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Apostila - Conceitos do Mercado de Ações(2)

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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 4
CAPÍTULO 1 - CONCEITOS DO MERCADO DE AÇÕES 4
1.1 Introdução 4
1.2. Governança Corporativa 8
1.3. Abertura de Capital das Empresas - IPO 14
1.4. Como se ganha dinheiro no mercado de ações? 16
1.5. Eventos sobre ações 17
1.6. Participantes do Mercado de Ações 19
1.7. Funcionamento da Bolsa 23
1.8. Tributação no Mercado de Ações 23
1.9. Índices de Ações 24
1.10. Gerenciamento de Riscos 27
1.12. Aluguel de Ações 30
CAPÍTULO 2 - PRINCIPAIS SETORES DA BOLSA BRASILEIRA 31
2.1. Alimentos e Bebidas 31
2.2. Setor de Bebidas - Ambev 34
2.3. Setor Financeiro 36
2.4. Petróleo e Gás 41
2.5. Setor de Varejo 46
2.6. Energia Elétrica 49
2.7. Setor Imobiliário 52
2.8. Mineração 55
CAPÍTULO 3 - RISCO NO MERCADO DE AÇÕES 59
3.1. Risco de um Investimento 59
3.2. Coeficiente de Variação 63
3.3. Distribuição Normal dos Retornos 66
3.4. Risco de uma carteira de ativos - Introdução à Teoria de Markowitz 69
3.5. Risco e Retorno em Carteiras de Ativos com Correlação 73
3.6. Inserindo um ativo livre de risco na carteira 76
3.7. Carteiras com mais de dois ativos 78
3.8. Cálculo no Excel 80
3.9. Otimizando a carteira com o Solver 83
3.10. Risco sistemático e não sistemático 86
3.11. Carteira eficiente e Fronteira eficiente 87
3.12. Capital Assets Pricing Model (CAPM) - Introdução 89
3.13. Risco relativo: o Beta 90
3.14. Utilizando o Beta no modelo do CAPM 92
3.15. CAPM: Perspectiva do Investidor Estrangeiro 93
3.16. Retorno esperado da carteira 94
3.17. Medidas de Desempenho da Carteira 95
3.18. Value at Risk (Valor em Risco) 96
3.19. Riscos Operacionais e de Liquidez 98
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA 99
CONCEITOS DO MERCADO DE AÇÕES
André Moraes, Karel Luketic e Marcos Piellusch 4
INTRODUÇÃO
Caro aluno, seja bem-vindo à disciplina Conceitos do Mercado de Ações. Essa é uma disciplina 
introdutória ao módulo sobre ações, e lhe dará subsídios para as disciplinas subsequentes, nas 
quais veremos Análise Fundamentalista e Avaliação de Ações e Análise Técnica. 
Nessa primeira disciplina, veremos, inicialmente, os principais conceitos ligados à dinâmica do 
mercado de ações, seus principais eventos e participantes, e a infraestrutura que garante a esse 
mercado seu adequado funcionamento. 
Na sequência, teremos um panorama dos principais setores de empresas com ações 
listadas na bolsa brasileira, suas características, as ações mais importantes e a quais fatores 
macroeconômicos e políticos esses setores estão mais sujeitos.
Finalmente, veremos ainda outro conceito importante para compreender o mercado de ações, o 
risco. Conheceremos as principais teorias sobre a relação entre risco e retorno em uma carteira 
de ações, as quais constituem a base da chamada Moderna Teoria de Finanças. 
CAPÍTULO 1 - CONCEITOS DO MERCADO DE AÇÕES
Nesta primeira unidade, estudaremos o funcionamento do mercado de ações. Os principais 
temas abordados serão: o que é uma ação; tipos de ações; código das ações; governança 
corporativa; segmentos especiais da B3; abertura de capital de uma empresa (IPO); como 
funciona o mercado de ações; o que significa Abertura de Capital e quais os processos para 
essa abertura; tipos de oferta de ações; como posso participar de uma oferta pública de ações; 
remuneração dos acionistas; valorização da cotação, dividendos e juros sobre capital próprio; 
eventos sobre ações; split e inplit; direitos dos acionistas; bonificação e subscrição.
1.1 Introdução
1.1.1. O que é uma ação?
Ação é a menor parcela do capital social das companhias ou sociedades por ações. É, portanto, 
um título patrimonial e, como tal, concede aos seus titulares, os acionistas, todos os direitos e 
deveres de um sócio, no limite das ações possuídas.
A ação é um valor mobiliário, expressamente previsto em lei. No entanto, apesar de todas as 
companhias ou sociedades por ações terem o seu capital dividido em ações, somente as ações 
emitidas por companhias registradas na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), as chamadas 
companhias abertas, podem ser negociadas publicamente no mercado de valores mobiliários.
CONCEITOS DO MERCADO DE AÇÕES
André Moraes, Karel Luketic e Marcos Piellusch5
Atualmente, as ações são predominantemente escriturais, sem emissão de certificado físico, 
mantidas em contas de depósito, em nome dos titulares e em instituição contratada pela 
companhia para a prestação desse serviço, em que a propriedade é comprovada através 
de extrato de posição acionária. As ações devem ser sempre nominativas, não mais sendo 
permitida, desde 1990, a emissão e a negociação de ações ao portador ou endossáveis.
O “tamanho da ação”, ou seja, o percentual societário na empresa ao qual ela corresponde, 
depende do número de ações emitidas pela companhia. Se uma empresa emitiu 100 ações e 
elas correspondem a 100% do capital social, então, cada ação representa 1% do patrimônio da 
companhia. 
1.1.2. Código das Ações
As ações negociadas em bolsa são representadas por códigos, também conhecidos no 
mercado como “ticker”. É por meio deles que são feitas as negociações. A formulação desses 
códigos é feita com base em um padrão de números e letras que ajudam a identificar a 
empresa e o tipo de ação correspondente ao código. 
Os códigos das ações são compostos por quatro letras e um número. As quatro letras, 
geralmente, fazem referência ao nome da companhia emissora. Por exemplo, ações da 
Petrobras são negociadas sob o código “PETR”, e ações da Vale têm o código “VALE”. Há casos 
em que não há uma referência direta. As ações da empresa de alimentos Minerva, por exemplo, 
têm como código “BEEF”.
Os números indicam os diferentes tipos de papel, a saber: ações ordinárias, preferenciais, 
preferenciais classe A, preferenciais classe B, BDRs, ETFs e units. O quadro a seguir contém 
exemplos de códigos de ações:
Código Tipo Exemplo Companhia
3 Ordinárias VALE3 Vale
4 Preferenciais GGBR4 Gerdau
5 Preferenciais Classe A USIM5 Usiminas
6 Preferenciais Classe B ELET6 Eletrobras
11 BRDs, ETFs e Unites SANB11 Santander
1.1.3. Tipos de Ações Diferenciadas por Níveis
Ações Ordinárias (ON)
O detentor dessas ações tem direito a comparecer às assembleias da companhia e votar 
assuntos de seu interesse. O voto do investidor, no entanto, terá peso diretamente proporcional 
ao poder acionário que ele tiver. As ações ordinárias têm o número 3 no código. Exemplos: 
CONCEITOS DO MERCADO DE AÇÕES
André Moraes, Karel Luketic e Marcos Piellusch 6
PETR3, VALE3, etc.
Ações Preferenciais (PN)
Este tipo de ação dá a seu detentor preferência no recebimento dos proventos, ou no reembolso 
do capital em caso de liquidação da companhia. As ações preferenciais, via de regra, não dão ao 
acionista direito a voto em assembleia. 
Há ainda uma subdivisão das ações preferenciais entre preferencial classe A (PNA) e 
preferencial classe B (PNB). As diferenças entre esses dois tipos de ações variam de empresa 
para empresa. Geralmente, ações PNA possuem certas vantagens, mas as características que 
distinguem uma ação PNA de uma PNB variam de acordo com o que é definido no estatuto da 
companhia. 
Ações Unit (UNT)
As ações unit são certificados de depósitos em ações. Reúnem uma quantidade de ações PN e 
ON em um mesmo ativo. Exemplo: SANB11, units do banco Santander.
BDR
O Brazilian Depositary Receipt (BDR), ou certificado de depósito de valores mobiliários, é um 
valor mobiliário emitido no Brasil que representa outro valor mobiliário emitido por companhias 
abertas (ou assemelhadas) com sede no exterior. A instituição que emite o BDR no Brasil é 
chamada de instituição depositária.
Esses ativos são regulamentados pela Instrução CVM 332/2000, que os classifica nos níveis 
I, II e III. Os níveis são definidos conforme as características de divulgação de informações, 
distribuição e negociação, e a existência, ou não, de patrocínio das empresas emissoras dos 
valores mobiliários objeto do certificado de depósito.
Há três tipos de instituições envolvidas na emissão de um BDR no mercado de açõesbrasileiro. 
A instituição custodiante tem sede no país em que são negociados os valores mobiliários, e é 
autorizada por um órgão fiscalizador do mercado (similar à CVM, no Brasil) a prestar serviço de 
custódia. A instituição depositária é aquela que emite, no Brasil, o correspondente certificado 
de depósito, com base nos valores mobiliários custodiados no exterior. Há ainda a empresa 
patrocinadora, companhia aberta com sede no exterior, emissora dos valores mobiliários objeto 
do BDR. 
A instituição depositária adquire, no exterior, ações de uma companhia emissora e os mantém 
em conta de custódia. Em seguida, registra na CVM um programa para distribuição dos BDR, 
certificados de ações que, embora negociados no Brasil, representam ações de uma empresa 
no exterior. 
Os programas de emissão de BDRs podem ser patrocinados ou não-patrocinados. O 
CONCEITOS DO MERCADO DE AÇÕES
André Moraes, Karel Luketic e Marcos Piellusch7
programa de BDR patrocinado é instituído por uma única instituição depositária, contratada 
pela própria companhia emissora dos valores mobiliários objeto do certificado. Já o programa 
não patrocinado é o instituído pela instituição depositária sem um acordo com a companhia 
estrangeira emissora. 
BDRs Nível I
Os BDRs Patrocinados Nível I são dispensados do registro de companhia na CVM, e podem ser 
negociados apenas em mercados de balcão não organizado, ou em segmentos específicos de 
BDRs Nível I em mercados de balcão organizado ou bolsa de valores. 
