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Cecília Alkimin Processo Civil I Prof. Ronaldo Cramer Aula 1 - 03/03/15 Aspectos gerais do novo CPC O novo CPC é o primeiro código processual, na história do Brasil, que foi gestado e aprovado em uma democracia. Ele tem cinco partes: parte geral, que se aplicam para todo e qualquer tipo de processo; processo de conhecimento e seus procedimentos; execução; recursos e processos nos Tribunais; e disposições finais e transitórias. • Parte Geral A parte geral, que serve para todo o direito processual, trás uma inovação, uma vez que prevê princípios processuais constitucionais no novo texto, o que não existe no CPC vigente. Ele repete os princípios processuais previstos na Constituição. Não apenas será repetido, trará uma nova escrita para que se tenha maior concretude na prática processual. Sobretudo o que muda é a aplicação desses princípios, para que um magistrado não possa fugir dessa aplicação. Quanto ao poder do juiz, este será alterado no novo CPC. Poderá o juiz modificar os prazos processuais e as provas, peculiarizando o processo ao caso concreto. Deverá haver uma justificativa, mas poderá fazer essa mudança nos prazos, por exemplo, para a contestação. Entretanto, o prazo nunca poderá ser alterado para menos do que 15 dias. No CPC vigente há uma seqüência de produção de provas, que não pode ser mexida. Porém, isso é modificado no novo CPC, de acordo com aspectos que serão considerados pelo juiz, há possibilidade de alterar a ordem em que as provas serão produzidas. Esse poder do juiz de alterar provas chama-se de flexibilização procedimental. O negócio processual institui o negócio processual, que é a possibilidade das partes modificarem o procedimento e o processo. As partes vão poder, em um contrato, por exemplo, estabelecer uma cláusula que modifique o processo. Isso poderá ocorrer desde que não seja violado nenhum princípio. No CPC vigente existe o negócio processual muito limitado, que é a cláusula de eleição de foro. Com mais razão, a cláusula de negócio processual não poderá ser usada em contratos de adesão, uma vez que uma das partes não participa da elaboração do contrato e, por isso, não pode decidir sobre as cláusulas. • Processo de conhecimento No CPC vigente há um processo de conhecimento, de execução e um cautelar, cada qual com sua função. Isso é alterado no novo CPC, pois o processo cautelar perdeu sua função, uma vez que há fungibilidade entre os processos. Isto é, no processo de conhecimento é possível pedir uma tutela de urgência, então o processo cautelar deixou de ser necessário. As tutelas, nem todas, serão de urgência, algumas serão de evidência. Uma quinta novidade na parte geral são os honorários de sucumbência recursal. Quem perde uma ação é condenado a pagar as custas judiciais do vencedor durante o processo e paga honorários de sucumbência ao advogado do vencedor. No CPC vigente, apenas a sentença condena o vencido a pagar esses honorários e isso ocorrer apenas na primeira instância. No novo CPC, há a criação de honorários de sucumbência recursal, uma vez que se interpôs um recurso e perdeu, deverá ter que pagar mais uma vez os honorários de sucumbência. Isso vai criar na parte uma responsabilidade processual diferente, não poderá mais recorrer à toa. A ideia é criar a cultura de respeito pela jurisprudência. Na parte do processo de conhecimento também ocorreram mudanças. No CPC vigente, este processo tem um procedimento comum, que se divide em comum (ordinário e sumário) e outro especial. Hoje, a parte pode optar por resolver procedimentos pequenos tanto nos JEC, quanto nas varas. Por ser mais barato, as pessoas optam pelo JEC. Por isso, no novo CPC só há o procedimento comum ordinário. A audiência de conciliação realizada como vem sendo hoje, depois da réplica, perde sua função. Então, foi reivindicado que se trouxesse a audiência para o início do processo, antes que !1 Cecília Alkimin o réu apresente a contestação. Assim, no momento em que o processo for ajuizado, o primeiro ato do processo será a marcação de audiência de conciliação. No novo CPC há a previsão de uma nova carreira no Judiciário, a de conciliador ou mediador. Portanto, essa audiência será feita perante o conciliador. Outra modificação no processo de conhecimento é o ônus da prova. Hoje, ele é estático, a cada um compete provar o que alegou. O novo CPC prevê o ônus dinâmico da prova, o juiz verificará os fatos que as partes alegaram e vai, fato por fato, dizer quem vai provar. Não há mais ônus estático. Isso será um juízo de quem está mais próximo da prova para poder comprová-la, será feito casuisticamente. Incidentes processuais são petições a parte do processo, que gerarão autos separados e o juiz decidirá separadamente. Então, a ideia do legislador do novo CPC foi acabar com os incidentes processuais, de modo que o juiz só proferirá sentenças no processo principal, as partes só alegarão suas defesas na contestação ou alegação final. Isso é para forçar que o juiz só decida uma única vez no processo. Aula 2 - 05/03/15 {continuação} • Processo de execução No CPC vigente, para cada recurso há um prazo diferente. No novo, esse prazo foi unificado em 15 dias, excetuando-se o caso dos embargos de declaração, para o qual o prazo é de 5 dias. Os embargos infringentes e o agravo retido foram extintos no novo CPC. O agravo retido foi extinto porque a parte vencida não precisa interpor mais esse recurso contra decisão interlocutória porque toda e qualquer decisão interlocutória proferida poderá ser recorrida nas alegações finais, uma vez que haverá uma única decisão. Contra prejuízos muito graves, é possível interpor agravo de instrumento. O que houve foi a retirada da preclusão das interlocutórias, com isso não faz mais sentido haver agravo retido. Hoje, nos tribunais de segunda instância, a turma julgadora é composta por três magistrados. Perdendo em segunda instância por 2x1, pode a parte interpor um recurso, chamado de embargos infringentes, nessa própria instância. Por conta da falta de lógica nisso, acabou-se com os embargos infringentes em parte. Em seu lugar, existe uma técnica de julgamento para esses casos de 2x1. Se isso ocorrer, os outros dois juízes da turma serão chamados para dar seu voto. Essa situação é resultado de pressão no legislativo e faz tanto sentindo quanto a existência dos embargos infringentes, ou seja, nenhum. Criou-se no novo CPC algo chamado incidente de resolução de demandas repetitivas (IRDR). Se uma ação contém uma tese jurídica igual a várias já no Judiciário, ou pode ser um paradigma para muitas outras ações, o juiz poderá instituir o IRDR, que é o ato de mandar essa ação para o Tribunal. Diante disso, o Tribunal defere o IRDR e manda suspender no seu âmbito todas as ações que contém aquela tese, porque o Tribunal pegará aquela ação e vai julgar aquela tese. Julgada a tese, isso será aplicado a todos os processos com a mesma tese. Esse instituto não é uma novidade, existe nos Tribunais Superiores e, agora, está sendo levado à segunda instância. Os autores dos processos poderão se manifestar no processo que será julgado no Tribunal. Com o novo CPC, as súmulas dos Tribunais Superiores terão força vinculante para todo o Judiciário, assim como as decisões dos órgãos fracionários (Pleno ou órgão especial) terão força vinculante. A diferença entre a súmula e as súmulas vinculantes é que as vinculantes valem inclusive para a Administração Pública, o que não ocorre no outro caso. Isso significa que os precedentes assumirão a mesma força que a norma jurídica. É uma mudança de comportamento do aplicador do Direito. • Disposições transitórias O novo CPC se aplica aos processos em curso, respeitado o direito adquirido. Isto é, o novo CPC só se aplicará ao próximo ato processual, não mexerá no ato processual que está em curso. !2 Cecília Alkimin Aula 3 - 10/03/15 Noções Gerais • Processo de conhecimento É oprocedimento comum em todos os processos. Diante de um conflito de interesses as partes buscam uma tutela jurisdicional por meio da ação. O processo é a materialização da jurisdição depois de provocada pela ação. Portanto, o processo é um meio de manifestação da jurisdição. O procedimento, por sua vez, é como o processo se realiza, determina a prática do processo. Assim, é a seqüência de atos processuais com o objetivo de alcançar a sentença, que dará a tutela jurisdicional à quem tem o direito material. Norma processual é aquela que se ocupa dos atos processuais, prevê os comportamentos processuais. A norma procedimental disciplina a forma, o tempo e o lugar de prática dos atos processuais. • Classificação de processos No antigo CPC, havia três processos: conhecimento, de execução e cautelar. No novo código, o processo cautelar foi extinguido, uma vez que é possível pedir a tutela de urgência no processo de conhecimento. Assim, hoje há dois processos: processo de conhecimento, aquele em que se verifica quem tem direito material e se executa o direito material, além de se entregar a tutela de urgência; processo de execução, aquele que executa o direito material em títulos executivos extrajudiciais, documentos que por força de lei presumem o direito material de quem detém esse documento. Cada processo terá seus procedimentos específicos. No processo de conhecimento há o procedimento comum, além de diversos procedimentos especiais, previstos no próprio CPC e em leis especiais. Os procedimentos especiais servem para casos específicos, de modo que casos determinados de direito material ficam com