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1 @jumorbeck Estado nutricional a partir do GALT ↠ Há muito tempo o intestino deixou de ser reconhecido apenas como um órgão de digestão e absorção, para assumir um importante papel imunológico por sua participação na defesa contra as agressões do meio externo (FONSECA; COSTA, 2010). ↠ A mucosa intestinal fica exposta a uma ampla variedade de antígenos provenientes de alimentos, bactérias residentes e microorganismos invasores, e estes necessitam ser limitados pela barreira mucosa que fornece a defesa imune a antígenos prejudicais (FONSECA; COSTA, 2010). ↠ A função imune do intestino depende de três componentes: a barreira intestinal, o sistema imune (tecido linfóide associado ao intestino - GALT, plasmócitos, linfócitos, imunoglobulinas) e a microflora (FONSECA; COSTA, 2010). ↠ Especificamente na mucosa do trato intestinal encontra-se o sistema G.A.L.T (gut-associated lymphoid tissue/tecido linfoide associado ao intestino), constituído de tecido linfoide denso, representado por folículos linfoides isolados no intestino grosso ou formando agregados como nas placas de Peyer no íleo. ↠ O GALT representa a maior massa de tecido linfóide no corpo humano, constituindo importante papel imunológico do hospedeiro. Está localizado em três compartimentos: estrutura organizada (placas de Peyer e linfonodos mesentéricos), onde as respostas imunes da mucosa inicial são induzidas, assim como lâmina própria e superfície epitelial, onde os linfócitos estão espalhados difusamente (FONSECA; COSTA, 2010). ↠ As células M fornecem informações sobre o conteúdo do lúmen para as células imunes do GALT (SILVERTHON, 7ª ed.). ↠ A superfície apical das células M contém depressões revestidas por clatrina com receptores de membrana. Quando os antígenos se ligam a esses receptores, as células M usam transcitose para transportá-los para sua membrana basolateral, onde eles são liberados para dentro do líquido intersticial. Macrófagos e linfócitos estão esperando no compartimento extracelular para que a célula M os apresentem aos antígenos (SILVERTHON, 7ª ed.). ↠ Se os antígenos são substâncias que ameaçam o corpo, as células imunes mudam a sua ação. Elas secretam citocinas para atrair células imunes adicionais que podem atacar os invasores e citocinas que desencadeiam uma resposta inflamatória. Uma terceira resposta às citocinas é o aumento da secreção de Cl-, de fluido e de muco para retirar os invasores do trato GI (SILVERTHON, 7ª ed.). Células M (microfold) são células epiteliais especializadas que recobrem folículos linfoides das placas de Peyer, localizadas no íleo. Essas células são caracterizadas por numerosas invaginações basais que contêm muitos linfócitos e células apresentadoras de antígenos, como os macrófagos. Células M podem captar antígenos por endocitose e transportá-los para os macrófagos e células linfoides subjacentes, as quais migram então para outros compartimentos do sistema linfoide (nódulos), onde respostas imunológicas contra esses antígenos são iniciadas (JUNQUEIRA, 13ª ed.). Células M representam, portanto, um elo importante na defesa imunológica intestinal. A lâmina basal sob as células M é descontínua, facilitando o trânsito de células entre o tecido conjuntivo e as células M (JUNQUEIRA, 13ª ed.). ↠ As múltiplas interações entre o epitélio, o GALT e os microorganismos intestinais estão constantemente remodelando o sistema imunológico local e sistêmico, e tem se estabelecido uma influência direta da nutrição neste processo (FONSECA; COSTA, 2010). EFEITO DA NUTRIÇÃO SOBRE O SISTEMA IMUNE INTESTINAL ↠ O intestino é responsável por 17 a 25% do consumo de oxigênio de todo o corpo, portanto é um órgão metabolicamente dispendioso e extremamente afetado se a ingestão de nutrientes é diminuída ou completamente interrompida, ou seja, em casos de jejum ou nutrição parenteral (FONSECA; COSTA, 2010). 2 @jumorbeck ↠ Estudos experimentais demonstraram que a via e o tipo de nutrição afetam significativamente o GALT e o nível de Ig-A no trato gastrointestinal (FONSECA; COSTA, 2010). A nutrição parenteral induz atrofia das vilosidades, apoptose de células epiteliais e alteração da permeabilidade da mucosa, além de propiciar translocação bacteriana e perda de barreira (FONSECA; COSTA, 2010). ↠ Animais recebendo nutrição parenteral (para evitar a desnutrição letal), sem estimulação da nutrição enteral, diminuem a expressão de MAdCAM-1 (moléculas de adesão das células da mucosa-1) nas placas de Peyer, que são receptores expressos nas células endoteliais associadas ao intestino que têm a função de permitir o trânsito de leucócitos no compartimento imune da mucosa (FONSECA; COSTA, 2010). ↠ Em poucas horas de ausência de nutrição enteral, foram observadas redução no RNAm de MAdCAM-1 e diminuição da expressão de MAdCAM-1 nas placas de Peyer em 24 a 48 horas, porém mudanças significativas já foram observadas em aproximadamente 8 horas. Após os três primeiros dias, ocorre diminuição progressiva nas células T e B nas placas de Peyer e lâmina própria, com diminuição simultânea nos níveis de Ig-A intestinal (FONSECA; COSTA, 2010). ↠ Além disso, a ausência de estimulação de alimentação enteral com alimentação parenteral altera o tamanho e a função do GALT, decorrente de baixos níveis de RNA mensageiro para IL-4 e IL-10, implicando redução da estimulação de Ig-A, com consequente comprometimento da imunidade da mucosa intestinal (FONSECA; COSTA, 2010). ↠ Alguns estudos demonstraram que mudanças na mucosa intestinal não estão visíveis em humanos com privação de alimento, a não ser que a privação seja muito prolongada ou caracterizada pela desnutrição proteica (FONSECA; COSTA, 2010). RESUMO O intestino não é apenas um órgão de digestão e absorção, mas também assume importante função no sistema imunológico. A nutrição é reconhecida por modular e melhorar a resposta imune neste local. De acordo com o que foi exposto, pode-se observar