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HOBSBAWM, Eric J. A Era das Revoluções CAP 2. A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 1) A revolução industrial inglesa só começou a ser comentada na Europa no geral na década de 1840, tendo o termo só sido cunhado em 1820 2) Entretanto, ela “explodiu” antes mesmo da queda da Bastilha, por volta de 1780 3) Experiências rudimentares também foram chamadas de revolução industrial no século XIII, no XVI e nas últimas décadas do XVII 4) Evento conhecido pelos economistas como “partida para o crescimento auto-sustentável” 5) Foi quando todos os índices estatístico-econômicos deram uma guinada 6) A revolução tem um começo, mas não um fim preciso. Continua teoricamente progressiva até hoje 7) Foi o maior evento da história mundial até então, só perdendo, talvez para a invenção das cidades e da agricultura. 8) Comparável à revolução industrial inglesa naquela época, talvez só o avanço feito pelos déspotas esclarecidos de Portugal, Rússia, etc. 9) Nessa época a França estava muito à frente da Inglaterra em Ciências Naturais e Humanas, e a educação básica e superior inglesas eram fracas comparadas com a de seus concorrentes 10) Mas as evoluções técnicas que ocorreram na época não exigiam o engenho de cientistas graduados, mas meramente o trabalho criativo de artesãos. Até a máquina a vapor de James Watt (1784) 11) O que explica a rev. ter ocorrido ali pode ser que a produção de riqueza já era desenvolvido e priorizado pelo governo, e que a produção agrária estava nas mãos de mercadores, não do campesinato semi-feudal da maior parte da Europa 12) Na ING, a agricultura já estava apta a produzir o suficiente para sustentar uma rev em andamento 13) Havia a construção de portos, estradas e navios novos 14) Muitas nações europeias viam nessa época um crescimento econômico e de produção, mas nenhuma agregava todos os fatores acima, além da capacidade de criar seu próprio mercado consumidor, além de depender do existente 15) Todos os países que tiveram um grande avanço industrial nessa época, o fizeram expandindo a produção de produtos de consumo massivo, como o setor têxtil 16) Os avanços ingelses podiam e foram copiados por outras nações com ambições industriais, mas a forte economia britânica e o viés comercialista do seu Estado, a deixaram à frente de sua concorrência 17) A indústria de tecidos de algodão teve sucesso através da dependência do comércio extramarino de matéria e da proibição da importação de tecido indiano 18) As plantações das colônias, onde os escravos eram arrebanhados, forneciam o grosso do algodão para a indústria britânica, e em troca os plantadores compravam tecidos de algodão de Manchester 19) Entre 1750 e 1769, a exportação britânica de tecidos de algodão aumentou mais de dez vezes 20) Assim, o comércio ultramarino fez da REV o sucesso do comércio exportador sobre o interno. Vendia-se 4/3 vezes mais algodão pra a fora do que para dentro da ING em 1814. 21) Principalmente durante s guerras napoleônicas e mais ainda depois das independências latino-americanas, a ING se habituou a vender para a América, Ásia e África, que se tornaram seu mais consumidor 22) A índia, que antes era exportadora de tecidos, foi desindustrializada e passava a ser dependente da compra deles 23) Foi a primeira vez na história que se inverteu a ordem do comércio e o Oriente que passava a depender dos insumos do Ocidente – menos a China, que precisou das canhoneiras e do ópio para se abrir economicamente para o Ocidente entre 1815 e 1842. 24) A indústria do algodão se tornou tão lucrativa a ponto de atrair os comerciantes para a industrialização 25) Itens como a máquina de fiar, o tear movido a água, a fiadeira automática eram relativamente baratas e comprá-las era quase garantia de lucro astronômico para os britânicos 26) O fato de a matéria prima ser toda exportada era uma vantagem para os industriais – não precisavam se preocupar com os reveses da produção interna 27) Até a década de 1830, a REV acorreu basicamente inteira no setor têxtil. 28) alimentos e bebidas, cerâmica e outros produtos de uso doméstico também participaram da revolução, mas num grau inferiormente incomparável ao algodão 29) O desequilíbrio entre a distribuição de renda, e a exploração de mão de obra geraram uma série de revoltas na década de 1840 e até uma primeira crise econômica capitalista entre as décadas de 1830 e 1840 30) Depois de 1815, os lucros começaram a diminuir bastante pela competição,q eu aumentava, e pela natural deflação dos preços da mercadoria- o que, ainda assim, não era nada desestimulante para os industriais. 