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM A Lei nº 9.394, Diretrizes e bases da Educação Nacional – LDB, instituída em 20 de dezembro de 1996, promove algumas mudanças na área educacional, e entre elas está à criação de um processo regular de avaliação do ensino brasileiro (BRASIL, 1996). Na LDB (Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional - Lei nº 9.394, de 20/12/1996), a avaliação é contemplada, diretamente, nos itens V, VI e VII, do art. 24, a seguir inverbis: " Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental e médio, será organizada de acordo com as seguintes regras comuns: [...] V - a verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios: a) a avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais; b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos com atraso escolar; c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do aprendizado; d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito; e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência paralelos ao período letivo, para os casos de baixo rendimento CURIOSIDADE Para focar o olhar em como se avalia, sugere- se atenção aos pontos abaixo, nos espaços de Educação Infantil: Análises e discussões periódicas sobre o trabalho pedagógico. Estas ações são realizadas nos encontros periódicos. Elas fornecem elementos importantes para a elaboração e reelaboração do planejamento. Igualmente importante é dar voz à criança. Nesse sentido, a prática de avaliar coletivamente o dia-a- dia escolar, segundo o olhar infantil, traz contribuições fundamentais e surpreendentes para o adulto educador, ao mesmo tempo que sedimenta a crença na concepção de criança cidadã. http://www.luckesi.co m.br/apresentacao.htm 36 escolar, a serem disciplinados pelas instituições de ensino em seus regimentos; VI - o controle de frequência fica a cargo da escola, conforme o disposto no seu regimento e nas normas do respectivo sistema de ensino, exigido a frequência mínima de setenta e cinco por cento do total de horas letivas para aprovação; VII - cabe a cada instituição de ensino expedir históricos escolares, declarações de conclusão de série e diplomas ou certificados de conclusão de cursos, com as especificações cabíveis. A avaliação também aparece no Art. 13 entre as responsabilidades dos docentes principalmente nos itens III a V. Nos demais itens deste artigo outros aspectos podem ser também inter-relacionados à avaliação, demonstrando quão ela é significativa na função docente. A seguir in verbis todos itens: "Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de: I - participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; II - elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; III - zelar pela aprendizagem dos alunos; IV - estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento; V - ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar integralmente dos períodos dedicados ao planejamento,à avaliação e ao desenvolvimento profissional; VI - colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a comunidade." Pesquisa Visite o site do professor Luckesi e tenha boas reflexões sobre a avaliação da aprendizagem. http://www.luckesi.com. br/apresentacao.htm 37 Já, segundointerpretação de CARNEIRO (1998), o inciso II que possibilita uma organização das turmas por critérios diferentes dá desdobramento ao artigo 12 que põe, entre as responsabilidades da escola, a de “elaborar e executar uma proposta pedagógica”. A alínea c corresponde ao reconhecimento de aprendizagens desenvolvidas independentemente de escolaridade anterior, isto é, fora do palco do ensino regular, do conhecimento formalmente sistematizado. O sistema de ensino regulamenta a matéria, a escola faz uma avaliação do grau de desenvolvimento e a experiência do candidato, mas este incorpora o patrimônio de conhecimento construído nos esquemas informais de vida aos esquemas formais da escola. A verificação do rendimento escolar, presente no inciso V, evidencia dois tipos de avaliação: a qualitativa e a quantitativa. A legislação anterior já adotava mecanismo idêntico. A avaliação qualitativa e baseia no processo contínuo e cumulativo da avaliação, sendo, portanto, menos processo de medição e, mais busca de aferição de conhecimento contextualizado. Quanto aos demais incisos, constituem em procedimentos já conhecidos na legislação anterior. Observando as duas legislações e suas “coincidências”, percebe-se o desafio que institutos como o da avaliação contínua e cumulativa, da aceleração de estudos para alunos com atraso escolar (distorção idade/série), do avanço nos cursos e nas séries e dos estudos de recuperação continuam a representar para a escola brasileira. A não solução destas questões, sob o ponto de vista da SAIBA MAIS Ainda hoje, na prática cotidiana, é comum, não só na Educação Infantil, como nos demais níveis de ensino, os avaliados serem só os alunos. É necessário que a clássica forma de avaliar, buscando “erros” e “culpados", seja substituída por uma dinâmica capaz de trazer elementos de crítica e transformação para o trabalho. http://www.luckesi.co m.br/apresentacao.htm 38 operacionalidade pedagógica, tem consequência direta sobre a