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Radiologia Módulo 2 Módulo 2 Radiologia FOLHA BRANC Radiologia Módulo 2 FOLHA DE ROSTO MODULO Módulo 2 Radiologia FICHA TÉCNICA – 2ª EDIÇÃO Preparação de Conteúdo: Professora Fernanda Oliveira Jônatas Carvalho Formatação e Normalização (ABNT): Ediane Souza Revisão Gramatical, Semântica e Estilística: Ediane Souza Capas: Aporte Comunicação Editoração e Revisão Técnica/Final: Ediane Souza Diagramação e Design Gráfico: Thais Arraes Impressão: Edição Bagaço Ltda. Rua das Ninfas, 243 Soledade – Recife/PE – Brasil CEP: 50.070-050 Telefone: (81) 4062-9222 www.grautecnico.com.br Este material é exclusivo para uso do aluno Grau Técnico. Para dúvidas ou sugestões, envie-nos um e-mail: contato@grautecnico.com.br http://www.grautecnico.com.br/ mailto:contato@grautecnico.com.br Radiologia Módulo 2 REGULAMENTO INTERNO – VERSÃO 20161 Caro(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) ao Centro de Ensino Grau Técnico. Esperamos que você aproveite esta oportunidade de conhecimento e crescimento profissional. Para que possamos desenvolver as atividades de formação técnica com profissionalismo e excelência, se faz necessário o cumprimento de algumas normas, que irão proporcionar a você, aluno Grau Técnico, um ambiente de respeito e cooperação mútua entre todos os envolvidos neste trabalho de formação profissional. 1 PONTUALIDADE 1.1 Turnos de segunda à sexta-feira: manhã (08 às 12h); tarde (14 às 18h); noite (18h30min às 22h30min). 1.2 Turnos aos sábados: manhã (08 às 12h); tarde (13 às 17h). 1.3 Não será permitida a saída antes do término de cada aula, salvo sob autorização prévia da coordenação. 1.4 A pontualidade e a assiduidade, bem como a postura pessoal serão pontuadas como indicadores do processo de avaliação. Atenção: observe no seu contrato os dias e horários das aulas. 2 ATIVIDADES COMPLEMENTARES 2.1 Trabalhos, palestras e seminários serão realizados nos mesmos horários das aulas, em dias alternados ou de acordo com a disponibilidade da escola. 2.2 As visitas pedagógicas orientadas serão anunciadas nos murais e site da unidade, separadas por módulo. Cabe ao aluno interessado se inscrever na Coordenação Pedagógica e realizar o pagamento da taxa de transporte na secretaria. 2.3 As visitas pedagógicas orientadas acontecerão de acordo com a disponibilidade da escola e das empresas parceiras. 2.4 O uso do fardamento é obrigatório para todas as visitas e aulas práticas (dentro e fora da instituição). 3 CERTIFICAÇÃO 3.1 A frequência nas aulas deve ser igual ou superior a 75% (setenta e cinco por cento) em cada disciplina. 3.2 A média em cada disciplina deve ser igual ou superior a 7,0 (sete). 3.3 O(a) aluno(a) que for reprovado(a) em alguma das disciplinas, deverá pagar o valor de uma parcela para cursar novamente a disciplina, a fim de obter frequência e nota necessárias para a aprovação e para o recebimento do certificado. 3.4 Estar com todas as parcelas pagas. 3.5 Estar com toda documentação exigida pela Secretaria Estadual de Educação, conforme orientado no ato da matrícula. 1O regimento em vigor será sempre a última versão, informada no título deste documento. Módulo 2 Radiologia 3.6 Solicitar, por escrito, a emissão do diploma. O prazo de entrega, após solicitação, será de até 30 (trinta) dias. 3.7 Os cursos que possuem estágio obrigatório terão os seus diplomas entregues após o cumprimento da carga horária total, incluindo estágio. 4 REPOSIÇÃO DE AULA 4.1 Em caso de falta justificada, o(a) aluno(a) terá o direito de realizar a aula ou atividade perdida em outra turma, de acordo com a disponibilidade da escola, sem custo adicional. 4.2 A falta só poderá ser justificada perante atestado médico ou documento comprovando o motivo da ausência. 4.3 Em caso de falta sem justificativa, o(a) aluno(a) poderá requerer na secretaria a reposição da aula ou atividade, efetuando o pagamento referente à taxa do serviço. 4.4 Observa-se que a justificativa não anula a falta, apenas faz valer o direito de reposição da aula ou atividade. 5 CONSERVAÇÃO 5.1 No caso de danos ao espaço da escola ou a equipamentos pertencentes à mesma, o(a) aluno(a) ou seu representante legal será responsabilizado pelos gastos com o reparo, bem como, se necessário, submetido(a) às medidas disciplinares quando for cabível. 5.2 Ao término de cada aula, teórica ou prática, a sala ou laboratório utilizado deverá ser deixado organizado para a próxima turma. 6 SAÚDE E BEM-ESTAR GERAL 6.1 Não será permitida a utilização de aparelhos celulares ou fones de ouvido na sala de aula. 6.2 Não será permitida a permanência de pessoas nas salas de aula e dependências internas da escola, a não ser alunos, professores ou funcionários em seus respectivos horários. 