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O PROGRAMA BOLSA FAMILIA NO ENFRENTAMENTO A VULNERABILIDADE SOCIO FAMILIAR UM ESTUDO REALIZADO COM FAMILIAS (1)

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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO ESTADO DO CEARÁ 
FACULDADE CEARENSE 
CURSO DE SERVIÇO SOCIAL 
 
 
 
YARA VIANA MARTINS 
 
 
 
 
O PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA NO ENFRENTAMENTO À 
VULNERABILIDADE SÓCIO-FAMILIAR: um estudo realizado com 
famílias atendidas pelo CRAS Angorá – Itaitinga - CE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA/CE 
2014 
 
 
YARA VIANA MARTINS 
 
 
 
 
O PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA NO ENFRENTAMENTO À 
VULNERABILIDADE SÓCIO-FAMILIAR: um estudo realizado com 
famílias atendidas pelo CRAS Angorá – Itaitinga – CE 
 
 
 
 
 
Monografia submetida à aprovação da 
Coordenação do Curso de Serviço Social do 
Centro de Ensino Superior do Ceará, como 
requisito parcial para obtenção do grau de 
Graduação. 
 
Orientadora: Profª. Ms. Moíza Sibéria Silva 
de Medeiros. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA/CE 
2014 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Bibliotecário Marksuel Mariz de Lima CRB-3/1274 
 
 
 
M379p Martins, Yara Viana 
 O programa bolsa família no enfrentamento à 
vulnerabilidade sócio-familiar: um estudo realizado com famílias 
atendidas pelo CRAS Angorá – Itaitinga-CE / Yara Viana 
Martins. Fortaleza – 2014. 
 105f. 
 Orientador: Prof.ª Ms. Moíza Sibéria Silva de Medeiros. 
 Trabalho de Conclusão de curso (graduação) – Faculdade 
Cearense, Curso de Serviço Social, 2014. 
 
1. Assistência social. 2. Família. 3. Programa bolsa família - 
Vulnerabilidade. I. Medeiros, Moíza Sibéria Silva de. II. Título 
 CDU 364 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quero dedicar este trabalho a minha Mãe, Maria 
Regina, e aos meus irmãos, Igor Viana, Maurício 
Viana, e a minha Tia, Iracema Almeida, pelo 
amor, dedicação, ensinamento, pelo apoio 
incondicional em todos os momentos da minha 
vida e por me fazer acreditar que tudo é possível, 
basta acreditar nos sonhos. Amo muito vocês. 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço primeiramente a Deus que me deu sabedoria e discernimento 
para conquistar mais essa vitória, pela força que me proporcionou ao caminhar 
nessa estrada cheia de desafios e barreiras, me possibilitando conhecer 
pessoas especiais, que não mediram esforços para me ajudar durante a 
realização desta graduação, sem dúvida não teria dado nem o primeiro passo. 
 
À pessoa que mais me apoiou nessa jornada, minha mãe Maria Regina, 
a mulher que me deu amor incondicional e compreensão, não me deixando 
desistir diante das dificuldades, por nenhum momento. 
 
Aos meus irmãos, Maurício Viana e Igor Viana, que demonstraram 
paciência e compreensão, sempre me incentivando a seguir em frente, sempre 
demonstrando amizade e principalmente companheirismo, durante o processo 
de construção deste trabalho acadêmico. 
 
A todos os meus familiares, principalmente, Iracema Almeida(Tia), que 
sempre me apoiou em todas as minhas escolhas, me confortando com 
palavras de motivação. 
 
À minha orientadora Moíza Siberia Silva de Medeiros, por suas 
orientações, seu profissionalismo, sua competência, seu incentivo, sua 
sabedoria, sua compreensão, seu carinho, sua paciência durante esse período 
que trabalhamos juntas. 
 
Às minhas grandes amigas, Camila Oliveira, Rosana Araujo, Rosieli 
Almeida, Vera Lúcia e a Waldiane Rocha, que nos momentos mais difíceis se 
mostraram verdadeiras amigas, sempre com palavras de incentivo e 
motivação. 
 
 
 
Aos professores (as) que fizeram parte destes quatros anos do processo 
de construção de conhecimento acadêmico, com seus ensinamentos, 
contribuíram imensamente para o desenvolvimento deste trabalho acadêmico. 
 
Assim, agradeço a todos que fizeram parte desta construção, que me 
apoiaram, me ajudaram, que colaboraram para esta pesquisa, que me custou 
dedicação, desejo, disciplina e que fez parte da realização de um grande 
sonho, sonho esse pessoal e familiar. 
 
Agradeço também os participantes da minha banca, o professor 
Emanuel Bruno Lopes e a Paula Raquel da Silva que contribuíram 
significativamente com críticas construtivas que proporcionaram enriquecer o 
meu Trabalho de Conclusão de Curso. 
 
O meu profundo agradecimento, as pessoas que através de seus relatos 
contribuíram para a concretização deste estudo. O meu muito obrigada, ás 
pessoas que não foram citadas aqui diretamente, mas que de alguma forma, 
me ajudaram com o conhecimento, alegria, companheirismo, incentivo, que me 
levaram a finalizar esta pesquisa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 “Não há quem não tenha fome, não há 
quem não tenha visto a fome, mas há quem 
alimente ou necessite ser alimentado”. 
 
 Monique Santos Mota 
 
 
RESUMO 
O Programa Bolsa Família – PBF consiste em promover a proteção social às 
famílias que se encontram na situação de pobreza e extrema pobreza e que se 
encontram em uma situação de vulnerabilidade. Dito isto, este trabalho 
apresenta como objetivo geral analisar às contribuições do PBF no 
enfrentamento à vulnerabilidade das famílias atendidas no CRAS Angorá do 
município de Itaitinga – CE. Nesse sentido, buscou-se, especificamente, 
identificar o perfil sócio-demográfico das famílias; investigar como as famílias 
lidam com as condicionalidades do programa; compreender como o PBF tem 
contribuído para garantir às famílias condições mínimas de manutenção das 
necessidades básicas e verificar quais as expectativas das famílias em relação 
à possibilidade de não mais necessitarem da renda proveniente do PBF. Para a 
consecução destes objetivos realizou-se pesquisa qualitativa aliada à 
quantitativa, composta por estudo bibliográfico e documental, além de pesquisa 
de campo realizada no CRAS Angorá no município de Itaitinga. Foram 
entrevistadas sete responsáveis legais do PBF. As técnicas utilizadas para a 
coleta de dados foram: a observação assistemática, a entrevista semi-
estruturada e o questionário sócio demográfico. Foram utilizados os seguintes 
instrumentos para registro das informações: roteiro de entrevista e o aparelho 
celular LG – C199. Este estudo se respaldou no método hermenêutico 
dialético, analisando-se os dados a partir da técnica de análise de conteúdo. A 
partir dessa análise, a pesquisa evidenciou que o PBF garante a 
complementação da renda, mas não consegue garantir o suprimento das 
necessidades básicas das famílias, sendo insuficiente no enfrentamento à 
vulnerabilidade. A pesquisa mostra que o perfil traçado dos usuários 
entrevistados do PBF são mulheres, em uma idade adulta, apresentando como 
faixa etária entre 20 a 53 anos de idade. É considerada a representante legal 
do benefício, sendo que em sua grande maioria são as responsáveis por 
gerenciá-los e consideradas chefes de família. O estudo também apresenta 
que a maioria das famílias entrevistadas desconheciam acerca das 
condicionalidades, ou seja, desconheciam sobre esse nome, não sabiam 
definir, porém tinham uma noção parcial sobre as condicionalidades. Diante 
disso, percebe-se que as entrevistadas associavam as condicionalidades 
somente levar seus filhos a escola ou ao posto de saúde. Outro dado 
interessante a destacar que as entrevistadas sabem o que são as 
condicionalidades, mesmo parcialmente, mas pela via de perder o benefício do 
que pela via de conhecimento. O PBF é uma Transferência de Renda que 
garante complementar a renda familiar, mas percebe-se nos depoimentos das 
entrevistadas que esse programa não é suficiente para suprir as necessidades 
básicas da família. O estudo revela que uma das maiores expectativas das 
famílias é em relação ao acesso ao emprego, ou seja, quando seus filhos 
atingir a maioridade possa conseguiremprego com carteira assinada, 
garantindo desta forma uma estabilidade financeira e uma segurança. Esta é 
uma expectativa recorrente em seus depoimentos em relação à possibilidade 
de não mais necessitarem da renda proveniente do PBF. 
 
Palavras – Chave: Assistência Social. Família. Vulnerabilidade e o Programa 
Bolsa Família. 
 
 
 
ABSTRACT 
 
The Bolsa Familia Program - PBF is to promote social protection for families 
who are in poverty and extreme poverty and who are in a vulnerable situation. 
That said, this work presents a general objective to analyze the contributions of 
PBF in addressing the vulnerability of families served in the city of Angora 
CRAS Itaitinga - EC. Accordingly, we sought to specifically identify the socio-
demographic profile of families; investigate how families deal with the 
conditionalities of the program; understand how the PBF has contributed to 
ensure that families minimum conditions for basic maintenance needs to verify 
which expectations of families in relation to the possibility of no longer needing 
the income from PBF.To achieve these goals was held together with the 
qualitative research quantitative, consisting of bibliographic and documentary 
study, and field research conducted in the city of Angora CRAS Itaitinga. GMP 
seven guardians were interviewed. The techniques used for data collection 
were: the systematic observation, semi-structured interview and demographic 
questionnaire. - C199 interview script and LG cell phone the following 
instruments for recording information were used. This study was endorsed in 
dialectical hermeneutic method by analyzing the data from the content analysis 
technique.From this analysis , the research showed that the GMP ensures the 
completion of income, but can not guarantee that the basic needs of families , 
being insufficient in addressing the vulnerability . Research shows that the 
profile trace of respondents PBF users are women in an adult , presenting as 
aged between 20-53 years old. It is considered the legal representative of the 
benefit , and mostly are responsible for managing them and as heads of 
household . The study also shows that most of the families interviewed were 
unaware about the conditionalities , ie , unaware about this name, knew not set 
, but had a partial notion of conditionality . Therefore , it can be seen that the 
respondents associated conditionalities only take their children to school or to 
the clinic . Another interesting highlight that the respondents know what are the 
conditionalities , even partially , but by way of losing money than by means of 
knowledge given . The PBF is a cash transfer that ensures supplement the 
family income , but it can be seen in the statements of the interviewees that this 
program is not sufficient to meet the basic needs of the family. The study 
reveals that one of the biggest expectations of families is in relation to access to 
employment, ie, when their children reached adulthood can get formal 
employment , thus ensuring financial stability and security. This is a recurring 
expectation in their statements regarding the possibility of no longer needing the 
income from PBF. 
 
