Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Thaís Silva – caso 12 MEDICINA 3º SEMESTRE 2020 Asma Menina, 6 anos QP: “Falta de ar há 4 dias”. Iniciou há 4 dias um quadro de congestão nasal, prurido nasal e ocular e tosse seca, com piora no período noturno, sem febre e outros sintomas associados. O quadro clínico começou um dia após os vizinhos iniciarem uma reforma em casa e a menina sempre apresenta quadros parecidos quando entra em contato com poeira, pelo de gatos/cães ou fumaça, mas nenhum quadro com essa gravidade. O pai e o irmão também apresentam quadros parecidos. Hoje houve piora da tosse associada a quadro de taquidispneia importante e uma dor no peito muito forte. Aparelho Respiratório: presença de roncos e sibilos difusos em ambos HTX, e tempo de expiração prolongado. Uso importante da musculatura acessória. o Doença inflamatória crônica das vias aéreas inferiores que causa episódios recorrentes responsividade das vias aéreas a variados estímulos, sibilos, falta de ar, aperto no peito e tosse, especialmente à noite e/ou no início da manhã. o Quadro clínico é causado por broncoconstricção difusa, porém variável, com limitação do fluxo aéreo o É reversível (ao menos parcialmente) o Aumento da reatividade das vias aéreas a estímulos (broncoconstricção) o Inflamação das paredes dos brônquios e aumento da secreção de muco. o No Brasil, estima-se a prevalência da asma em torno de 10%. Estudo realizado nas cidades de Recife, Salvador, Itabira, Uberlândia, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre, concluiu que 13,3% das crianças na faixa etária de 6 a 7 anos e 13 a 14 anos eram asmáticas. Conforme dados do DATASUS, em 2008 a asma foi a 3ª causa de internação hospitalar pelo SUS, com cerca de 300 mil hospitalizações ao ano. o Apesar de serem apenas 5%-10% dos casos de asma, pacientes com asma grave apresentam maior morbimortalidade relativa. Portadores de asma grave não controlada procuram 15 vezes mais as unidades de emergência médica e são hospitalizados 20 vezes mais que os asmáticos moderados. Manifestações o Crises (assintomáticos entre as crises) o Dispneia o Tosse o Sibilos (broncoespasmo) Pode ser dividida em: o Atópica o Não atópica Asma atópica o Tipo mais comum de asma o História familiar positiva de atopia o Os ataques de asma são frequentemente precedidos por rinite alérgica, urticária ou eczema. o Doença provocada por antígenos ambientais, tais como poeiras, pólen, pêlos de animais, e os alimentos, mas qualquer antígeno pode estar envolvido. o Alterações em genes envolvidos com a apresentação de antígenos, ativação de células T (IFN-gama), regulação na produção de citocinas, etc o Teste cutâneo com os antígenos agressores resulta em uma reação imediata, com pápula e eritema o Hipersensibilidade do tipo I mediada por IgE Atopia o “Tendência exagerada a produzir respostas IgE a uma ampla variedade de alérgenos ambientais comuns” o Base familiar, influenciado por diversos loci genéticos o Altos níveis de IgE total na circulação e maior contagem de eosinófilos o Susceptibilidade a reações alérgicas (dermatite, asma) o Genes implicados na predisposição à atopia: 11q12-13: codifica subunidade β do receptor de IgE 5q31-33: genes para citocinas (IL-3, IL-4, IL-5, IL-9, IL-13) que promovem resposta Th2, aumentando a produção de IgE, a sobrevivência de eosinófilos e a proliferação de mastócitos. A variação na região do gene para IL-4 é associada ao aumento dos níveis de IgE em pessoas atópicas. Grupo de genes TIM (T cell immunoglobulin domain and mucin domain), que codifica proteínas de superfície de células T, influenciando na diferenciação para Th2. Diversos outros genes Thaís Silva – caso 12 MEDICINA 3º SEMESTRE 2020 *Hipersensibilidade: Distúrbios causados pela resposta imune ocasionados por reações excessivas e indesejáveis. Hipersensibilidade tipo I ou imediata o Fase imediata (inicial) – 5 a 30 minutos após a exposição o Vasodilatação, extravasamento vascular, espasmos musculares e secreção glandular. Contato com o alérgeno, que inicia uma resposta Th2, levando à produção de IgE (específicos para antígenos ambientais) em indivíduos susceptíveis IgE se liga aos receptores Fc (FceRI) nos mastócitos Alérgeno entra em contato com mastócitos sensibilizados, ativando-os. Liberação de mediadores pelos mastócitos (Histamina Fatores quimiotáticos de eosinófilos e neutrófilos Fator ativador plaquetário Prostaglandinas Leucotrienos) o Resposta de fase imediata (mediadores liberados pelos mastócitos) Abertura das junções íntimas intercelulares da mucosa Aumento da penetração de antígeno para os mastócitos da sub-mucosa Estimulação de fatores vagais subepiteliais – Broncocontricção Liberação de citocinas pelos mastócitos – recrutamento de leucócitos Desencadeia reação tardia (4 a 8 horas mais tarde) Hipersensibilidade tipo I (fase tardia) o Fase tardia (inicial) – 2 a 24 horas após a exposição podendo durar vários dias o Sem exposição adicional ao alérgeno. Infiltração de tecidos com