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COMENTÁRIOS DAS PROVAS DE DIREITO PENAL DO TREMS Autor: Dicler Forestieri Ferreira www.editoraferreira.com.br 1 Caros amigos batalhadores pela aprovação no concurso público, abaixo segue a resolução das provas de Direito Penal aplicadas pela Fundação Carlos Chagas (FCC) no último fim de semana em virtude do concurso TREMS (Tribunal Regional Eleitoral do Mato Grosso do Sul). Ao todo são três provas. A primeira referese ao cargo de Técnico Administrativo, a segunda ao cargo de Analista Administrativo e a terceira ao cargo de Analista Judiciário. Na minha humilde opinião, não há nenhuma questão passível de recurso. Vamos ao que interessa. CARGO: TÉCNICO ADMINISTRATIVO 42. A mãe que deixa de amamentar o filho, causandolhe a morte, comete um crime a) omissivo impróprio b) comissivo c) omissivo puro d) plurisubjetivo e) formal COMENTÁRIOS A doutrina, ao classificar o crime, quando usa o critério do meio de execução empregado para a prática do crime, define três tipos de delitos: a) crime comissivo – é aquele que resulta através de um agir, ou seja, o agente alcança o resultado através de uma ação positiva. Ex: furto (artigo 155 do Código Penal). Furto Art. 155 Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena reclusão, de um a quatro anos, e multa. b) crime omissivo próprio ou puro – é aquele que nasce de um não agir por parte do agente, quando era seu dever agir. Ex: omissão de socorro (artigo 135 do Código Penal). Omissão de socorro Art. 135 Deixar de prestar assistência, quando possível fazêlo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou COMENTÁRIOS DAS PROVAS DE DIREITO PENAL DO TREMS Autor: Dicler Forestieri Ferreira www.editoraferreira.com.br 2 em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: Pena detenção, de um a seis meses, ou multa. c) crime omissivo impróprio ou comissivo por omissão – é aquele no qual o agente, em virtude de uma omissão inicial, dá causa a um resultado posterior que ele tinha o dever jurídico de evitar. Ex: a mãe que deixa de amamentar seu filho e lhe causa a morte. Ou seja, a mãe matou o filho (ação comissiva) por não terlhe prestado assistência quando podia e devia fazêlo (ação comissiva). Para elucidarmos todos os tipos de crimes citados nas opções desta questão, faltaram dois: Plurisubjetivo – é aquele crime que só pode ser praticado por duas ou mais pessoas. Ex: quadrilha ou bando (artigo 288 do Código penal) Quadrilha ou bando Art. 288 Associaremse mais de três pessoas, em quadrilha ou bando, para o fim de cometer crimes: Pena reclusão, de um a três anos. Formal – comentado na questão 45 dessa prova. GABARITO: A 43. João ingeriu bebidas alcoólicas numa festa sem a intenção de embriagarse e, nesse estado, tornouse violento e ficou totalmente incapaz de entender o caráter criminoso do fato, situação em que feriu e agrediu várias pessoas. Nesse caso, João a) não é isento de pena porque a embriaguez foi dolosa. b) é isento de pena porque a embriaguez foi proveniente de caso fortuito. c) é isento de pena porque a embriaguez foi proveniente de força maior. d) não é isento de pena porque a embriaguez foi culposa. e) não é isento de pena porque a embriaguez jamais exclui a imputabilidade penal. COMENTÁRIOS Partindo do princípio que João não queria se embebedar e o fato aconteceu por uma imprudência sua, podemos dizer que ocorreu uma COMENTÁRIOS DAS PROVAS DE DIREITO PENAL DO TREMS Autor: Dicler Forestieri Ferreira www.editoraferreira.com.br 3 embriaguez culposa. Reforça esse conceito o inciso II do artigo 18 do Código Penal, quando define o conceito de crime culposo sendo o delito em que o agente dá causa por imprudência, negligência ou imperícia. Já o inciso II do artigo 28 do Código penal diz que a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substâncias de efeitos análogos, não exclui a imputabilidade penal. Ou seja, no caso da questão, como a embriaguez foi culposa, João responderá pelos seus atos e não ficará isento de pena, pois a imputabilidade não foi excluída. Art. 18 Dizse o crime: I – [...]; Crime culposo II culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. Art. 