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FICHAMENTO - BLOCH Marc - Por uma história comparada das sociedades europeias

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BLOCH, Marc - Por uma história comparada das sociedades europeias
I
· Advertência inicial: o método comparativo pode muito, mas não pode tudo
· Seu uso em outras “ciências do homem” vem dando muitos frutos, mas a maior parte dos historiadores ainda não está convencido da sua eficácia 
II
· O termo “história comparada” tem sofrido com desvios de sentido
· O método comparado implica dois processos diferentes nas ciências humanas (que aparentemente só os linguistas diferem adequadamente) 
· “Antes de mais nada, no nosso domínio, o que é comparar? Incontestavelmente, é o seguinte: escolher, em um ou vários meios sociais diferentes, dois ou vários fenômenos que parecem, à primeira vista, apresentar certas analogias entre si, descrever as curvas da sua evolução, encontrar as semelhanças e as diferenças e, na medida do possível, explicar umas e outras”pg121
· As duas condições para que se faça comparação são um grau de semelhança e um grau de dissemelhança entre os meios onde ocorreram os fatos observados 
· História comparada, como um termo técnico, não descreve aqui comparações dentro de uma mesma sociedade
· Advertência: Estados ou nações são tidos como os meios mais comuns sobre os quais se faz comparações, mas o termo meio não descreve necessariamente um estado/nação
· A primeira aplicação da comparação (não é a História Comparada) 
· Analisa-se sociedades separadas no tempo e no espaço de forma que não se possa explicar a semelhança entre os fenômenos analisados segundo influências mútuas entre elas ou uma origem em comum
· EX: comparar “sociedades primitivas” da América com a Idade Antiga no Mediterrâneo 
· Essa abordagem traz benefícios EX: preencher lacunas na documentação em um estudo com base em hipóteses tiradas da analogia; explicar fenômenos (com análogos em algum outro meio) que são mera sobrevivência de um período anterior sem que se conheça o motivo de sua origem
· “O seu postulado, ao mesmo tempo que a conclusão a que sempre volta, é uma unidade fundamental do espírito humano ou, se preferir, a monotonia, a espantosa pobreza de recursos intelectuais de que a humanidade dispôs ao longo da história (...)”
· A segunda aplicação do método comparativo (é a História Comparada)
· Estudar sociedades vizinhas e contemporâneas que se influenciavam mutuamente e que tinham seu desenvolvimento submetido à ação de mesmas causas 
· É o equivalente na história à linguística histórica ( * acho que ele se refere à filologia)
· “(...) bem me parece que, dos dois tipos de método comparativo, o mais limitado no seu horizonte é também o mais rico cientificamente”pg123 – essa segunda aplicação é a melhor
· Essa aplicação produz explicações muito menos hipotéticas e muito mais precisas 
· “é a esta forma metodológica que pertence a comparação, que vos pretendo instituir, entre as diversas sociedades europeias (...)”pg123 
III
· A utilidade do método comparado surge antes na descoberta do que na interpretação dos fatos históricos – ela ajuda a formular o “questionário” a partir do qual se questionará as evidências 
· Ex: os enclosures na ING do XVI ao XIX e seus paralelos na FRA, que estariam começando a ser estudados amparados pelo que se sabe do processo inglês 
IV
· “O mais evidente de todos os serviços a esperar de uma comparação atenta instituída entre factos tirados de sociedades diferentes e vizinhas é permitir-nos discernir as influências exercidas por estes grupos uns sobre os outros”pg126 
· EX: A relação de superioridade da monarquia carolíngia com a Igreja e a sua legislação moralizadora (completamente discrepantes da dinastia que a precedeu), que faz sentido quando se olha para as monarquias visigóticas na Península Ibérica desde dois séculos antes – possível influência da região da ESP para a Gália 
V
· O método comparativo brilha mais quando as semelhanças que se estuda entre meios diferentes não podem ser explicadas pela imitação mútua – causas em comum
· O problema das “origens” – “expressão de que se servem, habitualmente, os historiadores; é corrente, mas é ambígua”pg129 
· “origens” pode dizer respeito a encontrar a manifestação mais antiga daquilo que se estuda; ou achar as razões que explicam esse fenômeno 
· “Mostrar o germe não é discernir as causas da germinação”pg129
· EX: origens dos estados gerais na FRA no XIV e XV e, com outros nomes, em outros lugares na EUR
· “Com efeito, um fenómeno geral só pode ter causas gerais”pg130
· A comparação do conjunto só pode vir depois das investigações locais – não é obrigação de todos os historiadores olharem para a região inteira atrás de explicações sobre seu objeto; seu trabalho localizado é importantíssimo 
· EX: comparação da formação dos pequenos Estados germânicos no XII e XIII com a formação dos principados feudais na FRA
VI
· Muito se acusa o método comparativo de ter o objetivo de “caça às semelhanças”pg131 e de elaborar analogias forçadas 
· Na verdade, o lugar da divergência é importante na história comparada, “sejam elas originais ou resultem de caminhos divergentes, tomados de um mesmo ponto de partida”pg132
· Assim como faz a linguística comparada, a história comparada deve se preocupar em destacar as “originalidades” das diferentes sociedades quando comparada
· Antes de tudo deve-se atentar para as falsas semelhanças; EX: o villainage inglês dos XIII, XIV e XV e a servidão francesa – evitar analogias superficiais 