que o jejum provoca mudanças na superfície intestinal e que a nutrição parenteral promove mudanças negativas na estrutura e função da mucosa, porém em humanos essas mudanças não foram observadas. Em contrapartida, a nutrição enteral promove a manutenção ou o restabelecimento da mucosa intestinal poucas horas após sua administração (FONSECA; COSTA, 2010). Papel da microbiota intestinal ↠ O termo microbiota intestinal refere-se a uma variedade de micro-organismos vivos principalmente bactérias anaeróbias, que colonizam o intestino logo após o nascimento. É constituído por microbiota nativa e de transição temporária, sendo considerado como um dos ecossistemas mais complexos, com cerca de 1.000 bactérias distintas. Seu estabelecimento é influenciado por múltiplos fatores e chega ao ápice por volta dos dois anos de idade (PAIXÃO; CASTRO, 2016). ↠ Os neonatos são estéreis, totalmente livres de bactérias. A primeira fonte de microrganismos para a colonização do trato gastrointestinal (TGI) é o parto, principalmente o normal, por ter contato direto com a microbiota fecal da mãe. No parto cesáreo, a fonte inicial de contaminação é o meio ambiente, retardando assim o estabelecimento da microbiota, sendo mais comum a colonização por bactérias anaeróbia – Bacteroides e Clostridium (PAIXÃO; CASTRO, 2016). ↠ Em segundo plano, o ambiente e a amamentação também influenciam a formação da microbiota intestinal. Esta por sua vez sofre grande influência pelo uso de leite humano ou leite industrializado. Os recém nascidos amamentados enriquecem a microbiota comensal com bifidobactérias e induzem a inibição de bactérias patogênicas por meio de fatores imunológicos encontrados no leite materno. Entretanto, crianças alimentadas com leites artificiais apresentam uma microbiota mais diversificada com bacteroides,enterobactérias, enterococcus e Clostridium sp. (PAIXÃO; CASTRO, 2016). ↠ A colonização do TGI infantil completa é de extrema importância para a saúde do bebê e posteriormente para o adulto, a sua instalação e manutenção pode reduzir a proliferação e disseminação de bactérias multirresistentes (PAIXÃO; CASTRO, 2016). ↠ O desenvolvimento e estabelecimento da microbiota intestinal é um mecanismo complexo que recebe influência de fatores externos relacionados ao hospedeiro como o tipo de parto, aleitamento materno ou artificial, contaminação ambiental, uso de antimicrobianos, sistema imune e características genéticas. Esses elementos podem facilitar ou dificultar a instalação do ecossistema (PAIXÃO; CASTRO, 2016). ↠ A microbiota intestinal é um ecossistema essencialmente bacteriano, que age de forma simultânea 3 @jumorbeck e mútua com as células do hospedeiro por um processo de simbiose, no qual nenhum dos dois é prejudicado. O equilíbrio pode ser mantido por meio de uma alimentação sistemática rica em probióticos e prebióticos (PAIXÃO; CASTRO, 2016). O intestino é considerado um ambiente com amplo número de espécies de bactérias distintas. São encontradas em toda região gastrointestinal, entretanto, no estômago e no intestino delgado encontram-se em menores quantidades devido ao contato e ação bactericida do suco gástrico. No íleo, há uma área de transição e o colón apresenta condições favoráveis para o crescimento bacteriano devido à escassez de secreções intestinais e abrangente fonte de nutrição (PAIXÃO; CASTRO, 2016). COMPOSIÇÃO DA MICROBIOTA INTESTINAL ↠ As principais bactérias que compõe a microbiota entérica são benéficas e/ou probióticas e as nocivas. Como exemplo de probióticas, temos as Bifidobactérias e Lactobacilos (Bacteroides spp., Bifidobacterium spp., Lactobacillus spp., e para as nocivas podem ser citadas a Enterobacteriaceae e Clostridium spp. São encontrados também na microbita entérica a Eubacterium spp., Fusonbacterium spp., Peptostreptococcus spp., Ruminococcus (PAIXÃO; CASTRO, 2016). ↠ As bactérias que integram o trato gastrointestinal são em sua maioria anaeróbicas, destacando-se os gêneros bacteroides, Bifi dobacterium, Eubacterium, Clostridium, Peptococcus, Peptostreptococcus, Ruminococcus e Fusobacterium (PAIXÃO; CASTRO, 2016). ↠ Em minoria, estão também presentes organismos do domínio Archaea, representado pela espécie Methanobrevibacter smithii, leveduras e alguns protistas FUNÇÕES DA MICROBIOTA INTESTINAL ↠ A microbiota intestinal tem várias funções que são significantes e bem estabelecidas, sendo importantes as de proteção anti-infecciosa que fornecem resistência à colonização por micro-organismos exógenos; a imunomodulação, que possibilita uma ativação das defesas imunológicas e, por fim, a contribuição nutricional resultante das interações locais e dos metabólitos produzidos oferecendo fontes energéticas e de vitaminas (PAIXÃO; CASTRO, 2016). FUNÇÕES ANTIBACTERIANAS, RESISTÊNCIA A COLONIZAÇÃO OU DE PROTEÇÃO ↠ As bactérias autóctones, denominadas TGI, exercem a função de proteção e impedem a adesão de microrganismo não benéficos, formando, assim, uma barreira. Essa barreira mecânica acontece pela ocupação dos sítios de adesão celulares da mucosa com microbiota autóctone (PAIXÃO; CASTRO, 2016). ↠ Deve-se ressaltar que a resistência a colonização não é causada unicamente pela microbiota intestinal, outros fatores podem influenciar essas funções, por exemplo, os fatores anatômicos e fisiológicos (incluindo a integridade da mucosa), salivação, secreção de imunoglobulina IgA, produção de ácido graxo, descamação da mucosa e motilidade gastrointestinal (PAIXÃO; CASTRO, 2016). FUNÇÃO NUTRICIONAL ↠ A atividade de algumas bactérias intestinais sobre uma categoria de nutrientes permite um melhor desempenho intestinal. Esse processo acontece normalmente com substratos que não foram digeridos e chegam ao lúmen do cólon, especialmente os carboidratos, que são fermentados e formam ácidos absorvidos pela mucosa. Esse mecanismo é denominado salvamento energético e forma os ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) tais como o buritato e