A instituição depositária deve divulgar, no Brasil, todas as informações que a companhia 
emissora é obrigada a divulgar em seu país de origem, além de fatos relevantes e 
comunicações ao mercado; aviso de disponibilização das demonstrações financeiras no 
país de origem; editais de convocação de assembleias; avisos aos acionistas; deliberações 
das assembleias de acionistas e das reuniões do conselho de administração, ou de órgãos 
societários com funções equivalentes, de acordo com a legislação vigente no país de origem; 
e demonstrações financeiras da companhia, sem necessidade de conversão em reais ou de 
conciliação com as normas contábeis em vigor no Brasil.
Os BDRs Patrocinados Nível I só podem ser adquiridos no Brasil por instituições financeiras, 
fundos de investimento, administradores de carteira e consultores de valores mobiliários 
autorizados pela CVM (em relação aos seus próprios recursos), entidades fechadas de 
previdência complementar, empregados de empresa patrocinadora ou de outra empresa 
integrante do mesmo grupo econômico ou investidores pessoas físicas e jurídicas que sejam, 
no mínimo, investidores qualificados (acima de R$ 1 milhão em investimentos, e que atestem 
essa condição por escrito).
Os BDRs Não Patrocinados só admitem negociação nos moldes do BDR Patrocinado Nível I.
BDRs Níveis II e III
Os BDRs patrocinados níveis II e III exigem registro da companhia emissora na CVM. Eles 
podem ser negociados em mercados de balcão organizado ou bolsa de valores. A diferença 
entre eles é que o BDR patrocinado nível III é registrado na hipótese de distribuição pública 
simultânea no exterior e no Brasil.
Há outra maneira de subdividir os tipos de ações, de acordo com critérios de liquidez e porte 
das empresas emissoras:
Ações Blue Chips, ou de Primeira Linha
As ações conhecidas como “blue chips” têm grande liquidez, ou seja, são negociadas 
diariamente na bolsa em grande volume. Um investidor que as detenha em carteira e deseje 
vendê-las a mercado consegue fazer isso com facilidade. Em geral, as ações blue chips são 
emitidas por empresas tradicionais, de grande porte, presentes em todo o país e com excelente 
reputação.
CONCEITOS DO MERCADO DE AÇÕES
André Moraes, Karel Luketic e Marcos Piellusch 8
Ações de segunda linha
São papéis com uma liquidez um pouco menor, emitidos por empresas de boa qualidade, em 
geral, de grande e médio porte. 
Ações de terceira linha
São ações com pouca liquidez, geralmente emitidas por companhias de pequeno e médio porte.
1.2. Governança Corporativa
Veremos adiante que outra possível divisão de ações em categorias diz respeito ao nível de 
governança corporativa das empresas emissoras. Cabe, no entanto, conceituar esse termo 
apropriadamente.
Governança corporativa é o sistema pelo qual as empresas e demais organizações são 
dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre sócios, conselho de 
administração, diretoria, órgãos de fiscalização e controle e demais partes interessadas.
As boas práticas de governança corporativa convertem princípios básicos em recomendações 
objetivas, alinhando interesses com a finalidade de preservar e otimizar o valor econômico de 
longo prazo da organização, facilitando seu acesso a recursos e contribuindo para a qualidade 
da gestão da organização, sua longevidade e o bem comum.
A necessidade de se criar um sistema e uma teoria acerca da governança corporativa nas 
empresas tem sua origem em uma série de conflitos nas sociedades de propriedade dispersa1, 
modelo comum nos Estados Unidos e na Inglaterra, e em divergências entre os interesses dos 
diversos sócios da companhia e os interesses dos gestores. 
Nota rodapé: 1 - As sociedades de controle disperso são empresas em que o controle não está 
concentrado nas mãos de poucas pessoas, como uma família, por exemplo. Essas companhias, 
geralmente têm ações negociadas em bolsa, havendo, portanto, um conjunto de vários sócios.
No Brasil, a necessidade de se pensar em modelos de governança aumentou, à medida que 
as empresas cresciam, se profissionalizavam e expandiam sua base de sócios, seja pela 
transmissão das companhias a herdeiros, seja pela entrada de novos investidores. 
Companhias com um sistema de governança robusto, que proteja todos os seus investidores, 
sobretudo os acionistas minoritários, que têm menos poder de influência sobre as decisões da 
companhia, tendem a ser mais valorizadas, porque os investidores reconhecem que o retorno 
dos investimentos será usufruído igualmente por todos.
1.2.1. Princípios de Governança
CONCEITOS DO MERCADO DE AÇÕES
André Moraes, Karel Luketic e Marcos Piellusch9
Ainda que existam normas impostas por instituições financiadoras, órgãos reguladores,
bolsas de valores e legislações, a adoção de grande parte das boas práticas de governança 
corporativa é voluntária, ou seja, cabe às empresas a decisão de incorporar ou não as 
recomendações elaboradas. 
Além disso, as recomendações de boas práticas desenvolvidas nacional e internacionalmente 
passaram a ser voltadas não apenas a empresas de propriedade dispersa, mas a empresas 
familiares e a organizações de naturezas diversas.
As recomendações dos diversos códigos de governança costumam basear-se em princípios. 
No Brasil, o código mais reconhecido é o Código das Melhores Práticas de Governança 
Corporativa do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), que se norteia por quatro 
princípios: transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa.
Transparência 
Consiste no desejo de disponibilizar para as partes interessadas as informações que sejam de 
seu interesse e não apenas aquelas impostas por disposições de leis ou regulamentos. Não 
deve restringir-se ao desempenho econômico-financeiro, contemplando também os demais 
fatores (inclusive intangíveis) que norteiam a ação gerencial e que condizem à preservação e à 
otimização do valor da organização.
Equidade 
Caracteriza-se pelo tratamento justo e isonômico de todos os sócios e demais partes 
interessadas (por exemplo, funcionários, gestores, gerentes, fornecedores, dentre outros), 
levando em consideração seus direitos, deveres, necessidades, interesses e expectativas. Nas 
empresas, independentemente das formas de controle e das características do controlador 
(estatal, familiar, institucional, etc.), é recomendável que haja tratamento equânime entre todos 
os cotistas, seja no conhecimento de informações importantes para a tomada de decisões,seja 
nos benefícios ao conjunto de partes interessadas.
Prestação de Contas (accountability) 
Os agentes de governança devem prestar contas de sua atuação de modo claro, conciso, 
compreensível e tempestivo, assumindo integralmente as consequências de seus atos e 
omissões e atuando com diligência e responsabilidade no âmbito dos seus papéis.
Responsabilidade Corporativa
Os agentes de governança devem zelar pela viabilidade econômico-financeira das organizações, 
reduzir as externalidades negativas de seus negócios e suas operações e aumentar as 
CONCEITOS DO MERCADO DE AÇÕES
André Moraes, Karel Luketic e Marcos Piellusch 10
positivas, levando em consideração, no seu modelo de negócios, os diversos capitais 
(financeiro, manufaturado, intelectual, humano, social, ambiental, reputacional, etc.) no curto, 
médio e longo prazos.
É natural que, dentro de empresas, os acionistas, principalmente os majoritários e investidores 
institucionais, influenciem a tomada de decisão do Conselheiro de Administração buscando a 
defesa de seus interesses na organização. Porém, o princípio da responsabilidade corporativa 
indica que o administrador deve tomar suas decisões sempre pensando na perenidade da 
empresa, preservando seu valor e os benefícios para todos os envolvidos com a organização.
1.2.2. Segmentos Especiais de Governança na B3
Há diferentes segmentos de listagem de ações na B3, a bolsa de valores brasileira, divididos 
com base em níveis de governança corporativa. Os segmentos de listagem são o Novo 
Mercado, Nível 2, Nível 1, Bovespa Mais e o Tradicional.
Os quatro primeiros segmentos prezam por regras de governança corporativa diferenciadas. 
Essas regras vão além das obrigações que as companhias têm perante a Lei das Sociedades 
por Ações (Lei das S.As.) e têm como objetivo melhorar a avaliação daquelas que decidem 
aderir, voluntariamente, a um desses segmentos de listagem. 
Além disso, tais regras atraem os investidores. Ao assegurar direitos aos acionistas, bem como 
dispor sobre a divulgação de informações aos participantes do mercado, os regulamentos 
visam à mitigação do risco de assimetria informacional.
Em ordem crescente de exigências quanto à adoção de boas práticas de governança, temos: 
Nível 1, Nível 2, Novo Mercado. O segmento Tradicional não conta com regras diferenciadas de 
governança corporativa. 
Novo Mercado
O Novo Mercado é o segmento de listagem na bolsa que tem as demandas mais rigorosas com 
relação às práticas de governança corporativa adotadas pelas empresas. A principal inovação 
do Novo Mercado, em relação à legislação, é a proibição de emissão de ações preferenciais. 
Resumidamente, a companhia aberta participante do Novo Mercado tem como obrigações 
adicionais:
• realização de ofertas públicas de colocação de ações por meio de mecanismos que 
favoreçam a dispersão do capital;
• manutenção em circulação (free float) de uma parcela mínima de ações representando 25% 
do capital;
• extensão para todos os acionistas das mesmas condições obtidas pelos controladores 
CONCEITOS DO MERCADO DE AÇÕES
André Moraes, Karel Luketic e Marcos Piellusch11
quando da venda do controle da companhia;
• estabelecimento de um mandato unificado de até dois anos para todo o Conselho de 
Administração;
• introdução de melhorias nas informações prestadas trimestralmente, entre as quais a 
exigência de consolidação e de revisão especial;
• obrigatoriedade de realização de uma oferta de compra de todas as ações em circulação, 
pelo valor econômico, nas hipóteses de fechamento do capital ou cancelamento do registro 
de negociação no Novo Mercado;
• cumprimento de regras de disclosure em negociações envolvendo ativos de emissão da 
companhia por parte de acionistas controladores ou administradores da empresa. 
Além de presentes no Regulamento de Listagem, alguns desses compromissos deverão ser 
aprovados em Assembleias Gerais e incluídos no estatuto social da companhia. Um contrato 
assinado entre a Bolsa e a empresa, com a participação de controladores e administradores, 
fortalece a exigibilidade do seu cumprimento. 