repetência e evasão escolar (CARNEIRO, 1998). De acordo com LUCKESI (1996), o que acontece na prática da avaliação educacional escolar é que raramente os professores definem com clareza, no planejamento de ensino, qual é o padrão de qualidade que se espera da conduta do aluno, após ser submetido a uma determinada aprendizagem. Desta forma, torna-se muito ampla a gama de possibilidades de julgamento. Assim sendo, um professor poderá arbitrariamente aprovar um aluno que não demonstra as mínimas condições de aprendizagem, como poderá reprovar um que tenha condições suficientes para ser aprovado. Estabelecem-se notas e conceitos através de métodos impressionistas ou por comparação. Aspectos atitudinais e tarefas dissertativas são arbitrariamente pontuadas (HOFFMANN, 1991, p. 48). Na rotina escolar, os alunos são classificados num determinado nível de aprendizagem, a partir de menções, sejam elas em notações numéricas ou verbais. Na maioria das vezes, o juízo de qualidade sobre a aprendizagem do aluno é expresso em símbolos numéricos e, quando são expressos por símbolos verbais, posteriormente são transformados em símbolos numéricos. O que diferenciam os símbolos numéricos dos verbais, é que as notas (expressão numérica da qualidade da aprendizagem) possibilitam uma passagem perigosa da qualidade para a quantidade e os conceitos verbais não permitem este “contrabando” (LUCKESI, 1996). Mas, por que a escola necessita desse contrabando? Necessita pelo fato de trabalhar com média de notas e não com 39 um mínimo necessário de conhecimentos. Isso significa que, para fazer à média, que só pode ser feita a partir de quantidades e não de qualidades (estas não admitem operações matemáticas), a escola necessita indevidamente, transformar qualidade em quantidade. Se, ao contrário, a escola trabalhasse com um mínimo de conhecimentos, ela não teria necessidade de fazer médias e, por isso, não precisaria contrabandear qualidade em quantidade. Daí, então, os conceitos estariam efetivamente expressando a qualidade da aprendizagem do aluno naquela unidade de conhecimento e não uma média de elementos sobre os quais não se pode fazer média (LUCKESI, 1996, p. 79). Para SOUZA (1997), num contexto reducionista do processo ensino-aprendizagem-avaliação, tem-se subjetivamente a impressão que o objetivo da prática educacional é que os alunos dominem o conteúdo dado. Nota-se também, que a avaliação é algo de interesse do professor: fica sob sua responsabilidade saber se ocorreu ou não a aprendizagem, para poder estabelecer notas e verificar se o indivíduo pode ou não ser promovido, analisando sua situação escolar. Os alunos se comprometem não com a aprendizagem propriamente dita, mas com o ganho de determinados pontos, o que raramente reflete em aprendizagem significativa. De acordo com LUCKESI (1996), a transformação indevida de qualidade em quantidade impede ao professor de diagnosticar a real situação do aluno bem como o aluno não toma consciência de sua própria situação em termos de aprendizado. 40 Assim, de acordo com Lei de Diretrizes e Bases que foi projetada, em 1988, e aprovada em 1997, nesta lei a o processo avaliativo é contemplado no Art. 24, inciso V, que diz a verificação do rendimento escolar observará os anteriormente citados neste livro. Com base nesses critérios o docente deve valorizar o processo de formação mais adequadamente, não acrescentando na prova final somente a nota daquela avaliação, embora seja regimental. Uma reflexão importante está em alguns casos na mudança de procedimento. Como se observa, a Lei usa a expressão verificação do rendimento escolar. Verificar, numa de suas acepções, quer dizer comprovar; rendimento pode ser entendido como eficiência. Então de acordo com a lei, cabe a escola comprovar a eficiência dos alunos nas atividades, ou seja, avaliar o êxito por eles alcançado no processo de ensino aprendizagem”. Mas, quando se trata em comprovar esse êxito, avaliar se torna complexo. Nesta perspectiva, avaliar não é a mesma coisa que medir, qualquer medida pode se dispor de instrumentos precisos tais como: régua balança, etc. E quanto mais precisos os instrumentos, mais exatos a medida. Ao contrário disso não há instrumento preciso para a avaliação. Na avaliação escolar, não se avalia um objeto concreto observável e sim um processo humano contínuo. Por outro lado, para tentar contornar esse problema e evitar avaliações precipitadas, para impedir que a avaliação de um momento seja generalizada para todo o processo, deve-se CURIOSIDADE A Lei 9.394/96, a LDB, ou Lei Darcy Ribeiro, não prioriza o sistema rigoroso e opressivo de notas parciais e médias finais no processo de avaliação escolar. Para a LDB, ninguém aprende para ser avaliado. Prioriza mais a educação em valores, aprendemos para termos novas atitudes e valores. A educação em valores é uma realidade da Lei 9394/96. 