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Os seres humanos evoluíram como onívoros de forma oportunista, comendo as plantas e os animais que pudessem coletar, recolher ou matar; Um sistema sensível e versátil de gustação foi necessário para distinguir entre novas fontes de alimentos e possíveis toxinas; Algumas de nossas preferências gustatórias são inatas → Temos uma preferência inata para o sabor doce, provido pelo leite materno. Substâncias amargas são instintivamente rejeitadas: de fato, muitos tipos de venenos são amargos; → No entanto, a experiência pode modificar fortemente nossos instintos, e podemos aprender a tolerar e mesmo a gostar do amargor de substâncias, como o café e o quinino → O corpo tem a capacidade para reconhecer a deficiência de certos nutrientes-chave e desenvolver um apetite por eles. Por exemplo, quando privados de sal, ansiamos por comidas salgadas Embora o número de substâncias seja praticamente ilimitado e a variedade de sabores pareça imensurável, é provável que sejamos capazes de reconhecer apenas alguns sabores básicos; A maioria dos cientistas estima o número desses sabores em cinco → Os quatro sabores básicos são: salgado, azedo, doce e amargo → O quinto sabor básico é o umami, definido pelo gosto saboroso do aminoácido glutamato; glutamato monossódico, ou GMS, é a forma culinária usual Como podemos perceber os inúmeros sabores dos alimentos, como chocolate, morangos e molho de churrasco, se temos apenas um pequeno conjunto de tipos básicos para a detecção olfatória? → Primeiro, cada alimento ativa uma diferente combinação de sabores básicos, ajudando a torná-lo único; → Segundo, a maioria dos alimentos apresenta um sabor característico, como resultado da combinação simultânea de seu aroma e de seu gosto. Por ex., sem o olfato e visão, um pedaço de cebola pode ser facilmente confundido com a mordida de uma maçã; → Terceiro, outras modalidades sensoriais podem contribuir para uma experiência gustatória única. Textura e temperatura são importantes, e a sensação de dor é essencial para se perceber o sabor picante e estimulante dos alimentos preparados com capsaicina, o ingrediente-chave nas pimentas; → Portanto, para distinguir o sabor único de um alimento, nosso cérebro combina informações sensoriais acerca de seu sabor, aroma e tato. A experiência nos diz que degustamos com a língua, mas outras áreas da boca, como o palato, a faringe e a epiglote, também estão envolvidas; Os aromas do alimento que estamos consumindo também passam pela faringe rumo à cavidade nasal, onde podem ser detectados pelos receptores olfatórios; A ponta da língua é a mais sensível para o sabor doce, o fundo para o amargo, e as bordas laterais para o salgado e o azedo; → Entretanto, isso não significa que sentimos o sabor “doce” apenas na ponta da língua Espalhadas sobre a superfície da língua, estão pequenas projeções, denominadas papilas; → Podem ter forma de cristas (papilas foliadas), espinhas (papilas valadas) ou cogumelos (papilas fungiformes); → Cada papila tem vários botões gustatórios, visíveis apenas ao microscópio; → Cada botão tem de 50 a 150 células receptoras gustatórias, arranjadas como os gomos de uma laranja; → As células gustatórias compreendem apenas 1% do epitélio da língua; → Os botões gustatórios possuem ainda células basais que envolvem as células gustatórias, e mais um conjunto de axônios aferentes gustatórios; → Uma pessoa normalmente possui de 2 mil a 5 mil papilas gustatórias; Concentrações muito baixas de um sabor não serão percebidas, mas em uma concentração crítica, o estímulo evocará a percepção de sabor; este é o limiar de concentração; → Em concentrações imediatamente acima do limiar, a maioria das papilas tende a ser sensível a apenas um sabor básico; → Entretanto, quando as concentrações dos estímulos gustatórios aumentam, a maioria das papilas torna-se menos seletiva; Sabemos, agora, que cada papila tem vários tipos de células receptoras gustatórias e que cada tipo de receptor é especializado para uma categoria diferente de sabor; A parte quimicamente sensível de uma célula receptora é a sua pequena região de membrana, chamada de extremidade apical, próxima da superfície da língua; → As extremidades apicais têm microvilosidades que se projetam para o poro gustatório, uma pequena abertura na superfície da língua, onde a célula gustatória é exposta