Nível 1
As empresas listadas nesse nível adotam práticas que favoreçam a transparência e o acesso 
às informações pelos investidores. Para isso, devem divulgar informações adicionaisàquelas 
exigidas por lei, como relatórios financeiros mais completos, informações sobre negociação 
feita por diretores, executivos e acionistas controladores e sobre operações com partes 
relacionadas;
As empresas também devem manter um free float mínimo de 25% (ou seja, pelo menos 25% 
das ações não devem estar nas mãos do grupo de controle da companhia, mas sim disponíveis 
para negociação no mercado). No caso de venda de controle da empresa, é assegurado aos 
detentores de ações preferenciais o direito de tag along, no mínimo, de 80% do preço pago pelas 
ações ordinárias do acionista controlador (para efeito de comparação, a legislação não exige 
tag along para ações preferenciais).
Nível 2
Neste segmento, as exigências são maiores do que no Nível 1. Além de todas as exigências do 
Nível 1, devem ser observadas:
• No caso de venda de controle da empresa, é assegurado aos detentores de todas as ações, 
preferenciais ou ordinárias, o direito de tag along de 100% do preço pago ao acionista 
controlador (para efeito de comparação, a legislação não exige tag along para ações 
preferenciais e para as ações ordinárias o valor mínimo é de 80%);
• As ações preferenciais ainda darão o direito de voto aos acionistas em situações críticas, 
como a aprovação de fusões e incorporações da empresa e contratos entre o acionista 
CONCEITOS DO MERCADO DE AÇÕES
André Moraes, Karel Luketic e Marcos Piellusch 12
controlador e a companhia, sempre que essas decisões estiverem sujeitas à aprovação na 
assembleia de acionistas.
Bovespa Mais
O Bovespa Mais é o segmento de listagem do mercado de balcão organizado administrado pela 
B3. Esse segmento foi criado para tornar o mercado acionário brasileiro acessível a um número 
maior de empresas. Em geral, as empresas listadas nesse nível são de pequeno e médio porte, 
que buscam crescer utilizando o mercado acionário como fonte de recursos. 
As empresas candidatas ao Bovespa Mais são as que desejam ingressar no mercado de 
capitais de forma gradativa. As ações dessas empresas costumam ter menos liquidez do que 
as de empresas listadas nos demais segmentos. No entanto, elas não deixam de ser atrativas 
aos investidores, sobretudo aos que buscam investimentos de médio e longo prazo com alto 
potencial de retorno, e que podem abrir mão da liquidez durante o período de investimento.
Considerando que as companhias listadas no Bovespa Mais têm o objetivo de se desenvolver 
no mercado acionário, desde sua listagem nesse segmento de acesso, as empresas adotam 
elevados padrões de governança corporativa.
O segmento de acesso Bovespa Mais serve para empresas cujas ofertas públicas buscam 
levantar até R$ 150 milhões em recursos. O segmento oferece às empresas pequenas e médias 
incentivos para que elas passem a negociar ações na bolsa. O Bovespa Mais tem custos 
reduzidos para a oferta de ações e a produção periódica de análises independentes é custeada 
pela própria B3.
O quadro abaixo, elaborado pela CVM e pela APIMEC para o livro Mercado de Valores 
Mobiliários Brasileiro resume as principais características de cada segmento de listagem da 
B3:
CONCEITOS DO MERCADO DE AÇÕES
André Moraes, Karel Luketic e Marcos Piellusch13
 
 
 
CONCEITOS DO MERCADO DE AÇÕES
André Moraes, Karel Luketic e Marcos Piellusch 14
1.3. Abertura de Capital das Empresas - IPO
Para que uma empresa possa ter ações negociadas em bolsa, ela precisa abrir o capital. 
Abertura de capital significa captar recursos por meio da inserção de “novos sócios” no capital 
social da companhia, que então aportam valores nesse capital social.
A legislação define como companhia aberta aquela que pode ter seus valores mobiliários 
negociados de forma pública, tais comoações, debêntures e notas promissórias. Em outras 
palavras, somente empresas que abriram o capital podem ter seus valores mobiliários 
negociados publicamente, por exemplo, em bolsa de valores.
Para que a empresa obtenha sua condição de Companhia Aberta, é necessário que sejam 
cumpridas as exigências legais e institucionais disciplinadas pela Lei nº 6404/76, e reformas 
societárias com subsequentes requerimentos de listagem da B3 e de registro de Companhia 
Aberta da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
O primeiro procedimento para a empresa abrir o capital é entrar com o pedido de registro 
de companhia aberta na CVM. É comum que, junto com esse pedido, as empresas também 
solicitem à CVM a autorização para realizar venda de ações ao público, tecnicamente conhecida 
como distribuição pública de ações. Por ser a primeira colocação pública de títulos da 
companhia, é chamada de Oferta Pública Inicial ou IPO (do inglês, Initial Public Offering).
Além do pedido de registro de companhia aberta e de oferta pública na CVM, a empresa 
deve solicitar também o pedido de listagem na Bolsa de Valores ou no Mercado de Balcão 
Organizado. É através deste pedido que ela vai ser autorizada pela bolsa a utilizar o ambiente de 
negociação e receberá o nome de pregão e o código pelo qual a ação será conhecida na bolsa. 
CONCEITOS DO MERCADO DE AÇÕES
André Moraes, Karel Luketic e Marcos Piellusch15
1.3.1. Principais razões para a abertura de capital
A abertura de capital é uma decisão importante para uma empresa, já que, por meio dessa 
operação, ela captará recursos ao aceitar novos sócios. As principais razões pelas quais uma 
empresa acessa o mercado de capitais dessa forma são:
• Financiar o negócio através da injeção de novo capital, seja para ampliações em suas 
operações, fusões e aquisições, atuação em outros mercados e regiões, lançamento de 
novos produtos, ou mesmo para a reestruturação financeira;
• Diluir o risco do negócio com mais participantes (sócios acionistas), que passam agora a 
fazer parte dos sucessos e insucessos da empresa;
• Aumentar a visibilidade de sua marca e produtos no mercado, já que, a partir da abertura 
de capital, a empresa passa a ser acompanhada por diversos públicos, como investidores, 
a mídia especializada em finanças, e os analistas de ações, que farão a “cobertura” da ação, 
avaliando a empresa para emitir recomendações aos investidores;
• Como efeito “secundário”, aumentar sua gestão do negócio, uma vez que terá que seguir 
regras (CVM, B3, etc) e terá que prestar contas periódicas a seus novos sócios (acionistas).
1.3.2. Tipos de ofertas públicas
IPO e Follow On
Quando a empresa está realizando a sua primeira oferta pública, ou seja, quando está abrindo 
o seu capital, a oferta recebe o nome de oferta pública inicial ou IPO (do inglês Initial Public 
Offering). Quando a companhia já tem o capital aberto e já realizou a sua primeira oferta 
anteriormente, as emissões são conhecidas como ofertas subsequentes ou, no termo em 
inglês, follow on.
Oferta Primária e Oferta Secundária
Quando a empresa vende títulos novos, operação conhecida como “emissão de ações”, 
os recursos dessa venda são destinados ao caixa da empresa e as ofertas são chamadas 
de primárias, constituindo um aumento de capital social. Neste caso, os recursos serão 
utilizados pela própria companhia para, por exemplo, ampliar seus negócios, criar novas 
unidades de negócio ou mudar seu perfil de endividamento. 
Já as ofertas secundárias não envolvem a emissão de novos títulos, mas apenas a venda de 
ações já existentes. Em geral, essas ações pertencem a sócios que querem desinvestir ou 
reduzir sua participação no negócio. Nesse caso, os recursos são destinados aos proprietários 
das ações, e não ao caixa da empresa. 
CONCEITOS DO MERCADO DE AÇÕES
André Moraes, Karel Luketic e Marcos Piellusch 16
1.3.3. Como participar de uma oferta pública de ações
Para participar de uma oferta pública de ações o investidor deve, em primeiro lugar, estar 
cadastrado em uma corretora. Ao indicar seu interesse em participar da oferta, ele deve fazer o 
aporte do recurso que pretende destinar ao investimento. 
O terceiro passo é decidir qual estratégia adotará, dentre duas possíveis. A primeira é a 
“flipagem”, indicada se o investidor desejar apenas se beneficiar de uma possível valorização da 
ação no dia da oferta, vendendo os papéis logo após o leilão. 
A segunda possibilidade é manter as ações em carteira, esperando um possível crescimento da 
companhia e, com isso, a valorização dos ativos .
1.4. Como se ganha dinheiro no mercado de ações?
Ao aplicar seus recursos em ações, a expectativa do investidor é ver a multiplicação de seu 
patrimônio. A primeira delas é com a valorização da cotação das ações. Essa valorização 
ocorre por diversas razões. No curto prazo, por exemplo, pode haver alta do preço em função 
de notícias que beneficiam a empresa, ou então, como resposta à divulgação de balanço 
com resultados positivos. Mas, de modo geral, a valorização consistente das ações de uma 
companhia no longo prazo está ligada a diversos fatores, como uma boa gestão do negócio, 
o crescimento sustentável, a manutenção de boa reputação perante os consumidores e 
investidores, a adoção de normas rígidas de governança corporativa, a capacidade de inovação 
e de sobrepujar as concorrentes, dentre outras.
Outra forma de ganhar dinheiro com ações é participando dos lucros da companhia. A principal 
forma de participação dos acionistas no lucro da companhia é por meio do recebimento de 
dividendos e de juros sobre o capital próprio. Esses pagamentos são realizados conforme o 
desempenho financeiro da empresa: se ela tem lucro, em geral há a distribuição de parte desses 
ganhos para os sócios. 
O percentual desse lucro e o valor final que será direcionado aos acionistas varia conforme uma 
série de fatores, incluindo, entre outros, a necessidade de investimentos para cumprir o plano de 
crescimento da empresa, o caixa disponível para a realização desse desembolso financeiro e os 
valores mínimos determinados pelo Estatuto Social da companhia.
1.4.1. Dividendos
Parte do lucro auferido pela empresa em um determinado período é pago aos acionistas em 
forma de dividendos. O restante do lucro será usado para promover o crescimento da empresa.