Social Care: Key - words. Family. Vulnerability and the Bolsa Família Program. 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
 
PBF Programa Bolsa Família 
BPC Benefício de Prestação Continuada 
BSP Benefício para Superação da Extrema Pobreza 
BVG Benefício Variável à Gestante 
BVJ Benefício Variável Vinculado ao Adolescente 
BVN Benefício Variável à Nutriz 
CADÚNICO Cadastro Único 
CNAS Conselho Nacional de Assistência Social 
CF Constituição Federal 
CRAS Centro de Referência de Assistência Social 
DF Distrito Federal 
FAC Faculdade Cearense 
FNAS Fundo Nacional de Assistência Social 
HMECA Hospital e Maternidade Ester Cavalcante Assunção 
IML Instituto Médico Legal 
LOAS Lei Orgânica de Assistência Social 
LBA Legião Brasileira de Assistência Social 
MDS Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome 
MEC Ministério da Educação 
NOB Norma Operacional Básica de Assistência Social 
PTR Programa de Transferência de Renda 
PETI Programa de Erradicação do Trabalho Infantil 
PNAS Política Nacional de Assistência Social 
PGRM Programa de Garantia de Renda Mínima 
PAIF Programa de Atenção Integral à Família 
SUAS Sistema Único de Assistência Social 
SCFV Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos 
SVO Serviço de verificação de óbito 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
INTRODUÇÃO ................................................................................................. 13 
1. CONSTRUINDO OS CAMINHOS DA PESQUISA ..................................... 16 
1.1 Aproximação do objeto de pesquisa ......................................................... 16 
1.2 Percurso Metodológico ............................................................................. 23 
1.3 Conhecendo o campo de pesquisa – o CRAS Angorá do município de 
Itaitinga – CE .................................................................................................... 29 
1.4 Perfil das entrevistadas .............................................................................. 37 
2. ASSISTÊNCIA SOCIAL E FAMÍLIA ........................................................... 44 
2.1 Assistência Social no cenário atual ............................................................ 44 
2.2 Família: suas novas configurações ............................................................ 57 
3. O PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA E SUAS CONTRIBUIÇÕES NO 
ENFRENTAMENTO À VULNERABILIDADE .................................................. 67 
3.1 A vulnerabilidade no contexto sócio familiar ............................................... 67 
3.2 O Programa Bolsa Família ......................................................................... 78 
3.3 O Programa Bolsa Família na vida das famílias: garantir condições mínimas 
de manutenção das necessidades básicas? ................................................... 86 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 91 
REFERÊNCIAS ............................................................................................... 93 
APÊNDICES ..................................................................................................... 98 
 
 
13 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
Este trabalho aborda a contribuição do Programa Bolsa Família – PBF, 
que tem dez anos de implementação, no que se refere ao enfrentamento à 
vulnerabilidade sócio-familiar. Tematizará como o PBF pode garantir melhorias 
nas condições de vida das pessoas que se encontram em uma situação de 
vulnerabilidade social, tendo em vista que este programa social é uma política 
pública de enfrentamento à fome e à pobreza no país, destinado às famílias 
pobres e extremamente pobres e destina uma renda mínima mensal a estas. 
 
A pesquisa que deu base a este Trabalho de Conclusão de Curso – TCC 
apresentou como objetivo geral analisar as contribuições do PBF no 
enfrentamento à vulnerabilidade das famílias atendidas no CRAS Angorá do 
município de Itaitinga – CE. Nesse sentido, buscou, especificamente, identificar 
o perfil sócio-demográfico das famílias; investigar como as famílias lidam com 
as condicionalidades do programa; compreender como o PBF tem contribuído 
para garantir às famílias condições mínimas de manutenção das necessidades 
básicas e verificar quais as expectativas das famílias em relação à 
possibilidade de não mais necessitarem da renda proveniente do PBF. 
Contemplamos que esta pesquisa apresenta em sua análise, as coleta dedados referentes à importância desse benefício na vida das beneficiárias que 
foram entrevistadas. Durante a coleta de informações pudemos perceber que a 
maioria dos usuários do PBF é de mulheres, sendo estas as titulares do 
Programa e as responsáveis por receber e gerenciar o benefício, sendo as 
únicas responsáveis por garantir a sustentabilidade da família. 
 
Importa ressaltarmos que nesses dez anos o PBF passou a ser avaliado 
por organizações internacionais como sendo um exemplo de grande sucesso 
na redução da pobreza. Assim, é válido destacarmos a relevância de debater 
acerca do PBF, levantando discussões importantes sobre a importância do 
programa na vida dos beneficiários. Ressaltamos os avanços e desafios do 
14 
 
programa nesses dez anos de existência e, concomitantemente, as mudanças 
que este programa trouxe para as suas vidas. 
 
Com o objetivo de apresentar de forma sistematizada os resultados da 
pesquisa, este trabalho está organizado em três capítulos como veremos a 
seguir. O primeiro Capítulo intitulado: Aproximação do objeto de pesquisa 
aborda as principais motivações e inquietações que foram responsáveis na 
elaboração desse estudo. Portanto, apresento algumas indagações que 
nortearam o TCC: Caso o PBF garanta melhorar as condições de vida dessas 
famílias e concomitantemente o acesso destas a capacitação profissional, 
porque não há maiores investimentos na disponibilização de mais vagas no 
mercado de trabalho para essas famílias? Quais as estratégias estão sendo 
adotadas pelo Governo Federal para garantir que essas famílias de fato 
tenham uma condição de vida melhor e que possam sair dessa condição de 
pobreza? Outra indagação que merece ser destacada e acerca das críticas 
feitas ao PBF e dentre outras que serão apresentadas no decorrer da pesquisa. 
 
Apresenta também o percurso metodológico, no qual adotamos a 
pesquisa quantitativa e qualitativa. O estudo também adotou a pesquisa 
bibliográfica e a documental e foi realizada entrevistas com as beneficiárias do 
PBF no CRAS de Itaitinga. Destacamos a escolha dos usuários entrevistados 
em decorrência ao seguinte critério: aqueles usuários do programa que 
estavam recebendo o benefício a partir dos 4 anos em diante, teriam mais a 
contribuir para o estudo, portanto selecionei dez usuários do programa de 
forma aleatória, entretanto foram entrevistados somente sete usuários do PBF, 
em virtude de as mesmas não terem tempo disponível e também não tinham 
interesse em participar das entrevistas. Utilizamos também como 
procedimento para a coleta de dados empíricos as seguintes técnicas de 
pesquisa: a observação assistemática e a realização de entrevistas semi-
estruturadas, possibilitando desta forma estabelecer um diálogo com as 
famílias beneficiárias do PBF. Utilizei como instrumentos, o roteiro de entrevista 
e o gravador de voz (aparelho do celular LG – C199), o gravador foi permitido 
somente em algumas entrevistas. Posteriormente, apresenta o campo de 
15 
 
pesquisa, o CRAS/Angorá, localizado no município em Itaitinga e por último o 
perfil das entrevistadas. 
No segundo Capítulo: Assistência Social e Família, abordamos a 
categoria Assistência social e realizamos um breve resgate histórico acerca da 
Política de Assistência Social Brasileira, trazendo discussões acerca de sua 
implementação no cenário atual. Explanamos, posteriormente à categoria 
família, apresentando suas novas configurações no cenário brasileiro. 
 
Em relação ao terceiro capítulo: O Programa Bolsa Família e suas 
contribuições no enfrentamento à vulnerabilidade, abordamos neste a 
categoria de análise que se refere à vulnerabilidade, no que diz respeito ao 
contexto sócio-familiar. Explanamos, posteriormente sobre como funciona o 
Programa Bolsa Família, apresentando um breve resgate histórico de sua 
implementação no país e as condicionalidades. Concluímos este capítulo, com 
uma discussão acerca das contribuições do PBF na vida das famílias, 
apresentando um pouco sobre como era a vida das beneficiárias antes de 
receber o Bolsa Família e após o recebimento, e concomitantemente suas 
expectativas em relação à possibilidade de não mais necessitarem do recurso 
proveniente do PBF. 
 
Em relação às considerações finais, tentamos realizar algumas sínteses 
referentes às questões expostas anteriormente, apesar de não ter sido algo 
fácil, pois foi um percurso longo e cheio de desafios que perpassaram este 
Trabalho de Conclusão de Curso – TCC. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
1. CONSTRUINDO OS CAMINHOS DA PESQUISA 
 
 
1.1 APROXIMAÇÃO DO OBJETO DE PESQUISA 
 
 
 O PBF está fazendo 10 anos de existência e é considerado o maior 
Programa de Transferência de Renda do mundo. Apresenta como um dos 
principais objetivos, a ampliação do acesso aos direitos sociais básicos. 
Atualmente, o PBF beneficia 13,8 milhões de famílias que se encontram abaixo 
da linha da pobreza1. 
 