ao conteúdo da boca; De acordo com critérios histológicos, os receptores gustatórios não são neurônios; → Entretanto, elas fazem sinapses com os terminais axonais gustatórios aferentes, na base dos botões gustatórios; → As células receptoras gustatórias também estabelecem sinapses químicas e elétricas com algumas células basais; algumas células basais fazem sinapses com axônios sensoriais, e estes podem formar um circuito simples de processamento de informação dentro de cada botão gustatório; → As células do botão gustatório têm vida média de cerca de 2 semanas; Esse processo depende da influência do nervo sensorial, uma vez que, se o nervo for cortado, o botão gustatório degenera; Quando um composto químico ativa uma célula receptora gustatória, seu potencial de membrana se altera, geralmente por despolarização; → Essa mudança na voltagem é denominada potencial do receptor; → Se o potencial do receptor é despolarizante e suficientemente grande, alguns receptores gustatórios podem disparar potenciais de ação; → De qualquer modo, a despolarização da membrana do receptor promove a abertura de canais de cálcio dependentes de voltagem; o íon Ca2+ entra no citoplasma e desencadeia a liberação do transmissor; → Essa é a transmissão sináptica básica, de um receptor gustatório para um axônio sensorial; O transmissor liberado depende do tipo de célula receptora gustatória; → As células gustatórias para o azedo e salgado liberam serotonina, ao passo que as células para o doce, amargo e umami liberam ATP como transmissor primário; → Em ambos os casos, o transmissor do receptor gustatório excita o axônio sensorial pós-sináptico, que dispara potenciais de ação, comunicando o sinal gustatório para o tronco encefálico; → Também podem ser usados ACh, GABA e glutamato, mas suas funções ainda são desconhecidas; Evidências de estudos recentes em camundongos sugerem que a maioria das células receptoras gustatórias responde principalmente ou exclusivamente a apenas um dos cinco sabores básicos; Por que uma célula responde a um único tipo de estímulo químico, e outras respondem a três ou quatro tipos? → O fato é que a resposta depende do mecanismo particular de transdução presente em cada célula; O processo pelo qual um estímulo ambiental causa uma resposta elétrica em uma célula receptora sensorial é chamado de transdução; → A natureza do mecanismo de transdução determina a sensibilidade específica de um sistema sensorial; → A transdução gustatória envolve diversos processos diferentes, e cada sabor básico pode usar um ou mais desses mecanismos; Os estímulos gustatórios podem: 1) passar diretamente através de canais iônicos (salgado e ácido); 2) ligar-se a e bloquear canais iônicos (ácido) ou; 3) ligar-se a receptores de membrana acoplados a proteínas G, que ativam sistemas de segundos mensageiros, que, por sua vez, abrem canais iônicos (doce, amargo e umami). • O Sabor Salgado O protótipo da substância química salgada é o sal de mesa (NaCl); O sal é considerado incomum, pois concentrações baixas têm sabor agradável, ao passo que as concentrações mais elevadas tendem a ser desagradáveis e repulsivas; O sabor do sal é principalmente o sabor do cátion Na+, porém os receptores gustatórios usam mecanismos muito diferentes para detectar concentrações baixas e altas desse íon; → Para detectar baixas concentrações, as cel. gustatórias sensíveis ao sal utilizam um canal especial seletivo aoNa+ que é comum em outras células epiteliais e que é bloqueado pelo composto amilorida (diurético utilizado para tratar alguns tipos de hipertensão e doença cardíaca); ➢ Este canal de sódio é bastante diferente do canal de sódio dependente de voltagem que gera potenciais de ação; ➢ O canal gustatório não é sensível à voltagem e geralmente permanece aberto; Quando você saboreia uma sopa de galinha, a concentração de Na+ do lado de fora da célula receptora aumenta, e o gradiente de Na+ através da membrana fica mais agudo; → O Na+, então, difunde a favor do gradiente, isto é, para dentro da célula, e a corrente de entrada induz a despolarização da membrana; → Essa despolarização, por sua vez, causa a abertura dos canais de sódio e cálcio dependentes de voltagem, desencadeando a liberação do neurotransmissor sobre o axônio gustatório aferente; Parece que níveis elevados de sal ativam células gustatórias para o sabor amargo e azedo, que normalmente