propionato, que são a principal fonte nutritiva dos colonócitos e apresentam efeito trófico no epitélio do intestino (PAIXÃO; CASTRO, 2016). ↠ A microbiota do TGI sintetiza vitamina K e vitamina do complexo B que são úteis e importantes para o metabolismo do indivíduo. Essas vitaminas são produzidas pelas bactérias Propionibacterium, Fusobacterium, Bifi dobacterium, Lactobacilos, Clostridium, Enterobacterium, Veillonella, Enterococcus e Estreptococcus e são sintetizadas no cólon intestinal (PAIXÃO; CASTRO, 2016). FUNÇÃO IMUNOMODULADORA ↠ No período neonatal, a instalação da microbiota está associada com o tecido linfoide intestinal. O estabelecimento desse sistema imunológico local com ação conjunta ao estímulo da microbiota ativa o sistema imune. O tecido linfoide reconhece as espécies e antígenos que são benéficas ao hospedeiro, procedendo, assim, uma resposta de tolerância imunológica. Cerca de 80% de todas as células imunológicas ativas do corpo humano estão localizadas no TGI (PAIXÃO; CASTRO, 2016). ↠ As células epiteliais da mucosa intestinal são as grandes responsáveis pelo reconhecimento inicial do sistema imunológico, o contato direto com a luz intestinal é primordial para que ocorra esse processo. A ativação dos mecanismos de defesa é dependente da rápida detecção de risco por meio dos receptores inatos que identificam 4 @jumorbeck componentes estruturais com características de fungos, leveduras e bactérias (PAIXÃO; CASTRO, 2016). ↠ A microbiota natural do TGI realiza o papel de barreira fisiológica, que é composta pelo epitélio da mucosa do intestino. As partes integrantes da barreira correspondem ao epitélio mucoso, o sistema imune local, Placa Peyer, lâmina própria, barreira linfoepitelial e a circulação hemato- linfática (PAIXÃO; CASTRO, 2016). ↠ O tecido linfoide ligado ao intestino (GALT) é dividido em duas estruturas funcionais, a Placa de Peyer (PP), local de contato luminal do antígeno com o sistema imune e por linfócitos intraepiteliais/lâmina própria que estão distribuídos aleatoriamente. A PP é revestida por células M responsáveis pela captura e transporte do lúmen e por células T que acionam os linfócitos B imaturo IgM a trocar o isótopo por IgA (PAIXÃO; CASTRO, 2016). ↠ Após reconhecimento e ativação do mecanismo de defesa, a imunoglobulina IgA secrotora neutraliza as bactérias impedindo que se aderem à parede da mucosa intestinal, segue então a ação dos macrófagos e neutrófilos que as fagocitam. Os anticorpos são coadjuvantes na destruição das bactérias e em determinados momentos ligam-se a toxinas por elas produzidas, para neutralizar os efeitos desses produtos (PAIXÃO; CASTRO, 2016). DESEQUILÍBRIO DA MICROBIOTA BACTERIANA ↠ O desequilíbrio da microbiota pode levar a perda de efeitos imunes normais reguladores na mucosa do intestino, sendo associada a um número de doenças inflamatórias e imuno-mediata (PAIXÃO; CASTRO, 2016). ↠ O efeito de alguns antibióticos permanece por longos períodos, produzindo uma seleção dos micro-organismos, proporcionando a perda da microbiota comensal e a propagação de bactérias mais adaptadas. Esse efeito do antibiótico depende do modo de ação do medicamento e o grau de resistência das bactérias. Tratamentos por longos períodos a base de antibióticos promovem a seleção de bactérias que contêm genes de alta resistência a antibióticos, o que leva uma maior preocupação a respeito da propagação dessas bactérias que são mais agressivas ao hospedeiro (PAIXÃO; CASTRO, 2016). TRANSPLANTE DE MICROBIOTA FECAL ↠ O Transplante de Microbiota Fecal (TMF) é definido como o método pelo qualbactérias comensais, pertencentes ao TGI de pessoas saudáveis, são inseridas em pacientes com infecções bacterianas no intestino, por intermédio de tubos nasogástricos ou colonoscopia. Com o objetivo de restaurar a microbiota natural, essa terapia é mais indicada em infecções persistentes, em especial as causadas por Clostridium difficile (PAIXÃO; CASTRO, 2016). ↠ O TMF se baseia na recuperação e/ou fortalecimento da microbiota intestinal, por meio da ingestão de microrganismo vivos, aplicados em quantidades suficientes e que oferecem benefícios ao hospedeiro. Esse tratamento tem como efeito a diminuição quase totalmente das diarreias e nos sintomas da infecção. A seleção do doador é feita preferencialmente pelo cônjuge ou parentesco próximo, caso não encontre compatibilidade, faz a escolha por um doador não- aparentado (PAIXÃO; CASTRO, 2016). 5 @jumorbeck EIXO INTESTINO-CÉREBRO E DOENÇA MENTAL ↠ A microbiota intestinal é um agente essencial na manutenção da homeostase estando a disbiose envolvida no desenvolvimento de doenças gastrointestinais e sistémicas (LANDEIRO, 2016). ↠ Uma microbiota intestinal estável é fundamental para a manutenção da fisiologia normal do intestino e contribui para a correta transmissão de sinais ao longo do eixo intestino-cérebro, o que permite a manutenção da saúde do indivíduo (LANDEIRO, 2016). ↠ Por sua vez, como se pode observar do lado direito, a disbiose intestinal pode influenciar negativamente a fisiologia do intestino, provocando uma transmissão de estímulos inapropriada ao longo do eixo intestino-cérebro e consequentemente, fazer surgir alterações nas funções do SNC e o desenvolvimento de doenças (LANDEIRO, 2016). ↠ O stress também pode afetar a microbiota modificando a sua composição, uma vez que pode influenciar as funções do intestino (LANDEIRO, 2016). Medicamento: nome comercial x nome genérico ↠ Lei 9.787, conhecida como “Lei dos Genéricos”, a qual instituiu o medicamento genérico no Brasil. O governo federal liberou a venda de medicamentos genéricos em fevereiro de 2000 com o objetivo de reduzir os custos com a compra de remédios e facilitar o acesso da população aos tratamentos de saúde (ALONSO et. al., 2015). ↠ O mercado brasileiro de medicamentos está exposto a uma nova realidade desde a inserção dos denominados medicamentos genéricos, os quais possuem o mesmo princípio ativo, mesma