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Direito das Coisas

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Cecília Alkimin 
 
 
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Direito das Coisas 
Prof. Marcelo Ferro 
 
 
Aula 1 - 06/03/15 
Conceito de Direitos Reais 
 
 
 O CC adota o nome direito das coisas, porém é possível chamar também de direitos reais. 
A definição de direito das coisas é o complexo de regras jurídicas que regulamentam a relação entre 
uma pessoa e coisas passíveis de serem apropriadas. Pode ser também um complexo de normas 
que regular o poder sobre os bens e os modos de sua utilização econômica. 
 O direito pessoal é aquele que se estabelece em uma relação entre pessoas. O direito real 
é aquele em que se tem uma relação entre alguém e determinada coisa que é de sua propriedade 
e esse direito não surge de qualquer fato jurídico entre as pessoas. No primeiro caso, somente 
quem participa da relação jurídica é capaz de violar o direito que a outra parte possui dentro daquela 
relação. Já no segundo caso, qualquer um pode atentar contra o direito que determinada pessoa 
tem sobre certo bem, coisa ou atividade - primeiro caso somente sobre a coisa. No aspecto da 
aquisição, um direito pessoal não se adquire por usucapião, já no direito real isso é possível. A 
usucapião representa uma forma de aquisição da propriedade de um bem móvel ou imóvel em 
razão do tempo. Pela lógica da extinção do direito, também há diferenças. É possível perder o direito 
real em razão do tempo. O direito pessoal não se perde pelo decurso do tempo. A usucapião é 
conjugada entre o não uso do bem pelo proprietário e o uso do mesmo por uma outra pessoa, que 
não possui propriedade de tal. 
 O art. 1.419, CC, fala sobre os bens e as garantias. Existe uma aderência do direito à coisa, 
independentemente do uso daquela coisa. Outra característica dos direitos reais é a prevalência 
erga omnes, que permite que a pessoa faça seu direito valer contra qualquer um que atente contra 
a propriedade. O direito real caminha com a coisa, possui caráter de ambulatoridade. Na essência, 
o direito real, ao aderir a coisa, vai com ela até onde a mesma se extinguir. Outra característica é a 
publicidade do direito real, o que é fundamental para sua compreensão e identificação, e vale tanto 
para propriedade móvel quanto para a imóvel. Uma escritura só opera a transferência de 
propriedade se for registrada em cartório (art. 1.227, CC). Sendo um bem móvel, a transferência da 
propriedade se perfaz com a tradição (art. 1.226, CC). No direito brasileiro, portanto, a propriedade 
não se transfere só em consenso. Vale ressaltar, entretanto, que nem toda tradição transfere a 
propriedade. Os direitos reais são taxativos, derivam da lei. Só são direitos reais aqueles previstos 
em lei, o que quer dizer que as partes não podem criá-los. No regime obrigacional prevalece a 
autonomia da vontade, o que não acontece nos direitos reais. Eles estão previstos no art. 1.225, 
CC. Alguns autores qualificam a alienação fiduciária como também um direito real, o mesmo para 
a retrovenda (pacto abjeto ao contrato de compra e venda, pelo qual o vendedor pode, dentro de 
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um prazo determinado, comprar o objeto contratual vendido pelo mesmo preço pago pelo 
comprador). 
 A Doutrina classifica os direitos reais em quatro: 
1. Substância: direito que se aloja na coisa, em que o interesse está na própria coisa pelo sentido 
econômico dela. Analisa-se a propriedade na essência. Ou seja, observa-se a finalidade 
daquele bem e a função econômica que ele possui. 
2. Valor da coisa: o interesse das partes não está na coisa como objeto de uma finalidade 
especifica, e sim ela vale pelo seu valor. O interesse não está no bem em si, mas pelo valor que 
ele carrega, liquidez. 
3. Limitados: também conhecido como direito reais sobre coisa alheia. São casos, por exemplo, 
em que há um condomínio sobre certa propriedade. Se uma das partes morre, necessariamente 
a propriedade daquele bem é transferida para o condômino. O mesmo para o caso do usufruto, 
quando alguém entrega a propriedade para outrem, mas garante a posse até que o direito se 
extinga com a morte do proprietário original do bem. 
4. Aquisição: ocorre quando se pactua um compromisso de compra e venda. Há o direito real de 
adquirir o bem objeto do contrato, ainda que ainda não se possa ter a posse do mesmo. Caso, 
por exemplo, em que alguém compra um apartamento ainda na planta. Esse direito é 
assegurado com todas as características dos direitos reais (arts. 1.417 e 1.418 do CC). 
 
 
Aula 2 - 09/03/15 
Posse 
 
 
 Se nós sabemos que a propriedade se corporifica nesse uso de poderes, percebe-se que 
alguns outros direitos reais podem representar esses poderes. A propriedade se exterioriza por atos 
presentes no art. 1.228, CC. Se isso é verdade, entende-se que o direito de propriedade é tão forte 
que é preciso atentar para situações em que ele se exterioriza. O direito se preocupa tanto com a 
propriedade que ele se pretende proteger uma situação de aparência de propriedade. Então, essa 
circunstância da aparência da propriedade justifica uma proteção jurídica. É por isso que o Direito 
protege essa situação jurídica chamada de posse, que anda muitas vezes com a propriedade, ao 
lado dela ou contra a mesma. 
 A preocupação do legislador ao criar o instituto jurídico da posse é exatamente de proteger 
a posse, porque muitas vezes por trás da posse há a propriedade. Qualifica-se a posse como "a 
antessala da propriedade". Entretanto, por mais direitos que tenha o possuidor, isso não o torna 
proprietário. São situações em que o direito qualifica de forma diferente e, portanto, dá direitos 
diversos. A posse, embora muitas vezes seja a exteriorização da propriedade, algumas vezes essas 
figuras jurídicas não se confundirão. A posse, vale ressaltar, não é um direito real, mas é um instituto 
do direito das coisas. Pelo art. 1.196, CC, considera-se possuidor quem, de fato, possui o exercício 
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da coisa. É preciso ler esse artigo combinado com o art. 1.228, CC. A chave do conceito de posse 
é a existência de uma situação fática que qualifica alguém como possuidor ou não. 
 O art. 1.197, CC, traz um conceito importante. Nesse artigo há uma especificidade ao 
identificar que há dois tipos de posse o possuidor: o direto, que tem contato direto com a coisa; e o 
indireto, aquele que, ou por força de direito pessoal ou de direito real, transferiu a posse de coisa 
de direito. Assim, pode coexistir situações de possuidor direto e indireto. No art. 1199, CC, há o 
conceito de composse. Esse artigo traz uma hipótese de posse conjunta, quando duas ou mais 
pessoas estão na posse do mesmo bem. Cada pessoa em composse pode exercer sobre a coisa 
atos possessórios, independente da vontade do outro possuidor. Porém, não poderá, ao exercer 
algum ato possessório, excluir o outro possuidor. É nesse caso que poderá haver uma ação 
possessória. Na composse, todos os possuidores estão no mesmo nível. 
 Outro conceito importante é o de detenção. A consequência do conceito é um rebaixamento 
da situação fática, aquele caso em que parece posse, mas, por força de disposição legal, aquilo 
que era posse deixa de sê-lo para ser classificado como detenção. O art. 1.198, CC, traz um 
conceito que é combatido pela Doutrina por ser impreciso na medida em que não identifica todas 
as hipóteses de detenção. A posse é um estado de fato sobre a coisa, mas nem toda situação de 
fato configura posse. A posse pode ser exercida em nome do proprietário e seguindo as ordens do 
mesmo, então aqui não está sendo exercida a posse, esta pessoa não se qualifica como possuidor. 
Esse caso é de uma posse que só existe em nome de uma relação contratual outra, que não é a de 
cessão da posse, assim, a pessoa que a exerce não é considerada possuidora. A usucapião é 
sempre posse somada ao tempo, por isso, não se aplica nesse caso explicitado. 
 Essa situação fática da detenção deve ser analisada minuciosamente. É importanteperceber que um ato de permissão ou tolerância não induz posse (art. 1208, CC). Se não induzem 
posse, isso significa que caso alguém autorize outrem a ter um estado de fato sobre a coisa, isso 
não gerará nenhum direito possessório sobre a coisa. Dessa forma, entende-se que o art. 1.198, 
CC, traz um conceito incompleto de detenção. Não são possuidores os que os detém a coisa por 
tolerância ou permissão, ou aqueles que casos em que se segue ordens ou orientações do 
proprietário. Detenção nunca gera nenhum direito. A figura do detentor, portanto, é uma situação 
em que se percebe algo que a Doutrina chama de uma detenção desinteressada e dependente, na 
hipótese do art. 1.198, CC. Já pelo art. 1.208, CC, a figura é independente e interessada, porque 
durante a violência ou clandestinidade existe a detenção, mas cessada essa violência, é gerada a 
posse fundada no ilícito. 
 
 
Aula 3 - 13/03/15 
{continuação - Posse} 
 
 
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 A ação possessória protege a posse. Nem toda posse dá ensejo à usucapião e toda posse 
da ensejo a proteção interdital. A essência da usucapião é dar direito a quem tem aparência de 
direito. A usucapião tem prescrição aquisitiva. A doutrina discorda porque prescrição é sempre 
extintiva. Usucapião é sempre posse somada ao tempo. Quanto melhor a posse, menor o tempo. 
Isto é, o tempo para que se dê uma solução jurídica. 
 O art. 1.200, CC, dá uma qualificação de justa para a posse que não é violenta, clandestina 
e precária. No art. 1.201, CC, há mais uma definição de posse. Assim, fica definido que existem 
dois vícios quanto a posse: objetivos e subjetivos. Os vícios objetivos da posse são a violência, 
clandestinidade é precariedade. Os subjetivos são casos em que a posse é de má fé. 
 A posse violenta é aquela inaugurada por um ato de violência física ou moral. Tanto a 
violência quanto a clandestinidade são vícios relativos, porque só podem ser alegados pela vítima. 
A oposição da posse violenta chama-se pacífica. A clandestina foi aquela obtida de forma às 
escondidas. O oposto disso é a posse pública. 
 O prazo da usucapião começa quando a pessoa é desapossada. A posse precária é aquela 
que alguém tem, mas que deveria restituir é não o fez. Nesse caso, a origem a posse não é injusta. 
O prazo só é contato a partir do momento em que se percebe a perda da posse. 
 Uma posse que começa de boa-fé, salvo prova em contrário, termina de má-fé (art. 1.203, 
CC). Essa regra estabelece a presunção iuris tantum, a boa-fé pode se transformar em má fé por 
uma mera circunstância de fato. 
 O possuidor com justo título tem a presunção de boa-fé (art. 1.201, § único, CC). Justo título 
não é necessariamente um título que gere justiça, é um título hábil, em tese, para transferir o direito, 
mas ele no caso concreto não operou essa transferência. A presunção que advém do justo título é 
importante porque demonstra a boa-fé. 
 Uma boa fé sem justo título, uma pessoa acha que recebeu uma doação quando algo foi 
dado em comodato. O inverso: a pessoa recebe uma doação, justo título, mas sabe que esse bem 
doado proveio de uma ilicitude, age de má fé. 
 
