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Capítulo 5 1 Enxofre 1 - Formas no Solo e suas Transformações No solo, a maior parte do enxofre (S) encontra-se na forma orgânica, podendo representar de 60 a 90% do S total no solo, e a fração mineral, é geralmente inferior a 5%. O enxofre orgânico, por via microbiana, é mineralizado e convertido as formas minerais. Nos solos bem aerados, o enxofre mineral aparece quase exclusivamente como sulfato (SO4 =), ao passo que em condições anaeróbias os sulfetos (H2S) são as formas mais comuns de enxofre no solo. Com os sulfatos e sulfetos, podem aparecer, em pequena proporção e deforma transitória, produtos intermediários que se formam durante as transformações do enxofre no solo, tais como: sulfito (SO3 =), tiossulfato (S2O3 =) e politionato (S4O6 =), sendo o fluxo controlado por reações de oxidação e de redução mediadas por microrganismos presentes no solo. Os microrganismos responsáveis pelas reações de redução do enxofre são as bactérias Desulfovibrio desulfuricans, e pelas reações de oxidação são os Thiobacillus. Na tabela 1 são apresentados os estados de oxidação e forma química do enxofre no solo de acordo com a condição de aeração. Tabela 1 - Estado de oxidação e forma química do enxofre no solo. Meio anaeróbico Meio aeróbico Solos de baixa drenagem Solos com alta drenagem Estado de oxidação -2 0 +2 +4 +6 H2S S S2O3 = SO2 SO4 = Sulfeto S elementar Tiossulfato Dióxido de S Sulfato O ciclo do enxofre no solo assemelha-se ao do nitrogênio, as duas principais transformações do enxofre no solo são a mineralização e a imobilização; a primeira resulta eventualmente na produção de sulfato; na segunda, este é convertido em enxofre orgânico. Além dessas duas transformações, o enxofre no solo também sofre reações de oxidação e redução, em condições aeróbicas o sulfeto e o enxofre elementar são oxidados a sulfato, e em condições anaeróbicas o sulfato é reduzido a sulfeto. A figura 1 apresenta o ciclo simplificado do enxofre no solo. Em solos mal drenados, como os de várzea, predomina a forma menos oxidada de enxofre, o sulfeto, um gás altamente volátil e de odor desagradável. A redução do sulfato ocorre, principalmente, em condições de anaerobiose e na presença de substâncias doadoras de elétrons, por exemplo, a matéria orgânica. O sulfeto produzido poderá reagir com o Fe, originando sulfeto ferroso (FeS), afastando o perigo de toxidez à planta pelo gás sulfídrico (H2S). Capítulo 5 2 Figura 1 - Ciclo simplificado do enxofre no solo Em solos bem drenados e arejados, predomina a forma mais oxidada, o sulfato, fonte primordial de enxofre para as plantas, que pode ser encontrado na solução do solo, adsorvido as partículas de argila ou em complexos organominerais. Em solos ricos em argilas do tipo 1:1 e oxi-hidróxidos de ferro e alumínio, é comum ter adsorção de sulfato. A adsorção do sulfato depende dos teores de argila, da presença de oxi-hidróxidos de Fe e de Al e do pH sendo que, a adsorção do sulfato é maior em solos ácidos. A crosta terrestre contém cerca de 1,1 g kg-1 de S, e a rocha matriz constitui a fonte primária desse elemento, fornecendo sulfetos metálicos, os quais, em solos bem arejados, transformam-se rapidamente em sulfatos. Outra fonte adicional de enxofre no solo é o dióxido de enxofre (SO2) da atmosfera, oriundo da queima de combustíveis fósseis, da madeira e de outros produtos orgânicos. O dióxido de enxofre é oxidado em parte a sulfato e trazido ao solo pelas chuvas em quantidades, que, no Brasil, correspondem a 5 a 30 kg de S ha-1 ano-1, insuficiente para atender à exigência da maioria das culturas. As principais causas da deficiência do enxofre nos solos tropicais estão associadas a utilização de práticas culturais como calagem e fosfatagem, que podem afetar a disponibilidade de enxofre. A calagem aumenta a CTC efetiva do solo (carga negativa), o que também eleva a lixiviação do sulfato no solo. A adubação fosfatada, por sua vez, aumenta a dessorção do sulfato, assim, fósforo fixado nas camadas superficiais do solo promove a lixiviação do sulfato. 