De acordo com pesquisas e noticiários2 70% dos adultos beneficiados 
pelo PBF estão inseridos no mercado de trabalho, mesmo assim permanecem 
dependente do programa, por não conseguirem garantir renda suficiente que 
os possibilite garantir a sustentabilidade de suas famílias. Pesquisas revelam 
que as famílias beneficiadas pelo PBF não se “acomodam” com o benefício. O 
PBF visa também garantir, educação às crianças beneficiadas, fato que 
contribui para favorecer a redução da evasão dessas crianças da escola 
(SENADO, 2003). 
 
Apesar do Programa Bolsa Família ser uma política pública de 
enfrentamento à pobreza é interessante discutir acerca dessas informações 
acima elencadas. Quais as estratégias estão sendo adotadas pelo Governo 
Federal para garantir que essas famílias de fato tenham uma condição de vida 
melhor e que possam sair dessa condição de pobreza? Além de proporcionar 
uma renda que os possibilite garantir sustentabilidade, não se pode deixar de 
destacar que o PBF tem como desafio garantir qualificação profissional para 
essas famílias que necessitam melhorar sua situação de vida. 
 
 
1
 Disponível em: http://bolsafamilia10anos.mds.gov.br/node/124. Acesso em: 11/10/2013. 
 
2
 Disponível em: http://www.ptnosenado.org.br/textos/69-noticias/26824-70-dosbeneficiários-adultos-do-
bolsa-familia-trabalham. Acesso em 13/10/2013. 
http://bolsafamilia10anos.mds.gov.br/node/124
http://www.ptnosenado.org.br/textos/69-noticias/26824-70-dosbeneficiários-adultos-do-bolsa-familia-trabalham
http://www.ptnosenado.org.br/textos/69-noticias/26824-70-dosbeneficiários-adultos-do-bolsa-familia-trabalham
17 
 
Assim, se indaga se o PBF garante melhorar as condições de vida 
dessas famílias e concomitantemente o acesso destas a capacitação 
profissional, porque não se investe na disponibilização de mais vagas no 
mercado de trabalho para essas famílias? Não adianta garantir somente a 
qualificação da mão-de-obra, mas, sobretudo que tenham vagas disponíveis 
para que essa mão-de-obra seja absorvida pelo mercado de trabalho. 
 
Outro ponto que merece ser destacado é acerca das críticas feitas ao 
PBF. Críticos alegam que o PBF gera um ciclo de dependência entre as 
famílias beneficiadas. Será mesmo que o PBF faz com que as famílias 
beneficiadas se “acomodem” a essa situação? Será mesmo que elas se 
sentem confortáveis com a sua condição de vulnerabilidade social? Ou será 
que essa situação é devido a outros fatores relacionados ao sistema capitalista 
no qual nós estamos inseridos? Outro ponto também a ressaltar é em relação à 
evasão escolar. Quais são as estratégias educativas que estão sendo tomadas 
para evitar a evasão escolar? As famílias estão tendo acesso às informações 
acerca das condicionalidades? As indagações acima foram um dos motivos 
que contribuíram para nortear a execução da pesquisa que deu base a este 
trabalho monográfico. 
 
Esses questionamentosforam surgindo a partir das discussões 
empreendidas ao longo das disciplinas do curso de Serviço Social da 
Faculdade Cearense - FAC e me motivaram a pesquisar a temática, delimitada 
como foco do Trabalho de Conclusão de Curso – TCC. A partir da inserção no 
meio acadêmico tive a oportunidade durante as aulas de participar de debates 
e discussões acerca da temática. Ademais, a afinidade acerca da temática 
sempre foi expressa e construída ao longo do decorrer de toda a vida 
acadêmica3. 
 
Estava cursando o 4º semestre do curso de Serviço Social quando tive a 
oportunidade de participar de debates em sala de aula na disciplina de Política 
Social Setorial, acerca do Seminário Nacional: Trabalho do/a Assistente Social 
 
3
A partir deste momento narrarei minha trajetória de aproximação com o objeto. Como se trata de uma 
experiência pessoal farei essa narrativa em primeira pessoa do singular. 
18 
 
no Sistema Único de Assistência Social – SUAS. O debate levantado na 
disciplina foi acerca da política de Assistência Social: Direito ou 
Assistencialização4? Portanto, no debate empreendido em sala de aula, refere-
se sobre a Política de Assistência Social no confronto entre o direito ou 
assistencialização, desta forma acaba por levantar vários questionamentos 
acerca do entendimento da Assistência Social como campo da política pública. 
O texto também aborda sobre a disseminação da expressão, assistencialização 
das políticas sociais acaba por relacionar-se com a precarização de políticas 
sociais, diante disso, cria-se uma visão negativa da Política de Assistência 
Social. Em relação à expressão do direito no campo da Assistência Social 
aborda sobre o trânsito do campo dos direitos humanos para os direitos 
sociais. Diante do exposto, ressalta-se que a Assistência Social como âmbito 
referente da proteção social, apresenta o direito a dignidade humana. É 
importante ressaltar que os direitos sociais no âmbito da Assistência Social 
foram introduzidos a partir da Constituição Federal – CF de 1988. 
 
De acordo com a Constituição Federal – CF de 1988, Art. 5º: 
 
Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a 
inviolabilidade do direito á vida, à liberdade, á igualdade, à segurança 
e à propriedade. (BRASÍLIA, 2012, p.8). 
 
 
 A Constituição da República Federativa do Brasil de 5 de outubro de 
1988 apresenta os direitos no âmbito civil, político e social5. Portanto, a 
Constituição Federal garante direitos, que visam superar a perspectiva 
assistencialista. A Política Nacional de Assistência Social – PNAS surge 
justamente para reforçar a garantia da Assistência Social como direito (PNAS, 
2005). 
 
 Ao se firmar como direito direcionado ao cidadão, garante ao mesmo o 
direito à melhoria na sua condição de vida. Portanto, a garantia do acesso a 
 
4
Encontra-se em: O Trabalho do/a Assistente Social no Suas: Seminário Nacional/Conselho Federal de 
Serviço Social_Gestão Atitude Crítica para Avançar na luta. Brasília: CFESS, 2011. 
5
 Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s0101-32622001000300002. 
Acesso em 28/12/2013. 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s0101-32622001000300002
19 
 
direitos sociais básicos não é uma prática assistencialista, pautada na idéia do 
favor, da caridade, pelo contrário, o acesso a esses direitos são garantidos e 
fundamentados por lei. A Política de Assistência Social não é uma prática 
assistencialista, pautada na solidariedade, caridade, benemerência, 
historicamente tradicional em nosso país. Assim, o Estado passava a transferir 
a suas maiores responsabilidades à população, ocasionando a restrição da 
execução de práticas e ações emergenciais (MESTRINER, 2008). Portanto, as 
políticas sociais não são meramente favores, são direitos conquistados através 
de manifestações, reivindicações da população visando uma sociedade mais 
igualitária. 
 
Na disciplina foi levantada também a discussão acerca da garantia do 
Benefício eventual da Cesta Básica, ofertado pelo Centro de Referência de 
Assistência Social – CRAS6, que se coloca como demanda emergencial. 
Entendendo a garantia dos direitos como pauta de discussão na disciplina 
surgiu o questionamento acerca do Benefício Eventual da Cesta Básica, direito 
assegurado naquele momento. Diante dessa situação, a família não pode 
esperar, é de caráter emergencial. 
 
Portanto, as discussões e debates ao longo de toda a disciplina foram de 
extrema relevância, me possibilitou a aproximação com a temática. Mas, 
sobretudo, contribuiu para que conhecesse mais acerca destes benefícios 
eventuais e me motivou a pesquisar acerca do PBF. É interessante ressaltar 
que a partir dos questionamentos levantados nos debates que foram 
empreendidos em sala de aula, isso me motivou a pesquisar acerca do PBF, 
favoreceu a aproximação com a assistência social e concomitantemente ao 
PBF. 
 
Destacamos uma experiência de estágio que não favoreceu que tivesse 
uma relação com a aproximação com o objeto. Encontrei certa dificuldade de 
 
6
 São benefícios da Política Nacional de Assistência Social – PNAS que visam atender às famílias em 
virtude de morte, nascimento, em casos de calamidade pública ou em situações de vulnerabilidade 
temporária. Disponível em: 
http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/beneficioassistenciais/beneficioseventuais. Acesso em: 
09/10/2013. 
http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/beneficioassistenciais/beneficioseventuais
20 
 
começar a pesquisa, porque iniciei um estágio que não tinha a ver com a área 
da Assistência Social. Iniciei a prática de estágio supervisionado em Serviço 
Social no município onde resido em Região Metropolitana de Fortaleza, no 
Hospital e Maternidade Ester Cavalcante Assunção – HMECA. O período de 
estágio foi no 6º semestre de 2012, portanto não tive contato com o objeto no 
campo de estágio. 
 
Mesmo nesse contexto, na área da saúde, tive a oportunidade de 
presenciar o contato com uma situação que despertou ainda mais a vontade de 
pesquisar sobre o Bolsa Família, que foi justamente o contato que o usuário 
teve com o Serviço Social. No atendimento, o usuário solicitava informações 
acerca do Benefício Eventual da Cesta Básica. O Serviço Social precisou 
realizar o encaminhamento para o Centro de Referência de Assistência Social 
– CRAS. Referente às atividades que o Serviço Social desenvolvia, uma delas 
era o encaminhamento para a rede socioassistencial. E nesse momento 
aconteceu um caso que foi necessário encaminhar para a rede 
socioassistencial. Este episódio chamou minha atenção e despertou ainda mais 
o interesse de pesquisar o PBF, fato que só veio reforçar o interesse pela área 
da assistência social. 
 
Com a delimitação da pesquisa sentimos a necessidade de iniciar um 
estágio voluntário na instituição que trabalhasse com a Assistência Social, com 
a operacionalização do Bolsa Família para poder ter mais contato com essa 
realidade e que favorecesse a possibilidade de uma aproximação com o objeto. 
 