28 Não excluem a imputabilidade penal: I – [...]; Embriaguez II a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos. GABARITO: D 44. Jonas e José celebraram um pacto de morte. Jonas ministrou veneno a José e José ministrou veneno a Jonas. José veio a falecer, mas Jonas sobreviveu. Nesse caso, Jonas a) não responderá por nenhum delito, por falta de tipicidade. b) responderá por homicídio consumado. c) responderá por auxílio a suicídio. d) responderá por instigação a suicídio. e) Responderá por induzimento a suicídio. Se João tivesse ministrado veneno para si mesmo e José tivesse feito o mesmo consigo, não haveria tipicidade, pois estaria caracterizado o suicídio que não é considerado crime. Porém, como José faleceu em virtude do veneno ministrado por João, João praticou a conduta típica do artigo 121 do Código Penal (Homicídio – matar alguém). Em virtude disso, João responderá pelo crime de homicídio consumado. GABARITO: B COMENTÁRIOS DAS PROVAS DE DIREITO PENAL DO TREMS Autor: Dicler Forestieri Ferreira www.editoraferreira.com.br 4 45. Pedro é funcionário público, exercendo as funções de guarda de presídio. Pedro solicitou a um presidiário quantia em dinheiro para fornecerlhe um aparelho celular cujo uso fora proibido. O presidiário aceitou, mas o aparelho não lhe foi entregue, nem a quantia solicitada foi paga. Nesse caso, Pedro a) responderá por crime de prevaricação. b) não responderá por nenhum delito, por tratarse de fato atípico. c) não responderá por nenhum delito, porque não houve início de execução. d) responderá por tentativa de corrupção passiva. e) responderá por crime de corrupção passiva. COMENTÁRIOS O ato praticado por Pedro está descrito no caput do artigo 317 do Código Penal. Corrupção passiva Art. 317 Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumila, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem: Pena reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. A doutrina, quando usa o critério do resultado para a classificação do crime, define três tipos de delitos: a) Crime material – é aquele em que a lei descreve uma ação e um resultado, e exige a ocorrência do resultado para que ocorra a consumação do crime. Ex: crime de estelionato (artigo 171 do Código Penal). Estelionato Art. 171 Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento: Pena reclusão, de um a cinco anos, e multa. Ação: induzir ou manter alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento. Resultado: obter vantagem ilícita para si ou para outrem. COMENTÁRIOS DAS PROVAS DE DIREITO PENAL DO TREMS Autor: Dicler Forestieri Ferreira www.editoraferreira.com.br 5 Conforme a definição de crime material, se uma pessoa pratica a ação de induzir alguém em erro, mas não consegue obter vantagem ilícita, o crime de estelionato não se consumou. b) Crime formal – é aquele em que a lei descreve uma ação e um resultado, mas não exige a ocorrência do resultado, bastando apenas a ação para que o crimese consume. Ex: crime de corrupção passiva (artigo 317 do Código Penal). Ação: solicitar vantagem indevida e aceitar promessa de vantagem indevida. Resultado: o recebimento da vantagem indevida. Conforme a definição de crime formal e o caso exposto na questão, a ocorrência do resultado (recebimento da vantagem indevida) é irrelevante para a consumação do crime, pois este se consuma apenas com a conduta (solicitar vantagem indevida). Ou seja, no exemplo referido, o crime de corrupção passiva se consumou e Pedro deverá responder por ele. c) Crime de Mera Conduta – é aquele em que a lei descreve apenas uma conduta e, portanto, se consuma no exato momento da prática dessa conduta. Ex: violação de domicílio (artigo 150 do Código Penal). Violação de domicílio Art. 150 Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências: Pena detenção, de um a três meses, ou multa. GABARITO: E 46. O ressarcimento do dano, no crime de peculato doloso, a) extingue a punibilidade do agente se for anterior ao recebimento da denúncia. b) extingue a punibilidade do agente se for anterior à denúncia. c) não extingue a punibilidade do agente. d) extingue a