6.3 Não será permitida a entrada de alimentos ou bebidas nas salas de aula, laboratórios ou biblioteca. 6.4 Deve-se manter a limpeza, organização e conservação da escola como um todo. Devem-se utilizar os cestos de lixo disponibilizados em cada ambiente. 6.5 A escola não se responsabilizará por perdas ou danos de pertences dos alunos. 6.6 É obrigatório tratar os demais alunos, docentes e funcionários com respeito e urbanidade, sob pena de aplicação de medida disciplinar de advertência, suspensão ou expulsão, a depender da gravidade da infração. 6.7 Temos as câmeras estão sendo utilizadas em toda escola, a fim de proporcionar maior segurança aos nossos alunos. 7 SALA DE ESTUDO/BIBLIOTECA/ACESSO À INTERNET 7.1 A utilização da sala de estudo será mediante agendamento com a coordenação pedagógica, fora do horário normal. 7.2 O uso desta sala é exclusivo para estudo e pesquisa, portanto deverá ser mantido o silêncio e a disciplina para não interferir na concentração dos demais alunos. 7.3 O uso dos computadores para pesquisa tem o tempo máximo de uso de 30 minutos, mediante agendamento. Radiologia Módulo 2 7.4 Não é permitida a retirada de livros. 7.5 A entrada do aluno na biblioteca será mediante apresentação de documento para uso de livros e acesso à Internet. 7.6 Para a solicitação de declarações, deve-se respeitar o prazo de 72h. 8 AVALIAÇÃO 8.1 As provas serão realizadas durante o turno que o aluno estuda e sempre na última aula da disciplina, tendo a duração de até 1h30min. 8.2 O(a) aluno(a) que faltar a prova deverá comparecer à coordenação pedagógica da escola, em um prazo de até 48 horas, para requerer a avaliação em segunda chamada, bem como efetuar o pagamento da taxa na secretaria. 8.3 As provas de recuperação ou segunda chamada acontecem na primeira semana de cada mês, conforme informado pela coordenação, no site e nos quadros de avisos. 8.4 Para o(a) aluno(a) ser aprovado(a), deverá obter a nota mínima de 7,0 (sete) em cada disciplina cursada. 9 MATRÍCULA 9.1 O(a) aluno(a) deverá, no ato da matrícula, fazer a leitura do regulamento do curso e do contrato de prestação de serviços com bastante atenção, para que possamos esclarecer nossos direitos e deveres no decorrer do curso, visando o compromisso com a qualidade do ensino e da postura profissional. 10 CANCELAMENTO DO CONTRATO 10.1 O cancelamento do contrato poderá ocorrer a qualquer momento, sob autorização da diretoria da escola em caso de indisciplina por parte do(a) aluno(a). Quanto a sua defesa, caberá aos dispositivos legais vigentes. 10.2 O cancelamento por parte do(a) aluno(a) deverá ser feito na coordenação da escola, mediante requerimento e pagamento da multa de cancelamento espontâneo, conforme contrato de prestação de serviços. 10.3 O(a) aluno(a) que cancelar e desejar retornar ao curso poderá reverter sua multa em pagamentos de parcelas, sendo o valor descontado das últimas parcelas restantes. 10.4 Para o(a) aluno(a) retornar, deverá ser efetuado o pagamento do valor de uma parcela e fazeruma avaliação de nivelamento. 10.5 O aluno que for cancelado por motivo de indisciplina não poderá voltar a estudar no Centro de Ensino Grau Técnico. 11 SITE E PORTAL ACADÊMICO 11.1 Todos os informativos, notas, oportunidades e materiais extras serão disponibilizados no site e no portal acadêmico. 11.2 O acesso ao portal acadêmico é por meio do site www.grautecnico.com.br, onde o(a) aluno(a) colocará o seu número de matrícula tanto no campo ‘usuário’, como naquele referente ao à ‘senha’. 12 TRANSFERÊNCIA DE TURMA/SALA/INSTRUTOR/UNIDADES 12.1 A transferência de turma estará sujeita à disponibilidade de vagas nas turmas em andamento. http://www.grautecnico.com.br/ Módulo 2 Radiologia 12.2 A transferência de Unidade terá o valor de uma parcela com desconto. Para tanto, o(a) aluno(a) tem que estar com as parcelas em dia, bem como a transferência estará condicionada à confirmação da unidade destino, conforme disposição nas turmas. 12.3 O(a) aluno(a) que requerer transferência de Unidade sem nunca ter cursado na unidade de origem e desejar outro curso adiantará uma parcela com desconto na Unidade de origem e efetuará matrícula na unidade destino. 12.4 O(a) aluno(a) que estiver cursando não poderá transferir para uma turma que não tenha iniciado. 12.5 Para a otimização do espaço e aproveitamento das turmas, o Centro de Ensino Grau Técnico poderá mudar de sala durante o decorrer do curso, bem como unir duas ou mais turmas. 12.6 Durante o decorrer do curso, pode haver mudança de professor. Tendo em vista que os nossos cursos seguem um plano de aula, os alunos não terão nenhum prejuízo em relação ao aprendizado. 