2 - Absorção e Assimilação do Enxofre 2.1 - Absorção do Sulfato A forma de enxofre preferencialmente absorvida da solução do solo pelas raízes das plantas é o sulfato (SO4 =). Estudos têm mostrado que o dióxido de enxofre (SO2) atmosférico pode ser absorvido pelos estômatos das Capítulo 5 3 folhas e metabolizado, fazendo-o, porém, de modo pouco eficiente. Exposições prolongadas a altas concentrações atmosféricas do dióxido de enxofre (superior a 0,3 mg dm-3) pode causar danos aos tecidos da planta, devido à formação do ácido sulfúrico. O enxofre elementar (So) usado como defensivo agrícola na forma de pó molhável aplicado ás folhas, também pode ser absorvido pelas folhas e frutos e ser metabolizado. Além do sulfato, sabe-se que as plantas podem absorver do solo aminoácidos contendo enxofre. Foi demonstrada, em solução nutritiva, a absorção direta dos aminoácidos metionina e cisteína pelas raízes do tomateiro, conseguindo, assim, satisfazer a totalidade das suas exigências de enxofre. A absorção do sulfato é realizada via transportador do tipo simporte (SO4 =/H+) que faz o transporte ativo secundário e não espontâneo, requerendo aplicação de energia celular para conseguir absorver o nutriente contra o gradiente de concentração a partir da solução do solo. Altos níveis de alguns ânions como o cloreto (Cl-) e selenato (SeO4 =) reduzem a absorção do sulfato por inibição competitiva.A velocidade de absorção do sulfato depende do cátion acompanhante,obedecendo à seguinte ordem decrescente: K+ > NH4 + > Na+ > Mg2+ > Ca2+. 2.2 - Transportadores de Sulfato O sulfato é a principal fonte de enxofre absorvida do solo pelas plantas. A absorção do sulfato, o seu transporte para o interior dos plastídios para ser assimilado, o armazenamento no vacúolo e o transporte a longa distância entre órgãos fonte e órgãos dreno dependem de proteínas especificas de transporte de sulfato. O primeiro gene clonado envolvido com o transporte de enxofre foi o transportador de sulfato, nomeado como SULTR. Em plantas, essas proteínas são carreadores que operam em simporte com prótons (H+) para o transporte de sulfato (SO4 =). Os transportadores de sulfato de alta afinidade (Km entre 1,4 a 10 µmol L-1) estão envolvidos na absorção desse nutriente do solo. Os transportadores AtSULTR 1.1 e 1.2, ambos de alta afinidade, estão localizados na membrana plasmática das células radiculares e são responsáveis pela absorção do sulfato do solo (Figura 2). A localização espacial da expressão desses dois transportadores de alta afinidade nas pontas das raízes, na epiderme radicular, nos pelos radiculares e nas células do córtex de raízes maduras mostra que esses são os Capítulo 5 4 Figura 2 - Transportadores de sulfatos nas membranas biológicas tecidos na raiz para absorção com alta afinidade do sulfato. Apesar de ambos, AtSULTR 1.1 e 1.2, estarem envolvidos na absorção com alta afinidade de sulfato, são diferencialmente regulados. O AtSULTR 1.1 tem importante papel na aquisição de sulfato durante períodos de deficiência, pois é induzido sob condição de limitação de enxofre; entretanto, é quase ausente em condições de suprimento adequado desse nutriente. Já o AtSULTR 1.2 está envolvido com a absorção de sulfato em condições de suprimento adequado ou de deficiência, mas sua expressão não é sensível às variações na concentração externa de enxofre. Uma vez absorvido, o sulfato pode se mover radialmente através das células corticais e na endoderme pela rede plasmodesmata até o cilindro central sem a necessidade de atravessar a membrana plasmática. Entretanto, para ser transportado para parte aérea, o sulfato necessita ser carregado no xilema. Esse processo envolve o efluxo do sulfato das células do parênquimavascular para os feixes vasculares. Canais ou transportadores de baixa afinidade podem participar nesse processo, mas ainda não foram identificados e caracterizados. A reabsorção do sulfato na parte aérea também envolve transportadores de baixa afinidade. Os transportadores de baixa afinidade AtSULTR 2.1 e 2.2 estão envolvidos com a translocação interna do sulfato na planta, regulando o transporte vascular do sulfato (Figura 2). O transportador AtSULTR 3.1 está localizado na membrana dos plastídios e está envolvido com o influxo de sulfato para essa organela. Os Capítulo 5 5 transportadores