uma tutela adequada. Quando não houver um procedimento especial, o usado será o procedimento comum. O processo de execução segue procedimentos que variam de acordo com a natureza da obrigação que está sendo executada. Isto é, se presta a executar obrigações que decorrem de direitos materiais e são presumidos pelos títulos executivos extrajudiciais. Há quatro procedimento, com base em quatro obrigações: obrigação de entregar a coisa, de pagar, de fazer e de não fazer. A obrigação pecuniária é uma obrigação a parte, então, mesmo não havendo quatro obrigações, subdivide-se a obrigação de dar em duas. • Processo sincrético Sincretismo é mistura. Processo sincrético é o processo de conhecimento que sofreu várias mudanças. A princípio, era um processo para verificar quem tinha o direito material, mas isso foi sendo alterado, até o que há hoje, em que esse mesmo processo executa o direito material e também entrega a tutela de urgência. Ou seja, mistura as atividades de outro processo, que é o cautelar. Portanto, esse é o nome que a Doutrina deu para um processo que mistura as atividades de outro processo. No CPC novo, o processo de conhecimento absorveu parte das funções do processo de execução, além de absorver todas as atividades do extinto processo cautelar. Realiza, então, todas as atividades que um processo pode realizar. • Divisões do procedimento A menor parte do procedimento é o ponto, uma alegação de fato ou de direito feita pela parte. Essa alegação, quando refutada pela parte, deixa de ser um ponto para virar uma questão, que precisa ser decidida. Se não for refutada, não precisa ser decidida. A questão pode ser principal ou incidental. A primeira é a questão decorrente do pedido de tutela jurisdicional formulado pelo autor da ação. A segunda é aquela que aparece no curso do processo. !3 Cecília Alkimin O incidente processual, no novo CPC, quase não será visto, pois havia o propósito de restringir os incidentes. Isto porque, na prática, é algo que tem que ser decidido fora do procedimento principal. É uma questão incidental que, por força de lei, é resolvida em um procedimento à parte, que vai ser desenvolvido concomitantemente ao procedimento principal. Isso decorre da gravidade da questão incidental. O novo CPC concentrou todas as alegações que o réu pode fazer na contestação. Fase processual está no processo sincrético. Quando o processo de conhecimento passou a executar a própria sentença, viu-se que tal processo passou a ser algo diferente. Então, no processo de conhecimento, há a fase de conhecimento e a fase de execução. Assim, a fase processual é a maior divisão do procedimento, divide-se em fase de conhecimento, aquela em que o juiz verifica quem tem direito material e a fase de execução, na qual o juiz executa a sentença que foi proferida. • Atos da parte No procedimento é possível ver as partes impulsionando o rito através de providências. São dois tipos de atos da parte: o pedido, que deflagra o processo e está na petição inicial. O pedido também pode ser do réu na contestação, ao pedir que o pedido do autor não seja deferido; os requerimentos, todos os outros pedidos feitos pelas partes ao longo do processo. Cabe ressaltar que o pedido da tutela de urgência também é um pedido stricto sensu. • Atos do juiz Os atos do juiz fazem as conclusões do processo. Há dois tipos de atos do juiz: atos reais e atos judiciais. Os primeiros são os atos do juiz praticados fora dos autos do processo, que são necessários para a gestão e a condução do processo. Os segundos, também chamados de pronunciamentos judiciais, são os atos do juiz praticados dentro do processo, divididos em três: despacho, decisão interlocutória e sentença. Aula 4 - 12/03/15 Procedimento comum • Procedimento padrão (art. 318, CPC) É aplicável à todas as causas. • Formação do processo (art. 312, CPC) O processo existe antes da participação do réu, pois pode haver um julgamento preliminar antes da citação do réu. O início do processo se dá quando a petição inicial é protocolada, distribuída. Essa regra vai de encontro com um pressuposto processual de existência: o da citação. Isso se explica porque é necessário que a falta de citação dê causa à extinção do processo, que seja um vício incorrigível e que não preclui. • Petição inicial Requisitos: arts. 319 e 320, CPC. O art. 319, CPC, elenca requisitos que devem constar na inicial. O autor tem que juntar na inicial provas documentais. O momento da juntada de documentos no processo é para o autor na inicial e para o réu na contestação. Depois disso, a juntada de documentos é excepcional e tem regras. • Emenda da inicial (art. 321, CPC) O artigo citado diz que, caso o autor não cumpra um dos requisitos da inicial, deverá o juiz intimá-lo para, no prazo de 15 dias, emendar a mesma. Após esse prazo, se não cumprida a emenda, o juiz poderá indeferir a inicial. !4 Cecília Alkimin • Causa de pedir São os fatos e fundamentos jurídicos do pedido. Os fatos são as circunstâncias e os fundamentos são a repercussão que isso tem no direito. Os fundamentos são a explicação de que o fato narrado gera uma violação de direitos e que, por isso, são adequados os pedidos da inicial. Os doutrinadores fazem uma diferenciação entre causa de pedir remota e causa de pedir próxima. A causa de pedir remota são os fatos e a próxima são os fundamentos jurídicos. O autor deduz uma causa de pedir, distribui a petição inicial. O art. 329, CPC, trás até que momento o autor pode alterar essas causa de pedir. Até a citação é possível fazer a alteração. Depois da citação, só é possível alterar até o saneamento do processo, mas isso, nesse momento, só será possível com a anuência do réu, que receberá novo prazo para contestar, caso aceite. Mesmo com o consentimento do réu a alteração só poderá ser feita até o saneamento. Aula 5 - 17/03/15 {continuação - Procedimento comum} O pedido é aquele da tutela jurisdicional, é por meio do pedido que o autor provoca a jurisdição. O pedido pode ser mediato ou imediato. O primeiro é o bem jurídico que o autor quer proteger, enquanto o segundo é a tutela jurisdicional que o autor precisa para tutelar esse direito. O juiz tem que julgar o pedido exatamente como ele foi formulado, não pode dar coisa diversa,nem deixar de julgar um pedido. O princípio da correlação (art. 492, CC) é uma decorrência do principio da tutela jurisdicional. A jurisdição sai da inércia pela ação, pelo pedido. É a correlação entre a sentença e o que foi pedido. Existem três tipos de sentença que se consideram nulas: ultra petita, extra petita e citra petita. Todas essas sentenças violam o princípio da correlação. A primeira é uma sentença em que o juiz dá mais do que o pedido. A segunda, por sua vez, dá uma tutela diferente daquela pedida. A terceira,por fim, é aquela em que a sentença é omissa com relação ao pedido. A sentença citra petita não é a impossibilidade dar menos do que foi pedido, porque isso é válido. O pedido certo é aquele que é certo quanto a tutela jurisdicional que ele postula, é a certeza quanto a tutela jurisdicional que se quer. Alguns pedidos de tutela jurisdicional precisam ser quantificados. Pedido determinado é aquele em que é necessário quantificar o quanto se quer, o que só é preciso para os pedidos condenatórios de obrigação de entregar coisa e de pagar. Isso está previsto no art. 322, CPC c/c art. 324, CC. Alguns pedidos, como a correção monetária e os juros são sempre entendidos como incluídos no pedido (art. 322, § 1º, CPC). Outro pedido implícito é o de verba de sucumbência, verba que o vencido paga ao vencedor em decorrência das despesas judiciais (art. 322, § 1º, CPC). Esses dois casos são fixados pelo própria juiz na sentença. Pelo art. 322, § 2º, CPC, coloca que o juiz terá que ser norteado pelo princípio da boa fé para entender o que foi pedido na petição inicial. O art. 323, CPC, trás outro caso de pedido implícito. Diante de obrigações sucessivas, o pedido correto é o pagamento das parcelas vencidas e as parcelas vincendas. Se o autor não pedir as parcelas vincendas, ele não poderá ser prejudicado. Então, é considerado incluído no pedido a condenação do réu pelas parcelas vincendas que não forem cumpridas. Isso serve para salvar o pedido mal formulado. Esses quatro casos já eram previstos pelo CPC antigo. O art. 324, CPC, trata do pedido determinado. O § 1º desse artigo trás exceções a necessidade do pedido determinado. O pedido genérico é aquele que não foi determinado. Três hipóteses: I) nas ações universais, aquelas em que se pede uma universalidade de fato ou de direito. Isto é, são coisas criadas ou pelo plano da vida (universalidade de fato) ou pelo direito (universalidade de direito); II) nos casos em que não é possível medir de antemão os danos causados pelo ato ilícito, é possível arbitrar posteriormente o pedido, com base nas conseqüências que ainda serão provadas; III) o pedido pode ser genérico quando precisa de algum ato do réu para quantificar esse pedido. Art. 329, CPC: Até a citação, o autor pode alterar o pedido a qualquer momento. Depois da citação, só pode com a autorização do réu. Mesma regra da causa de pedir. A cumulação de pedidos é a possibilidade de fazer mais de um pedido na mesma inicial. Ela se divide em própria e imprópria. A primeira se subdivide em simples e sucessiva. A !5 Cecília Alkimin cumulação simples se dá quando o autor formula mais de um pedido e esses pedidos cumulados podem ser julgados procedentes, improcedentes. Não há nenhuma relação de prejudicialidade entre os pedidos, pois eles podem