13 DIAS E HORÁRIOS DE RECEBIMENTO DA ESCOLA 13.1 As parcelas do curso terão descontos de pontualidade, para os pagamentos efetuados até a data de cada v1encimento. Para pagamentos após o vencimento, será cobrado o valor integral mais multa acrescida de juros. 13.2 O desconto de pontualidade só será válido para pagamentos em espécie. Para todo tipo de cartão, a parcela será cobrada em valor integral. 13.3 As tarifas para requerimentos extras e outros serviços cobrados pela escola estão disponibilizadas para informações na secretaria da escola. 13.4 O pagamento do boleto poderá ser realizado em qualquer banco ou caixa de pagamentos diversos. 13.5 No ato da matrícula, será impresso o primeiro boleto do seu curso. Os demais deverão ser impressos a partir do portal acadêmico, no site www.grautecnico.com.br, acessando-o com o seu login e senha, no item financeiro, no link ‘Impressão de Boletos’, ou solicitando a sua impressão na secretaria da escola. 14 PLANO DE ENCAMINHAMENTO PROFISSIONAL 14.1 Os alunos do Grau Técnico dispõem de um setor exclusivo denominado Coordenação de Encaminhamento Profissional, que tem como objetivo realizar parceria com empresas para disponibilizar vagas de estágio e/ou emprego. Para participar, basta estar dentro do regulamento, conforme item abaixo. 14.2 Apresentar nota igual ou superior a 7,0 (sete), frequência nas aulas igual ou superior a 75%, ter idade superior a 16 anos, ter concluído o primeiro módulo e estar em dia com as parcelas. 14.3 O compromisso de encaminhamento profissional não é garantia de emprego ou de estágio, visto que a decisão da contratação é da empresa contratante e não do Centro de Ensino Grau Técnico. 14.4 Para os cursos de estágio não obrigatório, os alunos terão acesso às vagas disponíveis a por meio da coordenação. O estágio deverá ser feito fora do horário no qual o aluno esteja estudando. 14.5 Para os cursos de estágio obrigatório, os alunos deverão seguir o planejamento, conforme orientado pela coordenação pedagógica. http://www.grautecnico.com.br/ Radiologia Módulo 2 15 ENFERMAGEM 15.1 O estágio obrigatório ocorrerá preferencialmente em turnos no qual ele esteja estudando, salvo sob disponibilidade da unidade (hospitais, postos de saúde, clínicas, etc.). 15.2 O estágio obrigatório será realizado ao final do curso. 15.3 Materiais imprescindíveis para as aulas práticas de Enfermagem (laboratório) – aluno(a), sob total responsabilidade do aluno: ▪ Luvas de Procedimento, Luvas Estéreis, Seringas, Agulhas, Gazes, Esparadrapo, Máscaras, Toucas, Gorros, Jaleco Calibre 22, Scalp Calibre 21 (verde), Estetoscópio, Tensiômetro, Garrote, Termômetro (linha de mercúrio). 15.4 Materiais Necessários para os estágios curriculares em Enfermagem: ▪ Luvas de Procedimento, Luvas Estéreis, Máscaras, Toucas, Gorros, Capote descartável. Ciente e de acordo. _____________________________________________ Aluno(a)/Responsável Para sugestões e informações, enviar e-mail para: contato@grautecnico.com.br SEJA BEM-VINDO(A)! Atenciosamente, A Direção. mailto:contato@grautecnico.com.br Módulo 2 Radiologia SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 11 2 OBJETIVO DO CURSO........................................................................................................ 11 3 TÉCNICO EM RADIOLOGIA – MÓDULO 2 ......................................................................... 12 4 PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE ..................................................................................... 17 5 POSICIONAMENTO RADIOGRÁFICO I ............................................................................... 39 6 ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANA II ............................................................................. 83 7 FÍSICA APLICADA II ......................................................................................................... 191 8 PORTUGUÊS INSTRUMENTAL......................................................................................... 249 Radiologia Módulo 2 11 1 INTRODUÇÃO O avanço tecnológico é inevitável. No mundo todo, ele vem quebrando fronteiras econômicas, sociais e culturais, trazendo consigo toda uma facilidade no acesso à informação, à liberdade de expressão e à inclusão social. Ao mesmo tempo, também se lida com certa desintegração dos valores humanos, com o consumo desenfreado, a marginalização social e a agressão ao meio ambiente. É necessário despertar o ser humano para a importância do conhecimento técnico e suas consequências. Também é preciso conscientizá-lo para a solidariedade, o respeito a si mesmo e ao outro e o trabalho em equipe. A atuação do Grau Técnico, portanto, é abrir caminho para oportunidades que beneficiem tanto o indivíduo, quanto o coletivo. É orientar para a realização profissional e inserção social, por meio de uma educação estimuladora e operadora de inovações na sociedade. 