31) Uma solução achada pelos industriais para manter o lucro crescente, mesmo nessa conjuntura, foi reduzir o salário de seus funcionários até o mínimo necessário para que sobrevivessem, ou que os substituíssem pela mecanização. 32) O crescimento das cidades, especialmente de Londres, tinha causado uma rápida expansão da mineração do carvão desde o final do século XVI 33) A produção de ferro inglesa, que já não era exorbitante (como o resto da sua indústria era), diminuiu vertiginosamente após Waterloo, mas ainda foi suficiente para sustentar a invenção das ferrovias 34) A linha entre o campo de carvão de Durham e o litoral (Stockton-Darlington 1825) foi a primeira das modernas ferrovias. Tecnologicamente, a ferrovia é filha das minas e especialmente das minas de carvão do norte da Inglaterra. 35) As ferrovias foram a invenção que cativou a Europa e simbolizou a chegada de um novo tempo tecnológico – sendo aderida precocemente por muitos países 36) As ferrovias tinham um charme tão grande, que os capitalistas investiram ostensivamente na construção delas, apesar de não serem tão lucrativas (em parte por terem se tornado tão ricos, que não havia mais muitos investimentos possíveis) 37) A concessão de empréstimos a países que se reconstruíam após as guerras Napoleônicas e aos países jovens da América pareceram uma grande oportunidade de negócio durante a primeira metade do sec. XIX, mas logo se provaram pouquíssimo lucrativos 38) As evoluções nas tecnologias agrícolas foram modestas até a década de 1840. Porém o uso de tecnologias descobertas ainda no começo do XVIII permitiram à produção seguir em um ritmo sustentável (tendo em vista a demanda crescente de um pais cada vez mais urbano) 39) O êxodo rural (provocado principalmente pela abolição das Leis do Trigo e a disponibilidade de emprego nas fábricas) e a emigração, como a de irlandeses entre 1835-50 foi útil ao propósito do crescimento das fábricas 40) Era difícil acham mão de obra adequada. Acostumados com o trabalho do campo, os homens trabalhavam apenas até terem o necessário para sobreviver e depois paravam 41) Isso foi solucionado reduzindo-se os salários e criando códigos de leis em favor do empregador; e contratando o máximo possível de mulheres e crianças, que eram mais disciplináveis (chegaram a ser só ¼ os trabalhadores homens adultos e fábricas têxteis). 42) O fornecimento de capital, os bancos e o papel-moeda, as letras de câmbio, apólices e ações, as técnicas do comércio ultramarino e atacadista, assim como o marketing não eram problema nesse período. 43) Essa REV produziu cidades mais feias e proletários mais pobres, que espantavam estrangeiros na ING. CAP. 3: A REVOLUÇÃO FRANCESA 44) O que a rev industrial foi de ícone e modelo para a economia e técnica dos outros países no séc. XVIII, a rev. francesa foi quanto a ideologia e política 45) O final do séc. XVII foi marcado por uma série de revoluções que afrontavam o antigo regime europeu ( Irlanda, EUA, Holanda) 46) Entretanto, a rev francesa foi a mais radical e mais influente, até por ser a única com pretensões globais 47) A rev americana teve pouca influência no resto da América, enquanto a rev francesa esteve intimamente ligada às independências americanas desde 1808 48) Ela forneceu padrões para rev posteriores, como os movimentos socialistas e comunistas 49) A frança era a mais poderosa (em muitos aspectos, em outros perdia para a ING) e a mais tradicional nação europeia 50) Ideais inovadores para políticae economia estavam encontrando seu lugar dentro do antigo regime (monarquias esclarecidas), mas a aristocracia francesa não permitiu que se fincassem propriamente ali 51) 400.000 formavam a nobreza francesa (primeira ordem, primeiro estado) entre 23.000.000 de franceses 52) Os nobres tinham isenção de inúmeros impostos (mas não tanta quanto o clero) e direitos feudais 53) Houve uma “reação feudal” 54) Os nobres tinham sua responsabilidade, representatividade e participação política reduzidas ao máximo pela monarquia, como eram proibidos de trabalhar, tinham que viver da renda de suas terras, que vinham