 
Aula 4 - 16/03/15 
{continuação - Posse} 
 
 
 No CC não há um rol de possibilidades em que se pode adquirir a posse. Ela é adquirida 
desde o momento em que é possível exercer em nome próprio um dos poderes inerentes à 
propriedade (uso, fruição, disposição), art. 1.204, CC. A posse, noção distinta da propriedade, existe 
quando se exerce em nome próprio um desses poderes. A aquisição da posse difere-se da detenção 
porque este não pode exercer em nome próprio, ao contrário daquele. A partir do momento em que 
se passa a ter a isso em nome próprio, é possível colher os frutos, manejar os interditos 
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possessórios e contar prazo para a usucapião. Há duas formas de aquisição da posse, uma 
originária e outra derivada. No primeiro caso, é aquele caso em que não há consentimento do 
antecessor da posse, enquanto a segunda é aquela em que existe uma relação jurídica com o 
possuidor anterior. Então, a originária é aquela em que se ocupa a coisa. A derivada é aquela em 
há a transmissão da posse por meio de uma relação contratual. Quando se trata de aquisição 
originária, há uma posse nova. No outro caso, existe a possibilidade de unir a posse com a do 
antecessor. Assim, é possível só somar o tempo do antecessor na posse ao tempo do atual 
possuidor para contar o prazo da usucapião, desde que essas posses sejam contínuas. Isso se 
chama ascensão de posse. 
 A aquisição da posse derivada pode ser por sucessão, quando se tem um evento causa 
mortis, ou por tradição, que se divide em três hipóteses. A tradição efetiva ou material é a mais 
simples, efetiva entrega da coisa. A tradição simbólica é aquela que, embora não ocorra uma 
entrega efetiva e imediata, há um ato simbólico envolvendo a transferência da posse. A terceira 
hipótese é a mais complexa, é chamada tradição consensual. A posse é uma situação de domínio 
sobre a coisa. Ou seja, esse é o elemento corpus, corpo sobre o qual incide a posse. Por uma teoria 
da posse, de Hiering, basta o corpus. Para o direito brasileiro, não é essa a teoria válida. A teoria 
subjetiva diz que é preciso ter o corpus e também a vontade de que aquele corpus seja de 
propriedade da pessoa, chamado animus domini. Essa é a teoria do Savigny. Há, ainda, situações 
em que a pessoa tem o corpus, mas não tem o animus. O direito brasileiro tem a chamada posse 
derivada, posse sem corpus, pois confere-se a posse por outro modo, através do exercício de um 
dos poderes da propriedade. Nesse caso, a forma de adquirir a posse é por meio do constituto 
possessório, essa é a terceira forma de obter a posse. Então, o constituto possessório ocorre 
quando alguém que tinha corpus e animus passa a ter só corpus, pois o animus é de outra pessoa. 
No consituto possessório, aquele que está na posse vai deixar de possuir a propriedade sobre a 
coisa. É diferente do caso em que a pessoa tem a posse e vai receber a propriedade. 
 Na aquisição derivada, a maioria das vezes, o novo possuidor recebe a posse com as 
mesmas características do possuidor anterior, salvo prova em contrário. Vide art. 1.203, CC. Então, 
o antigo possuidor poderia ter uma posse de má fé, mas a do novo possuidor pode ser de boa-fé 
se for provado que ele não sabia dos vícios. O contrário também é válido. A aquisição originária é 
a nova posse, não traz consigo nada da posse anterior. Pelo art. 1.205, CC, foca claro que a 
aquisição da posse pode ser feita pelo próprio, pelo representante legal, procurador ou por terceiro, 
desde que ratificado posteriormente. O art. 1.206, CC, define que a posse adquirida por sucessão 
vem com os mesmos caracteres da posse anterior. Quando não é por sucessão, a posse vem com 
os mesmos caracteres, salvo prova em contrário (art. 1.203, CC). Assim, adquirir algo como herança 
ou legado, vem com os mesmos caracteres. Pelo art. 1.207, CC, empreende-se que o sucessor 
universal, aquele que sucede a pessoa em todos os bens e direitos - herdeiro, tem a soma da posse 
automática. Já o singular, pode somar a posse. Somar pode não ser vantajoso por conta de dívidas. 
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O herdeiro singular pode ou não somar, mas o universal não tem essa possibilidade, 
necessariamente será somado. 
 Não induzem posse os atos de permissão ou tolerância (art. 1.208, CC). Não é o caso do 
detentor, aquele que exerce em nome de outro e é subordinado. A permissão ou tolerância se aplica 
a casos, geralmente, de amigos ou família. A permissão é o empréstimo da coisa para alguém. A 
tolerância não é permissão do proprietário, mas este nada faz para impedir a posse. Essas 
situações não incorrem na posse, porém é possível perder a posse por usucapião. A tolerância não 
afasta o direito do proprietário. A permissão parte do proprietário. A tolerância é um atodo outro, e 
o proprietário apenas anui com a situação. A questão na tolerância é determinar qual o limite para 
que a posse tolerada não seja configurada como usucapião. Não há um limite temporal para a posse 
ensejar a usucapião, nesse caso. Principalmente porque, geralmente, não há continuidade na posse 
por tolerância. Ainda assim, é preciso que o proprietário tenha cuidado ao tolerar determinados atos 
que podem ensejar a usucapião. 
 Um dos mais importantes efeitos da posse é a possibilidade de adquirir a propriedade pela 
usucapião. Na usucapião adquire-se a propriedade no momento em que se completa o prazo, por 
isso a sentença de uma ação de usucapião é declaratória. Então, o primeiro efeito da posse é a 
permissão de adquirir a propriedade. Na usucapião é preciso provar que se está na posse do bem 
há muito tempo, isso se faz através de contas no nome do possuidor, por exemplo. O segundo efeito 
da posse é a possibilidade de colher os frutos. O possuidor pode colher os frutos e, nesse caso, 
será preciso verificar a boa ou má fé do possuidor. O terceiro efeito é a possibilidade de defender a 
posse, pode ser o desforço possessório (violência envolvida) ou pelos interditos possessórios. O 
último efeito da posse é o direito de retenção. Quando é feita uma benfeitoria, existe o direito de ser 
indenizado pela benfeitoria. Na posse de má fé não se é indenizado pelas benfeitorias úteis, só 
pelas necessárias. O direito de retenção é a possibilidade de reter a coisa até o recebimento da 
indenização. 
 
 
Aula 5 - 20/03/15 
{continuação - Posse} 
 
 
 Interditos possessórios presentes no art. 1.210, CC. 
 
a) Interdito proibitório: protege da ameaça à posse (art. 932, CC). 
b) Ação de manutenção de posse: visa a proteger uma lesão chamada turbação, que é um 
incômodo da posse. 
c) Ação de reintegração da posse: protege a lesão mais grave, que é o esbulho, perda da posse. 
 
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 Princípio da fungibilidade das ações possessórias: se o caso é de turbação e se ingressou 
com uma ação de reintegração, o juiz pode transformar a ação em manutenção, não precisa 
extinguir o processo. 
 Outra ação que protege a posse são os embargos de terceiro, os quais são uma ação 
específica para quem não é parte do processo. São casos de direitos conexos, dependentes de 
outra ação judicial e serão interpostos por um terceiro, é um procedimento da proteção possesória. 
 Ação de nunciação de obra nova: essa ação não é uma ação possessória propriamente dita, 
mas pode ser utilizada para proteção de obra nova. É um caso em que se pede para parar uma 
obra em andamento. Aqui, os prazos são muito mais curtos. Pede-se uma liminar para pedir-se que 
pare a obra. Não tem um aspecto possessório por essência, mas pode ser um remédio cabível para 
proteção da posse, vide art. 934, CPC. 
 Uma ação possessória discute exclusivamente a posse, seja ela justa ou injusta. Não 
importa se quem esbulhou ou turbou era o proprietário ou tinha outro direito real sobre a coisa. 
Discute-se a situação de fato. Então, na ação possessória não serão comparados os títulos, 
aspectos relacionados ao direito real, discute-se a situação fática da posse. O fato de ser 
proprietário do bem não dá o direito de esbulhar, tomar ou turbar a posse. Para recuperar a posse, 
a ação cabível, nesses casos, é a da reintegração da posse, ou seja, pede-se a posse em razão da 
propriedade. Dessa forma, a exceção de propriedade não é oponível nas ações possessórias (art. 
1.210, § 2º, CC). O possuidor pode se defender com sua própria força se cumprir dois requisitos, 
presentes no art. 1.210, § 1º, CC: se o fizer logo; se usar a violência proporcionalmente à violência 
sofrida na perda da posse. Um efeito da posse é a defesa dela. 
 
- Efeitos da posse: usucapião; defesa da posse, ser restituído pelos frutos; indenização pelas 
benfeitorias e, consequentemente, retenção da posse; indenização se houve dano ao bem. 
 
