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1 TECNOLOGIA EDUCACIONAL NOVAS COMPETÊNCIAS I 2 FACUMINAS A história do Instituto Facuminas, inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a Facuminas, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A Facuminas tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 Sumário FACUMINAS ............................................................................................................... 2 Introdução .................................................................................................................. 4 O Desabrochar de um novo ciclo do conhecimento .............................................. 7 Novas competências, ações e atuações ............................................................... 10 Novas tecnologias e novas formas de aprender .................................................. 12 Perfil do professor e exigências de formação ...................................................... 14 A nova configuração da profissão do professor e suas interfaces .................... 23 O impacto das mudanças tecnológicas no processo formativo ......................... 25 Desafios, conquistas e benefícios sob a ótica da revolução digital ................... 29 A tecnologia educacional no contexto social ....................................................... 32 A tecnologia educacional na prática e formação de docentes ........................... 34 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 39 4 Introdução Novos instrumentos, novas ferramentas alteram totalmente a cultura ao oferecer novas formas de fazer. No caso da informática e de suas associações com outras tecnologias, estão sendo alteradas as formas de fazer e, principalmente, as formas de pensar esse fazer. O novo cenário informatizado não vem apenas marcando o cotidiano do ser humano com modificações socioeconômicas e culturais, vem também mudando a maneira como o educando pensa, conhece e apreende o mundo. Isto porque a nova cidadania da cultura informatizada requer a aquisição de hábitos intelectuais de simbolização, de formalização do conhecimento, de manejo de signos e de representações que utilizam equipamentos computacionais. Com a informatização surge um novo tipo de gestão social do conhecimento, na medida em que é usado um modelo digital que não é lido ou interpretado como um texto clássico, mas explorado de forma interativa. Atualmente, já não se trabalha apenas com textos, livros e teorias escritas no papel, mas também com modelos computacionais corrigidos e aperfeiçoados ao longo do processo. Esse fato, essa mudança técnica provocada pela informática, desestabiliza o antigo equilíbrio de forças e as formas de representação do conhecimento, fazendo com que novas estratégias e novos critérios sejam requeridos para a construção do conhecimento. Na cultura oral, pensava-se por meio de situações cujas representações mais importantes para os membros da comunidade eram codificadas na forma de narrativas. Numa sociedade desse tipo, o edifício cultural estava assentado sobre as lembranças dos indivíduos, e a inteligência nessas sociedades estava identificada com a memória auditiva. Este era o único instrumento de que dispunham para reter e transmitir as representações. Com o advento da escrita, ocorreu um distanciamento entre emissor e receptor da mensagem, que passam a estar separados no tempo. Essa separação elimina o mediador humano que adaptava ou traduzia as mensagens vindas de outro tempo e lugar, aumentando a distância entre o autor e o leitor. Isto passou a requerer um novo exercício de interpretação, de atribuição de sentido fundamental 5 no processo de comunicação. A escrita passou, então, a exigir um novo tipo de memória, a memória de curto prazo. Com a chegada da imprensa, novas e significativas mudanças ocorreram nas formas de armazenamento e transmissão do saber. A partir de então, o novo conhecimento já não é introduzido por um mestre que o recebera anteriormente. O leitor é agora um indivíduo isolado, que pode adquirir a informação de maneira auto suficiente. Com a imprensa, ocorreram novas possibilidades de associação, de recombinação de textos e de transmissão de informações, o que ocasionou um grande impulso no desenvolvimento das ciências, propiciando um processo cumulativo e de explosão do saber. Com o aparecimento das mídias eletrônicas, entre elas a informática, novas formas de conceber, armazenar e transmitir o saber, provocadas por essas tecnologias produzem novas formas de representação, dando origem a novos modos de conhecimento e consequentemente exigem dos professores novas competências técnicas e didáticas. O reconhecimento de uma sociedade cada vez mais tecnológica deve ser acompanhado da conscientização da necessidade de incluir nos currículos escolares as habilidades e competências para lidar com as novas tecnologias. No contexto de uma sociedade do conhecimento, a educação exige uma abordagem diferente em que o componente tecnológico não pode ser ignorado. As novas tecnologias e o aumento exponencial da informação levam a uma nova organização de trabalho, em que se faz necessário: a imprescindível especialização dos saberes; a colaboração transdisciplinar e interdisciplinar; o fácil acesso à informação e a consideração do conhecimento como um valor precioso, de utilidade na vida econômica. Diante disso, um novo paradigma está surgindo na educação e o papel do professor, frente às novas tecnologias, será diferente. Com as novas tecnologias pode-se desenvolver um conjunto de atividades com interesse didático-pedagógico, como: intercâmbios de dados científicos e culturais de diversa natureza; produção de texto em língua estrangeira; elaboração de jornais inter-escolas, permitindo desenvolvimento de ambientes de aprendizagem centrados na atividade dos alunos, 6 na importância da interação social e no desenvolvimento de um espírito de colaboração e de autonomia nos alunos. O professor, neste contexto de mudança, precisa saber orientar os educandos sobre onde colher informação, como tratá-la e como utilizá-la. Esse educador será o encaminhador da autopromoção e o conselheiro da aprendizagem dos alunos, ora estimulando o trabalho individual, ora apoiando o trabalho de grupos reunidos por área de interesses. A qualidade da educação, geralmente centradas nas inovações curriculares e didáticas, não pode se colocar à margem dos recursos disponíveis para levar adiante as reformas e inovações em matéria educativa, nem das formas de gestão que possibilitam sua implantação. A incorporação das novas tecnologias como conteúdos básicos comuns é um elemento que pode contribuir para uma maior vinculação entre os contextos de ensino e as culturas que se desenvolvem fora do âmbito escolar. Frentea esta situação, as instituições educacionais enfrentam o desafio não apenas de incorporar as novas tecnologias como conteúdos do ensino, mas também reconhecer e partir das concepções que as crianças têm sobre estas tecnologias para elaborar, desenvolver e avaliar práticas pedagógicas que promovam o desenvolvimento de uma disposição reflexiva sobre os conhecimentos e os usos tecnológicos. A sociedade atual passa por profundas mudanças caracterizadas por uma profunda valorização da informação. Na chamada Sociedade da Informação, processos de aquisição do conhecimento assumem um papel de destaque e passam a exigir um profissional crítico, criativo, com capacidade de pensar, de aprender a aprender, de trabalhar em grupo e de se conhecer como indivíduo. Cabe a educação formar esse profissional e para isso, esta não se sustenta apenas na instrução que o professor passa ao aluno, mas na construção do conhecimento pelo aluno e no desenvolvimento de novas competências, como: capacidade de inovar, criar o novo a partir do conhecido, adaptabilidade ao novo, criatividade, autonomia, comunicação. É função da escola, hoje, preparar os alunos para pensar, resolver problemas e responder rapidamente às mudanças contínuas. 7 O Desabrochar de um novo ciclo do conhecimento No início de um novo milênio o mundo assiste ao desabrochar de um novo ciclo de evolução/revolução do conhecimento científico, baseado na informática, na teoria dos sistemas, nos novos materiais e nas ciências da comunicação e informação, onde não só os modos de produção estão sendo modificados, como também as mentalidades e as práticas sociais e humanas. A informática como tecnologia e como técnica vem ocupando um lugar cada vez mais privilegiado entre as tecnologias de ponta e entre as atividades modernizadoras da ciência, da economia e das sociedades contemporâneas. Associada às telecomunicações, vem provocando uma revolução na educação e na qualidade de vida das pessoas. Conectadas por computadores à Internet, correios eletrônicos, mensagens por fax, celulares e teleconferências, alunos e professores podem comunicar-se uns com os outros, independentemente do local onde se encontram. As novas tecnologias colaboram para a produção de sofisticadas teorias cognitivas sobre a aquisição da linguagem, do desenvolvimento conceitual, das tomadas de decisão, da resolução de problemas, da aprendizagem e do funcionamento do cérebro. Na realidade, vive-se o começo do tempo de uma terceira Era, que iniciou com o desaparecimento das fronteiras. O futuro tão distante para os nossos antepassados passou a ser ontem. As fronteiras do passado e futuro se misturam. Todos os seres humanos constituem parte do futuro e precisam ver tudo de maneira nova, ou seja, precisam olhar o mundo com novos olhos. As transformações do novo modo de ver