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AULA 07_Sociologia_ENEM (TEMAS CONTEMPORÂNEOS)

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Aula 07 — 
Temas da Sociologia 
Contemporânea 
ENEM 
 
 
 
Profe. Alê Lopes 
 
 
 
 
 
 
Profe Ale Lopes 
Aula de Ciências Sociais 
Aula 07 – Temas da sociologia contemporânea 
www.estrategiavestibulares.com.br 
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Sumário 
Introdução ............................................................................................................... 3 
Modernidade, Pós-Modernidade e Globalização ..................................................... 4 
Modernidade .......................................................................................................................... 4 
Pós-modernidade ................................................................................................................... 6 
Globalização ......................................................................................................................... 12 
Terrorismo ............................................................................................................. 16 
Velhos e Novos terrorismos ................................................................................................. 20 
Violência na sociedade .......................................................................................... 22 
Criminalidade para a análises sociológicas ......................................................................... 23 
Violência, Política e Poder .................................................................................................... 27 
Violência e pobreza .............................................................................................................. 30 
Sociologia do Meio Ambiente ................................................................................ 33 
5- Lista de questões ............................................................................................... 35 
5.1 - gabarito 50 
Considerações Finais .............................................................................................. 75 
 
 
Olá queridos e queridas alunos e alunas 
Que bom vê-los aqui nesta última aula. Espero que estejam gostando e aproveitando 
bastante nosso curso de Sociologia. 
Neste último momento trabalharemos alguns temas considerados contemporâneos e que 
não foram tratados ainda nas demais aulas. São aquelas questões que costumo chamar de 
“atualidades sociológicas” – questões atualíssimas do nosso tempo. Assim, esta aula, 
diferentemente das outras, é organizada por meio de temas. Cada tema está desenvolvido em um 
tópico. Advirto que, por suposto, cada um deles está focado para possíveis cobranças nas provas, 
afinal, sabemos que a sociologia é constituída por um a infinidade de abordagens e possibilidades. 
E, aqui, nosso objetivo é gabaritar. 
Então, mãos à obra, cérebro em funcionamento e vamos para mais uma aula. 
Pega seu café, seu caderninho de anotações e vem comigo! 
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Profe Ale Lopes 
Aula de Ciências Sociais 
Aula 07 – Temas da sociologia contemporânea 
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Ao falar de “atualidades sociológicas” estamos tratando sobre questões extremamente 
atuais, ou que ganharam repercussão social e coletiva na atualidade. Exemplos: 
• violência doméstica, meio ambiente, violação de sigilo de dados pessoais; 
 
Esses dois últimos temas, por sinal, só passaram a ser identificados como problemas sociais 
que violam direitos há pouco tempo. No Brasil, a Lei Maria da Penha é de 7 de Agosto de 2006. 
Outro ótimo exemplo, é a questão dos direitos de privacidade frente ao mundo hiper 
conectado e público da internet. A questão da proteção dos dados individuais ficou em evidência no 
Brasil com o caso de roubo e exposição de fotos da atriz Carolina Dieckmann. A partir disso, foi criada 
uma lei contra os crimes cibernéticos, em Novembro de 2012. 
Assim, antes mesmo de desenvolver os temas é preciso pensarmos em que época vivemos. 
Isso porque o ponto de partida dos sociólogos, em geral, é contextualizar seu objeto de estudos e 
buscar uma compreensão mais geral das estruturas que organizam a sociedade. Não se esqueçam 
de que a sociologia é a ciência pragmática que observa, descreve, compara, combina elementos 
sociais, políticos, culturais, ideológicos para, então, criar uma interpretação e fazer uma análise. 
Vimos nas aulas anteriores que as preocupações dos primeiros sociólogos estavam 
direcionadas para compreender as relações na sociedade do século XIX, por isso se interessaram por 
“grandes questões”, como as relações de classe no capitalismo, o que é o capitalismo, a relação 
entre a ética protestante e o espírito do capitalismo, o que é sociedade, como ela é possível e como 
os homens se socializam e se diferenciam dos demais animais. 
Contudo, os problemas centrais da humanidade parecem estar mudando. Com certeza, a 
globalização que marca a segunda metade do século XX impôs aos sociólogos novos objetos de 
estudos. Impossível não levantar as perguntas: 
Por que as relações sexuais e de gênero estão mudando? 
Qual é o futuro da humanidade frente às catástrofes ambientais? 
Nesse sentido, vamos analisar, sociologicamente, 
esse período que vivemos usando três conceitos: 
Modernidade, pós-modernidade e globalização. 
 
 
Quem nos guia nesse debate teórico é Antony Giddens, um 
dos mais importantes sociólogos contemporâneos. Ele se 
dedicou a debater as transformações ocorridas ao longo do 
século XX. Muito ativo intelectualmente, está em constante 
diálogo com outros autores. Por isso, as abordagens dele são 
muitooo usadas em provas. 
INTRODUÇÃO 
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MODERNIDADE 
 
 MODERNIDADE, PÓS-MODERNIDADE E GLOBALIZAÇÃO 
 
“Modernidade”, segundo Giddens - e conforme o consenso no campo do conhecimento 
sociológico - é o projeto político, filosófico e civilizatório que se originou com o Iluminismo e teve, 
de certa maneira, o objetivo de moldar a sociedade racional e cientificamente. Isso marcou o fim do 
século XVIII, todo o século XIX e boa parte do século XX. 
 
 
Vou colocar aqui alguns pontos que vocês encontram no meu curso de História e que 
demonstra ser o Iluminismo um Projeto de Civilização: 
 
Alguns iluministas propunham a transformação dos homens e da sociedade por meio da 
ação racional do indivíduo. Immanuel Kant – nascido na Prússia em 1724, morreu em 1808- 
advogava a tese de que o homem poderia atingir a maioridade intelectual por meio da razão. Isso 
lhe permitiria viver e conduzir sua própria vida sem a intervenção de outra pessoa ou instituição. 
Dizia ele: “Ousa Saber! Tenha coragem de usar sua própria mente!” Para tanto a única coisa 
necessária era a liberdade! Veja o que ele diz: 
Para este esclarecimento, porém, nada mais se exige senão liberdade. E a mais inofensiva 
entre tudo aquilo que se possa chamar liberdade, a saber: a de fazer um uso público de sua razão 
em todas as questões. Ouço, agora, porém, exclamar de todos os lados: não raciocinai! O oficial 
Aqui é legal lembrar das aulas de história no que se refere aos assuntos 
de Iluminismo, Revolução Francesa, Industrial, século XIX, Belle 
Époque, o papel das ciências e, sobretudo, o papel do das teorias do 
positivismo e o evolucionismo. 
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“Mas planejar e projetar o futuro exigia a concepção de um tempo e de um espaço determinados, 
confirmando o nascente conceito de estado-nacional – um território soberano sobre o qual a 
burguesia reinava, imprimindo uma política que privilegiava o desenvolvimento econômico e as 
necessidades do mercado. A nação deveria se orientar por uma política que favorecesse a 
prosperidade e a acumulação de riqueza e que tivesse noindivíduo sua mola-mestra. Um indivíduo 
liberto das marras do passado – da religião da fé, da culpa e do pecado, das oficinas de ofício, dos 
soberanos e sacerdotes -, mas pelo de desejos e expectativas de realização pessoal e de liberdade 
para agir, movimentar-se, gerir negócios e lucrar. 
Novos valores guiando a vida social para sua modernização, mais pesquisas e exploração de novos 
campos do saber, avanços técnicos, melhorias nas condições de vida, tudo isso somado produziu 
um clima muito otimista em relação ao futuro do homem, o que levou a esse surto de ideias, 
conhecido pelo nome e “ilustração”. Um movimento que propunha uma atitude curiosa e livre que 
se estendia tanto à elaboração teórica como à sistemática observação empírica. Que acreditava ser 
o conhecimento a fonte do saber, de realização e de satisfação para a humanidade. Que acreditava 
na evolução incessante do ser humano em direção a etapas cada vez mais avançadas de sua 
existência como espécie.”3 
diz: não raciocinai, mas exercitai-vos! O financista: não raciocinai, mas pagai! O sacerdote 
proclama: não raciocinai, mas crede! (Um único senhor no mundo diz: raciocinai, tanto quanto 
quiserdes, e sobre que quiserdes, mas obedecei!). Eis aqui - por toda a parte - a limitação da 
liberdade. Que limitação, porém, impede o esclarecimento? Qual não o impede, e até mesmo 
favorece? Respondo: o uso público da razão deve ser sempre livre e apenas ele pode realizar 
[A485] o Esclarecimento entre os homens.1 (grifos nossos) 
 
 
É verdade que, desde o Renascimento, a razão e a valorização do indivíduo estiveram no 
centro do desenvolvimento do pensamento filosófico. Leia o que a professora Cristina Costa 
leciona sobre o assunto: 
 
 
A ilustração, movimento filosófico que sucedeu o Renascimento, baseava-se na firme convicção da 
razão como fonte de conhecimento, na crítica a toda adesão obscurantista e a toda crença sem 
fundamentos racionais, assim como a incessante busca pela realização humana.”2 
 
Contudo, com o Iluminismo, formulou-se uma proposta para que o mundo se 
transformasse, algo como uma revolução civilizatória. Por isso, usa-se a figura 
simbólica da iluminação ou da luz. Assim, os iluministas pretendiam iluminar o 
mundo. Nesse sentido, muitos historiadores convencionaram apelidar o século 
XVIII de “Século das Luzes”. 
 
