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Portos Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Me. Luciana Vasques Correia da Silva Revisão Textual: Prof.ª Me. Sandra Regina Fonseca Moreira Obras de Proteção Marítima • Introdução; • Obras de Defesa dos Litorais; • Obras de Dragagem; • Obras de Derrocamento. • Discutir as principais estratégias de proteção dos corpos litorâneos contra a ação da água para a implantação de obras hidráulicas. OBJETIVO DE APRENDIZADO Obras de Proteção Marítima Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam- bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Obras de Proteção Marítima Introdução Dez mandamentos para a defesa dos litorais são: I. Amar a costa e a praia; II. Proteger a costa contra os demônios da erosão; III. Proteger sabiamente a costa, trabalhando verdadeiramente com a natureza; IV. Evitar que a natureza dirija toda sua força contra ti; V. Planejar cuidado- samente no teu interesse e no de teu vizinho; VI. Amar a praia de teu vizinho como a tua própria; VII. Não roubar nem causar dano à proprie- dade de teu vizinho ao realizar a tua obra de defesa; VIII. Fazer teu plane- jamento em cooperação com teu vizinho e ele em cooperação com o dele e assim por diante. Assim se faça; IX. Manter o que construir; X. Mostrar perdão pelos erros do passado e cobri-los de areia. Assim ajudar a Deus. Per Bruun As regiões costeiras estão em constante transformações causadas pela ação das ondas, das marés, das correntes de marés e ainda pelas ações antrópicas. O fenômeno que afeta diretamente o litoral é a erosão costeira, que ocorre por causa da falta de equilíbrio dinâmico nessas regiões. A erosão costeira provoca a re- moção de uma quantidade de material da praia maior do que é naturalmente reposto. Ainda, em função do alto valor econômico que as áreas litorâneas representam, o processo erosivo pode gerar um elevado custo socio ambiental e econômico. Geólogo explica a erosão marinha em Sergipe: https://youtu.be/usnqKOlUpKQ Ex pl or Obras de Defesa dos Litorais A finalidade das obras de defesa dos litorais é proporcionar uma estabilidade no balanço do transporte de sedimentos nestas áreas, ocasionando um aumento na linha da costa e evitando o avanço da erosão. Nos projetos das obras de defesa dos litorais, algumas questões fundamentais devem ser atendidas (ALFREDINI, 2009): • Análise custo-benefício; • Análise ambiental referente à ecologia, estética e socioeconômica; • Análise para determinar a mínima interferência nas áreas adjacentes. Para a eficiência deste tipo de obra é imprescindível o levantamento de dados, não apenas das áreas a serem protegidas, bem como das áreas adjacentes, para se evitar a progressão dos processos erosivos (BORGO, 2008). 8 9 Existem dois tipos de intervenções de de- fesa dos litorais, que podem ser classificadas como não estruturais e estruturais. As intervenções não estruturais têm como principal característica apresentar seu efeito a longo prazo. Suas ações estão foca- das em planejamento e gerenciamento de uso e ocupação do solo nas áreas costeiras. As intervenções estruturais têm como principal característica a interferência física direta nas áreas litorâneas em que são cons- truídas e podem ser divididas em: • Obras Longitudinais Aderentes (pare- dões e muros de choque); • Obras Longitudinais Não Aderentes (quebra mares destacados); • Obras Transversais (molhes e espigões). Figura 1 – Erosão Maritíma Fonte: Wikimedia Commons Figura 2 – Exemplo de Obra de Defesa do Litoral – Molhe em Arade, Portugal Fonte: Wikimedia Commons Obras Longitudinais Aderentes Utilizadas para fixar o limite da praia em áreas não protegidas, de forma ade- quada, por praia natural. Na maioria das vezes são obras provisórias, em áreas severamente afetadas pelo avanço do mar. Em alguns casos são obras definitivas, quando a intenção é manter a costa avançada em relação a áreas vizinhas. 9 UNIDADE Obras de Proteção Marítima Estes tipos de proteção, formada por paredões, têm as funções de resistir à ação das ondas fracas a moderadas em baías e enseadas; resistir à ação das ondas severas diminuindo a erosão das praias, por meio de muros de choque; servir de contenção dos aterros ou de praias artificiais e ainda evitar inundações em eventos meteorológicos mais intensos. As obras longitudinais aderentes apresentam algumas limitações em seu emprego e a principal delas é não conter os sedimentos em trânsito. Com isso, ocorre a for- mação de turbulência frontal, que pode provocar uma erosão na base da estrutura. Os materiais mais empregados na construção deste tipo de obra são o enroca- mento, peças maciças de concreto, estacas-prancha de concreto, metálicas, ou de madeira, para os muros de choque. Nos revestimentos de alta da praia, em que apenas as ondas de preamares ex- tremas podem atingir estas estruturas, utilizam-se muretas de 1,5 a 2 