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Luis Eliam - Médico Veterinário - 2019 Meu nome é Luis Eliam Pereira. Me formei na Universidade Federal de Goiás no ano de 2014. Logo após a formatura comecei a trabalhar em plantões noturnos como a maioria dos veterinários recém-formados. Embora estivesse empolgado com o início da vida profissional encontrava as grandes dificuldades de um recém formado e, diferente do que imaginava, o conhecimento adquirido na faculdade não era o suficiente. Então, logo percebi que o fim da faculdade era apenas o início do desenvolvimento profissional e decidi iniciar um curso de pós-graduação com objetivo de aumentar minha profissional e decidi iniciar um curso de pós-graduação com objetivo de aumentar minha capacidade profissional. Foi assim que optei pela pós-graduação em clínica médica e cirúrgica de felinos. A minha escolha teve dois motivos principais: o primeiro é o fato de que a faculdade foi mais focada em cães não dando boa base na clínica de felinos. Segundo, pelo fato de perceber que os veterinários em geral (eu me incluía nisso), não gostavam de atender gatos, e o principal motivo era a dificuldade relacionada ao manejo da espécie. Além da pós-graduação foquei grande parte do meu tempo em cursos de desenvolvimento profissional na área de clínica médica de felinos. A medida que meu conhecimento na área crescia a quantidade de atendimentos também crescia, realizando além de atendimentos na clínica veterinária, atendimentos a domicílio. Eu via cada vez mais, a importância de um médico especializado na área. Com isso, antes de finalizar a pós-graduação quase a totalidade dos meus atendimentos já se tratavam de gatos, sendo hoje, 100% dos atendimentos clínicos realizados por mim. Um pouco sobre minha história Luis Eliam - Médico Veterinário - 2019 Com o início da carreira como pós-graduado em medicina felina logo comecei a ser chamado por colegas de clínicas parceiras para realizar atendimentos e acompanhar diversos veterinários que tinham dificuldade na área. Certo dia fui chamado para realizar uma desobstrução uretral em um felino que estava obstruído a cerca de 48 horas. Ao chegar no local me deparei com um paciente extremamente descompensado e sem condição alguma de passar pelo processo de desobstrução.desobstrução. Ao perguntar o veterinário responsável sobre os parâmetros do paciente como, frequência cardíaca, estado de consciência temperatura e pressão, o mesmo soube me informar apenas a temperatura. Perguntei então sobre a hemogasometria do paciente e a resposta foi: “Este exame não é necessário. Nunca fizemos isso aqui e sempre deu certo, muito raro dar problema”. Após esse episódio eu comecei a questionar vários colegas formados, recém-formados e estudantes sobre as alterações físicas e metabólicas de animais com tal processo patológico. Foi então que percebi que a maior parte dos questionados conheciam apenas a Foi então que percebi que a maior parte dos questionados conheciam apenas a hipercalemia e azotemia como alterações metabólicas presentes nesses animais, e que tratavam gatos em processos obstrutivos apenas com a manobra de desobstrução sem qualquer tipo de estabilização prévia. Muitas vezes, eles não conheciam nem mesmo as possíveis complicações que poderiam existir. Mas isso não acontecia por mal, era simplesmente porque as pessoas não sabiam o processo patológico em sua totalidade. Foi então que pensei: “Porque não compartilhar o conhecimento com os colegas e estudantes interessados?”compartilhar o conhecimento com os colegas e estudantes interessados?” Aproveito esse trecho para agradecer o Médico veterinário e anestesista Rafael Amanso da Conceição pela contribuição neste trabalho escrevendo o tópico “manejo da dor “. De