e entender o mundo fazem com que as instituições educacionais redimensionem os seus objetivos para poder acompanhar tantas mudanças. A educação deve transmitir, de forma maciça e eficaz, cada vez mais saberes e saber-fazer evolutivos, adaptados à civilização cognitiva, pois ela é a base das competências do futuro. Simultaneamente compete- lhe encontrar e assinalar as referências que impeçam as pessoas de ficar submergidas nas ondas de informações, que invadem os espaços públicos e privados e as levem a orientar-se para projetos de desenvolvimento individuais e 8 coletivos. À educação cabe fornecer, de algum modo, os mapas de um mundo complexo e constantemente agitado e, ao mesmo tempo, a bússola que permite navegar por meio dele. Novas tecnologias, novas competências profissionais ou didáticas esbarram na irrelevância do sistema educacional brasileiro, na defasagem da escola, que não cumpre sua finalidade maior, voltada para a emancipação de sujeitos históricos capazes de construir seu próprio projeto de vida. Uma escola que não acompanha o desenvolvimento econômico e tecnológico do século XXI, que não prepara crianças, jovens e adultos para viver e atuar em um contexto de incertezas e instabilidades. Ela continua trabalhando como se os antigos pressupostos de estabilidade e certeza ainda expressassem a realidade. E, por ainda, continua defasada, obsoleta, em um processo de decadência acelerada, sem absorver as mudanças tecnológicas da sociedade em que se vive. Alguns pensadores reforçam a ideia da ocorrência de mudança de estatuto do saber quando as sociedades entram na idade pós-industrial, e as culturais, na idade pós-moderna. Essa mudança estaria ocorrendo em virtude da grande incidência de informações tecnológicas sobre o saber, decorrente da ciência e da técnica que afetam a pesquisa e a transmissão do conhecimento. Esclarecem ainda que essas intensas modificações que estão ocorrendo nas operações de aquisição, produção, exploração e transmissão do conhecimento farão com que a natureza do conhecimento não fique intacta. O fato de o saber gerado pela sociedade ter de se submeter aos novos canais faz com que ele se torne mais operacional, traduzido em linguagens de programação, o que impõe uma certa lógica e requer, por sua vez, um conjunto de procedimentos e de manejo de signos. Isso dá origem de que existem novos modos de conhecer, de saber, de transmitir e de regular a sociedade, o que poderá dar origem a um novo estilo de humanidade. Para poder dar resposta ao conjunto das suas missões, a educação deve organizar-se em torno de quatro aprendizagens fundamentais que, ao longo de toda a vida, serão de algum modo, para cada indivíduo, os pilares do conhecimento: aprender a conhecer, isto é, adquirir os instrumentos da compreensão; aprender a fazer, para poder agir sobre o meio envolvente; aprender a viver juntos, a fim de 9 participar e cooperar com os outros em todas as atividades humanas; finalmente aprender a ser, via essencial que integra os três precedentes. É claro que estas quatro vias do saber constituem apenas uma, dado que existem entre elas múltiplos pontos de contato, de relacionamento e de permuta. Em regra geral, o ensino formal orienta-se, essencialmente, se não exclusivamente, para o aprender a conhecer e, em menor escala, para o aprender a fazer. As duas outras aprendizagens dependem, na maior parte das vezes, de circunstâncias aleatórias quando não são tidas, de algum modo, como prolongamento natural das duas primeiras. Cada um dos "quatro pilares do conhecimento" deve ser objeto de atenção igual por parte do ensino estruturado, a fim de que a educação apareça como uma experiência global a levar a cabo ao longo de toda a vida, no plano cognitivo como prático, para o indivíduo enquanto pessoa e membro da sociedade. Segundo os estudiosos em educação, para enfrentar os desafios deste século, deve-se assinalar novos objetivos à educação e, portanto, mudar a ideia que se tem da sua utilidade. Uma nova concepção ampliada de educação deve fazer com que todos possam descobrir, reanimar e fortalecer o seu potencial criativo. Isto supõe que se ultrapasse a visão puramente instrumental da educação, considerada como a via obrigatória para obter certos resultados (saber-fazer, aquisição de capacidades diversas, fins de ordem econômica), e se passe a considerá-la em toda a sua plenitude: realização da pessoa que, na sua totalidade, aprende a ser. Aprender a conhecer é o tipo de aprendizagem que visa não tanto a aquisição de um repertório de saberes codificados, mas antes o domínio dos próprios instrumentos do conhecimento que pode ser considerado, simultaneamente, como um meio e como uma finalidade da vida humana. Meio, porque se pretende que cada um aprenda a compreender o mundo que o rodeia, pelo menos na medida em que isso lhe é necessário para viver dignamente, para desenvolver as suas capacidades profissionais, para comunicar. Finalidade, porque seu fundamento é o prazerde compreender, de conhecer, de descobrir. O aumento dos saberes, que permite compreender melhor o ambiente sob os seus diversos aspectos, favorece o despertar da curiosidade intelectual, estimula o sentido crítico e permite compreender o real, mediante a aquisição de autonomia na capacidade de discernir. 10 O processo de aprendizagem do conhecimento nunca está acabado, e pode enriquecer-se com qualquer experiência. Neste sentido, liga-se cada vez mais à experiência do trabalho, à medida que este se torna menos rotineiro. A educação básica pode ser considerada bem-sucedida se conseguir transmitir às pessoas o impulso e as bases que façam com que continuem a aprender ao longo de toda a vida, no trabalho, mas também fora dele. Aprender a conhecer e aprender a fazer são, em larga medida, indissociáveis. A segunda aprendizagem está mais estreitamente ligada à questão da formação profissional: como ensinar o aluno a pôr em prática os seus conhecimentos e, também, como adaptar a educação ao trabalho futuro quando não se pode prever qual será a sua evolução. Novas competências, ações e atuações O foco da escola mudou. Atualmente, sua missão é atender ao aprendiz, ao usuário, ao estudante. Portanto, a escola tem um aluno específico, que aprende, 11 representa e utiliza o conhecimento de forma diferente e que necessita ser efetivamente. O aprendiz, hoje, é um ser original, singular, diferente e único, é um indivíduo que apresenta um perfil particular de inteligências desde o momento em que nasce. Mas, de que forma as sociedades poderão garantir que seus membros sejam suficientente dotados de condições intelectuais e instrumentais que garantam sua permanência na própria vida social sem se transformar em sobrecarga para o sistema educacional? De que forma a sociedade poderá assegurar que seus membros sejam contemporâneos deles mesmos e da própria humanidade? Como instrumentalizá-los para que assumam o comando de sua própria vida, de modo autônomo para que assumam o papel de cidadãos e cidadãos do mundo em que vivem? Como absorver os traços culturais presentes na herança histórica da humanidade se a educação continua preparando o indivíduo para um passado remoto, para um mundo desconectado, em que textos, livros e teorias no papel constituem as únicas formas de representação do conhecimento? Como preparar o indivíduo para trabalhar com modelos computacionais corrigidos e aperfeiçoados ao longo do processo e que requerem novas formas de construção do conhecimento se os professores em sua maioria desconhecem as novas tecnologias e continuam temendo a possibilidade de inovação no ambiente educacional? Em resposta a tantos questionamentos, pode-se afirmar primeiramente que o futuro não é algo predeterminado ou imposto, muito pelo contrário, ele depende de novas competências, de ações e atuações do presente. Depende da consciência coletiva e individual da forma como os professores o planejam, da maneira como focalizam as suas necessidades futuras, dos caminhos que escolhem e compartilham o presente. As sociedades que não souberem compreender as mudanças e que não proporcionarem a todos os seus membros oportunidades de uma educação relevante ficarão à margem dos acontecimentos históricos. 