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M e d ic in a U N IC ID T X X IX Tutoria- M2 P4- Gustação e Olfação Tutoria- Módulo 2- Percepção, Consciência e Emoção Rodrigo Barbosa Guerra 1 Gustação e Olfação Introdução aos sentidos químicos Os sentidos químicos são utilizados nos seres humanos para ajudar na identificação de alimentos, substâncias nocivas ou na adequação de um potencial parceiro sexual. Os organismos multicelulares devem detectar substâncias químicas nos ambientes interno e externo Os únicos sentidos químicos são o gosto, ou a gustação, e odor, ou olfação, porém, estes não são os únicos sentidos químicos. Estes sentidos são transduzidos pelos quimiorreceptores, que estão distribuídos por todas as partes do corpo. Além disso, eles sinalização o nosso estado interno, subconsciente e conscientemente, detectando muitos tipos de substâncias ingeridas, níveis de pH, atividade muscular. A olfação e a gustação têm função similar, de detectar as substâncias químicas do ambiente. Porém, as informações são processadas em paralelo Gustação Anatomia Órgãos da gustação Existem várias áreas do trato gastrointestinal com a qual degustamos, como a língua, o palato, a faringe e a epiglote A ponta da língua é mais sensível para o sabor doce, o fundo para o amargo e as bordas laterais para o salgado e o azedo. Só que na verdade toda a língua é sensível a todos sabores básicos, sendo que possuem áreas predominantes para sabores específicos Sobre a superfície da língua existem as papilas. Elas podem ter várias formas: 1. Forma de cristas – papilas foliadas 2. Forma de espinhas – papilas valadas 3. Forma de cogumelos – papilas fungiformes Cada papila tem vários botões gustatórios, e, cada botão possui várias células receptoras gustatórias, arranjadas em gomos. Além disso, eles possuem células basais que envolvem as células gustatórias e mais um conjunto de axônios aferentes gustatórios Inervação da língua Existem quatro nervos com fibras destinadas à inervação da língua: 1. Trigêmeo – sensibilidade geral nos 2/3 anteriores a. Temperatura, dor, pressão e tato 2. Facial – sensibilidade gustativa nos 2/3 anteriores 3. Glossofaríngeo – sensibilidade geral e gustativa no terço posterior 4. Hipoglosso – motricidade 5. Vago Apenas três nervos chegam a esse órgão, o hipoglosso, o glossofaríngeo e o lingual (ramo da divisão mandibular do trigêmeo). Fibras do nervo facial chegam à língua através do nervo lingual, incorporando-se a ele por uma anastomose, o nervo corda do tímpano M e d ic in a U N IC ID T X X IX Tutoria- M2 P4- Gustação e Olfação Tutoria- Módulo 2- Percepção, Consciência e Emoção Rodrigo Barbosa Guerra 2 Via gustatória Os receptores são células gustativas situados nos botões gustativos distribuídos nas paredes da língua e na parede da faringe, laringe e esôfago próximal. Os receptores são quimiorreceptores sensíveis a substâncias químicas com as quais entram em contato, dando origem a potenciais de ação. As fibras aferentes fazem sinapses com a base das células gustativas. Essas fibras aferentes são do nervo facial, glossofaríngeo e vago Os impulsos dos 2/3 anteriores da língua, seguem um trajeto pelos nervos lingual e corda do tímpano, chegando ao sistema nervoso pelo nervo intermédio (VII par). Os impulsos do terço posterior chegam ao SNC pelos nervos glossofaríngeo (IX) e vago (X) A via em si: 1. Neurônios I – estão nos gânglios geniculado (VII), inferior do IX e inferior do X. Os prolongamentos ligam-se aos receptores, enquanto seus prolongamentos centrais penetram no tronco encefálico. Seguem pelo trajeto solitário, fazem sinapse com os neurônios II 2. Neurônios II – estão na porção gustativa do núcleo do trato solitário. Originam as fibras solitário-talâmicas, fazendo sinapse com os neurônios III no tálamo 3. Neurônios III – estão nos núcleos ventral posteromedial do tálamo. Originam axônios, criando radiações talâmicas que chegam à área gustativa do córtex cerebral na parte