onde surgiu a ideia para este e-book? Luis Eliam - Médico Veterinário - 2019 O objetivo desse trabalho é resumir, com base na literatura e minhas experiências pessoais , os principais fatores relacionados ao processo obstrutivo felino, sendo assim um material de rápido acesso para profissionais com pacientes em atendimento clínico que tenha alguma dúvida em algum dos passos do tratamento da patologia (os passos serão discutidos no decorrer do material). O material também tem como objetivo ser um guia para estudantes e veterinários ampliarem os conhecimentos relacionados a uma patologia tão comum na medicina felina.ampliarem os conhecimentos relacionados a uma patologia tão comum na medicina felina. O objetivo deste material Luis Eliam - Médico Veterinário - 2019 O material deve ser utilizado para um rápido acesso às principais informações necessárias para a estabilização, desobstrução e monitorização de um felino em processo obstrutivo. Embora as informações presentes aqui estejam com embasamento científico, em alguns momentos, a minha opinião baseado em minha experiência clínica e cirúrgica será levada em consideração. Após ler esse material você irá pegar os principais pontos que não sabia ou sabia superficialmente, anotar em um papel e se comprometer a estudar mais sobre aqueles assuntos. As principais tabelas devem ser impressas e colocas em um local de fácil visualização evitando a necessidade de ligar o computador para acessar o arquivo. Não guarde o conhecimento só para você. Após ler este material passe para um colega que necessite. Se precisar de mim para um treinamento da sua equipe, fique à vontade para entrar em contato. Estou à disposição. Lembre-se, esse material é apenas um resumo sobre alguns fatores principais e não dispensa um estudo completo sobre o assunto. Desenvolva sua habilidade e a de sua equipe através de treinamentos e cursos. Falaremos mais disso na conclusão. Agora, pegue seu celular, entre no instagram e siga a página @dr_luis_medicina_felina. Lá estou constantemente postando novidades, vídeos e respondendo perguntas. Por fim, mande uma resposta com feedback dizendo o que achou do material. Sua opinião é muito importante. Diga também qual o assunto que você tem dúvida para o próximo trabalho. BOA LEITURA Como devo utilizar esse material? Luis Eliam - Médico Veterinário - 2019 A obstrução uretral é de grande importância na clínica médica de felinos sendo responsável por grande parte dos atendimentos relacionados a espécie em clínicas veterinárias e consultórios ⁵ ¹⁴ representando cerca de 10% dos atendimentos totais relacionados a espécie em hospitais escolas.¹² O processo obstrutivo em felinos é considerado uma emergência clínica, sendo que gatos com mais de 36 horas de obstrução são considerados gravemente enfermos⁷. Cerca de 12% desses animais chegam ao atendimento em estado crítico ⁷ ⁸ desses animais chegam ao atendimento em estado crítico ⁷ ⁸ A falta de preparo e conhecimento de alguns profissionais levam a realização de procedimentos com técnicas ou materiais inadequados, causando possíveis complicações, como lesão e ruptura uretral¹². Alguns assuntos como escolha do tipo de fluido, realização de cistocentese, fixação de uma sonda de espera ou até uso de antibióticos são alguns dos temas que ainda hoje geram polémica entre profissionais.