desencadeiam comportamento de evitação; → Não se sabe como isso acontece; Os ânions dos sais afetam o sabor dos cátions; → Por ex, o NaCl aparenta ser mais salgado do que o acetato de Na+, porque o maior ânion, o acetato, inibe o sabor salgado do cátion; → O mecanismo de inibição dos ânions é pouco compreendido; → Outra complicação é que os ânions, quando se tornam maiores, tendem a impor seu próprio sabor; • O Sabor Azedo (Ácido) Um alimento tem sabor azedo devido à sua alta acidez, estes ácidos, como HCl, dissolvem-se em água e originam íons hidrogênio (prótons ou H+); → Portanto, os prótons são os agentes causadores da sensação de acidez e do azedume; Os prótons podem afetar receptores gustatórios de várias maneiras, podendo ser a partir de dentro ou de fora da célula gustatória, embora esses processos ainda sejam pouco compreendidos; → É provável que o H+ possa se ligar a e bloquear canais especiais seletivos ao K+ e, com a permeabilidade da membrana ao K+ diminuída, ocorre despolarização; → O H+ pode também ativar ou abrir um tipo especial de canal iônico da superfamília dos canais de potenciais de receptores transitórios (TRP), que são comuns em muitos tipos de células receptoras sensoriais; → A corrente catiônica por meio de canais RPT também pode despolarizar células receptoras ao sabor azedo; Figura 1. transdução do salgado (a) e azedo (b) • O Sabor Amargo Os processos de transdução subjacentes aos sabores amargo, doce e umami contam com duas famílias de proteínas receptoras gustatórias relacionadas, chamadas de T1R e de T2R; → Os subtipos de T1R e T2R são todos receptores gustatórios associados a proteínas G; → Há evidências de que os receptores para o amargo, doce e umami sejam dímeros (formados por duas proteínas interligadas); As substâncias amargas são detectadas pelos cerca de 25 tipos diferentes de receptores T2R existentes em seres humanos; → Os receptores do amargo são detectores de venenos, e como temos muitos tipos desses receptores, podemos detectar uma grande variedade de substâncias venenosas; Devido ao fato de que cada célula gustatória pode enviar somente um tipo de sinal ao seu nervo aferente, a substância química que se ligar a um dos 25 receptores para o estímulo amargo desencadeará essencialmente a mesma resposta que outra substância química que se ligar a outro receptor; → A importante mensagem que o encéfalo recebe desses receptores gustatórios é simplesmente de que uma substância química amarga é “Ruim! Não confiar!”; → Assim, o SN aparentemente não distingue uma substância amarga de outra; Os receptores para o estímulo amargo usam uma via de segundos mensageiros para transferir o sinal ao axônio aferente gustatório; → Na verdade, os receptores dos estímulos doce, umami e amargo parecem usar a mesma via de segundos mensageiros para enviar sinais para os axônios aferentes; Quando uma molécula estimulante de sabor se liga a um receptor para estímulo amargo (ou doce ou umami), ela ativa as proteínas G respectivas, as quais estimulam a enzima fosfolipase C, aumentando, assim, a produção do mensageiro intracelular trifosfato de inositol (IP3); 𝑚𝑜𝑙é𝑐𝑢𝑙𝑎 𝑒𝑠𝑡𝑖𝑚𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 → 𝑃𝑟𝑜𝑡𝑒í𝑛𝑎 𝐺 → 𝑓𝑜𝑠𝑓𝑜𝑙𝑖𝑝𝑎𝑠𝑒 𝐶 = ↑ 𝐼𝑃3 → As vias estimuladas por IP3 são sistemas de sinalização ubíquos pelas células do corpo; Em células gustatórias, o IP3 ativa um tipo especial de canal iônico que é único das células gustatórias, promovendo a abertura do canal, permitindo a entrada de Na+ com subsequente despolarização celular; → O IP3 tbm provoca a liberação de Ca2+ dos locais de armazenamento intracelulares; Esse aumento de Ca2+, por sua vez, desencadeia a liberação de neurotransmissores de uma maneira incomum; → Estas células gustatórias não apresentam vesículas pré-sinápticas contendo transmissores convencionais; → Em vez disso, o aumento de Ca2+ intracelular ativa um canal de membrana especial que permite que o ATP saia da célula; → O ATP atua como um transmissor sináptico e ativa receptores purinérgicos em axônios gustatórios pós-sinápticos. • O Sabor Doce. Existem muitos estímulos doces diferentes, alguns naturais e outros artificiais; → De modo surpreendente, todos parecem ser detectados pela mesma proteína receptora gustatória; Os receptores para sabor doce assemelham-se aos receptores para sabor amargo; → O receptor funcional para o estímulo doce requer