 Para a indenização ser devida, dependerá da boa-fé do possuidor e do tipo de benfeitoria. 
A benfeitoria necessária deve sempre ser indenizada, seja no caso de possuidor de boa-fé, seja no 
de má fé. A lei não premia a má fé, mas não pode haver enriquecimento sem causa, porque a 
benfeitoria era necessária para a manutenção do bem. Por outro lado, o possuidor de má fé nunca 
será indenizado pela benfeitoria voluptuária. 
 O possuidor de boa-fé tem direito de ser indenizado previsto no art. 1.209, CC, nos casos 
de benfeitoria necessária e útil, pode fazer valer, nesses casos, o direito de retenção. Em relação 
às voluptuárias, é possível retirá-las, mas desde que isso não deteriore a coisa. Terá direito à 
indenização se a benfeitoria não puder ser retirada e, nesses casos, não há direito de retenção. 
Pelo art. 1.220, CC, o possuidor de má fé tem direito à ser indenizado pelas benfeitorias 
necessárias, mas não terá direito de retenção. Não terá o direito de levantar as voluptuárias. 
 De acordo com o art. 1.221, CC, não faz diferença entre boa fé e má fé. A benfeitoria, quando 
indenizável, pode ser compensada pelos danos causados ao bem. O dano sempre é ressarcido, 
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seja de boa-fé ou não. A posse de má fé pode gerar uma ação própria para indenizar os danos pelo 
uso do bem, mas isso é diferente do dano provocado diretamente ao bem. No primeiro caso, é uma 
ação de reparação de danos, enquanto a segunda é relativa à uma ação possessória. Quando se 
tem que indenizar o possuidor de má fé é possível optar entre pagar pelo valor da coisa ou pelo 
custo dela. Sendo de boa-fé, paga-se o valor atual. Ambas as disposições estão presentes no art. 
1.222, CC. 
 De acordo com o art. 1.214, CC, se a posse é de boa-fé, enquanto persiste a posse, é 
possível colher os frutos. Quanto aos frutos pendentes, serão restituídos, irão para o novo 
possuidor, assim como aqueles que foram colhidos por antecipação. O possuidor de má fé, por sua 
vez, não terá direitos aos frutos, ao contrário, terá de indenizar o novo possuidor. Ressalta-se que 
boa-fé ou má fé dizem respeito à ciência da propriedade ou posse de um terceiro e, ainda assim, 
assumir a posse do bem. O possuidor de boa-fé não responde pela deterioração da coisa que não 
der causa, vide art. 1.217, CC. Por sua vez, responde o possuidor de má fé pela deterioração da 
coisa, salvo se provar que o mesmo aconteceria se na posse do real proprietário (art. 1.218, CC). 
 
 
Aula 6 - 23/03/15 
Interditos possessórios 
 
 
 Se não há posse, não há possibilidade de entrar com interditos possessórios. A circunstância 
se revela em outro remédio, que não o das ações possessórias. Embargos de terceiro protegem 
tanto a posse, quanto a propriedade. Art. 1.046, CPC, enfatiza a situação segunda a qual o 
embargante pode ser proprietário com posse ou somente possuidor. Isso significa que esse remédio 
jurídico cabe nas duas hipóteses, mas uma ação possessória não cabe na proteção da propriedade. 
Na verdade, quem tem título de propriedade e busca uma posse que nunca teve, não poderá usar 
interditos possessórios. O art. 1.228. CC, dispõe a possibilidade de rever a coisa, é a chamada ação 
reivindicatória. Nas ações do CC há um procedimento específico para reaver a posse. O provimento 
judicial é balizado pelo pedido e pela causa de pedir, em uma situação normal quem baliza é o 
autor. Provar a propriedade não se dá unicamente através do registro de propriedade, porque este 
pode ser anulado (art. 1.247, CC). 
 A partir do art. 920, CPC, estão dispostas as ações possessórias. Esse artigo mostra o 
princípio da fungibilidade das ações possessórias, ou seja, é possível pedir algo diferente do que 
se mostrou de fato. A ação possessória pode trazer em seu contexto os pedidos suplementares 
constantes no art. 921, CPC. A ideia de que todo esbulhador está de má fé não é verdadeira, 
portanto, no desfazimento de obras e construções, o pedido deve estarmuito bem formulado, 
porque é possível que o possuidor esteja de boa fé e, nesses casos, ele terá direito de retenção. O 
direito de retenção tem que ser alegado na contestação. Então, o desfazimento pode ser relativizado 
pelo direito de retenção do possuidor de boa-fé. 
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 O art. 922, CC, traz o cárter dúplice de uma ação possessória. Isto é, o réu pode pedir 
também a ação possessória pelos caracteres que ele apresenta. Assim, caberá ao juiz decidir se 
autor ou réu são os verdadeiros possuidores. O art. 923, CPC, quer evitar uma confusão entre juízo 
petitório e juízo possessório. Se uma pessoa ingressa com uma ação judicial escorada na posse, a 
contestação não pode ser escorada na propriedade. Isso é semelhante ao disposto no art. 1.210, 
CC. Posse e propriedade são coisas diferentes, por isso ações que visam a proteção da posse não 
devem discutir a propriedade. Existe uma exceção, a da súmula 487 do STF, que dispõe ser 
possível discutir a propriedade quando ambos os possuidores dizem ter a posse calcada na 
propriedade. É o exemplo que duas pessoas compram uma mesma propriedade por má fé do 
vendedor e ambos discutem quem é, de fato, o proprietário e o possuidor. 
 O art. 924, CPC, é essencialmente processual porque fixa o procedimento para as ações 
possessórias nas quais exista uma lesão na posse ocorrida a menos de um ano e um dia. Acima 
dessa data, as ações são outras, regidas pelo art. 282, CPC. Basicamente, a grande diferença é o 
prazo para contestar. É preciso situar no tempo a data da lesão à posse para saber qual o 
procedimento cabível. No art. 925, CPC, há a previsão do pedido de caução, garantia que o juiz 
pode pedir de ofício ou a requerimento da parte para resguardar o dano que pode advir ao réu na 
concessão de uma liminar. A caução pode ser real ou fidejussória (pode dar um bem ou uma 
garantia pessoal - dinheiro). 
 O art. 926, CPC, repete o que consta no caput do art. 1.210, CC. O art. 927, CPC, só trata 
das ações de reintegração de posse e de manutenção da posse. O que está disposto no artigo é o 
que deve constar na petição inicial. Na ação de esbulho é preciso provar que se perdeu a posse, o 
que ocorre muitas vezes via testemunhal. Ou seja, cabe ao autor mostrar que a posse está com o 
réu. Mesmo que o réu tenha esbulhado a posse, se este não estiver com ela no momento da ação, 
não caberá interdito possessório. 
 Os arts. 928 e 929 do CPC tratam de uma situação frequente nas demandas possessórias, 
que é a chamada audiência de justificação. Essa audiência existe para tentar entender a justificativa 
das testemunhas, no momento inicial do processo, que deem causa a liminar. O juiz busca se 
inteirar, mesmo sem ter ouvido o réu, pois este não contestou. A audiência serve para se provar a 
posse ou algum dos requisitos do art. 927, CPC. O réu não contesta, via de regra. Assim, o autor 
deverá justificar a sua posse. Só depois de decidida a justificação, o réu será citado para contestar 
a justificação em um prazo de 5 dias (art. 930, CPC). O art. 928, § único, CPC, estabelece que não 
é possível reconhecer liminar que envolva direito público. 
 O que o art. 932, CPC, dispõe é sobre a necessidade de que o receio seja justo e assim 
definido pelo juízo. O art. 1.212, CC, tem dimensão importante do ponto de vista prático porque 
alude às hipóteses em que o esbulho foi cometido por uma pessoa, mas a posse está com outra. 
Isto é, o atual possuidor não foi quem praticou o esbulho. Não há demanda possessória contra esse 
possuidor, salvo se o mesmo souber que a coisa era objeto de esbulho. O que o artigo diz é que 
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para a ação de esbulho é preciso provar que o terceiro não esbulhador sabia que a coisa era 
esbulhada, se não, cabe a ação reivindicatória, onde se discute o título de propriedade. 
 
 
Aula 7 - 26/03/15 
Perda da posse 
 
 
 O art. 1.223, CC, define as situações em que há perda da posse. A perda do exercício dos 
poderes inerentes à propriedade representa a perda da posse, o que é um espelho do art. 1.196 do 
CC. A perda da posse pode se dar por meio de um ato voluntário do possuidor, casos, por exemplo, 
em que ele abandona a coisa ou à dá em tradição. É importante observar as circunstâncias em que 
a tradição ocorre, pois ela pode representar a perda também da propriedade, não só da posse. A 
perda da posse também pode ocorrer através de um constituto possessório, declaração de vontade 
posta em um contrato, verbal ou escrito, em que se identifique o objetivo da transferência da posse. 
O art. 1.224, CC, trata da perda da posse. Por esse artigo, compreende-se que a simples perda do 
contato com a coisa não enseja a perda da posse, isto só ocorrerá no caso de esbulho, quando o 
possuidor souber que foi esbulhado. 
 O art. 1.225, CC, elenca os 12 direitos reais taxativamente. A doutrina, porém, elenca mais 
possibilidades. Cabe ressaltar, entretanto, que somente a lei pode criar direitos reais. São os casos, 
por exemplo, dos arts. 1.361 e 9.514 do CC, que tratam da alienação fiduciária para bens móveis e 
imóveis, respectivamente. O mesmo vale para o art. 505, CC, que trata da retrovenda. A 
propriedade exige, muitas vezes, uma série de formalidades para ser constituída (vide art. 1.226, 
CC). O mesmo, no entanto, não se aplica necessariamente aos bens móveis, cuja tradição é 
suficiente para assegurar a posse é a propriedade. O próprio código traz exceções à essa ideia, 
presentes no art. 1.227, CC. A primeira delas é a ascensão (art. 1.248, CC). A segunda é a 
transferência da propriedade que se dá pela abertura da sucessão (art. 1.748 do CC). 
 
