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PM-SP POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO Filosofia Filosofia e Educação Livro Eletrônico 2 de 53www.grancursosonline.com.br FILOSOFIA Filosofia e Educação Prof. Julio Amaro SUMÁRIO Revendo Conceitos .....................................................................................3 Filosofia da Educação ..................................................................................7 2.1 O Eu Racional: Introdução ao Sujeito Ético ...............................................7 2.2. Introdução à Bioética ..........................................................................17 2.3 A Técnica ...........................................................................................21 Importância da Filosofia para a Cidadania ....................................................23 3.1. O Homem como um Ser da Natureza ....................................................23 3.2 A concepção Platônica da Desigualdade ..................................................28 3.3. A Desigualdade Segundo Rousseau .......................................................33 Questões de Concurso ...............................................................................36 Gabarito ..................................................................................................53 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JOSIAS MARTINS VIEIRA - 43536047831, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 3 de 53www.grancursosonline.com.br FILOSOFIA Filosofia e Educação Prof. Julio Amaro Revendo Conceitos Olá, querido(a) estudante, tudo bem? Espero que sim para que possamos dar continuidade na nossa empreitada acerca da compreensão do conhecimento filosó- fico. Espero também que eu tenha conseguido ser o mais claro e objetivo possível acerca dos tópicos que estamos tratando. Continuarei com a metodologia utilizada na aula anterior. Assim, trataremos da parte teórica numa tentativa constante de construirmos um modelo de aula expositiva, mas que não deixe o diálogo em desuso. Dado o primeiro passo, a partir daqui iniciaremos nossa segunda aula e será necessário que alguns conhecimentos discutidos na aula anterior estejam memori- zados, isso lhe garantirá maior fluidez e aproveitamento de tempo, como da aula. Para tanto, vamos começar fazendo uma breve revisão sobre o que vimos até então. Começamos nossa discussão reconhecendo o ser humano enquanto ser racio- nal, portanto, construtor, detentor e transmissor de conhecimento. Conhecimento esse que, por sua vez, é fruto de um processo evolutivo, transitório e de aperfeiço- amento. Por ser reconhecido como um ser que conhece, é comum ao ser humano a tentativa de compreensão sobre si e sobre o espaço no qual o mesmo está inserido. Dessa forma, vimos que o conhecimento mitológico foi uma das primeiras maneiras encontradas pela humanidade para tentar explicar e compreender o mundo – cos- mogonia. Assim, a mitologia que se caracteriza por ser um tipo de conhecimento que não passa por ponderações racionais, se dá em forma de narrativas fabulosas, possui caráter religioso e associa fenômenos naturais, sociais e até mesmo fenô- menos pessoais às vontades divinas. Na nossa conjuntura é impensável um tipo de conhecimento como o mitológico ser utilizado como ferramenta de busca pela verdade. No entanto, estamos falando de um tipo de conhecimento que vigorou O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JOSIAS MARTINS VIEIRA - 43536047831, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 4 de 53www.grancursosonline.com.br FILOSOFIA Filosofia e Educação Prof. Julio Amaro como tal há milhares de anos e mesmo deixando resquícios com o decorrer da his- tória, foi sendo gradativamente substituído. Lembre-se também que o termo “mito” ainda é utilizado no mundo atual, porém, não possui mais valor de verdade e o utilizamos de maneira simbólica, em caráter de entretenimento. Quando analisamos como impensável o mito ser utilizado como referencial de verdade, entenda isso como consequência de um processo evolutivo do conheci- mento humano. Ou seja, o mito foi perdendo sua credibilidade enquanto referencial de conhecimento e é nesse contexto que se desenvolveu o conhecimento filosófico, caracterizado pela sistematização racional, não possuir caráter religioso e necessa- riamente requer encadeamento lógico acerca daquilo que enuncia. Mas não deixe cair no esquecimento o fato de que o surgimento da Filosofia não determina o fim das narrativas mitológicas, trata-se de um processo paulatino e tran- sitório. Portanto, antes de se desenvolver o que hoje compreendemos enquanto conhe- cimento científico, a Filosofia foi uma das ferramentas de compreensão do mundo, talvez por isso alguns historiadores e teóricos se refiram a Filosofia enquanto mãe de todas as ciências. Da mesma forma que o conhecimento humano de forma geral é transitório e evolutivo, o conhecimento filosófico também, passando por várias transformações no seu desenvolvimento histórico, assim, suas características vão se substituindo. Tentado compreender o mundo, inicialmente a Filosofia Antiga se volta para a investigação e respostas para os questionamentos acerca da natureza (pré-so- crática) e posteriormente para a compreensão do próprio homem (pós-socrática), tornando a Filosofia mais abrangente, tratando dos mais diversos objetos de inves- tigação. Todavia, a ferramenta de estudo e investigação filosófica é a mesma em ambos os momentos: a razão. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JOSIAS MARTINS VIEIRA - 43536047831, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 5 de 53www.grancursosonline.com.br FILOSOFIA Filosofia e Educação Prof. Julio Amaro A Filosofia Medieval (dividida em Patrística e Escolástica) é fortemente influen- ciada pelo contexto histórico no qual ela se desenvolve, a Idade Média. É sabido que nesse momento vigora o poder do Clero e a expansão do cristianismo, tais fatores influenciarão diretamente no desenvolvimento e nas características do co- nhecimento filosófico que, nesse contexto, passa a ser utilizado como uma ferra- menta de sistematização dos dogmas cristãos (entende-se por dogmas afirmações estabelecidas e tidas como certas e indiscutíveis). Trata-se de um período em que o conhecimento humano é tido como uma dádiva divina, assim a fé se sobrepõe à razão. É importante você memorizar que, mesmo em papel de serviçal da fé, a razão não entra em completo desuso, ela é utilizada para fundamentar os preceitos estabelecidos pela fé. Continuando o desenvolvimento histórico, a Filosofia Moderna é caracterizada pela revalorização da razão. Por se desenvolver num momento em que as pessoas já se sentiam mais a vontade em questionar os valores religiosos, nesse momento a Filosofia se desenvolve desvinculada do Clero e novamente o ser humano se re- conhece como sujeito construtor de conhecimento, retorno do antropocentrismo. A questão epistemológica – acerca do desenvolvimento do conhecimento humano – é um dos maiores embates filosóficos do período moderno, protagonizando um gran- de debate entre duas correntes filosóficas (Racionalismo = O conhecimento advém da Razão. Empirismo = O conhecimento advém da Experiência Sensível – nossos sentidos). Já a Filosofia Contemporânea se desenvolve num contexto histórico de grande valorização e sobreposição do conhecimentocientífico (passível de métodos e com- provação), que até então, é tido como o último estágio do conhecimento humano (relembre o conceito de Positivismo trabalhado na aula anterior). Mas é importante O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JOSIAS MARTINS VIEIRA - 43536047831, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 6 de 53www.grancursosonline.com.br FILOSOFIA Filosofia e Educação Prof. Julio Amaro você não se esquecer que, mesmo inserida no respectivo contexto, a Filosofia ainda vai ter sua utilidade/aplicabilidade, pois o conhecimento científico não foi capaz de responder todas as indagações humanas. Assim, o objeto de investigação da Filo- sofia Contemporânea é a própria humanidade e suas questões intrínsecas. Esteja atento(a), compreender as características do conhecimento filosófico bem como seu desenvolvimento histórico, buscar estabelecer uma relação de conexão entre seu conceito e o contexto no qual está sendo aplicado, desenvolver um mape- amento mental são coisas que lhe auxiliarão bastante na resolução de uma prova. Algumas abordagens temáticas que se desenvolveram na aula anterior – além do desenvolvimento histórico e mudanças das principais características da Filosofia – serão indispensáveis para o entendimento dos próximos tópicos. Podemos prosse- guir? A lista de exercício da aula anterior foi resolvida e corrigida? Espero que sim, pois isso será de grande valia para a continuidade da nossa conversa. Revisto isso tudo, vamos dar continuidade à nossa missão, estamos quase lá! Está faltando pouco para a parte que nos cabe! O Pensador – Escultura que retrata um homem em meditação profunda. Auguste Rodin, 1904. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JOSIAS MARTINS VIEIRA - 43536047831, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 7 de 53www.grancursosonline.com.br FILOSOFIA Filosofia e Educação Prof. Julio Amaro Filosofia da Educação 2.1 O Eu Racional: Introdução ao Sujeito Ético Ao iniciarmos nossa conversa acerca do conceito e do desenvolvimento histó- rico da Filosofia e tendo em vista que o filosofar é uma atividade própria da hu- manidade, começamos falando de uma característica peculiar do ser humano que é utilizada parar nos diferenciar de outras espécies de animais, tal característica nós chamamos de razão. Vimos posteriormente que essa mesma razão implicará uma série de outras características que também poderão ser utilizadas para tal di- ferenciação, como construção, manutenção e transmissão do conhecimento, nossa capacidade de intervir na natureza em benefício próprio etc., o que faz com que sejamos além de naturais, seres culturais. No campo da educação, além da defi- nição da própria educação, o conhecimento filosófico se volta para a reflexão dos processos educativos, voltando-se para a compreensão do ser humano por meio dos sistemas educativos. Nossa racionalidade, característica que tanto mencionamos, também faz com que sejamos seres capazes de desenvolver juízos éticos e morais. Esse assunto tão evidente e pauta de grandes discussões no mundo contemporâneo não é um assunto novo. Ainda na Antiguidade, grandes pensadores voltaram suas reflexões para a compreensão e definição do tema, mais especificamente no momento em que o conhecimento filosófico se volta para questões acerca do próprio homem, está lembrado de qual momento se trata? Não se perca, estamos falando do mo- mento pós-socrático da Filosofia Antiga, quando o objeto de investigação filosófica passa a ser as questões acerca do próprio homem. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JOSIAS MARTINS VIEIRA - 43536047831, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 8 de 53www.grancursosonline.com.br FILOSOFIA Filosofia e Educação Prof. Julio Amaro Quando reconhecemos o ser humano como um ser ético ou moral, estamos falando de uma espécie que é capaz de fazer juízo de suas ações perante deter- minadas situações. Tal juízo (noções acerca do certo ou do errado, do justo ou do injusto etc.) é o que, na maioria das vezes, determina os nossos atos, que poderão ser executados a partir de uma reflexão individual ou mesmo imposição social, algo que é construído externamente. Portanto, o “sujeito ético” é aquele que além de ser consciente de si, também tem consciência da existência dos demais indivíduos inseridos em sua realidade, sente vontade/desejo, mas é capaz de controlá-los ou administrá-los, exercendo controle sobre suas ações que se pautam justamente na racionalidade. Professor, não me parece claro ainda. Você é capaz de dar algum exemplo mais funcional? Poderia utilizar algo que provavelmente aconteceria em nossa vida coti- diana para tal compreensão? É claro, exemplos práticos sempre auxiliam e tornam as coisas mais evidentes, vamos lá. Como dito, o ser humano é capaz de ponderar racionalmente a sua ação e isso acontece diariamente. O mesmo não se repete com as demais espécies, elas agem de acordo com o instinto ou de acordo com o que foram condicionadas a fazer, quando digo que um animal é condicionado a fazer algo, estou afirmando que ele é passível de aprendizagem, mas vamos ao exemplo solicitado. Imagine que em uma determinada casa tem um cachorro que foi “condiciona- do”, ou seja, aprendeu a ser um cão de guarda. Num determinado dia, cai uma pipa na área dessa casa e em seguida um menino pula o muro em busca da pipa. É mui- to provável que o cachorro faça aquilo que ele foi condicionado a fazer, pois ele não é capaz de racionalizar a sua ação, assim como não é capaz de analisar se o que ele O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JOSIAS MARTINS VIEIRA - 43536047831, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 9 de 53www.grancursosonline.com.br FILOSOFIA Filosofia e Educação Prof. Julio Amaro vai fazer é certo ou não, justo ou não, belo ou não etc. Da mesma forma, uma leoa não faz juízo moral entre ser certo ou não atacar uma preza que por algum motivo esteja fragilizada e impossibilitada de reagir ou fugir, a leoa vai apenas observar uma oportunidade para que sua sobrevivência e manutenção de sua espécie sejam mantidas. Agora nós – enquanto seres humanos – por meio do que aprendemos, somos capazes de fazer tal análise, nós ponderamos nossas ações. Voltando ao pri- meiro exemplo: se fosse o dono da casa que estivesse na área e percebesse que é apenas uma criança pulando o muro atrás de uma pipa, ele poderia racionalizar sua atitude e o desfecho da história provavelmente seria menos trágico. Isso explica o fato de nos referirmos a alguns atos de violência principalmente, como “desuma- nos”, justamente por conta da nossa capacidade de racionalização que precede a ação. Quando não fazemos uso dessa razão, é como se nossa humanidade tenha ficado em desuso. Tal racionalidade e ponderação moral de nossas ações podem acontecer em dis- tintos momentos, como no troco que você recebe a mais e se questiona sobre ser certo ou não ficar com ele; dirigindo, quando você bate num carro estacionado e se pergunta em ser certo ou não ir embora sem assumir a responsabilidade do seu erro; numa proposta que se faz ou que se recebe para aceitação de uma propinaetc. Enfim, o juízo moral faz parte da vida cotidiana do ser humano, todavia, tal análise se modifica de cultura para cultura, de um período para outro e obviamente de indivíduo para outro indivíduo. Para que o entendimento fique ainda mais claro, é importante evidenciarmos os termos Moral e Ética. A palavra Moral tem sua origem etimológica no termo latim Morales, que diz respeito ao conjunto de normas ou regras que são adquiridas por meio dos costumes e das tradições, resumidamente, por meio da cultura na qual O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JOSIAS MARTINS VIEIRA - 43536047831, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 10 de 53www.grancursosonline.com.br FILOSOFIA Filosofia e Educação Prof. Julio Amaro estamos inseridos. Já a palavra Ética tem sua origem etimológica no termo grego Ethos, que se refere à conduta, o modo de ser do indivíduo. Em Filosofia, Ética é a disciplina que investiga o comportamento humano que se desenvolve e é estabele- cido por meio das relações morais. 1. (FILOSOFIA/NÍVEL MÉDIO/SOLDADO DO CORPO DE BOMBEIRO-MT/FUN- CAB/2014) Um dos grandes temas de estudo da Filosofia moral é o da relação entre ética e liberdade. Sobre o assunto é correto afirmar que: a) A conduta ética não implica na livre e consciente aceitação da norma. b) A interiorização da oral exclui a possibilidade de transgressão da norma. c) A ampliação do grau de consciência e liberdade não põe em risco a norma esta- belecida, já que esta se apoia na herança dos valores recebidos pela tradição. d) A observância ou aceitação das normas sociais independe da educação moral dos indivíduos. e) A liberdade, entendida como autodeterminação, pressupõe a capacidade do su- jeito moral em controlar seus impulsos e paixões. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JOSIAS MARTINS VIEIRA - 43536047831, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 11 de 53www.grancursosonline.com.br FILOSOFIA Filosofia e Educação Prof. Julio Amaro Letra e. Afirma o que estamos conversando. O ser humano reconhecido enquanto sujeito ético é capaz de refletir sobre seus atos, dessa forma, é capaz de controlar aquilo que deseja de uma maneira racional. Esteja atento(a), pois a banca pode recorrer aos textos bem elaborados, porém com informações invertidas, não se confunda. a) Errada. A conduta ética implica a consciente aceitação ou não da norma, pois se trata do ser humano enquanto um ser racional. b) Errada. A conduta ética possibilita justamente a possível transgressão da nor- ma. c) Errada. A conscientização das normas estabelecidas pode colocá-las em ques- tionamento. d) Errada. Perceba que as alternativas anteriores são parecidas, ambas relacio- nam a conscientização da conduta ética como inofensiva às normas, quando é justamente o oposto. Na letra d é desvinculada a moral do nosso processo de for- mação, o que a coloca como errada também. Portanto, quando as ações de um indivíduo estão pautadas em convenções so- ciais, normas de condutas ditadas e preestabelecidas, podemos nos referir como ações morais. Por outro lado, nós enquanto seres racionais, somos capazes de vol- tar nossas reflexões para investigação, compreensão e até mesmo questionamento acerca desses ditames morais, a isso damos o nome de Ética, ficou mais fácil o entendimento assim? Por exemplo, se você se referir a uma pessoa como um “falso moralista”, provavelmente o que você quer dizer é que essa pessoa costuma suge- rir o “certo” a ser feito, mas faz o contrário. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JOSIAS MARTINS VIEIRA - 43536047831, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 12 de 53www.grancursosonline.com.br FILOSOFIA Filosofia e Educação Prof. Julio Amaro Além das divergências culturais, os valores morais também mudam de acordo com o decorrer do tempo. É muito provável que um valor tido como certo foi transmitido pra você por uma geração anterior à sua, e este não seja transmitido com tanta propriedade para gerações posteriores. Muda-se modas, valores, costumes, hábi- tos e também nossas ideias acerca do que é certo e do que é errado. Devemos ressaltar que se reconhecer enquanto sujeito ético, não lhe garantirá a ação perfeita, daí uma contradição. Pois é comum que por algum motivo de força maior, sua ação vá em caminho contrário àquilo que você gostaria. Exemplo: saber e concordar com a velocidade de uma via, mas mesmo assim dirigir acima desta velocidade por estar atrasado para determinado compromisso, mesmo que isso lhe traga algum prejuízo. Ou seja, se reconhecer como “sujeito ético” não é garantia de conduta apropriada. Visto a Ética como uma das áreas que compõem a Filosofia, veremos a seguir alguns dos preceitos éticos cunhados por vários pensadores ao longo do tempo, da Antiguidade à Contemporaneidade. Leia as teorias éticas desenvolvidas por alguns filósofos que buscam orientar nossas ações a partir de algumas especificidades: • Ética das Virtudes: tem Aristóteles (filósofo grego antigo) como seu principal precursor. O fim para a Ética das Virtudes é a felicidade, que só será alcan- çada, de acordo com Aristóteles, a partir da ação virtuosa. A ação virtuosa é aquela que encontra a “justa medida” ou o “meio-termo”; não erra pelo excesso, assim como não erra pela falta. Essa ação justa só é desenvolvida com a prática. Por exemplo: ser covarde (falta), ser corajoso (virtude – a justa ação), ser destemido (excesso). Para Aristóteles, nós não nascemos com algum tipo de predisposição à ação virtuosa, a virtude, segundo ele, só O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JOSIAS MARTINS VIEIRA - 43536047831, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 13 de 53www.grancursosonline.com.br FILOSOFIA Filosofia e Educação Prof. Julio Amaro é alcançada por meio da prática, iniciamos nossas ações carregadas com os vícios do excesso e da falta, a partir da experiência prática vamos alcançando o “meio-termo” a “justa medida”. Ética Deontológica: com sua origem etimológica no termo “Deontos” que sig- nifica “dever”, parte do pressuposto de que nossa ação deve se pautar naquilo que é a nossa obrigação, ou seja, é o nosso dever que deve nortear a nossa atitude, não uma possível consequência da mesma. Por exemplo: um(a) policial que em servi- ço aborda um(a) motorista embriagado e posteriormente se recorda que esse(a) motorista é um(a) amigo(a) de infância, mesmo contrariado(a), de acordo com o princípio ético deontológico, ele vai ter que fazer aquilo que é o seu dever/obriga- ção, a ação deve estar de acordo com o que sua função lhe implica. • Ética Teleológica: derivada do termo “Télos” ou “Teleos” que significa “fins”, a ética teleológica (não confunda o termo teleologia com teologia – “Teo” = Deus; Telos = Fins) é um tipo de ética consequencialista, ou seja, visa a finalidade da nossa ação. Você, por exemplo, quando pondera sua ação ana- lisando as possíveis consequências, está indo de acordo com o princípio ético teleológico. Exemplo: suponhamos que você é responsável pela contratação de funcionários de uma determinada empresa e num determinado episódio, um conhecido e um desconhecido disputama mesma vaga. Se considerar o desconhecido mais preparado e contratá-lo por temer que descubram que contratou alguém simplesmente por conhecê-lo, o pressuposto de sua ação foi uma possível consequência, portanto, teleológica. • Ética Utilitarista: o campo utilitarista da ética é aquele que, como sugere o nome, busca uma utilidade para a ação humana, no caso o benefício do maior O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JOSIAS MARTINS VIEIRA - 43536047831, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 14 de 53www.grancursosonline.com.br FILOSOFIA Filosofia e Educação Prof. Julio Amaro número possível de pessoas, a maximização do bem. Ou seja, a ação ideal não é aquela que se pauta em benefícios particulares, mas sim leva em con- sideração os interesses e benefícios coletivos, a felicidade comum. Muito bom, professor! Apenas uma dúvida: se Aristóteles ao desenvolver a Ética das Virtudes defende que o fim humano é a felicidade a Ética Teleológica é uma ética consequencialista que visa os fins da ação humana, eu posso afirmar que a Ética das Virtudes é um tipo de Ética Teleológica? Ótima observação, isso demonstra o quanto está atento(a). Sim, podemos afir- mar que a Ética das Virtudes é Teleológica, mas nem toda Ética Teleológica é das Virtudes, não se confunda! O próprio Utilitarismo também é um modelo de ética consequencialista. Portanto, fique bastante ligado(a) no contexto no qual se insere o termo teleologia. Aristóteles de Estagira (384 a.C – 322 a.C) Cópia romana da escultura de Lísipo – escultor grego. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JOSIAS MARTINS VIEIRA - 43536047831, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 15 de 53www.grancursosonline.com.br FILOSOFIA Filosofia e Educação Prof. Julio Amaro 2. (PM-MT/SOLDADO/FUNCAB/2014) O utilitarismo ético surgiu na Inglaterra do século XIX. Essa corrente está fortemente associada à ideia de que: a) o certo na conduta é, antes de tudo, a satisfação do próprio agente. b) o interesse pessoal e o coletivo são sempre inconciliáveis. c) a ação moral consiste em agir conforme “o dever”, sem levar em conta as moti- vações e os interesses de quem age. d) a utilidade é um valor ético-moral na medida em que se contrapõe ao prazer. e) o fim último da ação moral é a felicidade, que deve ser estendida ao maior nú- mero de pessoas. Letra e. Conforme vimos, a ética utilitarista é um princípio teleológico que objetiva a maxi- mização do bem, o benefício do maior número possível de pessoas. Fique atento(a)! A banca pode utilizar textos corretos nas alternativas, mas que estão em desacordo com o comando da questão, não se deixe levar. Como vimos, no campo ético da Filosofia existem várias teorias que partem de pressupostos distintos. Assim, as letras a e b estariam corretas caso o comando solicitasse um princípio ético que prioriza os aspectos pessoais, no entanto, estão erradas. A letra c estaria certa se o comando se relacionasse com a ética deontológica, assim como a letra d associa o utilitarismo a privações. É isso, aluno(a), mesmo que existam controvérsias quanto ao que vai ou deve orientar a nossa ação, tenha em mente que o “sujeito ético” vai se desenvolver O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JOSIAS MARTINS VIEIRA - 43536047831, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 16 de 53www.grancursosonline.com.br FILOSOFIA Filosofia e Educação Prof. Julio Amaro na medida em que ele se reconhece como um ser capaz de racionalizar sua ação, pautado em si e nos(as) outros(as). Busque se recordar de momentos em que você se deparou com algumas situações em que teve que analisar sua atitude enquanto correta ou errada. Sua decisão se pautou naquilo que você concorda ou em alguma imposição que lhe foi feita? Sua resposta pode lhe auxiliar na distinção entre ética e moral. 3. (SEDUC-AM/INSTITUTO ACESSO/2018) Segundo Marilena Chauí (2010), “o campo ético é, assim, constituído pelo agente livre, que é o sujeito moral ou a pessoa moral [...]” Para a autora, este sujeito moral só pode existir se atender al- gumas condições, como: I – Ser consciente de si, tendo sua consciência como caminho maior, indepen- dente da existência dos outros como sujeitos éticos. II – Ser dotado de vontade, ou seja, capacidade de controlar e orientar desejos e deliberar e decidir entre várias alternativas possíveis. III – Ser capaz de atender as regras e normas definidas pelos outros, subordinan- do-se sempre que necessário. IV – Ser responsável, ou seja, reconhecer-se como autor da ação, independente dos efeitos e as consequências dela sobre si e sobre os outros, sem respon- der por elas. V – Ser livre, ou seja, ser capaz de oferecer-se como causa interna de seus senti- mentos, atitudes e ações. Autodeterminar-se, dando a si as regras de conduta. a) I, III e IV. b) II, III e IV. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JOSIAS MARTINS VIEIRA - 43536047831, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 17 de 53www.grancursosonline.com.br FILOSOFIA Filosofia e Educação Prof. Julio Amaro c) II e V. d) II e III e IV. e) III e V. Letra c. Apenas dois itens da questão colocam o sujeito ético enquanto um indivíduo capaz de ponderar sobre sua ação sem excluir o próximo enquanto sujeito e possíveis consequências da respectiva ação, tais itens são II e V. I – Errado. Exclui a existência dos outros enquanto sujeitos éticos. III – Errado. Relaciona o sujeito ético à subordinação, todavia, foi visto em vários momentos que a ética também se refere à nossa capacidade de questionar as im- posições que nos são feitas. IV – Errado. Desvincula nossa ação de possíveis consequências, sendo que por vezes nossa ação se pauta justamente numa consequência, conforme visto na ética teleológica. 2.2. Introdução à Bioética Na aula anterior, sugeri um tipo de memorização do conceito e desenvolvimento histórico da Filosofia, para a partir daí relacioná-los com o contexto no qual está sendo trabalhado. Essa sugestão será mantida ao tratarmos de ética, tenha seus conceitos bem definidos e utilize-os de acordo com o contexto, buscando sempre sua aplicabilidade. Em seus estudos, você poderá encontrar diferentes definições para o termo Bio- ética, pois se trata de uma área de conhecimento bastante ampla e que trata de O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JOSIAS MARTINS VIEIRA - 43536047831, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 18 de 53www.grancursosonline.com.br FILOSOFIA Filosofia e Educação Prof. Julio Amaro distintos assuntos. No entanto, a compreensão etimológica do termo novamente pode ter um grande valor de auxílio, veja: Bio, do grego Bios significa Vida. Ética do grego Ethos (vimos no tópico anterior) refere-se à conduta. Portanto, ao fazer uma junção dos termos, não é necessário muito esforço para que você compreenda a Bioética como uma abordagem ampla, interdisciplinar e que pode ser abordada em várias áreas do conhecimento humano,como em Filosofia, a própria Biologia, Ciências, Direito, Medicina Humana e Veterinária, Política, Meio Ambiente e assim por diante. Entende-se por interdisciplinaridade várias áreas do conhecimento humano tra- tando de um assunto em comum a partir de seus respectivos pontos de vista. Tal ideia se desenvolve com o objetivo de uma compreensão mais ampla e crítica do assunto abordado, bem como o fim das relações hierárquicas entre as respectivas áreas do conhecimento humano. A Interdisciplinaridade pode se desenvolver a par- tir da junção entre duas ou mais disciplinas, um processo de ligação entre ambas num assunto ou objeto de estudo em comum. O avanço biotecnológico trouxe também várias questões de juízo moral e é jus- tamente nesse ponto, visando um tipo de conduta mais apropriada, que se desen- volve a Bioética, levando em consideração a diversidade que existe entre as áreas anteriormente mencionadas. Alguns exemplos de discussões que carregam juízos morais que podem envol- ver a bioética: eutanásia, aborto, alimentos transgênicos (geneticamente modifica- dos), pesquisas com célula-tronco, utilização de animais como cobaias, preserva- ção do meio ambiente, entre outros. Portanto, perceba que ao falarmos de Bioética, não estamos tratando de uma área que vai levar em consideração apenas questões próprias dos seres humanos, mas O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JOSIAS MARTINS VIEIRA - 43536047831, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 19 de 53www.grancursosonline.com.br FILOSOFIA Filosofia e Educação Prof. Julio Amaro envolve também a natureza e outras espécies. O desenvolvimento econômico deve ser visto como algo mais importante que a preservação ambiental? É moralmente correto colocar o ser humano em sobreposição às demais espécies para utilizarmos outros animais como cobaias em experimentos? Uma pessoa consciente pode decidir entre viver ou morrer? Questionamentos como esses são levantados pela Bioética. Alguns temas possuem grande complexidade, pois coloca em situação de con- traposição interesses distintos. Alguns exemplos: • um país enxergar no desenvolvimento industrial uma saída benéfica aos inte- resses econômicos. Mas por outro lado, esse mesmo desenvolvimento pode gerar irreparáveis danos ao meio ambiente e às ideias de sustentabilidade e preservação do meio ambiente. Assim, o que devemos priorizar? A economia ou meio ambiente? • o aborto é uma realidade e um problema de saúde pública em todos os lu- gares do mundo, o que poderia ser minimizado a partir de uma possível le- galização. Todavia, sabemos que o aborto esbarra em questões morais e de valores culturais e religiosos. O que devemos priorizar? A saúde pública ou os respectivos valores desenvolvidos culturalmente? • a utilização de animais em fases experimentais pode colocá-los em situação de dor e sofrimento. Vários produtos que utilizamos em nosso dia a dia, como shampoos, desodorantes, perfumes, cosméticos de um modo geral, antes de comercializados, passam por testes em animais. No entanto, o argumento utilizado é que tais experimentos, além de garantir uma segurança maior para os consumidores, também proporcionam avanços científicos e soluções para problemas próprios do ser humano, como a criação de drogas que au- O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JOSIAS MARTINS VIEIRA - 43536047831, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 20 de 53www.grancursosonline.com.br FILOSOFIA Filosofia e Educação Prof. Julio Amaro xiliam no tratamento de determinadas doenças. O que devemos priorizar? O bem-estar animal e uma relação igualitária ou soluções para problemas es- pecíficos da humanidade? • uma empresa que utiliza recursos naturais de determinado local deve minimi- zar o dano causado ao meio ambiente mesmo que isso minimize sua margem de lucro? O que se deve priorizar? O lucro – que é o objetivo de toda empresa – ou a preocupação com o desenvolvimento sustentável? São discussões como essas que a Bioética visa mediar e solucionar, levantando re- flexões éticas que objetivam a conduta mais apropriada perante possíveis situações. No entanto, deve-se levar em consideração a diversidade de áreas do conhecimento humano, tanto no aspecto científico, quanto em aspectos políticos e culturais. Sugestão: Documentário “Não Matarás”, um filme sobre a utilização de animais em ex- perimentações científicas e sua relação com o homem e interesses econômicos. Discussão que problematiza a utilização em testes e a forma como os animais são tratados para benefícios cabíveis à humanidade. Documentário Produzido pelo Instituto Nina Rosa e Dirigido por Denise Gonçalves – 2005 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JOSIAS MARTINS VIEIRA - 43536047831, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 21 de 53www.grancursosonline.com.br FILOSOFIA Filosofia e Educação Prof. Julio Amaro 2.3 A Técnica Nessa altura do campeonato, você já deve ter percebido quão abrangente é o conhecimento filosófico, não é mesmo? Iniciamos nossa conversa vendo que os primeiros filósofos voltaram suas reflexões à compreensão da natureza e com o passar do tempo, após o antropocentrismo filosófico, as abordagens se tornaram mais amplas, tratando de assuntos mais corriqueiros e de maior aplicabilidade em nosso cotidiano, como cultura, arte, ciência, ética, moral etc. Dando continuidade ao nosso papo, agora falaremos sobre a Técnica numa perspectiva filosófica. A palavra técnica tem sua origem etimológica no termo grego “technê” que significa “perícia” ou “arte” para execução de algo, conhecimento utilizado para fazer ou produzir determinada coisa. Analisando tal definição, podemos fazer um paralelo com um tópico anteriormente trabalhado para que sua compreensão seja facilitada, no caso, quando na primeira aula, vimos que o ser humano é um ser cultural, está lembrado(a)? Espero que sim, pois por vezes, o conhecimento filosó- fico requer um encadeamento de conceitos para que o entendimento flua de uma maneira mais simples. Vimos algumas vezes que o ser humano é, antes de tudo, um ser racional e esse fator vai gerar uma série de outras características, como nossa capacidade de in- tervir no espaço no qual estamos, tornando-nos seres culturais. Todavia, para que tal intervenção seja