dose e mesma forma farmacêutica, sendo administrados pelas mesmas vias e com a mesma indicação terapêutica do medicamento de referência, com o qual deve ser intercambiável (ALONSO et. al., 2015). ↠ Aproximadamente um terço da população mundial tem dificuldade de acesso a medicamentos, pelos elevados preços, sendo que essa proporção aumenta para 50% em países em desenvolvimento. Assim, os medicamentos genéricos são uma alternativa aos medicamentos de referência em vários países do mundo (LIRA et. al., 2014). ↠ O Ministério da Saúde, através da Lei de Medicamentos Genéricos (ANVISA, 1999), avalia os testes de bioequivalência entre os genéricos e seu medicamento de referência apresentados pelos fabricantes para comprovação da sua qualidade. O que diferencia os medicamentos genéricos é que eles são comercializados pelo nome do princípio ativo e apresentam, impressos nas embalagens, uma tarja amarela com a letra “G” em destaque e os dizeres: Medicamento Genérico – Lei 9.787/99. Assim, os testes de bioequivalência são realizados com o objetivo de comprovar se dois produtos de idêntica forma farmacêutica, contendo idêntica composição, qualitativa e quantitativa, de princípio ativo, 6 @jumorbeck são absorvidos em igual quantidade e na mesma velocidade pelo organismo de quem os toma. Os genéricos podem substituir remédios de marca a critério médico (ALONSO et. al., 2015). ↠ O medicamento genérico é definido como aquele que é produzido livremente após o prazo de proteção da patente do produto de referência, devendo ser semelhante ao de referência em bioequivalência, a fim de obter o mesmo efeito terapêutico (LIRA et. al., 2014). ↠ O medicamento de referência é aquele registrado no órgão federal responsável pela vigilância sanitária, cuja qualidade deve ser comprovada cientificamente, por ocasião do registro, e a eficácia e a segurança devem ser testadas por meio de estudos clínicos (LIRA et. al., 2014). ↠ Além dos medicamentos de referência e genéricos, existe uma terceira classe denominada “medicamentos similares”, definidos como aqueles que contêm o mesmo ou os mesmos princípios ativos, mesma concentração, forma farmacêutica, via de administração, posologia e indicação terapêutica, e que é equivalente ao medicamento registrado no órgão federal responsável, podendo diferir em características relativas ao tamanho e forma do produto, prazo de validade, embalagem, rotulagem, excipientes e veículo (LIRA et. al., 2014). O medicamento similar não pode ser intercambiável e se trata de uma alternativa terapêutica cujos resultados podem ser diferentes do medicamento de referência, assim como os processos farmacocinéticos e a disponibilidade (ALONSO et. al., 2015). ↠ Já foram descritos fatores de resistência com relação a uso dos medicamentos genéricos como, por exemplo: (LIRA et. al., 2014). ➢ a baixa disponibilidade desses produtos nas farmácias; ➢ o baixo estímulo à prescrição pelos profissionais médicos; ➢ a falta de conhecimento entre os profissionais da saúde; ➢ a falta de orientação para o uso; ➢ a falta de conhecimento e as crenças negativas dos consumidores quanto à sua utilização. ↠ Um estudo realizado na Espanha, mostraram que 98,8% dos pacientes aceitaram trocar os medicamentos de referência por genéricos após terem recebido informações sobre os genéricos. Isso demonstra que o conhecimento acerca dos medicamentos genéricos é um fator importante para a escolha destes pelos consumidores (LIRA et. al., 2014). ↠ Para ter acesso aos genéricos os pacientes devem solicitar ao médico que a receita traga a possibilidade de substituição. Caso a troca seja restrita, o profissional deve dar a orientação clara na receita, para que não haja engano no momento da compra do medicamento (ALONSO et. al., 2015). ↠ A introdução dos genéricos se tornou uma alternativa para aquisição de medicamentos de qualidade a preços acessíveis para grande parte da população (LIRA et. al., 2014). AVALIAÇÃO DO CONHECIMNETO SOBRE OS GENÉRICOS Estudo descritivo e transversal, participaram 278 pessoas. Quanto à prescrição de medicamentos por parte dos médicos, 49 (17,6%) participantes afirmaram que seus médicos nunca prescreveram medicamentos genéricos e apenas 21 (7,5%) disseram que seus médicos sempre prescreviam genéricos (LIRA et. al., 2014). Entre os entrevistados, 247 (88,8%) informaram que o genérico possuía um preço menor que o medicamento de referência e 223 (80,2%) afirmaram comprar o genérico por conta do preço (LIRA et. al., 2014). Nesse sentido, estudos demonstram que uma boa medida para aumentar a prescrição de genéricos é ampliar o nível de conhecimento de quem os prescreve. A baixa prescrição dos genéricos pode ser explicada, pois os medicamentos de referência e similares têm seu processo de difusão muito mais dinâmico que os genéricos, devido aos instrumentos de persuasão da indústria farmacêutica, entre os quais figuram os representantes farmacêuticos, que divulgam as informações básicas e fazem propaganda do medicamento de referência entre os profissionais médicos. Isso não significa que os genéricos não sejam propagandeados, mas sim que isso ocorre com menores frequência e intensidade em relação aos medicamentos similares e de referência (LIRA et. al., 2014). PESQUISA REALIZADA COM 50 MÉDICOS Um total de 35 profissionais (70%) revelou que confia na eficácia domedicamento genérico, enquanto que 15 profissionais (30%) não acreditam na sua eficácia (ALONSO et. al., 2015). Ao serem indagados quanto à relação da prescrição de medicamentos genéricos e os de referência ou similares, 16 profissionais (32%) afirmaram que a relação é de cerca de 50%, enquanto que 12 profissionais (24%) afirmaram que a prescrição de genéricos é superior, 13 profissionais (26%) revelaram maior prescrição de medicamentos de referência ou similares em comparação aos genéricos e nove profissionais (18%) não opinaram, pois não prescrevem nunca os genéricos (ALONSO et. al., 2015). A maioria dos profissionais, ou