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Capítulo 7 1 Potássio 1 - Formas no Solo e suas Transformações O potássio está nos solos em diferentes formas, mas somente o potássio dissolvido na solução do solo como íon monovalente (K+) é absorvido pelas plantas. O potássio na solução do solo está em equilíbrio com o potássio ligado eletrostaticamente às cargas superficiais negativas dos colóides do solo. Este último funciona como reserva imediata para as plantas, pois está em equilíbrio rápido com a solução, repondo o potássio da solução à medida que é absorvido ou perdido. O potássio pode ser adicionado ao solo via fertilizante ou via resíduos culturais e dejetos animais. Ele pode ser perdido com as partículas de solo erodidas ou pela lixiviação em solos com CTC muito baia (baixos teores de argila e de matéria orgânica). O potássio faz parte da estrutura de minerais primários (K estrutural), por exemplo, nas micas e nos feldspatos, e é componente de minerais secundários (vermiculita e esmectitas). Essa forma é comumente denominada potássio não trocável. O potássio total no solo é a soma de todas as formas em que o elemento se encontra: K estrutural + K não trocável + K trocável + K solução. Na figura 1, apresenta-se a dinâmica do potássio no solo, observa-se que todas as formas podem suprir o potássio na solução. A quantidade total do potássio no solo é resultado do material de origem, da sua composição mineralógica e do grau de intemperismo. A forma predominante de potássio no solo é a estrutural, isto é, que faz parte da estrutura de minerais primários e, ou secundários. A liberação do potássio estrutural para a solução do solo é um processo lento e, assim, não atende à demanda das plantas à curto prazo. O potássio não trocável é representado pela fração do potássio que se torna solúvel apenas após o tratamento do solo com uma solução de ácido forte (ácido nítrico fervente). Ela inclui, portanto, parte do potássio estrutural, como a que se encontra nas entre camadas de minerais secundários do tipo 2:1, por exemplo, a ilita e a vermiculita. O potássio trocável é capaz de repor com rapidez as quantidades que são retiradas pelas plantas, ou seja, é a reserva imediata do nutriente. Além disso, ele está ligado aos componentes da fase sólida (argilas e matéria orgânica) na forma de complexos de esfera externa. No solo e na região da rizosfera, o potássio pode ser encontrado de diferentes formas: (i) como íon livre (K+) na solução do solo; (ii) adsorvido como complexo de esfera externa nos minerais da argila e na matéria orgânica do solo; (iii) como complexo de esfera interna nas entre camadas de minerais de argila; e (iv) fazendo parte da estrutura de minerais primários e secundários. Capítulo 7 2 Figura 1 - Dinâmica do potássio no solo A quantidade do íon K+ na solução do solo necessária para o crescimento da planta depende da espécie e do seu estágio de desenvolvimento. O teor do potássio na solução do solo pode variar de 0,2 a 50 mg L-1, alcançando valores superiores em solos fertilizados, e depende das características químicas e mineralógicas dos solos. O potássio na solução do solo e o trocável são as formas do elemento prontamente disponível para as plantas. Solos com alto teor de potássio trocável, por causa do rápido equilíbrio com o potássio da solução, mantêm elevado gradiente de concentração, o que favorece a difusão do íon K+ para junto da superfície radicular. A relação entre os teores do potássio na forma trocável e o na solução (K trocável/ K solução) é denominada poder tampão de potássio (PTK). É uma relação simplificada que possibilita uma estimativa da quantidade de potássio trocável que é necessária na fase sólida do solo para manter determinada concentração na solução do solo. 2 - Absorção, Transporte e Redistribuição 2.1 - Absorção de Potássio As plantas absorvem o íon K+ da solução do solo, mas, para que a absorção de fato ocorra, é necessário que o nutriente entre em contato com a superfície da raiz. A difusão e o fluxo de massa são os principais mecanismos Capítulo 7 3 de transporte (suprimento) do íon K+ da solução do solo até a superfície radicular. Para manutenção do funcionamento celular as plantas necessitam, muitas vezes, manter concentrações de solutos no interior da célula muito diferente do meio externo. Para isso, existem proteínas transmembrana (também chamadas de transportadores ou canais iônicos), que possuem a função básica de carregar solutos contra um gradiente de concentração. Graças