 
Aula 8 - 30/03/15 
Propriedade 
 
 
 Há uma evolução, ao longo da História do Direito, acerca da propriedade. No Direito romano, 
tinha direitos políticos quem era efetivamente proprietário. Depois, há a noção de propriedade na 
Idade Média, contexto no qual era fundamental conquistar e manter a conquista. Foi nesse momento 
que surgiu um Direito real que só acabou na reforma do CC02, a feitura. Ou seja, é onde surge os 
poderes de uso, gozo e fruição. No Código Napoleônico, há uma noção claramente individualista 
da propriedade. No começo do Séc. XX, a noção foi sendo alterada por uma ideia mais coletiva de 
propriedade. Verifica-se uma ideia muito clara de que a propriedade obriga, polo mais social, 
surgimento da função social da propriedade. 
 Cecília Alkimin 
 
 
 11 
 A teoria de Léon Muguet, adotada em diversos ordenamentos, demostra que a proteção 
judicial só seja reconhecida se a propriedade cumprir sua função social. Isso significa que o juiz 
brasileiro que entende a propriedade dessa forma, tem que identificar se aquela proteção pedida 
está condizente com a função daquela propriedade. As ideias de função social são sempre ora 
limitadoras do direito de propriedade, ora impulsoras da propriedade. Essa política é fundada na 
dignidade da pessoa humana. O juiz, então, não tem um papel passivo durante o processo, por 
isso, cabe a ele movimentar o procedimento atribuindo sanções à parte que não desempenhar a 
prova necessária para a sentença. Cabe ressaltar que só o fato da propriedade ser produtiva não 
garante que ela esteja exercendo sua função social. 
 A propriedade se presume plena e exclusiva até que se prove o contrário, vide art. 1.231, 
CC. A propriedade pura é aquela em que não há uma data ou um fim para seu exercício. É o 
contrário de uma propriedade resolúvel, quando pode haver uma cláusula de retrovenda que 
alterará a propriedade. Isto é, são propriedades que estão sujeitas à uma mudança no status de 
proprietário. Há a propriedade irrevogável e perpétua. Não se perde uma propriedade pelo não uso, 
tem que haver o uso por outro. Existe a propriedade inalienável e a alienável. Um testador pode 
gravar um bem com uma cláusula de inalienabilidade, além disso, não será um bem comunicável 
no regime de bens. Há regimesdistintos em relação à essas propriedades, móvel ou imóvel (art. 
1.226 e 1.227 do CC). 
 Uma propriedade nunca é absoluta, está sempre limitada por uma legislação específica. Nos 
arts. 1.229 e 1.230 do CC há uma noção clara dessa limitatividade. A proibição do uso do espaço 
aéreo ou do subsolo só pode ocorrer se houver justificativa razoável. Além disso, a propriedade do 
solo não corresponde aos bens previstos no art. 1.230, CC. Assim, fica claro que a propriedade não 
tem caráter absoluto. 
 
 
Aula 9 - 06/03/15 
Ação reivindicatória 
 
 
 Ação reivindicatória é uma ação que protege o direito de propriedade (ação petitória). Na 
petitória, discute-se o título de propriedade, a posse tem papel secundário. Aqui, não está mais em 
questão o estado de fato sobre a coisa, são os títulos (do autor e do réu) que brigam uns com os 
outros em juízo (art. 1.228, CC - parte final). O injustamente presente no art. 1.228, CC, tem a ver 
com a falta de título. Na ação reivindicatória, a briga é por títulos, quem ganhar terá a posse, objetivo 
secundário. 
 O autor de uma ação reivindicatória deve, em primeiro lugar, provar que é proprietário. 
Eventualmente, o título pode ser contestado porque pode ser relativo. A prova da propriedade pode 
ser feita por todos os meios, não só pela existência de título. A defesa que, normalmente, se faz 
nessa ação é aquela em que o réu nega a propriedade. Outra defesa frequente é a usucapião. 
 Cecília Alkimin 
 
 
 12 
Nessa hipótese, o reconhecimento pelo juízo da usucapião não o induz na propriedade, uma vez 
que essa é uma defesa, os ritos das ações são diferentes. Não cabe reconvenção. O que se pode 
fazer é ajuizar uma ação de usucapião, que será distribuída por dependência (por conexão - por 
conta do risco de decisões antagônicas) na vara original da ação reivindicatória. Nesse caso, ambas 
as ações são julgadas pela mesma sentença, então, o juiz considerará um dos pedidos procedentes 
e o outro improcedente. Se for decidida a favor da usucapião, o possuidor incidirá na posse. 
 A ação de imissão na posse é ação petitória em que o autor, invocando sua condição de 
proprietário, pede a posse que nunca teve, mas que tem direito pela força do título de propriedade. 
Não pode entrar com uma ação possessória porque nunca teve a posse. A ação de imissão na 
posse é uma ação reivindicatória especial, porque reivindica a posse, ainda que nunca a tenha tido, 
mas a qual tem direito. Faz-se uma invocação do título para que tenha direito a posse. Essa ação 
só tem relação com a imissão na posse. Essencialmente, a defesa que o réu pode alegar nesses 
casos é o defeito no título do autor. Isto é, aquele título não permite a posse da coisa. 
 
 
Aula 10 - 10/04/15 
Desapropriação, descoberta e registro 
 
 
• Desapropriação 
 A discussão na ação de desapropriação é tão somente calcular o valor da indenização, que 
sempre existe. A desapropriação sempre será em nome do interesse público. Tanto a CF, quanto o 
CC, falam em justa indenização, isto é, quanto o proprietário conseguiria naquele terreno. Outra 
discussão é quanto a prévia indenização. É prévia porque só se registra a transferência da 
propriedade com o pagamento da indenização majorado na ação de desapropriação, mas a posse 
é anterior, uma vez que é urgente a necessidade de exercer a função de interesse social. Na prática, 
tão logo seja feito o primeiro laudo de avaliação, o juízo já garante a posse do terreno. O art. 1.228, 
§ 3º, CC, define que a desapropriação é feita em nome da utilidade pública, necessidade ou 
interesse público. A parte final do artigo dispõe sobre a requisição, que não tem a ver com 
desapropriação ou usucapião, ocorre quando o ente público requisita o imóvel em função de risco 
eminente. Cessado o perigo eminente, o ente público devolve o bem ao seu proprietário. 
 O § 4º do art. 1.228, CC, é a maior flexibilização do direito de propriedade. Não há uma 
definição específica do que seria a extensa área prevista pelo artigo. Então, deverá o juiz avaliar o 
caso concreto. Fala-se em posse ininterrupta por 5 anos, o que se difere das hipóteses de 
usucapião, que usualmente tem prazos maiores para adquirir a propriedade. Poderá perder a 
propriedade se for uma área extensa, e a posse for de boa-fé por 5 anos ininterruptos. Além disso, 
é preciso haver um considerável número de pessoas, conceito aberto, mas em que deve ser pesado 
o interesse social. Esse artigo não exige que as pessoas morem naquele lugar. Não é definido 
 Cecília Alkimin 
 
 
 13 
também a forma da perda da propriedade, pois não é usucapião, já que neste caso não se exige 
indenização, enquanto nesse há previsão para indenizar. Uma parte da doutrina entende que esse 
artigo é inconstitucional, visto que cria uma espécie de desapropriação privada. 
 
• Descoberta 
 A descoberta está regulada no art. 1.233 e ss do CC. Não é forma de aquisição da 
propriedade, ocorre quando se acha algo perdido de alguém. A descoberta pode gerar uma 
obrigação de restituir, mesmo que não se saiba à quem pertence aquele bem, além de gerar direito 
à recompensa. Ao achar o bem de alguém, é preciso devolvê-lo, mas esse ato gerará o direito de 
ser recompensado. A propriedade, vale ressaltar, não será adquirida. 
 
• Registro 
 Formas de aquisição da propriedade imóvel: usucapião, acessão (quando uma coisa se 
junta à outra) e transcrição (título que será registrado no RGI). A grande discussão é saber se o 
título basta para adquirir a propriedade, o que dependerá de cada país. Para muitos países, como 
a França, Portugal, basta o título para se determinar a propriedade. Em outros países, caso do 
Brasil, o título dá o direito de adquirir a propriedade, mas não a propriedade em si. Ou seja, a 
propriedade é adquirida quando se pega o título e ele é transcrito na matrícula do imóvel. O registro 
pode ser anulado se for verificado que o título não exprime a verdade. Então, no sistema brasileiro, 
o título é a causa da propriedade e o registro é o que confere a propriedade. A presunção da 
propriedade pelo registro é relativa (iuris tantum). A prenotação é o protocolo do título no RGI. Em 
30 dias, será feita a análise do título e da matrícula. Se cair em exigência, haverá um prazo para 
que seja cumprida. A prenotação é importante para garantir o aspecto temporal, ou seja, quem 
trouxe primeiro o título terá preferência na transcrição. 
 Princípios que regem o registro: 
 1. Princípio da obrigatoriedade: a escritura não basta, é preciso escritura. 
 2. Princípio da fé pública: registro confere presunção relativa da propriedade. 
 3. Princípio da continuidade: o registro de um título depende do registro do um título 
 anterior. 
 Entre vivos, transfere-se a propriedade por meio da transcrição (art. 1.245, CC). O registro 
terá efeitos desde o momento em que for prenotado (art. 1.246, CC). A anulação do registro importa 
na anulação de todos os registros posteriores, só que o CC dispõe que, anulado o registro, o 
proprietário reaverá o bem, independente de boa-fé do terceiro adquirente (art. 1.247, CC). 
 