Diante disso, procurei o Centro de Referência de Assistência Social – 
CRAS/Angorá de Itaitinga – CE, por ser viável para mim devido morar no 
município. O estágio voluntário no CRAS foi a partir do momento da elaboração 
do Trabalho de Conclusão de Curso – TCC. Com o objetivo de executar a 
pesquisa, me dirigi ao CRAS/Angorá de Itaitinga – CE para saber se era viável 
realizar a pesquisa na instituição. 
 
A primeira visita à instituição contribuiu para facilitar na intermediação 
para conseguir a autorização, inclusive os funcionários da instituição foram 
21 
 
receptivos. Identifiquei-me como estudante de Serviço Socialdo 8º semestre 
da Faculdade Cearense – FAC e logo após expus todo o teor do processo da 
pesquisa para a Assistente Social. Durante a visita ela me relatou que se 
dependesse dela seria viável realizar a pesquisa, mas como ela seria 
transferida para outra instituição, em decorrência da transição da gestão 
municipal (era época de mudança de prefeito), teria que ver com a próxima 
profissional que entrasse. 
 
Após a mudança de gestão, retornei novamente ao CRAS/Angorá e de 
fato a Assistente Social tinha sido transferida à outra instituição. Encontrei em 
seu lugar uma nova Assistente Social que inclusive tinha se formado na 
Faculdade Cearense - FAC. Novamente, expliquei todo o teor da pesquisa, 
logo após, solicitou-me que entrasse em contato com a Secretária do Trabalho 
e Assistência Social, que também é vice-prefeita do município de Itaitinga, para 
que me autorizasse a realizar a pesquisa. 
 
Diante disso, em primeiro momento necessitei contatar com algumas 
pessoas que conheço que trabalham na Prefeitura de Itaitinga para poder 
viabilizar esse processo de intermediação com a Secretária do Trabalho e 
Assistência Social. A intermediação foi realizada e os meus interlocutores 
expuseram todo o teor da pesquisa. Depois disso, recebi um telefonema de um 
dos funcionários que me ajudou nesse processo de intermediação, relatando 
que eu poderia me dirigir à Secretaria do Trabalho e Assistência Social, pois a 
secretária iria me receber. A partir disso, dirigi-me à Secretária do Trabalho e 
Assistência Social e explanei o teor da pesquisa, que me concedeu autorização 
para realizá-la na instituição. Tal autorização foi realizada apenas de forma 
verbal, naquele momento, mas depois a formalizei via ofício da Faculdade 
Cearense – FAC informando a realização da pesquisa no CRAS. A 
documentação foi providenciada e entregue à Assistente Social, dias após a 
visita que realizei na Secretaria do Trabalho e Assistência Social. 
 
Nesse contato que tive com a Secretária do Trabalho e Assistência 
Social, solicitei ainda a realização de estágio voluntário no CRAS para facilitar 
meu contato com os participantes da pesquisa. Ela me informou também que 
22 
 
eu deveria contatar a Coordenadora Geral do CRAS, para dar-lhe ciência da 
realização da pesquisa e do estágio. 
 
O contato com a Coordenadora Geral do CRAS foi realizado com êxito. 
A partir destes procedimentos, comecei a estagiar voluntariamente na 
instituição, a partir de 15 de agosto de 2013. No primeiro dia de estágio 
voluntário a Supervisora acolheu-me da melhor forma possível, apresentando-
me a instituição e ao Programa de Erradicação de Trabalho Infantil7 – PETI. 
No dia em questão tive acesso aos prontuários de alguns usuários de 
Programas Sociais ofertados pelo CRAS. Como pesquisadora, a inserção no 
CRAS me possibilitou olhar de forma mais crítica, de forma mais próxima da 
realidade e compreender melhor como esse público é atendido no CRAS e 
como os beneficiários têm acesso ao programa Bolsa Família. No próximo 
tópico, apresento como a pesquisa foi realizada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7
 É um Programa de Transferência de Renda, vinculado ao Programa Bolsa Família, tendo como objetivo 
retirar crianças e adolescentes da prática de trabalho precoce. Disponível em: 
www.mds.gov.br/assistenciasocial/peti. Acesso em: 15/10/2013. 
http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/peti
23 
 
1.2 PERCURSO METODOLÓGICO 
 
 
Os objetivos traçados para a realização da pesquisa que deu base a 
este ensaio monográfico foram: do ponto de vista geral, analisar as 
contribuições do PBF no enfrentamento à vulnerabilidade das famílias 
atendidas no CRAS Angorá do município de Itaitinga – CE. E, especificamente, 
identificar o perfil sócio-demográfico das famílias; investigar como as famílias 
lidam com as condicionalidades do programa; compreender como o PBF tem 
contribuído para garantir às famílias condições mínimas de manutenção das 
necessidades básicas e verificar quais as expectativas das famílias em relação 
à possibilidade de não mais necessitarem da renda proveniente do PBF. 
 
Para alcançar os objetivos da pesquisa adotamos a abordagem 
quantitativa e qualitativa. A pesquisa quantitativa está direcionada a quantificar 
dados empreendidos com o desenvolvimento do processo de pesquisa. Assim 
Soares (2003), esclarece acerca da pesquisa quantitativa, que seria 
interessante esta abordagem em modelos descritivos, objetivando a relação 
entre variáveis como nas investigações realizadas, no qual se pretende 
estabelecer relações de casualidade entre fenômenos. 
 
Desta forma, a pesquisa qualitativa aprofunda-se no mundo dos 
significados das ações e relações humanas, como define Minayo (2012), 
 
A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se 
ocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode 
ou não deveria ser quantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo 
dos significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos 
valores e das atitudes. Esse conjunto de fenômenos humanos é aqui 
como parte da realidade social, pois o ser humano se distingue não 
só por agir, mas por pensar sobre o que faz e por interpretar suas 
ações dentro e a partir da realidade vivida e partilhada com seus 
semelhantes (2012, p.21). 
 
Neste sentido, a pesquisa buscou compreender os significados que os 
beneficiados do PBF dão ao programa. O presente estudo teve início com uma 
pesquisa bibliográfica “desenvolvida a partir de material já elaborado, 
constituído principalmente de livros e artigos científicos” (GIL, 2008, p.50). 
24 
 
Dessa forma, segundo Gil (2008) a pesquisa bibliográfica permite ao 
investigador a cobertura de uma gama de fenômenos, ou seja, uma intensidade 
de informações pertinentes ao assunto pesquisado, do que aquela que o 
investigador poderia pesquisar diretamente. 
 
Assim, para a realização do presente estudo, inicialmente, realizou-se 
uma revisão de literatura dos autores Gil (2008), Minayo (1994 e 2012), Demo 
(2011), Soares (2003) dentre outros para fundamentar a pesquisa social. Para 
alcançar os objetivos da pesquisa é interessante também ressaltarmos os 
autores que utilizamos para discutir as categorias e tópicos deste estudo, 
realizou-se uma revisão de autores da categoria Assistência Social: Mestriner 
(2008), Behring (2008), Mota (2010), Sposati (2010), Yazbek (S/D); a categoria 
família: Carloto (2010), Giddens (2005), Samara (1997), Simões (2008), Mioto 
(2010); a categoria vulnerabilidade: Castel (2005), Monteiro (2011), Rocha 
(2006), Giddens (2005); o tópico sobre pobreza: Rocha (2006), Giddens (2005) 
e dentre outros que contribuíram para fundamentar a pesquisa. 
 
Nesse sentido, a priori buscou-se primeiramente conhecer as idéias 
construídas a respeito dos temas e categorias de interesse da presente 
pesquisa como a Política de Assistência Social, Família, Vulnerabilidade, 
Pobreza, Transferência de Renda e o Programa Bolsa Família visitando e 
revisitando autores. 
 
Também foi realizada pesquisa documental. Os documentos utilizados 
foram a Política Nacional de Assistência Social – PNAS, Lei Orgânica de 
Assistência Social – LOAS, Constituição Federal – CF e a Tipificação Nacional 
de Serviços Socioassistenciais. 
 
Segundo Gil (2011), a pesquisa documental apresenta algumas 
semelhanças com a pesquisa bibliográfica. Portanto, a diferença que há entre 
elas está na natureza das fontes. Embora a pesquisa bibliográfica se utilize de 
contribuições de vários autores acerca de um assunto específico, já a pesquisa 
documental vale-se de matérias que não receberam um tratamento analítico, 
entretanto, os mesmos podem conseguir ser reelaborados, vai depender dos 
25 
 
objetivos da pesquisa (GIL, 2011). Portanto, a pesquisa documental apresenta 
como característicaa fonte de coleta dos dados, no qual a mesma se encontra 
restrita a documentos, sejam escritos ou não, chamados de fontes primárias. 
Este processo pode ser realizado a partir do fato ou fenômeno no momento 
que ocorrer, ou esse processo pode ser realizado depois (LAKATOS, 2003). 
 
Em se tratando do método escolhido para nortear a pesquisa, 
ressaltamos o hermenêutico dialético. Conforme Minayo (1994), esse é um 
método da sociologia compreensiva, no qual apresenta a tentativa de elucidar, 
explicar e interpretar os fenômenos vivenciados pelos sujeitos sociais. No caso 
deste estudo, apreender o que pensam acerca do PBF. Assim, buscou-se 
interpretar o que os usuários dizem, ou seja, dar evidência às vozes dos 
sujeitos entrevistados na pesquisa. A dialética permitiu abordar os significados 
e contradições do objeto, ou seja, o que está por traz dos discursos das falas 
dos entrevistados. Assim, os significados e sentidos referem-se acerca da 
interpretação das falas, ou seja, vivências e experiências. Portanto, é a 
compreensão deles e a interpretação dessas falas. 
 
Neste sentido, utilizamos como procedimento para a coleta de dados, a 
realização de entrevistas semi-estruturadas, possibilitando estabelecer um 
diálogo com as famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família. As 
entrevistas semi-estruturadas foram realizadas por meio de visitas domiciliares 
com o objetivo de nos aproximarmos o máximo possível da realidade da vida 
dessas famílias, porém foram realizadas também entrevistas no próprio CRAS 
onde as famílias são atendidas. A coleta de dados foi realizada em decorrência 
da disponibilidade das entrevistadas. 
 