12 A identificação de novos cenários leva os professores a compreender que professores e alunos são cidadãos do mundo e que todos possuem o direito de estar suficientemente preparados para apossarem-se dos instrumentos da realidade cultural, para que possam participar do mundo, o que significa estarem preparados para elaborar as informações nele produzidas. O novo paradigma educacional, além de reintegrar o sujeito na construção do conhecimento, resgata também a importância do processo ao reconhecer que pensamento e conhecimento, como tudo na natureza, estão em movimento constante. Ao mesmo tempo, valoriza a experiência, compreende que tudo o que é construído e organizado é, na realidade, uma experiência, que cada um organiza a sua própria experiência e a faz de um modo diferente, como um princípio básico na construção do conhecimento. O eixo central é a ideia de que o conhecimento não se origina na percepção e na sensação, mas na ação endógena do sujeito sobre o objeto. Tal compreensão pode levar os professores a perceber a necessidade de mudar a direção da educação que, no paradigma tradicional, concentrava-se mais nas condições de ensino e não propriamente na aprendizagem. A ênfase deverá estar na aprendizagem e não no ensino, na construção do conhecimento e não na instrução. Dentre as muitas competências do professor em uma sociedade permeada por novas tecnologias está o próprio entendimento da aprendizagem. As tecnologias podem trazer hoje dados, imagens, resumos de forma rápida e atraente. O papel do professor, o papel principal é de ajudar o aluno a interpretar esses dados, a relacioná-los, a contextualizá-los. No entanto, o aprender depende do aluno, de que ele esteja pronto, maduro, para incorporar a real significação que essa informação tem para ele, para incorporá-la vivencialmente, emocionalmente. Enquanto a informação não fizer parte do contexto pessoal, intelectual e emocional, não se tornará verdadeiramente significativa, não será aprendida verdadeiramente. Novas tecnologias e novas formas de aprender 13 Com as Novas Tecnologias da Informação abrem-se novas possibilidades à educação, exigindo uma nova postura do educador. Com a utilização de redes telemáticas na educação, pode-se obter informações nas fontes, como centros de pesquisa, Universidades, Bibliotecas, permitindo trabalhos em parceria com diferentes escolas; conexão com alunos e professores a qualquer hora e local, favorecendo o desenvolvimento de trabalhos com troca de informações entre escolas, estados e países, através de cartas, contos, permitindo que o professor trabalhe melhor o desenvolvimento do conhecimento. O acesso às redes de computadores interconectadas à distância permitem que a aprendizagem ocorra frequentemente no espaço virtual, que precisa ser inserido às práticas pedagógicas. A escola é um espaço privilegiado de interação social, mas este deve interligar-se e integrar-se aos demais espaços de conhecimento hoje existentes e incorporar os recursos tecnológicos e a comunicação via redes, permitindo fazer as pontes entre conhecimentos se tornando um novo elemento de cooperação e transformação. A forma de produzir, armazenar e disseminar a informação está mudando; o enorme volume de fontes de pesquisas é aberto aos alunos pela Internet, bibliotecas digitais em substituição às publicações impressas e os cursos à distância, por videoconferências ou pela Internet. A formação de professores para essa nova realidade tem sido crítica e não tem sido privilegiada de maneira efetiva pelas políticas públicas em educação nem pelas Universidades. As soluções propostas inserem-se, principalmente, em programas de formação de nível de pós-graduação ou, como programas de qualificação de recursos humanos. O perfil do profissional de ensino é orientado para uma determinada "especialização", mesmo por que, o tempo necessário para essa apropriação não o permite. Como resultado, evidencia-se a fragilidade das ações e da formação, refletidas também através dos interesses econômicos e políticos. (Costa e Xexéo,1997). O objetivo de introduzir novas tecnologias na escola é para fazer coisas novas e pedagogicamente importantes que não se pode realizar de outras maneiras. O aprendiz, utilizando metodologias adequadas, poderá utilizar estas tecnologias na integração de matérias estanques. A escola passa a ser um lugar mais interessante que prepararia o aluno para o seu futuro. A aprendizagem centra-se nas diferenças 14 individuais e na capacitação do aluno paratorná-lo um usuário independente da informação, capaz de usar vários tipos de fontes de informação e meios de comunicação eletrônica. Às escolas cabe a introdução das novas tecnologias de comunicação e conduzir o processo de mudança da atuação do professor, que é o principal ator destas mudanças, capacitar o aluno a buscar corretamente a informação em fontes de diversos tipos. É necessário também, conscientizar toda a sociedade escolar, especialmente os alunos, da importância da tecnologia para o desenvolvimento social e cultural. O salto de qualidade utilizando novas tecnologias poderá se dar na forma de trabalhar o currículo e através da ação do professor, além de incentivar a utilização de novas tecnologias de ensino, estimulando pesquisas interdisciplinares adaptadas à realidade brasileira. As mais avançadas tecnologias poderão ser empregadas para criar, experimentar e avaliar produtos educacionais, cujo alvo é avançar um novo paradigma na Educação, adequado à sociedade de informação para redimensionar os valores humanos, aprofundar as habilidades de pensamento e tornar o trabalho entre mestre e alunos mais participativos e motivante. A integração do trabalho com as novas tecnologias no currículo, como ferramentas, exige uma reflexão sistemática acerca de seus objetivos, de suas técnicas, dos conteúdos escolhidos, das grandes habilidades e seus pré-requisitos, enfim, ao próprio significado da Educação. Com as novas tecnologias, novas formas de aprender, novas competências são exigidas, novas formas de se realizar o trabalho pedagógico são necessárias e fundamentalmente, é necessário formar continuamente o novo professor para atuar neste ambiente telemático, em que a tecnologia serve como mediador do processo ensino-aprendizagem. Perfil do professor e exigências de formação 15 Existem dificuldades, através dos meios convencionais, para se preparar professores para usar adequadamente as novas tecnologias. É preciso formá-los do mesmo modo que se espera que eles atuem. As tentativas para incluir o estudo das novas tecnologias nos currículos dos cursos de formação de professores esbarram nas dificuldades com o investimento exigido para a aquisição de equipamentos, e na falta de professores capazes de superar preconceitos e práticas que rejeitam a tecnologia mantendo uma formação em que predomina a reprodução de modelos substituíveis por outros mais adequados à problemática educacional. Os professores são profissionais que tem uma função re(criadora) sistemática, sendo está a única forma de proceder quando se tem alunos e contextos de ensino com características tão diversificadas, como sucede em todos os níveis de ensino. A função do professor é a criação e recriação sistemática, que tem em conta o contexto em que se desenvolve a sua atividade e a população-alvo desta atividade. É preciso estimular a pesquisa e colocar-se a caminho com o aluno e estar aberto à riqueza da exploração, da descoberta de que o professor, também pode aprender com o aluno. na formação do professor, este, durante e ao final do processo, precisa incorporar na sua metodologia: conhecimento das novas tecnologias e da maneira de aplicá-las; estímulo à pesquisa como base de construção do conteúdo a ser veiculado através do computador, saber pesquisar e transmitir o gosto pela investigação a alunos de todos os níveis; capacidade de provocar hipóteses e deduções que possam servir de base à construção e compreensão de conceitos; habilidade de permitir que o aluno justifique as hipóteses que construiu e as discuta; especialidade de conduzir a análise grupal a níveis satisfatórios de conclusão do grupo a partir de posições diferentes ou encaminhamentos diferentes do problema; 16 a capacidade de divulgar os resultados da análise individual e grupal de tal forma que cada situação suscite novos problemas interessantes à pesquisa; A sociedade do conhecimento exige um novo perfil de educador, ou seja, alguém: Comprometido - com as transformações sociais e políticas; com o projeto político- pedagógico assumido com e pela escola; Competente - evidenciando uma sólida cultura geral que lhe possibilite uma prática interdisciplinar e contextualizada, dominando novas tecnologias educacionais. Um profissional reflexivo, crítico, competente no âmbito da sua própria disciplina, capacitado para exercer a docência e realizar atividades de investigação; Crítico - que revele, através da sua postura suas convicções, os seus valores, a sua epistemologia e a sua utopia, fruto de uma formação permanente; seja um intelectual que desenvolve uma atividade docente crítica, comprometida com a ideia do potencial do papel dos estudantes na transformação e melhoria da sociedade em que se encontram inseridos; Aberto à mudanças - ao novo, ao diálogo, à ação cooperativa; que contribua para que o conhecimento das aulas seja relevante para à vida teórica e prática dos estudantes; Exigente - que promova um ensino exigente, realizando intervenções pertinentes, desestabilizando, e desafiando os alunos para que desencadeie a sua ação reequilibradora; que ajude os alunos a avançarem de forma autônoma em seus processos de estudos, e interpretarem criticamente o conhecimento e a sociedade de seu tempo; Interativo - que concorra para a autonomia intelectual e moral dos seus alunos trocando conhecimentos com profissionais da própria área e com os alunos, no ambiente escolar, construindo e produzindo conhecimento em equipe, promovendo a educação integral, de qualidade, possibilitando ao aluno desenvolver-se em todas as dimensões: cognitiva, afetiva, social, moral, física, estética. A formação de professores sinaliza para uma organização curricular inovadora que, ao ultrapassar a forma tradicional de organização curricular, 17 estabelece novas relações entre a teoria e a prática. Oferece condições para a emergência do trabalho coletivo e interdisciplinar e possibilite a aquisição de uma competência técnica e política que permita ao educador se situar criticamente no novo espaço tecnológico. Ao professor cabe o papel de estar engajado no processo, consciente não só das reais capacidades da tecnologia, do seu potencial e de suas limitações para que possa selecionar qual é a melhor utilização a ser explorada num determinado conteúdo, contribuindo para a melhoria do processo ensino-aprendizagem, por meio de uma renovação da prática pedagógica do professor e da transformação do aluno em sujeito ativo na construção do seu conhecimento, levando-os, através da apropriação