ser apreciados de qualquer maneira, não há nenhum tipo de hierarquia entre os mesmos. Na cumulação sucessiva a apreciação do pedido posterior depende da procedência do pedido anterior. Assim, a procedência do pedido anterior será necessário para que seja apreciado o pedido posterior. Na cumulação própria o autor quer a procedência de todos os pedidos formulados. A cumulação simples e sucessivas são cumulações intuitivas, por isso, não há previsão no CPC. A cumulação imprópria se subdivide em subsidiária e alternativa. Na cumulação subsidiária, o autor formula dois ou mais pedidos e o julgamento do pedido posterior depende da improcedência do pedido anterior. O pedido posterior, subsidiário, só será apreciado se o pedido anterior, chamado de pedido principal, for julgado improcedente. Na cumulação alternativa, tanto faz. Para o autor, a procedência de qualquer pedido é suficiente, basta. Não há uma imposição da ordem dos pedidos formulados para apreciar. A diferença entre a cumulação subsidiária e a alternativa é que não há uma ordem de pedir na segunda. Então, na cumulação imprópria, o autor quer a procedência de apenas um pedido, não de todos. O art. 326, CPC, prevê expressamente a cumulação subsidiária e a alternativa. A cumulação de pedidos, para ser feita, depende de alguns requisitos, presentes no art. 327, CPC. Se um dos requisitos não for cumprido, a cumulação não pode ser aceita. É preciso haver compatibilidade entre os pedidos. O órgão jurisdicional onde será julgada a ação deverá ser competente para julgar todos os pedidos. Na cumulação de pedidos, os pedidos cumulados devem ter o mesmo procedimento no processo. Não podem gerar procedimentos diferentes. Pode haver cumulação de pedidos com procedimentos diferentes, excepcionalmente, se for empregado o procedimento comum. No caso concreto, o encaixe do § 2º do art. 327, CPC, só cabe casuísticamente. Aula 6 - 19/03/15 {continuação - Procedimento comum} • Valor da causa Para toda ação judicial deve ser atribuído um valor. O valor da causa é o valor do benefício econômico que a ação trará para o réu. A previsão está no art. 291 e 292 do CPC. Nas ações de pedidos inestimáveis, pede-se o valor usual para situações análogas. Em se tratando se ações em que não se pode, na inicial, determinar o valor, é possível que isso seja feito ao longo do processo. O valor da causa são incluídos os honorários advocatícios. Corresponde, então, ao valor do pedido, de proveito econômico. Ações sem proveito econômico têm como valor da causa um valor de costume, seja nos casos de pedidos inestimáveis, seja no de pedidos genéricos. É, portanto, preciso dar um valor a causa, ainda que ela não tenha valor econômico. A regra geral é que o valor da causa é o proveito econômico, mas existem regras especiais, previstas nos incisos do art. 292, CPC. • Distribuição A distribuição é a entrada da petição inicial no Poder Judiciário. Quanto ao aspecto de sorteio, a distribuição pode ser de duas espécies: livre ou dependente. A livre distribuição ocorre quando se dá entrada na inicial e ela será sorteada entre as varas competentes. A distribuição por dependência não se faz por sorteio, é um caso em que o autor indica a vara que será competente. Isso ocorre nos casos de ações conexas (ações com mesma causa de pedir ou o mesmo pedido) e continentes. O art. 285, CPC, diz que a distribuição, em regra, deve ser alterada, isto é, por sorteio. O art. 286, CPC, dispõe sobre a distribuição por dependência. São três casos de distribuição por dependência: por conexão ou continência, que devem ser julgadas pela mesma vara; ações que são extintas sem julgamento de mérito e que são ajuizadas novamente; quando duas ou mais !6 Cecília Alkimin ações podem gerar decisões conflitantes (hipótese de conexão), ainda que a causa de pedir e o pedido sejam diferentes. O art. 287, CPC, determina que para realizar a distribuição tem que ter procuração para os advogados. A exceção está no juizado especial cível, em casos de ações abaixo de 20 salários mínimos. Então, sem procuração, não é ajuizada a ação. A taxa judiciária é um tributo, enquanto as custas servem para movimentar o processo. Para a propositura da ação é preciso o pagamento tanto da taxa, quanto das custas, vide art. 290, CPC. Há um prazo de 15 dias para o pagamento, se não o processo é cancelado, como se nunca houvesse existido. Aula 7 - 24/03/15 Julgamento liminar • Julgamento liminar Existe uma oportunidade, antes da citação, para o juiz julgar o processo. Julgamento liminar é feito por uma sentença liminar. Vale ressaltar, liminar não é só para casosde tutela de urgência. O primeiro caso de julgamento liminar é o indeferimento da petição inicial (art. 330, CPC). Nesse caso, o fundamento é baseado nas condições da ação, a legitimidade das partes e o interesse processual. Se faltar alguns dos requisitos da inicial (art. 321, CPC), e, após o prazo de saneamento, o autor não alterar a inicial, pode ser julgado liminarmente. Pelo art.106, CPC, é preciso que aquele que advoga em causa própria deve cumprir determinados requisitos. A inépcia está disposta no art. 330, §1º, CPC. É inepta uma inicial que não tem causa de pedir ou pedido, ou aquela em que há pedido genérico sem previsão para isso. Uma petição inicial não pode conter pedidos que se anulam, também não pode haver uma descrição de fatos que não correspondem com os pedidos formulados. Então, a inicial inepta é aquela em que estão presentes uma das possibilidades do art. 330, CPC. O art. 485, CPC, prevê as possibilidades de julgamento sem mérito. O indeferimento da petição inicial é um caso de extinção do processo sem julgamento do mérito. A improcedência liminar do pedido é um julgamento de mérito. Pelo art. 332, CPC, vê-se casos em que é possível julgar liminarmente o pedido, o mérito. Pelo art. 487, CPC, improcedência liminar é caso de rejeição do pedido. Nas causas que dispensam provas, em que só há controvérsias em questão de direito, é possível haver o julgamento liminar. Esses julgamentos são desfavoráveis ao autor, uma vez que o réu não foi citado. Assunção de competência: o tribunal entende que uma tese pode ser alvo de controvérsia, o julgamento do recurso é suspenso, enviado ao órgão de cúpula do tribunal e esse julgamento (apenas da tese jurídica) vinculará todos os demais recursos. Isso é preventivo, para evitar divergências. A assunção só se dá na segunda instância. Aula 8 - 31/03/15 Audiência • Designação de audiência de conciliação e mediação Não sendo feito o julgamento liminar, o juiz citará o réu a comparecer à audiência de conciliação. O art. 334, CPC, regula essa audiência, que será obrigatória. Excetuam-se os casos previstos nos §§ 4º e 5º do art. 334, CPC. Se quaisquer das partes não comparece, a conseqüência está prevista no § 8º do art. 334, CPC. Assim, a parte que faltar será considerada litigante de má fé, ato atentatório da dignidade da Justiça, e terá como sanção uma multa. O réu, se faltar, não é considerado revel, isso só ocorre com a ausência de contestação. O novo CPC diz que as partes deverão comparecer à audiência com seus advogados (§ 9º do art. 334, CPC). A audiência será feita por um conciliador ou mediador. Na conciliação o terceiro é propositivo, na mediação não é assim. O § 10º art. 334, CPC, inova na medida em que determina que autor e réu pessoalmente devem comparecer à audiência acompanhados de advogados, no entanto, é possível que eles nomeiem um terceiro para acompanhar o advogado. !7 Cecília Alkimin Esse encaixe é mais lógico no caso de pessoas jurídicas do que em de pessoas físicas. Isso se desvincula da figura do preposto, que está presente nos juizados especiais cíveis e no processo trabalhistas. Aula 9 - 07/04/15 Citação • Efeitos 1. Indução de litispendência: quando é ajuizada uma ação idêntica a outra já em curso ocorre a litispendência, que impede que uma ação idêntica (mesmas partes, mesma causa de pedir, mesmo pedido) seja julgada no mérito. A ação a ser preservada é aquela que teve a primeira citação (ação pendente). 2. Litigiosidade da coisa ou do direito: a coisa objeto de ação pode ser vendida, mas quem a comprar deve saber que ela é litigiosa e poderá perdê-la no decorrer do processo. O comprador não pode alegar boa fé, porque a citação o dá ciência da litigiosidade da coisa. Dessa forma, quem comprar a coisa ciente de sua litigiosidade, se a perder, será ressarcido pelo vendedor, mas não poderá ficar com a coisa. Assim, há um risco muito grande para a coisa litigiosa, o que abaixará seu preço consideravelmente. 3. Constituição em mora do devedor: com a citação, o devedor é constituído em mora e começam a incorrer nos juros da mora. 4. Interrupção da prescrição: ocorre não após a citação, mas sim quando é proferido despacho que determina a citação, nesse momento, é interrompida a prescrição. A interrupção retroage à data de propositura da ação. No entanto, há providências a serem tomadas pelo autor, após a citação, para que a ação prossiga e, consequentemente, para que a haja efeito retroativo. Se o autor não toma as medidas necessárias, o despacho de citação não retroagirá ao momento de propositura da ação, a prescrição será considerada interrompida a partir da data em que o mesmo foi proferido. • Modos de citação Em regra, a citação é feita pelo correio. Se for solicitado, é possível que a citação ocorra por meio de um oficial de justiça, cuja competência territorial está adstrita à comarca onde reside o réu. Se o réu residir em comarca diferente daquele onde foi ajuizada a ação, é preciso expedir carta precatória para que uma vara da comarca onde ele reside faça a citação através de oficial de justiça. A carta precatória é necessária para realizar qualquer ato processual fora da comarca onde foi proposta a ação. Após realizado o ato, a carta precatória volta para a comarca de origem da ação. O juízo que expede a carta é chamado de deprecante, enquanto o que deverá cumpri-la é o deprecado. • Outros modos de citação (excepcionais) 1. Réu pode ir ao cartório verificar de ação foi proposta contra ele, antes de ser citado. Nesses casos, o escrivão poderá citá-lo. 2. Citação por edital. 