punibilidade do agente se for anterior à sentença. e) extingue a punibilidade do agente se for anterior ao trânsito em julgado da sentença. COMENTÁRIOS DAS PROVAS DE DIREITO PENAL DO TREMS Autor: Dicler Forestieri Ferreira www.editoraferreira.com.br 6 COMENTÁRIOS Nessa questão a FCC tentou induzir o candidato a pensar nos conceitos do crime de peculato culposo, em virtude da maioria das opções se referir a este tipo de crime. Peculato Art. 312 Apropriarse o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviálo, em proveito próprio ou alheio: Pena reclusão, de dois a doze anos, e multa. § 1º Aplicase a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendose de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário. Peculato culposo § 2º Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem: Pena detenção, de três meses a um ano. § 3º No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta. Percebemos, com a análise do artigo 312 do Código Penal, que a extinção da punibilidade em função da reparação do dano anterior à sentença irrecorrível é aplicável apenas ao peculato culposo. O peculato doloso, representado pelo caput e pelo § 1º do artigo acima, não possui tal excludente de punibilidade, independente de ser anterior ou posterior, tanto à sentença irrecorrível, como ao recebimento da denúncia. GABARITO: C CARGO: ANALISTA ADMINISTRATIVO 53. Considere os exemplos abaixo: I. Casarse com pessoa cujo cônjuge foi declarado morto para os efeitos civis, mas estava vivo. II. Aplicar no ferimento do filho ácido corrosivo, supondo que está utilizando uma pomada. III. Matar pessoa gravemente enferma, a seu pedido, para livrála de mal incurável, supondo que a eutanásia é permitida. IV. Ingerir a gestante substância abortiva, supondo que estava tomando um calmante. Há erro tipo nas situações indicadas APENAS em COMENTÁRIOS DAS PROVAS DE DIREITO PENAL DO TREMS Autor: Dicler Forestieri Ferreira www.editoraferreira.com.br 7 a) I, II e III b) I e III c) I, III e IV d) II e III e) II e IV COMENTÁRIOS O erro de tipo é aquele que faz com que o agente, no caso concreto, imagine não estar presente uma elementar ou uma circunstância componente da figura típica. Ocorre quando o agente tem uma falsa percepção da realidade. Na afirmativa I não há erro de tipo, pois o fato do outro cônjuge estar vivo não interfere na situação em virtude de já ter sido declarado morto para os efeitos civis. Na afirmativa II ocorreu uma falsa percepção da realidade, pois o acido foi utilizado pensando ser uma pomada. Ocorreu o erro de tipo. O erro de proibição é aquele que recai sobre a antijuridicidade ou ilicitude de uma ação. Ou seja, o agente comete uma ação descrita na lei, pensando que tal ação é lícita ao invés de ilícita. Na afirmativa III ocorreu um erro de proibição e não um erro de tipo. Na afirmativa IV, assim como na afirmativa II, também ocorreu uma falsa percepção da verdade, pois a substância abortiva foi confundida com um calmante. Ou seja, ocorreu o erro de tipo. GABARITO: E 54. João, ciente de que José pretende matar seu desafeto, emprestalhe uma arma para esse fim. Consumado o homicídio, João será considerado a) autor imediato b) partícipe c) coautor d) autor mediato e) autor principal COMENTÁRIOS DAS PROVAS DE DIREITO PENAL DO TREMS Autor: Dicler Forestieri Ferreira www.editoraferreira.com.br 8 COMENTÁRIOS Vejamos alguns conceitos relacionados com o concurso de pessoas. I – Autor direto ou imediato=> é aquele que executa a conduta típica descrita na lei, ou seja, quem realiza o verbo contido no tipo penal. (Ex: homicídio – matar alguém) II – Autor indireto ou mediato => é aquele que se vale de outra pessoa, que lhe serve, como instrumento para a prática da infração penal. (Ex: entregar uma arma para um doente mental e fazer com que atire na direção da vítima) III – Autor intelectual => é aquele que planeja a ação delituosa, de forma que o crime constitua produto de sua criatividade, sendo irrelevante para a sua caracterização o fato do autor possuir ou não participação na execução do plano criminoso. IV – Coautoria => existe quando duas ou mais pessoas, conjuntamente, praticam