desta nova linguagem a inserirem-se na contemporaneidade. O processo de preparação dos professores, atualmente, consiste em cursos ou treinamentos com pequena duração, para exploração de determinados programas, cabendo ao professor o desenvolvimento de atividades com essa nova ferramenta junto aos alunos, sem que tenha oportunidade de analisar as dificuldades e potencialidades de seu uso na prática pedagógica. Estas mudanças exigem uma profunda alteração curricular, em que os conteúdos acumulados pela humanidade serão os objetos do conhecimento, mas os novos problemas e os projetos para suas soluções comporão os procedimentos e atividades que serão avaliados pelas escolas para constatar sua eficácia. Para inovações novos instrumentos e utensílios serão necessários, entre eles as estradas da comunicação como a Internet e a capacitação docente para o domínio das novas tecnologias. Formar professores, neste contexto, exige: mudanças na forma de conceber o trabalho docente, flexibilização dos currículos nas escolas e as responsabilidades da escola no processo de formação do cidadão; socialização do acesso à informação e produção de conhecimento para todos; mudança de concepção do ato de ensinar em relação com os novos modos de concebero processo de aprender e de acessar e adquirir conhecimento; 18 mudança nos modelos/marcos interpretativos de aprendizagem, passando do modelo educacional predominante intuicionista, isto é, que o ensino se constrói a partir da aplicação do conhecimento teórico formulado a partir das ciências humanas e sociais que dariam fundamentos para a educação; construção de uma nova configuração educacional que integre novos espaços de conhecimentos em uma proposta de inovação da escola, na qual o conhecimento não está centrado no professor e nem no espaço físico e no tempo escolar, mas visto como processo permanente de transição, progressivamente construído, conforme os novos paradigmas; desenvolvimento dos processos interativos que ocorrem no ambiente telemático, sob a perspectiva do trabalho cooperativo. Para Frigotto (1996), um desafio a enfrentar hoje na formação do educador é a questão da formação teórica e epistemológica. E esta tarefa não pode ser delegada à sociedade em geral. O locus adequado e específico de seu desenvolvimento é a escola (Schon, 1992; Nóvoa, 1991, 1992) e Universidade, onde se articulam as práticas de formação-ação na perspectiva de formação continuada e da formação inicial. O professor, na nova sociedade, revê de modo crítico seu papel de parceiro, interlocutor, orientador do educando na busca de suas aprendizagens. Ele e o aprendiz estudam, pesquisam, debatem, discutem, constróem e chegam a produzir conhecimento, desenvolver habilidades e atitudes. O espaço aula se torna um ambiente de aprendizagem, com trabalho coletivo a ser criado, trabalhando com os novos recursos que a tecnologia oferece, na organização, flexibilização dos conteúdos, na interação aluno-aluno e aluno-professor e na redefinição de seus objetivos. As informações que os jovens obtêm através da Internet não são apenas recebidas e guardadas. Elas representam um ponto de partida e não um fim em si mesmas. Quando um estudante encontra uma informação na Internet, ele a coloca no seu contexto, da sua realidade, busca mais informações a respeito, torna-a um elemento da sua própria formação, sabendo qual a importância daquilo que aprendeu. 19 Quando estudantes podem trocar experiências e conhecimentos com colegas do mundo inteiro, assim como bibliotecas, centros de pesquisas, universidades, museus, todo um universo de percepção se abre para eles, a própria perspectiva de mundo e de realidade se modifica, dando lugar à formação de um conhecimento mais global, menos limitado às fronteiras nacionais e imediatas. Eles podem construir pontes de conhecimento e entender outras culturas, outros modos de compreender o significado das coisas, da realidade. As mudanças que vem ocorrendo em todos os campos do saber desloca o modelo de educação escolarizada, que ocorre numa determinada faixa etária do aluno e num determinado espaço físico, apoiada na especialização do saber, para uma educação continuada que dá importância ao sujeito, à reflexão e a aprendizagem em sua aplicabilidade à vida social, fundamentada em princípios de cidadania e liberdade. A reflexão, como princípio didático, é fundamental em qualquer metodologia, levando o sujeito a repensar o processo do qual participa dentro da escola como docente. A formação deve considerar a realidade em que o docente trabalha, suas ansiedades, suas deficiências e dificuldades encontradas no trabalho, para que consiga visualizar a tecnologia como uma ajuda e vir, realmente, a utilizar-se dela de uma forma consistente. O processo de formação continuada permite condições para o professor construir conhecimento sobre as novas tecnologias, entender por que e como integrar estas na sua prática pedagógica e ser capaz de superar entraves administrativos e pedagógicos, possibilitando a transição de um sistema fragmentado de ensino para uma abordagem integradora voltada para a resolução de problemas específicos do interesse de cada aluno. Deve criar condições para que o professor saiba reco textualizar o aprendizado e as experiências vividas durante sua formação para a sua realidade de sala de aula compatibilizando as necessidades de seus alunos e os objetos pedagógicos que se dispõem a atingir. Esta formação propicia condições necessárias para que o professor domine a tecnologia - um processo que exige profundas mudanças na maneira do adulto pensar. O objetivo da formação, além da aquisição de metodologias de ensino, conhecer profundamente o processo de aprendizagem, como ele acontece e como 20 intervir de maneira efetiva na relação aluno-computador, propiciando ao aluno condições favoráveis para a construção do conhecimento. A ênfase do curso deve ser a criação de ambientes educacionais de aprendizagem, nos quais o aluno executa e vivencia uma determinada experiência, ao invés de receber do professor o assunto já pronto. Um curso de formação em novas tecnologias prevê espaços para o desenvolvimento de atividades de integração de tecnologias em educação, como trabalhar em grupos que desenvolvem formas de utilizar as tecnologias com finalidade educacional. Para essa capacitação: professores se apropriam das novas tecnologias como um recurso próprio, como livros e lápis, e não como uma "caixa preta" imposta externamente; educação permanente é um componente essencial da formação de professores. Seria útil que existissem centros de apoio em que os professores pudessem testar programas e receber orientações sobre o uso; há considerável necessidade para a cooperação local e inter-regional, estimulada através de encontros periódicos e jornais para a troca de experiências e de programas, estimulados pelo governo ou outras instituições; enfatizar atitudes pedagógicas de inovação e interação nas equipes interdisciplinares; uma visão integrada de ciência e tecnologia que busque entender os processos científicos e a mudança nos paradigmas científicos. Isso é recomendado de maneira a se colocar a tecnologia educacional na perspectiva de um esforço científico; Para esta inserção social, é fundamental o trabalho em equipe. Trabalhar em equipe e participar efetivamente de um processo contínuo que tem início na apropriação da intencionalidade de um projeto, mediante a tomada de consciência dos objetivos e do sentido da situação; planejamento das ações pelas quais se implementará o mesmo projeto; dos momentos de avaliação e de reorientações. Esta participação implica em compartilhar os esforços de descoberta dos caminhos, de elucidação dos obstáculos, visando-se sempre fazer com que a intencionalidade 21 global do projeto se explicite claramente, se torne coletiva, enquanto visada de um grupo que, em volta dela, se constitui solidário. O trabalho cooperativo como uma estratégia incentivadora nas relações de trabalho entre indivíduos, é estimulante e através dele encontra-se um modelo em que a convivência social e a autoestima são incrementadas. As ferramentas de apoio ao trabalho cooperativo utilizando novas tecnologias, são os hipertextos, correio eletrônico, editores cooperativos de textos e as salas de aula virtuais. As mudanças que as tecnologias favorecem na postura do professor em aula: ajuda os alunos a estabelecerem um elo de ligação entre os conhecimentos acadêmicos com os adquiridos e vivenciados, ocorrendo uma troca de ideia e experiências, em que o professor, em muitos casos, se coloca na posição do aluno, aprendendo com a experiência deste. Durante as aulas os alunos são levados a pesquisar e estudar individualmente, bem como a buscar informações e dados novos para serem trazidos para estudo e debates em aula. Enfatiza-se uma aprendizagem ativa e um processo de descobertas dirigidas. Incentiva-se a aprendizagem interativa em pequenos grupos. As principais diretrizes teóricas na educação na Sociedade da Informação (Dowbor,1993;Drucker, 1993), permitem desenvolver vários níveis de competência: Conhecimento - transformar a informação em conhecimento - captar a informação relevante, senti-la, relacioná-la com a vida. Ajudar a estimular o que é relevante na informação, a transformá-la, a saber integrá-la dentro de um modelo mental/emocional equilibrado e transformá-la em ação presente ou futura. Aprender a navegar entre tantas e tão desencontradas informações, entre modelos contraditórios de conhecimento, de visões de mundo opostas. Desenvolvimento pessoal - integração pessoal, trabalhar a identidade