3. Citação por hora certa: não é um modo diferente de citação, surge pelo oficial de justiça. Ocorre quando, por duas vezes, o oficial vai citar o réu e não o encontra, ensejando que este estaria se ocultando. Na segunda vez que procura o réu para citá-lo e não o encontra, o oficial intima quem informou a ausência do réu e será estabelecida uma hora certa para fazê-lo no dia útil subsequente. A intimação é para que se informe ao réu o horário em que se dará a citação pelo oficial e que, se este se ausentar, será considerado citado. Esse é um mecanismo para evitar a ocultação do réu. Aula 10 - 09/04/15 Intimação e contestação !8 Cecília Alkimin • Intimação Comunicação processual quando as partes já integram o processo. A intimação se faz pelo pronunciamento judicial publicado no Diário de Justiça. Entretanto, é preciso tomar cuidado com a palavra 'publicação', pois se considera que algo foi publicado quando ele se torna público. Isto é, quando os autos saem do gabinete do juiz e ficam disponíveis para a consulta pública. Já a intimação ocorre quando as decisões judiciais são publicadas no DJE, é a forma mecânica de fazer a citação. • Contestação Art. 335, CPC. O prazo é de 15 dias para contestar após a audiência sem acordo. Hoje, o prazo é contado de forma a preservar o descanso do advogado, então não se conta os dias que não são úteis, mesmo aqueles no meio da contagem (art. 219, CPC). • Defesa 1. Defesas preliminares (processuais): preliminarmente apreciadas antes do mérito. Extinguem o processo antes do julgamento de mérito. 2. Defesas de mérito: dizem respeito ao pedido. Podem ser defesas diretas ou indiretas de mérito. As defesas diretas de mérito são aquelas em que o réu nega os fatos constitutivos do direito material alegado pelo autor. Em princípio, o ônus da prova não será do réu, uma vez que não é preciso provar existência negativa. As defesas indiretas de mérito são aquelas em que se reconhece os fatos constitutivos alegados pelo autor, mas conhece outros fatos que são modificativos, extintivos ou impeditivos do direito alegado pelo autor. Nesse caso, o réu tem o ônus da prova, pois precisa comprovar o fato que modificou, extinguiu ou impediu o direito material arguido pelo autor. Aula 11 - 13/04/15 {continuação - Contestação} Se as partes não chegam à um acordona audiência de conciliação, o réu é citado para apresentar defesa. • Prazo - Art. 335, II, CPC: O réu pode peticionar pedindo para que não haja audiência de conciliação. Nessa hipótese, o prazo para contestar começa a contar a partir do protocolo da petição. - Art.335, III, CPC: No CPC antigo, o prazo para contestar era contado a partir do primeiro dia útil subsequente ao da intimação. No novo CPC, ocorre o mesmo, entretanto, conta-se no prazo apenas dias úteis, mesmo aqueles dias dentro da contagem. Isto é, se o prazo começa a ser contado e, no meio dele, há um final de semana ou um feriado, esses dias não são úteis e, portanto, não são contabilizados no prazo. - Art. 337, CPC: O réu pode apresentar dois tipos de defesa, as defesas preliminares (processuais) e as defesas de mérito. Estas são defesas que dizem respeito ao pedido formulado pelo autor e podem ser de duas espécies: defesas diretas de mérito e defesas indiretas de mérito. No primeiro caso, o réu nega a existência dos fatos constitutivos que o autor alega, ou seja, nega os fatos que constituem o pedido do autor. No segundo caso, o réu confirma a existência dos fatos alegados pelo autor, mas argui outros fatos que são extintivos, impeditivos ou modificativos do direito alegado pelo autor. • Classificação das defesas (arts. 335 a 342, CPC) !9 Cecília Alkimin - Defesa preliminar ou processual: tem hipóteses elencadas no art. 337, CPC. São defesas quanto à forma, não quanto ao pedido. - Defesa direta de mérito: alegações quanto à inexistência dos fatos constitutivos do pedido. - Defesa indireta de mérito: reconhece a existência dos fatos constitutivos alegados pelo autor, mas apresenta novo fato que modifica, extingue ou impede o direito do autor. Nesse caso, o ônus de provar esse novo fato é do réu. Exemplos: ação de cobrança de dívida. Fato modificativo: a dívida foi parcialmente paga. Fato impeditivo: a dívida foi contraída mediante coação. Fato extintivo: a dívida já foi paga. • Princípio da eventualidade Art. 336, CPC. Este dispositivo determina que o réu só terá uma oportunidade para se defender no processo. Sendo assim, ele pode apresentar na contestação todas as matérias necessárias à defesa, ainda que elas se contradigam em alguma medida. Ou seja, em um evento é preciso apresentar todas as alegações de defesa do réu. • Princípio da cooperação Está previsto expressamente no processo, de forma que os sujeitos do mesmo devem cooperar uns com os outros para que o mesmo não se frustre. • Ônus da impugnação especificada dos fatos Art. 341, CPC. O réu deve se manifestar sobre cada um dos fatos alegados pelo autor, de forma que à ele cabe o ônus de provas o que contesta. É um ônus, não dever, porque se o ato não for praticado, apenas ele sairá prejudicado no processo. Isto significa que se o réu não contesta algum dos fatos alegados pelo autor, este fato será considerado incontroverso e não precisará ser provado pelo autor. O § único do art. 341, CPC, apresenta uma exceção. Há três sujeitos do processo que o ônus da impugnação especificada dos fatos não se aplicará: defensor público, advogado dativo e curador especial. Esse parágrafo prevê a contestação por negativa geral. Ou seja, todos os fatos são considerados controversos, mesmo se a negação for genérica. • Alegação de ilegitimidade passiva Arts. 338 e 339, CPC. O juiz pode intimar o autor para que se troque o réu, ao invés de extinguir o processo. Se o réu for trocado, recebe sucumbência e seu advogado receberá honorários de sucumbência. Pelo art. 339, CPC, o réu que alegar ilegitimidade passiva, mas souber de quem é a legitimidade, precisará indicar isto em sua defesa. Feito isto, o autor é intimado para aceitar a substituição do réu, ele pode aceitar ou pode pedir a inclusão do outro e a permanência do réu. Aula 12 - 30/04/15 {continuação - Contestação} • Alegação de incompetência Art. 340, CPC. É o caso em que o réu é citado e entende que o juízo competente é outro. Segundo o novo código, se o réu quiser alegar essa incompetência, não precisará alegar a incompetência na vara considerada incompetente. É possível, agora, que o réu protocole a contestação na comarca do domicílio dele, que será distribuída para uma vara desta comarca e será remetida ao juízo originário da ação. Nesse caso, o réu poderá contestar antes da realização da audiência. O juiz da causa julgará essa parte da contestação antes da sentença final, será uma decisão interlocutória. • Alteração de defesa !10 Cecília Alkimin Há um momento em que o processo precisa se estabilizar (princípio da estabillidade do processo). Art. 342, CPC. O réu só tem um momento para se defender, pois há só uma contestação. Três hipóteses permitem que a contestação possa ser alterada após seu protocolo: 1) fato superveniente, isto é, acontece algo posterior à contestação que modifica o fato e o direito; 2) questões conhecidas de ofício pelo juiz; 3) autorização legal. Aula 13 - 05/05/15 {continuação - Contestação} • Revelia A inércia da parte se denomina contumácia. A revelia é uma espécie de contumácia. A revelia é a não apresentação de contestação, é regulada pelos arts. 344 a 346, CPC. A revelia tem efeitos, que podem ocorrer ou não. O primeiro efeito é o principal, está no art. 344, CPC, se o réu não contestar a ação, será considerado revél e se presumem verdadeiras as alegações de fato formuladas pelo autor. A presunção é relativa, comporta prova em contrário, que deverá ser feita pelo réu. Portanto, a revelia tem como primeiro efeito não tornar os fatos verdadeiros, mas torná-los presumíveis. Nesse sentido, o autor não mais precisa provar suas alegações de fato, o réu precisará provar em contrário. Os estudiosos processualistas entendem que o primeiro efeito da revelia é a inversão do ônus da prova. O art. 345, CPC, prevê os casos em que o primeiro efeito da revelia não vai ocorrer. Não haverá o primeiro efeito se há litisconsórcio passivo e um dos réus contestou a ação. Entretanto, doutrina e jurisprudência não consideram essa regra absoluta, entende-se que se a contestação apresentada por um dos réus deve apresentar uma defesa comum ao restante para incidir no art. 345, I, CPC. Se a contestação apresentou uma defesa pessoal, não houve uma contradição dos fatos alegados pelo autor, houve uma defesa que beneficia apenas quem apresentou a contestação. Se é uma ação que tem por objeto direito indisponível, não se aplica o primeiro efeito da revelia (art. 345, II, CPC). Os fatos alegados são constitutivos de direitos indisponíveis e não podem ser presumidamente tidos como verdadeiros. Certos fatos constitutivos de direito dependem de