41 proceder a uma avaliação continua que capte o desenvolvimento do educando em todos os seus aspectos. Já na concepção de César Coll, há três modalidades de avaliação: avaliação inicial, avaliação formativa e avaliação somatória. Atualmente os objetivos da avaliação visam tanto o processo de aprendizagem quanto os sucessos ou fracassos dos estudantes. Neste sentido, uma diferença fundamental em relação às provas escolares é a avaliação permanente, que se realiza com outro tipo de meios, entre os quais se inclui o conjunto de tarefas realizadas pelo estudante no decurso do ano escolar. A avaliação é, assim, realizada para obter sobre o aluno uma informação mais abrangente que a simples e pontual referência das provas. A avaliação tem função legitimadora da ideologia das sociedades modernas. Os bons resultados acadêmicos são vistos como indicadoresdas aptidões que darão ao indivíduo possibilidades de progredir e ter êxito. No entanto, recentemente o interesse está concentrado em reduzir os efeitos negativos da avaliação no sistema escolar e sua repercussão individual sobre os estudantes. Pode – se, que era claramente expressa, na Lei nº 5.692/71, a responsabilidade dos estabelecimentos de ensino pela verificação do rendimento escolar, compreendendo a avaliação do aproveitamento e a apuração da assiduidade. Na nova lei não há indicação da mesma natureza, cujo esclarecimento foi objeto de Parecer do Conselho Nacional de Educação/Câmara de Educação Básica 05/97, que trata de proposta de regulamentação da Lei nº 9.394/96. No citado parecer é mencionado: 42 [...] a verificação do rendimento escolar permanece, como nem poderia deixar de ser, sob a responsabilidade da escola, por instrumentos previstos no regimento escolar e observadas as diretrizes da lei. (Parecer CNE/CEB nº 05/97). Há ainda esclarecimento de que, diferentemente da lei anterior, a verificação do rendimento escolar não mais deve abarcar aproveitamento e assiduidade. O assunto é assim tratado no parecer: Este entendimento é substituído pelo que separa “verificação do rendimento” e “controle de frequência”. A verificação se dá por meio dos instrumentos próprios, busca detectar o grau de progresso do aluno em cada conteúdo e o levantamento de suas dificuldades visando à sua recuperação. O controle de frequência contabiliza a presença do aluno nas atividades escolares programadas, das quais está obrigado a participar de pelo menos 75% do total da carga horária prevista. (Parecer CNE/CEB nº 05/97). No que se refere à concepção de avaliação subjacente a essa lei, considerando-se também pareceres do Conselho Nacional de Educação, pode-se inferir a ênfase na avaliação como processo que busca “detectar o grau de progresso do aluno em cada conteúdo” (Parecer CNE/CEB nº 05/97). Em uma visão ampliada, que sugere ser a avaliação um meio de verificar o alcance de objetivos visados, que não necessariamente se restrinjam ao domínio de conteúdo, tem-se o que diz o Parecer CNE/CEB nº 12/97: Estudo e avaliação devem caminhar juntos, como é sabido, onde esta – a avaliação – é o 43 instrumento indispensável, para permitir que se constate em que medida os objetivos colimados foram alcançados. (Parecer CNE/CEB nº 05/97). No Parecer CNE nº 12/97 há clara intenção de não associar avaliação a uma função classificatória, que vise subsidiar a decisão de promoção ou retenção do aluno, como sugere este trecho: [...] é importante assinalar, na nova lei, a marcante flexibilização introduzida no ensino básico, como se vê nas disposições contidas nos artigos 23 e 24, um claro rompimento com a “cultura da reprovação”. (Parecer CNE nº 12/97). O norte do novo diploma legal é a educação como um estimulante processo de permanente crescimento do educando – “pleno desenvolvimento” – onde notas, conceitos, créditos ou outras formas de registro acadêmico não deverão ter importância acima do seu real significado. Serão apenas registros passíveis de serem revistos segundo critérios adequados, sempre que forem superados por novas medidas de avaliação, que revelem progresso em comparação a estágio anterior, por meio de avaliação, a ser sempre feita durante e depois de estudos visando à recuperação de alunos com baixo rendimento. A função da avaliação desta a cada é acompanhar o desempenho escolar do aluno, visando ao “progresso”. Assim como na lei anterior, no entanto, de modo mais claro e incisivo, são previstas alternativas para flexibilização dos procedimentos de classificação e promoção do aluno, por meio da aceleração de estudos, avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do SAIBA MAIS Em uma concepção pedagógica mais moderna, a educação é concebida como experiência de vivências múltiplas, agregando o desenvolvimento total do educando. A avaliação do processo de ensino e aprendizagem é contínua, cumulativa e sistemática na escola, com o objetivo de diagnosticar a situação de aprendizagem de cada aluno, em relação à programação curriculares. http://www.luckesi.co m.br/apresentacao.htm 44 aprendizado e/ou aproveitamento de estudos concluídos com êxito. Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN e a Avaliação Nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) para os primeiro e segundo ciclos do ensino fundamental (1ª a 4ª séries) a avaliação é contemplada claramente em um capítulo no volume 1, Introdução, aos Parâmetros Curriculares Nacionais. A concepção de avaliação proposta pelos PCN (Brasil/MEC:1997) pretende superar a concepção tradicional de avaliação, compreendendo-a como parte integrante e intrínseca do processo educacional. É contraposta à avaliação tradicional, que é considerada restrita ao julgamento sobre sucessos ou fracassos do aluno. Na perspectiva do documento a avaliação é um conjunto de atuações com a função de alimentar, sustentar e orientar a intervenção pedagógica. Deve acontecer "contínua e sistematicamente por meio da interpretação qualitativa do conhecimento construído pelo aluno" (idem, p. 81). É instrumento que procura conhecer o quanto o aluno se aproxima ou não da expectativa de aprendizagem que o professor tem em determinados momentos da escolaridade, em função da intervenção pedagógica realizada. Mas ela só poderá ser efetivada se coadunadas as situações didáticas propostas com as reais capacidades dos alunos: "a avaliação das aprendizagens só poderá acontecer se forem relacionadas com as oportunidades oferecidas, isto é, 45 analisando a adequação das situações didáticas propostas aos conhecimentos prévios dos alunos e aos desafios que estão em condições de enfrentar" (ibidem). De acordo com o documento a avaliação: Subsidia o professor com elementos para uma reflexão contínua sobre a sua prática, sobre a criação de novos instrumentos de trabalho e a retomada de aspectos; Que devem ser revistos, ajustados ou reconhecidos como adequados papara o processo individual ou de todo grupo; Para o aluno, é o instrumento de tomada de consciência de suas conquistas, dificuldades e possibilidades para reorganização de seu investimento na tarefa de aprender; Para a escola, possibilita definir prioridades e localizar quais aspectos das ações educacionais demandam maior apoio. Por esta perspectiva a avaliação deve ocorrer sistematicamente durante todo o processo de ensino e aprendizagem e não somente após o fechamento de etapas do trabalho. Esse aspecto é processual, o que permite ajustes constantes para que o trabalho educativo tenha sucesso. O documento propõe que o acompanhamento e a reorganização do processo e aprendizagem na escola inclua, necessariamente, uma avaliação inicial para o planejamento do professor, e uma avaliação final de uma etapa de trabalho. Neste contexto, a avaliação contemplada nos PCN é compreendida como: VOCÊ SABIA? O que se pode avaliar no caderno de aprendizagem? apropriação dos conteúdos; desenvolvimento e mudança de atitudes; desenvolvimento da criatividade; capacidade de relacionar-se e expressar-se; consecução de produtos que evidenciam o desenvolvimento pessoal (in: Mediación pedagógica). http://www.luckesi.com .br/apresentacao.htm 46 Elemento integrador entre a aprendizagem e o ensino; Conjunto de ações cujo objetivo é o ajuste e a orientação da intervenção pedagógica para que o aluno aprenda da melhor forma; Conjunto de ações que busca obter informações sobre o quê e como foi aprendido; Elemento de reflexão contínua para o professor sobre sua prática educativa; Instrumento que possibilita ao aluno tomar consciência de seus avanços, dificuldadese possibilidades; Ação que ocorre durante todo o processo de ensino e aprendizagem e não apenas em momentos específicos caracterizados como fechamento de etapas de trabalho. Uma concepção desse tipo (dos PCN) pressupõe considerar tanto o processo que o aluno desenvolve ao aprender como o produto alcançado. Pressupõe também que a avaliação se aplique não apenas ao aluno, considerando as expectativas de aprendizagem, mas as condições oferecidas para que isso ocorra. Os PCN propõem as seguintes orientações para avaliação: 1. A perspectiva de cada momento da avaliação deve ser definida claramente, para que se possa alcançar o máximo de objetividade; 2. Considerar a diversidade de instrumentos e situações, para possibilitar, por um lado, avaliar as diferentes capacidades e conteúdos curriculares em 47 jogo e, por outro lado, contrastar os dados obtidos e observar a transferência das aprendizagens em contextos diferentes; 3. Utilização de diferentes códigos, como o verbal, oral, o escrito, o gráfico, o numérico, o pictórico, de forma a se considerar as diferentes aptidões dos alunos. Considerando essas preocupações, o professor pode realizar a avaliação por meio de: Observação sistemática - acompanhamento do processo de aprendizagem dos alunos, utilizando alguns instrumentos, como registro em tabelas, listas de controle, diário de classe e outros; Análise das produções dos alunos - considerar a variedade de produções realizadas pelos alunos, para que se possa ter um quadro real das aprendizagens conquistadas; Atividades específicas para a avaliação - garantir que sejam semelhantes às situações de aprendizagem comumente estruturadas em sala de aula. Os PCN defendem que a responsabilidade da avaliação deve ser compartilhada; não ser função exclusiva do professor. "Delegá-la aos alunos, em determinados momentos, é uma condição didática necessária para construção de instrumentos de auto regulação para as diferentes aprendizagens". (PCN, 2000, p. 86). Sobressai-se como instrumento de auto regulação a autoavaliação, importando no desenvolvimento de estratégias de FIQUE ATENTO! A avaliação não deve priorizar apenas o resultado ou o processo, mas a prática de investigação, mas deve também, questionar a relação ensino- aprendizagem e