AtSULTR 4.1 e 4.2 localizam-se na membrana vacuolar e são responsáveis pelo efluxo do sulfato do vacúolo para o citosol (Figura 2). O sulfato pode ser absorvido pelas células da raiz por meio dos transportadores SULTR 1.1 e 1.2. Dentro da célula, ele pode ser levado para o interior dos cloroplastos pelo transportador SULTR 3.1 ou por outros da mesma família. No interior dos plastídios, o sulfato é reduzido e assimilado em cisteína. Parte do sulfato na célula também pode ser levado a outros compartimentos celulares, por exemplo, ao vacúolo, por meio de transportadores ainda não identificados. O sulfato armazenado no vacúolo pode retornar ao citosol por meio dos transportadores SULTR 4.1 e 4.2. Os transportadores SULTR 2.1 e 2.2 estão localizados no parênquima vascular de raízes e folhas e estão envolvidos no controle da translocação interna de sulfato. 2.3 - Assimilação do Sulfato A principal forma de enxofre absorvida pelas plantas, como visto, é na forma oxidada (SO4 =). Nos compostos orgânicos, a principal forma de enxofre nas plantas aparece na forma reduzida correspondente ao sulfeto (S=); portanto, para que ocorra a assimilação, o sulfato absorvido deve ser previamente reduzido, tal como ocorre com o nitrato. Entretanto, ao contrário do nitrato, o sulfato pode ser utilizado sem o processo de redução e incorporado em estruturas orgânicas essenciais, como os sulfolipídios nas membranas, ou a polissacarídeos. A redução do sulfato é um processo de múltiplas etapas, que ocorre exclusivamente nos cloroplastos nas folhas e nos plastídios nas raízes. Na assimilação do enxofre, as folhas são em geral mais ativas do que as raízes, provavelmente devido ao fato da fotossíntese disponibilizar a ferredoxina reduzida e a fotorrespiração gerar a serina, que pode estimular a produção do o-acetilserina. A maior parte do sulfato é reduzida nos cloroplastos nas folhas, tendo a ferrodoxina como doador de elétrons. Todavia, uma fração limitada do sulfato pode ser reduzida nos plastídios nas raízes, tendo como doador de elétrons o NADPH. A primeira etapa na síntese de compostos orgânicos contendo enxofre é a redução do sulfato ao aminoácido cisteína, como primeiro produto estável formado, a cisteína atua como precursor para a síntese de todos os outros compostos orgânicos sulfurados, sendo essencial para a síntese de proteínas na planta. A redução do sulfato envolve várias reações e compostos, alguns ainda não completamente identificados. A primeira fase do processo leva a ativação do sulfato pelo ATP, para formar o adenosina-5’-fosfosulfato (APS) e pirofosfato (PPi), catalisado pela enzima ATP sulfurilase. Capítulo 5 6 A enzima APS redutase transfere dois elétrons da glutationa reduzida (GSH) para produzir sulfito (SO3 =). A seguir, a sulfito redutase transfere seis elétrons da ferredoxina (Fdred) para produzir sulfeto (S=). O sulfeto resultante reage com o-acetilserina (OAS) para formar cisteína e acetato. A o-acetilserina, que reage com o S=, é formada na reação catalisada pela enzima serina acetiltransferase. A reação que produz a cisteína e o acetato é catalisada pela enzima OAStiol-liase: A redução do sulfato (SO4 =) a sulfeto (S=), para sua incorporação em cisteína, é um processo que requer energia metabólica, estimando-se que seja necessário 14 ATP para essa conversão, e 8 elétrons, pois o enxofre passa do estado oxidado (+6) no sulfato para o estado reduzido (-2) no sulfeto. A glutationa, a ferredoxina, o NAD(P)H ou a o-acetilserina podem atuar como doadores de elétrons em vários passos da rota metabólica. O processo líquido da redução do sulfato pode ser descrito pela equação: SO4 = + ATP + 8H+ + acetil-serina → cisteína + acetato + 3 H2O + AMP + PPi A cisteína pode ser incorporada a proteínas ou utilizada para forma outros compostos (metionina, glutationa, etc.). De maneira semelhante, a metionina pode ser incorporada a proteínas ou utilizada na síntese do S- adenosilmetionina (SAM), um composto importante no metabolismo celular, pois é precursor de vários compostos como etileno, poliaminas, biotina, ácido muginéico, um agente quelante de metais pesado no solo, tais como: ferro, cubre, zinco, manganês, etc. Capítulo 5 7 A