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Revisitando a historiografia africana

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Revisitando a historiografia africana: subsídio para a disciplina de História da 
África nas Licenciaturas. 
INTRODUÇÃO. 
“J. Kizerbol (2009) na obra Para quando África, explica que é de conhecimento 
do mundo que a África é o berço da humanidade, todos admitem que o ser 
humano lá surgiu e se desenvolveu. [...]” (p. 266) 
 “[...] Eu completo afirmando que nenhuma coletividade teve sua humanidade 
mais negada do que o negro. Durante o tráfico negreiro, pesquisadores de 
diversas áreas do conhecimento elaboraram um eficiente arcabouço teórico 
que negou ao africano sua história, sua subjetividade. Os efeitos desses 
pensamentos se fazem sentir até hoje, tanto para africanos para negros da 
diáspora.” (p. 266) 
“Fage (2010) destaca que Ibn Khaldun (1332-1406) pode ser considerado um 
dos primeiros historiadores da África, em sua obra ‘Muqqaduna’, Khaldun 
produziu um capítulo com narrativas históricas sobre o Império do Mali, as 
quais eram alicerçadas na tradição oral da época e, ainda hoje, é referência 
importante para a compreensão da história desse estado africano.” (p. 267) 
“A região onde hoje se localiza a Etiópia foi importante centro de tradição 
literária. Floresceu durante o século XIV e desenvolveu-se por quase dois mil 
anos. Os povos dessa região possuíam língua escrita, o amárica, na qual 
importantes obras foram escritas, entre elas História das Guerras Áfricanas de 
Amda Syôn.” (p. 268) 
“A partir do século XVI I, período em que os pesquisadores europeus voltaram-
se para o continente africano, produzindo estudos consistentes e passíveis de 
serem utilizados como fonte histórica, entre eles, The Universal History, [...]” (p. 
269) 
“A partir do século XIX, surge na Europa, a concepção de que o ofício do 
historiador deveria ser pautado cientificamente na análise das fontes escritas. 
Nesse novo cenário, a história do continente africano, muito dependente da 
tradição oral, dos vestígios arqueológicos e da linguística, foi paulatinamente 
deixando de ser objeto de pesquisa dos historiadores. [...] os antropólogos 
foram os primeiros a desenvolver pesquisas de campo na África, entretanto, 
nem eles, nem os linguistas tiveram compromisso com a reconstituição do 
passado dessas sociedades (apud FAGE, 2010).” (p. 270) 
“Uma historiografia africana pensada a partir da pespectiva africana, com 
características nacionalistas pode ser identificada, por um lado, a partir do final 
do século XIX, com as obras de J. A. B. Horton (1835- 1883; [...]” (p. 270) 
“Não menos importante foi a criação da revista Presence Africaine, cujos 
artigos eram dedicados à promoção de uma história da África descolonizada ( 
apud FAGE, 2010).” (p. 271) 
“Atualmente, o campo historiográfico sobre África está consolidado em centros 
de pesquisa europeus, americanos e africanos e estão sob a responsabilidade 
de especialistas de alto nível. Aliado a isso está o intenso intercâmbio 
caracterizado pela troca de experiências, entre pesquisadores e universidades 
de várias partes do mundo.” (p. 271) 
“A década de 1950 também foi palco para a construção de uma nova 
historiografia africana, que nasceu dos esforços de alguns pesquisadores 
africanos, que julgavam insuficientes preconceituosos e etnocêntricos os 
alicerces teóricos europeus para a História africana fosse explicada. Assim, 
procurou-se produzir cientificamente, por meio de um viés teórico- 
metodológico que abarcasse as especificidades das fontes disponíveis, tais 
como: a tradição oral; a linguística e os vestígios arqueológicos (Apud 
BARBOSA, 2012).” (p. 272) 
“[...] Barbosa (2012) aponta que, desde a década de 1980, a História da África 
é um campo de pesquisa internacionalmente consolidado, em termos de 
métodos e temas para a investigação, alinhado, sobretudo, à Escola dos 
Annales no que tange às suas especificidades, que, em último analise, acabam 
abarcando uma história interdisciplinar, problematizadora e totalizante.” (p. 273) 
 