 
 
1 KANT, Emmanuel. Resposta à Questão: O que é Esclarecimento? Cognitio, São Paulo, v. 13, n. 1, 
p. 145-154, jan./jun. 2012, pp. 146-147. 
2 COSTA, Maria Cristina Castilho, Sociologia: introdução à ciência da sociedade. São, Paulo: Editora 
Moderna, 2005, p. 44. 
3 COSTA, Maria Cristina Castilho, Sociologia: introdução à ciência da sociedade. São Paulo: Editora 
Moderna, 2005, pp. 46-47. 
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Essa foi a chamada sociedade disciplinar, moldada, segundo Michel Foucault por instituições de 
saberes autorizados e padronizados. São parte dessa socialização as normalizações de 
comportamentos. Vamos lembrar que para o autor, o poder de dominação atua por meio de 
discursos especializados por indivíduos com poder e autoridade. Assim, poder e conhecimento 
estariam ligados às tecnologias de vigilância, fiscalização e disciplina. 
Como também aprendemos nas aulas de história, de certa maneira, isso foi possível pelas 
condições econômicas favoráveis daquela fase do capitalismo mundial. 
PÓS-MODERNIDADE 
 
 
 
 
 
 
 
Assim, "modernidade" refere-se ao estilo, ao costume de vida 
ou à organização social que emergiam na Europa a partir do século 
XVIII e que ulteriormente se tornavam mais ou menos mundial em sua 
influência. Dessa forma, podemos associar modernidade a um período 
de tempo e a um determinado padrão de organização social. Essa 
época estava marcada por um discurso que privilegiava as formas de 
conhecimento científico universais e totalizantes, cuja produção 
teórica buscava respostas totalizantes e abrangentes para dar conta 
de explicar a história e os problemas da humanidade. São palavras 
chaves da noção de Modernidade: 
 
 
 
 
O primeiro abalo no Projeto da Modernidade foram as experiências das Guerras Mundiais e 
da ascensão nazifascista. A tecnologia, o saber, o poder e os interesses econômicos se conjugaram 
em uma experiência mutável, ou seja, capaz de deixar suas testemunhas oculares incapazes de 
comunicar e dizer o inominável. Desse processo é que surgirá a Teoria crítica, como já falamos em 
outras oportunidades. 
No entanto, os anos de 1950, 1960 e 1970 assistiram à reafirmação do projeto iluminista: a 
busca pela soberania nacional esteve presente nas lutas pela descolonização afro-asiáticas, a corrida 
aeroespacial demandou um amplo investimento da ciência que se confirmava como o discurso e a 
lógica mais benéfica para a humanidade, apesar de suas contradições bélicas. A década de 1960 
abrigou uma revolução social em curso baseada nos pressupostos liberais da liberdade civil e da 
igualdade racial e sexual. 
 
Contudo, o que se observava ao final dos anos de 1980 e durante a década de 1990 era uma 
fragmentação social, um pluralismo sem precedentes, uma diversidade marcada por imagens 
fragmentadas que circulavam ao redor do mundo. Por meio das imagens circulavam – e circulam - 
ideias e valores, tudo sempre em fluxo, mas sem conexão com as histórias do passado e com as 
próprias histórias pessoais. Assim, estava dada a circunstância histórica para uma outra forma de 
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Olha que o autor escreveu na década de 1990. Imagina se ele soubesse dos robôs que ficam 
interagindo com pessoas em um ciclo quase infinito de imagens e mensagens... que podem ser 
todas inverdadeiras (fake News)... uauuuu. Acho que ele iria pirar, hein, gente? 
E aí, você reconhece essas características no nosso cotidiano permeado por facebook, instagram, 
twitter, tiktok e outras redes mais? 
A partir da abordagem de Baudrillard, proponho um exercício de aplicação do conceito. Veja as 
imagens abaixo e reflita: segundo o autor, as pessoas se chocaram com a imagem ou com a 
situação que gerou esse resultado? 
organizar a sociedade: desagregadora, desconstrutora de sentidos, identidades e pertencimentos. 
Estaríamos diante da “pós-modernidade”. 
O elemento central disso tudo é a tecnologia de comunicação. Sobre isso, 
Nosso mundo está sendo refeito. A produção em massa, o consumo em massa, a cidade grande, 
o Estado big-brother, o vasto espaço habitacional e o Estado-Nação estão em declínio: a 
flexibilidade, a diversidade, a diferenciação, a mobilidade, a comunicação, a descentralização e a 
internacionalização estão em ascensão. No processo, nossas próprias identidades, nosso senso de 
self, nossas próprias subjetividades estão sendo todos transformados. Estamos em transição para 
uma nova era.4 
 
 
Assim, podemos dizer que a chamada “pós-modernidade”, ou melhor, as teorias que 
descrevem esse tempo pós-moderno privilegiam a diferença, a diversidade, a fragmentação, a 
indeterminação. Procura trabalhar com subjetividades e, por isso, abarcam explicações para 
questões específicas como: gênero, raça, etnia, ambiente, sexo, território, entre outros. 
Um importante teórico da pós-modernidade é Jean Baudrillard. Ele responsabiliza a mídia 
eletrônica pela destruição da relação humana com seu passado de modo a criar um mundo caótico 
e vazio. Foi justamente a capacidade de alcance, dominação e alienação que demonstram os limites 
teóricos da teoria marxista para a qual as forças econômicas (infraestrutura) definem outras esferas 
da sociedade (infraestrutura). Na pós-modernidade, a vida social é, acima de tudo, definida por 
imagens e símbolos. 
Nosso mundo social teria, segundo Baudrillard, se transformadoem um universo de “faz de 
conta”, determinado por um fluxo das imagens. Assim, interagimos com imagens e não com pessoas 
ou lugares reais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 Hall e Jacques. Citado por Giddens, Antony. Sociologia. Porto Alegre: Ed. Penso, 2012, p. 81. 
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Assim, podemos definir a sociedade pós-moderna como aquela marcada pelo enorme crescimento 
e disseminação das mídias de massa, as inúmeras tecnologias da informação em um movimento 
fluido de pessoas, ideias, imagens que circulam ao redor do mundo de modo a produzir sociedade e 
comportamentos multiculturais e sem identidades fixas. 
 
 
 
 
 
 
Ilustração Estratégia Educacional 
 
A resposta do autor seria que as pessoas se relacionaram com a foto e não com a crise 
migratório ou ainda com a Guerra na Síria. Isso porque as pessoas vivenciam as imagens de fatos 
reais como se fossem o fluxo da novela – hoje em dia, das séries das plataformas de streaming. 
 
 
 
 
Entre os sociólogos que pensaram no impacto da mídia e das 
tecnologias de informação na sociedade, economia, política e demais 
relações sociais, está Manuel Castells. Ele desenvolveu o conceito de 
“sociedade em rede” caracterizada pela ascensão de uma economia de 
rede que depende o tempo todo de conexões e comunicações globais. 
O fluxo de informações é o grande ativo do sistema capitalista, explica o 
autor. 
Do ponto de vista das relações sociais, imperam as contradições. 
Como já apontavam outros autores, as tecnologias criaram 
possibilidades criativas, mas tornaram mais difícil aos indivíduos 
controlarem suas vidas. Por isso mesmo, as identidades já não se constroem em elementos 
tradicionais e, estão em constante transformação justamente pelo fluxo de informações e imagens 
que transitam pela internet em redes. (pensem exatamente em uma rede social e em como nos 
ligamos nas redes pelas informações que produzimos e consumimos – grande parte de nossa 
individualidade está ali aberta e em fluxo.) 
Essa foto circulou na internet em 
2015. É de Alan Kurdi, um 
menino sírio-curdo de três anos. 
Alan, seu irmão e sua mãe 
estavam entre os 12 sírios que 
morreram afogados no Mar 
Mediterrâneo, após partirem da 
cidade turca de Bodrum. A 
família conseguiu escapar de 
uma cidade dominada pelo 
grupo terrorista Estado Islâmico. 
Pretendiam chegar no Canadá. 
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Mas diferentemente de Baudrillard, Castells é mais esperançoso. Ele afirma que a tecnologia 
da informação pode causar o empoderamento e a renovação comunitária. Afirma também que, 
nesse fluxo de integrar todos os indivíduos em uma rede de fluxo de informações pode haver uma 
resistência local – de qualquer natureza, fundamentalista, nacionalista ou progressista. 
Há, portanto, uma indissociável relação contínua entre o “real” e o “virtual”. Isso é 
denominado pelo autor como “cultura da virtualidade real”. Esse conceito parte da ideia de que os 
indivíduos não precisam de nenhum aparelho para vivenciar essa realidade dentro dos meios 
digitais, bastando apenas estar próximo a uma tela digital. Ou seja, na concepção de Castells, não 
existe fronteira entre o “real” e o “virtual”. 
 