⁶ O tratamento incorreto do processo obstrutivo ou da sua causa de base é responsável por grande parte das reincidências obstrutivas, o que podem levar a frustrações por parte do grande parte das reincidências obstrutivas, o que podem levar a frustrações por parte do proprietário e do profissional⁹. Para melhor entendimento do conteúdo, o tratamento de um animal em processo obstrutivo foi dividido em quatro partes: estabilização, anestesia, desobstrução e monitorização O objetivo deste guia é, através de tabelas e esquemas, ser um meio rápido de acesso as esquemas, ser um meio rápido de acesso as principais informações necessárias para o tratamento de um felino em processo obstrutivo. Introducao-- Luis Eliam- Médico Veterinário - 2019 Antes de começarmos queria que você entendesse, primeiramente, os três tipos diferentes de obstrução que podem ocorrer ( tabela 1). Em felinos, as do tipo intramurais são as mais frequentes⁴. As obstruções funcionais são extremamente comuns em gatos pós processos obstrutivos devido hiperdistensão e perda da tonicidade do músculo detrusor da bexiga¹⁰. Tipos de obstrucao-- -Tampões uretrais -Coágulos -Urólitos -Neoplasias Mural ou Extramural Fator obstrutivo localizado fora do lúmen uretral -Estenose uretral -Fibrose -Neoplasia prostática (pouco frequente) Funcional Incapacidade de eliminação da urina sem a presença de obstrução mecânica -Após processos obstrutivos -Lesões em coluna lombar ou sacral Tabela 1: Classificação do tipo de processo obstrutivo. ⁴ Intramural Fator obstrutivo localizado no interior do lúmen uretral Luis Eliam - Médico Veterinário - 2019 A estabilização é uma parte primordial do tratamento do processo obstrutivo felino. Na minha opinião é importante que o clínico, ao diagnosticar o paciente em tal processo patológico, já saiba de imediato as possíveis consequências físicas e metabólicas causadas pelo processo. Na tabela abaixo estão as principais alterações presentes nesses pacientes assim como o tratamento para presentes nesses pacientes assim como o tratamento para cada alteração. 1) Estabilizacao - Administrar -50-100mg/kg/IV de gluconato de cálcio em 2-5 minutos (antagoniza efeito tóxico do potássio) - Insulina Regular 0,1-0,25 UI/kg +glicose 50% 0,5g/kg Infusão lenta e diluído.lenta e diluído. - Cistocentese - Liberação do fluxo urinário e excreção renal. Acidose metabólica -Incapacidade de excretar íons H+ Hipocalcemia -Hiperfosfatamia -Ligação entre fosfato e cálcio ionizado - Administrar -50-100mg/kg/IV de gluconato de cálcio em 2-5 minutos Azotemia -Incapacidade de excretar ureia e creatinina -Fluidoterapia endovenosa -Liberação do fluxo urinário -Cistocentese de alivio Tabela 2: Principais alterações em felinos obstruídos e tratamento. ¹² ¹⁴ ¹⁵ Hipercalemia Incapacidade de excretar íons K+ Luis Eliam - Médico Veterinário - 2019 ,, Luis Eliam - Médico Veterinário - 2019 Hipotensão -Vômito -Hipodipsia -Colapso cardiovascular -Considerar provas de carga para rápida correção da hipovolemia -Fluidoterapia endovenosa com solução ideal (item D) Hipotermia -Bradicardia -Hipotensão -Colapso cardiovascular Dor -Distensão vesical -Inflamação vesical -Aquecimento externo com recuperação simultânea da volemia e evitando extremidades -Solução endovenosa aquecida -Lavagem gástrica com solução aquecida -Cistocentese de alívio -Medicação (ver tabela 3) -Liberação do fluxo Lembre-se que a tabela é apenas um resumo, sendo o entendimento de cada alteração, de extrema importância para o seu atendimento de excelência. E aí? Quais dessas informações você já sabia? Quais você precisa estudar mais? Importante Luis Eliam - Médico Veterinário - 2019 Caso a hemogasometria não seja uma opção o eletrocardiograma pode ser utilizado para identificar as alterações elétricas geradas pela hipercalemia. Qual seu nível de conhecimento sobre eletrocardiograma? Que tal desenvolver um pouco mais esse conteúdo? Importante A) HEMOGASOMETRIA A hemogasometria é um exame bastante importante em animais com processo obstrutivo, uma vez que fornece informações sobre fatores metabólicos como pH sanguíneo, cálcio ionizável e potássio. Entretanto não é um exame realizado em todas as clínicas