dois membros muito particulares da família de receptores T1R: T1R2 e T1R3; → Se algum desses dois membros estiver ausente ou tiver sofrido uma mutação, pode não perceber o estímulo doce; Os produtos químicos que se ligam ao receptor de T1R2 + T1R3 ativam exatamente o mesmo sistema de segundo mensageiro que os receptores para o sabor amargo; Dessa forma, por que nós não confundimos as substâncias químicas que estimulam o sabor amargo com do sabor doce? → É que as proteínas que formam o receptor estimulado pelo sabor amargo e as para o estímulo doce são expressas em células gustatórias diferentes; → As células gustatórias para ambos os sabores, por sua vez, conectam-se a axônios gustatórios diferentes; A atividade de diferentes axônios gustatórios reflete a sensibilidade química das células gustatórias que os estimulam, de modo que as mensagens relacionadas aos estímulos doce e amargo são entregues ao sistema nervoso central (SNC) ao longo de diferentes linhas de transmissão → Umami (Aminoácidos). “Aminoácidos” podem não fazer parte da resposta que você tem na ponta da língua quando lhe perguntam qual sua lista de sabores favoritos, mas lembre-se que proteínas são feitas de aminoácidos, os quais também são excelentes fontes de energia; O processo de transdução para o umami é idêntico ao para o estímulo doce, com uma exceção; O receptor para o estímulo umami, assim como o doce, é composto por dois membros da família de proteínas T1R, porém, neste caso, é T1R1 + T1R3; → Ambos os receptores, para umami e doce, utilizam a proteína T1R3, portanto, é a outra proteína T1R que determina se o receptor é sensível a aminoácidos ou ao estímulo doce; → Quando o gene que codifica a T1R1 é removido em camundongos, eles tornam-se incapazes de perceber o sabor dos aminoácidos, embora eles ainda demonstrem sensibilidade para o sabor doce e para outros estímulos gustatórios; Considerando-se a similaridade entre o receptor para o estímulo umami, doce e amargo, não será surpresa para você que todos os três usem exatamente a mesma via de segundos mensageiros; Então, por que nós não confundimos o sabor dos aminoácidos com o dos sabores doce e amargo? → Relembrando, as células gustatórias expressam seletivamente apenas uma classe de proteína receptora gustatória O principal fluxo da informação gustatória segue dos botões gustatórios para os axônios gustatórios primários, e daí para o tronco encefálico, depois subindo aotálamo e, finalmente, chegando ao córtex cerebral; Três nervos cranianos contêm os axônios gustatórios primários e levam a informação gustatória ao encéfalo; → Os dois terços anteriores da língua e do palato enviam axônios para um ramo do nervo craniano VII (facial); → O terço posterior da língua é inervado por um ramo do nervo craniano IX (glossofaríngeo); → As regiões ao redor do pescoço, incluindo a glote, a epiglote e a faringe, enviam para um ramo do nervo craniano X (vago); Esses nervos estão envolvidos em outras funções motoras e sensoriais, porém todos os seus axônios gustatórios entram no tronco encefálico, reunem-se em um feixe, e estabelecem sinapses dentro do núcleo gustatório delgado, que é parte do núcleo do trato solitário no bulbo; → As vias gustatórias divergem a partir do núcleo gustatório; → A experiência consciente do gosto é mediada pelo córtex cerebral; O caminho para o neocórtex via tálamo é uma via comum para a informação sensorial; → Os neurônios do núcleo gustatório fazem sinapses com um subgrupo de pequenos neurônios do núcleo ventral posteromedial (núcleo VPM) (uma porção do tálamo que lida com a informação sensorial proveniente da cabeça); → Os neurônios gustatórios do núcleo VPM enviam axônios ao córtex gustatório primário (localizado na área 36 de Brodmann e nas regiões insuloperculares do córtex); → As vias gustatórias direcionadas ao tálamo e o córtex são primariamente ipsilaterais aos nervos cranianos que as suprem; Lesões no núcleo VPM do tálamo ou no córtex gustatório, como resultado de um acidente vascular encefálico, por exemplo, podem causar ageusia, a perda da percepção gustatória; A gustação é importante para os comportamentos básicos, como o controle da alimentação e da digestão, os quais envolvem vias gustatórias adicionais; As células do núcleo gustatório projetam-se para uma variedade de regiões do tronco encefálico, principalmente no bulbo, envolvidas na