Cada empresa define o percentual do lucro que será distribuído em forma de dividendos. 
Pela lei das empresas S/A, o percentual mínimo é de 25%. Porém, cada empresa pode definir 
um percentual maior, para ser mais atrativa ao mercado, por exemplo, ou por qualquer outra 
CONCEITOS DO MERCADO DE AÇÕES
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convenção estabelecida pela assembleia da companhia.
Cada empresa define a periodicidade de distribuição desses dividendos. De acordo com normas 
da CVM, a periodicidade mínima é anual. Porém, cada empresa pode definir periodicidades 
menores. Os dividendos recebidos pelos acionistas não são tributados. 
1.4.2. Juros Sobre o Capital Próprio
Além dos dividendos, as companhias também distribuem lucros aos acionistas sob a forma 
de Juros Sobre o Capital Próprio (JSCP). Em comparação com os dividendos, a distribuição via 
JSCP traz vantagens para a empresa, sem perdas para os acionistas. Os JSCP são tratados 
como despesa no resultado da empresa e, assim, o investidor é quem pagará o Imposto de 
Renda, retido na fonte, sobre o capital recebido (alíquota de 15%), o que não ocorre no caso de 
dividendos.
Essa questão fiscal é benéfica para a companhia, pois, sendo o pagamento contabilizado como 
despesa da empresa, antes do lucro, ela não arca com os tributos, repassando este ônus ao 
investidor.
Porém, o acionista também não perde com esta operação, uma vez que o lucro líquido apurado 
da empresa será maior. Com isso, além do valor patrimonial se tornar maior, quando houver 
distribuição dos dividendos, se distribuirá mais, devido a esse lucro maior.
Na Declaração de Ajuste Anual do Imposto de Renda de Pessoa Físicano Brasil, o investidor 
deve informar o valor líquido recebido de JSCP em “Rendimentos Sujeitos à Tributação 
Exclusiva/Definitiva” Limitado a TJLP/ano e 50% do Lucro Líquido do exercício.
1.5. Eventos sobre ações
Existem alguns eventos específicos que ocorrem envolvendo as ações de uma companhia. 
Veremos, a seguir, o desdobramento de ações (split) e o agrupamento de ações (inplit), além 
de considerarmos ainda dois direitos dos acionistas, o de bonificação e o de subscrição.
1.5.1. Desdobramento de ações (split)
O split de ações é o desdobramento do ativo em mais de um papel. O desdobramento acontece 
de forma análoga a se alguém tem uma nota de R$ 50 e a troca por cinco notas de R$ 10. Não 
há alteração do patrimônio, assim como acontece no split. Por exemplo, imagine que uma ação 
custa R$ 80 e vai passar por um desdobramento de 1 para 4. Isso significa que, para cada ação 
que o investidor possuir, ele terá direito a quatro novas. O desdobramento não causa nenhuma 
mudança na riqueza do investidor, já que o valor absoluto de seus papéis continua o mesmo. Se 
ele detinha uma ação que valia R$ 80, ele terá direito a quatro ações de R$ 20 cada. 
CONCEITOS DO MERCADO DE AÇÕES
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As empresas realizam split em suas ações visando, sobretudo, aumentar a liquidez do 
ativo, permitindo um maior número de negócios no ambiente da bolsa de valores. Suponha, 
por exemplo, que uma ação na bolsa custa R$ 950. Tenha em mente que as ações são 
negociadas em lotes de 100 unidades. Portanto, para comprar essas ações, o investidor 
teria que desembolsar a relevante quantia de R$ 95 mil. Este valor é inviável para muitos, 
principalmente os pequenos investidores pessoa física. Sendo assim, a empresa pode realizar 
um desdobramento de, por exemplo, 1 para 100. Isto significa que uma ação passará a valer R$ 
9,50. Portanto, um lote de ação vai passar a custar R$ 950. Dessa forma, aquela ação se torna 
muito mais acessível aos investidores e permite um maior número de negócios na bolsa de 
valores.
Um split, tipicamente, acontece após uma valorização expressiva da empresa no mercado, 
fazendo com que a cotação da ação suba para patamares muito elevados. Um caso como 
esse aconteceu em 2017, com as ações da varejista Magazine Luiza. Após uma valorização 
expressiva, as ações da empresa chegaram a valer quase R$ 700, tornando o valor de um lote 
completo próximo de R$ 70 mil. Isso prejudicava a liquidez do papel. 
Por isso, a empresa anunciou um desdobramento de 1 para 8 em suas ações. Um acionista 
que tinha 100 ações ficou com 800 ações. Isto contribuiu para o aumento da liquidez e para o 
posterior prosseguimento da valorização da empresa. Em 2018, a companhia figurou entre as 
maiores altas da bolsa de valores.
1.5.2. Agrupamento de ações (inplit)
O agrupamento é a operação inversa ao desdobramento. Imagine, por exemplo, que um 
investidor tenha cinco ações de uma companhia, e cada ação custe R$ 10. A empresa decide 
fazer um agrupamento de ações de 5 para 1. Após a operação, o investidor passa a ter uma 
ação daquela empresa, com valor de R$ 50. Da mesma forma como ocorre no split, não há 
perda ou ganho para o acionista, já que o valor absoluto continua o mesmo.
As empresas podem recorrer ao agrupamento para reduzir o risco associado a seus papéis. 
Lembre-se que uma das formas de se medir o risco de uma ação é verificar o quanto ela 
oscila em um determinado período de tempo. Imagine que a ação de uma empresa custe R$ 
0,10. Esse valor seria prejudicial para os negócios, pois uma valorização de apenas R$ 0,01 
representaria um crescimento de 10% no valor da ação. Assim, mudanças pouco significativas 
no preço provocariam uma grande oscilação, tornando o papel mais arriscado. A empresa 
poderia, nesse caso, anunciar o inplit de 100 para 1. Ou seja, 100 ações se tornam apenas 1 
com o valor de R$ 10 por unidade. 
1.5.3. Bonificação e Subscrição 
A bonificação é a distribuição gratuita de novas ações aos acionistas de uma empresa. Ao 
longo das atividades, a companhia poderá destinar parte dos lucros sociais para a constituição 
de uma conta de “Reservas”. Caso a companhia queira, em exercício social posterior, 
CONCEITOS DO MERCADO DE AÇÕES
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distribuir aos acionistas o valor acumulado na conta de Reservas, poderá fazê-lo na forma de 
bonificação, podendo efetuar o pagamento em espécie ou com a distribuição de novas ações. 
O recebimento é proporcional ao número de ações que cada acionista possui. A bonificação é 
proveniente do aumento de capital social de uma empresa.
A subscrição é o direito de preferência do acionista para adquirir novas ações ou ativos 
conversíveis em ações de uma companhia em decorrência da proporção das ações que possui 
quando há aumento do capital social da empresa. Nesse caso, o acionista pode aceitar a 
subscrição e adquirir as novas ações; vender o direito de subscrição a outro investidor; ou abrir 
mão dessa preferência e não adquirir as novas ações.
1.6. Participantes do Mercado de Ações
Emissores
- Companhias abertas
- Fundos de Investimento
Intermediários
- Bancos de Investimento
- Corretoras de Mercadorias
- Corretoras de Títulos e Valores Mobiliários
- Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários
- Agentes autônomos de investimento
- Administradores de carteiras
Administradores do Mercado
- Bolsa de Valores
- Depositários
- Câmaras de Compensação e Liquidação
Outros
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- Analistas de Mercado de Valores Mobiliários
- Empresas de Auditoria
- Consultorias
Investidores
- Pessoas Físicas
- Investidores Institucionais
- Empresas
- Investidores Estrangeiros
1.6.1. Comissão de Valores Mobiliários
A Comissão de Valores Mobiliários foi criada em 07/12/1976 pela Lei 6.385/76, com o objetivo 
de fiscalizar, normatizar, disciplinar e desenvolver o mercado de valores mobiliários no Brasil.
A CVM é uma entidade autárquica em regime especial, vinculada ao Ministério da Fazenda, com 
personalidade jurídica e patrimônio próprios, dotada de autoridade administrativa independente, 
ausência de subordinação hierárquica, mandato fixo e estabilidade de seus dirigentes, e 
autonomia financeira e orçamentária. 
A CVM supervisiona a B3 e as corretoras. Seus principais objetivos são:
• Estimular a formação de poupança e sua aplicação em valores mobiliários;
• Promover a expansão e o funcionamento eficiente e regular do mercado de ações e 
estimular as aplicações permanentes em ações do capital social de companhias abertas 
sob controle de capitais privados nacionais;
• Assegurar o funcionamento eficiente e regular dos mercados de bolsa e de balcão;
• Proteger os titulares de valores mobiliários e os investidores do mercado contra emissões 
irregulares de valores mobiliários, contra atos ilegais de administradores e acionistas das 
companhias abertas, ou de administradores de carteira de valores mobiliários e contra o uso 
de informação relevante não divulgada no mercado de valores mobiliários;
• Evitar ou coibir modalidades de fraude ou manipulação destinadas a criar condições 
artificiais de demanda, oferta ou preço dos valores mobiliários negociados no mercado;
• Assegurar o acesso do público a informações sobre os valores mobiliários negociados e as 
companhias que os tenham emitido;
CONCEITOS DO MERCADO DE AÇÕES
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• Assegurar a observância de práticas comerciais equitativas no mercado de valores 
mobiliários; e
• Assegurar a observância no mercado, das condições de utilização de crédito fixadas pelo 
Conselho Monetário Nacional.
As principais competências da CVM são:
• Regulamentar as matérias expressamente previstas nas Leis 6385/76 (Lei da Sociedade por 
Ações); 
• Realizar atividades de credenciamento, registro e fiscalização de auditores independentes, 
administradores de carteiras, analistas e consultores devalores mobiliários, agentes 
autônomos, entre outros; 
• Fiscalizar e inspecionar as companhias abertas, os fundos de investimento e demais 
atividades e serviços do mercado de valores mobiliários; 
• Apurar, mediante inquérito administrativo, atos ilegais e práticas não-equitativas de 
administradores de companhias abertas e de quaisquer participantes do mercado de valores 
mobiliários, aplicando as penalidades previstas em lei.