 
No que se refere a cultura da virtualidade real, gostaria 
de pensar em dois elementos essenciais da “atualidade 
sociológica” que é a “cultura do cancelamento” e a 
cultura troll”. Peguem a sistematização abaixo e reflitam! 
CULTURA DO CANCELAMENTO 
1- Fenômeno Social: caracterizado por um onda de condenação virtual que se dá por meio de 
uma denúncia, seguida por um processo de julgamento virtual. O acusado pode ou não se 
desculpar. Há o descancelamento, também! Marcado por comportamento coletivo e 
coordenado. Majoritariamente utilizado por setores progressistas que mobilizam as pautas 
identitárias 
2- Contexto: Um mundo hiper conectado em redes ; um tensionamento social de longo prazo 
entre ideias tradicionais e multiculturalistas; controle da palavra pública; entretenimento 
como política e o político como entretenimento (lideranças políticas apalhaçadas) 
3- Conflitos e Contradições: criação de um “index de ideias e comportamentos proibidos”; 
restrição à liberdade de pensamento; alimenta “contraditoriamente” uma onda de 
ressentimentos (impotência e amargura) 
4- Conceitos: 
-Call-out-culture: denúncia e crítica de alguém que é chamado a explicar-se pela falta cometida 
(Greg Lukianoff e Jonathan Haidt) 
-Cultura da correção política: intimidação e censura 
CULTURA TROLL 
1- Definição: Trollar significa provocar. É um fenômeno cultural. Na origem da trollagem está 
uma ética que põe um humor iconoclástico e sem limites acima de qualquer consideração de 
bom gosto, moral, utilidade política ou mesmo bem estar alheio. 
2- Cultura troll aborda comportamento social, estratégias de comunicação política e de 
marketing. A internet é meio e cenário de atuação da trollagem. 
3- O principal player político da trollagem é a chamada "alt-right americana". Consideram a 
trollagem uma técnica para jogar o que chamam de “guerra cultural”. 
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O sociólogo polonês Zygmunt Bauman concorda que o Projeto da Modernidade criado para 
moldar racionalmente a sociedade não faz mais sentido. Para ele, o mundo social mudou muito 
rapidamente. São pontos que indicam que não vivemos mais em um mundo moderno: 
 O enorme crescimento e disseminação da mídia de massas, 
 as novas tecnologias da informação, 
 o movimento mais fluido de pessoas ao redor do mundo, 
 a sociedade multiculturais 
Contudo, ele não usa mais a ideia de “pós-modernidade”; isso porque o termo teria perdido 
sua capacidade explicativa porque se vulgarizou. Assim, ele começa a desenvolver uma nova chave 
explicativa para esse novo mundo: “modernidade líquida”. 
 
 
 
Anote: Modernidade Líquida é 
um conceito que se refere a um 
mundo que está em constante 
fluxo e incerteza, apesar de 
todas as tentativas de impor 
aquelas noções de ordem e 
estabilidade próprias da 
modernidade. Na verdade, se 
trata do diagnóstico da 
contemporaneidade cujos 
sintomas são transformações 
 
 
aceleradas na esfera do trabalho, nas relações sociais, na organização da família, na formação 
da identidade e até mesmo na própria subjetividade. 
A globalização gera uma competitividade maior entre os povos, causando um enfraquecimento 
do conceito de comunidade. Uma vez que esse laço são levados para a rede. Assim, elementos 
básicos de sociabilidade e coletividade vão se perdendo. A individualidade se acentua. A solidão 
se torna a grande ameaça. 
4- A técnica é fomentar extremismos com ambiguidades entre verdade e mentira usando a 
ironia, o que pode ser chamado de dupla comunicação. São introduzidas ideias “polêmicas” e 
“controversas” no debate com certo distanciamento crítico, mantendo sempre a dúvida sobre 
o quanto ali é brincadeira ou para valer. 
5- Questões sociológicas: 
-As ideias “polêmicas” e “controversas” são baseadas em racismo, machismo, misoginia, 
xenofobismo, questões estéticas (corpo, idade)... 
-Há confusão entre liberdade de expressão e o “direito a ofender”: 
- A justificativa “mas ele/eu só estava brincando” contribuiu para o processo de normalização 
e banalização dos preconceitos usados na trollagem. 
-Banalidade do Mal de Hannah Arendt explica essa normalização. 
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Bauman não viveu apandemia, mas com certeza, seus conceitos sobre modernidade líquida podem 
ser utilizados. A regra é a incerteza. Se o mundo já era incerto e em fluxo, se as redes sociais diluíram 
nossas comunidades reais dentro de suas bolhas, com a pandemia, as pequenas certezas cotidianas 
também foram solapadas: o horário de dormir e acordar, pegar o ônibus, ir para a escola, passear 
com o cachorro, ir comprar o pão na padaria, assistir ao futebol no domingo, ir ao cinema, curtir o 
sábado à noite... Restou a INCERTEZA. Para tudo isso, precisamos reorganizar em VELOCIDADE 
ACELERADA! Horários, rotinas, dias refeitos sem muitos padrões a serem seguidos. Lavar as mãos, 
não sair, sair o necessário, usar máscaras, lavar todos os alimentos, caixas, objetos... separar um 
único sapato para sair. Pega no ar, dissemina por 2 metros, abre janela, fecha janela...Incerteza na 
forma de combater nosso inimigo comum. Restou a INCERTEZA. 
O isolamento aumentou o medo e o distanciamento das comunidades reais a que pertencíamos: a 
escola, o trabalho, o clube, a escola de música, a academia. A solidão assusta, mas o convívio familiar 
intenso também assusta (a violência doméstica ampliou durante a pandemia). Essas são as bençãos 
e as maldições dos laços humanos tratados por Bauman. 
As verdades, que em outros momentos nos guiavam, escorrem pelas mãos, as informações vêm em 
fluxo e... líquidas! 
O negacionismo desse cenário é resultado emocional da incapacidade humana de admitir sua 
fragilidade. Não basta ser um vírus, é preciso ser um “vírus chinês”. Isso porque perder as batalhas 
para um vírus é uma derrota grande demais para uma espécie que conseguiu realizar a maior 
expansão espacial no planeta (a globalização). É melhor culpar uma nação/etnia operando uma 
lógica discursiva bem consagrada e conhecida (o nacionalismo como sistema político). São minutos 
de alguma referência supostamente concreta. 
A comunidade global é apenas imaginada mesmo! 
A situação apelidada de “novo normal” (ainda não é conceito, hein!!) é profundamente incerta e 
provisória. Ninguém sabe direito como as coisas ficam e ficarão. Algumas transformações se 
anunciam mais duradouras: home office, EAD, compras virtuais (a Amazon passou a lucrar 10 mil 
dólares por minuto, segundo centro de pesquisas sobre negócios nos EUA)... Mas a velocidade foi 
de tal envergadura que ainda estamos “esperando para ver”, desejando a vacina e a volta ao 
”normal”. 
Teria a pandemia acelerado a modernidade liquida e nos colocado “definitivamente” na pós 
modernidade? 
Façamos o exercício de pensar nossa atualidade pandêmica por 
meio da lente de Bauman. Faça um ensaio, escreva usando os 
conceitos. Operacionalize-os. Veja um exemplo a abaixo de um 
ensaio escrito por mim. 
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Globalização é conceito para descrever como as sociedades estão vivendo cada vez mais em um 
“mesmo mundo”, ou seja, nações, grupos e indivíduos vivem de modo cada vez mais 
interdependentes. Nos últimos 30 anos o processo de globalização se acentuou. Cuidado: esse 
processo costuma ser muito mais abordado nos seus aspectos econômicos (é assim na geografia, 
por exemplo). Embora os fatores econômicos – como o papel das corporações transacionais, a 
integração eletrônica dos mercados financeiros globais – tenham importância fundamental, eles não 
se produzem sozinhos. A união de fatores políticos, sociais e culturais marcam a globalização 
contemporânea também! 
O sociólogo alemão Jurgen Habermas afirma que a 
Modernidade é um Projeto “incompleto” e não deve ser 
lançado à “lixeira da história”. Para o autor, deve-se 
aprofundar as exigências e a busca por mais políticas 
racionais, mais democracia e mais liberdade – elementos 
essenciais do projeto da modernidade. Não podemos 
esquecer que Habermas é criador da Teoria da Ação 
Comunicativa, na qual a capacidade de diálogo racional é 
chave para aprofundar a democracia. 
 
 
Contudo, meus caros alunos e alunas, essa ideia de pós-modernidade, nos parâmetros 
pessimistas de alguns teóricos, não é um consenso. Para muitos está posta uma questão: superamos 
o Projeto da Modernidade – com todos os seus postulados – ou é uma questão de novas condições 
sociais que criticam ou adaptam os paradigmas da modernidade a um novo contexto? De toda 
forma, a maioria dos pensadores parte de uma noção de sociedade globalizada. 
 