positiva, a autoestima, o valor dos professores. Permitir um professor com novos e variados papéis, que funcione como planejador e como orientador da aprendizagem, capaz de se comunicar, criativo, consciente de sua responsabilidade para contribuir com a transformação da sociedade, e de seus limites como pessoa e como profissional, em constante aperfeiçoamento, e assume conscientemente seu autoaperfeiçoamento. É o professor que usa as próprias experiências para refletir criticamente sobre sua 22 própria prática docente, e na ação-reflexão-ação vai promovendo seu próprio desenvolvimento pessoal e profissional. Desenvolvimento cognitivo - os ambientes computacionais quando voltados para a inteligência e o desenvolvimento cognitivo como processos básicos da aprendizagem podem constituir-se num desafio à criatividade e invenção. Uma nova ecologia cognitiva (Lévy,1993) significa uma nova dinâmica na construção do conhecimento, um novo movimento, novas capacidades de adaptação e de equilíbrio dinâmico nos processos de construção do conhecimento, um novo jogo entre sujeito e objeto, um novo enfoque mostrando o enlace e a interatividade existentes entre as coisas do cérebro e os instrumentos que o homem utiliza. Comunicação - Aprender a manifestar o que o indivíduo é, o que sente, deseja, captar o que é o outro em todas as suas dimensões. Aprender a comunicar-se com todas as linguagens - oral, escrita, áudio-vídeo-gráfica - com todo o ser: corpo, mente, gestos. Desenvolver formas de interação, baseadas na confiança, na valorização mútua, na interação sensorial-emocional-intelectual aberta, criativa e organizada. O educador é um comunicador que expressa capacidade de motivar, de liderar, de coordenar e de adaptar-se aos vários ritmos dos diversos grupos. Trabalho interdisciplinar -as redes de computadores podem oferecer efetivas oportunidades para trabalho cooperativo, mas problemas estruturais encontrados no contexto escolar para uso de redes, que incluem acesso, custos telefônicos para ligação on-line, tempo e equipamento, podem dificultar seu uso, devendo ser buscadas alternativas para superar esses problemas. Criticidade - não basta que os alunos simplesmente se lembrem das informações: eles precisam ter a habilidade e o desejo de utilizá-las, precisam saber relacioná-las, sintetizá-las, analisá-las e avaliá-las. Juntos, estes elementos constituem o pensamento crítico aparecendo em aula quando os alunos se esforçam para ir além de respostas simples, quando desafiam ideias e conclusões e procuram unir eventos não relacionados dentro de um entendimento coerente do mundo. Mas sua aplicação mais importante está fora da sala de aula. A habilidade de pensar criticamente apresenta pouco valor se não for exercitada no dia-a-dia das situações da vida real. É aí que as redes telemáticas têm seu papel, fornecendo o cenário para interessantes aventuras do intelecto. É preciso que se crie condições para que os 23 participantes desenvolvam visão crítica frente a utilização das Novas Tecnologias na Educação, e se desenvolva estudos sobre ambientes computacionais, proporcionando a ação e a reflexão sobre objetos de conhecimento, favorecendo a aprendizagem a partir de situações experimentais e conjeturais. A nova configuração da profissão do professor e suas interfaces Retrocedendo ao pre-industrialíssimo, deparamos com uma estrutura organizacional do trabalho, onde predominava um trabalho intermitente e não- formal, desprovido do padrão de empregos de horários, locais fixos e ferramentas específicas. O número de empregos gerados cresceu, juntamente com o surgimento das grandes fábricas e dos serviços burocráticos. No momento contemporâneo, verifica-se que o espaço de trabalho está cada vez mais restrito. A automação, de certa forma, prepondera e o trabalho está sendo ainda mais ré empacotado para atender a novas realidades econômicas. Analogamente, o processo formativo docente assiste à quebra de sua estrutura artificialmente linear com as novas tecnologias. O professor deixou de ser a única fonte de conhecimento, o veículo privilegiado de informações, e deve passar a propor desafios aos aprendizes. KOOK (1997) afirma que terão tríplice ação. Dentre elas, relacionam-se: consultores de informação, facilitadores, elaboradores de cursos. Os professores consultores de informação, além de pesquisar novos recursos e materiais instrucionais, auxiliarão seus alunos a acessá-los, bem como a empregar o computador e seus recursos tecnológicos. Os professores facilitadores deverão contribuir para o desenvolvimento do pensamento crítico e criativo em um ambiente de aprendizado colaborativo, deixando de lado um conjunto bem estruturado de conhecimentos. Eles devem ser capazes de conduzir os aprendizes para lidar com novos conceitos e suas aplicações emergenciais e típicas do século XXI. Os professores elaboradores de curso deverão se comprometer com os alunos-docentes, no sentido de modificar e reordenar o currículo tradicional para atender ao conjunto de habilidades exigidas pela sociedade. Esta ruptura tende a 24 alterar também o estilo da sala de aula, fazendo com que esses professores assumam novas competências profissionais para ensinar. O exercício das competências passa por operações mentais complexas, subentendidas por esquemas de pensamento que permitem determinar e realizar uma ação relativamente adequada à situação. PERRENOUD (2000) aponta um referencial que acentua as competências julgadas prioritárias: “Organizar e dirigir situações de aprendizagem; administrar a progressão das aprendizagens, conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação; envolver os alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho; trabalhar em equipe; participar da administração da escola, informar e envolver os pais; utilizar novas tecnologias; enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão; administrar sua própria formação contínua.” Essas competências tornam-se essenciais para os profissionais que se formam a partir da reorganização de situações de aprendizagem e apresentam-se como desafios para os novos professores que iniciam sua carreira. As competências profissionais do professor devem se assentar não somente sobre os conhecimentos teóricos a ser ensinados, mas abranger os conhecimentos práticos que são instrumentos de desenvolvimento para análise. Formar, atuar e pesquisar, sem perder o elo da relação pessoa-profissão constitui o tripé para um professor- profissional dominar suas habilidades de ofício e revelar suas competências práticas no contexto do ensino. s competências profissionais e dos conhecimentos a ser ensinados diferem nos modelos de formação docente. O professor “magister” era o modelo intelectual da antiguidade, que considerava o professor como um mestre sem necessidade de formação específica ou de pesquisa; o professor técnico, modelo das Escolas Normais, formava-se pela prática de ensino experimental por meio da aprendizagem imitativa; o professor engenheiro ou tecnólogo com formação orientada por especialistas do planejamento pedagógico racionaliza sua prática, procurando aplicar a teoria, e o professor profissional ou reflexivo torna-se capaz de analisar suas próprias práticas, de resolver problemas,de inventar estratégias, visando uma formação centrada na ação-conhecimento-problema. 25 No contexto tecnológico, a nova configuração na formação do professor tende a ser alicerçada pelo modelo reflexivo, caracterizado por um fluxo contínuo de ir e vir entre a prática-teoria-prática, desenvolvendo as competências prioritárias, dentre outras, assinaladas por PERRENOUD. CARVALHO (1992) sublinha que “... paradoxalmente o mestre atinge a perfeição de seu trabalho quando não mais se torna necessário que o execute; porque seu discípulo teria adquirido a capacidade plena de aprender sozinho, ter-se- ia tornado também ele um mestre.” A carga de trabalho dos docentes deve ser reduzida às tarefas mais nobres e essenciais, permitindo-lhes, dentre outras, a de aperfeiçoar continuamente sua formação pedagógica, para desempenhar o papel sinalizado pelas novas tendências da sociedade pós-industrial. A importância do professor como agente de mudança, favorecendo a compreensão mútua e a tolerância, está em alto relevo. Os professores possuem um papel determinante na formação de atitudes, positivas ou negativas, face ao processo de ensino-aprendizagem. O impacto das mudanças tecnológicas no processo formativo Estamos vivenciando as mudanças dos paradigmas didático-pedagógicos, a democratização e a valorização do conhecimento, com a necessidade emergencial de uso de recursos tecno pedagógicos. A “Educação a distância “torna-se a “Educação sem distância”, sem obviamente desmerecer o ensino presencial, mas sublinhando que a virtualidade e a cooperação na formação das redes podem reunir pessoas ao redor do mundo para debater as questões mais abrangentes da ciência, da educação e da cultura de um povo. Chegamos ao século XXI “século do conhecimento” onde os novos recursos tecnológicos viabilizam a presença virtual do professor para além das salas de aula, mantendo a interatividade, essencial a um processo de ensino-aprendizagem e 26 sinalizando que a formação contínua dos professores é uma das aplicações mais evidentes dos métodos de aprendizagem aberta e a distância. O professor deve incorporar em sua práxis pedagógica as novas linguagens, intermediadas pela tecnologia e tende a ser guiado para se adaptar ao novo contexto das mudanças pedagógicas. Manter ou readquirir a competitividade no mundo de trabalho e trabalhar no sentido da reconversão