metros de concreto ou alvenaria, gabiões, blocos ou placas de concreto e estaca-prancha para a fundação. Figura 3 – Tipos de Obras Longitudinais Aderentes (Paredões de Concreto) Fonte: Getty Images Obras Longitudinais Não Aderentes Este tipo de estrutura é conhecido como quebra mar destacado da costa e sua principal função é dissipar a energia das ondas associadas antes de atingirem a praia. A diferença entre o quebra mar de proteção do litoral e o quebra mar de prote- ção portuária é que o primeiro não possui a função de interromper por completo a ação das ondas incidentes, e, por serem destacados da costa, podem ser utilizados em áreas mais profundas do que as obras de espigões. Entretanto, apresentam algumas limitações em sua aplicação, tais como: a for- mação de tombolo, que pode causar um fenômeno sanitário desfavorável, reduzindo 10 11 a capacidade de renovação das águas; não devem ser construídos em locais de grande declividade, por necessitarem de obras em grande profundidade; risco a navegação; e ainda são esteticamente desfavoráveis. Os materiais mais empregados na sua composição são o enrocamento (quebra mar de talude), os blocos artificias de concreto (recifes artificias), os caixões de con- creto e as estacas metálicas ou de madeira. Figura 4 – Obras Longitudinais Não Aderentes (quebra mar destacados) Fonte: Getty Images Obras TransversaisAs obras transversais de defesa do litoral são conhecidas como espigões de praia. Estas estruturas têm início na porção da orla marítima chamada de pós praia para que fiquem enraizadas e se estendam até a primeira linha de arrebentação das ondas. Os espigões são construídos isolados ou em grupos de espigões, dependendo da necessidade, e são consideradas as obras defesas do litoral mais utilizadas. As principais funções dos espigões são coletar de forma parcial ou total os se- dimentos litorâneos, a fim de provocar um assoreamento na área a ser protegida, para que ocorra o alargamento das praias e se estabilizem as praias que sofrem variações periódicas. Algumas limitações deste tipo de obra devem ser levadas em consideração na hora da escolha deste tipo de estrutura, como a formação de turbulência na extre- midade que recebe os choques das ondas. Estes choques podem levar a erosão dos espigões, quando não existe uma manutenção adequada. Os materiais mais utilizados na construção dos espigões são o enrocamento e as estacas-prancha metálicas, que podem ser planas ou celulares preenchidos de agregados, de concreto, ou de madeira. 11 UNIDADE Obras de Proteção Marítima Figura 5 – Obras Transversais (espigões) Fonte: Getty Images Dragagem e conflitos ambientais em portos clássicos e modernos: uma revisão: https://bit.ly/2SvIp4tE xp lo r Obras de Dragagem ALFREDINI (2009) define a dragagem como a atividade de escavação e remo- ção de solo ou rocha desmontada submersos em qualquer profundidade, por meio de equipamentos mecânicos ou hidráulicos. Este serviço inclui, portanto, a retirada, o transporte e deposição dos sedimentos gerados pela dragagem. A dragagem é um de serviço de implantação e/ou manutenção dos leitos dos cursos d´água (fluvial), dos estuários e das áreas portuárias (marítima) e seu objetivo é melhorar condições de navegabilidade e de escoamento. Já o material gerado pela atividade de dragagem, as areias, pode ser aproveitado. Denomina-se dragagem de implantação, quando a atividade tem a função de es- tabelecer um gabarito geométrico (profundidade, largura e taludes). A dragagem de manutenção, por sua vez, é realizada de forma sistemática, para manter o gabarito geométrico já existente. A dragagem fluvial gera menor volume do que a dragagem marítima, já que as profundidades fluviais geralmente são inferiores a 5 m e os equipamentos podem ser locados em flutuantes ou escavação a partir das margens. Um aspecto importante na gestão de longo prazo das atividades de dragagem é a localização adequada do despejo, para que os materiais dragados não retornem às áreas dragadas. 12 13 Figura 6 – Dragagem Fluvial (Rio Pinheiros) Fonte: Getty Images Figura 7 – Dragagem Marítima Fonte: Getty Images Princípio de Funcionamento das Dragas Antigamente, os equipamentos de dragagem eram compostos por apenas um tubo, que se encostava no leito, e as partículas eram arrancadas devido apenas à sucção. Hoje em dia, para trabalhos fluviais, as dragas possuem na ponta dos tubos um sistema de desagregação (cabeças giratórias semelhantes a brocas), que rompe o solo em pequenos blocos para serem aspirados por sucção. As cabeças providas de fendas, que lançam jatos de água contra o solo, possuem a mesma função. Para a execução dos serviços de dragagem existem dois tipos de dragas: as mecânicas e as hidráulicas. A determinação do equipamento a ser utilizado está diretamente relacionado à quantidade de material a ser dragado. As dragas mecânicas utilizam uma espécie de