as proteínas, o potássio é mantido em concentração mais alta dentro das células quando comparado com o meio extracelular. A absorção de potássio pelas raízes pode ser feita por transportadores, em condições de baixa concentração de potássio no solo, e por canais, quando a concentração de potássio no solo é alta. Os canais de potássio estão envolvidos com o mecanismo de absorção de baixa afinidade, enquanto os transformadores contribuem para o mecanismo de absorção de alta afinidade. No entanto, essa separação não é generalizada. Canais podem contribuir para o componente de absorção de potássio de alta afinidade, ao passo que os transportadores, para o transporte de baixa afinidade, sob certas condições. Em geral, o mecanismo de alta afinidade opera em concentração externas inferiores a 0,5 mmol L-1, e acima dessa concentração, o mecanismo de baixa afinidade domina o influxo (absorção). Nas plantas superiores, essas proteínas de transporte possuem importante papel na absorção de potássio do solo e na distribuição e redistribuição por toda a planta. Durante as últimas duas décadas, vários transportadores e canais de potássio foram identificados e caracterizados em âmbito molecular. Todos os canais e transportadores de potássio conhecimento são relacionados a uma única família protéica (Figura 2). A diferença entre os membros da família de transportadores e de canais está no seu acoplamento energético, afinidade e seletividade ao potássio. As famílias de canais são do tipo: (i) Shaker, (ii) TPK (tandem-pore K+) e (iii) Kir-like (K+ inward rectifier). Canais do tipo Shaker são também conhecidos como canais dependentes de voltagem e são divididos em três classes com base nessa dependência: (i) canais retificadores de influxo, que são ativados por hiperpolarização da membrana e responsáveis, sobretudo, pela absorção de K+ (influxo); (ii) canais retificadores de efluxo, que são ativados por despolarização da membrana e responsáveis pelo efluxo de K+; e (iii) canais fracamente retificados, que podem ser ativados por hiperpolarização e mediar tanto a absorção (influxo) quanto a liberação de K+ (efluxo), dependendo dos potenciais de membrana. O termo “retificação’’ indica que o fluxo de K ocorre apenas em uma direção, mas estudos apontam que fosforilações podem Capítulo 7 4 Figura 2 - Principais mecanismos e famílias de canais e transportadores do íon potássio (K+) na planta provocar modificações pós-traducionais que permitem o fluxo em ambas direções. Os canais do tipo TPK e Kir eram classificados como canais KCO, agora são considerados duas famílias distintas. Ao contrário dos canais Shaker, eles possuem baixa sensibilidade a potenciais de membrana, por isso são também conhecidos como canais de potássio não dependentes de voltagem. Os transportadores de potássio em plantas superiores são derivados de várias famílias de genes, tais como: KUP/HAK/KT, HKT, NHX e CHX. Transportadores KUP/HAK/KT fazem o transporte ativo de potássio em células de plantas. Já os tipos HKT, em sua maioria, transportam Na+, mas, excepcionalmente, atuam também como transportadores do tipo simporte Na+/K+. A maior parte dos transportadores das famílias NHX e CHX foi identificada como tipo antiporte Na+/H+, e apenas alguns, como tipo antiporte K+/H+. Os canaise os transportadores de potássio em plantas superiores já foram identificados em diversos órgãos e tecidos celulares, atuando nas mais variadas funções. Em Plantas, os canais tipo Shaker foram observados em raízes (floema, pelos radiculares, epiderme e córtex), caule, pólen e tubo polínico, folha (células-guarda, floema, primórdios, mesófilo, idatódios, tricomas e epiderme) e flores (sépalas). Nesses órgãos ou tecidos, eles têm a função de: (i) absorção de K+ em células de raízes, tubo polínico e células-guarda; (ii) liberação de K+ no xilema e das células-guarda estomáticas; (iii) translocação Capítulo 7 5 de K+ das raízes para a parte aérea; (iv) circulação de K+ no floema; e (v) regulação dos estômatos, da absorção de K+ nas células e do crescimento do tubo polínico. Os canais do tipo TPK foram observados em raízes (ponta e zona de alongamento), folha (mesófilo e células-guarda), flores (sépalas e anteras) e pólen tubo polínico, com a função de: (i) liberação de K+ do vacúolo; (ii) fechamento estomático; e (iii) homeostase intracelular. Os transportadores do tipo KUP/HAK/KT foram identificados em caules (hipocóticos e haste da inflorescência), folhas (cotilédones e folhas jovens), raízes (epiderme) e flores, com a função de: (i) absorção e translocação de K+; (ii) expansão celular; e (iii) alongamentos de pelos radiculares. Os transportadores do tipo NHX foram observados em caule (tecido cortical), folha (tecido vascular e células-guarda) e flores (pétalas, estames e anteras), com a função de: (i) regulação do turgor; (ii) crescimento das plantas; (iii) desenvolvimento da flor; e (iv) função estomática. Os transportadores do tipo CHX foram identificados em raízes (epiderme e células corticais), flores (sépalas), pólen tubo polínico, folhas (células-guarda e cotilédones) e caules, com a função de: (i) absorção de K+ em células de raiz; (ii) homeostase e ajuste do pH; (iii) osmorregulação de células-guarda; (iv) direcionamento do tubo polínico para óvulos; e (v) desenvolvimento do cloroplasto. 2.2 - Transporte e Redistribuição de Potássio na Planta Após o potássio ser absorvido pelas células radiculares, ele deve ser transportado, via xilema, para outras partes da planta e é mediado por canais e transportadores, dos quais podem ser destacados: a) Skor - esse canal está altamente relacionado com o carregamento de potássio no xilema. Ele também pertence a família Shaker, e sua expressão é exclusiva das células do periciclo radicular nos arredores dos vasos do xilema. Apesar de ser seletivo para potássio, ele também pode facilitar a passagem de cálcio. b) HKT - transportador de alta afinidade expresso somente nas células do córtex e nas camadas celulares que circundam o tecido vascular. Há evidências que atua no simporte de Na+/K+, podendo até mesmo apresentar baixa afinidade a Na+ quando esse cátion está em alta concentração, inibindo a absorção de K+ na planta por competição. Após ser carregado no xilema, o potássio é transportado para toda planta. Esse nutriente tem alta mobilidade intracelular e nos tecidos, translocando-se dos tecidos mais velhos para os mais novos, bem como no transporte a longa distância via xilema e floema. Portanto, sob condições de baixo suprimento de potássio pelo meio, o elemento é redistribuído das folhas mais velhas para as mais novas e para as regiões em crescimento. Assim, os sintomas de deficiência aparecem primeiro nas folhas velhas. Capítulo 7 6 Como os solutos no floema podem ser transportados para as partes superiores e inferiores das plantas, o transporte de potássio a longa distância na planta ocorre com facilidade. Os órgãos das plantas supridos de preferência pelo floema são as folhas novas, os tecidos meristemáticos e os frutos, os quais apresentam alta concentração de potássio. Após a aquisição e a translocação via xilema, o transporte também pode ocorrer no sentido inverso. A partir das folhas maduras (fonte), os fotoassimilados e o potássio são alocados no floema e transportados para o tecido dreno. 3 - Formas e Funções do Potássio na Planta O potássio não faz parte de nenhum composto orgânico, portanto, não desempenha função estrutural na planta. Contudo, sua principal função é no metabolismo das plantas como ativador enzimático e controle do potencial osmótico das células. As necessidades de potássio para o ótimo crescimento das plantas situam-se na faixa de 20 - 50 g kg-1 na matéria seca vegetal. Entretanto, as plantas têm a capacidade de absorver quantidades de potássio superiores às suas necessidades, o que comumente é denominado de “consumo de luxo”. Não se tem conhecimento da toxidez causada pelo potássio em plantas, apesar de esse nutriente ser absorvido por muitas espécies em quantidades superiores às necessárias (consumo de luxo). No entanto, o excesso de potássio pode interferir, positivamente ou negativamente, na absorção de outros cátions pelas plantas, considerando que a taxa de absorção de um íon pode ser afetada por outro, desde que estejam competindo de modo direto pelo mesmo sítio no carregador. O teor de potássio na planta aumente a taxa de absorção de NO3 - e pode inibir as de cálcio e de magnésio. O incremento da concentração do potássio na solução tem efeito depressivo na absorção de magnésio, enquanto o inverso não ocorre. O potássio participa ou ativa processos em diversos compartilhamentos da planta. Está presente em altas concentrações no citosol (100 - 120 mmol L-1), nos cloroplastos (20 - 200 mmol L-1), nos vacúolos (10 - 200 mmol L-1), podendo atingir até 500 mmol L-1 nas células-guardas. No citosol e cloroplasto, altas concentrações de potássio são necessárias para neutralização de ânions (ácidos orgânicos e inorgânicos solúveis e ânions