profissional e atualização da demanda profissional é importante. A flexibilidade, a mobilidade, o acesso democrático à internacionalização do conhecimento vêm constatar a universalização do ensino em seus vários segmentos e uma mudança na formação do perfil do docente. Os professores passaram a aprender simultaneamente com os estudantes e se atualizam continuamente, tanto nos seus saberes “disciplinares”, como em suas competências pedagógicas. Diante da diversidade de conhecimento, o professor corre o risco de repetir o óbvio ou deixar de abordar o essencial. A Revolução Digital vai contribuir, cada vez mais, para a expansão das ciências cognitivas, das redes de conhecimento, das novas formas de acesso ao conhecimento, levando o professor a se adaptar aos novos processos de ensino-aprendizagem e a desenvolver competências, construindo uma nova cultura que está sendo absorvida pela escola. Na democracia virtual que se instala no século XXI, o analfabetismo digital se sobrepõe ao analfabetismo tradicional, levando-nos a questões: a) até que ponto a sociedade se beneficia dessas inovações e “criações inteligentes?” b) até que ponto a sociedade pode ser manipulada pelos detentores do conhecimento? SANTOS (1997) assinala que uma solução viável é a formação continuada e a distância, via rede de computadores, e afirma ainda que: “No contexto da sala de aula é o professor que, atuando como intermediário entre o saber dos alunos e o saber formalizado e aceito como oficial, tem a missão de fomentar os conteúdos pedagógicos de conhecimento de ponta, atualizados, recentes e principalmente úteis à atuação dos futuros técnicos e tecnólogos quando do exercício profissional em meios de trabalho. É o professor que tem a tarefa de desenvolver junto aos seus 27 alunos uma visão metacognitiva do domínio de formação profissional, visão que permite ao técnico criar suas próprias redes de conhecimento e organizar estes conhecimentos em função de suas diferentes necessidades profissionais e pessoas. As tecnologias da informação e das comunicações são parte integrante da educação e do trabalho. Elas oferecem instrumentos úteis para o processamento de textos e de informação sistematizada, para acesso a bases de dados e à informação distribuída nas redes eletrônicas digitais. Um dos impactos provocados pela sucessiva introdução de novas tecnologias é o fenômeno da turbulência e da desregulamentação no campo educacional. O tempo individual e coletivo é acelerado, impondo reajustamento de valores e de comportamentos, devido à obsolescência de anteriores paradigmas, elaborados sobre uma base tecnológica diferente. As tecnologias da informação repercutem na formação e na profissão dos docentes. Há barreiras a transpor, oportunidades a explorar e benefícios a colher. As dimensões contextualizadora, estrutural e integradora dos programas de formação pedagógica devem ser asseguradas pelo caráter democrático da sociedade da informação. É imprescindível promover o acesso universal à info-alfabetização e à info-competência. Isso pressupõe que computadores e redes eletrônicas estejam acessíveis em locais públicos, nas escolas, em bibliotecas e arquivos, nas instalações autárquicas, de forma a evitar a exclusão social. Os professores devem-se beneficiar do acesso à informação disponível nas redes digitais e dos poderosos instrumentos da sociedade da informação. À medida que as interfaces vão se tornando mais acessíveis, a interatividade passa a incorporar a formação docente. Listas de discussão e correios eletrônicos são alguns recursos que podem ativar a vida profissional de docentes, proporcionando- lhes aprendizagem, pesquisa, intercâmbios e entretenimento. Com o desenvolvimento de novos meios de difusão, a informação deixou de ser predominantemente veiculada pelo professor na escola, mas o aluno continua a necessitar da orientação de alguém que já trabalhou ou tem condições para trabalhar essa informação. 28 A riqueza do diálogo pedagógico não pode ser substituída. Com a telemática, o déficit de conhecimentos pode ser reduzido e o diálogo entre os povos e culturas distintas fica enriquecido. A cooperação entre profissionais de uma mesma área, por exemplo, transcende as fronteiras nacionais e constitui um poderoso instrumento para uma formação pedagógica continuada “online”. Assim, a investigação de tecnologias, de concepções, de atitudes e atividades educacionais vai se internacionalizando paulatinamente, através das redes de serviços e de comunidades educacionais. No Brasil, a Educação a Distância – EAD, definida pelos decretos nº 2.494/98, 2.561/98 e pela Portaria nº 301/98, tem recebido a chancela do MEC/CNE para oferecer cursos de graduação e pós-graduação “online”. Um exemplo é o Programa de Formação de Professores do Governo Federal – PROFORMAÇÃO, em exercício, com o objetivo de promover a formação em nível superior de professores leigos, que é uma exigência da LDB 9.394/96 até o ano de 2007. Os cursos e programas de formação pedagógica de docentes não podem mais prosseguir com a sua formatação tradicional, sendo obrigados a rever os percursos e perfis de competências; abandonar os modelos ultrapassados e construir novos modelos do espaço dos conhecimentos. Para evidenciar essa comprovação, citamos LÉVY (2000): No lugar de uma representação em escalas lineares e paralelas, em pirâmides estruturadas em “níveis”, organizadas pela noção de pré-requisitose convergindo para saberes “superiores”, a partir de agora devemos preferir a imagem de espaços de conhecimentos emergentes, abertos, contínuos, em fluxo, não lineares, se reorganizando de acordo com os objetivos ou os contextos, nos quais cada um ocupa uma posição singular e evolutiva, mas o essencial se encontra em um novo estilo de pedagogia, que favorece ao mesmo tempo as aprendizagens personalizadas e a aprendizagem coletiva em rede. Nesse contexto, o professor é incentivado a tornar-se um animador da inteligência coletiva de seus grupos de alunos em vez de um fornecedor direto de conhecimento. Cabe indagar até que ponto um programa de formação docente a distância torna-se mais pertinente em relação ao ensino presencial, uma vez que o uso das redes telemáticas e dos suportes multimídia interativos tem sido a espinha dorsal para o desenvolvimento integrado às formas mais clássicas de ensino. 29 Ao prolongar determinadas capacidades cognitivas humanas (memória, imaginação, percepção), as tecnologias intelectuais com suporte digital redefinem seu alcance, seu significado, e algumas vezes até mesmo sua natureza. As novas possibilidades de criação coletiva distribuída, aprendizagem cooperativa e colaboração em redes oferecidas pelo ciberespaço colocam novamente em questão o funcionamento das instituições e os modos habituais de divisão do trabalho, tanto nas empresas como nas escolas. Desafios, conquistas e benefícios sob a ótica da revolução digital A formação docente, no contexto das novas tecnologias de informação deve ser repensada e reconstruída. É emergencial substituir o “treinamento docente”, tão comum nas décadas de 1970 e 1980, pela “formação docente. “O essencial é promover a construção coletiva do conhecimento e não treinar professores através de cursos de formação especial ou emergencial, onde a crítica e a reflexão sobre a ação docente não era tão relevante como nos tempos atuais. Os cursos de formação de professores das décadas de 70–80 e parcialmente de 90 investiam na reprodução de processos do ensino tradicional. Sem generalizações, muitos professores formados nesse contexto limitavam-se a adquirir truques, gestos estereotipados e reforçavam a sua prática no domínio do ensino. Com a Revolução Digital, pensou-se em treinar professores para implementação de uma nova proposta metodológica, baseada nas tecnologias da informação. Para tal, foram introduzidas disciplinas da área de Informática nos diversos cursos técnicos e acadêmicos, cujos resultados não foram tão satisfatórios como o esperado. Espaços devem ser criados, para constituir novas configurações de vias interativas na construção de conhecimentos e instrumentos da relação docente- discente. A geração desses instrumentos de conhecimento pode ser definida como uma tecnologia intelectual que possibilita “...construir relações e correspondências novas, do ponto de vista instrumental. São propriamente estas relações que, ao 30 transformar os objetos e os sujeitos do conhecimento, reconfiguram as bases da ecologia cognitiva.” Naturalmente que a relação docente-discente está frequentemente ocorrendo e sendo reformatada. BATESON, 1981 (citado por MARASCHIN & AXT: 1997) afirma sobre este propósito que a unidade [sistêmica] é a própria via de comunicação. As relações entre interno/externo são modificadas. Interno passa a ter o sentido dos componentes da via. Essa diferenciação acarreta uma mudança significativa no modo de se pensar a cognição. Ao reconfigurar a formação de professores dentro dessa nova concepção, o fator primordial que aparece de antemão é a distância. Formar professores em suas estações de trabalho, via rede, para atender às mais variadas demandas educacionais vai implicar na adequação de metodologias, na adoção de novas formas de avaliação, de um novo enfoque de colher e analisar os resultados da experiência. As intervenções não são mais presenciais, mas a distância. Nesse sentido, os programas de formação deixam de ser prescritivos, normativos, distantes da realidade do cotidiano na sala de aula–laboratório. A observação da própria ação, do próprio trabalho, tanto do professor-aluno quanto do aluno-aprendiz, passa a constituir uma subjetividade mais comprometida com a realidade do cotidiano. O rompimento com os discursos genéricos prescritivos, abrindo campo para uma ação não linear do professor, o conduz para mediar a relação de interlocução e reflexão conjunta. As relações hierárquicas, no tradicional modelo ensino- aprendizagem piramidal, desaparecem, cedendo lugar a uma grande atividade interativa, fomentando e constituindo novas possibilidades comunicativas e práticas. É como se estivesse instalado um metaponto de vista com relação ao trabalho docente, uma vez que o professor permite um movimento reflexivo, afastando-o de sua própria ação pedagógica e passa a articular de maneira mais integrada. Os benefícios advindos desses investimentos e dessas rupturas vão sinalizar maior coesão, e maior vinculação ao novo trabalho do professor, articulando teoria- prática e reconfigurando de fato suas bases cognitivas. 