veterinárias. Caso você não tenha o aparelho à disposição, eu recomendo que você faça uma parceria com algum laboratório ou clínica que realize o exame. Isso trará excelência ao seu tratamento. Entretanto, é importante que todo o protocolo correto de coleta e armazenamento para transporte da amostra seja realizado, para se obter um resultado fidedigno. Com o resultado em mãos, a correção dos fatores alterados deve ser feita imediatamente, caso seja necessário. É importante enfatizar que todas as alterações descritas são importantes, entretanto, a hipercalemia e a alteração metabólica mais importante relacionada a este processo⁶ ⁹. , Luis Eliam - Médico Veterinário - 2019 B) TRATAMENTO DE DOR É grande o desafio de tratar a dor em gatos, não somente pela escassez de medicamentos com autorização comprovada, mas pela dificuldade em reconhecer a dor¹⁰ ¹¹. Além disso, os felinos têm um catabolismo peculiar, quando comparado aos cães, sobretudo quando se trata de metabolização de compostos lipossolúveis, que compõem a grande maioria empregada na rotina médico veterinária atual¹³. Assim sendo, se faz necessário que o profissional conheça os grupos farmacológicos e suas respectivas farmacocinéticas, objetivando inibir o efeito álgico subsequente à instalação suas respectivas farmacocinéticas, objetivando inibir o efeito álgico subsequente à instalação do quadro de uropatia, assim como, minimizar os efeitos adversos inatos ao uso dos analgésicos. Portanto, segue abaixo, algumas informações referentes aos fármacos e suas respectivas repercussões no tratamento da dor em gatos. , Luis Eliam - Médico Veterinário - 2019 Tabela 3: Principais medicações analgésicas utilizadas. ¹ ¹⁰ ¹¹ ¹³ ¹⁵ Tramadol 1-4 mg/kg IV, IM ou SC A cada 6-8 horas -Baixa incidência de efeitos adversos em gatos -Metabólito ativo Butorfanol 0,2-0,5 mg/kg IV, IM A Cada 1-2 horas -Ação leve a moderada apenas em dores viscerais Fentanil 1-4 mcgkg IV 15-30 min duração -Efeito de curta duração -Bradicardia e hipotensão Metadona 0,05- 0,6 mg/kg IV, IM ou SC Cada 4-6 horas -Ação antagônica em repectores NMDA Meperidina 1-5 mg/kg IV, IM ou SC Cada 4-6 horas -Grande sedação se utilizada por via IV Morfina 0,05-0,3 mg/kg IV, IM ou SC Cada 4-8 horas -Via SC leva 45-60 minutos para iniciar o efeito. -Não possuem metabólito ativo após administração IM. -Êmese-Êmese Meloxicam 0,05-0,2 mg/kg IV, SC Cada 24 horas -Metabolismo oxidativo -Não indicado antes do reestabelecimento do fluxo urinário Dipirona 12,5mg/kg IV, SC, IM Cada 12-24 horas -Tratamento dor leve a moderada relacionada a espasmos de musculatura lisa ou cólica envolvendo trato urinário, gastrointestinal e biliae biliar. ,,,, Luis Eliam - Médico Veterinário - 2019 C) CISTOCENTESE A cistocentese deve sempre ser levada em consideração, não apenas para o alívio da dor, mas também para restabelecer o fluxo urinário imediato. O procedimento possui várias vantagens, como, obtenção de uma urina estéril para cultura e antibiograma e aliviar a pressão do volume de urina sobre o fator causador da obstrução facilitando assim a passagem do cateter uretral ⁶ ¹⁴. A cistocentese em felinos obstruídos ainda é motivo de muita discussão entre veterinários. Muitos profissionais optam por não realizar a técnica por medo de uma possível ruptura Muitos profissionais optam por não realizar a técnica por medo de uma possível ruptura vesical com consequente uroperitonio, embora vários estudos já demonstraram que essa complicação é extremamente incomum, e associado a habilidade de quem realiza a técnica⁶ . Embora seja uma complicação rara é importante que o veterinário esteja preparado para uma possível intervenção cirúrgica caso necessário ⁶ ¹². , Se você tem dúvida, é interessante que revise os mecanismos de