1.6.2. Corretoras de Valores Mobiliários e Corretoras de Mercadorias
As corretoras de valores mobiliários e de mercadorias são empresas homologadas e 
autorizadas pela CVM a comprar e vender ações (e demais produtos) na Bolsa de Valores. 
Essas instituições realizam as transações de compra e venda de ações entre os investidores 
(Pessoas Físicas, Institucionais, Empresas, Estrangeiros), através de sistemas informatizados 
(home brokers), diretamente interligados à Bolsa de Valores, ou seja, de forma on-line.
Embora a principal atividade dessas instituições seja a execução de ordens de compra e de 
venda de ativos para seus clientes, elas também podem também auxiliar o investidor por 
meio da disponibilização de informações de análise de investimentos, provenientes de seus 
departamentos técnicos ou de terceiros. 
Normalmente, as corretoras oferecem a seus clientes:
• Suporte para entender o funcionamento da Bolsa e para definição do perfil do investidor; 
• Fornecimento de informativos sobre o mercado e relatórios de recomendação de ações, 
como forma de auxiliar na escolha de ações ou de tipos de investimentos;
• Disponibilização de ferramentas e serviços facilitadores, como o home broker (investimento 
via Internet) e ferramentas de análise gráfica; 
• Assessoria de especialistas; 
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• Aviso sobre novos produtos no mercado, possibilitando a diversificação de seus 
investimentos; 
• Informação sobre o recebimento de dividendos e outros valores que as empresas pagam 
aos acionistas.
1.6.3. Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC)
No mercado de valores mobiliários, o processo de compra e venda de ativos envolve, além da
negociação, a etapa pós-negociação de entrega dos ativos e o correspondente pagamento. 
Essa etapa é realizada por intermédio dos sistemas de compensação e liquidação de títulos 
e valores mobiliários, das Câmaras de Compensação e Liquidação, que se constituem em 
importante mecanismo de segurança para os investidores.
A CBLC é ligada à B3 e é a responsável pela custódia, compensação e liquidação das ações 
e outros títulos privados (à vista, derivativos, balcão organizado, renda fixa privada etc.) no 
mercado brasileiro. Ela é a responsável confirmação da operação, garantindo que os ativos 
sejam registrados em nome de seus detentores; também garante que os vendedores de ativos 
recebam corretamente os recursos da venda; finalmente, ela é responsável pela garantia da 
guarda de todos ativos dos investidores.
1.6.4. B3 - Bolsa de Valores
A B3 é atualmente a única bolsa de valores brasileira, embora a legislação permita a existência 
de outras bolsas. Ela é uma companhia de capital aberto formada a partir da integração 
das operações da Bovespa (antiga Bolsa de Valores de São Paulo) e da BM&F (Bolsa de 
Mercadorias e Futuros). Sua principal função é proporcionar um ambiente transparente e 
líquido, adequado à realização de negócios com valores mobiliários. Somente através das 
corretoras os investidores têm acesso aos sistemas de negociação para efetuarem suas 
transações de compra e venda desses valores. 
Como principal instituição brasileira de intermediação para operações do mercado de capitais, 
a companhia desenvolve, implanta e provê sistemas para a negociação de ações, derivativos de 
ações, títulos de renda fixa, títulos públicos federais, derivativos financeiros, moedas à vista e 
commodities agropecuárias.
Por meio de suas plataformas de negociação, realiza o registro, a compensação e a liquidação 
de ativos e valores mobiliários transacionados e a listagem de ações e de outros ativos, bem 
como divulga informação de suporte ao mercado. A companhia também atua como depositária 
central dos ativos negociados em seus ambientes, além de licenciar softwares e índices. 
A Bolsa desempenha também atividades de gerenciamento de riscos das operações realizadas 
por meio de seus sistemas. Para tanto, possui uma estrutura de clearing de ações, derivativos, 
câmbio e ativos, de maneira a assegurar o funcionamento eficiente de seus mercados e a 
CONCEITOS DO MERCADO DE AÇÕES
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consolidação adequada das operações.
A B3 está sujeita à regulação e à supervisão da CVM e do Banco Central do Brasil. É ainda 
uma entidade autorreguladora, por meio da BSM Supervisão de Mercados, que opera sob a 
supervisão da CVM.
1.7. Funcionamento da Bolsa
O horário de negociação no pregão eletrônico de ações da B3 começa às 10h e o fechamento 
acontece às 17h. Às 17h30 começa o período chamado de after-market, no qual também há 
negociação de ações, mas com algumas restrições. 
No after market são negociados apenas ativos à vista. Não é possível negociar derivativos, 
como opções por exemplo. Além disso, só podem ser negociadas ações que fazem parte de 
algum índice da B3, como o Ibovespa. 
Existe um limite de oscilação para os ativos negociados, não podendo ultrapassar 2% de 
oscilação em relação ao encerramento do pregão normal, tanto para alta, quanto para queda. 
Ou seja, se o valor a negociar tiver mais de 2% de diferença do valor de encerramento do pregão, 
o negócio não será aceito.
1.7.1. Envio de ordens
Em geral, as corretoras permitem que os investidores enviem ordens de negociação de ativos 
à corretora na qual têm conta via e-mail e telefone. Também é possível operar por meio do 
home-broker, software da corretora por meio do qual o investidor consegue negociar ativos 
diretamente. 
Ao negociar via home-broker, o investidor envia ordens pela internet para a bolsa, recebe as 
confirmações de ordens executadas, acompanha ordens pendentes, pode monitorar sua 
carteira de ações, acompanhar as cotações e book de ofertas das ações, seja em tempo real, 
seja em um período passado, além de acessar ferramentas de análise diversas. 
1.8. Tributação no Mercado de Ações
1.8.1. Mercado à vista
No mercado à vista de ações, há incidência do Imposto de Renda à alíquota de 15% sobre 
o ganho de capital. O imposto incide apenas caso tenham ocorrido vendas acumuladas 
superiores a R$ 20 mil no mês.
CONCEITOS DO MERCADO DE AÇÕES
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O imposto é auferido no encerramento de cada mês e pago até o último dia útil do mês 
subsequente, em DARF específica. Caso o investidor tenha obtido prejuízo nos meses 
anteriores, ele pode abater no próximo mês em que auferir ganho de capital. 
Há ainda o Imposto de Renda Retido na Fonte, cuja alíquota é de 0,005% sobre o valor total da 
venda. Esse imposto é retido pela corretora e repassado à Receita Federal.
1.8.2. Day Trade
As operações de day trade, que consistem na compra e venda de um ativo no mesmo dia, 
buscando auferir lucro, também sofrem incidência de Imposto de Renda, à alíquota de 20% 
sobre o ganho de capital, para vendas de qualquer valor no mês.
Também há o Imposto de Renda Retido na Fonte, cuja alíquota é de 1% sobre o lucro obtido. O 
valor é retido pela corretora e repassado à Receita Federal. Esse valor deve ser descontado na 
DARF do mês, ou em meses seguintes. Não há necessidade de recolher DARF com valor inferior 
de R$10,00.
Custos envolvidos nas operações como corretagens, emolumentos e custódia devem ser 
considerados na apuração do imposto.
A isenção de IR para vendas até R$20.000,00 no mês vale somente para ações no mercado à 
vista. Não é válido para futuros, opções ou mercado a termo.
Compensação de perdas em operações de Day-Trade somente pode ser realizada em day trade 
e vice versa. Poderãoser compensadas perdas de quaisquer mercados como: opções, ações e 
futuros.
1.9. Índices de Ações
Os índices são indicadores de desempenho de um conjunto de ações. Eles mostram a 
valorização de um determinado grupo de papéis ao longo do tempo. Como eles contemplam 
um grupo de ações, o desempenho do índice é, na realidade, uma média do desempenho das 
ações que o compõem, ponderadas conforme os fatores definidos no seu regulamento. 
Os índices cumprem três funções principais: são indicadores de variação de preços do 
mercado; servem de parâmetros para avaliação de performance de portfolios; são instrumentos 
de negociação no mercado futuro.
Em cada mercado de ações existem inúmeros índices, cada um com objetivos diferentes. 
Alguns procuram fazer uma média geral do mercado, outros de determinado setor da economia, 
ou ainda medir, por exemplo, o desempenho das menores empresas que estão na bolsa.
CONCEITOS DO MERCADO DE AÇÕES
André Moraes, Karel Luketic e Marcos Piellusch25
Cada índice tem suas características definidas em seu regulamento. Dentre essas 
características, estão a metodologia pela qual as ações são selecionadas para entrar no índice, 
qual o tipo de média usada para o cálculo, qual a ponderação de cada ação para o cálculo e qual 
a periodicidade de atualização da carteira do índice. 
Existem vários índices no mercado de ações brasileiro, cada um podendo atender a uma análise 
específica. A lista abaixo apresenta os principais índices da bolsa:
Seleção pelo critério de liquidez das ações:
• Índice Bovespa (Ibovespa)
• Índice Brasil 50 BrX50 (IBrX50)
• Índice Brasil 100 (IBrX100) 
• Índice Brasil Amplo (IBrA)
Seleção baseada na sustentabilidade social e empresarial: 
• Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE)
• Índice Carbono Eficiente (ICO2)
Seleção baseada no pagamento de dividendos:
• Índice de Dividendos (IDIV)
Seleção conforme setor de atuação da empresa: 
• Índice de Energia Elétrica (IEE)
• Índice do Setor Industrial (INDX)
• Índice de Consumo (ICON)
• Índice Imobiliário (IMOB)
• Índice Financeiro (IFNC)
• Índice de Materiais Básicos (IMAT) 
• Índice Utilidade Pública (UTIL)
CONCEITOS DO MERCADO DE AÇÕES
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Seleção pelo Valor de Mercado das empresas:
• Índice Mid-Large Cap (MLCX)
• Índice Small Cap (SMLL)
• Índice Valor BM&FBovespa (IVBX-2)
Seleção baseada na Governança Corporativa das empresas:
• Índice de Ações com Governança Corporativa Diferenciada (IGCX)
• Índice de Ações com Tag Along Diferenciado (ITAG)
• Índice de Governança Corporativa Trade (IGCT) 
• Índice Governança Corporativa – Novo Mercado (IGC-NM)
1.9.1. Índice Bovespa (Ibovespa)
O Índice Bovespa (Ibovespa) é considerado o principal índice do mercado de ações brasileiro. 