31 A possibilidade de trocar informações, transformar e auto-organizar novas análises de dados e as demandas postas pelos usuários dos ambientes telemáticos vai constituir o que se denomina “Mente Coletiva”, cuja configuração preserva a singularidade de seus componentes e necessita de todo um trabalho de produção individual na transformação de suas análises e de sua própria prática docente. Cabe ressaltar que as relações todo-parte são complexas, visto que basta um participante para a formação dessa Mente Coletiva, mas, nem por isso, pode deixar-se formatar inteiramente por ela, mantendo sua diferenciação e um caminho altamente personalizado. A análise de resultados desse curso mapeou os movimentos da ação/trabalho docente, destacando os seguintes pontos: descrição da ação do outro; descrição da própria ação, considerando a docência na situação empírica; análise da própria ação à luz da teoria; análise da prática docente, a partir da teoria, mas apenas justapondo-a à prática; análise do sistema educacional com compromisso pessoal. Esses pontos demonstraram uma ressignificação da docência naquele laboratório. Apenas um ponto, referente à análise global do sistema educacional, sem o compromisso pessoal do docente, foi irrelevante neste contexto analisado. Certas relações muito fundamentais, em um passado próximo, comum à maioria das culturas, estão agora se dissolvendo ou perdendo o significado. Anteriormente correlacionava-se a idade ao conhecimento, ou seja, “os velhos sabem mais”, sendo que o termo “velho” corresponde a “sábio”. Com as mutações culturais e com o gigantesco volume de informações crescentes, essas relações tornaram-se inválidas, parcialmente, e passíveis de confusões na educação e no próprio processo de transmissão da cultura. A esta altura, é conveniente abordar o desenvolvimento das tecnologias educacionais autênticas, que se fundamentam em trabalho de pesquisa científica. A tecnologia educacional autêntica passa a ser um desafio para o professor- aluno. Esse deve empregar os recursos midiatizados para a construção do seu processo de ensino-aprendizagem, aliado ao pensar e fazer. A maioria dos professores e alunos que utilizam os recursos de informação, tais como Internet, multimídia, educação à distância, não têm disciplinado seus 32 programas acadêmicos, demonstrando que a área de tecnologia educacional necessita de uma nova base conceitual. O professor, frente a essas questões, aprende e reaprende, para transmitir e atuar no contexto educacional de forma efetiva e eficaz. Ele deve encarar a aprendizagem através dos meios eletrônicos, usando métodos instrucionais e conhecendo as tarefas sustentadas por uma estrutura instrucional.Nesse contexto, aparece a moderna teoria da motivação, denominada “controle de expectativas” e, nesse ponto, o professor terá que se precaver, ao interferir nas regras de navegação da Internet e da educação a distância, para não correr o risco de introduzir falhas onerosas e prejudiciais ao processo formativo. Entre benefícios, conquistas e desafios, o professor da sociedade pós- industrial deve incorporar, de certo modo, tecnologias autênticas para selecionar, traduzir e resolver problemas, projetando e aplicando soluções culturalmente mais apropriadas na área educacional. Procedimentos tecnológicos são necessários para resolver esses novos problemas, até então distantes da formação docente tradicional. A tecnologia educacional no contexto social Por apresentar-se “em” e “para” um mundo globalizado, esta linguagem tecnológica não se apresenta de forma neutra, visto que sofre influências das leis de mercado e da sociedade à qual se insere. Torna-se, pois, necessário descobrir a serviço de quem estaria a presença da tecnologia digital no campo educacional, observando, conforme FRADE (2001, p.60), que está se torna objeto de luta política em torno da regulação, conteúdo e formato, já que procura atender um mercado, e, por isso mesmo, torna-se vulnerável às exigências deste. ARRUDA, nos diz que as tecnologias digitais e seus significados se apresentam para a sociedade contemporânea constituídas por relações de poder que se circunscrevem no sistema produtivo hegemônico, tornando-se, pois, indispensável repensar as relações de trabalho aí produzidas, inclusive no meio educacional. Como se vê, mostra-se indispensável uma melhor identificação das 33 funções da tecnologia no campo educativo, bem como dos mecanismos aí utilizados. Segundo LÉVY (1999), o desenvolvimento das tecnologias digitais apresenta- se como produto do espírito de visionários movidos pela “efervescência de movimentos sociais e de práticas de base”, onde o crescimento da cibercultura resulta de uma sociabilidade comunicativa que busca a emancipação e exaltação do humano, e o “universal significa a presença virtual da humanidade para si mesma”. Na cibercultura, o saber se constrói pela real interação entre os sujeitos envolvidos, e a internet apresenta-se como sendo um agente capaz de democratizar a informação e possibilitar a defesa de interesses de grupos de baixa expressividade social. A internet caracteriza-se por ser um polo de construção e partilha do saber coletivo, permitindo a valorização de competências e uma pluralidade prática de conhecimentos. A realidade brasileira, entretanto, mostra que a educação digital/tecnológica está estreitamente ligada a um processo de inclusão/exclusão social, visto que são poucos os que têm como dominar e utilizar essa “cyberlinguagem” (manutenção do status quo). FREIRE E GUIMARÃES (1982, p.83), problematizam esta questão ao afirmarem que seu uso, trata-se, de uma “experiência de classe, indiscutivelmente”; apesar de encontrarmos respaldo na política governamental, através das diretrizes curriculares nacionais, para a sua utilização desde a educação infantil. A compreensão da linguagem tecnológica enquanto linguagem educativa, e desta como um meio para o exercício da cidadania -uma vez que se apresenta como função de inserção social- torna-se condição necessária para que esta -a cyberlinguagem possa assumir uma posição científica, e não meramente instrumental, perante a produção social do conhecimento. Quem detém o saber no espaço cibernético é a própria sociedade, que se apresenta viva e cooperativa numa relação de interações informacionais, ampliando- se, em busca da afirmação de sua própria identidade: “sociedade do conhecimento/da informação. A tecnologia educacional deve, pois, buscar a emancipação dos sujeitos educandos enquanto seres humanos, classe ou como indivíduos, buscando articular 34 noções de tempo, espaço, comunicação, expressão, natureza, cidadania, saúde, linguagens, política, economia e cultura no processo construtor do conhecimento. A verdadeira essência da tecnologia educacional encontra-se na sua capacidade de desenvolvimento e partilha de saberes através de atividades cooperativas e coletivas, possibilitando, assim, uma verdadeira gestão social do conhecimento. Torna-se mister, então, a interação entre as diversas áreas do conhecimento e aspectos da vida cidadã para uma efetiva e íntegra constituição de valores sociais pela tecnologia educacional. A tecnologia educacional na prática e formação de docentes A grande expansão dos recursos tecnológicos, bem como sua crescente acessibilidade, contribui para a presença de uma “cyberlinguagem” no campo educacional, representada por produtos determinados como “educativos”, sobretudo, sites e cdroms. ARRUDA (2004, p.113-127), fala da fetichização das novas tecnologias presentes em nossos dias, sobretudo o computador e a internet, onde o produto do homem ganhou vida própria em sua superioridade racional sobre o ser humano, uma vez que seus objetos são lógicos. Entretanto, tais recursos necessitam de uma análise e posterior distinção quanto aos seus reais pressupostos pedagógicos. Para uma efetiva e positiva integralização da “cyberlinguagem” ao contexto educacional, esta deve deixar de lado o aspecto instrumental e assumir uma posição “científica”, apta a atender as demandas educacionais, visto que o central é a aprendizagem. Diante desse fato surge a necessidade de se preparar o educador, para que este, de forma ética e consciente, saiba fazer uso dessa nova linguagem e possa aplicá-la de maneira correta ao processo educativo, pois, conforme LÉVY (1999, p.238): não basta estar na frente de uma tela, munido de todas as interfaces amigáveis que se possa pensar, para superar uma situação de inferioridade. É preciso antes de mais nada estar em condições de participar ativamente dos processos de inteligências coletiva que representam o principal interesse do ciberespaço. 