metabolização no paciente. Não basta saber a posologia. É indispensável conhecer os mecanismos das reações de fase 1 (oxidação, redução e hidrolítica) e de fase 2 (conjugação). Precisa-se entender o momento de usar um medicamento e quando énecessário cautela em sua utilização, porque para um paciente obstruído e em condição clínica grave, um erro pode acelerar um obstruído e em condição clínica grave, um erro pode acelerar um desfecho negativo. Importante , Luis Eliam - Médico Veterinário - 2019 D) FLUIDOTERAPIA A escolha da solução utilizada para fluidoterapia é outro fator bastante controverso neste assunto. Muitos profissionais ainda hoje evitam usar soluções de ringer com lactato devido a presença de potássio, entretanto, já é comprovado que, a quantidade de potássio presente nessa solução não é capaz de alterar os níveis séricos desse eletrólito, impossibilitando assim, piora do quadro clínico desses animais mesmo na administração de grandes volumes em pacientes hipercalêmicos.⁸ ¹² Além disso os efeitos alcalinizantes da solução ringer com lactato já se provaram ser efetivos sobre o pH desses animais sendo uma escolha em com lactato já se provaram ser efetivos sobre o pH desses animais sendo uma escolha em pacientes potencialmente acidóticos⁸. Em contrapartida a solução Nacl 0,9% não promove um efeito benéfico sobre a acidez sanguínea⁸. Mas cuidado, alguns autores consideram a hipótese de acidose hipercloremica em administração de grandes volumes dessa solução, podendo agravar o quadro clínico do paciente.⁸ ¹⁴ É importante sempre deixar o proprietário ciente dos riscos antes de realizar uma cistocentese, evitando assim desentendimentos em caso de possíveis complicações. Lembre-se, toda complicação se explicada antes de ocorrer é considerada aceitável, se explicada depois, será considerado desculpa. Importante , , Luis Eliam - Médico Veterinário - 2019 É importante que antes de você chegar neste momento, você já tenha passado cautelosamente pelos itens anteriores. É fundamental que seu paciente esteja estabilizado clinicamente. Todas as informações sobre o seu paciente devem ser passadas para o anestesista antes de iniciar o procedimento. O material necessário para desobstrução está presente na tabela 4. Entenda também que alguns dos materiais utilizados podem variar bastante de acordo com a preferência e experiência de cada profissional logo a tabela abaixo é referente ao material a preferência e experiência de cada profissional logo a tabela abaixo é referente ao material usado por mim na minha rotina clínica. Na minha opinião , informações presentes neste guia não dispensam a necessidade de um anestesista veterinário. Lembre-se estou querendo despertar seu conhecimento para se tornar um profissional de excelência. Quer aprender mais? Vem comigo, que daqui a pouco a gente conversa mais sobre isso. Importante 2) ANESTESIA 3) DESOBSTRUCAO A) Material Luis Eliam - Médico Veterinário - 2019 Tabela 4: Principais equipamentos necessários para desobstrução uretral ⁶ ¹² ¹⁴.,, Cateter uretral de extremidade aberta Gel lubrificante Seringas 1, 5 e 10 ml Luva estéril Pano de campo Catéter de espera Solução salina estéril Sistema fechado de coleta de urina (frasco de soro e equipo estéril) Entre na minha página do instagram. Lá tem um vídeo de como montar um sistema fechado para coleta de urina usando frasco de soro. Lá mostro também como monto meu “kit desobstrução”. Muitos profissionais utilizam cateter endovenoso 24G ou 22G ao invés do cateter uretral de extremidade aberta. Embora funcione na prática, para procedimentos mais simples, sua utilização não tem embasamento científico. Vou te dar uma dica. Como forma de economizar tempo é interessante deixar todos os materiais necessários juntos