 
Aula 11 - 13/04/15 
Usucapião 
 
 
 Cecília Alkimin 
 
 
 14 
 Aplicam-se as regras da usucapião imóvel à usucapião móvel. A usucapião representa a 
aquisição da propriedade imobiliária através do tempo. Está presente o animus domini, ânimo de 
proprietário. Quaisquer das formas de usucapião envolvem posse somada ao tempo. Contesta-se 
uma usucapião por meio da alegação de falta de posse ou de falta de tempo. Se a posse é de boa 
fé e está escorada em um justo título (inábil na hipótese concreta, mas título de proprietário) 
demanda menos tempo que a posse de má fé. Uma aparência de direito se transforma em direito 
efetivo através da convalidação. É extraordinária aquela que demanda mais tempo para ser 
reconhecida, contrária à ordinária. 
 Em se tratando de imóveis, não é possível usucapir um bem da União.Existem 
transferências que se dão com gravame de cláusula de inalienabilidade, o que representa uma 
restrição à circulação da propriedade. No entanto, doutrina e jurisprudência aceitam a possibilidade 
de usucapir, nesses casos, por uma única justificativa: a usucapião é sempre uma aquisição 
originária, inaugura um estado sobre a coisa, ou seja, só se transfere por uma sentença judicial. 
Assim, não se aplicaria o gravame real. 
 Se a usucapião é passível de prescrição aquisitiva, é preciso olhar para os sujeitos da 
relação. Isso significa que marido e mulher não podem usucapir bens um do outro, o mesmo para 
pais e filhos. A posse deve ser mansa e pacífica, aquela que é contestada judicialmente não 
configura usucapião, pelo art. 219 do CPC estabelece os efeitos da citação, entre eles, define que 
a citação interrompe a prescrição. Se o efeito é de interrupção, o prazo prescricional zera e começa 
de novo. Acontece que se o efeito for levado dessa forma, ainda que o proprietário perca a ação 
contra o possuidor, zeraria o prazo, então, o possuidor precisaria de 15 anos para usucapir 
novamente. Se isso acontecesse, levaria à uma situação que impediria a aquisição da propriedade, 
assim, a jurisprudência considera que o efeito interruptivo não ocorre quando a ação (ajuizada pelo 
proprietário contra o possuidor) é perdida. 
 A sentença que julga a usucapião tem efeito declaratório (todo período anterior da posse foi 
usocapionem) e constitutivo (representa a modificação do nome do proprietário). Então, os efeitos 
são ex tunc. A sentença é levada no registro de imóveis para que seja transferida a propriedade. 
No CC, o art. 1.238 prevê a hipótese de usucapião extraordinária. O caput trata da posse de 15 
anos mansa e pacífica, em que e adquire a propriedade sem título e independentemente de boa-fé. 
O prazo máximo é de 15 anos para usucapir. Existe uma situação que faz esse prazo ser diminuído 
para 10 anos, se o possuidor, ainda que de má fé, resida habitualmente ou realize obras de caráter 
produtivo no bem. Esse ônus cabe ao autor da ação de usucapião. Uma das formas de se defender 
de uma ação de reintegração de posse é a ação de usucapião. 
 O art. 1.239, CC, prevê a hipótese de usucapião no imóvel rural. Esse artigo trata de imóvel 
rural no limite de 50 hectares, além disso, o autor da usucapião tem que tornar o solo produtivo em 
função de seu trabalho e morar no local. Não pode, cabe ressaltar, ser proprietário de outro imóvel, 
seja urbano ou rural. O prazo é reduzido para 5 anos. O art. 1.240, CC, traz o mesmo princípio só 
 Cecília Alkimin 
 
 
 15 
que se tratando de imóvel com 240 hectares. A usucapião só é concedida uma vez. O art. 1.240-A, 
CC, prevê usucapião para os casos em que um dos cônjuges é abandonado pelo companheiro. 
Segundo o art. 1.242, CC, basta que tenha justo título e boa-fé para se beneficiar do prazo de 5 
anos. Não precisa ajuizar ação, porque o nome já consta como proprietário no RGI. Esse artigo é 
uma contraposição ao art. 1.247, CC. 
 
 
Aula 12 - 04/05/14 
Formas de aquisição da propriedade 
 
 
 A acessão da propriedade, prevista no art. 1.248, CC, é uma das formas de aquisição da 
propriedade móvel. Existe entre (i) dois imóveis, (ii) móvel e imóvel, (iii) dois móveis. Na acessão o 
que ocorre é que existem dois bens que existem separadamente, mas vêm a ser unificados, criando 
uma nova situação jurídica a ser regulamentada. O legislador dá soluções para esta nova situação 
considerando três princípios: 
 
1. Principalidade do solo: tudo aquilo que é lançado no solo e nele adere, é atraído. Isto é, a coisa 
lançada passa a ser de propriedade daquele que é dono do solo. 
2. Princípio econômico-jurídico: aproveitamento da coisa. Aquilo que resulta da acessão passa a 
ter aproveitamento que justifica a coisa como nova. 
3. Boa fé: de quem plantou e construiu. 
 
 O inciso V do art. 1.248, CC, é o mais comum dos casos. Representa saber qual o regime 
jurídico que advém da circunstância em que alguém (i) em solo próprio, faz uma construção usando 
materiais ou plantação de semente alheias; (ii) alguém usando materiais próprios constrói ou planta 
em terreno alheio; (iii) alguém não é dono nem dos materiais ou sementes e constrói ou planta em 
terreno alheio. Cada uma das hipóteses tem solução específica. 
O art. 1.249, CC, trata de hipótese pouco comum na prática, abarcando a propriedade 
ribeirinha. Tanto a aluvião, quanto a avulsão, tratam de novas propriedades surgidas na beira do 
rio, devido ao deslocamento de um pedaço de terra que se juntou a uma das margens, levando um 
dos terrenos à margem do rio a ter sua dimensão aumentada. A avulsão (art. 1.251, CC) requer 
indenização porque é violenta. Nesta hipótese, um pedaço de terra bruscamente se desprendeu de 
uma propriedade e se juntou a outra, é uma força da natureza violenta. A avulsão requer 
indenização ou o decurso de um ano sem reclamação para que haja acessão. A aluvião (art. 1.250, 
CC) não requer indenização, pois ocorre gradualmente o deslocamento. Na hipótese de aluvião, 
aquele que perdeu a terra não tem direito de pleitear qualquer indenização tendo em vista que esse 
é um risco inerente às propriedades ribeirinhas. 
 Cecília Alkimin 
 
 
 16 
Acessão de bem móvel para imóvel. Hipóteses: sementes plantadas no terreno, materiais 
de construção incorporados ao bem imóvel. Possíveis causas: desconhecimento de demarcação, 
construção e plantação em terreno alheio com a intenção de adquirir a propriedade, desapropriação 
judicial, dono de terreno sabe da construção de terceiro e permite que aquilo prossiga por pensar 
que obteria vantagens com aquilo. Regras gerais: o acessório segue o principal (princípio da 
gravitação jurídica); a indenização será devida conforme haja boa-fé das partes, que é caracterizada 
pela ignorância quanto à construção ou quanto à propriedade alheia; a lei visa evitar enriquecimento 
sem causa e premiação da má-fé; a lei não estabelece a possibilidade de se retirar aquilo que tenha 
sido construído ou plantado. 
Pelo art. 1.253, CC, a presunção é iuris tantum. O artigo seguinte fala da presunção de que 
o solo é o principal e fala da boa-fé. Se o sujeito agiu de boa-fé, somente paga os materiais. Porém, 
se agiu de má fé, pagará o valor dos materiais e indenizará em perdas e danos. Pelo art. 1.255, 
CC, aquele que planta ou semeia em terreno alheio, perderá os frutos para o proprietário. Se agir 
de boa-fé, será indenizado pelos gastos que teve. O parágrafo único do artigo citado quebre o 
princípio de que o solo atraí as coisas que se aderem a ele, portanto, pertencem ao proprietário do 
terreno. Apesar de não desfazer a construção ou plantação, se o sujeito estiver de boa fé e exceder 
consideravelmente o valor da propriedade, esta será adquirida por ele. Nesse caso, os três 
princípios estão em harmonia. 
 Possíveis cenários do art. 1.256, CC. Tendo a construção do valor superior ao do terreno, o 
construtor de boa-fé adquire a sua propriedade, devendo indenizar o dono de boa-fé pelo valor do 
terreno (ambos estando de boa-fé). Se o valor da construção exceder o valor do terreno, estando 
tanto o construtor, quanto o dono do terreno, de boa-fé, o construtor adquirirá a propriedade do 
terreno, devendo, contudo, pagar a devida indenização ao dono do terreno. Se a construção tiver 
valor superior ao do terreno e estiver o dono dele de má-fé, enquanto o construtor está de boa-fé, 
o construtor adquirirá a propriedade do terreno sem ter que pagar indenização por isso. Quando 
ambos estiverem de má-fé, cabe apenas indenização material à quem construiu (pelo valor dos 
materiais empreendidos). Estando de má-fé o construtor, e o dono do terreno de boa-fé, o construtor 
não terá direito de propriedade do terreno/construtor, nem mesmo será indenizado. 
 Segundo o art. 1.257, CC, dispõe sobre os casos de terceiros que pega equipamentos que 
não lhe pertenceme empregam no terreno que igualmente não lhe pertence. O dono do terreno fica 
com a acessão, porém o dono do equipamento o perderá. Não se pode ajuizar ação pedindo 
originariamente que o pagamento seja feito pelo primeiro construtor. Não há solidariedade. O art. 
1.258, CC, não está se referindo à construção em todo o solo, mas sim aquela que é parcial e que 
não excede 20% do terreno alheio. Se há má fé, a punição é severa, poderá haver a obrigação de 
demolir a construção. Se a demolição não for possível, pagar-se-á perdas e danos. O art. 1.259, 
CC, é um espelho do artigo anterior, mas trata das hipóteses em que se exceda 20% do solo alheio. 
 Acessão de móvel para móvel: obrou em material alheio e pagar indenização. 
 Cecília Alkimin 
 
 
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Aula 13 - 08/05/14 
Transição da propriedade móvel e a importância da posse 
 