posterior da ínsula Fisiologia É um sistema sensível e versátil para distinguir as fontes de alimentos e possíveis toxinas. Temos uma preferência inata por alguns alimentos, principalmente pelo sabor doce, por conta do leite materno. As substâncias amargas são institivamente rejeitadas por conta do sabor de vários venenos na natureza. A experiência pode modificar nossa visão, e podemos aprender a tolerar sabores. Além disso, temos a capacidade de reconhecer a deficiência de certos nutrientes e desenvolver apetite por eles Sabores básicos Existem 5 sabores básicos: 1. Salgado 2. Azedo ou ácido 3. Doce 4. Amargo 5. Umami – definido pelo gosto saboroso do aminoácido glutamato Os doces são desde açúcares comuns, até proteínas e adoçantes artificiais. Os açúcares são os menos doces entre eles. As substâncias amargas variam de simples íons, como o potássio e o magnésio, até moléculas orgânicas complexas, como o quinino e a cafeína O doce está mais presente no ápice da língua, o azedo ou ácido nas laterais, o salgado na borda apical, o amargo no fundo, e o umami na superfície ventral M e d ic in a U N IC ID T X X IX Tutoria- M2 P4- Gustação e Olfação Tutoria- Módulo 2- Percepção, Consciência e Emoção Rodrigo Barbosa Guerra 3 Primeiro, cada alimento ativa uma diferente combinação de sabores básicos, ajudando a torna-lo único. Segundo, a maioria dos alimentos apresenta um sabor característico, como resultado da combinação simultânea de seu aroma e de seu gosto. Terceiro, outras modalidades sensoriais podem contribuir para as experiências gustatórias através de sensações como textura, temperatura e dor Sabores estranhos Gordura Os triacilgliceróis conferem uma textura distinta ao alimento na boca: promovem a percepção de algo oleoso, escorregadio e cremoso. Além disso, os ácidos graxos promovem características semelhantes. Acredita-se que existam receptores para estes compostos orgânicos Amido Acredita-se que os alimentos ricos em amido possam ser detectados por proteínas T1R3 Carbonatação Líquidos carbonatados possuem quantidades substanciais de gás carbônico dissolvidos, dando o efeito de efervescência em contato com a boca e a língua Nas células gustatórias existe uma enzima chamada anidrase carbônica, que catalisa a combinação de gás carbônico e água para formar íons hidrogênio e íons bicarbonato, resultando em um pH baixo com gosto ácido Cálcio Gostamos do sabor de sais de cálcio após sermos privados de seu consumo, e rejeitamos após essa vontade ser saciada. Quando detectado, trazem uma sensação de amargo e ácido. O seu sabor é detectado pelas proteínas T1R3 Água A umidade pode ser percebida pelo sistema somatossensorial. A água pode ser descrita pelos sabores doce, salgado ou amargo. Pode existir um receptor específico para água As células receptoras gustatórias A parte sensível das células gustatórias é a sua extremidade apical, ela possui extensões finas, as microvilosidades, que se projetam para o poro gustatório, expondo a célula gustatória para o conteúdo da boca Essas células fazem sinapse com os terminais axonais aferentes, na base dos botões. Eles também podem estabelecer sinapses químicas e elétricas com algumas células basais, que estas fazem sinapse com os axônios sensoriais Essas células um constante ciclo de crescimento, morte e regeneração, com uma vida média de 2 semanas. Esse processo é dependente da influência do nervo sensorial Quando o composto químico ativa a célula receptora, seu potencial de membrana se altera, gerando uma despolarização, chamado potencial de receptor. Se ocorrer uma despolarização suficientemente grande, as células receptoras disparam potenciais de ação. Essa despolarização abre canais iônicos dependentes de voltagem, íons cálcioentre no citoplasma e desencadeiam a liberação de neurotransmissores Os neurotransmissores dependem do tipo de célula receptora. Para os estímulos azedo e salgado, ocorre a liberação de serotonina, enquanto para as células