Importante esclarecer que também foi realizada a pesquisa de campo 
através da inserção no CRAS/Angorá de Itaitinga, me aproximando dos 
usuários do Programa Bolsa Família, tendo como representante legal a mulher, 
na perspectiva de identificar alguns impactos que este benefício proporciona a 
essas famílias. A priori preestabeleceu-se realizar a pesquisa com a seleção de 
10 usuários do PBF, entretanto foram realizadas somente sete entrevistas. É 
interessante destacarmos que a escolha dos usuários foi de acordo com o 
26 
 
tempo de permanência no programa, a partir dos 4 anos em diante recebendo 
o Bolsa Família. 
 
As entrevistas foram realizadas no período de novembro de 2013 e 
ocorreram nos dias 18, 19, 21 e 23 no CRAS/Angorá, com exceção de quatro 
usuárias do programa, em decorrência de que essas quatros entrevistas foram 
realizadas na residência das entrevistadas. A abordagem foi realizada da 
seguinte forma: primeiramente a usuária chegava no CRAS para um 
atendimento e a Assistente Social depois do atendimento apresentava-me. 
 
Essa apresentação viabilizou o processo de aproximação com as 
possíveis entrevistadas, algumas aceitando participar da entrevista, outras não 
aceitaram participar da pesquisa, alegando falta de tempo. Apesar de encontrar 
dificuldade de realizar as entrevistas, em decorrência de que a maioria que 
abordava para participar da pesquisa alegava que tinha um compromisso, que 
estava atrasada, que tinha que voltar pra casa logo em seguida ao atendimento 
no CRAS, sendo que tinha muitos afazeres domésticos em casa, é interessante 
ressaltar que em algumas dessas abordagens sugeria-se que a entrevista 
poderia ser realizada em sua residência, desde que fosse no fim de semana 
(sábado), pela manhã. A priori fui bem recebida na residência das 
entrevistadas, embora pude perceber que as mesmas queriam terminar o 
quanto antes a entrevista. Portanto, essa apresentação facilitava 
consideravelmente o contato com a entrevistada e posteriormente contribuía 
para que a mesma autorizasse realizar a entrevista. 
 
Foi apresentado o Termo de Consentimento Livre Esclarecido para as 
entrevistadas, encontra-se no Apêndice B, onde as entrevistadas assinaram no 
documento, dessa forma, confirmando a sua participação na pesquisa e 
autorizando a divulgação das informações. É interessante destacar que nesse 
documento me comprometi a resguardar o anonimato das entrevistadas, assim, 
elas apenas foram denominadas de entrevistada nº 1, 2, 3 e assim 
sucessivamente. Todas as participantes das entrevistas assinaram o Termo de 
Consentimento Livre Esclarecido e apenas algumas entrevistas foram 
autorizadas a serem gravadas por meio de um aparelho celular LG – C199. 
27 
 
 
Ressaltamos inicialmente que a coleta de dados foi repleta de 
dificuldades, em decorrência da falta de tempo disponível por parte das 
entrevistadas, sendo que a grande parte das entrevistadas não se 
aprofundavam muito nas respostas das entrevistas. Diante disso, me esforcei 
ao máximo para coletar todas as informações possíveis e interpretar seus 
discursos. 
 
Assim Gil, define entrevistas como: 
 
A técnica em que o investigador se apresenta frente ao investigador e 
lhe formula perguntas, com o objetivo de obtenção dos dados que 
interessam à investigação. A entrevista é, portanto, uma forma de 
interação social. Mais especificamente, é uma forma de diálogo 
assimétrico, em que uma das partes busca coletar dados e a outra se 
apresenta como fonte de informação (GIL, 2008, p.109). 
 
As entrevistas realizadas foram entrevistas estruturadas devido às 
possibilidades que são apresentadas como o diálogo com as famílias 
beneficiárias do Programa Bolsa Família. Nesta perspectiva, Gil enfatiza que o 
intenso processo de utilização da entrevista na pesquisa social deve-se a uma 
série de razões: 
 
a) A entrevista possibilita a obtenção de dados referentes aos meios 
diversos aspectos da vida social; 
b) A entrevista é uma técnica muito eficiente para a obtenção de dados 
em profundidade acerca do comportamento humano; 
c) Os dados obtidos são suscetíveis de classificação e de quantificação. 
Se comparada com o questionário, que é outra técnica de largo 
emprego nas ciências sociais apresenta outras vantagens; 
d) Não exige que a pessoa entrevistada saiba ler e escrever; 
e) Possibilita a obtenção de maior número de respostas, posto que é 
mais fácil deixar de responder a um questionário do que negar-se a 
ser entrevisto; 
f) Oferecer flexibilidade muito maior, posto que o entrevistador pode 
esclarecer o significado das perguntas e adaptar-se mais facilmente 
às pessoas e às circunstâncias em que se desenvolve a entrevista; 
g) Possibilita captar a expressão corporal do entrevistado, bem como a 
tonalidade de voz e ênfase nas respostas (GIL, 2008, p.110). 
 
Durante as entrevistas também foi aplicado um questionário 
socioeconômico a fim de identificar o perfil das famílias das entrevistadas. De 
acordo com Gil (2011) o questionário seria como a técnica de investigação, 
apresenta um conjunto de questões que submetidas as pessoas com o objetivo 
28 
 
de adquirir e obter informações pertinentes acerca de conhecimentos, crenças, 
interesses, expectativas e dentre outros. Portanto, na maioria das vezes, os 
questionários são apresentados por escrito aos respondentes. Diante disso, 
costumam ser reconhecidos como questionários auto-aplicados. Entretanto, 
quando o conjunto de questões é realizado oralmente pelo pesquisador, são 
reconhecidos como questionário aplicado com entrevista ou através de 
formulários (GIL, 2011). 
 
Ressaltarmos que a observação do tipo assistemática, ou seja, registro 
em diário de campo. A técnica de observação não estruturada ou 
assistemática, também denominada de espontânea, informal, ordinária, 
simples, livre, ocasional e acidental, consistindo em recolher e registrar os fatos 
da realidade sem que o pesquisador utilize meios técnicos especiais ou precise 
fazer perguntas diretas. É mais empregada em estudos exploratórios e não tem 
planejamento e controle previamente elaborados (LAKATOS, 2003). 
 
Após a coleta de dados, procedemos à análise do conteúdo, no qual 
realizamos um confronto dos dados empíricos com as análises teóricas.Importa destacarmos que os resultados da análise estarão disponíveis nos 
próximos capítulos e tópicos a seguir. Antes apresento o campo da pesquisa 
no CRAS/Angorá no município de Itaitinga e logo após apresento o perfil das 
entrevistadas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
 
1.3 CONHECENDO O CAMPO DE PESQUISA – O CRAS ANGORÁ DO 
MUNICÍPIO DE ITAITINGA - CE 
 
O município ora pesquisado, Itaitinga – CE está situado no Estado do 
Ceará, localiza-se ás margens da BR – 116, distante a 25 km da capital 
Cearense. O nome Itaitinga é uma aglutinação de prefixos advindos do Tupi 
Guarani: Ita = pedra + y= rio + tinga= branco, donde se obtém riacho das 
pedras8. Antigamente o Departamento Nacional de Estradas de Rodagem – 
DNER no município de Itaitinga havia uma residência, com uma pedreira, 
donde se realizava a extração de pedras próxima a atual Estrela Britagem. 
Diante desta breve explanação podemos enfatizar que riacho das pedras está 
relacionado à extração de pedras no município de Itaitinga. Inclusive esta 
atividade é realizada desde a década de 1930 até aos dias atuais. A 
denominação de Itaitinga foi elevada à categoria de município, quando foi 
desmembrada de Pacatuba - CE e sua emancipação política de fato ocorre em 
27 de Março de 1992. 
 
O referido município está situado na Região Metropolitana de Fortaleza. 
Portanto, a área territorial do município é de 150,8 km com uma população de 
35.820 habitantes 9. O município vem estruturando a sua rede de Assistência 
Social e a política é organizada em dois eixos operacionais de acordo com o 
Sistema Único de Assistência Social – SUAS, a Proteção Social Básica e a 
Proteção Social Especial. 
 
Importa ressaltarmos que contextualizaremos o Centro de Referencia de 
Assistência Social – CRAS. 
A Proteção Social Básica, prevista na PNAS/2004, tem como objetivo 
prevenir situações de risco por meio do desenvolvimento de 
potencialidades e aquisições, e do fortalecimento de vínculos 
familiares e comunitários. Seus programas, projetos, serviços e 
benefícios, destinam-se à população em situação de vulnerabilidade 
social decorrente da pobreza, privação e, ou fragilização de vínculos 
afetivos – relacionais e de pertencimento social (discriminações 
 
8
Disponível em http://www.mfrural.com.br/cidade/Itaitinga-ce. Acessado em 01/09/2013. 
 
9
Disponível em http://www.itaitinga.ce.gov.br/spages.asp?id=2. Acessado em 21/10/2013. 
http://www.mfrural.com.br/cidade/Itaitinga-ce
http://www.itaitinga.ce.gov.br/s
30 
 
etárias, étnicas, de gênero ou por deficiências, dentre outras (MDS, 
2005, p.6). 
 
O Centro de Referência de Assistência Social – CRAS é uma unidade 
pública estatal descentralizada da Política de Assistência Social – PNAS. É a 
principal porta de entrada no Sistema Único de Assistência Social – SUAS 
responsável pela organização e oferta de serviços da Proteção Social Básica 
nas áreas de vulnerabilidade e risco social 10. O SUAS11 é uma ferramenta de 
gestão da Política Nacional de Assistência Social – SUAS, organiza as ações 
da Assistência Social em Proteção Social Básica e Proteção Social Especial de 
média e alta complexidade. O SUAS realiza a oferta de Benefícios 
Assistenciais, prestados a públicos específicos, objetivando superar situações 
de vulnerabilidade. 
 