O autor inicia seu texto apresentando uma razão bastante clara para 
estabelecermos estudos de qualidade sobre a história da África. Nesse sentido, 
ele afirma que a África foi o berço da humanidade. Lugar onde os primeiros 
seres humanos se desenvolveram. Somente este argumento já faz da história 
africana um tema que deve ser debatido por todas as nações. O Brasil, em 
especial, tem uma relação ainda mais próxima com a história da África. Visto 
que quando era colônia de Portugal, foram trazidos milhares de africanos 
escravizados. E digo mais, os africanos, com suas técnicas de cultivo agrícola 
foram a base da sociedade colonial. No entanto essa temática não ficou no 
passado brasileiro. Uma vez que 56% da população brasileira é negra 
atualmente. Diante dessas informações, ao longo do texto o autor proporciona 
uma relação entre a historiografia africana; e como ela têm sido construída pela 
sociedade acadêmica ao longo do tempo. 
No decorrer seguinte do texto, o autor disserta que os negros foram a 
coletividade humana que mais tiveram sua humanidade negada na história. E 
digo mais, os africanos sofreram durante o período de colonização europeia, e 
sofrem até hoje com os resquícios deixados por esse evento. É válido pensar 
que este evento foi valido pelo discurso acadêmico da época. Onde a teoria da 
superioridade racial afirmava que os brancos eram superiores as demais raças, 
e que tinham por obrigação de levar a civilização até as sociedades africanas, 
que segundo eles, era inferior. Temos ainda, a crença, organizada 
principalmente pelas ideias de Hegel, de que o continente não possuía uma 
história digna de ser contada, de ser estudada. Diante desse contexto de visão 
colonialista sobre o continente africano, temos que a historiografia da época 
seguia a mesma linha de pensamento. Fazendo com que os poucos relatos 
históricos existentes se resumissem em discursos eurocêntricos e racistas. 
Quanto aos primeiros historiadores africanos, o autor nos apresenta Ibn 
Khaldun (1332-1406) como um dos primeiros historiadores africanos. O qual 
possui alguns capítulos sobre o Império do Mali, sociedades com predominio 
da oralidade como meio de comunicação. 
No inicio do século XIX, toma conta da historiografia da época, a ideia de 
que as fontes devem ser vistas, quase que exclusivamente, como documentos 
escritos e oficiais. Isso faz com que a história africana seja mais uma vez 
deixada de lado, visto que era uma sociedade que tinha a oralidade como meio 
de comunicação. Já no final do século XIX, inicia-se a produção de uma 
história de perspectiva propriamente africana, com características bem 
nacionalistas. Isso com o objetivo de pensar uma África descolonizado, uma 
África que não fosse pensada apenas pelo ponto de vista do estrangeiro. 
Da década de 1950 para cá, temos uma historiografia africana já 
consolidada, com seus próprios historiadores africanos; e com nomes de 
qualidade dentro do meio acadêmico. 
 
OS FUNDAMENTOS DA HISTORIOGRAFIA DA ÁFRICA OCIDENTAL 
E CENTRAL. 
 
“Desde a longínqua concepção de História alicerçada na oralidade e 
ancestralidade, passando por Heródoto, até os tempos atuais, a História, como 
disciplina, passou por diversas transformações, alargou seu campo de 
pesquisa e seus pressupostos teóricos e metodológicos. A disciplina saiu da 
literatura vulgar e baseada em crônicas, do discurso romancista e mítico, para 
o status de ciência social.” (p. 273) 
“[...] Assim para Marc Bloc (2002), cada época reconstrói o passado em função 
de suas próprias preocupações. Nesse sentido, é compreensível que a História 
funcione de maneira diferente, em sociedades diferentes, em épocas 
diferentes, derivando desse processo uma diversidade de escolas.” (p. 274) 
“[...] Outro aspecto importante a considerar é que a História dos outros tem 
alguma coisa a nos ensinar, com efeito, não há nenhum modelo sem falha, 
nem certeza metodológica engessada. [...]” (p.274) 
“Para as sociedades africanas em pleno processo de (re) construção, as 
reflexões históricas emergem ao mesmo tempo como fator de tomada de 
consciência e mecanismo de descolonização da historiografia. Além disso, na 
África, ela tem contribuído para despertar o nacionalismo e construir um fator 
de desenvolvimento endógeno (apud KI-XERBO, 2009).” (p. 274) 
 