 
• Usucapião 
 Trata da aquisição da posse mobiliária e imobiliária. É uma forma de aquisição da posse 
originária, logo, a propriedade é inaugurada, sem guardar vínculos com o passado. A usucapião de 
móvel se dá em prazo inferior à usucapião de coisa imóvel. A usucapião se revela no mundo jurídico 
como a consolidação de uma aquisição imperfeita. A aparência que decorria dessa situação era 
consolidada. A usucapião é sempre posse somada ao tempo, só se pode rebater uma ação de 
usucapião usando um desses elementos. 
A posse deve ser ad usucapionen. Nem toda a posse direta dá direito à usucapião. Quando 
há o desdobramento da posse, por exemplo, no caso de locação, a posse direta não exclui a 
indireta. Art. 1.241, CC, determina que para que se proceda ao registro na sentença que julga 
procedente a ação de usucapião, se extrai uma carta de sentença, levando-a ao cartório do RGI 
para transferir a propriedade. Este tipo de posse é direta, pública (vide regra do art. 1.224, CC), 
mansa e pacífica, o ânimo é de proprietário e não deriva de uma relação obrigatória, bem como não 
deriva de tolerância ou mera permissão (art. 1.208, CC). 
Bens passíveis de usucapião são aqueles que estão no comércio e são passíveis de 
usucapião, os bens que estão fora do comércio não são passíveis de usucapião. Bens gravados 
com incomunicabilidade, inalienabilidade, impenhorabilidade também podem sofrer usucapião, já 
que esta é uma forma de aquisição originária, como determinou o STF. Em sendo a usucapião uma 
forma de prescrição, só pode haver interrupção da prescrição uma vez. Vale ressaltar que uma 
posse que não seja mansa, nem pacífica, jamais ensejará na usucapião. 
Quanto às questões processuais, aplica-se o art. 219 do CPC para a citação. Quando válida, 
a citação interromperá a prescrição. Por exemplo, se recebe a citação um dia antes de se completar 
os 15 anos de posse, não será possível alegar a usucapião. Entretanto, é possível que a ação 
possessória seja perdida pelo proprietário do terreno, então, o réu poderá continuar mantido no 
imóvel. A Doutrina e a Jurisprudência entendem que o efeito interruptivo da prescrição no caso da 
usucapião só ocorre no caso de procedente a ação possessória. Qualquer improcedência, com 
resolução do mérito ou sem, formando coisa julgada material ou formal, não induzem a interrupção 
da prescrição. Se o vencedor da ação possessória não executa a sentença de procedência do 
pedido, o prazo de usucapião continuará correndo e o réu poderá intentar a ação de usucapião. 
A usucapião poderá ser extraordinária, prevista no art. 1.238, CC. Esse caso demanda maior 
lapso temporal, exige 15 anos para imóveis. O prazo é maior porque a posse é menos qualificada, 
não requer título ou boa-fé. A usucapião extraordinária prescinde de boa-fé e título, mas exige 15 
 Cecília Alkimin 
 
 
 18 
anos de posse, o que pode ser reduzido para 10 no caso do possuidor ter estabelecido no imóvel 
sua moradia ou tiver realizado obras ou serviços de caráter produtivo. Outra hipótese de usucapião 
é a ordinária, com disposição no art. 1.242, CC. Esta exige 10 anos, é mais qualificada, pois é 
fundada em justo título e na boa-fé. O prazo é reduzido para cinco anos se o imóvel tiver sido 
adquirido onerosamente e sendo objeto de anulação de registro, contrapondo-se com o art. 1.247, 
CC. Se o reivindicante não intentar ação anulatória de registro dentro de 5 anos, aplica-se o art. 
1.242, CC. A aquisição deve ter sido onerosa com base no registro e os adquirentes devem ter 
estabelecido sua moradia. Além disso, para que se faça uso do prazo de 5 anos, é fundamental a 
boa-fé do adquirente. Outra forma de usucapião é a pró-labore/rural, vide art. 1.239, CC, c/c Lei 
6969, art. 7º, a qual se dá em 5 anos, decorrendo do exercício de uma posse qualificada pelo 
trabalho, assim, exigindo um prazo menor, já que a área é de, no máximo, 50 hectares. 
O Estatuto da Cidade criou duas formas de usucapião: individual urbano ou coletiva urbano. 
Para se usucapir em 5 anos um imóvel urbano, este não poderá ser maior do que 250m², mas o 
possuidor pode ingressar com a ação pedindo apenas os 250m² do imóvel que seja maior que isto. 
A usucapião especial de imóvel urbano (coletiva) é restrita à imóveis localizados em zonas urbanas, 
relevante em relação às favelas. Não é necessário delimitar a área do bem usucapiendo. Pode 
haver litisconsórcio ativo. Exigências: possibilidade de várias pessoas usucapirem uma área urbana 
maior que 250m², os beneficiários são as pessoas de baixa renda, a finalidade deve ser residencial, 
além da posse tem que ter sido ininterrupta por 5 anos. Arts. 9º a 13 do Estatuto da Cidade. 
A alegação de usucapião como matéria de defesa é hipótese legal, prevista na Súmula 237 
do STF. Na prática, isso significa que o atual possuidor, estando no imóvel há vários anos e podendo 
entrar com ação de usucapião, mas não o fazendo, poderá arguir usucapião como matéria de 
defesa, caso seja acionado posteriormente em ação possessória ou reivindicatória proposta pelo 
proprietário. Não cabe alegar usucapião em reconvenção porque esta ação tem um procedimento 
próprio, a reconvenção só permite que os procedimentos sejam iguais. 
 É o mesmo princípio da aquisição por usucapião do bem imóvel, mas o prazo se reduz 
drasticamente para dar segurança jurídica. Alguns bens móveis são excepcionados, pois tem 
registro. Pelo art. 1.260, CC, a posse tem que ser contínua. 
 
• Ocupação 
 Só pode ocorrer se o bem foi abandonado, quebrou ou não tem dono. Não pode, também, 
haver vedação específica da lei. Art. 1.263, CC. 
 
• Tradição 
 Entrega da coisa com o intuito de transferir a propriedade. Não transfere-se a propriedade 
com contrato de aluguel ou comodato. É muito importante saber se quem transfere pode fazê-lo. 
Há peculiaridades, principalmente se não houver registro. A aparência de propriedade se dá pela 
 Cecília Alkimin 
 
 
 19 
posse, porque bens móveis raramente são registrados. Quando fica clara a boa-fé, a aquisição pode 
gerar propriedade. A transferência da coisa não precisa ser efetiva, pode ser simbólica para que se 
opere. A importância da tradição está na medida em que gera a transferência de propriedade. O 
contrato no nosso sistema não gera, por si só, essa transferência de propriedade. Arts. 1.267 e 
1.268, CC. É preciso verificar a boa-fé do adquirente. 
 
• Constituto possessório 
 Alienante que está se desfazendo continua na posse, mas o adquirente se torna proprietário 
por causa dessa cláusula. 
 
• Traditio breve mano 
 Caso em que o comprador já está na posse do bem. 
 
• Especificação 
 Mesmos princípios da acessão. Verifica-se a boa-fé e a má fé, para ver se hádireito à 
indenização. Também é preciso verificar o princípio da possibilidade de transferência de 
propriedade por quem fez a especificação, não podendo desfazer sem dano. Art. 1.269, CC, dispõe 
sobre o caso da escultura, se for proprietário parcial do material da escultura, a propriedade será 
dessa pessoa. Pelo art. 1.270, CC, é preciso verificar a boa-fé. 
 
• Perda da propriedade 
 Tanto da propriedade móvel quanto do imóvel. No art. 1.275, CC, há previsão das hipóteses. 
Alienação é sempre compra e venda, doação, dação em pagamento, renúncia ao usufruto. Significa 
o direito perpétuo de usar e fruir. Abandono é renúncia tácita. A desapropriação, por ter interesse 
público, não é discutível, apenas debate a indenização. 
 
 
Aula 14 - 11/05/15 
Vizinhança 
 
 
 Vizinhança no sentido jurídico não é apenas a contiguidade de bens, é também a 
possibilidade de um imóvel sofrer interferências vindas de outro bem, afetando sua boa utilização. 
O regramento do direito de vizinhança parte da noção de que a propriedade não é absoluta, ou seja, 
o proprietário não pode usar o bem como quiser, sendo sua utilização limitada pelo bom uso e 
preservação da propriedade alheia. Atributos do direito de vizinhança: imposições de deveres 
legais, que podem representar restrições no uso da propriedade; caráter de necessidade, as regras 
do direito de vizinhança são criadas frente à uma imperiosa necessidade dos imóveis vizinhos, isto 
é, não para dar mais comodidade. 
 Cecília Alkimin 
 
 
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 Nesse contexto, as regras de vizinhança derivam da lei. Dever de abstinência e de 
tolerância. Essas regras surgem de uma questão de necessidade, é para se evitar um prejuízo. São 
obrigações propter rem. O art. 1.277, CC, prevê o uso anormal da propriedade, que diz respeito às 
interferências que afetem a segurança, a saúde e o sossego da vizinha. Se houver um desses 
casos, é possível que sejam cabíveis medidas judiciais. Os deveres impostos pelas regras de 
vizinha são positivos, de abstinência e de tolerância. O caso de perturbação sonora é regrado por 
uma obrigação de abstinência. Se o vizinho não o fizer, é possível entrar com uma ação judicial 
para o cumprimento de uma obrigação de não fazer. Casos dessa natureza, muitas vezes, são 
muito simples de serem resolvidos. Na avaliação o juiz deverá levar em conta até que ponto é uma 
intolerância impraticável ( § único, art. 1277, CC). Por exemplo, se o sujeito mora em uma região 
parcialmente industrial, admite-se que aquela atividade preexistente dificulta a plenitude das regras 
de vizinha. Por outro lado, é natural que o Poder Público impeça que uma indústria se instale em 
região residencial. 
 O art. 1.278, CC, prevê que sempre que houver a justificativa do interesse público, a 
interferência terá que ser tolerada, mas será pago perdas e danos aos vizinhos. Pelo art. 1.279, CC, 
há previsão de que é possível manter a atividade interferente, desde que ela sofra medidas 
atenuantes do incómodo. A caução do dano infecto está prevista no art. 1.280, CC. Um proprietário 
de um prédio pode pedir pela demolição do prédio contíguo se este estiver caindo, na iminência de 
cair, ou se estiver para ser demolido. Muitas vezes, essa é uma medida cautelar, para depois se 
entrar com uma ação demolitória. Acontece também de se mover a terra na propriedade e isso pode 
efetivamente comprometer a segurança dos vizinhos. No REsp 85.806 se decidiu pela manutenção 
da obra que estava em curso, desde que realizadas certas cautelas que garantissem a segurança 
do imóvel. É possível embargar uma obra ainda em curso se dela decorrer dano a alguém ou 
violação ao regulamento administrativo. No recurso em questão, a violação do regulamento 
administrativo não trouxe nenhum dano, então este regulamento não poderia ser invocado. O art. 
1.281, CC, dispõe sobre a possibilidade de que se proceda a prestação de um seguro da obra, que 
garante aos demais condôminos a necessária indenização no caso de dano Toda vez que se faz 
obra, é possível causar danos à terceiros. Muitas vezes, se as obras não foram aprovadas por 
profissionais, isto pode ocorrer. Por isso, existe a previsão do seguro. 
 A passagem forçada decorre da situação fática em que um imóvel não tem saída para 
nascente, rua ou porto (art. 1.285, CC). A ideia da passagem forçada é exatamente permitir um 
melhor aproveitamento do imóvel. A Doutrina qualifica um imóvel nestas condições como imóvel 
encravado. As regras de direito de vizinha impõem que o vizinho permita a passagem. Não se 
confunde com a servidão porque esta é consensual, enquanto a passagem é forçada. O juiz 
verificará a passagem forçada no local em que menos causar problemas ao imóvel que servirá de 
passagem. Apesar de forçada, haverá indenização para o proprietário do imóvel que se presta a 
passagem. Outra hipótese de passagem forçada ocorre quando o imóvel que se presta para a 
 Cecília Alkimin 
 