em algum local específico. Pode ser uma caixa, uma embalagem, ou qualquer outro local. Isso otimiza seu tempo. Monte o seu próprio “kit desobstrução” Importante Luis Eliam - Médico Veterinário - 2019 B) Tipos de cateter Antes de falarmos sobre a técnica propriamente dita é importante que você conheça rapidamente os tipos de cateter uretral existentes. -Rigidez aumenta chances de lesão uretral -Não pode ser usado como sonda de espera Polivinil(PCV) -Menos rígido que polipropileno -Alguns possuem janela lateral para ser usado como espera -Não é bom para desobstrução inicial -Maior dificuldade de penetração uretral. Politetraflorotileno e Poliuretano -São Firmes a temperatura ambiente porem ficam mais maleáveis com o calor do corpo. -Podem ser usados tanto para desobstrução inicial quanto para sonda de espera. Tabela 5: Tipos de cateter uretral utilizados no processo de desobstrução uretral⁶ Polipropileno -Penetra uretra com mais facilidade -Bom para desobstrução inicial E aí? Você sabia que existia essa variedade de tipos de catéter? E vou te contar mais, além do tipo de material ainda existem várias outras alternativas, como por exemplo: com extremidade aberta, com ou sem janela lateral, com ou sem mandril. Tudo isso é importante para você definir qual o seu melhor material para desobstrução. O objetivo é que o tipo de sonda utilizada no tratamento seja escolhido previamente a partir da sua experiência pessoal e não por ser tratamento seja escolhido previamente a partir da sua experiência pessoal e não por ser a única opção disponível no seu local de trabalho. Lembre-se, difunda o conhecimento adquirido nesse trabalho e faça a diferença na sua equipe! Essa é sua oportunidade. Importante Luis Eliam - Médico Veterinário - 2019 C) Técnica de desobstrucao uretral Este é na verdade o momento em que todos estão mais familiarizados. Entretanto acredito que o veterinário que vai desobstruir o paciente agora, não é mais a mesma pessoa que começou a ler este e-book. A partir de hoje quero que você considere uma desobstrução uretral um procedimento cirúrgico, e que antes de realiza-lo tome todas as precauções necessárias. Mãos à obra! Tabela 6: Processo de desobstrução uretral passo a passo¹² ¹⁴ Ampla tricotomia , Antissepsia do local Prepare a área utilizando pano de campo e luva estéril Massageie o pênis eliminando possíveis plugs uretrais Lubrifique devidamente o catéter escolhido anteriormente para ser utilizado no primeiro momento Estenda o pênis até que fique paralelo a coluna. Isso fará com que a uretra fique reta facilitando a colocação do catéter Não faça força no ponto de obstrução com catéter rígido ou qualquer outro tipo de catéter que esteja acoplado a um mandril Acople a seringa ao catéter e realize flush de solução salina estéril. Pode ser acrescentado um pequeno volume de lubrificante estéril a solução usada pra flush. Não se esqueça de homogeneizar a solução Podem ser necessárias várias tentativas A ponta do pênis pode ser ocluída por um auxiliar no momento do flush, aumentando a pressão sobre o fator de obstrução Lembre-se, a cistocentese prévia pode facilitar o processo de desobstrução.desobstrução. Introduza o catéter delicadamente pela uretra em direção ao ponto de obstrução Luis Eliam - Médico Veterinário - 2019 Após a desobstrução ser realizada, a bexiga deve ser enxaguada com solução salina estéril até que o líquido saia relativamente sem sangue ou fragmentos. Para isso retire o catéter inicial e passe um catéter de espera com janela lateral. Fixe o catéter de espera, caso necessário. Caso seja optado pelo cateter de espera é necessário que o paciente utilize um colar elisabetano e um sistema fechado de coleta de urina deve ser acoplado ao catéter. O processo de desobstrução é