Ele representa o valor atual de uma carteira teórica de ações, criada em 1968 com o valor base 
de 100 pontos. Esse valor assume que não foi feito nenhum tipo de investimento adicional 
desde sua criação e considera apenas os ajustes decorrentes da emissão de proventos 
(como dividendos) por parte das empresas emissoras listadas. O Ibovespa é o resultado de 
uma carteira teórica de ativos, elaborada de acordo com os critérios estabelecidos em sua 
metodologia.
O objetivo do Ibovespa é ser o indicador do desempenho médio das cotações dos ativos de 
maior negociabilidade e representatividade do mercado de ações brasileiro. Ele é um índice de 
retorno total. Portanto, procura refletir não apenas as variações no tempo nos preços dos ativos 
integrantes do índice, mas também o impacto que a distribuição de proventos por parte das 
companhias emissoras desses ativos teria no retorno do índice.
O Ibovespa é composto pelas ações e units exclusivamente de ações de companhias listadas 
na B3 que atendem aos critérios de inclusão descritos em sua metodologia. Não estão incluídos 
nessa categoria BDRs e ativos de companhias em recuperação judicial ou extrajudicial, regime 
especial de administração temporária, intervenção ou que sejam negociados em qualquer outra 
situação especial de listagem.
CONCEITOS DO MERCADO DE AÇÕES
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1.9.2. Seleção das ações
A composição do Ibovespa inclui as ações de companhias listadas na B3 que
atendam, cumulativamente, aos seguintes critérios:
• Estar entre os ativos elegíveis que, no período de vigência das três carteiras anteriores, em 
ordem decrescente de Índice de Negociabilidade (IN), representem em conjunto 85% do 
somatório total desses indicadores;
• Ter presença em pregão de 95% no período de vigência das três carteiras anteriores;
• Ter participação em termos de volume financeiro maior ou igual a 0,1% no período de 
vigência das três carteiras anteriores;
• Não ser classificada como Penny Stock (ações com valor unitário abaixo de R$ 1,00)
A ponderação de cada ação é feita pelo valor de mercado de seus ativos em circulação, o 
chamado free float, na espécie pertencente à carteira, com limite de participação baseado na 
liquidez.
Se um ativo deixar de atender a dois dos critérios de inclusão citados, forem classificados como 
Penny Stocks, entrarem em situação especial ou ainda se enquadrarem em outros critérios 
estabelecidos pela B3, será excluído do índice. A cada quatro meses é feita uma reavaliação do 
índice, alterando-se a composição e o peso da carteira, para que a sua representatividade se 
mantenha ao longo do tempo.
1.10. Gerenciamento de Riscos
No capítulo 3, veremos em profundidade o conceito de risco, sua aplicação ao mercado de 
ações e as teorias de Finanças relacionadas com a gestão dos riscos de uma carteira de 
ativos. Veremos que o investidor consegue reduzir o risco de seus investimentos por meio da 
diversificação, montando uma carteira com várias ações e diversificando também os setores 
das empresas cujas ações ele manterá em carteira.
Antes, contudo, falaremos nesta seção a respeito de uma ferramenta operacional que pode ser 
usadas pelo investidor para minimizar seus riscos no mercado de ações. Trata-se da chamada 
ordem stop. 
Todo investidor pode estabelecer um limite de perda para todas suas operações no mercado. 
Uma ordem stop pode ser usada como uma ordem de segurança, automaticamente encerrando 
uma posição quando o limite de prejuízo for atingindo. 
Caso o limite de perda do investidor seja, por exemplo, de 5%, isso quer dizer que uma ordem 
stop deve ser posicionada a um valor 5% menor que o preço de compra do ativo. 
Assim, o investidor estará definindo um limite de prejuízo para uma compra de um ativo, caso 
CONCEITOS DO MERCADO DE AÇÕES
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esse se desvalorize. De modo que na pior das hipóteses perderá somente o valor limite que 
estipulou.
Há três tipos de Stop: stop loss, stop gain e stop móvel.
1.10.1. Stop loss
O stop loss é posicionado pelo investidor ao entrar na operação para evitar prejuízos caso ela 
dê errado. Digamos, num exemplo hipotético, que o investidor comprou uma ação a R$ 50 e, de 
acordo com sua estratégia de gerenciamento de risco, ele pode perder até 2% nessa operação. 
Então, posicionará seu stop loss em R$ 49. Se a ação cair para R$ 48 durante o dia, antes disso, 
a R$ 49, elas já terão sido vendidas automaticamente, evitando uma perda superior ao limite 
(neste caso de 2%).
1.10.2. Stop gain
O stop gain segue o mesmo raciocínio do stop loss, mas para garantir um lucro, de acordo 
com a estratégia traçada, por exemplo, por meio de análise técnica. Digamos que o investidor 
comprou a ação a R$ 50. A estratégia dele diz que o papel chegará ao máximo a R$ 52 e, a 
partir daí, tenderá a mudar de tendência, caindo. Ele posiciona a ordem de stop gain em R$ 52 a 
um preço mínimo de R$ 49,80, por exemplo, garantindo o lucro nesse determinado preço alvo.
1.10.3. Stop móvel
Ao investir em uma ação, caso ela tenha um forte movimento de alta, o investidor terá de 
rever sua ordem de stop loss, para maximizar os ganhos. Essa revisão poderia ser feitamanualmente, mas, com o stop móvel, é possível fazer isso de forma automática. À medida 
que o ativo em que o investidor aplicou subir, o stop também sobe. Nesta modalidade de stop, o 
investidor define o preço de disparo, o preço limite e também o início da função móvel e o ajuste 
dos preços. Por exemplo: disparo a R$ 49,50, preço limite de R$ 49,40, início da função móvel 
em R$ 50,10 e um ajuste de R$ 0,10.
1.11. Escolas de Análises de Ações
A análise de investimentos tem por objetivo definir expectativas de preços futuros baseado 
em um conjunto de técnicas, que podem ser usadas de forma integrada, ou separadamente, 
dependendo da especialização do analista e da forma como os diversos profissionais interagem 
no processo de recomendação, escolha e decisão de investimentos. 
CONCEITOS DO MERCADO DE AÇÕES
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Há duas grandes escolas de análises de investimentos, a escola fundamentalista e a escola 
técnica. 
1.11.1. Análise Fundamentalista
A análise fundamentalista busca, basicamente, avaliar a saúde financeira das empresas, 
projetar seus resultados futuros e determinar o preço justo para as suas ações.
Para isso, os analistas levam em consideração os chamados fundamentos da empresa, isto é, 
todos os fatores macro e microeconômicos que influenciam no seu desempenho.
Uma análise fundamentalista deve levantar e analisar dados econômicos de uma determinada 
empresa, mas sem esquecer de olhar aspectos mais amplos, como:
• Análise do setor (demanda, subsídios governamentais, capacidade de entrega, oferta de 
financiamento, etc);
• Contextualização com o mercado (riscos macroeconômicos e microeconômicos)
• Definição de valor justo por meio de cálculos de indicadores econômicos como 
endividamento/patrimônio, capacidade de geração de caixa (EBTIDA), rentabilidade, e 
também por meio da análise dos relatórios trimestrais, DRE, balanço, etc.
• Comparação do valor calculado com o valor de mercado (valor atual das ações, ou seja, a 
precificação estipulada pelo mercado)
A análise fundamentalista de ações também leva em conta aspectos do sistema no qual as 
empresas estão inseridas, sobretudo riscos macro e microeconômicos. 
Dentre os indicadores macroeconômicos considerados no processo de análise de ações, temos 
as taxas de juros, inflação e câmbio; as projeções de crescimento ou recessão econômica, tanto 
do país quanto de outras economias; e a situação e o preço das commodities, principalmente 
relacionadas a energia (petróleo, gás, carvão, energia elétrica, etc.)
Já os indicadores microeconômicos considerados são a disponibilidade de matéria 
prima; a concorrência e sua evolução, o possível surgimento de produtos substitutos, o 
nível de governança corporativa e possíveis mudanças no corpo diretivo da empresa; e a 
regulamentação ambiental, tributária e normativa. 
1.11.2. Análise Técnica
A análise técnica é o estudo dos movimentos passados dos preços e dos volumes de 
negociação de ativos financeiros, com o objetivo de fazer previsões sobre o comportamento 
futuro dessas ações. Para os analistas técnicos, a resposta está nos gráficos de preços e 
volumes negociados das ações.
CONCEITOS DO MERCADO DE AÇÕES
André Moraes, Karel Luketic e Marcos Piellusch 30
Nessa análise, não importam os lucros obtidos e projetados, política de dividendos das 
empresas, expectativas para o setor de atividade, grau de endividamento, etc. O que interessa 
são os fatores internos de oferta e demanda de mercado, capazes de entender e traduzir a 
“psicologia” do mercado.
Grande parte das teorias da análise técnica utilizadas hoje foram criada há mais de 100 anos 
pela Teoria de Dow. Esta teoria desenvolvida por Charles Dow, então colunista do Wall Street 
Journal e criador do índice Dow Jones, até hoje influencia o modo como investidores do mundo 
inteiro veem o mercado financeiro e o comportamento dos preços.
As principais premissas da análise técnica são:
• Os índices já descontam tudo 
• O mercado tem 3 tendências:
- Tendência Primária = Maré (maior movimento do mar)
- Tendência Secundária = Ondas (formam-se com a subida ou descida da maré)
- Tendência Terciárias = Marolas (formam-se entre as ondas)
• Tendências primárias têm 3 fases (Acumulação, participação pública, distribuição)
• Os índices e médias devem confirmar uns ao outros
• O volume deve confirmar a tendência
• Uma tendência irá ocorrer enquanto não houver sinais de reversão
1.12. Aluguel de Ações
O aluguel de ações é uma operação através da qual os investidores proprietários dos títulos 
disponibilizam os mesmos para empréstimos e os investidores interessados os tomam 
mediante aporte de garantias.
Trata-se de uma operação segura. Os riscos de se alugar ações são mínimos, uma vez que a 
CBLC (Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia) atua como reguladora da operação e, 
com a intermediação das Corretoras, garante os negócios.