deglutição, salivação, refluxo, vômito e funções fisiológicas básicas, como a digestão e a respiração; → Além disso, a informação gustatória é distribuída para o hipotálamo e regiões relacionadas do telencéfalo basal; → Essas estruturas estão envolvidas na palatabilidade dos alimentos e na motivação para comer; Lesões localizadas, no hipotálamo ou amígdala, podem levar a um estado de voracidade crônica, ao desinteresse pelos alimentos ou à alteração de suas preferências alimentares. Se você pretende projetar um sistema para codificar sabores, você pode começar com muitos receptores gustatórios específicos para muitos estímulos básicos (doce, azedo, salgado, amargo, chocolate, banana, manga, carne, queijo, etc.); → Então, você poderia conectar cada tipo de receptor, por um conjunto separado de axônios, aos neurônios no encéfalo, que também responderiam a apenas um sabor; → Em todo o trajeto até o córtex, você esperaria encontrar neurônios específicos respondendo ao “doce” e ao “chocolate”, e o sabor de sorvete de chocolate envolveria um rápido disparo dessas células, e muito pouco das células para “salgado”, “azedo” ou “banana”; Este conceito é a hipótese da linha marcada e, a princípio, parece simples e racional; → No ponto inicial do sistema gustatório (células receptoras), utilizamos algo semelhante a linhas marcadas de transmissão; → Como vimos, células receptoras gustatórias individuais são, com frequência, seletivamente sensíveis a classes particulares de estímulo: doce, amargo ou umami; o Algumas delas, no entanto, são menos específicas nas respostas; → Axônios gustatórios primários são ainda menos específicos do que as células receptoras gustatórias, e a maioria dos neurônios gustatórios centrais continua a apresentar uma ampla responsividade em todo o trajeto até o córtex; Em outras palavras, a resposta de uma única célula gustatória é frequentemente ambígua com relação ao alimento que está sendo provado; as marcas nas linhas gustatórias são mais incertas do que distintas; As células no sistema gustatório são pouco específicas por várias razões; → Se uma célula receptora gustatória tiver dois mecanismos de transdução diferentes, ela responderá a dois tipos de estímulos gustatórios, ainda que possa responder mais fortemente a um deles; → Além disso, sinais dos receptores gustat. convergem em axônios aferentes; → Isso significa que um axônio pode combinar as informações de sabor de diversas células gustatórias; Este padrão continua ocorrendo no encéfalo: os neurônios do núcleo gustatório recebem sinapses de muitos axônios de diferentes especificidades gustatórias, e eles podem tornar-se menos seletivos para o sabor do que os axônios gustatórios primários → Toda essa mistura de informação gustatória pode parecer um caminho ineficiente para se projetar um sistema de códigos Por que não usar muitas células gustatórias altamente específicas? → A resposta pode ser porque precisaríamos de uma enorme variedade de tipos de receptores e poderíamos não ter como responder a novos estímulos Assim, quando você saboreia um sorvete de chocolate, como o encéfalo, partindo de uma informação ambígua, consegue resolver qual o verdadeiro sabor do sorvete diante das milhares de outras possibilidades? → As células receptoras são sensíveis a poucos tipos de sabor, muitas vezes apenas um; os axônios gustatórios e os neurônios estimulados no encéfalo tendem a responder de forma mais ampla, por ex, forte para o amargo, moderado para o azedo e para o sal, e tendem a não responder ao estímulo doce; → O encéfalo pode distinguir entre sabores alternativos somente por meio de uma grande população de células gustatórias com diferentes padrões de respostas; → Um alimento ativa um determinado conjunto de neurônios, em que alguns respondem com disparos muito fortes, alguns com disparos moderados, e ainda outros não respondem, ou talvez fiquem inibidos, abaixo da taxa espontânea de disparo → Um outro alimento estimula algumas das células ativadas pelo primeiro, mas também outras, e o padrão geral dos disparos é nitidamente diferente A população relevante pode até mesmo incluir neurônios ativados pelo olfato, pela temperatura e por características de textura de um alimento (a baixa temperatura e a cremosidade do sorvete de chocolate contribuem para distingui-lo de um bolo de chocolate).
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