· Sobre os villain ingleses e servos franceses do XIV – “São duas classes nitidamente dissemelhantes. Valerá a pena compará-las? Certamente, mas dessa vez, marcar os seus contrastes, através dos quais se exprime uma oposição impressionante entre o desenvolvimento das duas nações”pg135
· Esse exemplo é um caso de divergência – “Sociedades limítrofes e contemporâneas: de ambos os lados, uma evolução com o mesmo sentido que põe o acento na hierarquização e na hereditariedade; mas no percurso e nos resultados dessa evolução, diferenças de grau tais que equivalem quase a diferentes naturezas (...)”pg138 – não exige ponto de partida comum, mas evolução num sentido comum
· Outra forma de divergência – “numa dada sociedade, a permanência, numa sociedade vizinha, o apagamento de instituições que, originalmente, tinham sido comuns às duas”pg138 – ponto de partida comum, mas evolução divergente
· EX: a evolução dos manses da época Carolíngia e dos Hufen da mesma época no mundo germânico (em ambos os casos, formas de arrendamento de terra similares), que desaparecem na FRA até o XIII e se mantém na Alemanha 
VII
· O desenvolvimento de conjecturas muito bem estabelecidas sobre o idioma indo-europeu pela linguística comparada foi um dos grandes triunfos de um método inteiramente baseado na comparação
· Fazer algo parecido na história social é muito mais difícil – “É que uma língua apresenta uma armadura muito mais uma e mais fácil de definir do que qualquer outro sistema de instituições”pg140
· Atualmente na linguística comparada é chamada de a “ciência humana mais justificadamente segura de si” ( * muito interessante essa dignidade concedida à linguística como um “case de sucesso” de aplicação do método científico nas humanidades)
· Um paradigma da linguística ( * no período do texto) é o de que nenhuma língua é fruto da fusão de duas outras ou mais, mas sim, que sempre houve a continuidade de uma certa tradição – isso é indizível no âmbito do estudo das sociedades
· A tentativa de “usar os costumes agrários para reconstituir o mapa étnico da Europa anteriormente aos testemunhos escritos”pg141 foi um exemplo de tentativa fracassada de encontrar uma filiação comum das sociedades
· O máximo que se pode dizer é que houve uma “comunidade civilizacional” em uma época muito recuada que justifica algumas características em comum entre povos
· Resumindo – “Apenas uma coisa é certa. Jamais explicaremos o open field inglês, o Gewandorf alemão, os ‘campos abertos’ franceses olhando só, de cada vez, para a Inglaterra, para a Alemanha ou para a França”pg142
· Frase importante ( * talvez crítica ao nacionalismo metodológico) – “Por isso o ensinamentotalvez mais claro e o mais imperioso que nos dá a história comparada é que já é tempo, na verdade, de pensarmos em partir os compartimentos topográficos obsoletos em que pretendemos encerrar as realidades sociais: não estão à medida do conteúdo que nos esforçamos por empurrar lá dentro”pg142
· As fronteiras dos Estados atuais são frequentemente vistas como um recorte cômodo para investigar o passado – anacronismo 
· Mais crítica ao nacionalismo metodológico – “onde é que já se viu os fenômenos sociais, seja qual for a época, deterem unanimemente o seu desenvolvimento nos mesmos limites que seriam precisamente os das dominações políticas ou das nacionalidades?”pg142
VIII
· Primeira frase da seção – “Na prática, como trabalhar?”
· “É evidente que a comparação só terá valor se se apoiar em estudos de facto, pormenorizados, críticos e solidamente documentados”pg143 – * não basta só a comparação, é necessário se preocupar com os outros elementos “científicos” do método historiográfico
· Apesar de a história comparada estar fatalmente reservado a uma pequena parte dos historiadores, seria bom “dar-lhe um lugar no ensino universitário”pg143
· Os pesquisadores devem ler não só textos generalistas sobre regiões vizinhas às que ele estuda para tem uma noção factual dos entornos de seu objeto, mas também deve ler monografias mais específicas sobre objetos semelhantes ao seu, mas em outras regiões próximas pois lá encontrará “os elementos do seu questionário e talvez hipóteses orientadoras”pg144
· Deve-se evitar dar importância excessiva às pseudo-causas locais 
· O convite ao estudo comparado não é uma imposição – sabe-se das dificuldades práticas inerentes ao estudo dessa natureza – mas a maioria dessas dificuldades está na esdera do hábito
· A diferença de termos usados para descrever assuntos semelhantes em países diferentes é um dos grandes obstáculos da história comparada, que vai além da barreira linguística
· Essa ausência de paralelismo entre termos de tradições diferentes não se explica só por uma fidelidade maior aos termos usados na época estudada – a maioria desses termos dissonantes foram os historiadores que forjaram – é uma questão de divergência de termos técnicos 
· “Mais a discordância de vocabulários mais não faz que exprimir uma falta de harmonia mais profunda” - * a questão de fundo do nacionalismo na academia
· “Neste Congresso falar-se-á muito da reconciliação dos povos pela história. (...) Mas que direis de uma reconciliação das nossas terminologias, dos nossos questionários?”pg146
· Sobre o “âmbito nacional” – “é evidentemente artificial, mas as necessidades práticas ainda o impõem”pg146
· É importante que os autores de manuais especialmente adotem uma prática menos detina nas fronteiras nacionais
· “Numa palavra, deixemos, por favor, de conversar eternamente entre histórias nacionais sem nos compreendermos”pg146

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