Um traço relevante acerca do CRAS é a oferta de serviços e ações de 
Proteção Básica que devem: garantir apoio as famílias na perspectiva de 
efetivar seus direitos de cidadania; serviços continuados de acompanhamento 
social às famílias e, posteriormente, acolhida voltada para recepção, escuta 
orientação e referência12. 
 
Diante do exposto, o mesmo possui a função de gestão territorial da 
rede de Assistência Social Básica. Concomitantemente, promovendo uma 
organização e a articulação das unidades que são referenciadas e logo após a 
um gerenciamento desses processos envolvidos. 
 
O CRAS centraliza nas famílias todas as ações e serviços da Política 
Nacional de Assistência Social – PNAS. Portanto ao se compreender as 
demandas de situação de vulnerabilidade social da família é possível constituir 
uma rede de Proteção Social na busca da superação dessas situações vividas 
por essas famílias, através de ações de prevenção com atividades que 
 
 
10
Disponível em http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/proteçãobasica/cras. Acessado em 21/10/2013. 
 
11
 Disponível em http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/suas. Acessado em 23/10/2013. 
 
12
 Encontra-se em: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à fome. Secretária Nacional de 
Assistência Social. Guia de Orientação Técnica - SUAS Nº 1. Proteção Social Básica de Assistência 
Social. Brasília, 2005. 
http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/proteçãobasica/cras
http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/suas
31 
 
informem e sensibilizem os seus direitos promovendo o reconhecimento e o 
acesso (MDS, 2009). 
 
O CRAS deve localizar-se em áreas que concentre situações de 
vulnerabilidade e risco social. Portanto, deve ser instalado em locais próximos 
aos usuários possibilitando condições favoráveis para o acesso destas famílias, 
garantindo a prevenção e o fortalecimento de vínculos. Ressaltamos que 
embora seja um equipamento estatal, os respectivos espaços físicos nem 
sempre são de propriedade das prefeituras municipais. Embora a propriedade 
seja um elemento para a execução dos serviços, é possível que a implantação 
de CRAS se dê em possíveis imóveis cedidos ou alugados (MDS, BRASÍLIA, 
2009). 
 
Diante desta explanação é interessante salientarmos que apesar das 
dificuldades enfrentadas pelos municípios na aquisição de imóveis para 
implantação do CRAS, alguns gestores optam por implantá-lo em imóveis 
compartilhados. 
 
O Plano Municipal (ou do DF) de Assistência Social é uma ferramenta 
obrigatória de gestão da Política de Assistência Social nas três esferas de 
governo (BRASÍLIA, 2009). É importante relatarmos que os elementos 
constituintes do plano são: 
 
1) Realização de estudos e diagnósticos da realidade; 
2) Mapeamento e identificação da cobertura da rede prestadora de 
serviços; 
3) Definição de objetivos; 
4) Estabelecimento de diretrizes e prioridades; 
5) Determinação de metas e previsão de custos; 
6) Previsão de fontes de financiamento (recursos municipais, estaduais 
e federais); 
7) Estabelecimento das ações de monitoramento e avaliação 
(BRASÍLIA, 2009). 
 
No entanto, apresenta como desafio conhecer a realidade do município 
e posteriormente passar a atuar nele, desta forma prioriza situações de maior 
vulnerabilidade. É interessante destacarmos que se tenha um levantamento 
32 
 
das unidades da rede socioassistencial para realizar o atendimento de famílias 
que se encontram em uma situação de vulnerabilidade social. 
 
Salientamos que o principal serviço ofertado de forma exclusiva e 
obrigatória pelo CRAS é o (Programa de Atenção Integral à Família – PAIF). O 
mesmo foi criado em 18 de abril de 200413 (portaria nº 78), pelo Ministério do 
Desenvolvimento Social e Combate à Fome – MDS, sendo implantado pelo 
Governo Federal no ano de 2003. 
 
O PAIF14 tem por objetivo garantir o fortalecimento do direito à 
convivência familiar, ao qual consiste em um trabalho de caráter continuado, 
visando garantir o fortalecimento da função protetiva das famílias, ou seja, 
fortalecendo a convivência familiar e comunitária. Portanto, prevenindo a 
ruptura de vínculos familiares, garantindo que estas famílias tenham acesso ao 
serviço e usufrua destes direitos, contribuindo desta forma a uma qualidade na 
melhoria da condição de vida. 
 
Ainda nessa análise, é interessante destacarmos que os municípios são 
caracterizados, de acordo com a PNAS, como pequeno, médio e grande porte. 
A Norma Operacional Básica de Assistência Social 15 (NOB – SUAS)estipulará 
tanto o número mínimo de CRAS quanto a dimensão do território. É 
interessante elencarmos que o campo pesquisado foi o CRAS/Angorá de 
Itaitinga – CE. O CRAS/Angorá não dispõe de nenhum registro histórico acerca 
de sua implantação no município. Portanto, o CRAS é um equipamento que se 
apresenta como pequeno porte II 16. Enquanto em relação aos recursos 
 
13
Encontra-se em: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Secretaria Nacional de 
Assistência Social. Guia de Orientação Técnica – SUAS nº 1. Proteção Social Básica de Assistência 
Social. Brasília, 2005. 
 
14
Disponível em http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/protecaobasica/cras. Acessado em: 
21/10/2013. 
15
Encontra-se em: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Secretaria Nacional de 
Assistência Social. Guia de Orientação Técnica – SUAS nº 1. Proteção Social Básica de Assistência 
Social. Brasília, outubro, 2005. 
16
Disponível 
emhttp://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/patamarcras/patamarcarsboletim.php?pidcras=23062520611&pperio
do=0910&pano=2010. Acessado em 22/10/2013. 
 
http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/protecaobasica/cras
http://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/patamarcras/patamarcarsboletim.php?pidcras=23062520611&pperiodo=0910&pano=2010
http://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/patamarcras/patamarcarsboletim.php?pidcras=23062520611&pperiodo=0910&pano=2010
33 
 
humanos, a instituição dispõe de: 03 (três) Técnicos com Ensino Superior, 03 
(três) Técnicos de Nível Médio, 02 (duas) Assistentes Sociais, 01 (um) 
Psicólogo, 02 (dois) Serviços Gerais e 02 (duas) Manipuladoras de Alimentos. 
 
Assim, os bairros atendidos pelo CRAS/Angorá – Itaitinga são: Angorá, 
Vila Machado, Carapió, Parque Genezaré, Riachão, Lage dos Gatos, Ponta da 
Serra, Ocupação, Parque Santo Antônio, Centro e Antônio Miguel. 
 
Tabela 1: total de famílias cadastradas por faixa de renda em Itaitinga 
CAÚNICO Mês Referência 
Famílias Cadastradas 
7.062 
 
05/2013 
Famílias Cadastradas 
com Renda Per Capita 
Mensal de até ½ salário 
mínimo 
 
 
6.561 
 
 
05/2013 
Famílias Cadastradas 
com Renda Per Capita 
Mensal de até R$ 
140,00 
 
4.582 
 
05/2013 
Famílias Cadastradas 
Per Capita Mensal entre 
R$ 70,01 e R$ 140,00 
 
1.855 
 
05/2013 
Famílias Cadastradas 
com Renda Per Capita 
Mensal de até 70,00 
 
 
2.727 
 
 
05/2013 
 Fonte: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome17 (2003) 
 
Assim, como foi abordado anteriormente o Cadúnico identificará as 
famílias de baixa renda, entendidas como aquelas que têm renda mensal de 
 
17
 Disponível em htpp:www.aplicacoes.mds.gov.br/sagi/RIV3/geral/relatório.php#informações 
sociodemográficas. Acesso em: 27/10/2013. 
34 
 
até meio salário mínimo por pessoa ou renda mensal total de até três salários 
mínimos. 
 
Tabela 2: tipos de benefícios em Itaitinga 
TIPO DE BENEFÍCIOS EM ITAITINGA 
Benefício Básico 3.588 08/2013 
Benefícios Variáveis 6.275 08/2013 
Benefício Variável 
Jovem - BVJ 
 
 890 
 
 08/2013 
Benefício Variável Nutriz 
– BVN 
 
6 
 
08/2013 
Benefício Variável 
Gestante - BVG 
 
95 
 
08/2013 
Benefício de Superação 
da Extrema Pobreza – 
BSP 
 
823 
 
08/2013 
Fonte: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome18, (2013) 
 
Salientamos que as ações desenvolvidas no CRAS/Angorá são: Visitas 
domiciliares; Palestras voltadas à comunidade ou à família, seus membros e 
indivíduos; Realizam os encaminhamentos e os acompanhamentos dessas 
famílias. Diante disso, os serviços ofertados no CRAS/Angorá são: Serviço de 
Proteção e Atendimento Integral à Família – PAIF. Portanto, como foi 
explanado anteriormente o PAIF apresenta como objetivos: 
1) Fortalecer a função protetiva da família, contribuindo na melhoria da 
sua qualidade de vida; 
2) Prevenir a ruptura dos vínculos familiares e comunitários, 
possibilitando a superação de situações de fragilidade social 
vivenciadas; 
3) Promover aquisições sociais e materiais às famílias, potencializando 
o protagonismo e a autonomia das famílias e comunidades; 
 
 
18
 Disponível em htpp:www.aplicacoes.mds.gov.br/sagi/RIV3/geral/relatório.php#informações 
sociodemográficas. Acesso em: 27/10/2013. 
 