2 OBJETIVO DO CURSO O Curso de Técnico em Radiologia do Centro de Ensino Grau Técnico tem como objetivo geral formar profissionais com competências técnicas, éticas, de respeito aos direitos humanos, visão de futuro, espírito crítico e competitivo, conhecedores dos conceitos da gestão integrada em todos os âmbitos para desempenhar suas funções profissionais com responsabilidade social, para atender as exigências do mundo do trabalho, atuar de forma estratégica e eficaz como prestadores de serviço, empregados de instituições públicas e privadas sem perder, entretanto, a dimensão humana que tal trabalho requer. Em relação aos objetivos específicos, o curso busca: oferecer à sociedade profissionais habilitados para a prestação de serviços específicos na área de radiologia, tais como operacionalizar equipamentos de diagnóstico; proporcionar conhecimento de atividades de aquisição e processamento de imagens analógicas e digitais, registradas em filmes ou arquivos, de manipulação e seleção de procedimentos técnicos, de acordo com as patologias e/ou processos fisiológicos a serem visualizados por modalidade de imagem; preparar o aluno para sua inserção nomundo do trabalho, e para o domínio dos recursos científicos e tecnológicos que lhe permitam vencer as dificuldades da profissão escolhida; proporcionar conhecimentos e formação profissional em Radiologia, com base nas tendências atuais das atividades de auxílio diagnóstico e terapêutico; e, possibilitar a avaliação, o reconhecimento e a certificação de conhecimentos adquiridos, profissionalmente, na área da saúde, para fins de prosseguimento e conclusão de estudos. APROVEITE BEM O CURSO E TRANSFORME O CONHECIMENTO ADQUIRIDO NAS AULAS EM OPORTUNIDADES DE TRABALHO! Atenciosamente, Ruy Maurício Loureiro Porto Carreiro Filho Diretor Geral Módulo 2 Radiologia 12 3 TÉCNICO EM RADIOLOGIA - MÓDULO 2 Neste segundo módulo do curso, serão desenvolvidas as Competências descritas a seguir. 3.1 Competências a) Identificar, dividir e classificar as principais estruturas macroscópicas que compõem os sistemas: digestivo, nervoso central, respiratório, linfático, circulatório, muscular e urinário, reprodutor masculino e feminino, tegumentar e endócrino; b) Correlacionar com as funções específicas de cada sistema; c) Visualizar as diversas formas anatômicas de todos os sistemas por meio de figuras, em livros, transparências e por modelos anatômicos, numa visão radiológica; d) Identificar os músculos individualmente e em grupos e suas estruturas macroscópicas Identificar e classificar as articulações, e integrar o seu estudo junto com os sistemas ósseo e muscular, que integram o sistema locomotor; e) Reconhecer e classificar as estruturas macroscópicas do sistema nervoso; f) Conhecer a história dos Raios-X, produção, imagem e anatomia radiográfica, incidência do feixe de raios X; g) Ter noções básicas sobre o funcionamento do Aparelho Radiográfico e procedimentos radiológicos; h) Estabelecer a relação Técnica, exame e paciente, com as principais abordagens das técnicas radiológicas na prática médica e na prática radiológica, relacionada ao sistema esquelético; i) Conhecer as afecções clínicas no Crânio e Face, nos MMSS, nos MMII, da Coluna e Pelve, do tórax e abdômen; j) Conhecer as rotinas de preparo da sala e materiais para exames radiográficos e exames radiográficos pediátricos do Crânio e Face, nos MMSS, nos MMII, da Coluna e Pelve, do Tórax e Abdômen; k) Expressar os princípios básicos de física das radiações; l) Planejar procedimentos radiológicos seguros para o paciente e para o técnico em Radiologia; m) Analisar conceitos básicos de matéria e energia; n) Definir os tipos de radiação, suas propriedades e características; o) Descrever o movimento ondulatório; p) Explicar os conceitos básicos aplicados em radioatividade e os principais mecanismos de desintegração radioativa; q) Expressar como os raios-x são produzidos e os fatores que alteram a sua produção. Avaliar os mecanismos de interação das radiações com a matéria; r) Aplicar o inglês à área técnica específica; s) Usar as estruturas básicas da língua inglesa; t) Demonstrar habilidades básicas de compreensão e de tradução de manuais da sua área técnica; u) Traduzir a língua escrita e seguir instruções; v) Aplicar e transmitir instruções; w) Localizar as estruturas e normas gramaticais aplicadas na língua escrita; x) Ler, compreender e traduzir textos de linguagem genérica e técnica; Radiologia Módulo 2 13 y) Utilizar vocabulário genérico e técnico; z) Conhecimento global de cuidados e atendimentos básicos de enfermagem; aa) Estabelecer ações