sulfatação do APS, localizada no citoplasma, é uma via alternativa de assimilação do S. Inicialmente, a APS quinase catalisa a reação da APS com ATP, para formar 3’-fosfoadenosina-5’-fosfossulfato (PAPS). As sulfotransferases, então, podem transferir o grupo sulfato do PAPS para vários compostos, incluindo colina, brassinosteróides, flavonol, ácido gálicoglicosídeo, glucosinolatos, peptídeos e polissacarídeos. O enxofre assimilado nas folhas é exportado pelo floema para os locais de síntese protéica (frutos e ápices caulinares e radiculares), sobretudo na forma de glutationa, a qual também atua como um sinal que coordena a absorção do sulfato pelas raízes e a assimilação do sulfato na parte aérea. Além disso, nas folhas, a reação é muito estimulada pela luz. Essa estimulação pela luz é requerida por causa da necessidade de ferredoxina como um redutor para o carregador de sulfito. Durante o desenvolvimento da folha, a evolução da redução do sulfato é semelhante à redução do nitrato, ou seja, é máxima durante o período de expansão foliar, mas diminui de maneira drástica após a maturação da folha. Figura 3 - Esquema simplificado da assimilação do enxofre na planta 3 - Transporte e Redistribuição do Enxofre na Planta O sulfato é transportado predominantemente no xilema das raízes para aparte aérea da planta. Entretanto, pequena proporção pode ser transportada na forma orgânica, porque uma fração do enxofre é metabolizada na raiz para suprir esse órgão. Capítulo 5 8 A capacidade da planta para redistribuir o enxofre assimilado nas folhas é muito pequena; sendo considerado, portanto, pouco móvel na planta. Por isso, em casos de deficiência, os sintomas aparecem primeiro nas folhas mais novas. Salienta-se, ainda, que o enxofre na forma de sulfato, praticamente, não é detectado na seiva do floema, sendo a glutationa a principal forma de enxofre redistribuído na planta pelo floema. 4 - Formas e Funções do Enxofre na Planta O enxofre é constituinte dos aminoácidos cisteína, cistina e metionina (Figura 4) e, portanto, das proteínas que os contêm. A tiamina (vitamina B1), a biotina (vitamina H) e a coenzima A (CoA) são coenzimas essenciais para o metabolismo quando ligadas às apoenzimas apropriadas (proteínas), que as requerem para exercer sua função de catalisadores orgânicos (enzimas). As funções que o enxofre desempenha na planta podem ser classificadas em dois grandes grupos: estruturais e metabólicas. Cisteína Cistina Metionina Figura 4 - Estrutura química da cisteína, cistina e metionina 4.1 - Funções Estruturais Os compostos de enxofre desempenham papel muito importante na estrutura das proteínas. Uma das principais funções do enxofre nas proteínas e polipeptídios é a formação da ligação dissulfeto (S-S). Estas ligações atuam na estabilidade da estrutura das proteínas. A ligação dissulfeto tem um papel essencialna formação das proteínas com ação enzimáticas, pois contribui para a conformação correta da proteína. Os aminoácidos contendo enxofre fornecem as ligações de dissulfeto da cisteína para a ligação de duas cadeias protéicas ou para a formação de anéis estáveis em uma mesma cadeia. Os grupos sulfídricos (SH) fornecem sítios para a ligação de cátions metálicos, podendo, por isso, afetar a estrutura secundária devido à conformação da cadeia protéica ao redor do metal. Os grupos SH podem ainda funcionar como locais para a formação de pontes de H e para a ligação de grupos prostéticos (não protéicos) das enzimas. Os grupos tioéster (S-CH3) da metionina, que são hidrofóbicos, podem afetar a estrutura terciária mediante interação com outros grupos hidrofóbicos da cadeia. Capítulo 5 9 O enxofre não reduzido (SO4 =) é componente dos sulfolipídeos, e assim, um constituinte estrutural das membranas celulares. Os sulfolipídeos são particularmente abundantes nas membranas dos tilacóides dos cloroplastos. 