buscar identificar os conhecimentos construídos e as dificuldades de uma forma dialógica. Os erros são tidos como pistas que demonstram como o aluno está relacionando os conhecimentos que já possui com os novos conhecimentos que estão sendo adquiridos, admitindo uma melhor compreensão destes. http://www.luckesi.com .br/apresentacao.htm 48 análise e interpretações das próprias produções e dos diferentes procedimentos para se avaliar. Sendo importante na construção da autonomia dos estudantes. Conforme descreve em documento oficial: [...] importante, porque é central para a construção da autonomia dos alunos, cumpre o papel de contribui com a objetividade desejada na avaliação, uma vez que esta só poderá ser construída com a coordenação dos diferentes pontos de vista tanto do aluno quanto do professor. (PCN, 2000, p. 86) Desse modo a avaliação exige critérios claros que ajudem a analisar os aspectos a serem avaliados. É preciso estabelecer expectativas de aprendizagem dos alunos em consequência do ensino, expressados-nos próprios objetivos dos critérios de avaliação propostos e na definição do que será considerado como testemunho da aprendizagem - trabalhos ou testes ou atividades etc. Do contraste entre os critérios de avaliação e os indicadores expressos na produção dos alunos surgirá o juízo de valor, que se constitui a essência da avaliação. Os critérios de avaliação apontam que as expectativas de aprendizagem, considerando objetivos e conteúdos propostos para a disciplina, ou para o curso, ou para o ciclo. Indicam também que a organização lógica e interna dos conteúdos é de suma importância para as particularidades de cada momento da escolaridade e as possibilidades de aprendizagem decorrentes de cada etapa do desenvolvimento cognitivo, afetivo e social em uma determinada situação, na qual os alunos tenham boas condições de desenvolvimento do ponto de vista pessoal e social. 49 Desta forma vale ressaltar que as experiências educativas que os alunos devem ter acesso são consideradas essenciais para o seu desenvolvimento educacional e socialização no meio em que vivem. Diretrizes para a Formação de Professores e a Avaliação Na Proposta de diretrizes para a formação inicial de professores da educação básica, em cursos de nível superior (2000) a avaliação é considerada parte integrante do processo de formação, pois "possibilita diagnosticar questões relevantes, aferir resultados alcançados considerando os objetivos propostos e identificar mudanças de percurso eventualmente necessárias" (PCN, 2000, p. 43). A finalidade do ato de avaliar é beneficiar o caminho dos estudantes e mediar às diretrizes na sua vida acadêmica e em sua formação profissional e consequentemente proporcionar a sua diplomação. De forma alguma deve ser um ato de punição no momento em que é detectado que os alunos não absorveram o conteúdo administrado em sala de aula e por não alcançarem os objetivos satisfatórios nas avaliações, porém auxiliam os estudantes a descrever com mais clareza as suas deficiências na sua formação acadêmica, no sentido de elevar os seus esforços alcançar qualidade em sua formação e consequentemente desempenhar suas futuras ocupações com afinco e exatidão. O esclarecimento, antecipado, de todos critérios e de todos os instrumentos de avaliação são de suma importância para à conscientização dos acadêmicos em formação sobre o seu CURIOSIDADE Ao avaliar um aluno, é possível verificar o que os alunos conhecem sobre um determinado conteúdo, orientando o professor de forma que possa planejar as atividades de acordo com as dificuldades dos alunos. Tal procedimento favorece o avanço de cada um deles durante o ano letivo. http://www.luckesi.com .br/apresentacao.htm 50 processo de aprendizagem, promovendo assim conforme o pesquisador aponta: [...] o exercício da metacognição, que implica conhecer e reconhecer seus próprios métodos de pensar, utilizados para aprender, desenvolvendo a capacidade de auto regular a própria aprendizagem, descobrindo e planejando estratégias para diferentes situações" (LUCKESI, 1997, p. 44). O conhecimento sobre os processos de conhecimentos em si mesmo quando partilhado no âmbito do trabalho coletivo pode beneficiar e ampliar as possibilidades de aprendizagem, por meio do intercâmbio entre diferentes formas de aprender. Como o foco dessa Proposta é a construção de competências que irá nortear para um novo paradigma curricular escolar, a função de avaliar não é mais a quantidade de conhecimento adquirido, mas a capacidade de acioná-los e de buscar outros para realizar o que é proposto, de modo que os instrumentos de avaliação só cumprirão sua finalidade nesse novo paradigma se "puderem diagnosticar o uso funcional e contextualizado dos conhecimentos" (LUCKESI, 1997). No processo de verificação de rendimento escolar, é publico e notório, que deve ser analisado todo comportamento e participação dos alunos no processo de ensino-aprendizagem e do funcionamento institucional e a organização acadêmica, sendo considerado o diferente fator que influem na sua aplicação tais como: Paradigmas educacionais; Prioridades socioeducacionais; Objetivos; Recursos materiais e financeiros envolvidos; VOCÊ SABIA QUE: O