seja, 27 (54%) afirmou que apresenta restrições quanto à substituição do medicamento por ele prescrito por um similar, de referência ou genérico enquanto que 23 profissionais 7 @jumorbeck (46%) afirmaram que não apresentam restrições (ALONSO et. al., 2015). Os profissionais foram questionados se já observaram casos nos quais o paciente apresentou resposta insatisfatória com o tratamento com um medicamento genérico e quando substituído por um medicamento de referência ou similar o paciente respondeu bem. Um total de 32 profissionais afirmou que sim (64%) e 18 profissionais responderam que não (36%) (ALONSO et. al., 2015). Prebióticos, probióticos e posbiótico ↠ Considerados como alimentos funcionais, os probióticos e prebióticos são atualmente bem reconhecidos no mundo todo como sendo uns dos principais promotores da vitalidade da microbiota intestinal (SILVA; MARTINS, 2015). PREBIÓTICOS ↠ O termo prebiótico remonta de 1950 com a descoberta de fatores promotores de crescimento das bifidobactérias no leite humano. Posteriormente, em 1995, Gibson e Roberfroid propuseram o conceito de prebióticos como: ingredientes alimentares não digeríveis que estimulam seletivamente o crescimento e atividade de um número limitado de bactérias no cólon, promovendo, assim, efeitos benéficos à saúde do hospedeiro (MARQUES et. al., 2020). ↠ Em 2010, esse conceito foi ligeiramente modificado para “ingredientes seletivamente fermentados que causam mudanças específicas na composição e/ou atividade da microbiota gastrointestinal, conferindo benefícios à saúde do hospedeiro” (MARQUES et. al., 2020). ↠ Em 2017, Gibson e colaboradores, passaram a definir os prebióticos como “um substrato que é utilizado seletivamente por microrganismos hospedeiros, conferindo benefícios à saúde” (MARQUES et. al., 2020). ↠ Os prebióticos são definidos como sendo ingredientes alimentares que são os principais substratos de crescimento dos microrganismos dos intestinos, não digeridos no intestino delgado que, ao atingir o intestino grosso, são metabolizados seletivamente por um número limitado de bactérias denominadas benéficas, as quais alteram a microbiota do cólon gerando uma microbiota bacteriana saudável, auxiliando-a em seu crescimento e metabolismo através da competição pelo alimento probiótico que favorece a proliferação das bactérias benéficas, principalmente os lactobacilos e as bifidobactérias, induzindo assim efeitos fisiológicos importantes para a saúde (RAIZEL et. al., 2011). ↠ Os prebióticos são, em sua maioria, pertencentes ao grupo dos carboidratos oligossacarídeos, mas outras substâncias como polifenóis e ácidos graxos poli- insaturados podem exercer ação prebiótica (MARQUES et. al., 2020). ↠ São encontrados na cebola, chicória, alho, alcachofra, cereais, aspargos, beterraba, banana, trigo e tomate, podem estar presentes no mel e açúcar mascavo, em tubérculos (RAIZEL et. al., 2011). ↠ Para que um ingrediente (ou grupo de substâncias) possa ser definido como tal, deve cumprir os seguintes requisitos: (RAIZEL et. al., 2011). ➢ ser de origem vegetal; ➢ formar parte de um conjunto heterogêneo de moléculas complexas; ➢ não ser digerida por enzimas digestivas, nem absorvido na porção superior do trato gastrointestinal; ➢ ser seletivamente fermentado por uma colônia de bactérias potencialmente benéficas ao cólon, alterando para uma composição da microbiota mais saudável e ser ativo osmoticamente ↠ Os prebióticos são seletivamente fermentados pela microbiota comensal, produzindo ácidos graxos de cadeia curta (AGCC). Estes causam redução no pH e alterações no lúmen intestinal e na morfologia tecidual, levando a produção de moléculas sinalizadoras, células imunes e metabólitos que promovem, por exemplo, a formação e manutenção de adequada densidade óssea. Os AGCC estão envolvidos no processo de saciedade através de vários mecanismos, entre os quais, na estimulação da leptina, a partir da interação com receptores específicos nos adipócitos, que reduz a sinalização cerebral de grelina e a resposta orexígena; na gliconeogênese hepática ativada pelo propionato; e na produção de hormônios anorexígenos (PYY e GLP1/2) pelas células L, no cólon (MARQUES et. al., 2020). PROBIÓTICOS ↠ Os probióticos são microrganismos que quando administrados em quantidades adequadas conferem benefício à saúde do hospedeiro (MARQUES et. al., 2020). ↠ Os probióticos exercem papel importante na saúde humana, proporcionando um efeito protetor sobre a microbiota no trato gastrointestinal através da colonização e da atividade transitória, dependendo da espécie (MARQUES et. al., 2020). 8 @jumorbeck ↠ A definição aceita internacionalmente é que probióticos são microrganismos vivos, que quando administrados em quantidades adequadas, conferem benefícios à saúde do hospedeiro (RAIZEL et. al., 2011). ↠ Os probióticos funcionam como uma barreira e melhoram a função de barreira da mucosa intestinal. O efeito de barreira ocorre por mecanismos como: inibição competitiva com patógenos por sítios de ligação e adesão na mucosa; pela produção de bacteriocinas, redução do pH via produção de AGCC e de biosurfactantes com atividades antimicrobiana (MARQUES et. al., 2020). ↠ Em um intestino adulto saudável, a microflora predominante se compõe de microorganismos promotores da saúde, em sua maioria pertencente aos gêneros Bifidobacterium e Lactobacillus. Esses gêneros estão presentes em iogurtes, produtos lácteos fermentados e suplementos alimentares (RAIZEL et. al., 2011). ↠ A seleção de bactérias probióticas tem como base os seguintes critérios: o gênero, a origem (que deve ser humana), a estabilidade frente ao ácido estomacal e aos sais biliares, a capacidade de aderir à mucosa intestinal, a capacidade de colonizar, ao menos temporariamente, o trato gastrintestinal humano, a capacidade de produzir compostos antimicrobianos e a atividade metabólica no intestino (RAIZEL et. al., 2011). ↠ Para ser considerado probiótico cada cepa de (108-10 bactéria deve estar em concentração por dia) (RAIZEL et. al., 2011). ↠ Benefícios atribuídos aos probióticos são: preservação da integridade intestinal e atenuação dos efeitos de doenças intestinais, inibição da colonização gástrica com Heliobacter pylori que é associado a gastrite, úlcera péptica e câncer gástrico (RAIZEL et. al., 2011). PÓSBIÓTICO ↠ Os posbióticos correspondem a fração solúvel intracelular secretada por bactérias vivas ou liberada após a lise bacteriana – ou seja, subprodutos metabólicos e/ou componentes da parede celular de probióticos (Lactobacilos e Bifidobactérias) – e, devido a sua bioatividade, podem mimetizar os efeitos benéficos dos probióticos sem a necessidade de administrar micro- organismos vivos, reduzindo assim possíveis efeitos colaterais (BAPTISTELLA, 2018). SIMBIÓTICOS ↠ Simbióticos são alimentos contendo simultaneamente microrganismos probióticos e ingredientes prebióticos, resultando em produtos com as características funcionais dos dois grupos, que em sinergia vão beneficiar a saúde do consumidor. A colonização de probióticos exógenos combinados com os prebióticos podeaumentar a ação dos primeiros no trato intestinal (RAIZEL et. al., 2011). APENDICITE A apendicite é uma inflamação do apêndice vermiforme que geralmente ocorre devido a uma obstrução do apêndice (SEELY, 10ª ed.). As secreções do apêndice não conseguem passar por essa obstrução e se acumulam, resultando no seu alargamento e em dor. As bactérias presentes nessa região podem causar infecção do apêndice (SEELY, 10ª ed.). Os sintomas incluem dor abdominal aguda, principalmente na porção direita inferior do abdome; febre leve; perda de apetite; constipação ou diarreia; náusea e vômito (SEELY, 10ª ed.). No quadrante inferior direito do abdome, cerca de um terço de distância seguindo uma linha a partir da crista ilíaca anterossuperior direita em direção ao umbigo, encontra-se uma área chamada ponto de McBurney. Essa área torna-se bastante endurecida em pacientes com apendicite aguda e apresenta dor referida quando o apêndice está inflamado (SEELY, 10ª ed.). Se o apêndice romper, a infecção pode se espalhar por toda a cavidade peritoneal, causando peritonite, com risco de morte (SEELY, 10ª ed.). Intestino grosso ↠ O intestino grosso é a porção do trato digestório que se estende da junção ileocecal ao ânus. Ele é composto pelo ceco, cólon, reto e canal anal (SEELY, 10ª ed.). ↠ Normalmente, são necessárias 18 a 24 horas para que o material passe pelo intestino grosso. Logo, os movimentos no cólon são mais lentos do que os no intestino delgado. Enquanto permanece no cólon, o quimo é convertido em fezes (SEELY, 10ª ed.). ↠ A formação das fezes envolve a absorção de água e sais, secreção de muco e uma extensiva ação de microrganismos. O cólon estoca as fezes até que sejam eliminadas por defecação. Cerca de 1.500 mL de quimo entram no ceco a cada dia, mas mais de 90% do volume são reabsorvidos, de forma que somente 80 a 150 mL de fezes são normalmente eliminadas por defecação (SEELY, 10ª ed.). 9 @jumorbeck ANATOMIA DO INTESTINO GROSSO Ceco ↠ O ceco é o terminal proximal do intestino grosso, onde ele encontra o intestino delgado na junção ileocecal. O ceco estende-se inferiormente cerca de 6 cm após a junção ileocecal na forma de um saco cego (SEELY, 10ª ed.). ↠ Unida ao ceco, há uma pequena estrutura com formato de tubo com cerca de 9 cm de comprimento chamada apêndice vermiforme (formato de verme). As paredes desse apêndice contêm muitos nódulos linfáticos, os quais contribuem para as funções imunes (SEELY, 10ª ed.). CÓLON ↠ O cólon possui cerca de 1,5 a 1,8 m de comprimento, e é composto por quatro partes: cólon ascendente, cólon transverso, cólon descendente e cólon sigmoide (SEELY, 10ª ed.). ↠ O cólon ascendente estende-se superiormente a partir do ceco e termina na flexura direita do cólon (flexura hepática), próximo à margem direita inferior do fígado (SEELY, 10ª ed.). ↠ O cólon transverso estende-se a partir da flexura direita do cólon até a flexura esquerda do cólon (flexura esplênica) (SEELY, 10ª ed.). ↠ O cólon descendente estende-se da flexura esquerda do cólon até a abertura da pelve menor, onde inicia o cólon sigmoide (SEELY, 10ª ed.). ↠ O cólon sigmoide forma um tubo com formato de S que se estende pela pelve e termina no reto (SEELY, 10ª ed.). ↠ A camada muscular circular do cólon é completa, porém, a camada muscular longitudinal é incompleta. Em vez de envolver completamente a parede intestinal, a camada longitudinal forma três bandas, chamadas tênias do cólon, que percorrem o comprimento do cólon. Contrações das tênias do cólon causam a formação de bolsas chamadas saculações do cólon ao longo deste, conferindo uma aparência enrugada ao cólon. Pequenas bolsas de tecido conectivo preenchidas com lipídeos, chamadas apêndices omentais, estão ligadas à superfície externa do cólon ao longo de seu comprimento (SEELY, 10ª ed.). ↠ O revestimento mucoso do intestino grosso é composto por epitélio colunar simples. Esse epitélio não se forma nas pregas ou vilosidades como no intestino delgado, mas em numerosas glândulas tubulares chamadas criptas. As criptas, que são um pouco semelhantes às glândulas intestinais do intestino delgado, são compostas por três tipos celulares: células absortivas, caliciformes e granulares (SEELY, 10ª ed.). ↠ A principal diferença é que, no intestino grosso, as células caliciformes predominam, e os outros dois tipos de células encontram-se em número reduzido (SEELY, 10ª ed.). RETO ↠ O reto é um tubo muscular reto que inicia na terminação do cólon sigmoide e termina no canal anal. O revestimento mucoso do reto é feito por epitélio colunar simples, e a túnica muscular é relativamente espessa, se comparada com o resto do trato digestório (SEELY, 10ª ed.). CANAL ANAL ↠ Os últimos 2 a 3 cm do trato digestório correspondem ao canal anal. Ele inicia no terminal inferior do reto e termina no ânus (abertura externa do trato digestório). A camada de músculo liso do canal anal é ainda mais espessa que no reto e forma o esfincter anal interno no terminal superior (SEELY, 10ª ed.). ↠ O músculo esquelético forma o esfincter anal externo no terminal inferior do canal. O epitélio da parte superior do canal anal é colunar simples, e o da parte inferior é estratificado pavimentoso. As veias retais que abastecem o canal anal podem tornar-se mais alargadas ou inflamadas em uma condição chamada hemorroida (SEELY, 10ª ed.). 