forma específica, por força de lei, para serem demonstrados. Nesta hipótese, também não há o primeiro efeito da revelia, conforme o art. 345, III, CPC. A última possibilidade de afastamento do primeiro efeito da revelia ocorre quando a alegação do autor é absurda, vide art. 345, IV, CPC. Na ação que discutem exclusivamente alegações de direito, o primeiro efeito da revelia é irrelevante. o segundo efeito da revelia está no art. 346, CPC, diz respeito ao termo inicial para o réu revél que não tem patrono constituído nos autos. Ou seja, o réu que ainda não apareceu no processo, foi citado para aparecer na audiência de conciliação ou mediação, não comparece, é intimado para apresentar contestação, e não apresenta. Esse réu não tem um prazo processual diferenciado, o termo inicial flui da data da intimação feita no DJ. Não vai ter, portanto, nenhum beneficio à mais, será considerado como se estivesse no processo. Fica previsto, porém, que esse réu pode entrar no processo em qualquer momento. Portanto, o segundo efeito diz respeito à fluência dos prazos para o réu revél que ainda não compareceu no processo, o que será igual ao prazo de réu que está no processo. • Reconvenção A reconvenção é a ação do réu contra oautor. Isto é, o réu pode aproveitar a ação para acionar em face do réu. Esse instituto existe em nome da economia processual, princípio processual que visa reduzir a quantidade de processos correndo no Judiciário. É o máximo da jurisdição exercendo o mínimo de atos processuais. O CPC permite que o réu aproveite o processo já instaurado para, na contestação, apresentar uma ação contra o autor. A reconvenção, entretanto, não se dá em qualquer hipótese. Há requisitos de admissibilidade, previstos no art. 343, CPC. Na contestação, o réu pode propor reconvenção para formular pedido próprio. Além de se defender, o réu pode pedir alguma coisa do autor, desde que isso seja conexo com a ação principal ou com o fundamento da defesa. Assim, será autorizada se for conexa, ou seja, tiver !11 Cecília Alkimin identidade de pedido ou de causa de pedir, ou se se é conexa com os próprios fundamentos da defesa. A reconvenção é apresentada na peça de contestação, e ao final dessa peça, pedirá a tutela jurisdicional para a reconvenção. Apresentada a reconvenção na contestação, o autor será intimado para oferecer resposta em um prazo de 15 dias. Nesse âmbito, o autor da ação principal será autor reconvindo e o réu da ação principal réu reconvinte. A desistência da ação principalmente autor não enseja na extinção da reconvenção, o julgamento, ainda assim, ocorrerá. A extinção, por qualquer motivo, sem julgamento de mérito da ação principal também não afeta o julgamento da reconvenção. A reconvenção pode ser proposta pelo réu em litisconsorte com um terceiro. O réu pode, ainda, apresentar a reconvenção sem apresentar a contestação. • Réplica Manifestação do autor sobre a contestação do réu. Prevista pelos arts. 360 é 361 do CPC. Se o réu articular defesa indireta, o autor será intimado para no prazo de 15 dias se manifestar sobre esta defesa. Isto ocorre porque o réu alega fatos novos, que modificam, extinguem ou criam direitos. Se o réu alega qualquer das defesas processuais (preliminares) do art. 327, CPC, também caberá réplica em 15 dias. Sempre que uma parte juntar um documento novo no processo, a outra parte será intimada para se manifestar sobre este documento no prazo de 15 dias. Isto não está previsto expressamente, faz parte da prática jurídica (art. 437, CPC). Aula 14 - 07/05/15 Manifestações no processo • Manifestação em provas Depois da réplica, o juiz pode pedir a manifestação das partes sobre as provas que elas pretendem produzir ou pode julgar naquele momento. Via de regra, este julgamento não é o momento certo, porque deveria ser decidido após o andamento do procedimento, por isso, existem requisitos para fazê-lo. O convencional, portanto, é que o juiz peça para as partes manifestarem a prova que pretendem produzir. Não há previsão no CPC, existe por força do costume. O momento de pedir as provas é,para o autor, na inicial e, para o réu, na contestação. O costume mostrou que o objeto da prova é o fato, então, quando o autor pede uma prova na petição inicial esse ato, na verdade, é para especificar o que pretende produzir. Provas são para demonstrar fatos, logo, quando o autor as pede na inicial, ele imagina que o réu irá impugnar os fatos. Se este não o fizer, não será necessário provar. O mesmo vale para as provas pedidas pelo réu. Assim, a prática mostrou que depois da réplica, alguns fatos alegados pelo réu e autor podem ter sido confessados ou não impugnados pelas partes, de forma que o quadro fático pode mudar. Por isso, o juiz demanda a manifestação em provas. A petição de especificação em provas é importantíssima para determinar o rumo do processo, porque já ajuda no convencimento do juiz. • Julgamento conforme o estado do processo São três hipóteses desta espécie de julgamento: 1. Extinção do processo: se o juiz entender que é caso de julgamento após a réplica, ele poderá fazê-lo. Esse julgamento pode ser da extinção do processo e o julgamento antecipado de mérito. Pelo art. 354, CPC, a extinção do processo ocorrerá se o juiz proferir sentença processual ou se julgar de mérito, excetuando-se a sentença de julgamento do pedido. O art. 485, CPC, são as hipóteses de sentença processual, e o art. 487, CPC, são as sentenças de mérito. Ou seja, a extinção do processo, neste momento, se dá quando o juiz pode dar uma sentença processual (falta de uma das condições da ação), ou se ocorrer uma hipótese de sentença homologatória (renúncia, reconhecimento ou acordo), ou, ainda, se ficar reconhecida algum dos casos dos incisos II e III do art. 48, CPC. 2. Julgamento antecipado de mérito: é a possibilidade que o juiz tem de julgar procedente ou improcedente, neste momento processual. Os requisitos para tal estão previstos no art. 355, !12 Cecília Alkimin CPC. É possível que a questão em análise seja meramente de direito, ou o juiz pode, com as provas já produzidas, ter seu convencimento formado. O juiz entende, então, que não há mais provas a serem produzidas, seja porque a matéria é exclusivamente de direito, ou porque as provas documentais produzidas são suficientes para formar seu convencimento. Outra hipótese ocorre quando o réu for revel, ocorrer a revelia, e ele não apresentar provas, assim, o juiz deve julgar o pedido. Esta é uma hipótese de julgamento de procedência. 3. Julgamento parcial: o novo CPC cria a hipótese de julgamento parcial. A regra no processo é que o juiz profira apenas um único julgamento para todos os pedidos formulados pelo autor. Excepcionalmente, o novo CPC permite a cisão do julgamento do processo diante dos pedidos cumulados. Isso é uma novidade muito grande para o sistema processual. Se o juiz tiver a convicção sobre um dos pedidos formulados, poderá gerar uma decisão interlocutória de mérito. O julgamento parcial pode ser na espécie extinção (§ único do art. 354, CPC), caso em que um dos pedidos formulados já pode ser julgado e gera a extinção do mesmo. Pode ser também um julgamento parcial antecipado de mérito, vide art. 356, CPC. Neste caso, pode ocorrer em três hipóteses, além das duas do art. 355, CPC, cabe quando o pedido for incontroverso, que ocorre quando um dos pedidos não for contestado. No CPC antigo, diante da incontrovérsia do pedido, o juiz não podia julgar o pedido, tinha que proferir uma tutela antecipada para depois julgar o pedido. Como o CPC novo prevê a possibilidade de cindir o pedido, poderá julgá-lo procedente e prosseguir com o processo. O juiz faz um julgamento parcial, se este pedido dele não houver recurso, já transita em julgado e pode ser executado antes dos demais. O pronunciamento judicial que faz o julgamento parcial é recorrível por agravo. A cisão parcial é pensada, em regra, quando há pedidos cumulados. Entretanto, o juiz pode fazer um julgamento parcial quando o processo só tem um pedido, o que ocorrerá porque o juiz julgará uma parte do pedido, deixando o restante para ser julgado posteriormente. Aula 15 - 12/05/15 Decisão saneadora Depois das petições das partes com as provas que pretendem produzir, é prolatada uma decisão saneadora. Se isto for proferido, é porque o juiz entendeu que não era o momento de um julgamento conforme o estado do processo. Uma decisão saneadora organiza o processo para o momento de produção de provas, está prevista no art. 357, CPC, é uma decisão interlocutória. A contestação alega em preliminares falta de condições da ação. Se o juiz acolher as preliminares, será proferido um julgamento. Se não acolher, será proferido somente na decisão saneadora. O juiz tem que se pronunciar sobre as preliminares alegadas. O primeiro objeto, então, é julgar as preliminares, de forma a afastá-las. O juiz na decisão saneadora defere as provas, que servem para fatos controversos, aqueles alegados ou impugnados. Fatos incontroversos não precisam ser provados. Portanto, o juiz deverá avaliar quais os fatos que surgem controversos e, tendo isso em vista deferirá ou não as provas. Caberátambém definir o ônus da prova, que não é mais estático, isto é, o ônus pode ser alterado em determinados fatos. O juiz poderá distribuir o ônus da prova quando identificar que a prova da existência do fato for mais possível de ser provado pela parte que alega sua inexistência. Será levado em conta a dificuldade de provar o fato. No antigo CPC, a decisão saneadora apenas fixava os fatos controversos, no novo