 
 
 
 
 
Para Antony Giddens, e outros críticos da noção de pós-modernidade, na verdade vivemos 
os paradoxos e contradições do projeto da modernidade. Isso porque a modernidade se funda em 
uma duplicidade: criação de uma estrutura de oportunidades (gerada pela ciência e pela tecnologia) 
e, ao mesmo tempo, promove consequências degradantes, como a exploração dilapidatória do 
trabalho, as guerras e o autoritarismo político. 
Assim, para o autor inglês temos um mundo marcado por incertezas e riscos (veja que ele 
agrega a noção de RISCO). As formas tradicionais de confiança são substituídas por “sistemas 
abstratos de confiança”. Assim, como as formas tradicionais de confiança se perdem e as vidas 
passam a ser influenciadas por pessoas que não estão desconectadas com nossa comunidade real – 
e muitas o “influenciador” não conhece as pessoas que nele se inspiram, os indivíduos passam o 
tempo todo pensando. Giddens chama isso de reflexividade social. Diz o autor: 
A reflexividade social refere-se ao fato de que temos constantemente que pensar, ou 
refletir sobre as circunstâncias em que vivemos nossas vidas. Quando as sociedades eram 
mais voltadas para os costumes e tradições, as pessoas podiam seguir maneiras 
GLOBALIZAÇÃO 
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Para terminar a reflexão sobre o mundo atual e as mudanças em curso, quero destacar a questão 
do risco, pois esse elemento é fundamental e ficou evidente para nossa geração, em 2020 com a 
pandemia. 
E, atenção, a sociedade industrial criou novas tradições e costumes determinados pela 
jornada de trabalho, tempo de estudar, se formar, trabalhar, construir família... Então, 
aqui a sociedade tradicional é a sociedade industrial (não confunda achando que apenas 
o campo, a vida rural era tradicional). 
Acompanha comigo essa contradição “básica”: 
estabelecidas de fazer as coisas, de um modo mais irrefletido. Para nós, muitos aspectos 
da vida que, para gerações anteriores, eram considerados simplesmente dados, tornaram- 
se questões de decisão. Por exemplo, durante centenas de anos, as pessoas não tinham 
maneiras efetivas de limitar o tamanho das suas famílias. Com as formas modernas de 
contracepção, e outras formas de envolvimento tecnológico na reprodução, os pais podem 
não apenas escolher quantos filhos terão, mas qual será o sexo do filho. Essas novas 
possibilidades estão, é claro, repletas de dilemas éticos. (Giddens. Sociologia, 2012, p. 
83) 
 
 
 
 
 
 
O principal autor a tratar sobre isso é o 
alemão Ulrich Beck. Para ele, vivemos uma 
segunda modernidade. Essa segunda “fase” ou 
“segunda modernidade” refere-se ao fato de as 
instituições modernas estarem se tornando 
globais e a vida local deixando de ser pautada na 
tradição e nos costumes. 
 
 
 
 
 
 
 
Para o autor alemão, a antiga sociedade industrial está desaparecendo e dando lugar a 
“Sociedade de Risco.” É o avanço da ciência e da tecnologia que colocam a sociedade em risco. Há 
um colapso da racionalidade técnico- científica e das garantias institucionais de segurança. 
 
 
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Mas, profe, aí cada um escolhe seu número de filhos, ou se previne para o futuro efaz suas próprias 
economias e investimentos... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Risco para 
previdência 
 
 
Nesse caso você poderia me dizer: 
A questão é que cálculos de segurança privada não cobrem, por exemplo, crises econômicas, 
catástrofes, mudança de clima, pandemias que podem colocar qualquer decisão individual em 
xeque. Isso porque as sociedades estão conectadas e os sistemas de segurança já não estão mais na 
localidade, na comunidade. 
 
Nada. Não há sistema de segurança. Com a globalização, segundo o autor, riscos políticos, 
ecológicos e individuais escapam cada vez mais dos mecanismos de proteção e controle. 
Além disso, anote, o risco para Beck não é espacial, temporal ou socialmente determinado. 
Os riscos são fabricados por decisões políticas e econômicas e atravessam fronteiras nacionais e, 
assim, constituem riscos globais. Por exemplo, o terrorismo, visto como resposta às decisões 
históricas de intervenção dos países centrais do capitalismo de interferir nas políticas locais do 
Oriente Médio! 
Agora, muita atenção meu querido e minha querida: há um potencial político que reside no 
colapso da racionalidade técnico- científica e das garantias institucionais de segurança. É através 
da abstração (negação) da sociedade do risco que esta surge e se realiza. Ou seja, negar a ciência, 
por exemplo, é negar os efeitos não desejados que ela pode produzir e, assim, não ter qualquer 
controle preventivo sobre o cenário. Por exemplo, a negação aos problemas ambientais, à própria 
existência de um vírus, o desemprego estruturalmente outros. Assim, podemos inferir, por meio das 
lentes de Beck, que, quanto mais a racionalidade técnico-científica e as garantias de segurança 
entram em colapso, maior torna-se o espaço para políticas negacionistas. 
Nesse sentido, observe bem, se os riscos são globais, o Estado-Nação sozinho não consegue 
resolver riscos globais. Assim, não seria possível pensar apenas, ou principalmente, a partir de uma 
lógica nacional e rechaçar a necessidade e a efetividade de órgãos internacionais. Está ocorrendo o 
Então, profe, o que substitui esse sistema de segurança? 
Aumento da 
tecnologia 
Aumento da 
expectativa 
de vida 
Desemprego 
Nesse caso o avanço da tecnologia 
permitiu o aumento da expectativa 
de vida (vacinas, políticas 
sanitaristas, melhor alimentação. 
Mas, contraditoriamente, 
aumentou o número de pessoas 
vivendo nos mesmos espaços por 
mais tempo. Na prática ocorrem 
desemprego e problemas para 
manter a previdência dos mais 
idosos. Veja que o cenário de risco 
produz insegurança. 
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Com relação a isso, reflita sobre toda a história global da pandemia. Faça aquele 
esforço da imaginação sociológica e tentem mobilizar os conceitos de Ulrich Beck para 
analisar o fenômeno. 
Sobre isso, pense na repercussão internacional a partir dos protestos contra a 
morte do americano George Floyd, nos Estados Unidos, em 2020. O 
movimento “vidas negras importam” ganhou uma dimensão internacional e 
impactou as sociedades para além de suas fronteiras nacionais. O problema do 
racismo foi identificado como mundial porque sua história é a história de um 
passado comum. 
Com relação a isso pense nas novas formas de trabalho, nas questões ambientais 
e no combate a pandemias como provocada pelo coronavírus. A tecnologia não 
traz apenas oportunidades, mas riscos que não temos a dimensão do que podem 
provocar. Uma possível vacina contra a COVID-19 pode causar quais 
consequências, além de imunizar as pessoas? A questão da “segurança” e 
“eficiência” estão colocadas nesse cenário global de risco. 
que ele chama de cosmopolitização das sociedades e os governos mundiais não estariam 
percebendo isso. Diz o autor: 
 
 
Essa perspectiva nacional não entende que a ação política, econômica e cultural e suas 
consequências (voluntárias e involuntárias) não conhecem fronteiras. (BECK, U. 
Cosmopolitan Vision, 2006, p. 18) 
 
 
 
 
 
 
Por fim, anote: segundo Beck, quatro pilares são rompidos quando os riscos passam a ser 
globais e não-controláveis: 
 Os danos não são mais delimitáveis: são globais e irreparáveis 
 Os cuidados preventivos dos piores acidentes ficam excluídos 
 O “acidente“ perde suas delimitações: passa a ser um acontecimento com começo, 
mas “sem final“. 
 Suprimem-se os estandartes de normalidade - necessários para a medida e cálculo do 
risco. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Bem, queridos e queridas, depois de todo o sobrevoo acerca da sociedade contemporânea, 
é hora de adentrarmos em alguns temas. Você pode pensar, e estará certo se o fizer, que, hoje em 
dia, não há questões sociais que não estejam vinculadas ao Modelo de Sociedade Global cujos 
conceitos e reflexões até aqui destacamos. 
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11 de Setembro de 2001, 8h45. 
Inicia-se o ataque terrorista aos 
Estados Unidos da América. 3 
alvos: O coração econômico 
(Word Trade Center); o coração 
militar (Pentágono) e o coração 
político (Casa Branca – que só não 
foi atingido graças aos 
passageiros que atacaram os 
sequestradores do avião que foi 
usado para promover o ataque). 
Esse fato histórico dá origem a 
uma nova doutrina de segurança 
mundial: A guerra contra o 
Terror. 
Tendo esse modelo global como ponto de partida e cenário, veja alguns pontos que mais 
caem nas provas de sociologia. 
 
 
 TERRORISMO 
 
 
Foram os EUA, durante o Governo de George W. Bush que organizaram uma resposta 
mundial ao terrorismo ao estabelecer uma Guerra contra o Afeganistão (que abrigava a organização 
terrorista da Al-Qaeda). Estabeleceu-se uma série de regras de segurança, restrição aos 
deslocamentos populacionais, novas regras de organização e informação para a realização de 
grandes eventos, entre outros. 
A expressão terror ficou estampada nos meios de comunicação e se consolidou no imaginário 
social no mundo Ocidental. 
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Definição: Terror é o uso da violência para intimidar. Essa é um definição ahistórica, ou seja, que 
pode ser utilizada para analisar todo ato de violência usado para intimidar em qualquer tempo 
histórico. 
De todo modo, e voltando aos aspectos teóricos, isso significa que para tentar entender o 
fenômeno social do terrorismo, sobretudo pós 11 de Setembro, é preciso nos abstermos de 
elementos morais. 
 