10 @jumorbeck DIVERTICULOSE E DIVERTICULITE Quando a alimentação carece de fibras, o conteúdo do colo diminui de volume e as contrações do músculo circular no colo exercem pressões maiores sobre sua parede. Essa pressão promove a formação de vários sacos chamados divertículos, que são pequenas hérnias da mucosa através da parede do colo. A condição resultante se chama diverticulose. Essa condição surge na maioria das vezes no colo sigmoide (MARIEB, 7ª ed.). A diverticulose leva a nada mais do que uma dor vaga, embora possa romper uma artéria no colo e produzir sangramento pelo ânus. Aumentar a quantidade de fibra na alimentação costuma aliviar os sintomas. Em cerca de 20% dos casos de diverticulose os pacientes desenvolvem uma condição mais grave chamada diverticulite, na qual os divertículos inflamado são infectados e podem perfurar, vazando fezes na cavidade peritoneal (MARIEB, 7ª ed.). HISTOLOGIA DO INSTESTINO GROSSO ↠ A parede do intestino grosso contém as quatro camadas típicas encontradas no restante do canal alimentar: túnica mucosa, tela submucosa, túnica muscular e túnica serosa (TORTORA, 14ª ed.). ↠ A parede do intestino grosso assemelha -se à do intestino delgado em alguns aspectos e difere em outros aspectos (MARIEB, 7ª ed.). ↠ O epitélio mucoso do colo é um epitélio simples prismático contendo os mesmos tipos de célula do intestino delgado. As células caliciformes são mais abundantes no intestino grosso, por isso elas secretam grandes quantidades de muco lubrificante que facilita a passagem das fezes em direção ao fim do tubo digestório. As células absortivas (também chamadas colonócitos) absorvem água e eletrólitos (MARIEB, 7ª ed.). ↠ Não existem vilosidades, o que reflete o fato de que menos nutrientes são absorvidos no intestino grosso (MARIEB, 7ª ed.). No entanto, as células absortivas apresentam microvilosidades (TORTORA, 14ª ed.). ↠ As glândulas intestinais estão presentes como glândulas tubulares simples contendo muitas células caliciformes. Células -tronco não diferenciadas ocorrem nas bases dessas glândulas e as células epiteliais são totalmente substituídas semanalmente (MARIEB, 7ª ed.). ↠ As outras camadas da parede são bastante típicas. A lâmina própria e a submucosa contêm mais tecido linfático do que em qualquer outra parte do tubo digestório, mas isso não é de surpreender, considerando a ampla flora bacteriana do intestinogrosso. As especializações da muscular e da serosa, que são as tênias do colo e os apêndices omentais (MARIEB, 7ª ed.). ↠ O canal anal é uma zona de transição epitelial na qual o epitélio simples prismático do intestino muda abruptamente para epitélio estratificado pavimentoso 11 @jumorbeck perto da linha pectinada. Na extremidade mais inferior do canal anal, a mucosa se funde com a pele verdadeira que circunda o ânus (MARIEB, 7ª ed.). SECREÇÕES DO INTESTINO GROSSO ↠ A mucosa do cólon possui inúmeras células caliciformes dispersas ao longo do seu comprimento e numerosas criptas que contêm essas células caliciformes. Uma pequena atividade enzimática está associada às secreções do cólon, uma vez que o principal produto de secreção é o muco (SEELY, 10ª ed.). ↠ O muco lubrifica a parede do cólon e ajuda a matéria fecal a permanecer unida (SEELY, 10ª ed.). ↠ Uma bomba molecular troca HCO3 por Cl- nas células epiteliais do cólon em resposta à produção de ácido pelas bactérias colônicas. Outra bomba troca N+ por H+. A água deixa o lúmen do cólon via osmose conforme Na+ e Cl- se movem em direção às células epiteliais (SEELY, 10ª ed.). DIGESTÃO E ABSORÇÃO NO INTESTINO GROSSO ↠ De acordo com a visão tradicional do intestino grosso, nenhuma digestão significativa de moléculas orgânicas acontece ali. No entanto, recentemente, essa visão tem sido revista. Agora sabemos que inúmeras bactérias que habitam o colo degradam uma quantidade significativa de carboidratos complexos e de proteínas não digeridos por meio da fermentação (SILVERTHON, 7ª ed.). ↠ O produto final inclui lactato e ácidos graxos de cadeia curta, como o ácido butírico. Muitos desses produtos são lipofílicos e podem ser absorvidos por difusão simples. Os ácidos graxos, por exemplo, são usados pelos colonócitos como seu substrato preferencial para obtençãode energia (SILVERTHON, 7ª ed.). ↠ As bactérias colônicas também produzem quantidades significativas de vitaminas absorvíveis, sobretudo vitamina K (SILVERTHON, 7ª ed.). ↠ As ações bacterianas no cólon produzem gases chamados flatulências (sopros). A quantidade de flatulências depende, em parte, da população bacteriana e, em parte, do tipo de alimento ingerido (SEELY, 10ª ed.). MOVIMENTOS NO INTESTINO GROSSO ↠ A passagem do quimo do íleo para o ceco é controlada pela ação do óstio ileal. Normalmente, este óstio permanece parcialmente fechado, de modo que a passagem do quimo para o ceco geralmente ocorre de modo lento (TORTORA, 14ª ed.). ↠ Movimentos segmentais de mistura ocorrem no cólon com muito menos frequência do que no intestino delgado. As ondas peristálticas são as principais responsáveis por mover o quimo ao longo do cólon ascendente. Em intervalos bastante espaçados (normalmente, 3 ou 4 vezes por dia), grandes partes do cólon transverso e descendente sofrem fortes contrações, chamadas movimentos de massa (SEELY, 10ª ed.). ↠ Cada movimento de massa estende-se por uma grande parte do trato digestório (= 20 cm), maior do que nas ondas peristálticas, e leva o conteúdo do cólon por uma distância considerável em