de macromolécula) e manutenção do pH nos níveis adequados para o funcionamento da célula, isto é, pH de 7,0 a 7,5 no citosol e de aproximadamente 8,0 no cloroplasto, considerados como ótimo para muitas reações enzimáticas nesses compartimentos. O potássio é o cátion mais abundante nas plantas e tem importante função no estado energético, na translocação e no armazenamento de Capítulo 7 7 assimilados e na manutenção da água nos tecidos vegetais. O potássio atua na fotossíntese, favorece um alto estado de energia (necessária para a produção de ATP), mantém o turgor das células, regula a abertura e o fechamento dos estômatos, promove a absorção de água, regula a translocação de nutrientes na planta, favorece o transporte e o armazenamento de carboidratos, incrementa a absorção do nitrogênio e a síntese de proteínas e participa da síntese de amido nas folhas. A alta mobilidade na planta explica as principais funções e características do potássio como o principal cátion que atua na neutralização de cargas e como o mais importante e ativo componente inorgânico osmótico. As principais funções do potássio na planta são descritas a seguir: 3.1 - Ativação enzimática - a principal função bioquímica do potássio é ativação enzimática. Mais de 60 enzimas são dependentes do potássio para sua atividade normal, citando-se as sintetases, oxidorredutases, desidrogenases, transferases e cinases. O potássio está relacionado com as mudanças na conformação das proteínas enzimáticas, a qual aumenta a exposição dos sítios ativos para ligação com o substrato. Em geral, as mudanças de conformação induzidas pelo potássio nas enzimas aumentam taxa das reações catalíticas (Vmáx) e, em muitos casos, também a afinidade pelo substrato (Km). No metabolismo de carboidratos, enzimas como a 6-fosfofrutocinase e a piruvatocinase, que atuam na via glicolítica, apresentam alto requerimento de potássio; a sintetase do amido é também altamente dependente de cátions monovalentes, dentre os quais o potássio é o mais eficiente. As ATPases ligadas às membranas celulares,que atuam no processo de absorção iônica, é ativada pelo magnésio, e sua atividade é favorecida pelo potássio, daí a importância desse nutriente no metabolismo energético da planta. Uma das razões que explicam o fato das plantas apresentarem alto nível de exigência em potássio (normalmente o segundo nutriente mais exigido) é a necessidade que a planta tem de manter o seu teor elevado no citoplasma das células, principalmente para garantir uma ótima atividade enzimática, pois esse nutriente não tem alta afinidade com compostos orgânicos (incluindo enzimas). Outro motivo da necessidade de alta concentração do potássio no citosol e no estroma dos cloroplastos é para manter a neutralização de ânions e manutenção do pH nos níveis adequados para o funcionamento da célula. 3.2 - Osmorregulação - vários processos essenciais ao funcionamento da planta envolve o acúmulo de íons para diminuir o potencial osmótico e aumentar a pressão de turgor, destacando-se aqui a função do potássio. Como exemplo a processos associados a osmorregulação citam-se: movimento dos estômatos, movimentos násticos, transporte no floema e a ascensão de água Capítulo 7 8 no xilema devido à pressão radicular. A expansão celular e a abertura e fechamento dos estômatos dependem de ótimo turgor celular, e para tal o potássio é indispensável. Para que haja o crescimento normal das células meristemáticas das plantas é necessário o afrouxamento da parede celular, provavelmente induzido pelo ácido indolacético (AIA) e um acúmulo de soluto (potássio e açúcares redutores) no vacúolo para criar um potencial osmótico interno. O afrouxamento da parede celular e o aumento da pressão de turgor promovido pela absorção de água em resposta a diminuição do potencial osmótico pela absorção do potássio, são pré-requisitos para o crescimento celular. Os fitohormônios envolvidos com o crescimento dos tecidos meristemáticos apresentam efeito sinergético com o potássio, como mostrado para o AIA no crescimento de coleóptilos de milho, para o ácido giberélico no crescimento de plântulas de girassol e para as citocininas no crescimento de curcubitáceas. Estes exemplos mostram que o potássio tem um papel fundamental no crescimento meristemático. A baixa perda de água pelas plantas bem supridas em potássio é devido a redução na taxa de transpiração, a qual não depende somente do potencial osmótico das células do mesófilo, mas também é controlada pela abertura e