doce, amargo e umami liberam ATP. Eles estimulam o axônio sensorial pós-sináptico. Podem ter outros neurotransmissores, como a acetilcolina, GABA e glutamato Limiares de concentração Concentrações muito baixas não serao percebidas, mas uma concentração crítica leva à percepção de sabor, isso é chamado de limiar de concentração. Quando está acima do limiar, as papilas tornam-se sensíveis apenas a um sabor básico. Porém, quando as concentrações dos estímulos aumentam, as papilas tornam-se menos seletivas. Por exemplo, se uma papila for sensível ao doce, ao aumento de concentrações, elas podem ser sensíveis ao salgado e ao azedo também M e d ic in a U N IC ID T X X IX Tutoria- M2 P4- Gustação e Olfação Tutoria- Módulo 2- Percepção, Consciência e Emoção Rodrigo Barbosa Guerra 4 Mecanismos de transdução A transdução é um estímulo ambiental que causa uma resposta elétrica em uma célula receptora sensorial. A transdução gustatória envolve diversos mecanismos, podendo usar um ou mais de um: 1. Passagem por canais iônicos – salgado e ácido 2. Ligar-se e bloquear canais iônicos - ácido 3. Ligar-se a receptores de membrana ligados à proteína G, ativando segundos mensageiros, e abrindo canais iônicos – doce, amargo e umami Salgado O sabor do sal ocorre devido ao íon sódio, porém, existem mecanismos diferentes para identificar baixas e altas concentrações Para detectar a sensibilidade ao sódio em baixas concentrações, é utilizado um canal especial seletivo para o sódio que é comum em outras células epiteliais, que é bloqueado pela amilorida. Esse canal não é sensível à voltagem e geralmente permanece aberto Quando a concentração de sódio do lado de fora da célula aumenta, o gradiente fica maior, assim, o sódio passa através da membrana, para dentro da célula e a corrente gera despolarização, liberando neurotransmissores Níveis elevados de sal ativam células para o sabor amargo e azedo, desencadeando um comportamento de evitação. Os ânions que afetam o sabor dos cátions, sendo que quando esses ânions se tornam maiores, eles tendem a impor seu próprio sabor Azedo ou ácido O alimento fica com sabor ácido devido ao seu baixo pH. Os ácidos dissolvem-se na água e geram íons hidrogênio, causando essa acidez É provável que hidrogênio possa se ligar e bloquear os canais seletivos a potássio. Quando a permeabilidade ao potássio diminui, ocorre a despolarização. O hidrogênio também pode abrir os canais potenciais de receptores transitórios ou TRP. A corrente desses canais também pode despolarizar as células, permitindo a entrada de íons sódio e cálcio M e d ic in a U N IC ID T X X IX Tutoria- M2 P4- Gustação e Olfação Tutoria- Módulo 2- Percepção, Consciência e Emoção Rodrigo Barbosa Guerra 5 Amargo Os processos de transdução de amargo, doce e umami ocorrem devido a proteínas receptoras gustatórias chamadas de T1R e T2R, associadas à proteína G. elas são dímeros formados pro duas proteínas interligadas As substâncias amargas são detectadas pelos receptores T2R, com a finalidade de detectar venenos. Cada célula pode possuir cerca de 25 receptores ao amargo. A substância química se liga a um desses receptores, enviando um estímulo amargo Quando uma molécula estimulante se liga a um receptor para estímulo amargo, ela ativa proteínas G, que estimulam a enzima fosfolipase C, aumentando a produção de IP3. Ele permite a abertura da canais iônicos de sódio, levando a despolarização celular. Além disso, ele também provoca a liberação de cálcio dos locais de armazenamento intracelular, consequentemente, liberando neurotransmissores Nesse sistema, não há vesículas pré-sinápticas. Ao invés disso, o cálcio ativa um canal que permite a saída de ATP para fora da célula. Ele atua como um transmissor, que ativa os axônios pós-sinápticos Doce Eles assemelham-se aos receptores de sabor amargo, pois apresentam receptores acoplados à proteína G. Possuem receptores T1R: T1R2 e T1R3. Eles atuam em conjunto, caso um sofra uma mutação, não há