35 
 
4) Promover acessos a benefícios, Programas de Transferência de 
Renda e serviços socioassistencias, contribuindo para a inserção das 
famílias na rede de Proteção Social de Assistência Social; 
5) Promover acesso aos demais serviços setoriais, contribuindo para o 
usufruto de direitos; 
6) Apoiar famílias que possuem, dentre seus membros, indivíduos que 
necessitam de cuidados, por meio da promoção de espaços coletivos 
de escuta e troca de vivências familiares (TIPIFICAÇÃO NACIONAL 
DE SERVIÇOS SOCIOASSISTENCIAIS, 2009). 
 
Portanto, o PAIF é um serviço obrigatório no CRAS que apresenta como 
ações: acolhida, oficina com famílias, ações comunitárias, ações 
particularizadas, encaminhamentos, busca ativa e outros. Inclusive outro 
serviço ofertado no CRAS/Angorá é o Serviço de Convivência e o 
Fortalecimento de Vínculos. Este Serviço apresenta como objetivo principal a 
prevenção de ocorrência de situações de risco social. 
 
O PAIF apresenta caráter preventivo e proativo, objetivando garantir a 
defesa e a efetivação dos direitos, visa alcançar alternativas emancipatórias 
para o enfrentamento da vulnerabilidade social das famílias que se encontram 
na situação de pobreza. O serviço é voltado para crianças até 6 anos 
incompletos; Crianças de 6 anos até adolescentes de 15 anos incompletos; 
Adolescente de 15 anos até 17 anos e Grupos de idosos com idade de 60 
anos ou mais. (Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais, 2009). 
 
É importante relatarmos outras atividades realizadas no CRAS/Angorá 
são: O Projovem Adolescente, sendo um Programa Nacional de Inclusão de 
Jovens. Diante disso, os adolescentes participam de atividades artísticas, de 
integração, culturais, visando uma melhoria na convivência familiar. Os 
adolescentes participantes devem fazer parte da família beneficiária do 
Programa Bolsa Família ou com uma família com perfil de renda do programa 
que esteja inscrita no Cadastro Único, e necessitam ter entre 15 e 17 anos. 
 
Vale destacar a garantia de benefícios eventuais que são ofertados pelo 
Centro de Referência de Assistência Social – CRAS. Dentre eles: Auxílio 
Funeral, este benefício é solicitado no CRAS, por familiares ou algum 
responsável familiar. Se o óbito acontecer em casa, a solicitação deve ser 
realizada no Serviço de Verificação de Óbito (SVO). Entretanto, se a causa 
36 
 
desse óbito não for natural, ou seja, causada por violência ou por acidentes, a 
solicitação deverá ser realizada no Instituto Médico Legal (IML); Auxílio 
Natalidade é a concessão de alguns itens de enxoval para a família com 
recém-nascido. Portanto, a gestante que se encontra em uma situação de 
vulnerabilidade social deverá realizar a solicitação no CRAS, logo após deverá 
ser realizada uma visita domiciliar, diante disso é assegurada sua inserção no 
acompanhamento socioassistencial no CRAS; Cesta Básica é concedida às 
famílias que se encontram em uma situação de pobreza. Este benefício é 
garantido no CRAS e só pode ser concedido após a visita domiciliar para 
avaliação social daquela família. 
 
Nas observações realizadas em campo, percebemos que as famílias do 
PBF que são atendidas no CRAS Angorá de Itaitinga, procuram a instituição 
somente quando é estritamente necessário, ou seja, para solicitar um benefício 
eventual da Cesta Básica, ou quando vai solicitar informações acerca de como 
integrar um novo membro familiar ao Bolsa Família. Das sete entrevistadas, 
quando indagadas acerca se as mesmas participam deatividades no CRAS 
Angorá de Itaitinga, todas alegaram que não participam e que seus filhos 
também não participam, em decorrência de os mesmos não buscam participar 
por livre e espontânea vontade. Diante disso, percebe-se que essas famílias 
não são muitas assíduas no CRAS, e uma das dificuldades enfrentadas pelo 
CRAS Angorá é fazer com que essas famílias que tem acesso ao programa, 
participem das atividades desenvolvidas na instituição. Sendo que a maioria 
das entrevistadas alegaram falta de tempo, em decorrência que sua vida é 
muito corrida, enfrentam uma jornada de trabalho intensa, são consideradas 
chefes de família e responsáveis para resolver todos os problemas que venha 
a surgir em seu âmbito familiar e dentre outros. 
 
 
 
 
 
37 
 
1.4 PERFIL DAS ENTREVISTADAS 
 
Como salientamos anteriormente na construção do processo 
metodológico desta investigação, realizamos uma pesquisa de campo visando 
coletar dados sobre as condições de vida das famílias que acessam o 
Programa Bolsa Família. Foram entrevistadas sete usuárias do Programa 
Bolsa Família, sendo que todas elas são as representantes legais do 
Programa. Utilizei entrevistada nº 1, 2, 3 e assim sucessivamente para 
identificá-las. Apresento logo abaixo, seus perfis. 
 
ENTREVISTADA Nº 1: 20 anos, autodenomina-se parda, solteira, tem 2 filhos, 
mora em Itaitinga – CE no bairro Angorá, mora em imóvel alugado, estudou até 
a 6º série no ensino fundamental incompleto, é contratada pela prefeitura de 
Itaitinga como cozinheira. A renda familiar é em média um salário mínimo. 
Antes e depois de receber o benefício não freqüentava e continua não 
freqüentando nenhum espaço na área de lazer com seus filhos. 
 
Antes e depois de receber o Bolsa Família a mesma relatou que 
trabalhava lavando roupa para “fora” e como surgiu a oportunidade de trabalhar 
como cozinheira na prefeitura de Itaitinga, proporcionou uma condição melhor. 
A entrevistada nº 1, define o Programa Bolsa Família como um benefício que 
trouxe melhorias em sua vida proporcionando a condição de garantir a 
complementação da sua renda. É a titular responsável do Bolsa Família, 
recebe o benefício há 4 anos, até a data da entrevista o benefício estava em 
situação liberado, atualmente está recebendo o valor de R$ 158,00. 
 
ENTREVISTADA Nº 2: 29 anos, autodenomina-se parda, solteira, tem apenas 
uma única filha, mora em Itaitinga -CE no bairro Centro, mora em imóvel 
próprio com sua filha e sua mãe. Estudou até a 8º série possui nível 
fundamental completo, trabalha na prefeitura de Itaitinga, sua função é serviços 
gerais. A renda familiar é em média a dois salários mínimos. Antes de receber 
o benefício freqüentava alguns espaços na área do lar em Fortaleza, após o 
recebimento permanece freqüentando a praia, parques temáticos, cinema, 
38 
 
entretanto quando se tem recurso e tempo disponível. Sua vida antes do 
benefício era relativamente “boa”, de acordo com suas palavras, e após passar 
a receber o benefício melhorou um pouco mais. 
 
A entrevistada nº 2 define o Bolsa Família como um recurso proveniente 
do Governo, destinado as famílias que recebem até a dois salários mínimos 
para auxiliar nas despesas de casa e melhorar as condições de vida, 
principalmente daquelas famílias que mais necessitam. É a responsável 
familiar referente do Programa Bolsa Família, recebe o benefício há 4 anos, até 
a data da entrevista o benefício estava em situação liberado, atualmente está 
recebendo no valor de R$ 60,00. 
 
ENTREVISTADA Nº 3: 32 anos, autodenomina-se Branca, solteira, tem 3 
filhos, mora em Itaitinga – CE no bairro Angorá, mora em imóvel próprio, 
estudou até a 5 série do ensino fundamental incompleto, é contratada pela 
prefeitura de Itaitinga como cozinheira. A renda familiar é em média a dois 
salários mínimos. Antes e depois de receber o Bolsa Família freqüentava e 
continua frequentando espaços na área do lazer como praia, uma vez por mês 
com seus filhos. 
 
Antes e depois de receber o Bolsa Família a mesma relatou que sempre 
trabalhou lavando roupas para fora, além de se dona do lar. A entrevistada nº 3 
define o Programa Bolsa como um benefício que trouxe tranqüilidade e 
melhorias em sua família. É a titular responsável do Bolsa Família , recebe o 
benefício há 4 anos, até a data da entrevista o benefício estava em situação 
liberado, atualmente está recebendo o valor de R$ 230,00. 
 
ENTREVISTADA Nº 4: 33 anos, autodenomina-se Branca, casada, tem 3 
filhos, mora em Itaitinga – CE no bairro Carapió, mora em imóvel alugado, 
estudou até a 4 série do ensino fundamental incompleto, não trabalha a não ser 
em casa. A renda familiar é em média a um salário mínimo. Antes e depois de 
receber o Bolsa Família não freqüentava nenhuma área do lazer. 
Antes e depois de receber o Bolsa Família a mesma relatou que sempre 
trabalhou como dona do lar. A entrevistada nº IV define o Programa Bolsa 
39 
 
como um benefício que proporcionou e proporciona uma condição mais digna. 
É a titular responsável do Bolsa Família , recebe o benefício há 7 anos, até a 
data da entrevista o benefício estava em situação liberado, atualmente está 
recebendo o valor de R$ 130,00. 
 
ENTREVISTADANº5: 35 anos, autodenomina-se parda, viúva, tem 4 filhos, 
mora em Itaitinga – CE no bairro angorá mora em imóvel próprio, estudou até a 
5º série possui nível fundamental incompleto, além de ser dona do lar, trabalha 
fazendo faxina nas casas de famílias. A renda familiar é em média a um salário 
mínimo. Antes e depois de receber o Bolsa Família não tinha costume e nem 
freqüentar espaços na área do lazer, em decorrência de ter pouco recurso para 
investir em espaços na área do lazer com seus filhos. 
 
Antes e depois de receber o Bolsa Família a mesma relatou que sempre 
trabalhou como faxineira nas casas de famílias para garantir o sustento de sua 
família. A entrevistada nº 4 define o Programa Bolsa como um benefício que 
trouxe muitas melhorias em sua vida, até porque segunda a mesma é 
responsável para garantir a sustentabilidade de sua família. É a titular 
responsável do Bolsa Família , recebe o benefício há 6 anos, até a data da 
entrevista o benefício estava em situação liberado, atualmente está recebendo 
o valor de R$ 198,00. 
 