fechamento dos estômatos. Portanto, plantas bem supridas em potássio têm maior eficiência no uso da água. Assim, em período de “veranico” com estresse hídrico, as plantas bem supridas de potássio mantêm mais água nos tecidos em relação às plantas deficientes. Acrescente-se, ainda, que plantas bem supridas em potássio têm apresentado maior retenção de água nos tecidos e tolerância ao estresse climático (secas e geadas). Quanto às geadas, o potássio pode aumentar o ponto de congelamento dos tecidos por induzir maior teor de solutos nas células, amenizando os danos da baixa temperatura. Desse modo, o potássio é o principal nutriente que afeta o potencial osmótico na planta, influenciando desde a expansão celular o transporte de íons, pois gera alto potencial osmótico na raiz. 3.3 - Fotossíntese e transporte de carboidratos - tem sido reportado um efeito direto do potássio sobre a taxa de assimilação do CO2. Além da regulação da abertura e fechamento dos estômatos, o potássio está também envolvido na melhor difusão do CO2 no mesófilo. Potássio também influência a atividade da enzima responsável pela fixação do CO2 na fotossíntese (ribulose bifosfato carboxilase - Rubisco), possivelmente, devido a manutenção do pH ótimo para a atividade da enzima. O carregamento de descarregamento do floema de fotoassimilados é um processo ativo, requer energia do ATP, e envolve ATPases associadas às membranas. Admite-se que o potássio esteja diretamente envolvido neste processo, possivelmente pela despolarização da membrana plasmática e Capítulo 7 9 ativação das ATPases. O transporte de outros compostos além dos fotoassimilados também é favorecido pelo potássio, como de proteínas e outros compostos nitrogenados. Portanto, o potássio favorece o carregamento, o descarregamento e o transporte dos compostos do floema. O papel do potássio no transporte pode também afetar o conteúdo de proteínas nos grãos, incrementando a sua qualidade. Esse fato ocorre porque o potássio aumenta o transporte de nitrogênio para a síntese protéica nos grãos. Em razão dos seus diversos papéis na planta, o potássio tem efeitos diretos na produção da maioria das culturas. Assim, tomando como exemplo a cultura do maracujazeiro, observou-se que a dose de 434 g de K2O por planta esteve relacionada com maior produção de frutos de maracujá, enquanto a produção máxima de suco foi obtida quando se aplicou 562 g de K2O por planta/ano. Essa quantidade de potássio foi 30% superior àquela que proporcionou a maior produtividade de frutos. Essas múltiplas funções do potássio nos processos metabólicos, tais como fotossíntese, respiração, síntese de amido, proteinase lignina, resultam em vários efeitos positivos nas plantas quando há adequada nutrição potássica: incremento no crescimento das raízes, aumento da resistência à seca e às baixas temperaturas, resistência a pragas e moléstias, resistência ao acamamento das plantas e incremento na nodulação das leguminosas. A adequada nutrição do potássio promove também, qualitativamente, a incremen- to no teor de proteína, de amido nos grãos e tubérculos, na coloração e no aroma dos frutos no teor da vitamina C e de sólidos solúveis e na redução de desordens fisiológicas. Possibilita também maiores períodos de armazena- mento pós-colheita de vegetais, como banana, tomate, cebola etc. 4 - Sintomas de Deficiência Devido à mobilidade do potássio nos tecidos, os sintomas de deficiência ocorrem em primeiro lugar nas folhas mais velhas, como uma clorose seguida de necrose nas pontas e margens das folhas; nas regiões necrosadas há acúmulo de putrescina. A putrescina, composto fito-tóxico na planta, tem origem nos aminoácidos básicos (ornitina, citrulina e arginina). Em plantas deficientes em potássio ocorre redução na síntese protéica e acúmulo dos aminoácidos básicos levando a um grande aumento no teor de putrescina. O sintoma de deficiência de potássio inicia pela morte das células do ápice e da margem da folha e, em seguida, a necrose estende-se ao longo das margens para base da folha. Gramíneas deficientes em potássio desenvolvem colmos frágeis e raízes mais susceptíveis ao ataque de microrganismos patogênicos, portanto, a deficiência de potássio torna as plantas mais vulneráveis a doenças e ao tombamento pelo vento e chuvas. Capítulo 7 10 Plantas deficientes em potássio podem diminuir a síntese de parede celular (em hastes/caule) predispondo a cultura a ventos, provocando seu tombamento.
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