a conduta descrita no tipo. (Ex: homicídio – duas pessoas atiram ao mesmo tempo em ciclano) V – Partícipe material => é aquele que não comete qualquer das condutas típicas (verbos), mas de alguma forma concorre para o crime. (Ex: o motorista de um carro que espera um ladrão assaltar uma loja para fugirem juntos) VI – Partícipe moral ou Instigador => é aquele que incuti ou estimula a idéia de um fato criminoso determinado na mente de um agente também determinado. O instigador é considerado um partícipe, pois não pratica uma conduta típica. Pelos conceitos listados acima, percebemos que João não praticou uma conduta típica (matar), mas, de alguma forma (emprestando a arma) concorreu para que o crime acontecesse. Ou seja, João é um partícipe material do crime. GABARITO: B COMENTÁRIOS DAS PROVAS DE DIREITO PENAL DO TREMS Autor: Dicler Forestieri Ferreira www.editoraferreira.com.br 9 55. Dentre outros considerase funcionário público, para os efeitos penais, o a) inventariante judicial b) tutor dativo c) perito judicial d) curador dativo e) síndico falimentar COMENTÁRIOS Mais uma vez a FCC explorou o conceito de funcionário público previsto no artigo 327 do Código Penal. Funcionário público Art. 327 Considerase funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. § 1º Equiparase a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública. § 2º A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramentode órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público. O tutor dativo ou curador dativo é aquele nomeado pelo juiz ou pelo testador para administrar bens ou interesses alheios. Também pode ser o defensor nomeado pelo juiz para defender os interesses do acusado. Desta forma, ele não exerce cargo, emprego ou função pública e também não pode ser equiparado a funcionário público, pois administra bens de terceiros e não públicos. A administração da falência é exercida pelo síndico, sob a imediata direção e superintendência do juiz. O síndico será escolhido entre os maiores credores do falido, residente ou domiciliado no foro da falência, de reconhecida idoneidade moral e financeira. Logo que nomeado, o síndico será intimado pessoalmente, pelo escrivão, a assinar em cartório, dentro de 24 horas, termo de compromisso de bem e fielmente desempenhar o cargo e de assumir todas as responsabilidades inerentes à qualidade de administrador. Dessa forma, o síndico falimentar não pode ser considerado funcionário público, pois administra bens do falido e não públicos. O inventariante judicial também cuida de bens de terceiros e não pode ser considerado funcionário público. COMENTÁRIOS DAS PROVAS DE DIREITO PENAL DO TREMS Autor: Dicler Forestieri Ferreira www.editoraferreira.com.br 10 O perito judicial é aquela pessoa nomeada por juiz para realizar diligências e investigações em assuntos específicos que não são do conhecimento do juiz. Como exemplo, podemos citar um engenheiro investigando o desabamento do metrô em São Paulo. O perito judicial é remunerado e exerce atividade tipicamente pública de forma transitória, portanto, pode ser considerado funcionário público. GABARITO: C 56. O inquérito policial, nos crimes de ação penal pública, será iniciado a) apenas mediante requisição do Ministério Público, detentor da legitimidade exclusiva para a propositura da ação penal pública. b) apenas de ofício ou mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público. c) apenas mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representálo. d) apenas de ofício ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representálo. e) de ofício; mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representálo. COMENTÁRIOS Questão literal do artigo 100 do Código Penal, aliada ao conceito do princípio da obrigatoriedade. Ação pública e de iniciativa privada Art. 100 A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido. § 1º A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo, quando a lei o exige, de representação do ofendido ou de requis ição do Ministro da Justiça. § 2º [...]. § 3º [...]