um pouco mais complexo do que parece, logo o treinamento é necessário para que você desenvolva suas habilidades. Lembre-se que a prática é indispensável para o aprendizado. Importante Luis Eliam - Médico Veterinário - 2019 A fase de monitorização consiste no acompanhamento do animal após o item numero 3. Ela vai desde a desobstrução até o fim do tratamento em casa. É importante que o contato com o proprietário não se perca após o paciente receber alta médica. O acompanhamento após a internação é de extrema importânciaprincipalmente para aqueles animais mais enfermos. Segue abaixo as tabelas com os principais fatores a serem observados durante este período, os principais antiespasmódicos uretrais e a quantidade de potássio para reposição volêmica. 4) Monitorizacao- Tabela 7: Manejo clínico e medicamentoso durante a hospitalização ⁶ ⁸ ¹² ¹⁴ Tempo de uso de um catéter de espera Em geral de 1 a 3 dias. Normalmente, usado até se resolver a hematúria ou a quantidade de debris celulares diminuírem. Uso de antimicrobianos Não é recomendado, exceto em casos de infecção sistêmica ou de trato urinário, diagnosticadas, no momento do atendimento ou durante o processo terapêutico. Uso profilático não evita infecções associados com cateter de espera. Uso de antiespasmódicos uretrais Recomendados durante o tempo em que o animal estiver com o cateter uretral e após a retirada do catéter (principais antiespasmodicos tabela 8). ,,, A) Manejo clínico e medicamentoso durante a hospitalizacao- Luis Eliam - Médico Veterinário - 2019 Hipocalemia O período de intensa diurese após o processo obstrutivo pode levar a perda excessiva de potássio. Seus níveis séricos chegam a cair 20 % após o processo de desobstrução. O volume de reposição de potássio em soro está presente na tabela 9 Atonia vesical Ocorre por hiperdistensão do músculo detrusor da bexiga. A utilização de catéter vesical pode ser necessária por cerca de 7 dias. O cloridrato de Betanecol pode ser utilizado para estimular as contrações do detrusor, entretanto deve ser eliminado qualquer possibilidade de obstrução Analgesia Item 2 B deste trabalho “Tratamento da dor” Reobstrução após retirada do catéter de espera Ocorre por diversas causas como: Remoção incompleta do material obstrutor, inflamação uretral, atonia do musculo detrusor. Outras causas como urólitos ou neoplasias também podem ocorrer. Luis Eliam - Médico Veterinário - 2019 Tabela 8:Princpipais antiespasmódicos/relaxantes uretrais ⁶ ¹² Acepromazina Fenotiazina Antiespasmódico de musculatura lisa 0,02 a0,05 mg/kg SC a cada 6 a 8 horas Hipotensão Sedação Dantrolene Relaxante de musculatura esquelética Antiespasmódico musculatura estriada 0,5 a 2 mg/kg mg/gato VO a cada 8 horas Hepatotoxidade Diazepam Benzodiazepina Antiespasmódico musculatura estreada 2,5 a 5 mg gato a cada 8 horas Sedação e stimulante de apetite. Nunca deve ser utilizado por via oral Prazosina Antagonista alfa1 adrenérgico Antiespasmódico de musculatura lisa 0,25 a 0,5 mg/ gato VO a cada 12 horas Sedação Tabela 9: Quantidade de potássio para reposição volêmica ¹⁴ 3,6-5,0 20 3,1-3,5 30 2,6-3,0 40 2,1-2,5 60 Menor que 2,0 80 Fique atento, a taxa de infusão do potássio nunca pode exceder 0,5mEq/kg/hora¹⁰ sendo assim, eu não recomendo tal reposição sem a utilização de bomba de infusão. Importante , Luis Eliam - Médico Veterinário - 2019 É importante relembrar que, proprietários com gatos que passaram por esse processo devem ficar cientes das chances de recorrência. Uma boa explicação dos fatores que levam a desenvolver o processo obstrutivo e suas recorrências assim como uma clareza sobre o tratamento clínico instituído por você evita uma possível frustração por parte do tutor. Lembre-se do que já disse, toda complicação, se explicada