A operação de aluguel consiste na transferência de títulos da carteira do investidor (locador) 
para satisfazer necessidades temporárias de um investidor tomador (locatário).
O investidor que empresta suas ações receberá o aluguel, enquanto o investidor que toma 
emprestado poderá utilizar estas ações para realizar vendas descobertas.
CONCEITOS DO MERCADO DE AÇÕES
André Moraes, Karel Luketic e Marcos Piellusch31
CAPÍTULO 2 - PRINCIPAIS SETORES DA BOLSA BRASILEIRA
Tendo visto os principais conceitos a respeito do mercado de ações, passaremos agora a 
um panorama de diversos setores da economia brasileira e as empresas mais importantes 
desses setores que têm ações listadas na bolsa. Veremos as características dos setores e 
entenderemos os fatores que afetam as empresas e, consequentemente, suas ações. Os 
setores analisados serão: alimentos e bebidas, financeiro, petróleo e gás, varejo, energia elétrica, 
imobiliário e mineração.
2.1. Alimentos e Bebidas
O setor de alimentos e bebidas é de grande relevância na bolsa brasileira. Das seis principais 
empresas do segmento com ações listadas em bolsa, quatro integram a carteira teórica do 
Ibovespa (Ambev, JBS, BRF e Marfrig), e correspondem a 8,4% do índice.
Os frigoríficos são maioria, com quatro empresas listadas em bolsa (três delas no Ibovespa). Há 
ainda o Burger King, empresa do segmento de fast food, e a Ambev, única empresa do setor de 
bebidas a integrar o Ibovespa.
Atualmente, o Brasil é o segundo maior produtor e maior exportador de carne bovina do 
mundo. O Brasil possui 214,69 milhões de cabeças de gado, distribuídas em 162,19 milhões de 
hectares. Por ano, 44,23 milhões de cabeças de gado são abatidas. O Brasil exporta 1,6 milhão 
de toneladas de carne bovina, o que representa, aproximadamente, 20% da produção. China e 
Hong Kong são os principais destinos das exportações. 
Os quadros abaixo trazem as empresas do setor listadas na bolsa, seu peso no Ibovespa e seu 
valor de mercado, além de dados sobre as exportações de carne bovina.
Empresa (Código da Ação) Valor de Mercado Peso no Ibovespa
Ambev (ABEV3) R$ 282,9 bilhões 4,5%
JBS (JBSS3) R$ 64,1 bilhões 2,2%
BRF (BRFS3) R$ 26,7 bilhões 1,55%
Marfrig (MRFG3) R$ 4,1 bilhões 0,15%
Minerva (BEEF3) R$ 3,2 bilhões n/a
Burger King (BKBR3) R$ 4,8 bilhões n/a
CONCEITOS DO MERCADO DE AÇÕES
André Moraes, Karel Luketic e Marcos Piellusch 32
 
Quando se fala em carne bovina, é importante entender o ciclo do gado, já que os frigoríficos 
compram os animais para a produção da carne “in natura”. A dinâmica desse ciclo segue, 
basicamente, a relação entre oferta e demanda. 
 
CONCEITOS DO MERCADO DE AÇÕES
André Moraes, Karel Luketic e Marcos Piellusch33
2.1.1. Carne de Frango
O Brasil é o segundo maior produtor de aves do mundo, com 13 milhões de toneladas de 
carne de frango por ano. O consumo per capita anual é de 41 quilogramas por habitante, em 
média. Quanto às exportações, o país tem o maior volume do mundo, 7 milhões de toneladas 
exportadas, o equivalente a 34% do total produzido. Os principais destinos das exportaçõessão 
Oriente Médio (35,7%) e Ásia (33,0%). 
2.1.2. Posicionamento das Empresas
O frigorífico JBS atua nos três principais mercados de proteína animal - bovinos, suínos e aves. 
A BRF atua principalmente nos mercados de carne suína e de aves e a Marfrig concentra suas 
atividades no segmento de carne bovina e produtos de valor agregado, como hambúrgueres. 
2.1.3. Panorama das Empresas
Os gráficos abaixo mostram a evolução, ao longo dos últimos anos do indicador dívida líquida/
EBITDA (DL/EBITDA) para BRF, JBS e Marfrig:
Esse indicador é usado para calcular o grau de endividamento (alavancagem) de uma empresa, 
mostrando a capacidade de uma empresa de honrar suas dívidas em relação ao quanto ela 
gera de caixa. 
No caso da BRF, a alavancagem era baixa antes de 2017, conforme o gráfico ilustra. Naquele 
ano, desdobramentos de duas operações conduzidas pela Polícia Federal - Operação Trapaça 
e Operação Carne Fraca - trouxeram impacto negativo para a companhia. Além disso, como 
consequência dessa operações, houve aumento da oferta de carne de frango no mercado, 
pressionando os preços para baixo e aumentando os problemas da BRF. Além disso, a empresa 
passou por reformulações em sua gestão, o que também contribuiu para a deterioração dos 
resultados. 
CONCEITOS DO MERCADO DE AÇÕES
André Moraes, Karel Luketic e Marcos Piellusch 34
Quanto a Marfrig e JBS, no começo dessa década, ambas cresciam muito via aquisição de 
frigoríficos, o que mantinha seu grau de alavancagem (medido pelo indicador DL/EBITDA) 
elevado. A Marfrig reformulou negócios no fim de 2018 e vendeu sua operação de carne de 
frango nos Estados Unidos, reduzindo consideravelmente sua alavancagem.
Da mesma forma, a JBS, após encerrar um ciclo de aquisições, passou por mudanças na 
estrutura do negócio, motivadas não apenas pelos desdobramentos da operação Carne 
Fraca, como também pelo acordo de leniência feito entre a J&F, controladora da JBS, e o 
Ministério Público Federal, para pagamento de uma multa no valor de R$ 10,3 bilhões. Diante 
desse cenário, a JBS também se desfez de alguns ativos, o que contribuiu para a redução da 
alavancagem da companhia. 
Outro fator a favor da queda da alavancagem da Marfrig e da JBS são os resultados cada vez 
melhores que ambas vêm apresentando atualmente, em parte devido ao atual ciclo positivo da 
carne bovina.
2.1.4. Peste suína
A situação de proliferação da peste suína africana na China também beneficiado os frigoríficos, 
sobretudo a BRF, que atua forte no mercado de carne de frango. O país asiático é responsável 
pela produção e pelo consumo de metade da carne de porco no mundo. Em 2018, a China 
produziu 54 milhões de toneladas da proteína. A doença, contudo, é fatal para os porcos e 
também pode afetar seres humanos. Por isso, as fazendas têm sido obrigadas a abater os 
animais doentes e descartar a carne, além de terem de abater mais cedo os animais sadios, 
para evitar a contaminação. Com isso, a oferta de carne suína tem aumentando, provocando, 
em um primeiro momento, a queda dos preços.
Os especialistas ainda não conseguiram estimar com precisão os desdobramentos da epidemia 
da doença na China, mas pesquisas já falam em uma queda de 20% a 30% na produção 
de carne suína - entre 11 e 16 milhões de toneladas por ano. Porém, a disponibilidade de 
exportações advindas de outros países para suprir essa perda é limitada. Em 2018, a produção 
mundial de proteína foi de 271 milhões de toneladas, e o consumo doméstico, de 266 milhões 
de toneladas. Portanto, a disponibilidade de exportação total seria algo em torno de 5 milhões 
de toneladas.
O quadro deve ser benéfico, ao menos inicialmente, para os frigoríficos brasileiros que atuam 
no mercado de carne de frango, como a JBS e a BRF. A falta de carne de porco deve deslocar o 
consumo para a proteína de aves, mais barata do que a bovina. As ações dos dois frigoríficos já 
reagem a essa perspectiva. No caso da Marfrig, o impacto positivo sobre as ações ainda deve 
demorar a acontecer, já que a companhia tem seu foco principalmente em carne bovina. 
2.2. Setor de Bebidas - Ambev
O mercado de bebidas alcoólicas no Brasil, especialmente o de cerveja, vem passando por 
CONCEITOS DO MERCADO DE AÇÕES
André Moraes, Karel Luketic e Marcos Piellusch35
mudanças ligadas tanto a questões de conjuntura econômica, quanto a mudanças estruturais 
no perfil de consumo. 
Em primeiro lugar, os últimos anos de crise econômica levaram o Brasil à recessão e tiveram 
impacto direto no consumo de cerveja. Houve queda no consumo de cerveja de maneira geral 
e, ao mesmo tempo, os consumidores migraram para marcas mais baratas, ocasionando 
diminuição do faturamento do mercado. 
 
Além disso, a competição entre as cervejarias também aumentou. Historicamente, a Ambev 
lidera o mercado no Brasil, mas seu market share (participação de mercado) vem diminuindo. 
Com a compra da Brasil Kirin (dona das marcas Schin e Devassa) pela Heineken, em 2017, essa 
última passou a ter aproximadamente 20% do mercado e a participação da Ambev caiu para 
60%. 
Finalmente, nos últimos anos, houve mudança nos hábitos de consumo da população brasileira 
de modo geral. No mercado de cerveja, especificamente, o interesse dos consumidores em 
produtos diferentes e novidades aumentou. De certa forma, essa mudança estrutural no 
segmento é benéfica para a Ambev, que tem um amplo portfólio de produtos, capaz de atender 
aos vários perfis de consumidores. 
A perda de mercado da Ambev e a ascensão da Heineken também têm relação com a 
conjuntura econômica. O mercado de cerveja no Brasil pode ser dividido em três faixas 
principais: a superior, ou “premium”, com as cervejas mais caras; a faixa intermediária, ou 
“mainstream”; e a faixa inferior, ou “low end”, com as cervejas mais baratas. Quando a Heineken 
comprou a Brasil Kirin, ganhou representatividade no segmento low end. Já a Ambev, que 
dominava o segmento mainstream, perdeu consumidores que, com a crise, passaram a buscar 
cervejas mais baratas. 
Outros consumidores, em menor grau, migraram para a faixa “premium”, equilibrando o preço 
mais alto das bebidas com um consumo menos frequente. Nessa faixa, a Heineken também 
leva vantagem sobre a Ambev. 