o estímulo do sabor doce As proteínas para o sabor doce e amargo são expressas em células gustatórias diferentes e se conecta a axônios gustatórios diferentes. Contudo, M e d ic in a U N IC ID T X X IX Tutoria- M2 P4- Gustação e Olfação Tutoria- Módulo 2- Percepção, Consciência e Emoção Rodrigo Barbosa Guerra 6 essas células possuem o mesmo mecanismo para ativação Umami Umami é um sabor referente aos aminoácidos, sendo que estes compõem as proteínas, que também são fontes de energia O processo de transdução é idêntico ao umami com exceção da composição de seu receptor, que é composto por proteínas diferentes. Elas também são da família T1R, mas é a combinação de T1R1 e T1R3. Ela utiliza a mesma via de segundos mensageiros, mas segue axônios gustatórios para o estímulo umami Vias centrais da gustação Depois dos botões gustatórios, a informação segue para os axônios gustatórios primários, depois para o tronco encefálico, tálamo e por fim, no córtex gustatório. Os axônios gustatórios primários estão presentes em três nervos cranianos: nervo facial, glossofaríngeo e vago, seguindo diretamente para o tronco encefálico e fazem sinapse no núcleo gustatório, parte do núcleo do trato solitário no bulbo Os neurônios gustativos fazem sinapses no núcleo ventral posteromedial do tálamo, e depois, enviam axônios para o córtex gustatório primário, localizado na área 36 de Brodmann e nas regiões insuloperculares do córtex. É importante ressaltar que essa via segue um caminho ipsilateral As células do núcleo gustatório também podem se ramificar para diversas regiões do tronco encefálico, M e d ic in a U N IC ID T X X IX Tutoria- M2 P4- Gustação e Olfação Tutoria- Módulo 2- Percepção, Consciência e Emoção Rodrigo Barbosa Guerra 7 principalmente o bulbo, envolvidas na deglutição, na salivação, vomito e funções fisiológicas básicas do TGI. A informação também pode ser distribuída ao hipotálamo, relacionando as informações ao sistema límbico Codificação neural da gustação Cada estímulo básico e seus receptores está ligado a um conjunto separado de axônios, que estão ligados a axônios no encéfalo, que respondem a um sabor específico. Isso é chamado de hipótese da linha marcada Algumas células receptoras podem apresentar uma sintonia mais ampla aos estímulos, sendo menos específicos nas respostas. Os axônios gustatórios primários são ainda menos específicos em suas respostas continuando a apresentar grande responsividade até o córtex. Com isso, as respostas gustatórias são ambíguas, fazendo essas linhas serem mais incertas do que distintas Se a célula receptora possuir receptores para mais de um estímulo básico diferente, ela responderá aos dois, só que mais fortemente a um. Além disso, esses sinais convergem em axônios aferentes, recebendo estímulos de mais de uma célula gustatória. Todas essas informações ainda se misturam mais no núcleo gustatório, tornando-o menos seletivo Porém, como sentimos sabores específicos, como de um sorvete de chocolate? A resposta é aspectos de linhas marcadas e um código de população, em que a resposta de um grande número de neurônios de sintonia ampla, e a resposta de um pequeno grupo de neurônios altamente específicos, se juntam para especificar as propriedades de um estímulo em particular, nesse caso, o sabor As células receptoras são sensíveis a poucos tipos de sabor, muitas vezes, a apenas um. Os axônios e os neurônios que essas células estimulam no encéfalo tendem a responder de forma mais ampla. O encéfalo podedistinguir entre sabores alternativos somente por meio de uma grande população de células gustatórias com diferentes padrões de resposta Um alimento ativa um determinado conjunto de neurônios, que podem responder com fortes disparos, moderados, fracos, ou até mesmo não responderem ou ficarem inibidos. Vale ressaltar que esses padrões de disparo sempre serão diferentes para os diversos alimentos e sabores, podendo incluir também, neurônios ativados pelo olfato, temperatura