antes de ocorrer, é considerada aceitável, se explicada depois, será considerado desculpa. A taxa de reobstrução pode ser bastante elevada chegando, segundo alguns estudos, em até 36% principalmente se a etiologia primária não for identificada⁴ ⁵ ⁸ ⁹. Em um estudo realizado em 2013 diversos fatores foram avaliados quanto a possibilidade de influenciar para a não reocorrencia do processo. Nesse estudo o manejo alimentar e um aumento da quantidade de água ingerida pelo animal foram os principais fatores associados ao sucessoco⁹. O contato direto com o cliente nas semanas seguintes a alta é muito importante principalmente se manejos ambientais para aumento da ingestão de água forem necessários. principalmente se manejos ambientais para aumento da ingestão de água forem necessários. O proprietário deve se lembrar das ações propostas que não incluem somente o tratamento medicamentoso. Muitas destas como aumentar a quantidade de vasilhas de água são extremamente simples, mas infelizmente acabam sendo deixadas de lado. O tratamento medicamentoso em casa pode variar considerando fatores, tais como , tempo de internação, causa de base, presença de processo infeccioso e outros. Lembre-se que não existe uma receita. Cada paciente deve ser avaliado individualmente. É importante ter certeza da presença de infecção urinária antes do antibiótico ser prescrito⁶ ⁹ ¹³ lembre-se que da presença de infecção urinária antes do antibiótico ser prescrito⁶ ⁹ ¹³ lembre-se que resistência a antimicrobianos não é “lenda”! ,, B) Manejo clínico e medicamentoso após a alta médica Faça o proprietário entender a Importancia da mudança alimentar e do manejo correto para aumentar a ingestão de água. Eles também fazem parte do tratamento Nunca se esqueça de diagnosticar e tratar a causa de base do processo. Importante ,,, Luis Eliam - Médico Veterinário - 2019 Na minha opinião o assunto apresenta muitos mitos e controvérsias, o que por sua vez gera bastante dúvida entre profissionais, levando a realização de procedimentos ou técnicas inadequadas. Este material teve como objetivo fazer um resumo dos principais tópicos para consultas rápidas em momentos de dúvidas. Não esqueça de estudar os assuntos e tópicos que você ainda não domina. Acredite, cada informação presente nesse trabalho e importante para você se tornar um profissional de excelência nessa área. se tornar um profissional de excelência nessa área. Se precisar de mim e só entrar em contato. Espero que tenha aproveitado a leitura. Conclusao- E então, o que você achou desse material? Quer saber da novidade? Nos dias 13 e 14 de abril de 2019, em Goiânia, será realizado um curso teórico e prático sobre o assunto presente nesse trabalho. Serão dois dias inteiros falando sobre processo obstrutivo em felinos com quatro profissionais extremamente qualificados. Haverá nesse curso uma aula inteira sobre manejo da dor e anestesia nesses pacientes, logo não fique chateado por não falarmos sobre anestesia aqui. E aí? ficou interessado? Entre em contato através da página ou pelo Instagram @dr_luis_medicina_felina e garanta sua vaga. Fazendo a reserva antecipada você ainda receberá um desconto especial. Nosso objetivo é expandir ainda mais seu conhecimento diante de um tema tão frequente e controverso. Você nunca mais será o mesmo! Até lá. Nosso curso Luis Eliam - Médico Veterinário - 2019 1. AAFP Feline Anesthesia Guidelines Journal of Feline Medicine and Surgery (2018) 20, 602–634 2. ADDISON, Elena S. et al. A retrospective analysis of urethral rupture in 63 cats. Journal of feline medicine and surgery, v. 16, n. 4, p. 300-307, 2014. 3. AUMANN, M.; WORTH, L. T.; DROBATZ, K. J. Uroperitoneum in cats: 26 cases (1986-1995). 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