caçamba para escavar e elevar o material do fundo, enquanto as dragas hidráulicas (ou sucção) misturam e transpor- tam o material dragado em escoamento hidráulico de alta velocidade. A classificação das dragas mecânicas mais utilizadas podem ser função do méto- do de execução (ALFREDINI, 2009): 13 UNIDADE Obras de Proteção Marítima • Draga de Trabalho Descontínuo: possui pequena capacidade de escavação, por isso é empregada em condições especiais. Utilizada em trabalhos de ma- nutenção de profundidade em rios (pequena escala). Os equipamentos para a execução dos serviços são as caçambas, escavadeiras e pás mecânicas; • Draga de Alcatruzes: possui alto rendimento, por ser composta de uma se- quência de caçambas montadas em uma lança, entretanto, não é apropriada para materiais coesivos grossos. Este tipo de draga utiliza “batelões” para o transporte do material dragado. Uma desvantagem é a dificuldade na manobra em locais de pouca profundidade ou canais tortuosos, sendo mais utilizada nos trechos marítimos ou nos cursos d’água de maior porte. As dragas hidráulicas são mais adequadas para os trabalhos de manutenção nos rios. Funcionam por meio da sucção de uma mistura de água e material sólido arrancado do leito do rio. A quantidade de material retirado dependerá da desagre- gação e do peso das partículas do leito. Figura 8 – Dragagem Mecânica Fonte: Getty Images Marinha do Brasil: https://bit.ly/38bIcdk Ex pl or Obras de Derrocamento A definição de obras de derrocamento consiste na desagregação e remoção de materiais submersos que afetam a navegação que, por causa da dureza dos mate- riais, inviabilizam a remoção por dragagem. 14 15 Os serviços relacionados às atividades de derrocamento são o desmonte, retira- da, transporte e deposição do material retirado. Portanto, os objetivos deste tipo de obra são melhorar as condições de navegabilidade e as condições de escoamento, aumentando a velocidade e a declividade no local. Os métodos de derrocamento mais conhecidos são os desmonte mecânicos e os desmonte com explosivos. O funcionamento do serviço de derrocamento se inicia no reconhecimento dos materiais por sondagem com embarcação varredora, a partir dessa etapa, ocorre o desmonte por ondas de choque, por meio do uso de explosivos (a fogo) ou por percussão direta (a frio). A retirada do material desagregado é realizada por dragas mecânicas especiais e o transporte do material é executado em batelões para área de despejo. Os desmontes mecânicos utilizam a energia de impacto, podendo ser por derro- cador queda livre ou perfuratrizes. A energia empregada no equipamento depende da dureza, espessura, profundidade da camada e a dimensão máxima desejada do material desagregado (ALFREDINI,2009): • O derrocador de queda livre: utiliza uma altura de queda entre 2 a 5 m, o pilão pode variar de 4 a 25 toneladas. Este sistema é indicado para espessuras a desmontar de 1 a 1,5 m e a profundidade de operação de 4 a 15 m, sua produção varia de 5 a 20 m3/h; • O derrocador de perfuratriz: utiliza tubulões em que a água é expulsa por instalação pneumática de ar comprimido. A perfuração ocorre a seco (per- furatriz ou martelete) e as perfurações podem ser de até 20m, com força de choque de 3 a 10 toneladas, para cada camada de até 1,5 m espessura. Para os desmontes com explosivos é necessário a introdução de cargas que serão detonadas (explosivos), posicionadas adequadamente em perfurações previa- mente executadas. As perfurações mais utilizadas atualmente são as executadas por marteletes a ar comprimido, podendo também ser realizadas a partir da superfície, por meio de embarcações estacionárias. Todos os processos de dragagem e derrocamento a serem executados devem seguir rigorosamente a deliberação da Resolução do CONAMA nº 344/2004, no que diz respeito aos critérios para avaliação da qualidade do material dragado. Finalmente, todo o material retirado deve ser destinado para áreas de sacrifício implantadas com critérios de projeto semelhantes às barragens de rejeitos, para que a gestão ambiental desses materiais não inertes seja eficiente. Guia de Diretrizes de Prevenção e Proteção à Erosão Costeira (capítulo 2): https://bit.ly/31xMN74E xp lo r 15 UNIDADE Obras de Proteção Marítima Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros Engenharia Portuária ALFREDINI, P.; ARASAKI, E, 2019 Editora: Blucher. Ler:Parte 4. Vídeos Contrato emergencial deve manter dragagem no Porto de Santos https://glo.bo/3bkZ57f Leitura Obras de defesa do litoral https://bit.ly/38cE8cw Riscos ambientais e percepção no litoral: estudo comparativo brasil-portugal https://bit.ly/2S7DPtV 16 17 Referências ALFREDINI, P.; ARASAKI, E. Obras e Gestão de Portos e Costas. 2. ed., v. 1. São Paulo: Blucher, 2009. BORGO FILHO, M. Elementos de Engenharia Portuária. Vitória: Flor & Cul- tura, 2008. 17
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