35 Os professores devem conceber os espaços digitais como sendo uma extensão do espaço físico e conceitual criados até agora para a escola, diferenciando-se desta por não ser um lugar, mas sim, um processo dinâmico e interativo do conhecimento, onde a escrita, conforme diz LÉVY (1993, p.89): “permite uma forma de comunicação totalmente nova, através dela pela primeira vez os discursos podem ser separados das circunstâncias particulares em que foram produzidos”. Entretanto, a concepção de aprendizagem pela tecnologia educacional deve estar arraigada a bases epistemológicas que forneçam o suporte necessário às práticas educativas. A Lei de Diretrizes e Bases Nacionais n° 9394/96, com o objetivo de proporcionar conhecimentos tecnológicos úteis à integração dos alunos de ensino básico aos avanços tecnológicos pertinentes à atual sociedade, diz: Seção III Do Ensino Fundamental Artigo 32 – O ensino fundamental, com duração de oito anos, obrigatório e gratuito na escola pública, terá por objetivo a formação básica do cidadão mediante: (...) II – a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade. Como também o Conselho de Educação Básica se posiciona em relação ao uso da tecnologia educacional também para a Educação Infantil: Parecer CEB 022/98, MEC: ao reconhecer as crianças como seres íntegros, que aprendem a ser e conviver consigo próprias, com os demais e o meio ambiente de maneira articulada e gradual, as Propostas Pedagógicas das Instituições de Educação Infantil devem buscar a interação entre as diversas áreas de conhecimento e aspectos da vida cidadã, como conteúdos básicos para a constituição de conhecimentos e valores. Desta maneira, os conhecimentos sobre espaço, tempo, comunicação, expressão, a natureza e as pessoas devem estar articuladoscom os cuidados e a educação para a saúde, a sexualidade, a vida familiar e social, o meio ambiente, a cultura, as linguagens, a ciência e a tecnologia. O profissional docente deve, pois, estar apto a lidar com as especificidades do universo midiático, de modo a aplicar uma metodologia que englobe tecnologia e educação, através de um processo de comunicação educativa que busque privilegiar a interação do educando com o processo construtor do conhecimento. O “fato” e o “ato” educativo estarão aí intrinsecamente ligados à concepção pedagógica 36 subjacente à formação/preparação do educador para o mesmo, como também o seu posicionamento frente às possibilidades e necessidades de seus alunos. Segundo OLIVEIRA NETTO (2005, p.22), o papel primordial do educador face às novas tecnologias educacionais é o de transformar sujeitos passivos em cidadãos ativos e críticos, através de uma postura de mediador, de supervisor e de consultor do educando, procurando, para isso, aliar a “inteligência artificial” e a “realidade virtual” a educação. Trata-se de um nível de realidade que não pode ser quantificado, visto que engloba significação de ações e relações educativas mediadas pela tecnologia. O computador serviria, neste caso, como um canal visualizador das construções mentais do aluno, ao mesmo tempo em que permitiria que seus erros se tornassem objeto de análise, aprendizagem e desenvolvimento, devido às possibilidades de construção, reformulação e interação dos mesmos. A função da tecnologia educacional deve ser, portanto, a de promover o desenvolvimento do homem enquanto ser social, e, para tanto, o educador deverá repensar a relação professor- aluno, de modo a torná-la uma relação mais educadora e oportunizadora de aprendizagem para ambos. A urgência do presente mundo globalizado em reconstruir as práticas didáticas pedagógicas através de um contexto tecnológico/midiático apóia-se no fato de que, ampliar a direção das práticas educacionais para além dos limites da escola e sala de aula tradicionais é ampliar a visão do processo educativo, bem como, também, ampliar e diversificar o público que se pretende atingir. A tecnologia educacional disponibiliza a possibilidade de exploração de recursos midiáticos em sala de aula (sites, cdroms, blogs, emails, etc), buscando otimizar e reelaborar o processo de aprendizagem através do desenvolvimento de outras linguagens (cyberlinguagem). ARRUDA (2004, p.124) fala que è necessário uma retomada das discussões sobre inovação e o trabalho do professor, visto que “o grande viés das discussões sobre a introdução de novas tecnologias na escola se dá na sua resistência em compreendê-las não como técnica ou equipamentos, mas como uma relação entre o homem e o seu projeto de mundo”. Esse fenômeno midiático torna a identidade do conhecimento socialmente construído submetido às apropriações e/ou desapropriações próprias do universo digital/virtual. A imagem do processo de ensino-aprendizagem tecnológicos está intimamente ligado ao poder que esta (tecnologia) exerce ou representa para a 37 sociedade à qual se insere o sujeito aprendiz, e, para tanto, é necessário que o educador tenha uma plena consciência dos significados existentes e dos significados a se construir pelos indivíduos aí envolvidos. É necessário que o docente tenha a sensibilidade de compreender o seu papel de formação humana e sociocultural, e, assim, não repasse aos seus aprendizes um discurso que reproduza as relações de poder que acabam por determinar o valor/prestígio da tecnologia enquanto ferramenta operacional para o processo educativo. A instituição escolar constitui-se num lugar privilegiado de construção de identidades, onde não só se realiza este papel construtivo, como também contribui para reproduzir o que já existe e é considerado natural. É consenso que a instituição escolar tem a obrigação de nortear as suas ações por um padrão, daí a preocupação em formar sujeitos de acordo com o que é imposto pela sociedade. Para tanto, se mostra de suma importância a sua postura frente à mesma: sua missão, sua trajetória e seus compromissos. A escola, enquanto instituição social, não pode ficar alienada à composição midiática do conhecimento na era da informação, precisando, pois, aprender, através de seus sujeitos, a trabalhar com o computador e todo o contexto à qual este se insere, bem como as relações aí produzidas. Para isso é preciso investir na constituição de competências tecnológicas de seus profissionais, para que os mesmos obtenham as habilidades necessárias ao exercício da informática. A tecnologia educacional, enquanto linguagem, não deve ser usada para uma naturalização global, através da negação das diferenças, diversidades e especificidades culturais, procurando impor os valores construídos por uma classe dominante. Antes, deve possibilitar o questionamento dos sujeitos educandos diante de todo o processo e contingências sociais que os afirmam como cidadãos, através de uma prática educativa não excludente. Experienciar a educação através dos múltiplos meios semióticos proporcionados pelo universo midiático, implica em uma ressignificação da mesma tanto pelo docente quanto pelo discente, e, por conseguinte, nas relações por estes estabelecidas. A visão do universo educacional deve se ampliar para uma visão que contemple a integração da gestão do conhecimento social, buscando uma formação qualitativa para docentes e discentes, através de uma linguagem tecnológica 38 educativa, capaz de contribuir ao processo de formação e/ou transformação da realidade. A formação do educador deve buscar uma proximidade com as tecnologias atuais, tentando aliar informação e comunicação ao ato educativo. O uso da informática, através do computador, está previsto nos cursos de formação de professores (licenciaturas e normal superior), através do artigo 2°, inciso III da Resolução CP n°1, de 30 de setembro de 1999, buscando integrar as características próprias da sociedade da informação e de comunicação ao processo de formação docente: Art.2°- Visando assegurar a especificidade e o caráter orgânico do processo de formação profissional, os institutos superiores de educação terão projeto institucional próprio de formação de professores, que articule os projetos pedagógicos dos cursos e integre: I – as diferentes áreas de fundamentos da educação básica; II – os conteúdos curriculares da educação básica; III – as características da sociedade de comunicação e informação. O poder de interação propiciado pela tecnologia educacional não está fundamentado nas tecnologias, mas sim, na mente, reflexão e ação dos docentes frente a todo este novo aparato educacional. Para tanto, torna-se necessário que os mesmos saibam gerenciar o processo de aprendizagem propiciado pelas redes digitais, já que os mesmos são os facilitadores e mediadores deste novo paradigma educacional, conforme KRAMER (1993, p.192): “Se se pretende de fato qualificar professores, há que se ampliar os seus conhecimentos. Há que se forjar a sua paixão pelo conhecimento. Pois quem além do ser humano conhece? Quem além dele cria linguagem e nela se cria?” Entretanto, apesar de previsto e amparado pela lei educacional, o desenvolvimento de habilidades tecnológicas na formação docente não é algo que faça parte, explicitamente, do currículo em ação nas IES. E, é essa formação que irá possibilitar, ou não, uma atitude ética, coerente e reflexiva dos mesmos perante as novas tecnologias e o processo de ensino e aprendizagem. 39 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARRUDA, Eucídio Pimenta. Ciberprofessor- novas tecnologias, ensino e trabalho docente. Belo Horizonte: Autêntica/FCH-FUMEC, 2004. BATESON, Gregory. Passos hacia una ecología de la mente. Buenos Aires: Editorial Planeta, 1981. CARVALHO, Heitor Garcia de. Informática e desempenho.
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