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Lesão medular traumática Karina A. M. Utida Saúde do Adulto II "Dano à medula espinhal que temporariamente ou permanentemente causa mudanças em sua função." TRAUMÁTICA NÃO TRAUMÁTICA Acidente automobilístico, queda, lesão esportiva ou violência... Processo de doença aguda ou crônica, como um tumor, infecção ou doença degenerativa do disco... VASCULARIZAÇÃO Cada região segmentar da medula espinhal (parte c) inerva uma região específica da pele (parte d), músculo (parte e) ou grupo de órgãos. Danos à medula espinhal podem resultar na perda parcial ou total da função abaixo do nível da lesão. LM traumática: INSULTO PRIMÁRIO Dano às células e início de uma cascata de lesão secundária complexa INSULTO SECUNDÁRIO Produz ciclicamente a morte de neurônios e células da glia, isquemia e inflamação RESPOSTA AOS DANOS Mudanças na organização e arquitetura estrutural da medula espinhal, incluindo a formação de uma cicatriz glial e cavidades císticas. cicatriz glial + cavidades císticas + remielinização endógena pobre + recrescimento axonal POBRE POTENCIAL DE RECUPERAÇÃO EPIDEMIOLOGIA A LM traumática ocorre mais comumente em homens (79,8%) do que em mulheres (20,2%) O perfil etário dos indivíduos com lesão medular traumática tem um pico entre 15 e 29 anos de idade e em pessoas com idade> 50 anos Na América do Norte: acidentes de trânsito foram responsáveis por 38% das LM traumáticas entre 2010 e 2014. As quedas são normalmente a segunda causa mais comum e foram responsáveis por 31% das lesões entre 2010 e 2014, seguidas por lesões relacionadas a esportes, que respondem por 10–17% MORTALIDADE Aguda intra-hospitalar 4-17% No primeiro ano após lesão 3,8% No segundo ano após lesão 1,6% Aumenta o risco de mortalidade lesões mais graves lesões mais altas idade presença de traumas multissistêmicos traumas de alta energia A expectativa de vida após lesão medular para um indivíduo de 40 anos de idade é reduzida para 23 anos após lesão do nível cervical 5 (C5-C8), 20 anos após lesão de C1-C4 e 8,5 anos se for dependente de ventilador. FISIOPATOLOGIA primárias secundárias Lesões: aguda <48 h subaguda 48h - 14 d intermediária 14d - 6m crônica > 6m Fases: FISIOPATOLOGIA: FASE AGUDA LESÃO PRIMÁRIA: ruptura mecânica imediata lesão de neurônios e oligodendrócitos interrupção da vascularização LESÃO SECUNDÁRIA: edema, hemorragia, isquemia, infiltração de células inflamatórias, liberação de produtos citotóxicos e morte celular leva à necrose e/ou apoptose de neurônios e células gliais, como os oligodendrócitos, que podem levar à desmielinização e à perda dos circuitos neurais FISIOPATOLOGIA: FASE SUBAGUDA isquemia adicional devido ao edema em curso trombose vasoespasmo infiltração persistente de células inflamatórias ↗ morte celular adicional ↗ formação de microcavidades císticas os astrócitos proliferam e depositam moléculas da matriz extracelular na área perilesional. FISIOPATOLOGIA: FASES INTERMEDIÁRIA E CRÔNICA os axônios continuam a degenerar a cicatriz astroglial amadurece para se tornar um potente inibidor da regeneração cavidades císticas se unem para restringir ainda mais o recrescimento axonal e a migração celular FISIOPATOLOGIA CAVIDADES CÍSTICAS Resultado da perda de volume do tecido; um vácuo que contêm fluido extracelular, finas faixas de tecido conjuntivo e macrófagos. Impedem o recrescimento axonal CICATRIZ GLIAL Uma zona perilesional em torno das cavidades císticas, na qual os astrócitos reativos proliferam e entrelaçam seus processos, criando uma matriz inibitória em forma de malha. Impedem o recrescimento axonal TENTATIVAS ENDÓGENAS DE REPARO Os neurônios do SNC exibem plasticidade anatômica e sináptica, o que pode contribuir para a recuperação funcional contínua por anos após a lesão MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Dependendo do nível da lesão, pode levar ao comprometimento da função respiratória (incluindo hipercapnia, hipoxemia e baixa eliminação de secreção. Dependem do nível de lesão neurológica e da quantidade de tecido medular preservado. A LM pode resultar na perda parcial ou total da função sensório-motora abaixo do nível da lesão. FRÊNICO - C3-C5 N. PEITORAL MEDIAL E LATERAL - C5-T1 SEGMENTOS TORÁCICOS Podem também afetar o sistema nervoso simpático, já que neurônios simpáticos pré-ganglionares se originam na medula espinhal, entre T1 e L2. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Lesões na medula cervical e torácica alta podem interromper o fluxo simpático (linha azul) para o coração e o sistema vascular periférico. Como resultado, a inervação parassimpática para o coração predomina em pacientes com lesões cervicais e torácicas superiores, o que causa bradicardia e diminuição do débito cardíaco. Isso é ainda agravado pela perda do tônus muscular e vascular periférico, que promove uma redistribuição do sangue para a periferia com redução do retorno venoso. Consequentemente, os pacientes costumam apresentar sintomas hipotensivos, principalmente com esforço ou posição ereta. O desequilíbrio parassimpático-simpático também pode permitir a estimulação simpática espinhal reflexa não controlada como consequência de gatilhos nocivos (como distensão da bexiga ou úlceras de pressão), que leva à vasoconstrição periférica súbita e hipertensão aguda. Como resposta, o fluxo parassimpático acima do nível da lesão aumenta, levando à vasodilatação, dores de cabeça, sudorese e congestão sinusal. Esta perigosa síndrome aguda é conhecida como disreflexia autonômica. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS CHOQUE ESPINHAL Um estado clínico temporário de paralisia flácida pós-LM, incluindo a perda da função motora, sensorial, autonômica e reflexa no nível ou abaixo do nível da lesão. CHOQUE NEUROGÊNICO Um estado hipotensivo causado pela perda do fluxo simpático. DIAGNÓSTICO Raios-X simples, tomografia computadorizada e ressonância magnética são as ferramentas radiológicas mais comumente usadas na investigação de danos à coluna vertebral e LM. CLASSIFICAÇÃO DO NÍVEL NEUROLÓGICO pontuação motora da American Spinal Injury Association (ASIA) (miótomos), pontuação sensorial ASIA (dermátomos de C2 a S4 ou S5) grau de deficiência da Escala de Deficiência da ASIA - varia de A a E Padrões Internacionais de Classificação Neurológica de Lesões da Medula Espinhal (ISNCSCI): SÍNDROMES MEDULARES Decorrentes de lesões INCOMPLETAS da medula espinhal. Síndromes são padrões de apresentação clínica SÍNDROMES MEDULARES Síndrome centro-medular A síndrome de LM incompleta mais comum Responsável por 15–25% das LM traumáticas Comum em idosos com espondilose cervical pré- existente e estenose que se manifestam após uma queda que resulta em hiperextensão cervical Caracterizada por comprometimento motor desproporcional dos membros superiores e membros inferiores, além de disfunção da bexiga e vários graus de perda sensorial. Síndrome de Brown-Séquard A mais comumente observada em indivíduos com LM traumática penetrante, secundária a ferimentos por arma de fogo e faca. Caracterizada por perda da função motora, toque leve, propriocepção e sensação de vibração ipsilateral à lesão e perda da sensação de dor e temperatura contralateral à lesão. SÍNDROMES MEDULARES Síndromes Anterior e Posterior Síndrome medular anterior: resulta em paralisia motora completa devido a dano ao trato corticoespinhal, perda de dor e sensação de temperatura secundária a dano do trato espinotalâmico, mas preservação da sensação de toque leve e propriocepção. Síndrome medular posterior: resulta no inverso, com perda do toque leve e da propriocepção, mas preservação da função motora e sensação de dor e/ou temperatura. SÍNDROMES MEDULARES A recuperação neurológica em pacientes com LM é tipicamente observada nos primeiros 6 meses após a lesão, mas melhorias contínuas podem ser vistas até 5 anos depois. da gravidade inicial da lesão lesões torácicas (principalmente completas) estão associadas a um potencial reduzido de recuperação motorapacientes com lesões grau A da ASIA Impairment Scale geralmente têm uma probabilidade <5% de andar 1 ano após a lesão, independentemente do nível neurológico da lesão O prognóstico para a recuperação neurológica é variável e depende: PROGNÓSTICO AHUJA, Christopher S. et al. Traumatic spinal cord injury. Nature reviews Disease primers, v. 3, n. 1, p. 1-21, 2017.
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