eosinófilos, neutrófilos, basófilos, monócitos e células T CD4+ (helper). É mediada pelos leucócitos recrutados pelos fatores quimiotáticos e citocinas derivadas de mastócitos (da fase imediata); Células inflamatórias já presentes (asmáticos com ataque recorrente) Produção de eotaxina pelas células epiteliais – Recrutamento de eosinófilo Proteína dos eosinófilos causa dano epitelial e constrição das vias aéreas. Mediadores da asma atópica o Os leucotrienos C4 , D4 e E4: mediadores extremamente potentes que causam broncoconstricção prolongada, aumento da permeabilidade vascular e aumentam a secreção de mucina. o Acetilcolina: liberada pelos nervos motores intrapulmonares, resultando em constrição do músculo liso das vias aéreas através da estimulação direta de receptores muscarínicos. o Histamina: provoca broncoespasmo e aumenta a permeabilidade vascular, mas não é considerada como um mediador importante uma vez que os fármacos antihistamínicos não fornecem grande benefício. o Prostaglandina D2: induz broncoconstrição e vasodilatação. Fator ativador de plaquetas: provoca a agregação das plaquetas e de liberação de histamina dos seus grânulos. Asma não atópica o Mecanismo da inflamação brônquica e hiper- responsividade é muito menos evidente. o Causas: são infecções virais do trato respiratório (mais comum) e poluentes do ar, como o dióxido de enxofre, ozônio e dióxido de nitrogênio. o Infecções virais induzem inflamação, que diminui o limiar dos receptores vagais subepiteliais aos irritantes o Irritabilidade excessiva da árvore brônquica, subjacente à asma o História familiar positiva é incomum, os níveis séricos de IgE são normais, e não há alergias associadas. o Teste cutâneo negativo Asma induzida por drogas o Vários agentes farmacológicos o A aspirina é o exemplo mais importante. o Indivíduos com sensibilidade à aspirina se apresentam com pólipos nasais recorrentes, rinite, urticária e broncoespasmos. Thaís Silva – caso 12 MEDICINA 3º SEMESTRE 2020 o Mecanismo exato permanece desconhecido. A aspirina inibe a via da ciclo-oxigenase do metabolismo do ácido araquidônico, sem afetar a via da lipoxigenase, deslocando assim a balança para leucotrienos broncoconstritores. Asma ocupacional o Estimulada por fumaças (resinas epóxi, plásticos) poeiras orgânicas e químicas (poeiras de madeira, o algodão, de platina), gases (tolueno), e outros produtos químicos. o Ataques geralmente se desenvolvem depois de exposição repetida ao antígeno causador. o Quantidades mínimas são necessárias o Mecanismos: variam de acordo com o estímulo Hipersensibilidade tipo I Liberaçãodireta de broncoconstrictores Respostas de hipersensibilidade de origem desconhecida Morfologia da asma (casos fatais) o Macroscopicamente: pulmões distendido (pressão excessiva), podendo haver pequenas zonas de atelectasia. Oclusão de brônquios e bronquíolos por tampões de muco espesso. o Histologicamente: tampões de muco com espirais de epitélio descamado (Espirais de Curschmann). Numerosos eosinófilos e cristais de Charcot - Leyden (coleções de cristalóides composta de proteínas de eosinófilos) também estão presentes. Pulmões hiperinflados apresentam aspecto normal à macroscopia Atelectasia Tampão mucoso Espirais de Curschmann: tampões de muco com espirais de epitélio descamado Espirais de Curschmann: tampões de muco com espirais de epitélio descamado Cristais de Charcot-Leyden: coleções de cristalóides composta de proteínas de eosinófilos. Cristais de Charcot-Leyden: coleções de cristalóides composta de proteínas de eosinófilos Remodelamento das vias aéreas o Espessamento da membrana basal do epitélio o Fibrose abaixo da membrana basal o Edema brônquico o Infiltrado inflamatório nas paredes brônquicas, com um destaque de eosinófilos e mastócitos o Aumento da vascularização o Aumento no tamanho das glândulas submucosas. o Hipertrofia do músculo parietal dos brônquios. Thaís Silva – caso 12 MEDICINA 3º SEMESTRE 2020 Obstrução do lúmen do bronquíolo por muco, espessamento da membrana basal e inflamação do bronquíolo Metaplasia de células caliciformes, muco na luz do brônquio, espessamento de membrana basal, inflamação grave com muitos eosinófilos Metaplasia das células caliciformes Muco e células inflamatórias na luz dos brônquios Hipertrofia muscular do bronquíolo Normal Espessamento da membrana basal do epitélio Infiltrado com eosinófilos Aumento da vascularização Aumento no tamanho das glândulas submucosas Hipertrofia do músculo parietal dos brônquios Thaís Silva – caso 12 MEDICINA 3º SEMESTRE 2020 Asma extrínseca está relacionada à predisposição genética para uma resposta do tipo I, ou resposta de hipersensibilidade imediata, contra uma extensa gama de estímulos externos ambientais. A asma extrínseca pode também resultar de uma exposição a uma grande variedade de compostos químicos orgânicos ou inorgânicos, como os diisocianatos e a etilenodiamina, os quais podem se manifestar como asma ocupacional, sem que haja participação mediada pela IgE (asma extrínseca não-atópica).
Compartilhar