O autor faz uma reflexão teórica da histórica no tempo, passeando pelos 
objetivos de se estudar história; e como a historiografia serviu a África 
descolonizado. Nesse sentido, ele relata como a História passa de uma 
disciplina baseada em relatos literários e crônicos, para ganhar o status de 
ciência social. Dando sequência o autor faz uma citação bastante interessante 
de Marc Bloc, o qual diz que o modo de se enxergar história, de construir 
história; varia de acordo com o tempo; por isso as diversas escolas 
historiográficas existentes. Logo depois, o autor menciona como a história foi 
util à África, no sentido de criar uma nova historiografia descolonizada, criar 
consciência histórica nas pessoas; e como mecanismo de criar um sentimento 
nacionalista. 
 
A HISTORIOGRAFIA RACISTA, A HISTORIOGRAFIA E A NOVA 
HISTORIOGRAFIA AFRICANA. 
 
“A historiografia ‘racial’ e historiografia ‘colonial’ produziram durante séculos 
farto material acadêmico, pautados em perversos mitos sobre o continente 
africano, cujos ecos ressoam ainda nos dias atuais. Discutir essas duas 
correntes como temas introdutórios na disciplina sobre a História da África nos 
cursos de Licenciatura não é retrocesso; trata-se, sim, de ter uma visão clara 
do passado, para compreender o presente e se projetar no futuro.” (p. 275) 
“De acordo com Ba (2010), a historiografia racista e a historiografia colonial 
constituem duas tendências complementares que se sucederam. A 
historiografia racista considerava a África como uma ‘terra vazia’, onde a falta 
de iniciativa, a falta de lei, de ordem e estabilidade se deram em um livre curso, 
orientaram teses sem fundamentos que ignoram as iniciativas e as realizações 
dos povos africanos ao longo dos séculos.” (p. 276) 
“Abordar a historiografia racista e colonial é importante porque suas teses 
tiveram um efeito duradouro sobre o continente, provocando traumatismos, que 
notadamente bloquearam suas mentalidades e produziram diversos níveis de 
inferioridade dos ‘autóctones’ em relação ao colonizador.” (p. 277) 
“A História e a consciência histórica são cultivadas mesmo nas sociedades 
onde a oralidade é o único meio de comunicação. O griot na sociedade 
Manding, da zona sudanesa ou o jogador de arpa (mwet) nas sociedades das 
florestas eram detentores de um saber histórico apreciado e solicitado por toda 
a comunidade.” (p. 279) 
“[...] (SAMB, 1992) O primeiro aspecto dizia respeito à denúncia aberta ao 
pensamento historiográfico colonial e recomendaram a retirada dos manuais 
coloniais do programa de formação das escolas africana. Esses manuais, 
segundo o subcomitê, se constituíam como fator de alienação e deveriam ser 
sistematicamente trocadas por manuais produzidos por historiadores africanos, 
com o objetivo de enraizar o jovem aluno na sua própria cultura. (apud SAMB, 
1992).” (p. 280) 
 
O autor atenta para a construção de séculos e séculos de historiografia 
colonial e racista. Essa produção era construída por historiadores europeus 
(colonizadores) que colocavam dentro de seu relato uma visão colonial e 
racista, tendo a África como um continente sem história. Ademais, o autor 
atenta para a importância de debatermos a história colonial, tendo em vista os 
resquícios negativos que deixaram nos dias de hoje. Com o intuito de retirar da 
historiografia atual, os preconceitos do passado. Gerando uma historia voltada 
para a prática e distante de visões racistas e coloniais. 
 