feita, temos que recorrer à técnica. Geralmente, o termo é uti- lizado como uma referência a indivíduos com capacidades excepcionais, como um lutador que tecnicamente nocauteia seu adversário, um atacante que num jogo de futebol engana o zagueiro para fazer um gol ou mesmo um cirurgião que por lidar com vidas tem que ser um indivíduo dotado dos mais altos índices de técnica. Tais O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JOSIAS MARTINS VIEIRA - 43536047831, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 22 de 53www.grancursosonline.com.br FILOSOFIA Filosofia e Educação Prof. Julio Amaro associações não estão equivocadas, porém, são simplistas e superficiais, tendo em vista que qualquer um de nós recorre à técnica cotidianamente para dirigir, estu- dar, nadar, jogar, correr etc. Isso se dá desde tempos mais remotos, o ser humanorecorreu à técnica para construir seus primeiros abrigos, para aprimorar sua caça, para sobreviver aos fatores naturais, para vencer guerras, sobreviver às doenças, para desenvolver a agricultura e assim por diante. Posso ir ainda mais além e afirmar que a técnica não é uma característica exclusiva do ser humano, os demais animais também recorrem à técnica para caçar ou sobre- viver a uma caça, alimentar seus filhotes, construir um abrigo etc. A diferença é que assim como o conhecimento humano – conforme visto – é resultado de um processo evolutivo, o mesmo acontece com a nossa técnica que é transitória e está em constante transformação, já a técnica utilizada pelos demais animais permanecem enquanto tal. Por exemplo, o jogador ou o lutador anteriormente citados devem inovar com seu re- pertório técnico, caso contrário, se tornarão previsíveis e passíveis de derrotas. Uma diferenciação que você deve ter em mente é entre técnica e tecnologia, pois ambas várias vezes são utilizadas como sinônimos e podem ser utilizadas pela banca para confundi-lo(a). Por tecnologia, entende-se algum instrumento de domí- nio e execução da atividade humana, simplificando: qualquer ferramenta que auxi- lia e facilita uma ação humana, como uma simples faca, uma chave de fenda, um microscópio etc. Tecnologia também se difere de modernidade, uma catapulta por mais arcaica que seja, é tecnologia da mesma forma que uma bomba “moderna” capaz de devastar um país. Portanto, podemos definir técnica como qualquer procedimento que uti- lizamos que tenha uma finalidade, um objetivo específico. Você mesmo, querido(a) estudante, provavelmente recorreu a alguma técnica que julga mais O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JOSIAS MARTINS VIEIRA - 43536047831, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 23 de 53www.grancursosonline.com.br FILOSOFIA Filosofia e Educação Prof. Julio Amaro apropriada para que seu objetivo de aprovação seja alcançado, existem aqueles que gostam de estudar por meio de leitura, alguns memorizam enquanto outros anotam, uns leem enquanto outros assistem videoaulas, uns fazem cursos presen- ciais enquanto outros fazem a distância, já outros fazem de tudo um pouco. Ou seja, a técnica é uma atividade própria da existência e da ação humana. Importância da Filosofia para a Cidadania 3.1. O Homem como um Ser da Natureza Nas páginas que seguirão, abordaremos tópicos que relacionam o ser humano com a natureza, bem como seu desenvolvimento social e político a partir de pers- pectivas filosóficas específicas. Assim, é importante que fique clara a importância da Filosofia para a Cidadania, e para isso começaremos com a definição do conceito de cidadania. Os dicionários provavelmente lhe definirão cidadania como qualidade ou condi- ção de cidadão (aquele que está inserido na cidade) consciente de seus deveres e em condições de gozo dos direitos que lhe cabem. No entanto, é importante des- tacar que, na prática, exercer seu papel de cidadão, pode ir muito além do simples cumprimento daquilo que é o seu dever, portanto, entende-se por cidadania qual- quer ação que, de alguma forma, gere melhorias para a vida em sociedade. Mas, professor, o que mais tenho que fazer além do exercício dos meus direi- tos e realização dos meus deveres para ser considerado um cidadão? Isso não é o suficiente? O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JOSIAS MARTINS VIEIRA - 43536047831, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 24 de 53www.grancursosonline.com.br FILOSOFIA Filosofia e Educação Prof. Julio Amaro Boa pergunta! O que estou querendo dizer é que você enquanto cidadão pode ir mais a fundo. Primeiro que o conceito de cidadão passa por algumas mudanças com o decorrer do tempo. Você deve se lembrar da aula passada que, ao falarmos sobre o desenvolvimento da Democracia na Grécia Antiga, homens menores de 21 anos, mulheres, estrangeiros etc. não eram considerados cidadãos; está lembra- do(a)? Portanto, se o conceito de cidadão é amplo e passa por mudanças com o de- senvolvimento histórico, o mesmo acontece com a ideia de cidadania, daí ratifico a afirmação: exercer sua condição de cidadão é ir além do exercício dos seus direitos e deveres, é ter uma postura social que, de alguma forma, gere melhorias para a vida em sociedade, e isso não se resume ao cumprimento dos seus deveres. Por exemplo: não existe nenhuma lei que lhe obrigue a fazer limpeza em ruas, reflorestar uma área desmatada, praticar algum trabalho voluntário, fazer doação de alimentos ou roupas etc. Todavia, caso faça as respectivas ações, você está contribuindo para a melhoria da vida de alguém, correto? Ou seja, trata-se de um ato de cidadania. O conjunto de direitos e deveres que associamos instantaneamente ao exercício da cidadania se flexibilizam de acordo com o tempo, local ou meio no qual estamos inseridos, assim podemos concluir que se trata de construções de valores culturais. Vimos nas páginas anteriores porque o ser humano é considerado um ser cultural – conforme foi dito, é necessário que você tenha em mente alguns desses conceitos anteriormente trabalhados, pois desenvolvemos o conhecimento filosófico numa forma de encadeamento – e também um ser natural. Ou seja, temos características que se diferem de povo para povo ou de tempo para tempo, mas também nossa humanidade carrega consigo características que nos tornam comuns uns aos ou- tros, portanto, somos seres racionais, culturais, sociais, mas antes de tudo seres naturais. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JOSIAS MARTINS VIEIRA - 43536047831, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 25 de 53www.grancursosonline.com.br FILOSOFIA Filosofia e Educação Prof. Julio Amaro Somos capazes de intervir e transformar a natureza, prever mudanças climáti- cas e até mesmo manipulá-la em nosso benefício. Mas por outro lado, precisamos dessa mesma natureza para garantir alguns recursos indispensáveis para a nossa sobrevivência, pois nossa racionalidade ainda não se sobrepôs à nossa natureza e ainda vivemos, sobrevivemos, adoecemos, nos recuperamos, e por fim, morremos como qualquer outro animal. Mas o que nos define enquanto seres humanos? Na- tureza ou cultura? Temos inclinações próprias dos seres humanos ou somos frutos de uma construção cultural/social? O próprio desenvolvimento da Declaração Universal dos Direitos Humanos, as- sunto da aula anterior, parte do pressuposto de que o simples fato de possuirmos uma “natureza humana” já nos implica uma série de direitos que são inegociáveis e que devem ser garantidos para todos que se encontram na condição de humanos. Mas numa abordagem filosófica, a relação entre ser humano e natureza pode ser desenvolvida a partir de alguns questionamentos: • existe mesmo alguma natureza humana? • suas características são predefinidas? • o que em nós é natureza e o que é determinado pela cultura? • estamos livres para uma construção cultural ou somos predeterminados? Utilizaremos alguns filósofos para tentar responder tais questionamentos: Você já deve ter lido ou ouvido em algum lugar a frase “o homem é o lobo do próprio homem”. Tal frase, do filósofo inglês Thomas Hobbes, carrega um exemplo de definição da natureza humana. Na obra Leviatã, publicada em 1651, Hobbes desenvolve suas ideias acerca da natureza humana,afirmando que possuímos uma característica ruim, pois se não houvesse uma instituição para exercer domínio so- O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JOSIAS MARTINS VIEIRA - 43536047831, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 26 de 53www.grancursosonline.com.br FILOSOFIA Filosofia e Educação Prof. Julio Amaro bre as pessoas, viveríamos num estado de guerra constante e prevaleceria a lei do mais forte, daí o papel do Estado, onde o poder é concedido para um governo que em troca deve garantir a vida de todos os seus cidadãos. Estado iniciado com letra maiúscula refere-se a uma organização ou instituição de natureza política. Iniciado com letra minúscula refere-se ao verbo estar. Ex.: 1) A educação é dever do Estado. 