 
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passagem é desmembrado, neste caso, o trecho que tiver de tolerar a passagem, continuará 
fazendo isso (§ 2 º, art. 1.280, CC). Se cessar a razão pela qual ocorre a passagem, a indenização 
não será devolvida, porque o dano já foi sofrido, e não será mais preciso suportar a passagem. Um 
enunciado de Direito Civil, n º 88, considera que o encravamento não precisa ser somente físico, 
pode ser parcial, que torne complexa a exploração daquela passagem. É o caso, por exemplo, em 
que exista a passagem, mas o trecho em que isso é possível é claramente de difícil acesso. 
Algumas regras de direito de vizinha só se justificam quando há contiguidade. No caso da passagem 
forçada, muitas vezes isso irá acontecer. Porém, nem sempre se dará em razão da contiguidade. 
 Os limites entre o prédio são previstos nos art. 1.297 e 1.298, CC. Essas linhas podem ser 
físicas ou imaginárias. A efetiva delimitação é originária ou pode ser refeita porque a outra 
desapareceu. Nessas condições, é possível constranger o vizinho a incorrer com a metade da 
delimitação, pois isto beneficia ambas as partes. Se entendemos que os vizinhos contíguos devem 
arcar com as delimitações, precisamos avaliar em que qualidade isso deve ser feito. Ou seja, é 
preciso auferir os custos dos materiais usados para a delimitação da divisória. O que determinará 
serão os costumes da comunidade local, conforme dispõe o § 1 º do art. 1.297, CC. Os tapumes 
especiais, necessário para evitar que animais invadam a propriedade vizinha, tem um custo 
superior, então, o vizinho que tem o animal de pequeno porte arcará com esses custos especiais. 
Não pagará o custo integral, mas sim aquele excedente. O art. 1.298, CC, traz uma regra sobre a 
solução da aviventa dos muros. O critério a ser usado é a conformidade com a posse justa, se esta 
não estiver provada, faz-se a decisão em partes iguais, e, não havendo forma de dividir, dá-se o 
terreno para um e indenização para outro. 
 
 
Aula 15 - 15/05/15 
Direito de construir 
 
 
 Certas construções são proibidas de serem realizadas, ainda que no próprio imóvel, em nome 
da segurança. Há regras de Direito Administrativo e de Direito de vizinhança que regulam a forma 
de construir nos imóveis. O art. 1.299, CC, coloca que o direito de construir não é livre, possui 
regulação pelo CC. O art. 1.301, CC, traz o conceito de janela. A distância mínima entre uma janela 
e outra é de um metro e meio, trabalha-se com uma certa razoabilidade para não defasar a 
intimidade das pessoas em nome do melhor aproveitamento do espaço urbano. O § 2º do artigo 
dispõe sobre o conceito de janela, a contrário sensu. Súmulas 414 e 120 do STF visam determinar 
que mesmo que a vista não seja direta e oblíqua, deve haver ao menos um metro e meio de 
distância. Paredes de vidro, por outro lado, não acarretam devassamento e, por isso, podem ser 
construídas em distâncias menores. 
 O art. 1.302, CC, representa a servidão de janela ou usucapião de janela. Estipula um prazodecadencial para que se peça o desfazimento da obra. Deixando escoar o prazo sem que se exerça 
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seu direito, aquela obra não mais poderá ser desfeita, demolida ou tampada. Quando a obra já está 
pronta, caberá nunciação de obra nova ou pedido de demolição, dependerá do caso concreto. O 
art. 1.304, CC, dispõe acerca das regras administrativas que definem o alinhamento. Levantar um 
prédio só pode ser realizado se não afetar a segurança do prédio vizinho existente. Será preciso 
indenizar o vizinho se o prédio estiver com a segurança comprometida, se houver gastos com o 
muro, ou se for preciso fazer escoramento. O valor da indenização variará conforme a extensão do 
dano. 
 O art. 1.306, CC, tem aplicação maior para imóveis urbanos, quando proprietários dividem 
uma parede, são condôminos. O art. 1.308, CC, trata das regras relativas às paredes das 
construções. Só poderá encostar nelas aparelhos de uso normal, os de uso anormal, como fogões, 
não podem. Pelo art. 1.309, CC, é preciso fazer a construção evitando ao máximo a poluição ao 
meio ambiente, evitando vazamento de dejetos nos rios, etc. O art. 1.311, CC, dispõe sobre a 
hipótese de proibição de construção em locais passíveis de deslocamento de terra, e se aplica a 
outras hipóteses também. O inciso I do art. 1.313, CC, dispõe sobre uma obrigação de tolerância. 
 
 
Aula 16 - 18/05/15 
Condomínio 
 
 
 O condomínio envolve a coexistência de direitos reais de mais de um sujeito sobre o mesmo 
bem. Dessa forma, sendo mais de uma pessoa proprietária, usufrutuária, etc, haverá mais de um 
direito real recaindo sobre o mesmo bem. Trata-se das hipóteses relativas ao condomínio em geral, 
não ao edifício. O condomínio necessário decorre da força da lei. Por sua vez, o voluntário depende 
da vontade das partes ou mesmo de uma vontade comum em relação a aquisição do mesmo bem. 
Para alguns autores, a natureza jurídica da propriedade condominial é um único vínculo jurídico 
com uma pluralidade de titulares, direitos subjetivos sobre o mesmo bem. Há uma multiplicidade de 
interessados, uma finalidade que faz unir todos. A propriedade condominial surge a partir de uma 
vontade comum acerca do mesmo bem, ou por vontade de terceiros (por exemplo, um testador, que 
deixa o mesmo bem para mais de um terceiro). 
 Quinhões tratam-se de parcelas (frações) sobre o bem móvel ou imóvel. Cada condômino 
tem um quinhão, que representa uma fração da propriedade, que não é necessariamente destacada 
das demais propriedades do bem, é, em verdade, uma fração sobre o todo. Um condômino, por 
exemplo, não pode exercer seu direito de propriedade de modo a diminuir a fração de outro 
condômino. Durante o condomínio, a coisa permanece indivisa. Muitas vezes, entretanto, pode 
ocorrer uma divisão física, desde que isso não represente um custo exagerado aos condôminos. 
Durante o período indivisa, não há propriedade específica sobre determinada parte do bem, há 
apenas a fração do todo. Assim, qualquer um que tiver seu quinhão, independentemente de seu 
tamanho, deverá ter seu direito respeitado. O condômino tem direito de alienar seu quinhão, 
respeitando o direito de preferência. 
 Cecília Alkimin 
 
 
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 Ninguém é obrigado a permanecer em condomínio para sempre, disto denota a divisibilidade 
da coisa. Propriedade por natureza se reputa, pode gerar quaisquer tipos de problema para o 
condômino. O art. 1.320, CC, dispõe acerca da extinção do condomínio. É possível que quem tenha 
um quinhão menor imponha uma vontade diferente daquela de quem tem o maior quinhão, a única 
forma de exercer seu direito é saindo do condomínio e isso dependerá da venda do quinhão para 
outro condômino ou para um terceiro. Há uma ação judicial especificamente para a extinção do 
condomínio, mas será preciso provar quem não houve nenhum comprador para aquele quinhão. 
Nesse caso, o juiz realizará um leilão, no qual terão os condôminos direito de preferência na compra. 
 
• Direitos e deveres: 
 
1. Uso livre. Via de regra, o uso do bem é livre, mas existem limitações. O condômino não poderá 
usar se invadir o direito do outro ou se alterar a finalidade do bem. O art. 1.314, CC, prevê as 
hipóteses de uso do bem, estipulando que esta deverá estar de acordo com a destinação do 
mesmo. É possível dar seu quinhão em hipoteca. Pode haver ações possessórias entre 
condôminos, caso em que um não permite que o outro exerça plenamente sua posse. 
2. Alienação da coisa. Não é algo tão livre, existe uma estipulação legal nos termos do art. 504, 
CC, que define necessário respeitar o direito de preferência. Só é possível vender à terceiro 
com base na mesma oferta oferecida aos condôminos, isto é, mesmo preço, mesma forma de 
pagamento. Sendo a oferta diferente, é preciso novamente oferecer aos condôminos a 
possibilidade de compra, dando prazo razoável, entre 15 e 30 dias, para que eles manifestem 
seu interesse. O mais seguro é que os demais condôminos participem da escritura de compra 
e venda e expressem sua anuência com tal negócio jurídico. Se o direito de preferência não for 
respeitado, é passível de anulação a compra e venda. Entra-se com ação pedindo a adjudicação 
do quinhão que foi alienado. 
3. Divisão da coisa comum. O art. 1.320, CC, reconhece requerer a todo tempo o direito à 
alienação. Cada um deve suportar com seu quinhão as forças decorrentes da divisão 
(alienação) de uma fração. O art. 1.332, CC, estabelece as regras da divisão. 
4. Renúncia à parte ideal. Art. 1.332, §§ 1 º e 2 º, CC. Os arts. 1.317 e 1.318, CC, tratam do 
regime de contratação de divisas por todos os condôminos ou por só um deles. Não há contrato, 
nem lei, que determine a solidariedade, isso dependerá do caráter da obrigação. A dívida que 
for contraída por um em benefício dos demais condôminos gera direito de regresso. 
 
 A administração do condomínio compete à quem tem o maior quinhão. Arts. 1.323 até 1.327, 
CC. A propriedade é feita para ser perpétua, só se perde em função da alienação ou da usucapião. 
Propriedade resolúvel é prevista no art. 1.359, CC, caso em que a propriedade finda após o 
adimplemento da condição resolúvel. O art. 1.360, CC, fala sobre a propriedade ante tempos e 
prevê perdas e danos no caso da causa não ter relação com o que está disposto no título. 
 