com administração de medicamentos; bb) Reconhecer os sinais vitais e suas alterações; cc) Conhecer os meios de esterilização de materiais; dd) Ter noções de infecção hospitalar; ee) Conhecer a segurança em laboratórios; e, ff) Conhecer os fundamentos de primeiros socorros. Módulo 2 Radiologia 14 FOLHA BRANCA Radiologia Módulo 2 15 FOLHA DE ROSTO DISCIPLINA Módulo 2 Radiologia 16 FOLHA BRANCA Radiologia Módulo 2 17 4 PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE A disciplina de Psicologia Aplicada para o Curso Técnico em Radiologia visa ensinar aos estudantes em desenvolvimento, os fundamentos que lhes permitam promover o desenvolvimento de uma atitude mais crítica em relação à profissão escolhida, mais participativa em relação ao grupo e à comunidade nas quais vai estar inserido, e mais sensível em relação a todos aqueles que estarão sob seus cuidados. Os conteúdos abordados referem-se à prática do profissional de radiologia e questões dela inerentes, cuja explanação propõe estimular a avaliação sobre seu papel na esfera da dimensão humana e social do trabalho em saúde. 4.1 História da Psicologia A Psicologia existiu amorfa e indiferenciada por pelo menos dois séculos, dado que estava fundida à Filosofia, e tinha por preocupação embrionária o homem enquanto um ser possuidor de “algo” além de seu corpo material e sensorial. Assim, a primeira grande definição de Psicologia como estudo da alma perdurou durante muito tempo. A própria origem da palavra psicologia deriva da mitologia grega (Psyché = alma) (MARIANO, 2009). Mueller (1978 apud MARIANO, 2009) afirma que o conceito de alma mudou com o tempo, conforme as teorias que explicam a realidade. Neste sentido, desde os séculos VII e VI A.C., alguns pensadores como Tales (625-558 A.C.), Pitágoras (580-497 A.C.), Heráclito (540-470 a.C.), Parmênides (530-460 a.C.), que discutem uma abordagem racional e buscam um princípio ordenador do universo, entendem que a alma humana é parte da realidade universal, ou seja, se o homem é capaz de respirar, é porque no universo existe ar; se é capaz de pensar, é porque existe a razão. Posteriormente, Sócrates e Platão elegem o próprio homem como a verdadeira matéria realmente digna de estudo, numa perspectiva moral. Razão, caráter, justiça, virtude, direito, felicidade, beleza compõem a verdadeira essência do homem, estão dentro dele em estado puro, e podem ser encontradas se esse homem se dispuser a apreender o verdadeiro conhecimento. Esta discussão é continuada por Platão (428-347 a.C.), que oferece uma compreensão de alma diferente da de Sócrates e lança um pensamento que dominará durante séculos. Platão divide, então, o homem em corpo e alma, o caráter da imortalidade da alma independe da durabilidade do corpo (MARIANO, 2009). Seguindo dentro da Filosofia Grega, Aristóteles (384-322 A.C.) considera que a alma é a causa e o princípio do corpo vivo, ela é a essência presente em cada indivíduo em particular, desaparecendo com a morte do mesmo. Historicamente, entre os séculos III a.C. e III d.C., os romanos apropriaram-se da cultura grega e, a partir de várias escolas (estoicismo, ceticismo), continuaram as reflexões sobre a alma, sua relação com a realidade e seu significado no ser humano. Na Idade Média, o cristianismo originou-se como um movimento social e religioso dissidente do judaísmo, incorporando o pensamento greco-romano. O cristianismo passou, então, a ver a alma do ponto de vista da redenção: da vitória sobre o pecado e consequente redenção. Do pensamento medieval sobre a alma, destaca-se Santo Agostinho e São Tomás de Aquino. Para Santo Agostinho, a alma está acima da razão, da moral e da ciência. Ela é a Módulo 2 Radiologia 18 realidadeprimeira, possui diferentes graus e tem diferentes funções, participando não só do mundo sensível, mas também possuindo conhecimentos que não passam pelos sentidos; é capaz, portanto de intuições que a colocam em contato com as coisas eternas, em presença da realidade espiritual de Deus. São Tomás de Aquino preconiza que a alma humana é de natureza diversa. Não é corpo, mas o ato de um corpo, o princípio de que dependem os seus movimentos, suas ações… é incorporal e insubstancial… não se dissolve com o organismo (ROSENFELD, 1994 apud MARIANO, 2009). Com o advento do Renascimento, o filósofo Descartes ganha destaque na discussão do lugar da alma no pensamento do homem, desenvolvendo uma teoria sobre a questão da divisão corpo-alma, presente desde os tempos da dicotomia platônica, enfatizando que apesar de alma e corpo serem considerados diferentes a relação corpo/mente, é uma relação de interação mútua. Para ele, o corpo abarcava todas as funções de sobrevivência, e a mente tinha somente uma função: o