. § 4º No caso de morte do ofendido ou de ter sido declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou de prosseguir na ação passa ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. Pela análise do dispositivo acima, percebemos que a ação penal pública é promovida pelo Ministério Público. Esse fato, junto com o princípio da obrigatoriedade, impõe que é dever do Ministério Público promover a ação penal. Ou seja, o Ministério Público deve promovêla de ofício. COMENTÁRIOS DAS PROVAS DE DIREITO PENAL DO TREMS Autor: Dicler Forestieri Ferreira www.editoraferreira.com.br 11 Além disso, conforme o § 1º, deve haver requisição da autoridade judiciária (Ministro da Justiça) ou representação do ofendido quando a lei exigir. A ação penal pública pode ser de 2 tipos: 1) incondicionada – é aquela onde não existe qualquer condição para que o órgão do Ministério Público tome iniciativa para apuração do fato. Ou seja, assim que o Promotor tiver a ciência de um crime, é dever denunciar o criminoso. 2) condicionada – é aquela que exige determinadas condições para que o Estado proponha a competente ação criminal. Essas condições são a representação do ofendido ou a requisição do Ministro da Justiça. GABARITO: E 57. Nos crimes de Ação Penal Privada, salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá do seu direito de queixa se não o exercer dentro do prazo de a) seis meses, contado do dia em que for praticado o último ato de execução da infração penal. b) seis meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime. c) seis meses, contado do dia em que for praticado o primeiro ato de execução da infração penal. d) doze meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime. e) doze meses, contado do dia em que for praticado o último ato de execução da infração penal. COMENTÁRIOS Questão literal referente ao artigo 103 do Código Penal que trata do instituto da decadência. Decadência do direito de queixa ou de representação Art. 103 Salvo disposição expressa em contrário, o ofendido decai do direito de queixa ou de representação se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do dia em que veio a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do § 3º do art. 100 deste Código, do dia em que se esgota o prazo para oferecimento da denúncia. COMENTÁRIOS DAS PROVAS DE DIREITO PENAL DO TREMS Autor: Dicler Forestieri Ferreira www.editoraferreira.com.br 12 O § 3º do art. 100 do Código Penal referese à Ação Penal Privada Subsidiária da Pública que não é o caso da questão. GABARITO: B ANALISTA JUDICIÁRIO 50. Em tema de lei penal no tempo, é correto se afirmar que, a) se o agente praticou crime na vigência de lei mais benéfica, que, durante a ação penal, acabou derrogada por lei mais severa, deverá ser julgado na forma desta última. b) em qualquer fase do processo ou mesmo da execução da pena, deve ser imediatamente aplicada a retroatividade da norma que retira a tipicidade de qualquer fato. c) prolatada sentença condenatória no período de vacatio de nova lei penal, não se admite a ultratividade da lei derrogada, mesmo que esta se mostre mais favorável ao réu. d) havendo sentença condenatória transitada em julgado, a lei posterior mais benéfica ao agente não é retroativa nem ultrativa. e) não pode ser utilizada lei intermediária e que surgiu depois da prática do fato criminoso, mas que foi revogada antes do juiz proferir a sentença condenatória, ainda que mais benigna. COMENTÁRIOS O artigo 2 o do Código Penal trata do fenômeno da abolitio criminis. Lei penal no tempo Art. 2º Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. Parágrafo único A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplicase aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. Por esse fenômeno, se existia uma Lei A de 2000 prevendo uma determinada conduta X como criminosa e uma Lei B de 2005 passou a prever tal conduta X como não criminosa, os efeitos penais incidentes sobre as pessoas que tiverem cometido a conduta na vigência da Lei A passarão a não mais valer. Ou seja, a Lei B fez com que o crime previsto na Lei A deixasse de existir. O mesmo ocorre se ao invés da Lei B ¨extinguir¨ o crime, ela apenas cominar uma pena mais branda. COMENTÁRIOS