caindo gravemente devido à inflação e má gerência 55) Dessa forma a nobreza tendeu a tomar os postos da classe média na administração pública, no exército e na Igreja; e arrocharam as cobranças feudais dos camponeses 56) 80% da população era composta de camponeses 57) Eles eram todos livres e muitos possuíam terras ( a maioria não possuía), mas a improdutividade dos campos, o crescimento da população e os impostos abusivos faziam com que morressem de fome 58) As dívidas e a guerra (em especial as despesas da rev americana) quebraram a economia da França 59) As tentativas de 1774-6 para remediar as crises da administração e da economia falharam 60) A aristocracia se negou a pagar mais impostos sem a extensão de seus privilégios – a afrontosa “assembléia dos notáveis”, de 1787 61) Dessa forma, a primeira fagulha da rev foi uma “tentativa da nobreza de recuperar o estado” 62) A reunião dos Estados Gerais não havia sido convocada desde 1614, mas assim foi feito em 1789 63) A rev não teve uma liderança nítida, como um partido ou um líder carismático, mas foi mantida unida pela coesão entre as idéia da burguesia, inspirada pelas idéias liberais dos filósofos da época 64) Declaração dos Direitos do Homem e Cidadão (1789): manifesto que expõe os idéias burgueses revolucionários: não necessariamente democrático, mas constitucionalista e contra os privilégios da nobreza 65) Luiz XVI não seria mais Louis, by the Grace of God, King of France and Navarre; mas Louis, by the Grace of God and the constitutional law of the state, King of the French 66) A soberania agora pertencia ao povo francês, identificado como a nação 67) O terceiro estado conseguiu dobrar seus representantes nos estado gerais para 610, sendo a maioria deles advogados 68) Os membros do terceiro estado se reuniram num Assembleia Nacional, seis semanas após a abertura dos Estados Gerais e se imbuíram com o poder de redigir uma constituição para a frança 69) A crise política se agravou, pois os anos de 1788 e 1789 tiveram péssimas colheitas, o que afetou principalmente o povo mais pobre dos campos e das cidades, gerando um clima de revolta generalizado 70) O ápice dessa revolta foi a tomada da Bastilha em 14/06 de 1789 – a queda de um símbolo do absolutismo 71) Começa uma convulsão social que seria chamada de Grande Medo, com os camponeses se revoltando contra os nobres feudais, que levou à abolição dos direitos feudais (apesar de que depois da euforia, eles foram retomados e só seriam definitivamente destituídos em 1793) 72) A partir de então será a disputa dialética entre as classes médias moderadas mobilizando as massas pela revolução e as massas empurrando a revolução para além da agenda moderada 73) Na maioria das revoluções burguesas subsequentes, os liberais moderados vão tender a uma aliança com a aristocracia, enquanto na rev francesa, uma parte da classe média liberal vai querer estender a revolução até mesmo para a luta anti-burguesia (Jacobinos) 74) Os Jacobinos puderam se permitir radicalizar, porque não havia alternativa política de filiação para as classes trabalhadoras, apesar apenas, talvez, dos Sansculottes 75) Sansculottes foram um grupo de pequenos e pobres trabalhadores urbanos, que tiveram propostas difusas e consequentemente pouca expressividade durante a revolução, excluindo-se quando se agregavam aos Jacobinos e através de seu papel de linha de frente da revolução II 76) A Assembleia Constituinte (burguesa) d 1789 a 1791 instalou o sistema métrico, liberou os judeus e fez pouca coisa para os pobres além de distribuir as terras da Igreja. 77) O governo que a constituição de 1791 preconizava era democrático, uma monarquia constitucional, mas que diferenciava quanto a “cidadãos ativos” e “cidadãos passivos” de acordo com a renda 78) A monarquia estava descontente e sonhava com uma invasão das monarquias vizinhas para restaurar o absolutismo 79) A Constituição Civil do Clero (1790) tentou destruir, não a Igreja, mas os laços políticos da Igreja com Roma 80) A tentativa desespera do rei de fugir fracassou, com ele sendo capturado em jul/1791 em Varennes – o que fez crescer os ânimos republicanistas (um rei que abandona seu povo é indigno de governar) 81) A flutuação dos preços dos alimentos indignava o povo 82) O estourar da guerra levou à segunda rev de 1792, a República Jacobina do ano II e futuramente a Napoleão – a guerra transformou a rev francesa em parte da história da Europa, ao invés de só da frança 83) Os dois grupos que levaram à guerra: a. De 1789 a 1795, cerca de 300.000 franceses (principalmente nobres e clérigos) buscaram asilo em países vizinhos. Isso chamou a atenção das aristocracias vizinhas, que começaram a sentir os perigos da rev e se organizaram para intervir b. Os liberais moderados franceses, apaixonados pelos ideais da rev, queriam torná-la universal e aceitavam a guerra como meio de fazê-lo 84) A maior parte da nova assembléia (tirando a pequena esquerda de Robespierre e uma pequena direita) queria a guerra (seria boa para os negócios) 85) A guerra foi declarada em abril de 1792 86) Em agosto/setembro de 1792 a monarquia foi derrubada, a família real foi presa e a república foi estabelecida 87) Foi proclamado o calendário revolucionário do ano 1 88) Houve a eleição para a convenção nacional, que foi dominada pelos Girondinos – moderados quanto à política doméstica e belicosos no exterior 89) O exército formal Frances era desorganizado e inconfiável – novas formas de guerra seriam necessárias para que alcançassem uma vitória 90) Os franceses então inventam a guerra total – total mobilização dos recursos nacionais para a guerra, abolição da distinção entre militares e civis, a “guerra revolucionária” 91) Os Sansculottes apoiaram o governo na guerra revolucionária, por acharem que seria o único jeito de impedir o estancamento da revolução por forças estrangeiras e por que ela trazia justiça social 92) Por isso (91), os Jacobinos ganhavam mais prestígio que os Girondinos 93) Os Girondinos temiam transformar a guerra numa cruzada ideológica para não afrontar a rival ING – conseguiram 94) Em março de 1793, a FRA estava em guerra com a maior parte da EUR e começou a anexar territórios com o argumento do direito às fronteiras naturais francesas 95) A guerra só fortalecia a esquerda, o que levou os Girondinos a ataques contra a esquerda (revoltas provinciais contra Paris) 96) Isso foi solucionado por um golpe dos Sansculottes em jun/1793 – começa a República Jacobina III 97) É essa fase, a República Jacobina do Ano II, que é mais lembrada pelos leigos que se atem à rev 98) Os conservadores criaram uma duradora imagem da ditadura sanguinolenta que foi o terror 99) Para parte da classe média francesa, O Terror não era algo tão apocalíptico, mas a única forma de preservar a rev 100) A RJA2 conseguiu feitos incríveis com pouquíssimos recursos a. Em jun/1793 – 6 dos 8 departamentos franceses estavam em revolta contra Paris, os príncipes alemães e os britânicos estava atacando a FRA de todos os lados, a FRA estava economicamente quebrada b. 14 meses depois: o governo central estava firmemente controlado, a FRA tinha expulsado os invasores e começava a ocupar a Bélgica c. Em mar/1794 o exército era 3x maior e 2x mais barato que em mar/1793 d. A moeda francesa valia mais do que antes e do que valeria depois 101) Para muitos, o terror era a única forma de manter o estado controlado para enfrentar os desafiosque se acumulavam 102) O primeiro a se fazer foi mobilizar as massas contra as dissidências Girondinas e organizar o apoio dos Sansculottes através do controle dos preços e de um propagandístico terror contra os traidores do projeto jacobino 103) Uma nova e mais radical constituição foi proclamada: sufrágio universal, direito a insurreição, a felicidade geral de todos como o objetivo do governo – primeira constituição genuinamente democrática d um Estado moderno 104) Abolição definitiva dos direitos feudais e da escravidão nas colônias 105) Nesse momento houve a desaceleração da transformação capitalista da agricultura e das pequenas empresas 106) O domínio da esquerda pela administração do país é exemplificado pela transformação do Comitê de Salvação Pública em um tipo de novo Ministério da Guerra, que perdera Danton (relativamente moderado) e ganhou Robespierre, que se tornaria seu membro mais influente 107) Robespierre foi além de Napoleão, o único político da rev sobre o qual se desenvolveu um culto. Para ele, a RJA2 era um ideal, mais do que uma forma de ganhar a guerra e controlar o Estado 108) Ele não era formalmente um ditador, mas um mero membro do Comitê. Seu poder e sua proeminência vinham do apoio público e, quando ele o perdeu, caiu 109) Tinha um característico apego pelo monopólio da virtude (justificado, principalmente pela leitura de Rousseau) e tinha ao seu lado o brilhante Saint-Just 110) O regime da RJA2 era uma aliança entre a classe média da esquerda (os típicos jacobinos) e as massas. 