pensamento. A mente possui, então, capacidade de pensar, e é ela que fornece ao ser humano o conhecimento do mundo externo. No entanto, essa mente deve ter um ponto de interação com o filósofo simbolizou, na passagem do Renascimento para o período moderno da ciência (MARIANO, 2009). A partir de Descartes, o desenvolvimento do pensamento foi muito rico, extremamente rápido, e é interessante observar a inserção da ideia de “mundo mental” daqui para frente. Das ideias de Descartes, surgiram as escolas como o Empirismo, que teve como representante expressivo John Locke (1632-1704), que resume seu pensamento da seguinte forma: “a mente é um papel em branco, desprovido de todos os caracteres, sem quaisquer ideias que será provida pela experiência O Empirismo irá fornecer a base teórica e metodológica para o nascimento da Psicologia”. Severino (1992 apud MARIANO, 2009) afirma que a partir das ideias de Descartes surge nesse período uma nova posição, que se opõe radicalmente a John Locke. O filósofo Gottfried Leibniz (1646-1716) propõe um sistema novo de compreensão do ser. Para ele “o homem não é uma coleção de atos, nem simplesmente o local dos atos; a pessoa é a fonte de atos… para conhecer o que uma pessoa é, torna-se necessário sempre consultar o que ela pode ser no futuro, pois todo estado da pessoa é apontado na direção de possibilidades futuras”. No início do século XIX nasce a Psicologia como ciência, e a partir da matriz filosófica adotada, surgem diferentes posturas de investigação científica, segundo Mariano (2009). As linhas filosóficas irão definir a prática posterior. Para entender a prática, é necessário reconhecer a matriz filosófica na qual esta se apoia. Desta forma, se tem, entre outras, a Psicologia Behaviorista, a Humanista, a Psicologia Cognitiva, a corrente sócio-histórica da Psicologia, Gestalt, e a Psicanálise, que embora não tenha nascido no seio da Psicologia, caminha junto com ela na sua preocupação com o homem interior. São diferentes vertentes da Psicologia que pretendem observar, compreender e trabalhar o homem, no que diz respeito a seus processos psíquicos, à construção de sua inteligência e afetos, a suas formas de ser, atuar e se relacionar no mundo, quer nas suas expressões normais ou patológicas, quer na educação, na clínica, na empresa. Radiologia Módulo 2 19 4.2 Objeto da Psicologia A Psicologia é derivada de palavras gregas que significam "estudo da mente ou da alma". Atualmente, é comum que se defina a Psicologia como a ciência que estuda o comportamento humano. Os psicólogos estudam os mais variados assuntos, entre eles: o desenvolvimento, as bases fisiológicas do comportamento, a aprendizagem, a percepção, a consciência, a memória, o pensamento, a linguagem, a motivação, a emoção, a inteligência, a personalidade, o ajustamento, o comportamento anormal, o tratamento do comportamento anormal, as influências sociais, o comportamento social, etc. A psicologia é frequentemente aplicada na indústria, na educação, na engenharia, na saúde, em assuntos de consumo e em muitas outras áreas. O profissional de saúde, por exemplo, deve sentir-se bem consigo mesmo se pretende fazer alguém sentir-se bem. Ele não é um robô, nem tampouco o são as pessoas com quem trabalham: pacientes, médicos, supervisores, enfermeiras, técnicos e familiares dos pacientes, cada um é um ser humano, semelhante e ao mesmo tempo diferente dos demais seres humanos. Qualquer pessoa que queira ingressar na área da saúde precisa conhecer as pessoas e, antes de tudo, a si próprias. 4.2.1 A História da Psicologia no Brasil Desde o período Colonial no Brasil já havia preocupações com o fenômeno psicológico. Entretanto, não se pode afirmar que se tratava propriamente de Psicologia. É possível entender que também no Brasil a Psicologia vai se desenvolvendo como ideias e posteriormente como ciência. De acordo com pesquisas de Massimi (1990), os conhecimentos psicológicos foram sendo elaborados ao longo do tempo em várias culturas e este objeto de estudo se denomina História das ideias psicológicas. Analisando o período colonial brasileiro, a autora pontua que foram produzidos temas relevantes no que diz respeito a conhecimentos e práticas psicológicas. Evidencia-se também que durante o século XIX, principalmente no final, a psicologia esteve presente em várias partes do Brasil, vinculadas a outras áreas de conhecimento. Havia uma preocupação com os fenômenos psicológicos no interior da Medicina e da Educação. Para Antunes (2004), este processo vai aos poucos contribuindo com o reconhecimento da Psicologia como área específica de saber. 