DAS PROVAS DE DIREITO PENAL DO TREMS Autor: Dicler Forestieri Ferreira www.editoraferreira.com.br 13 Em resumo, se a Lei B de qualquer modo favorecer oréu (seja ¨extinguindo¨ o crime ou cominando pena mais branda), ela deverá ser aplicada independente de já ter sido prolatada sentença condenatória transitada em julgado ou não. Continuando nosso pensamento, se após a Lei B, for publicada uma Lei C em 2007 tornando a conduta X como criminosa, porém cominando pena menos severa que a Lei A. A Lei C só será aplicada aos fatos posteriores a sua vigência, pois, quando comparada com a Lei B, não favorece o réu. Exemplo: 2000 2005 2007 Para o fato praticado entre 2000 e 2005, devese utilizar a Lei A. Porém, se o réu ainda estiver cumprindo pena ou o processo penal estiver em andamento quando a Lei B adquirir vigência, o réu deixará de ser considerado criminoso, mesmo que haja sentença condenatória transitada em julgado. Para o fato praticado entre 2005 e 2007, não há que se falar em crime. Para o fato praticado após 2007, usase a pena cominada na Lei C. GABARITO: B 51. Considere as afirmativas abaixo, relacionadas ao fato típico e seus elementos. I. Há fato típico na ocorrência de resultado lesivo em decorrência de caso fortuito ou força maior. II. São elementos do fato típico, dentre outros, a culpabilidade, caracterizada pelo juízo de reprovabilidade da conduta do agente e o dolo ou a culpa. III. O tipo penal é predominantemente descritivo porque composto de elementos objetivos, não obstante, às vezes, contenha elementos subjetivos ou normativos. Lei A – conduta X Pena: reclusão de 2 a 6 anos Lei B – deixou de considerar a conduta X como crime Lei C – conduta X Pena: reclusão de 1 a 2 anos COMENTÁRIOS DAS PROVAS DE DIREITO PENAL DO TREMS Autor: Dicler Forestieri Ferreira www.editoraferreira.com.br 14 IV. A conduta omissiva não é considerada elemento do tipo penal, pois representativa da ausência de vontade do agente para o crime. V. Para haver fato típico é indispensável a existência de relação de causalidade entre a conduta e o resultado. É correto o que se afirma APENAS em: a) I e II b) I, II e V c) I, III e IV d) II, IV e V e) III e V COMENTÁRIOS O fato típico é um comportamento humano que produz um resultado (regra) e é previsto na lei penal como infração. Para caracterizar o fato típico é exigida a concorrência de 4 elementos: a) conduta – é a ação ou omissão humana consciente e dirigida a determinada finalidade. b) resultado – sempre que o objeto jurídico tutelado pelo Direito Penal for violado (vida, honra, bens, liberdade, etc.), podese dizer que a conduta ocasionou um resultado. c) nexo causal – é o vínculo objetivo existente entre a conduta praticada pelo agente e o resultado. d) tipicidade – corresponde à perfeita adequação entre a conduta praticada pelo agente e a previsão abstrata prevista na norma. Passemos agora aos comentários das afirmativas. A afirmativa I está errada, pois, se ocorreu caso fortuito ou força maior, não houve o vínculo objetivo entre a conduta praticada pelo agente e o resultado (nexo causal) e, portanto, não se caracterizou o fato típico. A afirmativa II está errada, pois a culpabilidade não é um elemento do fato típico. A culpabilidade é o juízo de reprovação que recai sobre o agente pelo fato típico e ilícito que cometeu. De acordo com a visão COMENTÁRIOS DAS PROVAS DE DIREITO PENAL DO TREMS Autor: Dicler Forestieri Ferreira www.editoraferreira.com.br 15 bipartida e o conceito analítico do crime adotado pelo nosso Código Penal, a culpabilidade não é um elemento do crime. A afirmativa III está correta, pois o tipo penal normal (contém elementos objetivos e descritivos) diferese do tipo penal anormal (contém elementos subjetivos e normativos). Dessa forma, o tipo penal predominante é o normal, porém, quando os tipos penais possuem as expressões com o fim de, com o intuito de, a fim de, etc., há possibilidade de vislumbrar o elemento subjetivo do agente (tipo anormal ou normativo). A afirmativa IV está errada, pois a conduta omissiva é um dos elementos do tipo penal. A afirmativa V está correta, pois vimos que o nexo causal é um dos elementos do fato típico. GABARITO: E 52. Eduardo no interior de uma agência bancária de Campo Grande, a pretexto de auxiliar Antônio a operar caixa eletrônico, apoderouse de seu cartão magnético, trocandoo por outro, passando em seguida a fazer saques na conta da vítima. Tal fato configura, em tese, o crime de a) extorsão b) apropriação indébita c) furto qualificado mediante fraude d) estelionato por disposição de coisa alheia como própria e) fraude funcional qualificada COMENTÁRIOS Furto Art. 155 Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena reclusão, de um a quatro anos, e multa. § 1º [...]