e pela textura Olfação Anatomia Órgão do olfato Existe uma fina camada de células no alto da cavidade nasal, denominado epitélio olfatório. Ele possui três tipos celulares principais. As células receptoras olfatórias são os locais de transdução. Eles são neurônios genuínos, com axônios próprios que penetram no sistema nervoso central. As células de suporte são similares à glia, auxiliando na produção de muco. As células basais são a fonte de novos receptores. Esses receptores olfatórios se regeneram em um ciclo de 4 a 8 semanas O epitélio produz uma fina camada de muco, substituído a cada 10 minutos. Os odorantes dissolvem- se na camada de muco antes de atingirem os receptores. Esse muco é composto de uma solução aquosa contendo proteoglicanos, sais e anticorpos. Além disso, possuem proteínas ligantes de odorantes, pequenas e solúveis, que podem auxiliar a concentrar odorantes no muco Os seres humanos possuem uma das menores olfatórias entre todos os seres vivos Via olfatória Receptores olfatórios Os receptores são quimiorreceptores, os cílios olfatórios das células olfatórias. São neurônios bipolares que se localizam em um neuroepitélio especializado na porção mais alta da cavidade nasal. Na sua membrana existem receptores químicos, onde se ligam as moléculas odorantes A via Existem neurônios 1 que são as próprias células olfatórias localizadas na mucosa olfatória. Elas são renovadas a cada 6 a 8 semanas. Elas possuem prolongamentos centrais amielínicos, que agrupam-se em feixes formando filamentos, que constituem o nervo olfatório. Estes filamentos atravessam pequenos orifícios na placa cribriforme do osso etmoide, e M e d ic in a U N IC ID T X X IX Tutoria- M2 P4- Gustação e Olfação Tutoria- Módulo 2- Percepção, Consciência e Emoção Rodrigo Barbosa Guerra 8 terminam no bulbo olfatório, fazendo sinapse com neurônios 2 Os neurônios 2 são as células mitrais, cujos dendritos são muito ramificados, fazendo sinapse com as células olfatórias, constituindo os glomérulos olfatórios. Os axônios mielínicos das células mitrais seguem pelo trato olfatório e ganham estrias olfatórias lateral e medial Os impulsos olfatórios conscientes seguem pela estria olfatória lateral e terminam na área cortical de projeção primária para a sensibilidade olfatória situada no úncus, correspondendo ao córtex piriforme ou olfatório. Este tem projeções para o tálamo que por sua vez projeta-se para o córtex orbitofrontal Existem projeções olfatórias para o sistema límbico, associando os odores às emoções. As estruturas responsáveis por isso são a amígadala e o núcleo accumbens As peculiaridades dessa via: 1. Possui apenas neurônios 1 e 2 2. O neurônio 1 localiza-se na mucosa e não em um gânglio 3. Impulsos olfatórios conscientes não possuem relé talâmico 4. A área cortical é do tipo alocórtex e não isocórtex 5. É totalmente homolateral, ou seja, as informações começam e continuam no mesmo lado Fisiologia Neurônios receptores olfatórios Eles possuem um único e fino dendrito, que termina com uma pequena dilatação na superfície do epitélio, que possui vários cílios longos e finos que se estendem para dentro da camada de muco. As substâncias odoríferas se ligam nesses cílios. No lado oposto, há um axônio muito fino e não mielinizado, que juntos constituem o nervo olfatório Os axônios olfatórios não se juntam em um único feixe, em vez disso, depois de deixar o epitélio, pequenos grupos de axônios penetram na placa cribriforme, seguindo para o bulbo olfatório Transdução olfatória Todas as moléculas de transdução estão nos cílios. O processo começa com a substância odorífera se ligando aos receptores odoríferos na membrana. Isso, estimula a proteína G olfatória, ativando a adenilato-ciclase, levando a formação de AMPc. Esse, se liga a canais de cátions, abrindo-os e permitindo o influxo de sódio e cálcio. Esse cálcio abre canais de cloro, desencadeando uma corrente para amplificação do potencial do receptor olfatório. Além