 Cecília Alkimin 
 
 
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Aula 17 - 22/05/15 
Direito de Usufruto 
 
 
 É um direito real muito importante na prática jurídica, devida sua finalidade econômica. 
Poe ser um direito real, recai sob uma coisa, e pode ser móvel ou imóvel, não pode ser 
consumida. Pode também recair sob bens regulares ou coletivos. Mais modernamente, fala-se em 
usufruto de empresa, de ações, e de títulos de créditos ou créditos. 
 O usufruto confere a alguém o direito de usar e fruir da coisa. Usar, dispor e gozar. O 
proprietário fica com a faculdade de dispor, mas sem o uso econômico, pois ele não pode usar, nem 
fruir. O usufrutuário pode usar e fruir, mas não pode, por sua vez, dispor da coisa, nem do direito 
de usufruto que tem sobre a coisa, pode apenas ceder seu exercício. 
 O usufruto pode ser vitalício, dura enquanto estiver vivo o usufrutuário. Quando falece o 
usufrutuário, extingue-se o usufruto, que não se transfere aos herdeiros, não é transmissível. É 
constituído em favor de uma pessoa e se extingue com a morte dessa pessoa. Mesmo sendo 
intransmissível, esse direito pode ter o exercício da posse transferido. O usufruto pode estar sujeito 
a condições específicas, como no caso de pessoas jurídicas, quando o usufruto é constituído e se 
dá por 30 anos. 
 Tem natureza falimentar, uma vez que o usufrutuário alimenta-se a partir dos direitos 
decorrentes do usufruto. Transfere-se, portanto, seu conteúdo econômico. Há duas espécies: legal 
e voluntário. O primeiro é o caso de pais que têm sob poder os bens dos filhos, enquanto estes são 
incapazes. O segundo ocorre por ato intervivos,volitivo. 
 O fideicomisso ocorre quando o testador deixa o bem para uma pessoa por um período e 
depois esse bem será transferido para um terceiro. Não confundir com usufruto. No fideicomisso, 
ambas as partes têm direitos separados, enquanto no usufruto, os direitos coexistem. O usufruto 
também pode ser adquirido por usucapião. 
 
- Obrigações do usufrutuário: os deveres são divididos em três momentos. 
1. No momento da constituição de usufruto, o usufrutuário deve prestar caução. 
2. Durante o exercício do usufruto, deve conservar a coisa, ou seja, não alterar a substância, manter 
a substância da coisa. Deve pagar as despesas ordinárias. 
3. Ao final, deve restituir a coisa. 
 
-Extinção: 
1. Morte do usufrutuário. 
2. Esgotamento do prazo. 
3. Consolidação – usufrutuário e proprietário se tornam a mesma pessoa. 
4. Perecimento da coisa – se a coisa perece, não há mais usufruto. 
5. Renúncia – é muito comum. 
 Cecília Alkimin 
 
 
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6. Alienação do bem. 
 
-Artigos: 
Art. 1.689; Art. 1.693; Art. 1.390; Art. 1.391 - no caso do usucapião, registra-se a sentença, pois a 
usucapião se dá com a completude do prazo, mas a sentença terá de título; Art. 1.392; Art. 1.393 
(O direito de usufruto não pode ser vendido, mas seu exercício pode ser cedido); Art. 1.394; Art. 
1.395 - o usufrutuário fará a cobrança, pois tem posse e administração; Art. 1.396 - no usufruto, o 
proprietário e usufrutuário não devem se indenizar pelas despesas; Art. 1.397; Art. 1.398; Art. 1.399; 
Art. 1.400; Art. 1.401; Art. 1.402; Art. 1.403; Art. 1.404 - artigo polêmico. Despesa alta de 
conservação. O usufruto, se é alimentar, não pode gerar uma despesa de conservação muito 
grande. Desse modo, quem paga é o dono; contudo, o dono poderá cobrar do usufrutuário os juros, 
pois é ele que usa e frui as coisas; Art. 1.405; 1.406 - artigo importante. Se o usufrutuário é 
esbulhado na posse, e o sujeito que esbulhou fica muito tempo, adquire a propriedade por 
usucapião; Art. 1.407; Art. 1.408; Art. 1.409; Art. 1.410; Art. 1.411. Estipulação expressa - cláusula 
de acrescer. 
 
 
Aula 18 - 25/05/15 
Direito de Superfície 
 
 
 Direitos reais só podem surgir pela lei, assim, o direito de superfície é previsto pelo CCA, o 
qual estabeleceu essa previsão a partir do art. 1.369, CC. É uma exceção ao princípio da acessão. 
Isto é, ocorre quando alguém semeia planta ou edifica em terreno alheio usando materiais próprios, 
e, se estiver de boa-fé, poderá ser indenizado. Não se pode, entretanto, esquecer do princípio do 
solo, o que está nele à ele adere. Art. 1.253, CC: toda construção ou plantação existente em um 
terreno presume-se feita pelo proprietário e à sua custa, até que se prove o contrário. 
 Esse direito permite que, ao invés de comprar terreno, celebre com o dono de uma superfície 
sem ter que pagar nada pelo terreno. O direito de superfície permite que o empreendedor construa 
na superfície do proprietário ao custo zero. A vantagem do dono do terreno é que, uma vez instituído 
o direito de superfície por determinados anos, ao fim desse prazo, a edificação toda se reverte para 
ele. O custo será nulo, pois terá um empreendimento funcionando sem que se tiver que despender 
nenhuma quantia. Escoado o prazo, o dono do terreno virá proprietário do que foi 
construído/plantado, pois quem construiu não mais será proprietário. 
 As partes podem prever um valor simbólico de remuneração, que não é aluguel, para quem 
construiu. Nem sempre persiste 
 
 
Aula 19 - 29/05/15 
Servidão 
 
 Cecília Alkimin 
 
 
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- Conceito 
 
 (Ver no livro) 
 
Art. 1.378, CC: Ao dizer que o prédio dominante e o serviente tem que ter diferentes donos, é uma 
obviedade. Para que exista, tem que se dar entre imóveis de donos diversos. 
Arts. 1.388 e 1.389, CC: A servidão perdura enquanto tiver utilidade. Outra hipótese que faz surgir 
as servidões são situações de maior comodidade. 
Art. 1.379, CC: Faz remissão expressa ao art. 1.242, CC, ao estabelecer a hipótese de usucapião 
de servidão. O parágrafo único prevê um prazo maior para aquele da usucapião ordinária. 
Interpreta-se que o prazo é, na verdade, de 15 anos. 
 
- Características da servidão: 
 
1. Predialidade: não existe servidão pessoal, grava-se um imóvel em outro, e isto é feito somente 
se houver utilidade para o prédio dominante. No momento em que cessa a utilidade, é possível 
pedir pelo fim da servidão. A servidão não pode ser usada com fim diferente daquele que lhe foi 
determinado. 
2. Vizinha: a Doutrina denota uma certa vizinha, porque, mesmo não havendo certa contiguidade 
entre os imóveis, não haverá servidão entre imóveis com uma distância gigantesca. 
3. Utilidade perene: contraposta à um aspecto efêmero. Uma servidão existe para perdurar, o que 
pode ser perpetuamente. 
4. Dever do prédio serviente: de tolerância ou de abstinência. 
5. Indivisibilidade: não se adquire uma servidão por partes, nem a perde por partes, existe como 
um todo. Essa característica não afasta a possibilidade de alargamento da servidão, desde que 
isso seja justificado. 
6. Não é perpétua: pode ser resgatada, o que significa implementar meios para que a servidão 
seja extinta e não mais opere o ônus sobre o prédio serviente. Pode ocorrer o resgate se houver 
uma modificação nas características do prédio, e pode haver o pagamento de certa quantia 
como indenização, 
7. Seu exercício é feito de forma civilizada: da forma menos onerosa possível para o prédio 
serviente. 
8. A servidão maior engloba a menor. 
9. Quanto ao dever jurídico: podem ser servidões afirmativas, aquelas cujo dever jurídico implica 
em uma tolerância; e servidões negativas, que são assim classificadas porque o dever jurídico 
é de abstenção. 
10. Quanto à continuidade: Classifica-se em servidões continuas e descontinuas. O primeiro caso 
é aquele em que as servidões são exercidas independentemente do ato humano. No segundo 
caso, exige-se um ato específico do homem para a sua realização. 
 Cecília Alkimin 
 
 
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11. Diferença entre aparentes e não aparentes: as aparentes são aquelas que se revelam por obras 
exteriores, enquanto as não aparentes não se caracterizam no mundo exterior. Súmula 415 do 
STF - relativa a servidões de passagem não aparentes, que podem se tornar aparentes em 
função de obras que a exteriorizem. A súmula cogita a passagem de pessoas ou animas, que o 
dono do prédio dominante não se limitou a passar, mas realizou obras visando a tornar essa 
passagem mais cômoda. Essa situação transformou algo que, em princípio era não aparente 
em aparente. Essas obras acabam representando uma situação fática distinta, que não pode 
ser tolerada pelo prédio. Portanto, o que a súmula faz é reconhecer que algo que é 
originariamente não aparente em aparente, por conta das obras realizadas, com isso dá 
proteção possessória para aquele que fez as obras. Ele, então, usucapirá em uma servidão de 
passagem. 
 
Aula 20 - 01/06/15 
{continuação - Servidão} 
 
 
 Faz-se necessário respeitar a maior utilidade para o prédio dominante e aniquilar qualquer 
utilidade do prédio serviente. A servidão é indivisível, conforme dispõe o art. 1.386, CC. O art. 1.387, 
CC, prevê a extinção da servidão. Em uma desapropriação, a perda do direito real decorre da edição 
do decreto de desapropriação. O surgimento de servidão por usucapião deve ser registrado no RGI, 
então, a ressalva da desapropriação se justifica porque é o caso em que não decorre a perda do 
direito real do registro do imóvel. Um imóvel dominante que tem em seu benefício uma servidão, 
tem um incremento considerável no seu valor, o que representa para o credor hipotecário uma 
importância. Daí a ressalva do parágrafo único do artigo supracitado, que define que a servidão só 
poderá ser extinta com a anuência do credor hipotecário. 
 O art. 1.388, CC, prevê hipóteses de cancelamento da servidão. São situações que 
decorrem

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