4.2 - Funções Metabólicas As funções metabólicas do enxofre são por causa dos aminoácidos em proteínas, aminoácidos livres (cisteína, cistina e metionina) e outros compostos de enxofre de baixo peso molecular. O grupo sulfídrico (SH) atua como grupo funcional de várias enzimas como cinases, desidrogenases, descarboxilases do ciclo de Krebs e o acetil- CoA carboxilase que atua na síntese dos ácidos graxos. Os compostos de enxofre: tiamina, ácido lipóico e coenzima A, funcionam como carregadores de grupo acila (R-CO) na oxidação de alfa-cetoácidos. A biotina está associada com a fixação não-fotossintética do CO2 e com reações de descarboxilação. O enxofre é componente essencial do anel de tiazol da tiamina, que pode estar como vitamina livre ou ligada ao pirofosfato (tiamina pirofosfato), quando atua como coenzima na descarboxilação do piruvato a acetaldeído e na oxidação de alfa-cetoácidos. O acetil-CoA é basicamente o centro de todo o metabolismo vegetal, sendo uma passagem obrigatória para uma série de processos importantes do metabolismo. Por exemplo, o grupo acetil (-CH2-CH3) do acetil-CoA pode entrar na via oxidativa do ciclo de Krebs ou na biossíntese dos ácidos graxos. Participa ainda da composição dos compostos voláteis que contribuem para odor característico nas plantas bulbosas como o bissulfeto de alila (cebola e alho) e do glucosídeo, nas crucíferas; da ativação de enzimas proteolíticas, como a ficinase, (figo), bromelina (abacaxi) e papaína (mamão). As ferrodoxinas são proteínas de baixo peso molecular que contém alta proporção de unidades de cisteína. Admite-se que as ligações entre os átomos de S-Fe na ferredoxina, confere ao composto uma configuração com um potencial redox altamente negativo, e assim, pode reduzir diferentes compostos em vários processos metabólicos importantes na planta, como: redutase do nitrito, redutase do sulfato, fotossíntese, fixação biológica do nitrogênio, formação de clorofila, etc. O enxofre faz parte da glutationa (agente redutor), que é precursora das fitoquelatinas, que atuam como antioxidante em vários processos de destoxificação de metais pesados na planta. A glutationa também faz a manutenção da ferrodoxina na forma reduzida e está envolvida no armazenamento e transporte de enxofre na planta. Capítulo 5 10 Os compostos orgânicos na planta que contém os radicais sulfídricos (SH) e as ligações dissulfetos (S-S), aumentam a resistência das plantas às baixas temperaturas e ao estresse hídrico. Como o enxofre participa de estruturas orgânicas nas plantas e de diversas reações enzimáticas, a sua deficiência pode trazer prejuízos também na síntese protéica, com acúmulo de nitrogênio, promovendo uma redução do teor de proteína nas plantas e no crescimento vegetal. Assim, o enxofre está intimamente ligado ao metabolismo do nitrogênio na planta, convertendo N não-protéico (aminoácidos) em N-protéico (proteínas). Nas leguminosas que apresentam maior conteúdo de proteínas, o enxofre pode exercer papel fundamental para maximizar a fixação biológica do N, por meio da atividade da nitrogenase e com reflexos positivos na produção. É provável que a maior eficiência de uso do nitrogênio pelas plantas deve depender de um nível adequado do enxofre, indicando a importância desses nutrientes na nutrição das plantas. As assimilações de nitrogênio e enxofre são bem coordenadas, e a deficiência de um deles afeta a via de assimilação do outro. 5 - Sintomas de Deficiências de Enxofre na Planta A necessidade de enxofre para o bom crescimento das plantas varia de 1 a 5 g kg-1 na matéria seca vegetal. Devido a sua participação em um número tão grande de compostos e reações, a carência de enxofre provoca uma série de distúrbios metabólicos, tais como: Diminuição na fotossíntese e na atividade respiratória; Queda na síntese de proteínas com o aparecimento de altas relações N solúvel/N protéico; Redução no teor de gorduras; Acúmulo de carboidratos solúveis com elevação da relação C solúvel/C amido; Diminuição na fixação biológica do N2; Redução no crescimento da planta. O enxofre é um elemento relativamente imóvel na planta; portanto, as deficiências ocorrem, inicialmente, nas partes novas da planta, sobretudo nas folhas, com clorose (amarelecimento) em toda extensão do limbo. Em estádios mais avançados, além da clorose, a deficiência de enxofre ocasiona hastes e colmos mais curtos e crescimento reduzido, causados pela menor síntese de proteínas e maior relação N solúvel/N protéico.
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