CPC, além disso, serão fixadas as questões de direito controversas no processo. Obviamente, o juiz só designará a audiência de instrução de julgamento se deferir, na decisão saneadora, prova testemunhal. Vendo que a decisão saneadora é mais complexa, o novo CPC cria um prazo automático para as partes pedirem ajustes e esclarecimentos sobre a decisão. O prazo de 5 dias começa a correr com a intimação das partes pelo juiz para manifestarem-se sobre a decisão saneadora. De alguma forma, evita-se recursos contra essa decisão. As partes estão brigando no processo, mas elas percebem que algumas das questões de fato ou uma delas pode deixar de ser interessante para ambos. As partes podem delimitar, ainda, as questões de direito controversas. O limite para isto são as questões de direito que o juiz pode conhecer de ofício. Esta é uma questão controversa, para alguns autores, o entendimento é de que não há nenhum limite ao negócio processual. Esse instrumento das partes (o saneamento compartilhado) decorre do princípio da !13 Cecília Alkimin cooperação, previsto no art. 6 º, CPC. Depois das partes pedirem ajustes ou esclarecimentos, a decisão se tornará estável, se não houver recurso. Se houver recurso, a estabilidade é atingida após os esclarecimentos do juízo. Ressalta-se que estabilidade não tem a ver com preclusão. Na hipótese de saneamento compartilhado, as partes devem levar o rol de testemunhas. É um dever do juiz determinar o saneamento compartilhado, decorre do princípio da cooperação. O número máximo de testemunhas pode ser de 10 arroladas, sendo cada prova passível de até 3 testemunhos. O juiz pode limitar o número de testemunhas para menos de 10, dependendo da complexidade da causa. O prazo para apresentar o rol de testemunhas é de 15 dias contados da intimação da decisão saneadora que deferiu a prova testemunhal. A prova pericial, se for deferida na decisão saneadora, deverá ser tão logo marcada, observando o disposto no art. 465, CPC. O juiz na decisão saneadora, se deferir prova testemunhal ou pericial, deverá marcar audiência de instrução. O intervalo mínimo entre as AIJ deve ser de, necessariamente, 1 hora. Aula 16 - 14/05/15 {continuação - Decisão saneadora} - Tese das estabilidades processuais Fenômenos de vinculação, comportamento diferente da preclusão. São a forma de graduar, em termos de intensidade, a preclusão e a coisa julgada. Sempre que a lei falar em estabilidade, está graduando a preclusão. A decisão saneadora se torna estável para impedir o juiz de apreciar certas questões novamente. Aula 17 - 19/05/15 {continuação - Decisão saneadora} - Princípio da boa fé objetiva Este princípio é composto por três elementos: surrécio, suprécio e venire contra factum proprio. O surrécio ocorre quando o comportamento reiterado da parte contrária faz com que a outra ganhe um direito. Suprécio é o inverso, quando seu comportamento dá causa a perda do seu direito em decorrência de seu próprio comportamento reiterado. To quoque é o comportamento surpreendente de uma das partes, que deve ser vedado. O venire contra factum proprio é a proibição da parte agir contra algo que já teve. O novo CPC exige que a boa-fé objetiva esteja presente em toda a relação processual, inclusive nos atos do juiz. A proibição do venire é a vedação de qualquer comportamento contraditório na relação processual. Na questão da decisão saneadora, o juiz não pode decidir algo diferente do que já dispôs neste momento processual. Isto decorre da boa-fé objetiva, em especial, do venire. Aula 18 - 21/05/15 Provas • Teoria Geral da Prova - Conceito: todo e qualquer elemento capaz de convencer o juiz sobre um fato. O objeto da prova é um fato, não um direito. Ao se provar um fato constitutivo de um direito, este também será provado, mas o objeto é o fato. - Objeto: fatos controversos, pertinentes e determinados. Fato incontroverso não precisa ser provado. O juiz deve indeferir a produção sobre fatos incontroversos, não pertinentes e indeterminados. Exceções: arts. 374 e 376, CPC. O art. 376, CPC, define que a parte que alega alguma norma de direito municipal, estadual, estrangeiro ou de costume, tem que provar a existência dessa norma. Ou seja, por essa norma, o juiz só é obrigado a conhecer a legislação !14 Cecília Alkimin federal, as demais devem ter sua existência provada. Exemplos de presunção absoluta: arts. 163 e 324, CC. - Destinatário da prova: art. 370, CPC. A prova se dirige ao juiz. É ele quem tem que ser convencido da existência daquele fato. Este artigo abriga a norma que assegura ao juiz deferir de ofício as provas que ele entender necessárias ao processo. O CPC novo afirma que o juiz só pode fazer isto para fatos constitutivos de direitos indisponíveis e não para fatos que consistem em direitos disponíveis, que são a maioria no Direito. Ainda há controvérsia, para muitos autores, o juiz pode apreciar livremente as provas do processo, pois ele é o destinatário das provas. - Sistema de persuasão racional: art. 371, CPC. Indica a existência deste sistema, que consiste em ser atualmente adotado para o juiz formar seu convencimento a partir das provas do processo. Pode-se entender como um sistema de valoração de provas. O juiz tem discricionariedade para apreciar as provas do processo, mas uma delas só poderá ser afastada se houver outra que justifique esse afastamento. - Ônus dinâmico das provas: art. 373, CPC. O juiz definirá o ônus da prova. No antigo CPC, isso não era necessário porque a regra era estática, dizendo que o autor compete provar os fatos constitutivos do direito e cabe ao réu provar aqueles fatos impeditivos, extintos e modificativos. Logo, conclui-se que quem alega um fato deve prová-lo, quem nega um fato não precisa provar negativa. O novo CPC introduz uma nova rega de ônus da prova, que consiste na dinâmica deste. O art. 373, CPC, afirma que se o juiz não deferir o ônus da prova, a regra antiga continua a mesma. A inversão do ônus da prova é a inversão de toda a carga probatória. Já o ônus dinâmico da prova é episódico, logo, é muito mais refinado. O art.373, § 2º, CPC, estabelece algo extremamente subjetivo. § 3 º prevê um negócio processual específico, as partes podem, em um contrato, ou durante o processo, convencionar de forma diferente o ônus da prova. Aula 19 - 26/05/15 {continuação - Provas} • Prova Ilícita Arts. 5 º, LVI da CF e art. 369, CPC. Diferença entre intercepção telefônica e gravação telefônica (REsp 9.012). • Prova Emprestada Art. 372, CPC. É aquela prova em que o juízo retira uma prova de outro processo e traz para o processo atual. Isso é feito por provocação da parte, não é, via de regra, feito de ofício, mas ocorre. O juiz só pode agir de ofício em relação à prova se estiver em jogo direito indisponível. Há apenas um requisito para a prova emprestada: é preciso que tenha havido contraditório na produção da prova no processo de sua origem. • Dever de cooperação Arts. 378 a 380, CPC. O art. 6 º do CPC prevê expressamente o princípio da cooperação em alguns momentos do processo. O art. 379, CPC, concretiza a cooperação entre as partes, no caput há a previsão de que ninguém é obrigado a produzir prova contra si próprio, mas deve colaborar em alguma medida para o andamento do processo. O art. 380, CPC, dispõe sobre o dever de cooperação da produção de prova em relação à terceiros. O terceiro tem o dever de cooperar com o Judiciário na produção de provas, tanto que terceiros arrolados como testemunhas temo dever legal de comparecer às audiências. • Espécies Art. 369, CPC. A partir da parte inicial desse artigo, empreende-se que existe, no direito processual civil, as provas típicas e atípicas. As primeiras são aquelas previstas pelo CPC como !15 Cecília Alkimin documentais, periciais, testemunhais, de depoimento pessoal e inspeção judicial. Prova atípica são aquelas não previstas pelo CPC. • Prova documental Arts. 405 a 441, CPC. Momento da produção é previsto pelo art. 434, CPC. A prova documental não é definida, ela é produzida pelas partes. Toda a prova, em regra, se submete à um procedimento probatório em que se tem o requerimento, o deferimento é a produção da prova, sendo a prova documental a única que não exige nenhum requerimento ou deferimento, é de pronto produzida pelas partes. Para o autor, o momento de produção é na inicial, para o réu é na contestação. Se tem uma prova que é produzida posteriormente à esses dois momentos, caso de prova documental superveniente, deve ser submetida ao procedimento comum de todas as provas (requerimento, deferimento e produção), vide art. 435, CPC. Ainda de acordo com este artigo, há algumas hipóteses em que se pode fazer uso da prova documental superveniente. A primeira delas ocorre quando se junta documento após a inicial ou contestação. A segunda, que se encontra no caput do artigo, é o caso em que a parte produz novas provas para contrapor aquelas apresentadas pelo ex adverso. A última se encontra no § único, que determina a junção de documentos que já existia, mas que, por qualquer motivo legítimo, a parte ignorava esses documentos, não os conhecia, ou não tinha acesso à eles. Aula 20 - 28/05/15 {continuação - Provas} • Prova Testemunhal As partes têm que protocolar no processo o rol das testemunhas que tem que depor (arts. 442 a 463, CPC). Assim que a prova testemunhal é deferida pelo juízo, abre-se prazo para arrolar testemunhas, conforme dispõe os §§ 4 º e 5 º do art. 367, CPC. Caso seja saneamento compartilhado, diz o § 5 º que as partes devem levar o rol de testemunhas para a audiência de saneamento