111) Quando houve conflito de interesses entre esses dois grupos, os vitoriosos foram a classe média (a guerra exigia medidas austeras como o congelamento de salários e o confisco da produção rural), o que afastou os Sansculottes 112) O julgamento e a execução de Herbert (Sansculotte) e seus aliados piorou a situação 113) Houve também nessa época uma ofensiva direitista encabeçada por Danton (figura que encarnava a imagem de comerciante corrupto, galanteador e amoral – grande parte da direita de então) 114) O medo da guilhotina e dos excessos de Robespierre já tiravam boa parte de seu apoio, que era sustentado principalmente agora pela urgência da guerra 115) Com a vitória definitiva sobre os austríacos em Fleurus e a ocupação da Bélgica, Robespierre já não tinha mais espaço 116) No 9 Do Termidor a Convenção derrubou Robespierre, Saint-Just e Couthon e no dia seguinte os executou junto com 87 revolucionários da comuna de Paris IV 117) O 9 Termidor termina a fase da revolução dos Sansculottes e das manifestações populares 118) Os desafios da fase de 1794 a 1799 era manter o avanço econômico nas bases liberais que haviam sido fundadas 119) AS rápidas mudanças de governo durante as décadas seguintes ilustram a batalha por manter uma sociedade burguesa na frança, entre o republicanismo da RJA2 e da monarquia absolutista 120) O governo termidoriano não tinha apoio ferrenho nenhum, só mera tolerância dos pobres e da aristocracia, por isso usava muito do exército como meio de repressão político 121) O exército ganhava mais e mais popularidade em meio a um governo sem carisma, com as notórias conquistas, e eventualmente poder 122) O exército revolucionário se especializou, já que na houve recrutamento entre 1793 e 1798 – foi a grande herança da RJA2 123) O ER manteve um caráter improvisado, mas era capaz de continuar vencendo batalhas, em parte pela sua hierarquia de ascensão sem distinções sociais, que colocava homens bravos e bons líderes (mas no geral não tão inteligentes) no poder 124) Napoleão, o general, vencia as batalhas, mas seus marechais tendiam a perdê-las (eram mais homens bravos, que inteligentes) 125) O ER dependia dos suprimentos que conseguisse saqueando, logo, avançava bem em lugares ricos, mas em locais desolados (polônia Rússia), ruiu 126) Mais de 90% dos soldados morriam, não no campo de batalha, mas por ferimentos, frio, exaustão 127) Era uma carreira aberta ao talento, a do ER e marcava bem a mudança de uma revolução burguesa para um regime burguês 128) Napoleão, apesar de não ser pobre, ascendeu no exército desde quando era soldado na artilharia; se tornou general na RJA2; se tornou o primeiro soldado da república por causa das conquistas na Itália em 1796; em 1799, em meio às crises do diretório, se tornou primeiro cônsul, depois cônsul vitalício e depois imperador – tudo por meio, ou de seu talento pessoal, ou por seus traquejos políticos 129) Solucionou boa parte dos problemas insolúveis do Diretório, deu à FRA um Código Civil, um Tratado com a Igreja e um Banco Nacional 130) Tornou-se um verdadeiro mito, era idolatrado. De fato era um líder político, um general e um indivíduo brilhante. Encaixava-se no arquétipo do homem racional, civilizado e intelectual do XVIII e no de homem romântico do XIX. Foi um exemplo único de homem que abalou o mundo por seu mérito pessoal e não pelas oportunidades abertas pelo seu nascimento. Um ícone sem precedentes para a burguesia. 131) Ele manteve os ideais da Revolução e os concretizou numa administração pública, que, como foi construída por ele, permanece em grande parte até hoje. 132) Apesar de os ingleses se assegurarem de que estavam lutando em prol da liberdade, contra Napoleão, a maioria dos ingleses era mais pobre em 1815 do que em 1800; enquanto na FRA, a maioria da população era mais rica que antes e mantinha os benefícios econômicos da rev 133) Entretanto, o imaginário da rev – de igualdade, fraternidade e luta contra a opressão – foi maior que o legado de Napoleão. Foi a rev que balizou a maior parte dos movimentos na Europa no XIX e não o bonapartismo.
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