disso, esse cloreto é responsável pela despolarização da membrana As substâncias odoríferas difundem-se para longe, as enzimas na camada do muco podem degradá-las, e o AMPc do receptor pode ativar outras vias de sinalização que encerram o processo de transdução Mesmo na presença continuada de um odorante, a intensidade para um odor normalmente desaparece, isso é chamado de resposta de adaptação do receptor Proteínas receptoras olfatórias Essas proteínas são os sítios de ligação para odorantes na superfície extracelular da célula. Essas proteínas são codificadas por genes presentes em nosso genoma. Cada célula olfatória geralmente só pode expressar um gene para cada receptor. Cada gene de receptor tem uma estrutura única, permitindo que as proteínas se liguem a odorantes diferentes O epitélio olfatório está organizado em grandes zonas, e cada uma contém células que expressam genes de receptores diferentes. Dentro de cada zona, os receptores individuais estão espalhados aleatoriamente As proteínas receptoras olfatórias estão acopladas a proteínas G específicas, denominadas proteínas G olfatórias, com 7 segmentos. O único segundo mensageiro que será ativado por esse receptor é o AMPc M e d ic in a U N IC ID T X X IX Tutoria- M2 P4- Gustação e Olfação Tutoria- Módulo 2- Percepção, Consciência e Emoção Rodrigo Barbosa Guerra 9 Canais dependentes de AMPc Os canais presentes nos cílios respondem diretamente ao AMPc, ou seja, são ativados por eles Esse processo envolve um código de população também. Cada proteína receptora liga diferentes substâncias odoríferas às quais elas respondem, com maior ou menor facilidade, fazendo com que a célula receptora seja mais ou menos sensível aos estímulos Uma maior quantidade de odorante tende a gerar respostas mais fortes até que a força de resposta sature Vias centrais do olfato Os neurônios dos receptores projetam-se para os dois bulbos olfatórios. A camada de entrada é feita por estruturas esféricas chamadas de glomérulos. Dentro de cada, estão as terminações dos axônios olfatórios primários, que convergem e finalizam nos dendritos dos neurônios olfatórios de segunda ordem. Cada neurônio receptor expressa um gene receptor P2, indo para no máximo 2 glomérulos em cada bulbo. Cada glomérulo recebe sinais de apenas um tipo determinado de células receptoras, seguindo um mapa de genes de receptores odoríferos A informação olfatória é modificada por interações inibitórias e excitatórias dentro e entre os glomérulos, e entre os dois bulbos. Os neurônios dos bulbos podem ser modulados por axônios descendentes, das áreas superiores do encéfalo. Elas começam a separar a informação em sinais de categorias amplas Os neurônios no bulbo fazem sinapse com três tipos de células: 1. Neurônios de projeção – projetam-se para o SNC a. Células mitrais b. Células em tufo 2. Células periglomerulares – interneurônios A partir daí, a informação seguirá pelos tratos olfatórios projetando-se para vários alvos como o córtex olfatório e estruturas vizinhas no lobo temporal. O arranjo olfatório sofre influência distribuída pelo prosencéfalo, sofrendo influências do odor e da memória. Essa via está relacionada pelo camainho do tubérculo olfatório, seguindo para o núcleo dorsomedial do tálamo edepois para o córtex orbitofrontal Representações espacial e temporal da informação olfatória Cada célula é sensível a uma ampla variedade de estímulos químicos, sendo facilmente discriminadas. Mas como isso acontece? M e d ic in a U N IC ID T X X IX Tutoria- M2 P4- Gustação e Olfação Tutoria- Módulo 2- Percepção, Consciência e Emoção Rodrigo Barbosa Guerra 10 1. Cada estímulo odorífero é representado pela atividade de uma gradne população de neurônios 2. Os neurônios que respondem a determinados estímulos podem estar organizados em mapas espaciais 3. A organização temporal dos potenciais de acao pode ser um código essencial para determinados estímulos Código olfatório de população As respostas de