compartilhado. As partes podem arrolar no máximo 10 testemunhas, sendo 3 para cada fato, no máximo (§ 6 º do art. 367, CPC). Este número, entretanto, pode ser limitado pelo juiz, a depender da causa (§ 7 º do art. 367, CPC). A prova testemunhal será deferida sempre que o fato for controverso, mas há regras especiais sobre a admissão da prova testemunhal, o que está nos art. 443 e 444, CPC. Diz o primeiro artigo que o juiz indeferirá a prova testemunhal quando o fato a ser demonstrado já foi comprovado por documento juntado, ou se o fato só é possível de ser demonstrado por prova pericial. O segundo artigo complementa, há obrigações que exigem prova escrita por força de lei, no entanto, se houver evidências de prova escrita, a prova testemunhal será deferida para complementar essa prova escrita. Há pessoas que são incapazes, suspeitas ou impedidas de testemunhar, o que está previsto no art. 447, CPC. Sendo necessário, o juiz pode admitir o depoimento testemunhal das pessoas impedidas ou suspeitas, das incapazes, somente os menores. Quando o juiz o fizer, o depoimento será não como testemunha, mas sim como ouvinte, possibilidade prevista no § 4º do art. 447, CPC. O depoimento como ouvinte não tem o mesmo valor de uma prova testemunhal, esse depoimento é um complemento do que outras provas já demonstram. Essa decisão de ouvir como ouvinte deve ser justificada, mas parte da Doutrina afirma que isso é da discricionariedade do juiz. O art. 448, CPC, prevê questões que a testemunha não é obrigada a responder, tais quais fatos que lhe acarretam grave dano para ela ou para seus familiares, e sobre fatos a cujo respeito ela tem que guardar sigilo, seja em razão da profissão, seja por obrigações contratuais. Então, a dispensa de depoimento só se aplica aos casos previstos em lei. A produção da prova testemunhal está nos arts. 460 a 463, CPC. Quando o juiz defere a prova testemunhal na decisão saneadora, definirá também a data da AIJ. A testemunha tem o dever de depor, não é opcional. Primeiro são ouvidas as testemunhas do autor, depois são ouvidas as do réu. Isto porque o réu só tem o ônus de provar os fatos que alega controversos, via de regra o ônus da prova é sempre do autor. !16 Cecília Alkimin No antigo CPC, as testemunhas eram inquiridas pelo juiz. O advogado elaborava a pergunta ao juiz, que falava a pergunta diretamente para a testemunha, se a entendesse pertinente. Se entendia que nesse intervalo de tempo, a outra parte tem condições de analisar a pergunta e pedir pelo indeferimento da mesma. No novo CPC, isso mudou, o advogado da parte faz a pergunta diretamente para a testemunha, o que não prejudica o indeferimento da mesma, porque o juiz ainda pode determinar que a testemunha não deve responder. Isto torna o procedimento mais célere. Não existe no processo civil brasileiro a questão de chamar uma testemunha no momento da audiência, só são ouvidas as pessoas arroladas previamente como testemunhas. • Prova pericial Os arts. 464 a 480, CPC, regulam a prova pericial, que é deferida quando um fato depende de conhecimento técnico para ser definido. Hipóteses de indeferimento de prova pericial: perícia sobre um fato técnico que é quase impossível de ser comprovado; caso em que já exista um laudo de um instituto. O § 8º do art. 357, CPC, diz que o juiz, ao deferir a perícia na decisão saneadora, deverá nomear um perito para realizá-la, alguém de confiança do juiz, mas que tem conhecimento na área. Ser perito é uma função episódica, portanto. Pode haver um negócio processual típico tem que as próprias partes combinam quem será o perito e o juiz não poderá trocá-lo (vide art. 471, CPC). As partes podem nomear assistentes técnicos para acompanhar a perícia e podem formular quesitos para o perito responder, e as respostas estarão no laudo pericial. Há prazo de 15 para formular esses quesitos, indicar assistentes técnicos e impugnar a nomeação do perito, conforme dispõe o § 1 º do art. 465, CPC. Os casos de impedimento ou suspeição do juiz se aplicam aos mesmos requisitos de impugnação do perito. A produção da prova pericial está regulada pelos arts. 465 a 480, CPC. A perícia tem um prazo para ser cumprida. O perito só pode fazer o laudo pericial respeitando o contraditório com as partes, ele executará seu trabalho sempre intimando as partes para que seu assistente técnico possa acompanhá-lo no trabalho pericial. O perito colocará suas conclusões no documento chamado laudo pericial. Os assistentes técnicos produzem um documento concordando com o laudo ou discordando do mesmo. O juiz decidirá a partir de sua convicção racional, não fica vinculado ao laudo pericial. Aula 21 - 02/06/15 {continuação - Provas} • Inspeção judicia É a prova que o próprio juiz pode buscar produzir. Isto é, de acordo com as circustâncias do caso, o juiz tem a discricionariedade de ele próprio, verificar as questões probatórias. Na inspeção judicial, que pode ser sob coisas ou pessoas, o juiz vai de encontro do fato através do sentido. A admissão da inspeção judicial é prevista no art. 481, CPC, que traz a possibilidade do juiz, de ofício ou por requerimento da parte, inspecionar pessoas ou coisas. Este tipo de produção de provas pode ser realizado a qualquer tempo, ao contrário das demais provas, que possuem momento adequado para acontecerem. A produção de provas da inspeção judicial é prevista pelos arts. 482 e 484 do CPC. As duas características marcantes são o contraditório e a lavratura de uma ata no final da inspeção, que irá atestar tudo que o juiz viu. O juiz precisa designar dia e hora para realizar a inspeção judicial e intimar as partes informando isso. Ou seja, a inspeção é um prova feita mediante contraditório. A inspeção judicial feita sob menor tem que ser feita mediante acompanhamento de especialista de psicologiainfantil com junto com o juiz. • Depoimento pessoal Art. 385, CPC. Deferido o depoimento pessoal como prova, será determinada data para o mesmo. A produção da prova em primeiro é do autor, porque é ele quem tem o ônus da prova. !17 Cecília Alkimin Como a parte que vai depor não pode assistir os demais, o réu não poderá estar presente durante o depoimento do autor. A partir da regra do § 2º do artigo citado, o autor sempre vai assistir o depoimento pessoal do réu. Se a parte foi intimada para prestar depoimento e não comparecer à AIJ, será considerado que todas as alegações feitas são verdadeiras, pena de confissão com presunção relativa de veracidade dos fatos alegados contra ela (art. 385, § 1º, CPC). No entanto, se ela se recusar a responder a qualquer pergunta, somente o fato relativo à pergunta será imputado verdadeiro. O art. 386, CPC, traz outra regra que complementa a pena de confissão. A parte, muitas vezes, pode não se recusar diretamente, pode se evadir da pergunta, fugindo do esclarecimento. O juiz apreciará isso de acordo com o caso concreto, ele pode entender que a pergunta não foi respondida e aplicará a pena de confissão. O art. 388, CPC, elenca os casos em que a parte pode se recusar justificadamente a responder. Ninguém é obrigado a responder qualquer fato que lhe traga algum tipo de constrangimento. Médicos, advogados, padres, devem guardar sigilo. A parte não é obrigada a responder se os fatos lhe causarem desonra, ou à sua família. Não precisa responder se colocar em perigo sua vida ou de sua família. Esses incisos não se aplicam às varas de família ou de Estado. • Audiência de Instrução e Julgamento (AIJ) Está prevista nos arts. 358 a 368 do CPC. AIJ considera-se iniciada conforme a disposição do art. 358, CPC. Então, o juiz determina que seja feito o pregão da AIJ, momento em que está aberta a mesma. A partir disso, a parte não mais poderá pedir pela remarcação da audiência, deverá pedir ao juiz que seja adiada a continuação da AIJ já aberta. As partes não precisam comparecer, somente se forem intimadas, o advogado sempre deve estar presente, do contrário, é revelia. Iniciada a AIJ, a primeira coisa é a tentativa de conciliação, vide art. 369, CPC. Durante a audiência, o juiz tem poder de polícia para poder conduzir da melhor maneira a mesma, age de forma a evitar que o ato se frustre, conforme o art. 360, CPC. Tudo que acontece durante a audiência tem que ir para a ata. Existe uma ordem para coleta de provas, disposta no art. 361, CPC. A perícia pode se estender para a AIJ, pode ser que o perito seja ouvido sobre as conclusões do lado pericial, o que pode ser feito de ofício ou mediante provocação da parte. Se isso for requerido, o primeiro depoimento será do perito e dos assistentes técnicos. Depois, é ouvido o depoimento pessoal do autor e do réu e, por último, das testemunhas de autor e réu, respectivamente. O momento final é das alegações finais das partes, vide art. 364, CPC. São vinte minutos para o autor e vinte para o réu, prorrogáveis por 10 minutos. Se o caso for complexo, o juiz irá abrir prazo para alegações finais escritas, prazos sucessivos de 15 dias para autor e posteriormente para o réu. Cabe ressaltar que alguns estudiosos entendem que as alegações finais do réu não podem ser apresentadas ao réu, apenas será feito isso depois que ambos tiverem entregue suas peças. Do contrário, seria uma violação ao princípio da isonomia. Depois das alegações finais, o juiz dá a sentença. Se forem alegações orais, o juiz poderá dar sentença na própria audiência. No caso de alegações escritas, será também escrita a sentença. O art. 366, CPP, define a sentença, cujo o prazo (impróprio) é de 30 dias. Os casos de adiamento da AIJ estão presentes no