 
Vamos começar lendo uma citação do professor da Unicamp Otavio Ianni: 
O terrorismo está sempre presente, encoberto, anônimo, clandestino, assustador, 
terrificante. Destrói coisas, gentes, ideias, abalando os modos de ser, subjetividades, 
relações, expectativas, possibilidades, impossibilidades. Manifesta-se em diferentes 
setores da sociedade, em distantes épocas históricas, atingindo o público e o provando o 
indivíduo e a coletividade, o poder constituído e o poder emergente, a soberania 
estabelecida, e a hegemonia em formação [...] Em geral, o terrorismo é apenas uma 
técnica de violência. Nunca o terrorismo esgota-se em si, como se fora um ato solto na 
sociedade, geografia, história, cidade. Ao contrário, todo ato terrorista é fato social, 
político e histórico. Está inserido no jogo das forças sociais, enraizando-se em inquietações 
e frustrações, reivindicações e protestos desesperados. Esse é o maior e fundamental 
desafio: desvendar os nexos causais os jogos de forças sociais, as tensões e os 
antagonismos que germinam o terrorismo. (Otavio Ianni. Sociologia do Terrorismo) 
 
 
Lido o professor Ianni, agora, eu vou sistematizar algumas informações relevantes para efeito 
deprova. Respira e vamos fundo! 
Acompanha o passo a passo do meu pensamento: 
✓ Em civilizações antigas, a invasão, pilhagem e assassinato dos moradores era forma de 
aterrorizar os povoados vizinhos. 
✓ Na Idade Média os julgamentos da Santa Inquisição eram formas de intimidar aqueles 
que não eram católicos ou não seguiam perfeitamente os dogmas. 
✓ Na Revolução Francesa, o terror veio por meio da Guilhotina. 
✓ O terror nazista contra os judeus era uma forma de intimidar a todos, inclusive os 
alemães que supostamente não eram favoráveis ao nazismo. 
✓ O terror soviético veio com os Gulag, campos de trabalho forçado usado por Stalin 
contra seus opositores. 
E aqui dou uma paradinha para tornar mais aprofundada essa nossa conversa sobre 
terrorismo. Veja, Antony Guiddens nos conta que o termo terrorismo pode não ser muito útil como 
conceito (aquele termo que sintetiza um conjunto de ideias que, a um só tempo, é capaz de explicar 
um fenômeno). Isso porque “o terrorista de um pode ser o guerreiro libertador de outro”. Isso quer 
dizer que não há consenso sobre os critérios que definem um grupo terrorista. 
Do ponto de vista político, hoje em dia, há uma lista de organizações consideradas terroristas 
que é elaborada pelos governos dos Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Índia, Rússia e União 
Europeia. 
Mas, profe, afinal, o que é terrorismo? Tem a ver com os muçulmanos? Mas e os Estados terroristas? 
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Desse modo, segundo os ensinamentos de Antony Guiddens, é teoricamente útil restringir o 
conceito de terrorismo a grupos e organizações que atuam fora da esfera do Estado e da política 
legal e pública. 
Definição neutra: “qualquer ação (não-estatal) que vise causar morte ou danos corporais sérios 
a civis ou não-combatentes, quando o propósito desse ato, por natureza ou contexto, for 
intimidar a população, ou levar um governo ou organização internacional a fazer ou abster-se de 
algum ato” (Panyarachun (2004), citado por Guiddens, 2012) 
Segundo ponto. Há terrorismo de Estado? 
Veja, há uma longa tradição nas ciências humanas que identifica o Estado como um dos 
maiores agentes violadores de direitos da história. Organizar, controlar, mas também reprimir. 
Lembrem-se de que a organização dos Estados Nacionais Modernos se caracterizam pelo monopólio 
legítimo da violência, segundo Max Weber. Assim, essa “violência do Estado” é parte de sua 
essência. Tanto é assim, que os muitos Tratados Internacionais de direitos humanos existentes hoje 
são para colocar limites na ação violenta do Estado contra seus nacionais. 
Vale lembrar que as ideias liberais, por excelência, também são fonte da noção de que o 
Estado não pode atuar por meio do “terror” sobre seus súditos. 
Além disso, é importante localizar algo: os Estados fazem guerra. Pense na 1ª e na 2ª Guerra 
Mundial. Os bombardeios sobre Guernica - Espanha (feito pelos alemães) e sobre Dresden - 
Alemanha (feito pelos Aliados). 
Então, a diferenciação entre terrorismo e guerra, mais a noção do monopólio legítimo da 
violência pelo Estado nos obriga a diferenciar Terrorismo de Violência Estatal. 
 
 
Nesse mesmo sentido, também não se pode confundir um movimento social, ou 
manifestação de rua radical, com grupos ou ação terroristas. 
 
 
 
 
Agora, fica esperto porque a ONU já afirmou em várias reuniões diferentes que as 
 ameaças à segurança internacional precisam ser definidas amplamente e precisariam 
incluir pobreza, pandemias como Aids e desastres ambientais, não apenas ameaças de 
armas de destruição em massa, guerras e Estados falidos. Tudo isso gera cenários 
favoráveis ao surgimento de terrorismos. 
Agora, fica espero 2: o professor Otavio Ianni, a partir de uma abordagem mais crítica, usa o 
conceito de terrorismo de Estado. Ele diz que 
“para defender, consolidar e expandir o seu poder, elites governamentais e classes 
dominantes, em diferentes países, desenvolveram operações de terrorismo de Estado que, 
aos poucos, transformaram o próprio Estado em uma instituição terrorista. Outra vez, 
realiza-se a metamorfose meios e fins, de tal forma que a multiplicação de operações 
terroristas, compreendendo a criação de técnicas, organizações e alegações, termina por 
contaminar mais ou menos amplamente a tecnoestrutura, bem como a mentalidade de 
seus técnicos, funcionários, agentes, beneficiários, compreendendo setores das elites 
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Amigos de infância, os palestinos Khaled 
(Ali Suliman) e Said (Kais Nashef) são 
recrutados para realizar um atentado suicida 
em Tel Aviv. Depois de passar com suas 
famílias o que teoricamente seria a última 
noite de suas vidas, sem poder revelar a sua 
missão, eles são levados à fronteira. A 
operação não ocorre como o planejado e 
eles acabam se separando. Distantes um do 
outro, com bombas escondidas em seus 
corpos, Khaled e Said devem enfrentar seus 
destinos e defender suas convicções 
governantes e classes dominantes, o que resulta no Estado Terrorista, simultaneamente 
totalitário e nazifascista. (idem, p. 40) 
 
 
Em um estilo weberiano, usando um método compreensivo, Ianni busca compreender o que 
é e porque é o terrorismo. Então, ele busca na ação social (ação intencional que tem um propósito) 
o sentido para explicar o terrorismo. Veja: 
O homem-bomba e a mulher-bomba são expressões extremas, brutais, desesperadas e 
inextricáveis do terrorismo com o qual se inicia o século XXI. São manifestações 
paroxísticas da fábrica de violência em que se transformaram a sociedade nacional, as 
relações internacionais e a nascente sociedade civil mundial [...] Nesse sentido, é que o 
ato terrorista pode revelar-se reacionário, fundamentalista, fascista, nazista, anarquista, 
niilista ou revolucionário (idem, p. 40-41) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Na década de 70, um atentado do IRA mata cinco pessoas num 
pub de Guildford, cidade próxima à Londres. Gerry Conlon 
(Daniel Day-Lewis) é um jovem rebelde irlândes que acaba sendo 
injustamente acusado pelo crime, e pega prisão perpétua junto 
com outros três amigos. Giuseppe Conlon (Pete Postlethwaite), 
seu pai, tenta ajudá-lo, mas é condenado também. Enquanto 
Gerry tem que desenterrar suas forças mais profundas para lidar 
com a injustiça de estar preso, ele consegue a ajuda da 
advogada Gareth Peirce (Emma Thompson), que passa a 
investigar as irregularidades do caso. 
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Cabe lembrar uma coisa, queridos, esses movimentos recebiam mais a denominação de guerrilha 
do que de terrorismo. Os atuantes naqueles grupos se identificavam como guerrilheiros e as 
potências dominantes os identificavam como terroristas. Um caso icônico para ilustrar essas 
divergências é a questão da Independência da Argélia. Os franceses desenvolveram teorias militares 
que associavam o Exército de Libertação de Argélia como um grupo terrorista. 
Quando falamos do novo terrorismo estamos tratando sobre um movimento global de grupos 
extremistas islâmicos cujo marco histórico é o atentado do 11 de Setembro. Os grupos 
terroristas não se resumem aos grupos islâmicos, mas as características que vamos tratar aqui 
estão relacionadas aos estudos sobre a Al-Qaeda e outras organizações que estão no mesmo 
prisma de ação e organização. Então, tenha cuidado na hora da prova, está bem? 
 