ENTREVISTADA Nº 6: 40 anos, autodenomina-se parda, separada, tem três 
filhos, mora em Itaitinga –CE, no bairro Centro com seus filhos em domicilio 
alugado. Estudou até a 5º série possui nível fundamental incompleto, já 
trabalhou como faxineira em casas de famílias em Fortaleza- CE para 
complementar a renda da família. Atualmente, a mesma trabalha como 
ajudante de cozinha. A renda familiar é em média a um salário mínimo, mais o 
recurso proveniente do Bolsa Família. Antes de receber o programa não 
frequentava nenhuma área do lazer, e após passar a recebê-lo passou a 
frequentar a parque, circo que aparecia no município, entretanto quando o 
dinheiro permitia levava seus filhos. 
 
40 
 
Antes e depois de receber o Bolsa Família a mesma relatou que 
trabalhava como faxineira nas casas de famílias para garantir sustento dos 
filhos. Antes do programa era difícil, logo após passar a receber o PBF 
melhorou consideravelmente. Mas atualmente trabalha como ajudante de 
cozinha em uma empresa. A entrevistada nº 5 afirma que recebe o benefício 
faz 7 anos, sua vida antes de receber o PBF era muito difícil, porque passava 
por algumas necessidades. A entrevistada define o PBF como uma renda que 
o governo disponibiliza, portanto é uma renda extra que a ajudar nas despesas 
de casa. A mesma utiliza esse recurso proveniente do benefício na compra de 
alimentos e quando possível na compra de vestimenta. Segunda a mesma 
acredita que o Bolsa Família tem contribuído para garantir uma renda extra e 
uma condição melhor de vida (condições melhores) para a família. 
 
É a única responsável para organizar, sustentar,educar e gerir sua casa 
e a vida de seus filhos, até a data da entrevista o benefício estava em uma 
situação liberado, atualmente está recebendo o valor de R$ 130,00. Diante 
disso, a mesma assume uma dupla jornada de trabalho, porque além de ser 
“dona do lar”, trabalha fora de casa e cuida dos filhos. 
 
ENTREVISTADA Nº 7: 53 anos, autodenomina-se branca, separada, tem duas 
filhas, mora em Itaitinga - CE no bairro Angorá mora em imóvel alugado com 
suas filhas. Estudou até a 2º série possui nível fundamental incompleto, é 
autônoma, trabalha vendendo produtos da Avon. A renda familiar é em média a 
um salário mínimo. Antes e depois de receber o bolsa família não freqüentava 
e nem freqüenta espaços na área de lazer em decorrência de não ter recursos 
financeiros suficiente. Antes e depois do recebimento do bolsa família a mesma 
relatou que sempre trabalhou como autônoma para garantir a sustentabilidade 
de sua família. 
 
A entrevistada define o Programa Bolsa Família como um benefício que 
veio para “ajudar sua família”, proporcionando uma qualidade de vida melhor e 
satisfatória. É a titular responsável do Bolsa Família, recebe o benefício há 5 
anos, até a data da entrevista o benefício estava em situação liberado, 
atualmente está recebendo no valor de R$ 102,00. 
41 
 
Esse foi o perfil traçado dos usuários entrevistados do PBF, tendo como 
representante legal a mulher, porque geralmente o titular do benefício são as 
mulheres, que em sua grande maioria são as responsáveis por gerenciá-los. 
 
Vale destacarmos que essas entrevistas nos possibilitaram identificar 
que o público alvo pesquisado trata-se das mulheres, como foi citado 
anteriormente, em uma idade adulta, apresentando como faixa etária entre 20 a 
53 anos de idade. 
 
Um dado interessante a destacar que três das entrevistadas afirmam ser 
solteiras, assumindo todas as responsabilidades de educar, criar e garantir o 
sustento de seus filhos, duas afirmam ser separada, uma viúva, entrevistada 
nº5, e apenas uma, entrevistada nº 4 afirmou ser casada. Dentre as setes 
entrevistadas, somente três possuem imóvel próprio, entrevistada nº 2, 3, 5, e 
as demais possuem imóvel alugado. 
 
Percebe-se que a maioria das entrevistadas reside no bairro Angorá no 
município de Itaitinga, apenas duas entrevistadas nº 2, 6 residem no centro de 
Itaitinga, e uma única reside no Carapió entrevistada nº 4 e que possui em sua 
grande maioria uma renda familiar de um salário mínimo, duas alegaram 
receber até dois salários mínimos, as entrevistadas nº 2, 3. 
 
A maioria das entrevistadas já exerceu atividades profissionais como 
autônomas e quando entrevistadas a maioria alegou está trabalhando, apenas 
a entrevistada nº 4 afirmou não trabalhar, porém trabalha com os afazeres 
domésticos. Apenas uma possui carteira assinada a entrevistada nº 6. A 
maioria das entrevistadas informou que o dinheiro advindo do trabalho garante 
a complementação da renda familiar, pois apesar de receberem o benefício, a 
renda não é suficiente para garantir o sustento da família. 
 
Em relação ao grau de instrução, das sete entrevistadas, apenas uma 
entrevistada nº 2 cursou o ensino fundamental completo, enquanto as seis 
possuem ensino fundamental incompleto. Quando indagadas se o PBF tem 
contribuído para melhorar sua condição de sustentabilidade, todas afirmaram 
42 
 
que este programa tem contribuindo para garantir uma condição de vida 
melhor, além de ser um recurso financeiro que garante complementar a renda 
familiar, possibilita também o acesso de compra, ou seja, garante que as 
mesmas passem a consumirem com mais frequência e concomitantemente 
possibilita que esse dinheiro circule no próprio bairro, gerando o poder de 
consumo. Apesar de alegarem em suas afirmações que o Bolsa Família, é um 
benefício que trouxe melhorias em suas vidas, percebe-se que não é suficiente, 
porque ainda continuam numa situação de privações e necessidades. 
 
Como podemos observar, das sete entrevistadas, quando indagadas se 
antes de receber o PBF quais espaços de lazer frequentavam e após passar a 
recebê-lo que espaços passaram a frequentar, a maioria afirmou que tanto 
antes quanto depois do recebimento do Bolsa Família não costumavam 
frequentar nenhum espaço de lazer e nem frequenta na atualidade, embora 
uma entrevistada nº 2 relatou que antes de receber o benefício a situação era 
difícil, mas após passar a recebê-lo, passou a frequentar pelo menos uma vez 
por mês, cinema, praia e parques temático. 
 
Observa-se nas análises das entrevistadas que elas são consideradas 
as titulares responsáveis por receber e gerenciar o Bolsa Família, e três 
entrevistadas recebem o benefício há 4 anos, duas entrevistadas nº 4, 6 recebe 
faz 7 anos e somente a entrevistada nº7 recebe 5 anos e a entrevistada nº 5 
recebe o benefício faz 6 anos, e todas apresentaram até a data da entrevista o 
benefício liberado. 
 
Diante das análises acerca da contribuição desse benefício na vida das 
entrevistadas, podemos perceber que o Bolsa Família é um benefício que 
garante um impacto significativo em suas vidas, tanto no âmbito social e 
econômico. Embora veja o PBF apenas como um recurso financeiro, que 
possibilita uma renda extra para complementar a renda. Podemos perceber 
também através de seus relatos que esse recurso proveniente do Governo 
Federal não é suficiente para garantir uma qualidade de vida saudável, em 
decorrência de que ainda passam por necessidades e privações no seu 
cotidiano. 
43 
 
A partir das análises apresentada logo acima, apresentamos a questão 
que será problematizada no próximo capítulo onde inicialmente abordaremos a 
categoria Assistência Social no cenário atual, contemplando suas diretrizes e 
normatizações, discutiremos também a categoria família, apresentando suas 
novas configurações. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
44 
 
2. ASSISTÊNCIA SOCIAL E FAMÍLIA 
 
 
2.1 ASSISTÊNCIA SOCIAL NO CENÁRIO ATUAL 
 
Para compreender a trajetória da Política de Assistência Social no Brasil, 
é necessário realizarmos um breve resgate histórico da referida política. Assim, 
a Assistência Social no Brasil teve sua origem em ações e práticas, 
desenvolvidas pela Igreja Católica. Portanto, suas ações e práticas eram 
baseadas na caridade e filantropia, ou seja, sendo considerada uma prática 
antiga da humanidade. (MESTRINE, 2008). 
 
É importante relatarmos que a Constituição Federal - CF de 1988 é 
considerada um marco histórico no que diz respeito ao reconhecimento dos 
direitos sociais, ainda mais quando se trata da área da Assistência Social, pois 
por um longo período essa política foi considerada e reconhecida como uma 
assistência aos necessitados que precisavam de ajuda e apoio. 
 
Portanto, essa ajuda e apoio pautavam-se na solidariedade, na caridade 
e na benemerência, inclusive sendo historicamente o direito à assistência 
social que estava interligada ao apelo e à benevolência das pessoas que se 
intitulavam almas caridosas, ou seja, pessoas caridosas. 
 
Na década de 1930, a pobreza ainda era tratada como uma refração da 
questão social emergente da contradição capitalista sendo tratada como “caso 
de polícia”, no qual o atendimento era realizado através dos aparelhos 
coercitivos do Estado, já que a pobreza era tratada como uma situação 
individual e não coletiva, ou seja, era uma disfunção individual. Portanto, se o 
indivíduo estava naquela situação de pobreza não era em decorrência do 
Estado e sim em decorrência do próprio indivíduo que não estava buscando 
alternativas, meios de conseguir se reestruturar financeiramente, e 
posteriormente sair daquela situação de pobreza. 
45 
 
Como foi citado anteriormente, a Política de Assistência Social, no 
cenário nacional apresenta em sua trajetória histórica práticas baseadas na 
filantropia, no assistencialismo, na caridade,

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