conhecimento de uma criança é construído em movimento de idas e vindas, portanto, é fundamental que os professores assumam seu papel de mediadores na ação educativa. Mediadoresque realizam intervenções pedagógicas no acompanhamento da ação e do pensamento individualizado infantil. http://www.luckesi.com .br/apresentacao.htm 51 Recursos humanos, incluindo a qualificação dos professores e de outros atores participantes; Recursos instrumentais disponibilizados - tecnologia, materiais de apoio; Bagagem do educando; infraestrutura - edifícios, instalações; Conteúdos - conhecimentos, informações; metodologia, técnicas de ensino e pesquisa; Organização curricular - distribuição dos tempos e espaços disponíveis; Técnicas e formas de avaliação do aproveitamento, progresso e desenvolvimento. Os métodos de avaliação do rendimento escolar sempre precisarão contar com uma gama de informações, fontes, dados e recursos. Desta forma é necessário se valer de variadas técnicas, estratégias, instrumentos e medidas. E em seguida, se deve proporcionar analise nos resultados da aplicação sempre interpretados e depois utilizados com a finalidade de elevar o rendimento ou melhorar a qualidade do desempenho do que é avaliado, bem como das atividades educativas, do planejamento e da produção inclusive do próprio instrumento avaliativo. Bem ao chegamos ao final da segunda seção deste fascículo é de suma importância que o acadêmico fique atento no sentido de entender que o instrumento de avaliação não é uma atividade somente técnica e sim uma ferramenta bastante ampla, pois essa visão míope de entender que a avaliação baseada em controle e classificação, embora prevalente e arraigada no nosso sistema educacional em todos níveis de educação, estar com seus dias contados. 52 ATIVIDADE DA UNIDADE 2: Estimado (a) aluno (a), agora, como síntese dos estudos realizados até aqui, redija um texto, evidenciando a relação/complementação dos estudos acerca da LEGISLAÇÃO E A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM, apresentados pelos documentos Lei 9394/96-LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) e nos PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais). Encaminhe para seu tutor por meio da plataforma SIGAA/UAB-UFPI. FÓRUM DA UNIDADE 02: Neste fórum vamos socializar com seus colegas, o texto produzido por você na atividade (02), para alimentar um debate inicial a respeito da avaliação segundo a legislação em vigor. CHAT DA UNIDADE 02: Em sua opinião os professores realmente tem conhecimento dos moldes operantes de avaliação segundo prescreve a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9394/96-LDB) e os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs/97)? 53 UNIDADE 3 FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA AVALIAÇÃO ESCOLAR RESUMINDO Nesta unidade, estudamos os fundamentos teóricos da avaliação da aprendizagem. Os paradigmas e conceitos da avaliação da aprendizagem. As principais concepções pedagógicas e a avaliação escolar. Discorremos sobre as Práticas avaliativas na educação básica na visão tradicional; Práticas avaliativas na educação básica na visão escolanovista; Práticas avaliativas na educação básica na visão tecnicista; e as Práticas avaliativas na educação básica na visão interacionista . 54 55 FUNDAMENTOS TEORICOS DA AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM Teóricos da Educação, dos mais variados recantos do planeta, têm se concentrado na dimensão técnica dos procedimentos avaliativos e na dimensão política desta ação. Porém, muitos desconsideram o olhar epistemológico, mesmo sendo este o que entende a avaliação educacional como sendo resposta do que se entende por conhecimento escolar. Este saber é reflexo de uma sociedade que estabeleceu relações entre os indivíduos e os objetos de saber. Avaliar é parte inerente ao processo de ensinar, não podendo ser desassociada dele. Entender este processo, perceber o feixe de relações que se instauram entre os sujeitos e objetos participantes, torna inseparável o processo do entendimento da instituição, do local físico onde ele ocorre das pessoas envolvidas, do momento histórico vivido, de peculiaridades que somente os sujeitos podem sentir e até prever e a questão epistemológica do processo educativo. PARADIGMAS E CONCEITOS DA AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM No final dos anos 1980 e início de 1990, surgem, no Brasil, concepções mais progressistas da avaliação. Essas concepções não são consensuais entre os autores, e para abrir a discussão sobre o FIQUE ATENTO!! A escola deve riscar do dicionário a palavra FRACASSO. A intenção não é o aluno tirar nota e sim "aprender", já que ainda existe nota, que ela possa ser utilizada realmente como um identificador para o professor da necessidade de retomar a sua prática pedagógica. A avaliação quando dialógica culmina na interação e no sucesso da aprendizagem pois o diálogo é fundamental, e o professor através dela se comunica de maneira adequada, satisfatória e prazerosa com o aluno. http://www.luckesi.com .br/apresentacao.htm 56 conceito de avaliação escolhemos três autores que são lidos e influenciam os estudos sobre a temática no Brasil. O pesquisador