direção ao ânus (SEELY, 10ª ed.). ↠ Os movimentos de massa são bastante comuns após uma refeição e são iniciados pela presença de alimento no estômago ou no duodeno. Os movimentos de massa são mais comuns cerca de 15 minutos após o café da manhã. Eles geralmente persistem por 10 a 30 mi nutos e então param por cerca de metade de um dia (SEELY, 10ª ed.). ↠ Reflexos locais no SNE, chamados reflexos gastrocólicos quando iniciados no estômago ou reflexos duodenocólicos quando iniciados no duodeno, integram os movimentos de massa (SEELY, 10ª ed.). ↠ Os reflexos gastrocólico e duodenocólico promovem a peristalse nos intestinos delgado e grosso, incluindo movimentos de massa. Esses reflexos são mediados por reflexos parassimpáticos, reflexos locais e hormônios, como a colecistocinina e a gastrina. Pensar ou sentir o cheiro de um alimento, a distensão do estômago e o movimento do quimo em direção ao duodeno podem estimular esses reflexos (SEELY, 10ª ed.). ↠ Durante a defecação, as contrações que movem as fezes em direção ao ânus devem estar coordenadas com o relaxamento dos esfincteres anais interno e externo. O movimento das fezes do cólon em direção ao reto distende a parede retal, o que estimula o reflexo da defecação (SEELY, 10ª ed.). ↠ O reflexo da defecação consiste em reflexos locais e parassimpáticos. Os reflexos locais causam contrações fracas do cólon distal e do reto e o relaxamento do esfíncter anal interno. Os reflexos parassimpáticos são responsáveis por grande parte do reflexo de defecação (SEELY, 10ª ed.). 12 @jumorbeck ↠ Potenciais de ação produzidos em resposta à distensão da parede retal seguem via fibras nervosas aferentes até o centro do reflexo da defecação (S2 a S4) no cone medular da medula espinal. Então, potenciais de ação retornam via nervos eferentes ao cólon e ao reto, reforçando as contrações peristálticas e o relaxamento do esfincter anal interno (SEELY, 10ª ed.). ↠ Potenciais de ação da medula espinal sacral ascendem ao encéfalo, onde o tronco encefálico e o hipotálamo inibem ou facilitam a atividade reflexa na medula espinal. Além disso, os potenciais de ação ascendem para o cérebro, onde a consciência de necessidade de defecar é ralizada. O esfincter anal externo é composto por músculo esquelético e está sob controle cerebral consciente. Se o esfincter é relaxado voluntariamente, as fezes são expelidas. Por outro lado, um aumento na contração do esfincter anal externo evita a defecação (SEELY, 10ª ed.). ↠ O reflexo da defecação permanece por alguns minutos e decai rapidamente. Em geral, o reflexo é reiniciado após um período e pode durar até horas. Os movimentos de massa no cólon geralmente são a razão para o reinício do reflexo de defecação (SEELY, 10ª ed.). ↠ A contração dos esfincteres anais interno e externo evita a defecação. A pressão do esfincter em repouso é resultado da contração tônica muscular, principalmente no esfincter anal interno. Em resposta à pressão abdominal aumentada, reflexos mediados pela medula espinal causam contração do esfincter anal externo. Assim, a expulsão inoportuna de fezes durante a tosse ou o esforço é evitada (SEELY, 10ª ed.). ↠ A defecação pode ser iniciada por ações voluntárias que estimulam o reflexo de defecação. Esse “esforço” inclui uma profunda inspiração de ar, seguida pelo fechamento da laringe e uma contração forte dos músculos abdominais. Como consequência, a pressão na cavidade abdominal aumenta e força as fezes em direção ao reto. O estiramento do reto inicia o reflexo da defecação, e o pensamento consciente sobrepõe a contração reflexa do esfincter anal externo estimulada pelo aumento de pressão abdominal. A pressão abdominal aumentada também ajuda a empurrar as fezes em direção ao reto (SEELY, 10ª ed.). FECALOMA OU FECALITO Fecaloma ou fecalito é uma grande massa de fezes empedradas e endurecidas, de tamanhos variáveis, localizada no reto e/ou no sigmoide. Pode aparecer quando há obstrução do trânsito intestinal, ocasionando megacólon ou consequência dilatação intestinal. O fecaloma não é uma doença, mas uma condição patológica. O fecaloma é causado por hábitos intestinais deficientes, falta de atividades físicas, desidratação, dieta inadequada e o uso de fármacos que induzem a constipação. Referências: FONSECA, F. C. P.; COSTA, C. L. Influência da nutrição sobre o sistema imune intestinal. CERES: Nutrição & Saúde, v. 5, n. 3, p. 163-174, 2010. PAIXÃO, L. A.; CASTRO, F. F. S. A colonização da microbiota intestinal e sua influência na saúde do hospedeiro. Universltas: Ciências da Saúde, Brasília, v.14, n. 1, p. 85-96, 2016. LANDEIRO, J. A. V. R. Impacto da microbiota intestinalna saúde mental. Tese de Mestrado, 2016. LIRA et. al. Conhecimento, percepções e utilização de medicamentos genéricos: um estudo transversal. Einstein, v. 12, n. 3, p. 267-273, 2014. ALONSO et. al. Adesão à prescrição de medicamentos genéricos por parte dos profissionais da área médica. ACTA: Biomedica Brasiliensia, v. 6, n. 1, 2015. RAIZEL et. al. Efeitos do consumo de probióticos, prebióticos e simbióticos para o organismo humano. Revista Ciência & Saúde, Porto Alegre, v. 4, n. 2, p. 66- 74, 2011. MARQUES et. al. Prebióticos e probióticos na saúde e no tratamento de doenças intestinais: uma revisão integrativa. Research, Society and Development, v. 9, n. 10, 2020. BAPTISTELLA, A. B. Posbióticos: a nova era no tratamento da saúde intestinal do atleta? Revista Brasileira de Nutrição Funcional, v. 41, n. 76, 2018. SILVERTHORN, Dee U. Fisiologia Humana. Disponível em: Minha Biblioteca, (7th edição). Grupo A, 2017. JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica: texto e atlas. 13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018 REGAN, J.; RUSSO, A.; VVANPUTTE, C. Anatomia e Fisiologia de Seely, 10ª ed. Porto Alegre: AMGH, 2016 MARIEB, E.; WILHELM, P.; MALLATT, J. Anatomia humana. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014.
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