uma grande população de receptores codificam um estímulo. Na presença de alguns odores, nenhum tipo de célula pode distinguir o odor. Sendo assim, são examinadas combinações de respostas das células, distinguindo o odor Mapas olfatórios Um mapa sensorial é um arranjo ordenado de neurônios que se correlaciona com certos aspectos do ambiente. Muitos neurônios receptores respondem à apresentação de uma única substância odorífera, e que essas células estão distribuídas em uma ampla área do epitélio olfatório, sendo coerente com a distribuição de cada gene para receptores Os axônios de cada célula receptora fazem sinapses em determinados glomérulos no bulbo olfatório. Esse arranjo faz um mapa sensorial. Os mapas de regiões ativados por estímulos químicos especiais ativam muitos neurônios no bulbo, e as posições dos neurônios formam padrões espaciais complexos. A forma do mapa depende da natureza e da concentração do odorante Os mapas dos sentidos químicos são insólitos porque os estímulos em si não possuem propriedades espaciais significativas O odor por si só, pode revelar a sua origem, mas não qual a sua posição. A característica mais importante do odorante é a sua estrutura química. Uma vez que o sistema olfatório não precisa mapear o padrão espacial de um odor, os mapas neuronais para odores podem ter outros propósitos, como a discriminação dentro de um número gigantesco de possíveis substâncias químicas diferentes No córtex olfatório, cada odor distinto desencadeia atividade em um subconjunto diferente de neurônios Uma ideia alternativa é a de que os mapas espaciais não codificariam os odores de fato, mas seriam simplesmente a mais eficiente maneira de o sistema nervoso formar conexões apropriadas entre conjuntos relacionados de neurônios. Os neurônios com funções similares interconectam-se mais facilmente se foram vizinhos Codificação temporal no sistema olfatório Os padrões temporais de espigas de neurônios olfatórios são características essenciais de codificação olfatória. Os odores são estímulos inerentemente lentos, então, a rápida organização temporal de potenciais de ação não é necessária para codificar a organização temporal de odores A codificação temporal depende da organização temporal dos potenciais de ação, pode, em vez disso, representar a qualidade dos odores O bulbo olfatório e o córtex olfatório geram oscilações de atividade quando estímulos odoríferos são apresentados aos receptores. Padrões temporais são também evidentes nos mapas espaciais de odores, pois eles, às vezes, mudam de forma durante a estimulação com um único odor A informação do odor é codificada pela temporização detalhada de potenciais de acao dentro de células e entre os grupos de células, bem como pelo número, padrão temporal, ritmicidade e sincronia das espigas célula a célula A análise de um odor depende não só pela percepção de quais neurônios olfatórios disparam, mas também de quando eles disparam Integração dos sentidos O sabor que percebemos quando comemos ou bebemos algo é devido a uma combinação entre o olfato e a gustação, denominado olfato retronasal. Nele, o fluxo de moléculas de odor proveniente da cavidade oral e da faringe entram pela parte de trás do nariz através do cóanos. Essas moléculas atingem o epitélio olfatório no momento em que há movientacao da língua e da faringe durante a mastigação e deglutição O odor provoca uma resposta fisiológica em diferentes órgãos e sistemas que são responsáveis pela liberação de saliva, hormônios e enzimas digestivas A combinação do olfato e da gustação também pode ser chamada de paladar, por isso que temos dificuldade de identificar sabores quando há acúmulo de muco sobre o epitélio olfatório em algumas patologias Além disso, ambos os estímulos gustativos e olfatórios produzem ativações neurais que se superpõem em várias áreas corticais, tais como a ínsula, córtex orbitofrontal e no giro do cíngulo
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