Cipriano Carlos Luckesi, professor baiano aposentado da Universidade Federal da Bahia – UFBA, um dos nomes de referência em avaliação da aprendizagem escolar, assunto no qual se especializou ao longo de quatro décadas. Entre seus livros, os mais indicados são Filosofia da Educação (1993) e Avaliação da aprendizagem escolar (1990), nos quais discute a avaliação escolar para além do autoritarismo, marcando uma fase no debate sobre a avaliação na educação brasileira. Para Luckesi (1997), a avaliação da aprendizagem é uma prática de investigação do professor, cujo sentido é intervir na busca dos melhores resultados do processo de aprendizagem dos nossos educandos, em sala de aula. Em seu conceito, afirma que a avaliação é um juízo de qualidade sobre dados relevantes para uma tomada de decisão. Ao discutir a avaliação escolar para além do autoritarismo no livro Avaliação da aprendizagem escolar, o professor Luckesi analisa o caráter controlador e dominante da avaliação escolar e denuncia a função autoritária que desempenha na prática educativa. Levanta em seus argumentos uma verdadeira teoria do erro. Qualifica o erro na aprendizagem, afirmando que o erro é essencial, e é parte do processo de aprender, não pode ser entendido como falha na aprendizagem, mas o início dela. Os erros, assim como as dúvidas, são eventos importantes e impulsionadores da ação de aprender. Quando iniciamos a aprendizagem, necessariamente erramos e temos dúvidas, temos dúvidas porque erramos e erramos porque temos dúvidas. No conflito cognitivo, para respondermos as nossas dúvidas, caminhamos para os acertos, para a compreensão do 57 conhecimento, para a aprendizagem. A partir das compreensões e dos novos conhecimentos, produzimos novas dúvidas e novos erros. O segundo conceito que apresentamos foi elaborado pela professora Jussara Maria Lerch Hoffmann, do Rio Grande do Sul. Na Faculdade de Educação da UFRGS, desenvolveu estudos e pesquisas em avaliação e educação infantil e, quando se aposentou como Professora Adjunta, em 1996, fundou e assumiu a direção da Editora Mediação. A autora tem hoje doze livros publicados sobre o tema, além de inúmeros artigos em revistas. O conjunto de suas obras supera a marca de 300 mil exemplares vendidos no país. Para Hoffmann (1993), a avaliação é inerente e indissociável da aprendizagem enquanto concebida como problematização, questionamento, reflexão sobre a ação. A avaliação é reflexão transformada em ação, ação essa que nos impulsiona para novas reflexões. Reflexão permanente do educador sobre a realidade, e acompanhamento passo a passo do educando, na sua trajetória de construção de conhecimento. Hoffmann (1993) afirma que um professor que não avalia constantementea ação educativa, no sentido indagativo, investigativo do termo, instala sua docência em verdades absolutas, pré-moldadas e terminais. Com esse pensamento, defende a avaliação como mediadora do processo de ensino e de aprendizagem. A avaliação mediadora se desenvolve em benefício do educando e acontece quando o diálogo é estabelecido entre quem educa e quem é educado. Para esta concepção de avaliação, cabe ao professor informar, através do diálogo, o processo de aprendizagem do seu aluno. O diálogo pode vir em forma de conversas, de comentários escritos nos trabalhos dos alunos ou ainda nos relatórios. 58 Não podemos confundir mediação com informação. A avaliação mediadora é muito mais que informar o desempenho do aluno, é dialogar com ele sobre seu processo de aprendizagem, discutindo sobre suas dificuldades e superações. Neste processo dialógico, o professor refaz seu planejamento para adequá-lo ao percurso de aprendizagem dos acadêmicos. O terceiro conceito que apresentamos é de autoria do professor Philippe Perrenoud, doutor em sociologia e antropologia e professor da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Genebra. Estudioso da evasão e das desigualdades na escola e especialista em práticas pedagógicas em instituições de ensino é diretor do Laboratório de Pesquisas sobre a Inovação na Formação e na Educação, também em Genebra. Segundo o autor: [...] a avaliação não é uma tortura medieval. É uma invenção mais tardia, nascida com os colégios por volta do século XVII e tornado indissociável do ensino de massa que conhecemos desde o século XIX, com a escolaridade obrigatória. (PERRENOUD, 1999, p. 9). Para Perrenoud (1999), a avaliação da aprendizagem é um processo mediador na construção do currículo e se encontra intimamente relacionada à gestão da aprendizagem dos alunos. Destacamos a observação feita pelo pesquisador que: [...] na avaliação da aprendizagem, o professor não deve permitir que os resultados das provas periódicas, geralmente de caráter classificatório, sejam supervalorizados em detrimento de suas observações diárias, de caráter diagnóstico. A avaliação é um processo que deve estar a serviço das individualizações da aprendizagem. (PERRENOUD, 1999, p.54). Ao discutir sobre a avaliação das competências desenvolvidas pelos alunos, Perrenoud contribui para pensarmos o currículo escolar 59 pautado nas competências e habilidades. Para este autor, a organização pedagógica da escola deve se voltar para criar estratégias e avaliações