 
Podemos fazer uma distinção entre dois tipos de terrorismo que são apelidados de velho e 
novo. Assim são tratados porque ao longo do tempo, sobretudo com as transformações advindasdo desenvolvimento tecnológico e das novas formas de comunicação via internet, ou seja, com a 
globalização, as formas de organização terrorista se alteraram. 
 O velho terrorismo: 
▪ foi predominante no século XX 
▪ está associado à ascensão do nacionalismo 
▪ foi estratégia de lutas por libertação nacional – ambições locais 
▪ formas organizativas centralizadas e hierarquizadas, como exércitos. 
▪ Ex: Mãos Negras, cujo objetivo era a separação do Império Austríaco e a conquista da 
soberania nacional da Bósnia, nas primeiras décadas do século XX; 
▪ Ex2: IRA (Exército Republicano Irlandês) cujo objetivo era conseguir o controle do 
território do povo irlandês, mas que era ocupado por forças inglesas desde 1800. 
Perceba que havia grupos territorialmente definidos e que tinham como objetivo a conquista 
da soberania nacional. Se levarmos em conta que o século XIX foi o século da neocolonialismo, no 
qual países europeus conquistaram e dominaram territórios na África, Ásia e Oceania, então, 
podemos inferir que as lutas de descolonização são o cenário para o surgimento de vários grupos 
que mobilizaram ações terroristas com o objetivo de conquistar a liberdade e a soberania de seus 
países. 
Essas são as características do chamado “velho terrorismo”. 
 O novo terrorismo 
▪ Iniciou no século XXI 
▪ Está ligado aos grupos fundamentalistas (majoritariamente islâmicos, mas não 
apenas) 
▪ Tem metas globais geopolíticas: quer reverter o poder mundial do Ocidente (leia-se 
EUA e potencias Europeias) 
▪ Intenso uso da internet para captar adeptos, arrecadar dinheiro, fazer propaganda de 
suas ideias e de seus atos. 
▪ Os atos terroristas servem como exemplo da capacidade técnica e de atuação dos 
diversos grupos terroristas 
VELHOS E NOVOS TERRORISMOS 
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O grande dilema da administração de riscos é justamente como combater o terrorismo global 
usando guerras convencionais, como vimos no Afeganistão (no meu curso de História Geral, Mundo 
Contemporâneo – pós II GM) cuja guerra e invasão foi realizada por uma coalisão internacional 
Então, o horizonte é pensar em um sistema de governança global para combater 
o terrorismo global. Quais instituições seriam necessárias para essas novas 
organizações violentas do século XXI? Além disso, outras lideranças mundiais, por 
meio dos espaços da ONU já se perguntaram: o que ameaça à segurança 
internacional? Respostas foram além do terrorismo e pautaram que as ameaças 
à segurança internacional devem ser definidas amplamente e considerar 
pobreza, pandemias como Aids e desastres ambientais como elementos 
desestabilizadores da paz e da segurança mundiais. 
Observe a imagem abaixo, do episódio ocorrido nos E.U.A., no dia 11 de setembro de 2001. 
▪ Organização em células descentralizadas e com autonomia local – organização em 
rede 
▪ Linguagem altamente violenta e incentivando a morte “dos inimigos”. 
O novo terrorismo está associado às mudanças nas tecnologias da comunicação. Hoje em dia, 
os grupos terroristas atuam globalmente por meio de células clandestinas compostas por pessoas 
arregimentadas pela internet. O novo terrorismo é o terrorismo global. Assim, não são 
determinados por fronteiras nacionais. Não são grupos públicos o que torna mais difícil sua 
identificação. 
No campo do conteúdo ideológico, há um antiocidentalíssimo. Atribuem ao Projeto da 
Modernidade e da Pós-Modernidade Ocidental à degeneração da moral de toda a sociedade. O 
irônico é que eles nunca teriam tanto alcance se não fossem as novas tecnologias de comunicação 
de massa. 
Desse modo, podemos pensar que o terrorismo é um dos principais elementos da sociedade 
de risco, conforme Beck. Dessa forma, o que cabe aos Estados-Nacionais e às Organizações 
Internacionais é administrar o risco. 
 
 
 
 
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VIOLÊNCIA NA SOCIEDADE 
 
Fato ocorrido em 11 de setembro de 2001 (Foto: Reprodução/UERJ) 
A queda das torres do World Trade Center foi certamente a mais abrangente experiência de 
catástrofe que se tem na História, inclusive por ter sido acompanhada em cada aparelho de 
televisão, nos dois hemisférios do planeta. Nunca houve algo assim. E sendo imagens tão 
dramáticas, não surpreende que ainda causem forte impressão e tenham se convertido em 
ícones. Agora, elas representam uma guinada histórica? 
ERIC HOBSBAWM (10/09/2011) 
A guinada histórica colocada em questão pelo historiador Eric Hobsbawm associa-se à 
seguinte repercussão internacional da queda das torres do World Trade Center: 
a)concentração de atentados terroristas na Ásia Meridional 
b)crescimento do movimento migratório de grupos islâmicos 
c)intensificação da presença militar norte-americana no Oriente Médio 
d)ampliação da competição econômica entre a União Europeia e os países árabes 
Comentários: 
Respondendo ao professor Hobsbawn: sim, professor representam. Isso porque os EUA foram 
atingidos dentro do seu território continental em 2 símbolos de seu poder econômico e bélico. 
Além disso, como parte de um atentado terrorista da Era Global, foi transmitido e pode ser 
assistido ao vivo por praticamente todo o planeta. Isso foi uma grande demonstração de força 
da Al-Qaeda. Como consequência, abre-se uma nova doutrina de segurança internacional: a 
Guerra contra o Terror. O que inclui as Guerras do Afeganistão, a 2ª. Guerra do Iraque e maior 
conflito com o Irã. Amplia-se a montagem de bases militares dos EUA e de alguns países que 
participam da colizão contra o terrorismo. 
Nesse sentido, nosso gabarito é letra C. 
Gabario: C 
 
 
Aqui nesta seção da aula, meu objetivo não é esgotar a discussão, mas chamar a atenção para 
pontos importantes, em particular, aqueles que mais caem em provas. A discussão sobre violência 
é ampla, envolvendo causas, situações de violência, normas sociais, tipologias e, principalmente, a 
discussão sobre crime. 
À luz dos ensinamentos da Ciência Política, uma definição simples e objetiva de violência é: a 
intervenção física de um indivíduo ou grupo contra outro indivíduo ou grupo, de modo que, para a 
violência existir, é preciso uma ação voluntária. Além disso, essa intervenção física tem por 
finalidade destruir, ofender e coagir. Comparativamente, a intervenção de um torturador que mutila 
sua vítima se configura como violência, mas a operação do cirurgião que busca salvar a vida de seu 
paciente, não. São ações voluntárias com propósitos distintos, sendo que uma possui natureza de 
violência. 
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CRIMINALIDADE PARA A ANÁLISES SOCIOLÓGICAS 
A violência se manifesta nas mais variadas formas, podendo ser caracterizada como: violência 
contra a mulher, a criança e o idoso; violências sexual, política, psicológica, física, verbal; violência 
religiosa, discriminação, atos de guerra; dentre outras. 
Embora haja diferentes formas e caminhos para se chegar à violência, o denominador comum 
da ação violenta é resultado, isto é, uma modificação prejudicial do estado físico – às vezes apenas 
psíquico, ou uma combinação - do indivíduo ou do grupo que é o alvo atingido. 
 
Segundo nos apresenta Antony Giddens, quando indivíduos cometem crimes e atos de desvio 
de conduta, parece razoável supor que eles agem racionalmente e sabem o que fazem. Porém, para 
alguns sociólogos há padrões de crimes e de desvio de conduta que variam segundo gênero, classe 
e grupo étnico, fato que desperta algumas questões para se explicar as causas do crime e da 
violência. 
Por que determinadas grupos e classes sociais cometem mais um certotipo de crime do que 
outros? 
Uma das respostas sociológicas estaria na estrutura da sociedade, conforme estudo 
estatístico feito por Robert Merton, em 1938, direcionado à sociedade norte-americana. Este autor 
criou uma teoria da tensão social. 
A título de exemplificação, Merton relacionou os crimes “aquisitivos” (roubo de bens) feitos 
por indivíduos da classe baixa trabalhadora (pessoas sem qualificação e sem histórico de ocupações 
em postos da indústria) com os valores culturais materiais da sociedade norte-americana, os quais 
estimulam o sucesso material como objetivo legítimo, em outras palavras, “ o sonho americano”. 
Contudo, para muitos imigrantes que foram aos EUA em busca desse sonho, as portas para o sucesso 
não estavam abertas a todos. Mesmo para os famosos workaholic (viciados em trabalho) atingir um 
nível de acumulação material seria impossível. Ou seja, gerou-se um processo de frustração. 
Isso exerce imensa pressão sobre essas pessoas para subir por outros meios, ilegais, e o 
resultado são níveis mais altos de crimes aquisitivos entre esses grupos à medida que 
vivenciam a tensão social entre valores culturais profundamente arraigados e a sua 
própria posição social. 5 
De uma forma geral, o estudo de Merton conclui que, na primeira metade do século XX, em 
uma sociedade extremamente desigual e dividida, promotora de objetivos efetivamente alcançáveis 
apenas para parte da população, determinado tipo de crime é uma constante. 
O mesmo tipo de relação, com ajustes, é claro, pode ser feita, conforme outros pensadores, 
para os crimes de “colarinho branco” da classe média e média alta (corrupção em nas esferas pública 
e privada). O fato de haver um impedimento estrutural de crescimento econômico-material, 
tensiona os indivíduos para que crimes sejam cometidos. 
Dessa forma, é possível sugerir uma explicação sociológica geral para “crimes”. 
Evidentemente, isso não esgota outras causas para o roubo de bens e não explica crimes de outra 
natureza diferentes de crimes de subtração material. 
 
 
 
5 GIDDENS, A. op. cit. p. 273. 
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Mas profe, como podemos definir desvio? 
 
crime. 
O que esta teoria da tensão social indica é a origem social da violência a partir de um tipo de 
 
No mesmo sentido, para a perspectiva sociológica de Travis Hirschi (1969) o crime promovido 
por jovens tenderia a ocorrer quando os vínculos do jovem com a sociedade são enfraquecidos ou 
rompidos, especialmente, as conexões com a família. Essas ligações sociais conseguiriam manter 
indivíduos envolvidos em atividades convencionais e longe de oportunidades de “atividades e 
comportamentos desviantes”. 
Em um outro sentido, agora para entender o porquê as pessoas obedecem e não cometem 
crimes, os processos de socialização tendem a garantir que as pessoas fiquem conectadas com um 
conjunto de regras, fato que influencia na percepção de que o indivíduo que obedece é “boa gente”. 
Ou seja, por exclusão, aqui não estaria uma fonte de crime e de violência (ausência de 
comportamento desviante) mas do “não-crime”. 
Vejamos, também, uma passagem sintetizada por Giddens sobre o método de investigação 
de Travis Hirschi quando aplicado ao padrão de gênero relacionado ao crime. 
 