4.3 Senso Comum e Ciência Psicologia do senso comum ou do quotidiano é o conjunto de teorias que cada pessoa tem a respeito de como o ser humano funciona. Essas teorias e convicções estão profundamente arraigadas no ser humano e servem de base para as decisões que as pessoas tomam no dia a dia. A psicologia científica se desenvolve sobre o pano de fundo da psicologia do senso comum e deve tê-la sempre em conta. Porém, a relação entre as duas não é sempre pacífica. Em alguns momentos a tarefa da psicologia científica é desenvolver e sistematizar a psicologia do senso comum - afinal a psicologia do senso comum contém um conhecimento sobre o ser humano que permite às pessoas que se compreendam mutuamente, o que, de maneira geral, funciona. Por outro lado a psicologia do senso comum pode ser um dos grandes obstáculos da psicologia científica, pois a influência daquela acaba por dificultar ou até mesmo impedir esta de Módulo 2 Radiologia 20 desenvolver novas ideias e conceitos. Existe, pois, uma tensão entre as duas que permeia toda a atividade da psicologia científica, exigindo do pesquisador uma redobrada atenção. Na área da saúde, a psicologia é extremamente importante, dado que o ser humano se encontra em uma situação de fragilidade e precisa ser compreendido. Além da doença física, estão envolvidos neste processo também os aspectos psicossociais espirituais. Como se sabe, estes aspectos estão interligados. Muitas vezes, as pessoas não conseguem lidar com os seus sentimentos e acabam desenvolvendo alguma doença, ao que se dá o nome de somatização. Neste sentido, o profissional de psicologia atua, buscando ouvir estas pessoas, conduzindo-as a exporem seus sentimentos, expressem a sua dor, até então indizível, o que é de extrema importância, já que o silêncio emocional que está muitas vezes, na origem do adoecer. Desta forma, é importante ajudar bastante ao paciente/cliente. Ele deve encontrar no profissional de psicologia alguém que aceite e acolha suas reações, como chorar, gritar, demonstrar seu medo e sua revolta. Este profissional da área de saúde deve se mostrar solidário nessas situações. 4.4 Comunicação e RelaçõesInterpessoais Silva (2002, p. 73 apud ALVES e SÁ, 2008, p. 01) aforma que: Etimologicamente falando, a palavra comunicar tem origem no latim “communicare” e significa “por em comum”. Para nós humanos a comunicação é o meio pelo qual nos descobrimos, criamos relações, estabelecemos vínculos, contato e ligações com as demais pessoas. É através da comunicação que emitimos, transmitimos e capturamos mensagens denominadas também como informações. Segundo Alves e Sá (2008), antes mesmo de Aristóteles, com seus estudos sobre a Retórica, o homem já tinha o desejo de se expressar e deixar registradas as suas vivências. Para tanto, buscaram recursos no sentido de tornar comuns os seus pensamentos e o seu cotidiano. São exemplos destes recursos as inscrições rupestres (homens da caverna), como se pode observar na Figura 1 (7), e os hieróglifos (egípcios), ilustrados pela Figura 2 (2), e também os tambores utilizados pelos povos africanos e os sinais de fumaça, que os índios americanos faziam para emitir as suas mensagens. Radiologia Módulo 2 21 Figura 1 (7)- Inscrições rupestres Fonte: Alves e Sá (2008) Figura 2 (7)- Hieróglifos Fonte: Alves e Sá (2008) A invenção do alfabeto se deu no ano 900 a.C., trazendo consigo a linguagem escrita. A partir de então foi possível o compartilhamento de ideias e informações para os diferentes povos da terra. O homem passou a escrever as suas histórias, a expor as suas vivências e ideias, o que antes era feito apenas por meio da linguagem não verbal. Ferramenta esta de comunicação inerente ao homem, que possibilita a compreensão e percepção do que as palavras por vezes não conseguem expressar (ALVES e SÁ, 2008). Como afirmam as autoras, o processo de comunicar não se reduz somente ao fenômeno da linguagem, dado que a comunicação ocorre também por meio dos movimentos do corpo e do silêncio. Ainda de acordo com as autoras, a evolução das formas de comunicação se deu paralelamente à evolução sócio-histórica do homem. Ao longo do desenvolvimento do saber, o homem aprimorou os modos de comunicação, criando invenções, tais como: o correio, a imprensa, o telégrafo, o rádio, a televisão, o celular, a internet, etc. A questão que se põe em cheque atualmente é o quanto tais avanços tecnológicos têm contribuído para aproximar as pessoas, promovendo uma comunicação eficaz, criando vínculos, tornando comuns os pensamentos, ideias e comportamentos que se deseja comunicar (ALVES e SÁ, 2008). Na área da saúde, é notório o progresso das descobertas científicas associado ao surgimento de novas tecnologias no campo dos medicamentos e equipamentos em saúde, que vem proporcionando maior probabilidade de diagnóstico precoce, maior precisão no tratamento