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O intestino primitivo vai ser reconhecível na quarta semana de gestação e é composto por intestino anterior, médio e posterior; → O intestino anterior dá origem ao TGI superior, como esôfago, estômago e duodeno; → O intestino médio dá origem ao restante do intestino delgado e grosso até o nível do cólon transverso; → O intestino posterior forma o restante do cólon e o canal anal superior O crescimento rápido do intestino médio faz com que ele sofra protusão para fora da cavidade abdominal através do anel umbilical durante o desenvolvimento fetal → O intestino médio subsequente retorna à cavidade peritoneal e gira em movimento anti-horário até que o ceco repouse sobre o quadrante inferior direito; → O processo normalmente é concluído na oitava semana de gestação; O fígado deriva do divertículo hepático que evolui para células parenquimatosas, ductos biliares, estruturas vasculares e células hematopoéticas e de Kupffer → Os ductos biliares extra-hepáticos e a vesícula desenvolvem-se primeiramente como cordões sólidos que canalizam por volta do 3° mês de gestação Os brotos pancreáticos dorsal e ventral crescem a partir do intestino anterior por volta da 4ª semana de gestação → Os dois brotos fundem-se na sexta semana de gestação → A capacidade secretora exócrina está presente no quinto mês A propulsão do alimento para baixo no TGI depende da ação coordenada dos músculos da parede intestinal → As contrações são reguladas pelo sistema nervoso entérico sob influência de uma variedade de peptídeos e hormônios → O sistema nervoso entérico é derivado de células da crista neural que migram na direção crânio-caudal ➢ A interrupção da migração resulta em doença de Hirschsprung (doença que envolve a ausência de células nervosas nos músculos de uma parte ou totalidade do intestino grosso) A eficiência da nutrição enteral está relacionada à competência do trato gastrointestinal em coordenar sucção e deglutição e propiciar esvaziamento gástrico completo e motilidade intestinal adequada; O RN não tem a capacidade de digerir e absorver nutrientes de uma dieta complexa. Felizmente, o RN humano a termo possui uma fonte pronta de nutrição na forma do leite materno → O leite humano está notavelmente adaptado às capacidades digestivas do RN a termo e às necessidades nutricionais durante, no mínimo, o primeiro semestre de vida; Logo após o nascimento, o tubo digestivo está em condições de funcionar, as enzimas estão presentes e em boas condições para funcionamento; → Entra aqui como exceção a amilase pancreática; → A elevada frequência do encontro de lactosúria no neonato normal e prematuro, nas primeiras semanas de vida, parece ser devido a um amadurecimento tardio da atividade da lactase, que ocorre no fim da gestação; Ao nascimento ocorre a transição da alimentação parenteral, via cordão umbilical, e de pequenas quantidades de líquido amniótico deglutido, para a completa obtenção de nutrientes a partir do colostro e leite materno → Nesse momento, o intestino passa por um processo de rápido crescimento morfológico em termos de comprimento e superfície absortiva → Vale lembrar que se estima que o comprimento do intestino é de 50 cm na metade da gestação, cerca de 100 cm nas semanas que antecedem o nascimento e 200 cm nas primeiras semanas de vida → O estímulo do colostro nesse processo é de expressiva relevância. → A alimentação do prematuro constitui um enorme desafio se levarmos em consideração a imaturidade do sistema digestivo, especialmente do reflexo da deglutição, a menor atividade de lactase e o padrão imaturo de motilidade do trato gastrintestinal → Esses fatos explicam, pelo menos em parte, a alta prevalência de refluxo gastroesofágico, intolerância alimentar e constipação intestinal em prematuros, respectivamente O pH do estômago ao nascimento é aproximadamente neutro → Algumas horas depois, torna-se muito ácido (pH 1,5, em média) O ar preenche rapidamente o tubo intestinal, chegando ao colo descendente em até 3 horas → Embora porções de uma refeição possa ficar permanecer por até 8 horas no estômago, a motilidade em geral é muito boa, e o alimento consegue percorrer todo o tubo digestivo em até 4 horas → De modo geral, quanto maior a osmolaridade do alimento mais lento é o esvaziamento gástrico A competência do esfíncter esofagiano está relacionada à idade gestacional → RN prematuros têm maior risco de apresentar refluxo gastroesofágico → O estômago torna-se anatomicamente maduro por volta da sétima semana de gestação. Contudo, as contrações rítmicas não ocorrem até aproximadamente quatro dias de vida do RN a termo → O esvaziamento gástrico nos RN prematuros é lento, provavelmente refletindo a imaturidade da função motora duodenal e a ausência de atividade coordenada entre o antro e o duodeno Os padrões motores intestinais do RN diferem daqueles dos adultos; → A motilidade