que possibilitem ao estudante o desenvolvimento pleno das suas competências e habilidades. Existem muitos outros autores que debatem a temática da avaliação da aprendizagem. CONCEPÇÕES PEDAGÓGICAS E A AVALIAÇÃO ESCOLAR Qualquer nível de ensino em que ocorra, a avaliação não existe e não opera por si mesma; está sempre a serviço de um projeto ou de um conceito teórico, ou seja, é determinada pelas concepções que fundamentam a proposta de ensino, como afirma o pesquisador: A avaliação escolar é um meio e não um fim em si mesma; está delimitada por uma determinada teoria e por uma determinada prática pedagógica. Ela não ocorre num vazio conceitual, mas está dimensionada por um modelo teórico de sociedade, de homem, de educação e, consequentemente, de ensino e de aprendizagem, expresso na teoria e na prática pedagógica. (CALDEIRA, 2000, p. 122) Essa ideia de que avaliar o processo de ensino e de aprendizagem não é uma atividade neutra ou destituída de intencionalidade nos faz compreender que há um estatuto político e epistemológico que dá suporte a esse processo de ensinar e de aprender que acontece na prática pedagógica na qual a avaliação se inscreve. Sobre a importância dessa compreensão, Cunha (1998), que pesquisou as concepções de conhecimento que fundamentam a prática pedagógica no ensino superior, afirma: [...] a compreensão de que a concepção de conhecimento preside a definição da prática pedagógica desenvolvida na Universidade foi muito SAIBA MAIS!! Rever o ponto de vista de avaliação é rever certamente as concepções de ensino aprendizagem, de educação e de escola, apoiado em princípios e valores comprometidos com a instituição de aluno cidadão. Quando isso for colocado em prática a avaliação será vista como função diagnóstica, dialógica e transformadora da realidade escolar. http://www.luckesi.com .br/apresentacao.htm 60 importante para ultrapassar a análise simplista, realizada sobre as regras didáticas aplicadas ao ensino superior. Compreender que ensinar e aprender estão alicerçados numa concepção de mundo e de ciência facilitou uma visão mais global e elucidativa, especialmente numa época em que a supremacia da ciência tem sido amplamente reconhecida. (CUNHA, 1998, p. 17) Endossando essa mesma posição, Álvarez Méndez (2002), ao indagar a respeito do objetivo da avaliação, ou sobre o porquê e para quê avaliar, sustenta que a resposta nos remete, necessariamente, ao sentido que tenha o conhecimento ou que a ele seja atribuído. Segundo o autor: [...] o conhecimento deve ser o referente teórico que dá sentido global ao processo de realizar uma avaliação, podendo diferir segundo a percepção teórica que guia a avaliação. Aqui está o sentido e o significado da avaliação e, como substrato, o da educação. (ÁLVAREZ MÉNDEZ, 2002, p. 29) Portanto, para esse autor, a avaliação está estritamente ligada à natureza do conhecimento, e uma vez reconhecida essa natureza, a avaliação deverá ajustar-se a ela se quiser ser fiel e manter a coerência epistemológica. Nessa direção, podemos partir do pressuposto de que a avaliação, como prática escolar, não é uma atividade neutra ou meramente técnica, isto é, não se dá num vazio conceitual, mas é dimensionada por um modelo teórico de mundo, de ciência e de educação, traduzida em prática pedagógica. Um segundo pressuposto é que a prática de avaliação dos processos de ensino e de aprendizagem ocorre por meio da relação pedagógica que envolve intencionalidades de ação, objetivadas em condutas, atitudes e habilidades dos atores envolvidos. 61 Na condição de avaliador desse processo, o professor interpreta e atribui sentidos e significados à avaliação escolar, produzindo conhecimentos e representações a respeito da avaliação e acerca de seu papel como avaliador, com base em suas próprias concepções, vivências e conhecimentos. Nesse sentido, o autor afirma: [...] uma avaliação espelha um juízo de valor, uma dada concepção de mundo e de educação, e por isso vem impregnada de um olhar absolutamente intencional que revela quem é o educador quando interpreta os eventos da cena pedagógica. (SORDI, 2001, p. 173) Assim, avaliação nas concepções pedagógicas dominantes no contexto escolar, a partir dos séculos XVI e XVII, quando surge a prática dos exames escolares e, em seguida, analisar em que medida tais concepções se encontram, ainda hoje, presentes e dominantes, na atual prática de avaliação do processo de ensino e de aprendizagem no contexto escolar. Examinar para Avaliar Numa perspectiva diacrônica, podemos remontar às práticas de avaliação sob a forma de exames e provas, usadas em colégios católicos da Ordem Jesuítica e em escolas protestantes, a partir do século XVI. Conforme o pesquisador: [...] a tradição dos exames escolares, que conhecemos hoje, em nossas escolas, foi sistematizada nos séculos XVI e XVII, com as configurações da atividade pedagógica produzidas pelos padres jesuítas (séc. XVI) e pelo Bispo John Amós Comênio (fim do séc. XVI e primeira metade do século XVII). (LUCKESI, 2003. p. 16) No entanto, há registros de que tal prática antecede a esse período, pois, na China, três mil anos antes de Cristo, já se usavam os Examinar para Avaliar A herança mais próxima, que