art. 362, CPC. Aula 22 - 09/06/15 Sentença • Julgamento do processo A cognição é o estudo do convencimento do juiz. Há a cognição sumária (o juiz ainda não tem completa certeza para decidir/ deferir em favor de alguma parte) e a exauriente (juiz já tem plena convicção de sua decisão). A sumária fundamenta as decisões de tutela provisória, é impossível o juiz deferir uma sentença provisória no início do processo se tiver certeza de que uma das partes é assistida pelo direito. A exauriente, por sua vez, é a fundamentação da sentença definitiva do processo. O pronunciamento judicial que aprecia a tutela provisória é decisão !18 Cecília Alkimin interlocutória proferida em uma cognição sumária. Se o juiz deferir uma tutela provisória (com base na cognição sumária), seu efeito será imediato. Já no caso de decisão de sentença que não tem eficácia imediata, há possibilidade de recurso. Existe previsão de cisão do julgamento do processo no novo CPC (arts. 354 e 355, CPC). A disposição é expressa, o juiz pode julgar alguns pedidos (partes do processo) e deixar os demais pedidos para depois. Só será proferida a cisão do julgamento no momento do julgamento conforme o estado do processo (ou decisão saneadora). Isso não poderá ser negado nos demais momentos do processo, no entanto. Pode, portanto, ocorrer em qualquer etapa do procedimento, não só naquela prevista pelo CPC. Por interpretação sistemática, aplica-se esse artigo em todas as etapas de instâncias. Parte da Doutrina entende que esse novo procedimento deveria ter outro nome, o de decisão interlocutória de mérito, que substituiria sentença parcial, para que não se confunda com a decisão interlocutória que julga apenas um pedido. Três correntes sobre esse tema: 1. Todas as decisões que apreciam questões incidentais, e as de cisão do julgamento, são interlocutórias. 2. Será interlocutória a decisão que julga as incidentais. As interlocutórias de mérito seriam aquelas destinadas apenas às decisões de cisão do julgamento do processo (com ou sem resolução do mérito). 3. A interlocutória julga as decisões incidentais, julgaria parte dos pedidos ou um dos pedidos sem o mérito. Para julgar um pedido ou algum dos pedidos com mérito, chamaria-se de interlocutória de mérito. Sentença é o pronunciamento judicial que tem por conteúdo as hipóteses do art. 485 ou 487 do CPC e que põe fim ao processo. Deve ser compreendida pelo conteúdo e efeitos que gera. O processo com fases são aqueles em que é necessário um segundo momento para que se execute a sentença; isto é, tem fase de conhecimento e de execução. O pedido de tutela declaratória não gera processo de duas fases, uma vez que a sentença não precisa ser executada para ter eficácia. Da mesma forma o pedido de tutela constitutiva não precisa de execução. A sentença condenatória, por outro lado, precisa de fase de execução. Logo, apenas o processo de conhecimento condenatório possuíra duas fases. Os julgamentos podem ser de mérito ou sem resolução do mesmo (arts. 485 e 487, CPC). O art. 485, CPC, dispõe sobre sentença terminativa de mérito, ou seja, termina o processo sem que o mérito seja julgado. O art. 487, CPC, prevê as sentenças definitivas, aquelas que apreciam o mérito do processo. O novo CPC traz em seu texto o Princípio da Primazia do Julgamento de Mérito (art. 4º, CPC). As partes têm o direito de obter a solução integral do mérito, além disso ter que ser feito em um prazo razoável. Art. 488, CPC. O juiz superará os vícios formais, desde que a sentença de mérito seja favorável para a mesma parte que se beneficiaria com a sentença terminativa de mérito. Aula 23 - 11/06/15 {continuação – Sentença} • Elementos da sentença Art. 489, CPC. A sentença tem três elementos: relatório, fundamentação e dispositivo legal. Relatório é a parte em que o juiz narra todo o processo. A fundamentação é o momento em que o juiz motiva sua decisão, enquanto o dispositivo é a parte em que o juiz julga o pedido como procedente ou improcedente. Essa é a estrutura de sentença de primeira instância. Quando o Tribunal julga apelação e mantém a sentença de primeira instância, está, em verdade, proferindonova sentença. A fundamentação, cabe ressaltar, também é o momento em que o juiz decidirá sobre questões incidentais e preliminares. Ou seja, os vícios processuais serão julgados na fundamentação se o juiz julgar o mérito do processo. Fundamentação adequada é uma exig~encia do novo CPC. Isto é, o texto do novo CPC prevê o Princípio da Motivação Judicial, que !19 Cecília Alkimin antes se encontrava apenas na Constituição. A exigência da fundamentação está prevista no art. 489, I e II, CPC. A ausência de quaisquer dos elementos da sentença gera a sua inexistência, não sua nulidade. Esses elementos são, portanto, requisitos de existência, não de validade do processo. São vícios que não precluem, podem ser arguidos em qualquer momento do processo, inclusive após o trânsito em julgado. Aula 24 - 16/06/15 {continuação - Sentença} • Tese dos Capítulos da Sentença Cada julgamento que a sentença faz constitui capítulos distintos dela, que devem ter autonomia entre si. Isso é importante porque alguns capítulos poderão ser recorridos, enquanto os que não forem transitarão em julgado. A sentença julgou dois pedidos cumulados pelo autor, mas ela não está fundamentada quanto um dos pedidos. Se a Tese dos Capítulos da Sentença não é compreendida, toda a sentença será inválida, o vício afetará toda a sentença. Agora, compreendendo a tese, somente o capítulo não fundamentado em relação à um dos pedidos será inválido. Portanto, a nulidade não será de toda a sentença. Assim, essa tese rompe com o princípio de que a sentença é una e indivisível, dizendo que cada capítulo da sentença terá autonomia entre si. A lei é completamente omissa quanto a isso, é uma compreensão dogmática. • Eficácia da sentença A sentença proferida em um processo tem eficácia perante todos, não só para as partes, como terceiros têm que respeitá-la. Coisa julgada é a imutabilidade da sentença ela não pode mais ser modificada pelas partes. Uma vez transitada em julgado, as partes não podem mais reabrir essa discussão em outro processo, mas os terceiros podem, porque não fizeram parte do processo original. A coisa julgada, então, é sujeita somente às partes do processo. • Classificação das sentenças A classificação das sentenças o tipo de tutela jurisdicional que foi pedida no processo. Existem três tipos de tutelas definitivas que podem ser pedidas: declaratória, constitutiva e condenatória. Esses tipos de tutela só geram essas sentenças se for o pedido julgado procedente. Entretanto, se não julgar procedente o pedido de tutela definitiva, é uma sentença de espécie declaratória, uma vez que a sentença de improcedência é sempre declaratória. • Publicação e intimação Art. 494, CPC. Publicada a sentença, o juiz que a proferiu só poderá alterá-la em duas circunstâncias: erro material ou embargos de declaração conhecidos e providos. A publicação para os fins do art. 494, CPC, é a publicação mesmo, não o meio como se faz a intimação. A publicação no DJE é a intimação das partes. O que ocorre no DJE, então, não é publicação. A publicação ocorre quando o processo sai do gabinete do juiz. Esse é o momento em que a decisão se torna pública. Litisconsórcio e intervenção de terceiros • Litisconsórcio O litisconsórcio é a pluralidade de partes em um dos polos da ação. Pode ser ativo, de autores, ou passivo, de réus. O litisconsórcio é constituído obrigatoriamente ou consensualmente. Ou seja, pode ser necessário ou facultativo. Quando é facultativo, as partes optam por entrar em !20 Cecília Alkimin litisconsórcio, mas poderiam entrar individualmente. Isso pode acontecer se existir um fato com implicações no mundo jurídico em comum entre as partes. São os casos em que os pedidos de tutela jurisdicional são ligados por uma questão de fato ou de direito em comum. O litisconsórcio é necessário por força de lei ou por relação jurídica de direito material levada para julgamento. Quem integrar a relação jurídica tem que ser parte no processo. No litisconsórcio material não é uma questão de direito que os liga, é a mesma relação jurídica, logo, todos têm que estar no processo. Isso nada tem a ver com solidariedade. • Intervenção de Terceiros A intervenção de terceiros pode ser voluntária, o terceiro pedindo para entrar no processo, ou obrigatório, o terceiro é chamado para integrar o processo. - Assistência: ocorre quando um terceiro entra no processo porque tem interesse jurídico na vitória de uma delas. - Denunciação da lide: outra forma de intervenção, que é obrigatória. O terceiro tem que intervir no processo porque ele é chamado. A denunciação ocorre em nome da celeridade, para economia processual. Serve para garantidores. - Chamamento ao processo: é uma intervenção também obrigatória. É uma forma de intervenção para o devedor solidário chamar para a ação o outro devedor que não foi colocado como réu. É, então, para a solidariedade passiva. - Recurso de terceiro: ocorre quando uma decisão proferida em um processo afeta um terceiro, que pode recorrer dessa decisão. É uma forma de intervenção voluntária. - Amicus curiae: há um expert no assunto e as partes ou um juiz querem ouvir a opinião do terceiro sobre a lide. Esse terceiro não exercer comportamentos processuais. Há amicus curiae previsto em lei e, ainda, aquele que decorre de uma especialização necessária para o entendimento pleno da lide. Não é perícia. !21
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