2) Após aquele acidente, o estado do rapaz é grave. Já para o filósofo Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) “o homem é bom e a sociedade o corrompe”. Ou seja, o ser humano possui um estado de natureza bom, todavia, a partir do momento em que vai tendo contato com as injustiças e desi- gualdades que caracterizam a vida em sociedade, essa natureza boa vai se perden- do, sendo corrompida. Repare que os filósofos apresentam teorias opostas quanto ao ser humano, uma que defende uma característica negativa e outra que defende uma característica po- sitiva. No entanto, ambas as perspectivas filosóficas partem de um pressuposto em comum: a ideia de que o ser humano carrega consigo um estado natural, uma carac- terística própria de sua humanidade, já nascendo com um tipo de predeterminação. Thomas Hobbes (1588-1679) O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JOSIAS MARTINS VIEIRA - 43536047831, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 27 de 53www.grancursosonline.com.br FILOSOFIA Filosofia e Educação Prof. Julio Amaro Já para o filósofo contemporâneo e existencialista Jean-Paul Sartre, “estamos con- denados à liberdade”. Ou seja, para ele “a existência precede a essência”. Com essa frase, Sartre queria dizer que nós não temos uma natureza predeterminada, primeiro nós existimos, surgimos no mundo e posteriormente vamos nos construir enquanto indivíduos. Inicialmente, nós não somos nada, vamos nos projetar, nos fazer. Com isso, Sartre busca uma superação do naturalismo humano, atribuindo a nós a liberdade e a responsabilidade de nos desenvolvermos enquanto indivíduos a partir daquilo que projetamos. O Existencialismo é uma corrente filosófica que tem no centro de suas especulações a própria realidade concreta dos indivíduos, como seus anseios, angústias, medos, morte etc., reflexões próprias da existência humana, como pressupõe o nome. Jean-Paul Sartre (1905-1980) Portanto, o ser humano é reconhecido como um ser capaz de intervir no espaço no qual está inserido, modificando e transformando a natureza. Também, do ponto de vista biológico, é um ser que passa por todos os estágios de criação e finalização da vida, como qualquer outra espécie. A discussão que se estende com o tempo é quanto possuirmos ou não uma natureza; se somos frutos de predeterminações naturais ou consequência de construções culturais. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JOSIAS MARTINS VIEIRA - 43536047831, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 28 de 53www.grancursosonline.com.br FILOSOFIA Filosofia e Educação Prof. Julio Amaro 4. (CAXIAS-MA/INSTITUTO MACHADO DE ASSIS/2018) Ao se trabalhar a temática “Natureza e Cultura”, espera-se que os alunos construam um conjunto de saberes e conhecimentos relacionados à Filosofia que lhes permitam ser capazes de: a) Identificar a localização/movimentação de objeto em mapas, croquis e outras representações gráficas. b) Compreender que, no ser humano, as características biológicas da natureza e os dados culturais estão profundamente associados. c) Descrever o ciclo vital dos seres vivos. d) Identificar tipos de linha. a) Errada. Mais importante que a localização ou movimentação, numa abordagem filosófica o objeto de estudo é a relação do homem com a natureza. b) Certa. O objeto de investigação filosófica na relação homem e natureza. De- monstrar como aspectos culturais e naturais se relacionam. c) Errada. Objetivo de outras ciências, não da Filosofia. d) Errada. Os argumentos que justificam os objetivos e fins da filosofia ao tratar da relação homem/natureza não se limitam à identificação de uma coisa específica, mas sim a compreensão e demonstração da respectiva relação. 3.2 A concepção Platônica da Desigualdade Antes de falarmos sobre a desigualdade a partir de um ponto de vista específi- co, no caso o de Platão, é importante que fique claro sua respectiva definição, bem O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JOSIAS MARTINS VIEIRA - 43536047831, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 29 de 53www.grancursosonline.com.br FILOSOFIA Filosofia e Educação Prof. Julio Amaro como alguns termos que a acompanham e, de alguma maneira, podem ser utiliza- dos pela banca examinadora para confundir você. Quando falamos em desigualdade, a primeira coisa que vem em mente é o contraste que existe entre ricos e pobres, característica evidente nas sociedades modernas, algumas em maior e outras em menor escala. Por desigualdade enten- de-se a privação de direitos ou de acessos para uma pessoa ou um grupo de pessoas e isso não se limita aos preceitos econômicos, portanto, é importante que você se atente ao contexto em que o termo está sendo aplicado. Nesse sentido, po- demos tratar “as desigualdades” no plural, pois além da desigualdade econômica, existem outros tipos de desigualdades, como a racial, de gênero, social, educativa, e assim por diante. Ou seja, se a pauta de um assunto são as classes sociais, está intrínseca na con- versa a desigualdade econômica. Se conversarmos sobre a quantidade de negros ou brancos ocupando faculdades ou cargos políticos no país, estamos tratando nas entrelinhas sobre desigualdade racial. Ou se conversamos sobre a diferença salarial que existe entre homens e mulheres que exercem a mesma função, estamos con- versando sobre desigualdade de gênero. A seguir, gráfico que demonstra um tipo de desigualdade no Brasil: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JOSIAS MARTINS VIEIRA - 43536047831, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 30 de 53www.grancursosonline.com.br FILOSOFIA Filosofia e Educação Prof. Julio Amaro Fonte: IBGE (2018). Entrelaçado com o conceito de desigualdade é importante que você entenda os conceitos de estratificação social – modo como a sociedade está dividida e interfere nos acessos dos indivíduos de acordo com a posição que ele ocupa na hierarquia social – e mobilidade social – que é a possibilidade que os indivíduos têm de ascen- der socialmente. Hoje, enxergamos as desigualdades como um grande problema da vida em sociedade. Políticos discursam sobre sua minimização em momentos de campa- nhas; ONGs trabalham para que tais desigualdades sejam, na medida do possível,superadas; atribuímos às desigualdades a realidade violenta na qual nos encontra- O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JOSIAS MARTINS VIEIRA - 43536047831, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 31 de 53www.grancursosonline.com.br FILOSOFIA Filosofia e Educação Prof. Julio Amaro mos. No entanto, houve momentos que a escravidão foi vista com naturalidade, mulheres não serem consideradas cidadãs também. Enfim, em vários momentos da nossa história e para alguns autores, as desigualdades não foram vistas como necessariamente um problema, é aí que tratamos do assunto a partir do ponto de vista de Platão. Platão (428/427 a.C-348/347 a.C) em Mármore, feito por Silanião 370. As mudanças que o desenvolvimento histórico trouxe para a Filosofia refletirão também no campo político. A partir do antropocentrismo filosófico, alguns pensa- dores voltaram suas reflexões para, entre outros, o campo político, sugerindo o que, de acordo com suas convicções, seria o melhor modelo de organização social, associando política à ética e virtudes; na Idade Média a política vincula-se ao Clero atribuindo a realidade social à vontade divina; e na Idade Moderna, o filósofo Nico- lau Maquiavel é considerado um dos responsáveis pelo rompimento entre política e os dogmas religiosos e valores morais. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JOSIAS MARTINS VIEIRA - 43536047831, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 32 de 53www.grancursosonline.com.br FILOSOFIA Filosofia e Educação Prof. Julio Amaro Platão é um filósofo antigo, dessa forma está entre o rol de filósofos que se de- bruçaram na tentativa de demonstrar a sociedade ideal, o que fica mais evidente em uma de suas principais obras: A República. Curiosidade: Platão, na verdade, é um apelido que se deu por conta de sua forma física, pelo fato dele ter ombros largos. Acredita-se que o nome verdadeiro de Platão seja Arís- tocles. Você deve se recordar que Platão é um dos principais discípulos e propagado- res do pensamento socrático; deve recordar-se também da morte de seu mestre que se deu por meio de um julgamento em que Sócrates foi “democraticamente” condenado, o que gerou certo desapontamento de Platão em relação à democracia. Memorizar isso e as características da época (Atenas, século V a.C) que vimos mais especificamente quando tratamos sobre democracia, é um ótimo gancho para o entendimento da desigualdade a partir do ponto de vista platônico. Para Platão, a harmonia social ocorrerá a partir do momento em que todos exe- cutarem as funções que lhe cabem, determinando um tipo de natureza para os in- divíduos que compões a sociedade. Segundo ele: os construtores devem construir; os produtores produzir; assim como aos governantes, cabe a função específica de governar. Ou seja, a sociedade se organiza justamente a partir das desigualdades que nela existem. O filósofo faz duras críticas ao regime democrático, pois segundo ele não são todas as pessoas que possuem capacidade para tomar decisões políticas ou são ap- tas a participar do governo. Assim, Platão sugere um modelo de sociedade dividido em classes, a Sofocracia – governo dos sábios (sophos = sábio / kratia = poder). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JOSIAS MARTINS VIEIRA - 43536047831, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 33 de 53www.grancursosonline.com.br FILOSOFIA Filosofia e Educação Prof. Julio Amaro Sendo mais claro: Platão enxerga as desigualdades como algo natural à existên- cia humana, ou seja, se de acordo com Platão as pessoas são diferentes, elas devem exercer funções sociais diferentes. A sociedade que conseguir fazer da melhor maneira essa distinção funcionará da melhor forma. Portanto, em sua utopia, Platão sugere um modelo de organização social divi- dida em classes: os produtores (aqueles que são responsáveis pela garantia dos mantimentos da sociedade), os militares (responsáveis pela defesa da cidade) e os sábios ou filósofos (aqueles que são responsáveis pelo governo). Todavia, é impor- tante destacar que não é a família – que é suprimida na República de Platão – ou condições que ocupa na sociedade que vai determinar a qual classe um indivíduo vai pertencer, isso se dá por meio do processo educativo, em que a hierarquia que você ocupa na escala social platônica é fruto dos resultados obtidos individualmen- te por meio da educação. 3.3. A Desigualdade Segundo Rousseau No tópico anterior tratamos sobre o conceito de desigualdade e a desigualdade de acordo com Platão, que a via como um fator natural, devido a características específicas que as pessoas possuem, conforme visto: se as pessoas são diferentes, é natural que elas exerçam funções sociais diferentes. Portanto, era assim que Pla- tão retratava a desigualdade de sua época, defendendo a ideia de que a sociedade viveria em harmonia a partir do momento que os indivíduos exercessem as funções que lhes cabem. Muitos anos depois, as desigualdades e realidades sociais deixam de ser vistas como algo relacionado a vontades divinas ou natureza humana, passando a ser abordada como um fruto da ação do próprio homem e é a partir dessa ideia que O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JOSIAS MARTINS VIEIRA - 43536047831, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 34 de 53www.grancursosonline.com.br FILOSOFIA Filosofia e Educação Prof. Julio Amaro falaremos de desigualdade a partir do ponto de vista do filósofo Jean-Jacques Rou- sseau, o que é evidenciado em sua obra Discurso Sobre a Origem da Desigualdade. Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) Como vimos anteriormente, ao tratarmos sobre o homem e sua relação com a natureza, Rousseau foi um dos filósofos que se debruçou sobre o tema e nos dá uma definição otimista do homem em seu estado natural, se recorda? Portanto, em seu estado de natureza, segundo Rousseau, o homem é livre, vive em harmonia e é feliz. De acordo com Rousseau, as sociedades primitivas se organizavam em grupos que se ajudavam para suprir suas necessidades que eram mínimas, como alimen- tação e procriação. Todavia, com o passar do tempo, essas exigências foram au- mentando e o desejo de “ter” passou a fazer parte do cotidiano das pessoas, não sendo suficiente, o “acumular” também se tornou uma realidade e é a partir desses fatores (ter e acumular) que começa a se desenvolver a ideia de superioridade de um indivíduo sobre outro ou de um grupo sobre outros. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JOSIAS MARTINS VIEIRA - 43536047831, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 35 de 53www.grancursosonline.com.br FILOSOFIA Filosofia e Educação Prof. Julio Amaro Já entendeu, portanto, onde está a raiz das desigualdades de acordo com Rousse- au? Não? Vamos ser mais específicos então, talvez uma frase notória do próprio autor nos auxilie. Segundo o filósofo “o primeiro que cercou um pedaço de terra e disse: isto é meu [...] foi o fundador da sociedadecivil. Quantos crimes, guerras, assassinatos, desgraças e horrores teriam livrado a humanidade se alguém arrancasse a cerca e gritasse: Não, seu impostor”. Portanto, para Jean-Jacques Rousseau a origem da desigualdade está na propriedade privada. Agora é chegada a hora de você passar para a parte prática todo o conheci- mento teórico adquirido nesta aula! Lembre-se de que a resolução dos exercícios propostos durante e ao final da aula são de grande validade para memorização do conteúdo trabalhado. Portanto, uma ferramenta de grande auxílio para que seu objetivo seja alcançado. A seguir, algumas questões para que você avalie seu entendimento acerca do que foi conversado. Por se tratar de temas de muita especificidade, tais questões não se limitarão a questões de concursos; algumas são próprias de concursos públicos, outras de processos seletivos, outras de vestibulares e algumas foram elaboradas de acordo com os temas abordados. Tais questões oscilarão em níveis fáceis, médios e de difícil resolução, resolva-os. Espero ter contribuído na parte que me coube, querido(a). Estude todo o edital, sem priorizar determinadas disciplinas ou conteúdo. Quanto maior seu preparo, maiores serão suas chances. Deixo aqui meu cordial abraço e um sentimento de torcida. Vamos lá, falta pouco! O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JOSIAS MARTINS VIEIRA - 43536047831, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 36 de 53www.grancursosonline.com.br FILOSOFIA Filosofia e Educação Prof. Julio Amaro QUESTÕES DE CONCURSO 1. Sobre a origem etimológica do termo Ética, marque a alternativa correta: a) Refere-se ao reconhecimento de si enquanto sujeito ético, desconsiderando o próximo. b) Do termo grego “Ethos”, relaciona-se a conduta do indivíduo e no âmbito filo- sófico é a disciplina que investiga os valores morais de determinada organização social. c) Do latim “Mores”, a ética corresponde aos valores sociais impostos por determi- nada cultura. d) Todas as alternativas estão corretas. 2. Sobre a origem etimológica do Termo Moral, marque a alternativa correta: a) Refere-se ao reconhecimento de si enquanto sujeito ético, desconsiderando o próximo. b) Do termo grego “Ethos”, relaciona-se a conduta do indivíduo e no âmbito filo- sófico é a disciplina que investiga os valores morais de determinada organização social. c) Do latim “Mores”, a moral corresponde aos valores sociais que caracterizam e determinam algumas culturas especificamente. d) Todas as alternativas estão corretas. 3. (SEDUC-AL/CESPE/2018) Julgue em Certo ou Errado. O sujeito ético surge com a “descoberta de que o outro é um ‘outro eu’”, ou seja, com o reconhecimento da sua humanidade no outro. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JOSIAS MARTINS VIEIRA - 43536047831, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 37 de 53www.grancursosonline.com.br FILOSOFIA Filosofia e Educação Prof. Julio Amaro 4. Para a ética das virtudes, cunhada por Aristóteles, a ação mais adequada é aquele que: a) Tem por finalidade maior a felicidade, o que será alcançado com a justa-ação, sem errar pelo excesso e pela falta, o “meio-termo”. b) A ação que coloca o indivíduo como prioridade. c) A ação que se pauta no benefício do maior número possível de pessoas. d) A ação que é dever do indivíduo, tem como ponto de partida a obrigação que lhe cabe. 5. Imagine a seguinte situação: Numa abordagem policial, o agente público para um motorista embriagado e em seguida o reconhece como um amigo de infância. Mesmo constrangido com a coincidência, o policial dá continuidade ao seu trabalho, fazendo aquilo que sua função lhe implica. Podemos relacionar a conduta do policial a qual princípio ético? a) Ética das Virtudes. b) Ética Teleológica. c) Utilitarismo ético. d) Ética Deontológica. 6. Considerando o Utilitarismo ético como um modelo de ética teleológica, qual é seu fim maior? a) A maximização do bem. b) Os interesses coletivos. c) O benefício e a felicidade do maior número possível de pessoas. d) Todas as alternativas. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JOSIAS MARTINS VIEIRA - 43536047831, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 38 de 53www.grancursosonline.com.br FILOSOFIA Filosofia e Educação Prof. Julio Amaro 7. Podemos afirmar que o princípio ético teleológico é um modelo de ética: a) Que se pauta no dever. b) Que se pauta na obrigação. c) Que se pauta na consequência. d) Que se pauta na virtude. e) Todas as alternativas. 8. (SEDUC-AL/CESPE/2018) Julgue em Certo ou Errado. A ética e a moral são conceitos correlacionados, retringindo-se a moral à questão ética em um ambiente de ação democrática. 9. (SEDUC-AL/CESPE/2018) Julgue em Certo ou Errado. Por meio da educação e da cultura e do acesso às demais produções tecnológicas e intelectuais desenvolvidas pela humanidade ao longo de sua trajetória civilizatória, o ser humano tem a opor- tunidade de constituir uma personalidade moral. 10. (SEDUC-AL/CESPE/2018) Julgue em Certo ou Errado. Os problemas éticos da atualidade podem ser resolvidos com a educação ética individual, sendo desneces- sário, portanto, um projeto político de ação social nesse sentido. 11. 11. Se você pautar a sua ação não nas suas convicções ou naquilo que você acha certo ou errado, mas sim, numa possível consequência da mesma, a qual princípio ético sua atitude pode ser vinculada? a) Ética das Virtudes. b) Ética Teleológica. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JOSIAS MARTINS VIEIRA - 43536047831, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 39 de 53www.grancursosonline.com.br FILOSOFIA Filosofia e Educação Prof. Julio Amaro c) Ética Deontológica. d) Utilitarismo. e) Nenhuma alternativa. 12. (SEE-MG/FUMARC/2017) Leia o texto a seguir: “Porque enquanto cada homem detiver seu direito de fazer tudo quanto queira, todos os homens se encontrarão numa condição de guerra.” (HOBBES, T. Leviatã. SP: Nova Cultural, 2004. p. 114. Adaptado). O pensador inglês Thomas Hobbes acredita que, para evitar a guerra, os homens devem se associar e determinar a autoridade de um poder central (o Estado), ca- paz de assegurar a paz entre seus membros. Essa autoridade precisa: a) Construir um ambiente de diálogo. b) Garantir os desejos individuais. c) Instituir o estado de natureza. d) Limitar as vontades individuais. e) Respeitar as decisões comuns. 13. Ao afirmar que “o homem nasce bom e a sociedade o corrompe”, Jean-Jacques Rousseau está querendo dizer que: a) Nós somos frutos de uma construção social. b) Nós temos uma natureza boa, todavia, o contato com a realidade social, cor- rompe essa natureza. c) Nós temos predisposições negativas. d) Alguns possuem uma natureza boa enquanto outros uma natureza ruim. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JOSIAS MARTINS VIEIRA - 43536047831, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 40 de 53www.grancursosonline.com.br FILOSOFIA Filosofia e EducaçãoProf. Julio Amaro 14. Ao afirmar que “o homem é o lobo do próprio homem”, Thomas Hobbes queria dizer que: a) Nossa condição natural, enquanto seres humanos, é ruim. b) Se não houver uma instituição que controle nossas vontades, viveríamos em estado de guerra permanente. c) Num estado de guerra constante, prevaleceria a lei do mais forte. d) Todas as alternativas estão corretas. 15. Para o filósofo existencialista Jean Paul Sartre, “a existência precede a essên- cia, com isso Sartre quer dizer que: a) Nós não possuímos uma natureza. b) Aquilo que nós somos é uma construção, onde nós somos os principais respon- sáveis. c) Primeiro nós existimos e aquilo que vamos vir a ser, é fruto de um processo construtivo. d) Todas as alternativas estão corretas. 16. A bioética é um ramo do conhecimento humano bastante amplo e diversificado, nesse sentido, é incorreto afirmar que: a) Por ter uma derivação do termo grego “bio” que significa vida, a bioética trata das questões éticas relacionadas apenas às ciências biológicas. b) Trata-se de uma área interdisciplinar do conhecimento humano, buscando res- postas para condutas apropriadas ou não nas mais diversas áreas do conhecimento humano. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JOSIAS MARTINS VIEIRA - 43536047831, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 41 de 53www.grancursosonline.com.br FILOSOFIA Filosofia e Educação Prof. Julio Amaro c) A Bioética relaciona-se com a abordagem e investigação de condutas humanas relacionadas às questões próprias da vida. d) A Bioética, dentre outros, busca compreender, responder e buscar soluções para embates próprios do cotidiano humano e da vida geral como: meio ambiente, abor- to, relação com animais e natureza, experimentos científicos, modificação genética de alimentos etc. 17. Numa perspectiva filosófica, podemos definir técnica como: a) Capacidade que alguns seres possuem outros não. b) Capacidade que alguns indivíduos possuem e outros não. c) Capacidade que vários seres possuem para desenvolverem meio que os levem a alcançar determinados fins. d) Capacidade que algumas culturas específicas desenvolvem para alcançar fins específicos. 18. Sobre a diferenciação entre Técnica e Tecnologia, marque a correta: a) Não há como fazer tal distinção, ambos os termos estão intrínsecos, diretamen- te relacionados. b) A técnica relaciona-se com a ação humana, enquanto a tecnologia se volta para algum tipo de ferramenta que facilita tal ação. c) A técnica está voltada para a ação humana, o que é atemporal. Já a tecnologia refere-se a instrumentos de utilidade humana modernos, portanto, novos. d) Apenas a alternativa A está incorreta. 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O homem tal como concebe o existencialista, se não é definível, é porque primeiramente não é nada. Só depois será alguma coisa e tal como a si próprio se fizer. O homem é como ele se concebe depois da existên- cia, como ele se deseja após este impulso para a existência; o homem não é mais o que ele faz.” (SARTRE, Jean Paul. O existencialismo é um humanismo. Lisboa: Presença, 1970, p. 216. adaptado). No texto acima, Sartre se refere ao primeiro princípio do existencialismo: a exis- tência precede a essência. Segundo esse princípio, somente os seres humanos possuem liberdade, porque são os únicos seres que agem de acordo com um projeto. a) de vida boa revelado por Deus. b) definido pela natureza humana. c) determinado pelas circunstâncias. d) existencial determinado pelo destino. e) por eles mesmos concebidos. 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No que consiste a idealização platônica de governo? a) Governo dos sábios. b) Governo dos fortes. c) Governo de todos. d) Governo dos militares. e) Governo dos ricos. 23. “Parece que a felicidade, mais que qualquer outro bem, é tida como este bem supremo, pois a escolhemos sempre por si mesma, e nunca por causa de algo mais; mas as honrarias, o prazer, a inteligência e todas as outras formas de excelência, embora as escolhamos por si mesmas, escolhemo-las por causa da felicidade, pen- sando que através dela seremos felizes. Ao contrário, ninguém escolhe a felicidade por causa das várias formas de excelência, nem, de um modo geral, por qualquer outra coisa além dela mesma” (ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Brasília: EdUnb, 1992, p. 23. Adaptado). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JOSIAS MARTINS VIEIRA - 43536047831, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 44 de 53www.grancursosonline.com.br FILOSOFIA Filosofia e Educação Prof. Julio Amaro De acordo com o texto acima, a felicidade para Aristóteles é o: a) Bem supremo desejado por alguns homens bem-aventurados. b) Esforço para se alcançar riqueza e estabilidade financeira. c) Fim último a ser alcançado por todas as ações humanas. d) Objetivo a ser realizado para só então se ter uma vida honrada. e) Prazer, a inteligência e todas as outras formas de excelência. 24. A ética das virtudes, a qual tem Aristóteles como seu precursor, é um ramo da ética que tem como finalidade a felicidade, com isso, podemos afirmar que é um modelo de ética: a) Utilitarista. b) Deontológica. c) Teleológica. d) Individualista. e) As alternativas B e C estão corretas. 25. O que deve orientar a nossa ação de acordo com o princípio ético deontológico? a) Dever. b) Finalidade. c) Consequência. d) Felicidade. e) Bem comum. 26. (COLÉGIO PEDRO II/2016) “O credo que aceita como fundamento moral o útil ou Princípio da Máxima Felicidade considera que uma ação é correta na medida em que tende a promover a felicidade e errada quando tende a gerar o oposto da O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JOSIAS MARTINS VIEIRA - 43536047831, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição,
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