. § 2º [...]. § 3º [...]. Furto qualificado § 4º A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido: I – [...]; II com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza; III – [...]; IV – [...]. § 5º [...]. COMENTÁRIOS DAS PROVAS DE DIREITO PENAL DO TREMS Autor: Dicler Forestieri Ferreira www.editoraferreira.com.br 16 Esta questão possui como base legal o artigo 155 do Código Penal. Eduardo apoderouse do cartão magnético de Antônio, então ele praticou o crime de furto, pois subtraiu coisa alheia móvel. Além disso, por ter trocado o cartão e ter usado como pretexto a ajuda, então ocorreram as qualificadoras descritas no inciso II do § 4º do artigo 155 do Código Penal (abuso de confiança, fraude e destreza). GABARITO: C 53. Considere: I. Exigir diretamente para si, em razão de função pública, vantagem indevida. II. Aceitar promessa de vantagem indevida para si, ainda que fora da função pública, mas em razão dela. III. Desviar o funcionário público em proveito alheio, bem móvel particular de que tem a posse em razão do cargo. IV. Desviar o funcionário público, em proveito próprio, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos. Tais condutas configuram, respectivamente, os crimes de a) corrupção passiva, peculato, excesso de exação e prevaricação. b) concussão, corrupção passiva, peculato e excesso de exação. c) prevaricação, excesso de exação, concussão e peculato. d) peculato, concussão, corrupção passiva e prevaricação. e) excesso de exação, corrupção passiva, peculato e concussão. COMENTÁRIOS Questão bastante simples cujos conceitos são constantemente cobrados pela FCC. A base legal da afirmativa I é o artigo 316 do Código Penal. Concussão Art. 316 Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumila, mas em razão dela, vantagem indevida: Pena reclusão, de dois a oito anos, e multa. A base legal da afirmativa II é o artigo 317 do Código Penal. COMENTÁRIOS DAS PROVAS DE DIREITO PENAL DO TREMS Autor: Dicler Forestieri Ferreira www.editoraferreira.com.br 17 Corrupção passiva Art. 317 Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumila, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem: Pena reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. A base legal da afirmativa III é o artigo 312 do Código Penal. Peculato Art. 312 Apropriarse o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviálo, em proveito próprio ou alheio: Pena reclusão, de dois a doze anos, e multa. § 1º Aplicase a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído,em proveito próprio ou alheio, valendose de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário. Para finalizar a questão, a base legal da afirmativa IV é o § 2º do artigo 316 do Código Penal. Excesso de exação Art. 316 – [...]. § 1º Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza: Pena reclusão, de três a oito anos, e multa. § 2º Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos: Pena reclusão, de dois a doze anos, e multa. Como orientação ao aluno, ressalto a importância do conhecimento dos tipos verbais. Por exemplo, o verbo exigir (concussão), o verbo solicitar (corrupção passiva), o verbo subtrair (furto e peculato) e outros. GABARITO: B Pessoal, desta vez terminamos por aqui. Caro concurseiro(a), para sanar qualquer possível dúvida sobre os comentários aqui elencados, peço que visite o fórum concurseiros (www.forumconcurseiros.com) e deixe seu recado que terei enorme prazer em respondêlo. Bons estudos! Dicler
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