do TGI superior durante o jejum normal é caracterizada por um padrão bifásico conhecido como complexo motor de migração → O complexo motor de migração ocorre com menor frequência em RNs e eles tem atividade fásica não migratória; ➢ Isto leva a propulsão ineficaz, particularmente em lactentes prematuros No primeiro dia de vida ocorre rápida colonização do intestino do recém-nascido com microrganismos provenientes da microbiota materna e do ambiente → Os primeiros colonizadores pertencem aos gêneros Escherichia e Enterococcus → Posteriormente, aparecem bactérias dependentes de anaerobiose dos gêneros Bifidobacterium e Bacteriodes → Ou seja, as primeiras bactérias são anaeróbias facultativas (Staphylococcus, Streptococcus, Enterococcus, Enterobacter) que contribuem para o desenvolvimento de ambiente anaeróbio no intestino, que, assim, permite a instalação de anaeróbios obrigatórios (Bifidobacterium, Bacteriodes, Clostridium, Eubacterium) → Com a introdução de alimentos complementares ao leite materno na dieta do lactente observa-se um importante impacto sobre a microbiota intestinal, caracterizado pela diminuição da participação de bifidobacterias (que, no entanto, se mantêm predominantes) e pelo aumento da diversidade com maior participação de bactérias dos gêneros Bacterioides e Clostridium A colonização do tubo digestivo do recém-nascido e do lactente depende de alguns fatores, especialmente do tipo de parto e de alimentação → Ao longo dos dois primeiros anos de vida observa-se que o parto por cesárea associa-se com maior abundância de firmicutes e menor de bacteroidetes → Ao longo do primeiro semestre de vida constata-se que a instalação dos bacteroidetes ocorre em uma fase mais tardia A microbiota intestinal, através de estruturas moleculares que constituem as chamadas padrões moleculares associados a microrganismos (MAMPs), interage com o sistema imunológico intestinal e com a barreira intestinal e, também, interfere na produção de muco → Estimulam a proliferação de células nas criptas e nas células de Paneth responsáveis pela produção de peptídeos antimicrobioanos, denominados defensinas → Essa interação (crosstalk) ocorre com receptores específicos, como os toll-like receptors → Respostas pró-inflamatórias podem ser neutralizadas por células Treg por meio da produção de interleucina 10 → Esse mecanismo é muito importante no desenvolvimento da tolerância oral → Bactérias probióticas, como o Lactobacillus GG e Bifidobacterium breve, podem estimular o processo de tolerância imunológica por meio de estímulo para a produção de interleucina → Anormalidade no desenvolvimento da tolerância oral nos primeiros meses de vida pode ocasionar alergia à proteína do leite de vaca não mediada por IgE Crianças aleitadas com leite materno, em geral, mostram um número maior de evacuações maior e fezes mais fluidas que as aleitadas artificialmente (isso aqui cai mais como umbenefício do aleitamento, então pode escolher em qual objetivo falar) Ao nascimento, o intestino contém de 60 a 200g de mecônio, material verde escuro, cuja composição tem, principalmente, mucopolissacarídeos, poucos lipídeos e poucas substâncias nitrogenadas. → O mecônio é intensamente corado por secreções da bile → É formado por resíduos de secreção mucosa do tubo digestivo fetal após digestão por enzimas proteolíticas → O mecônio pode estar hipocorado em casos de atresia biliar → Em geral, certa quantidade de mecônio é liberada nas primeiras 23 horas de vida ➢ A falta de eliminação de mecônio após 24hrs sugere obstrução → Aos 4 ou 5 dias de vida, as eliminações vão perdendo o aspecto meconial, tornando- se liquefeitas e heterogêneas, o que é chamado de fezes de transição Após a primeira ingestão no bebê nascido a termo, são deflagradas algumas adaptações fisiológicas: → Secreção ácida no estômago; → Modificações na motilidade intestinal, para acomodar o volume de leite ingerido; → Alterações do pâncreas endócrino e da função hepática; → Alterações na secreção de enzimas e hormônios intestinais A primeira mamada do bebê a termo desencadeia um aumento da glicemia, insulina, hormônio do crescimento, gastrina e enteroglucagon → Esta resposta pós-prandial não ocorre no pré-termo, embora, se alimentado precocemente, ele pode desenvolver níveis pré-prandiais destes hormônios em 2 dias e meio MORAIS, Mauro Batista de. Signs and symptoms associated with digestive tract development. Jornal de Pediatria, Porto Alegre, v. 92, n. 3, supl. 1, p. 46-56, June 2016. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sc i_arttext&pid=S0021- 75572016000400046&lng=en&nrm=iso>. Acesso em:22 Abril de 2020. WYLLIE, Robert. Desencolvimento, estrutura e funções normais. In: BEHRMAN, Richard E; KLIEGMAN, Robert M; JENSON, Hal B. Nelson: tratado de pediatria. 18. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. p. 1560-1562
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