 
“Por que as mulheres cometem muito menos crimes e por que 
os homens cometem tantos? Segundo a teoria de Hirschi, a 
resposta está no fato de os pais e as organizações sociais 
controlarem as meninas e os meninos de maneiras diferentes. Os meninos são 
incentivados a sair pelo mundo desde cedo e assumir riscos que os ajudam a crescer de 
formas que lhes permitam se adaptar aos papeis masculinos adultos que um dia terão de 
cumprir. Quanto mais tempo os meninos passam for de casa, maiores as chances de se 
envolverem em atividade desviante. Já as meninas são mantidas perto do lar familiar por 
muito mais tempo e são desencorajadas ou até impedidas de manter contato com o mundo 
externo, sobretudo depois de escurecer, e isso reduz as suas oportunidades de romper as 
normas sociais”. 6 
Repare, então, que para essas análises sociológicas, o grau de vínculo social importa para 
verificar possibilidades de crime, de desvio de conduta, de violência. 
Olha só, de forma resumida, sem grandes elaborações: são ações que não obedecem a 
normas ou valores aceitos de modo geral na sociedade. Nem todo desvio é chega a ser crime. 
Esse conceito de desvio é importante porque, no século XIX, antes de as análises sociológicas 
começarem a entrar nas discussões, os estudos biológicos supunham que desvios fossem um sinal 
de algo “errado” com o indivíduo. Dessa forma, tentava-se compreender motivações biológicas e 
psicológicas para os desvios sociais. Acreditava-se que os criminosos já nasciam como tal e não se 
tornavam um. Ou seja, as tendências criminosas, delituosas ou desviantes seriam biológicas. 
O criminologista Cesare Lombroso (final do século XIX), dizia que os tipos de crimes podiam 
ser identificados pelo perfil dos rostos, pelas características anatômicas das pessoas. 
 
 
 
 
 
 
6 278. 
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Por falta de evidências, as ideias de Lombroso foram desacreditadas. Note que a essência 
dessa percepção sobre a origem da violência e do crime conta com preconceitos. 
A situação começa a mudar, quando Émile Durkheim propõe outras formas de buscar os 
nexos causais dos desvios e dos crimes. Para Durkheim, crime e desvio são fatos sociais. E por falar 
nisso, veja esta questão: 
(Unesp 2016) 
Texto 1 
Cientistas americanos observaram, em um estudo recente, o motivo que pode tornar 
adolescentes impulsivos e infratores. Exames de neuroimagem em jovens mostraram que o 
córtex pré-frontal, região do cérebro ligada à tomada de decisão, ou seja, que nos faz pensar 
antes de agir, ainda está em formação nos adolescentes. Essa área do cérebro tende a ficar 
“madura” somente aos 20 anos. Por outro lado, a região cerebral associada às emoções e à 
impulsividade, conhecida como sistema límbico, tem um pico de desenvolvimento durante 
essa fase da vida, o que aumenta a propensão dos jovens a agirem mais com a emoção do que 
com a razão. O aumento da emotividade e da impulsividade seriam gatilhos naturais para 
atitudes extremadas, inclusive para cometer crimes. 
(Camila Neumam. “Estudo explica por que adolescentes são impulsivos e podem cometer 
crimes”. www.uol.com.br, 26.05.2015. Adaptado.) 
Texto 2 
A situação de vulnerabilidade aliada às turbulentas condições socioeconômicas de muitos 
países latino-americanos ocasiona uma grande tensão entre os jovens, o que agrava 
diretamente os processos de integração social e, em algumas situações, fomenta o aumento 
da violência e da criminalidade. 
(Miriam Abramovay. Juventude, violência e vulnerabilidade social na América Latina, 2002. 
Adaptado.) 
Tipos de homens 
deliquentes, conforme a 
análise do italiano 
Lombroso. 
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Os textos expõem abordagens sobre o comportamento agressivo na adolescência referidos, 
respectivamente, a 
a) psicanálise e psicologia comportamental. 
b) aspectos religiosos e aspectos materiais. 
c) fatores emocionais e fatores morais. 
d) ciência política e sociologia. 
e) condicionamento biológico e condicionamento social. 
Comentários 
Os dois textos apresentam perspectivas bastante diferentes (mas não necessariamente 
excludentes) acerca das causas da violência juvenil. Enquanto o primeiro apresenta fatores 
biológicos, o segundo apresenta fatores sociais. Especificamente o texto2 procura defender 
que a situação de vulnerabilidade social vivida por muitos jovens em países latino-americanos 
está diretamente relacionada com alguns casos de aumento de violência e criminalidade. 
O texto 1 refere-se ao "córtex pré-frontal, região do cérebro ligada à tomada de decisão, ou 
seja, que nos faz pensar antes de agir, ainda está em formação nos adolescentes." 
O amadurecimento dessa região cerebral completa-se por volta dos vinte anos de idade. Tal 
fato pode estar relacionado aos diversos atos impulsivos dos jovens, sendo, portanto, 
considerado um condicionamento biológico imposto pela evolução humana. 
Gabarito: E 
(CEBRASPE/2018) 
Crianças imigrantes que passaram por abrigos depois de serem separadas dos pais na fronteira 
entre os Estados Unidos da América e o México apresentaram alterações de comportamento, 
que incluem recusa em seguir regras e apatia. Segundo a Academia Americana de Pediatria, a 
separação pode causar “traumas irreparáveis” nas crianças. 
(Folha de S.Paulo, 21/7/2018, capa (com adaptações). 
 
Tendo o fragmento de texto apresentado anteriormente como referência inicial e 
considerando aspectos sociais marcantes do mundo atual, julgue o item. 
 
O texto retrata um tipo de problema agravado pela atual política norte-americana, que tem 
agido duramente contra a imigração ilegal. 
Comentários 
Repare que o elemento da perda do vínculo familiar interfere no comportamento das criaças. 
Agora, não somente este elemento, pois pode haver casos de maus tratos, condições 
degradantes de permanência em nos locais que ficaram detidas, dentre outros. 
Posteriormente, após uma forte reação da sociedade contra esse tipo de prática de “tolerância 
zero” do governo dos EUA, esse tipo de medida caiu em desuso. 
Gabarito: Certo 
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VIOLÊNCIA, POLÍTICA E PODER 
Poder 
modificação da conduta 
do indivíduo ou grupo, 
dotada de um mínimo de 
vontade própria. Aqui há 
alteração da vontade do 
outro. 
Violência 
é a alteração danosa do 
estado físico de 
indivíduos ou grupos. 
 
 
 
 
 
 
 
Também é importante diferenciarmos violência de poder. 
 
 
 
Ainda ao compararmos poder e violência, é importante registrar que, embora a violência 
mude o estado físico do outro, não se pode obrigar a vítima a fazer nada de socialmente relevante, 
como acreditar convictamente em alguma ideia ou mudar de opinião. No limite, a alternativa 
proposta pela “violência” é a eliminação física para que a ideias contrária deixe de existir. Em suma, 
a violência dispensa qualquer tipo de processo de convencimento, elemento presente quando se 
trata do exercício do poder. Dois exemplos: 
 Marido que bate na mulher para que esta deixe de usar determinados tipo de roupa 
ou deixe de frequentar barzinhos com as amigas após o trabalho, às sextas-feiras. Não 
se trata de convencimento, mas de imposição física. 
 Josef Stalin quando se sentia ameaçado por ideias que pudessem colocar em xeque 
seu poder na URSS não tratava de convencer as pessoas do contrário, nem debater, 
tão somente às eliminava, assim o fez com Leon Trotsky e alguns de seus filhos. 
Agora, gente, é claro que, apesar dessa diferença entre poder e violência, esses dois 
elementos andam juntos em muitos contextos. O destaque é para essa relação na política. 
O crime organizado está relacionado a formas de atividades que 
têm características de negócios ortodoxos, medievais, mas são 
ilegais. O crime organizado abarca contrabando, jogo ilegal, 
tráfico de drogas e de armas, redes de prostituição, roubos em 
grande escala, dentre outros. Com frequência, o crime 
organizado faz uso da violência ou da ameaça da violência para 
atingir seus objetivos. Os avanços na tecnologia da informação permitiram o 
desenvolvimento de outra prática criminosa: o cibercrime. 
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Violência e Política 
O objetivo da violência na política é destruir os adversários 
políticos ou colocá-los na impossibilidade física de agir. 
Têm esta função as guerras de extermínio, os genocídios, a eliminação da velha classe 
governante por parte de um movimento revolucionário, a expulsão dos opositores do 
território do Estado e todas as formas de reclusão e de deportação para campos de 
concentração ou para lugares de desterro. Também o assassinato político, que 
freqüentemente tem um objetivo psicológico indireto, em certos casos volta-se para a 
destruição do inimigo. Isto acontece especialmente quando no grupo adversário a 
autoridade está (ou acredita-se que esteja) fortemente concentrada nas mãos de um único 
homem e quando o poder deste chefe depende (ou acredita-se que dependa) de seus dotes 
pessoais muito mais do que do cargo que ocupa. Daí a freqüência dos atentados contra os 
chefes carismáticos7. 
No Brasil, já houve tempos em que a violência era empregada sistematicamente na política, 
como durante a República Velha, as práticas oriundas do coronelismo. Com avançar dos 
processos democráticos, a eliminação física do adversário político passou a ser esporádica. 
Contudo, ainda é comum casos extremos de violência na política. Recentemente, em março 
de 2018, a vereadora da cidade do Rio de Janeiro Marielle Franco foi assassinada por 
motivações políticas. 
Agora, apesar de presenciarmos o uso da violência como recurso de eliminação de 
diferenças, ela é um traço característico do poder político ou do poder do Governo. Ou seja, 
há um outro lado da violência. 
Quando utilizada como recurso de governo, lembramos da clássica definição de Max Weber 
sobre Estado: o detentor do monopólio legítimo da violência física. O governo utiliza 
tipicamente, com continuidade e de maneira tendencialmente exclusiva, a violência através 
de um ou mais aparelhos especializados (a polícia, o exército) , que dispõem de maneira 
preponderante em relação a todos os outros grupos internos da comunidade de homens e 
de meios materiais para usá-la. 
Há situações em que governos usam da violência de forma legitima, mas há, talvez em maior 
número, situações em que o emprego da força física é para reforçar a posição de poder do 
governante. A guerra civil na Síria é um exemplo, o caso mais recente na Belarus é outro. 
Em geral, em regimes ditatoriais a violência é um instrumento presente para repelir 
adversários. 
Ainda no âmbito dos governos nacionais, também podemos lembrar de situações de guerras 
civis, para além do que já discutimos sobre terrorismo. Pense no caso da Colômbia. Neste 
país, antes do processo de paz estabelecido em 2016, governo, as FARC (Forças Armadas 
Revolucionárias da Colômbia), Exército de Libertação Nacional (ELN) e demais grupos 
 