HISTORIOGRAFIA E MOVIMENTO DE NEGRITUDE 
“A corrente da negritude é, em uma larga medida, tributária das ideias do pan-
africanistas lançadas na América no fim do século XIX. Sob as iniciativas de W. 
E. du Bois e Marcus Garvey, o pan-africanismo foi inicialmente um movimento 
dos negros dos Estados Unidos da América e das Antilhas, que tinham seus 
olhares direcionados para a pátria africana, de onde a escravidão os havia 
privado.[...]” (p. 280) 
“O termo ‘negritude’, apesar de utilizado, desde novembro de 1931, com a 
aparição do primeiro número da Revue Du Monde Noir, ganhou força com a 
obra de Aime Cesaire ‘Cahier d´un retour au pays natal’ 10 de 1939. A 
corrente se consolida através de uma literatura de contestação, de uma 
literatura engajada, de um verdadeiro questionamento e de uma subversão à 
ordem colonial, cujos principais representantes foram Leopold Sedar [...]” (p. 
281) 
“A negritude se alimentou por um desejo de retorno aos valores africanos, para 
tanto voltar-se para a reelaboração das narrativas históricas sobre o continente 
foi imprescindível. Assim, os teóricos da negritude contribuíram na reorientação 
da historiografia, através da crítica ao sistema colonial e do questionamento 
dos fundamentos e da supremacia racial da civilização ocidental.” (p. 281) 
 
Nesta parte do trabalho, o autor reserva algumas linhas para debater a relação 
entre negritude e historiografia. Segundo ele, o movimento de negritude tem 
inicio com as ideias do pan- africanismo, que foi baseado nos trabalhos de W. 
E. du Bois e Marcus Garvey. Esse movimento foi organizado por negros dos 
Estados Unidos das Américas e das Antilhas que tinham como objetivo de 
tomar de volta tudo aquilo que lhes foi tirado durante séculos. Foi com os 
teóricos da Negritude que se criou uma nova historiografia que ia contra as 
ideias de supremacia racial do ocidente. E também trazer de volta os valores 
africanos. 
 
A HISTORIOGRAFIA: TENDÊNCIAS E PERSPECTIVAS. 
“[...] Ao desejo dos Estados recém-constituídos em buscar na História 
elementos para consolidar a unidade Nacional, além dos vários Colóquios e 
Congressos que deram à História um lugar privilegiado em relação às Ciências 
Sociais. Não menos importante foi o engajamento que os africanos de todas as 
classes sociais tiveram na construção da identidade étnica e nacional de seus 
respectivos países. (apud MUNDIME, 2013)” (p. 282) 
“[...] Entendo que é sobre uma longa duração que é importante avaliar tais 
rupturas e mutações, isso revela que é importante incluir, no currículo da 
disciplina de História da África uma reflexão crítica sobre a produção 
historiográfica.” (p. 282) 
 
 O autor atenta para à importância que a História teve no processo de 
constituição de uma identidade cultural africana. E ainda para a participação 
popular dentro desse processo. Quanto a isso, fico muito feliz em saber que a 
ciência na qual trabalho pôde ajudar num processo tão importante como esse. 
 
HISTORIOGRAFIA: CONSTRUÇÃO DO ESTADO-NAÇÃO. 
“Uma historiografia nacionalista emerge em torno das décadas de 1950/60, e 
difundiu-se até anos de 1980. Esta historiografia foi iniciada com obras de 
intelectuais formados nas universidades europeias e americanas, nas quais 
eles aprenderam técnicas e metodologias de História, distanciando-se dos 
mitos e preconceitos característicos da historiografia colonial.” (p. 283) 
“O objetivo é de fazer com que os togoleses se unam e se sintam solidários e 
principalmente que se respeitem apesar das diferenças étnicas-culturais. Vê-
se aqui como a História da África tem um caráter pedagógico específico no 
sentido de superar conflitos internos.” (p. 285) 
“AUDCAM - sediada em Paris. Em 1965, ela reuniu os melhores especialistas 
no material para a elaboração de diretrizes curriculares destinadas a dar uma 
orientação nova para o ensino de História nos liceus e colégios. [...]” (p. 285) 
“[...] Devisse, uma mudança significativa que teve o mérito de integrar, ao 
ensino de História nas escolas, os resultados das pesquisas nas 
Universidades.” (p. 285)Por volta de 1955 forma-se na África uma historiografia nacionalista. Agora 
com pesquisadores de qualidade formados nas universidades europeias 
estadunidense. E que deixaram de lado uma historiografia racista e colonialista. 
Por fim, temos que os estudos construídos nas universidades foram 
implementados nas escolas de ensino básico, o que faz com que a história 
passa realmente a provocar mudanças relevantes na sociedade. 
 
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES SOBRE O ENSINO DE HISTÓRIA DA 
ÁFRICA NO BRASIL.

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