CONCEITOS DO MERCADO DE AÇÕES
André Moraes, Karel Luketic e Marcos Piellusch 36
2.2.1. Retrospecto e perspectivas
No período entre 2015 e 2016, fase de recessão da economia brasileira, a ação teve 
performance superior à do Ibovespa, impulsionada pela dominância do mercado e pelo fato de 
que a Heineken ainda não havia surgido no cenário como uma concorrente à altura. 
A partir de 2017, com perspectiva de melhora para a economia brasileira, as ações seguiram 
com bom desempenho. Com a compra da Kirin pela Heineken, o aumento da competição no 
setor pressionou os papéis da Ambev. Além disso, em 2018 a empresa enfrentou um período 
de aumento nos custos de matérias-primas, sobretudo do alumínio. Os efeitos dessa alta, que 
contribuíram para reduzir as margens da companhia, ainda se fazem notar em 2019.
Quanto às perspectivas para o setor, a expectativa de recuperação da economia não deve se 
concretizar no curto prazo. A atividade econômica ainda deteriorada e o baixo crescimento do 
PIB em 2019 e 2020 devem continuar afetando o aumento da renda per capita e, portanto, o 
consumo de bebidas. Há ainda as questões das mudanças estruturais nos hábitos de consumo, 
e a competição mais acirrada no mercado de cerveja. 
Contudo, mesmo com um crescimento lento da economia, ao longo deste ano e do próximo, 
espera-se que os consumidores do segmento “low end” voltem ao segmento intermediário, no 
qual a Ambev se destaca. A companhia tem ainda passado por processos de inovação que 
devem se refletir de forma positiva nas ações. 
Uma dificuldade adicional para os papéis da Ambev é o fato de investidores considerarem que 
seu preço já está em patamar justo, quando avaliados sob a ótica do múltiplo preço/lucro. O 
patamar atual de preço pode ser empecilho a uma alta mais vigorosadas ações. 
Para conhecer mais sobre o mercado de bebidas, assista à entrevista concedida pelo 
diretor financeiro e de Relações com Investidores da Ambev, Fernando Tennembaum ao 
Infmoney. Ele comenta sobre o mercado e as estratégias da companhia para lidar com 
os desafios da concorrência, da conjuntura econômica e das mudanças nos hábitos de 
consumo em entrevista concedida ao Infomoney. Acesse a entrevista clicando no link 
abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=aTBEkTTrbkw
2.3. Setor Financeiro
O setor financeiro é um dos mais importantes da bolsa brasileira, com um peso de 34% na 
composição da carteira teórica do Ibovespa. Com essa participação, as ações de empresas do 
setor acabam influenciando, em muitos pregões, o comportamento da bolsa. Uma vez que as 
empresas do setor financeiro têm forte ligação com a economia doméstica, as ações dessas 
companhias são vistas pelos investidores estrangeiros e locais como uma forma eficiente e 
rápida de aumentar ou reduzir sua exposição ao mercado brasileiro. Empresas como Petrobras, 
Vale e Suzano, que também têm grande participação no Ibovespa, têm correlação menor com a 
atividade doméstica - em comparação com os bancos - por serem grandes exportadoras. 
CONCEITOS DO MERCADO DE AÇÕES
André Moraes, Karel Luketic e Marcos Piellusch37
As principais instituições do setor financeiro no Brasil podem ser divididas em algumas 
categorias:
- Bancos e Financeiras - são instituições que têm dentre seus principais objetivos a 
concessão de crédito, tanto a pessoas físicas quanto a empresas. O mercado de crédito 
no Brasil é considerado muito concentrado, com cerca de 80% do crédito ofertado por 
5 instituições. Além da concessão de crédito, os bancos têm como atividades que são 
importantes fontes de receita a prestação de serviços, como de conta corrente, cartão de 
crédito, corretagem e gestão de recursos. Os bancos no Brasil estão sujeitos a rigorosas regras 
regulatórias, dado o risco que essas instituições oferecem ao sistema financeiro. A insolvência 
de apenas um banco, ainda que pequeno, é capaz de afetar a economia de um país, ou até 
mesmo contaminar outras economias, como aconteceu na crise do subprime, nos EUA, em 
2008.
As financeiras têm uma estrutura mais simples em relação aos bancos e estão sob uma 
regulação menos rigorosa, já que também oferecem um risco menor ao sistema. Sua principal 
atividade é a oferta de crédito. 
- Seguradoras - são instituições responsáveis por emitir apólices aos segurados, pelas quais 
recebem o pagamento de prêmios, e devem honrar pagamentos em caso de sinistros. Os 
seguros de vida, de automóvel, de saúde e residencial estão entre os principais produtos das 
seguradoras. 
- Adquirentes e bandeiras - Empresas como Rede, Cielo e Getnet estão entre as principais 
adquirentes do mercado brasileiro. Elas credenciam lojistas a realizarem transações com 
cartões de débito e crédito. Essas empresas alugam as máquinas de cartões aos lojistas, mas 
também têm outras fontes de receitas, realizando operações de antecipação de recebíveis 
e recebendo um percentual sobre cada transação realizada. Não há bandeiras de cartões de 
crédito de capital aberto no Brasil. Visa e Mastercard são as principais bandeiras do mercado 
brasileiro e atuam fortemente no mundo todo.
- Bolsa de Valores - No Brasil, a B3 exerce o monopólio do segmento de bolsas de valores, 
embora a legislação permita a concorrência. Inicialmente, a Bovespa (Bolsa de Valores de São 
Paulo) e a BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuros) se fundiram, constituindo a BM&FBovespa. 
Posteriormente, a fusão com a Cetip deu origem à B3. A companhia de capital aberto fornece 
ecossistema para negociação dos principais ativos financeiros. 
- Gestoras de Recursos - são instituições que fazem a gestão de fundos de recursos 
captados dos investidores. A indústria de fundos ainda é bastante concentrada nos bancos, 
mas gestoras independentes têm surgido e vêm aumentando sua participação no mercado, 
distribuindo seus fundos via plataformas abertas, como as das corretoras. As principais fontes 
de receita das gestoras são a taxa de administração, cobrada sobre o volume dos recursos sob 
gestão, e a taxa de performance, que é paga pelos investidores quando os fundos de gestão 
ativa superam os benchmarks aos quais estão atrelados.
- Fintechs - são startups de tecnologia que atuam em vários nichos do setor financeiro, e têm 
causado um movimento disruptivo, trazendo para o mercado inovações tecnológicas que já 
começam a atrair clientes dos bancos e seguradoras tradicionais. 
Os principais reguladores do setor financeiro são o Banco Central (bancos e corretoras), a CVM 
CONCEITOS DO MERCADO DE AÇÕES
André Moraes, Karel Luketic e Marcos Piellusch 38
(corretoras, gestoras, fundos de investimento, etc) e a Susep (seguradoras). Há ainda entidades 
de autorregulação de segmentos específicos, como a Anbima e a Apimec. 
O quadro abaixo traz as principais empresas do setor financeiro brasileiro com ações listadas 
na bolsa:
Bancos Itaú Unibanco (ITUB4); Itausa (ITSA4), holding controladora do Itaú; Bradesco (BBDC4); Banco do Brasil (BBAS3) e Santander (SANB11)
Adquirentes Cielo (CIEL3)
Bolsa B3 (B3SA3)
Seguradoras BB Seguridade (BBSE3), IRB (IRBR3)
2.3.1. Fatores que afetam as ações do setor financeiro
Macroeconômicos
• Bancos (Itaú Unibanco, Santander, Banco do Brasil e Bradesco) - Atividade econômica 
(PIB); taxa de juros; inflação, dados de emprego, alavancagem das famílias e empresas, 
confiança do consumidor e empresário, tecnologia.
• Bolsa (B3) - Principalmente atividade econômica (PIB), taxas de juros, câmbio, investimento 
estrangeiro no Brasil, cenário global, tecnologia.
• Adquirentes (Cielo) - Principalmente atividade econômica (PIB), vendas no varejo, confiança 
do consumidor, dados de emprego, tecnologia.
• Seguradoras - Principalmente atividade econômica (PIB), taxas de juros, dados de emprego.
Microeconômicos
• Bancos (Itaú Unibanco, Santander, Banco do Brasil e Bradesco) - Crescimento de crédito 
para pessoas físicas e empresas, inadimplência, spreads, competição em crédito e serviços.
• Bolsa (B3) - Competição no segmento de bolsa, volumes negociados, investidores na bolsa, 
lançamento de ativos.
• Adquirentes (Cielo) - Competição em preços no setor, penetração de pré-pagamento, 
evolução das vendas em clientes MEI. 
• Seguradoras - Prêmios emitidos em diferentes segmentos: auto, saúde, previdência, vida. 
Além disso, custos com distribuição, pessoal e sinistralidade.
CONCEITOS DO MERCADO DE AÇÕES
André Moraes, Karel Luketic e Marcos Piellusch39
2.3.2. Competição
Nos últimos anos, o setor financeiro tem testemunhado o surgimento de uma concorrência 
inédita, fomentada sobretudo pelo avanço da tecnologia. O surgimento das “fintechs” tem 
mudado a maneira como os clientes consomem serviços bancários, e muitas dessas empresas 
de tecnologia do mercado financeiro têm ameaçado a hegemonia dos grandes bancos, nem 
tanto no mercado de crédito, mas certamente no de serviços.
Uma das principais concorrências é pela oferta de conta corrente aos clientes pessoas físicas. 
Empresas como Nubank, Banco Inter, Agibank e Next (que pertence ao Bradesco) disputam 
espaço com os grandes bancos oferecendo contas correntes com tarifas mais baixas, ou 
sem a cobrança, com direito a cartão de débito e crédito, transferências e saques na Rede 24 
Horas. Nubank e Inter são exemplos de empresas bem-sucedidas, que vem ganhando escala e 
conquistando a confiança dos clientes com rapidez.
No mercado de “adquirência”, a concorrência também está cada vez mais acirrada. A Cielo, 
empresa de capital aberto que é controlada por Banco do Brasil e Bradesco, disputa espaço há 
anos com a Rede. O gráfico abaixo mostra, no entanto, que ambas vêm perdendo participação 
de mercado há pelo menos 5 anos. 
 
Antes, as duas maiores empresas do setor eram beneficiadas por acordos de exclusividade 
com as bandeiras de cartões, fechando o mercado para concorrência. Alterações

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