 
 
 
7 STOPPINO, Mario. Violência. Dicionário de Política. BOBBIO, Norberto (org). Brasília: Ed. UnB. 1998, 
p. 1295. 
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(UEM 2017) 
“O que determina se um comportamento é violento ou se um tipo específico de violência deve 
ser apenado por lei e, portanto, constituir-se em crime, é a sociedade se manifestando através 
de um corpo de normas para um momento histórico determinado. Existem tipos de violência 
cuja tipificação como crime é consensual. Trata-se dos homicídios intencionais, que além de 
estarem tipificados legalmente como crimes, são reconhecidos socialmente como atos de 
violência, dado que o direito à vida é um dos direitos humanos fundamentais reconhecidos 
pela legislação internacional e proclamado pelas constituições dos Estados. Mas pode haver 
outro tipo de violência, como o suicídio (...), que não necessariamente é tipificadocomo crime. 
(...) Portanto, como podemos ver, além de ser um fenômeno social, a violência pode ser ou não 
reconhecida como crime.” 
BARBOSA, M. L. de O.; QUINTANEIRO, T.; RIVERO, P. Conhecimento e Imaginação: sociologia 
para o ensino médio. Belo Horizonte: Autêntica 2012, p. 150. 
Considerando o texto acima e o tema relações entre indivíduo e sociedade, assinale o que for 
correto. 
01) A violência pode ser considerada um fato social, constituindo-se num fenômeno coletivo. 
02) Toda forma de violência é um crime e está sujeita à aplicação das penas previstas em leis. 
04) Por se mostrarem como práticas marcadas pela regularidade e pela universalidade, as 
ações consideradas criminosas são as mesmas em toda a história humana; portanto, é possível 
adaptar os códigos penais da Antiguidade à vida contemporânea com poucos ajustes e 
atualizações. 
08) O uso da violência é uma prática proibida ao Estado. 
16) A violência é orientada por impulsos irracionais humanos; logo, nem sempre é passível de 
punição. O crime, por sua vez, é fruto do cálculo e da premeditação, por isso é punido. . 
Comentários 
A afirmativa 01 é a única correta, tal como Durkheim chegou a elaborar. Como afirma o texto, 
nem sempre determinadas condutas violentas (como o suicídio) são consideradas criminosas. 
guerrilheiros, submetiam o país a um clima permanente de violência. Muitos políticos 
personalidades, jornalistas, civis, policiais foram mortos, etc. 
Nas relações internacionais, por sua vez, a violência também é um elemento presente, 
paralelamente às relações diplomáticas e comerciais. A Coréia do Norte, por exemplo, tende 
relações violentas com outros países, a partir da ameaça de armas nucleares; os EUA já 
praticaram e praticam a violência contra adversários (hoje em dia menos). No caso dos EUA, 
talvez, o caso mais recente seja a invasão do Iraque, que foi justificada por supostamente o 
Iraque conter armas nucleares. Ocorreu que, após a invasão do país, ficou comprovado as 
supostas armas não existiam. A ação foi mais uma estratégia para os norte-americanos 
assegurarem influência político-militar no Oriente Médio do que propriamente uma medida 
defensiva prévia contra um país que supostamente estava pronto para atacar o solo norte- 
americano. 
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VIOLÊNCIA E POBREZA 
 
 
 
 
No Brasil, a violência está relacionada estruturalmente a alguns fenômenos históricos que 
marcaram a constituição da sociedade brasileira. Menciono apenas alguns: 
 escravização de índios e de africanos; 
 a colonização mercantilista; 
 o mandonismo; 
 as oligarquias; 
 o patriarcalismo; 
a construção de um Estado nacional caracterizado pelo autoritarismo burocrático; 
a corrupção; 
a desigualdade social; 
 
Contudo, dois elementos estruturais da dinâmica da formação da sociedade brasileira 
merecem destaques e se combinam: os processos de urbanização desiguais e desordenados, 
combinados com pobreza crônica; a crescente desigualdade social. Ambos, em certo sentido, são 
problemas que refletem a situação econômica do país. É claro que nem todas as causas da violência 
têm origem na situação econômica, mas aqui há uma fonte importante que cria ambientes 
propícios à violência. 
Veja, no que diz respeito ao crescimento urbano desordenado, combinado com pobreza 
crônica, temos que cerca de 35% da população urbana é resultado de fluxos migratório de 
trabalhadores rurais. Estes migraram em busca de emprego e de melhores condições de 
sobrevivência. Como regra, o crescimento da agroindústria acabou gerando grande desemprego 
no campo. Esta massa populacional se junta a uma quantidade de miseráveis que já é resultado da 
situação desigual das cidades. 
 
Favela de Paraisópolis ao lado de prédio luxuoso no Morumbi (São Paulo-SP) 
Além disso, vale ressaltar que, de acordo com a definição de Max Weber, o Estado Nacional é 
um ente apto a exercer a violência de forma legítima. Por fim, os estudos sociológicos sobre a 
violência não simplificam o crime como sendo fruto da premeditação. 
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1% da população - 
cerca de 2 milhões de 
brasileiros - vive com 
renda média de R$ 34 
mil por mês 
 
 
 
50% da população - 
mais de 100 milhões 
de brasileiros - vive 
com renda média de 
R$ 820,00 por mês. 
Entre maio e junho de 2020, o STF (Supremo Tribunal Federal) proibiu operações policiais 
em favelas durante a pandemia de coronavírus no Rio de Janeiro. O número de mortes 
cometidas por policiais caiu cerca de 76% neste período. Os dados são do ISP (Instituto da 
Segurança Pública), e o índice é uma comparação entre junho de julho de 2019 e o mesmo 
período em 2020. O instituto mostra em sua plataforma online que, em 2019, o número de 
mortes após ação de policiais foi de 153 em junho e de 195 em julho. Neste ano de 2020, o 
índice para os meses correspondentes foi de 34 e 50 óbitos. No total para o período, a queda 
foi de 348 para 84, o equivalente a 76% de redução. 
 
 
 
 
 
Em meio a este ambiente, cria-se, em relação à população pobre, um sentimento de 
desconfiança e de insegurança, a ponto de ser construída uma identidade entre criminalidade e 
pobreza. Para a opinião majoritária que não busca alterar a lógica dos problemas estruturais que 
colaboram para a perpetuação da violência, já há um perfil criminoso pré-estabelecido: analfabeto; 
trabalhador braça; negro; pobre. 
Contudo, do ponto de vista de uma análise sociológica crítica, há um círculo vicioso entre a 
condenação prévia, feita a partir de um perfil pré-estabelecido do “criminoso”, e a própria 
perpetuação da criminalidade. A população considerada suspeita é a que é a mais encarcerada no 
Brasil. De acordo com o professor e cientista social Paulo Sergio Pinheiro, trata-se da “suspeita 
sistemática” de uma determinada camada da população brasileira. Não por menos, a ação policial 
do Estado é direcionada contra essa população. 
Essa característica pode ser percebida durante a pandemia do coronavirus. Repare: 
Segundo dados do IBGE divulgados no ano de 2018, o rendimento da faixa mais rica da população 
aumentou em 8,4%, enquanto os mais pobres sofreram uma redução de 3,2%. Ou seja, aumento da 
concentração de renda e, consequentemente, da pobreza. Sobre essa realidade, vale lembrar a o 
argumento sustentado pelo antropólogo e ex-Secretário Nacional de Segurança Pública , Luiz 
Eduardo Soares: "Temos de conceber, divulgar, defender e implantar uma política de segurança 
pública, sem prejuízo da preservação de nossos compromissos históricos com a defesa de políticas 
econômico-sociais. Os dois não são contraditórios" . 
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Ainda de acordo com Paulo Sérgio Pinheiro, a prática policial preconceituosa, somada à falta 
de proteção estatal das classes mais pobres, torna a relação entre pobreza e criminalidade como 
uma espécie de profecia auto cumprida. Nos dizeres da professora Cristina Costa, 
 
Forma-se um círculo vicioso em que o indivíduo, para ter trabalho, precisa ter domicílio, 
registro, carteira profissional e uma situação civil legal. Impossibilitado de trabalhar por 
não cumprir as exigências, ele passa a engrossar as fileiras de marginalizados que vivem 
sob constante vigilância policial. 8 
 
Atenção: a análise sociológica não está responsabilizando o servidor público, agente de 
segurança pública, pela violência Estatal. Há todo um emaranhado de múltiplas determinações que 
tornam a análise mais complexa. O que a análise sociológica faz, em um primeiro momento, é 
apontar causas estruturais

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