das doenças e, consequentemente, maiores chances de sobrevida aos pacientes. Ainda assim, de acordo com as autoras, impera a discussão acerca de que até que ponto a tecnologia presente nos meios de comunicação atual viabiliza a construção das relações harmônicas de comunicação social, na saúde, e se a tecnologia tem sido uma aliada ou um obstáculo no estabelecimento de relações e vínculos para a promoção da saúde. Módulo 2 Radiologia 22 De acordo com Toralles-pereira et al. (2004 apud ALVES e SILVA, 2008), é perceptível que com o progresso tecnológico vem ocorrendo o processo de empobrecimento do vínculo entre profissionais de saúde e pacientes. A anamnese e o exame físico têm sido, em parte, substituídos por aparelhos que fornecem informações diagnósticas e indicam terapêuticas, diminuindo a participação do profissional na relação com o doente, neste processo de levantamento de suas condições de saúde. A atenção dirige-se para a doença e não para o indivíduo doente. É importante ressaltar que a qualidade do serviço prestado ao usuário de saúde não é determinada somente por equipamentos materiais e aplicação dos conhecimentos técnico- científicos, mas também está intimamente ligada às relações estabelecidas pela equipe de saúde com o usuário, derivadas das “éticas interativas e comunicacionais”. Aditando à ideia dos autores, Silva (2002 apud ALVES e SÁ, 2008) afirma que o atendimento das necessidades humanas básicas do indivíduo doente, quase sempre, do tipo de comunicação que ocorre entre ele e o profissional de saúde. Outro ponto fundamental é o uso consciente que o profissional deve fazer de sua comunicação com o indivíduo, facilitando o alcance dos objetivos da assistência. Diante do exposto, percebe-se que a comunicação interpessoal se relaciona intimamente ao tipo de serviço oferecido pelos profissionais de saúde aos pacientes no contexto da assistência em saúde. Afirma-se, portanto, a necessidade que estes profissionais possuem de utilizar de forma eficaz a comunicação interpessoal, seja para com o usuário do serviço ou para com a equipe multidisciplinar, a fim de realizar de forma eficaz suas responsabilidades profissionais diárias. O trabalho dos profissionais de saúde está baseado nas relações humanas que estabelece, sendo o processo comunicativo, portanto, inserido em todas as atividades de seu cotidiano. Sobre a importância deste fenômeno, de acordo com Silva (2003 apud ALVES e SÁ, 2008), a equipe de profissionais de saúde deve conhecer os mecanismos de comunicação que irão facilitar o desempenho de suas funções voltadas para o paciente, além de melhorar o relacionamento entre os membros da própria equipe. A comunicação interpessoal promove a troca de informações entre duas ou mais pessoas e cada uma destas pessoas, chamadas de interlocutores, troca informações baseadas em seu repertório cultural, sua formação educacional, suas vivências e emoções. Para que o processo de comunicação se dê, exigem-se, minimamente, um emissor e um receptor. Como exemplo de ferramenta, podemos considerar a fala, a mímica, os computadores, a escrita, a língua, os telefones e o rádio. Deve-se estar atento aos ruídos existentes no processo de comunicação. Estes devem ser minimizados, para que o melhor nível de qualidade da mensagem seja alcançado pelo receptor. Para tanto, deve-se estar atento à escolha dos meios e ferramentas disponíveis, de modo a facilitar o processo com o menor índice de ruídos possível. O sucesso na comunicação não depende apenas da forma como a mensagem é transmitida, mas também da sua compreensão, que é fator fundamental para que esta comunicação alcance o seu propósito. A comunicação deve ter objetivos claros, que garantam que a mensagem transmitida ao interlocutor foi compreendida. Radiologia Módulo 2 23 4.4.1 A Importância da Comunicação Moscovici (1985 apud CARDOSO, 2004) compara a equipe de saúde a um campo de forças, onde algumas destas forças contribuem para seu crescimento, enquanto que outras para o retrocesso ou manutenção de seu status quo. Sendo assim, a comunicação ocupa um papel primordial para qualquer equipe interdisciplinar. A comunicação permitirá que o grupo se transforme de um pequeno aglomerado de profissionais, que trabalha com pouco vínculo, em um grupo de trabalho integrado, atuando num sistema de parceria e complementaridade, onde a troca de conhecimentos e experiências possibilitará uma atuação mais rica e condizente com a complexidade, que é peculiar no ser humano. Não é uma tarefa fácil, de acordo com Cardoso (2004), dado que requererá a cada membro da equipe que este esteja disponível para se deparar com o novo, o diferente, e, alguns momentos, com algo diferente daquilo em que ele acredita. Exercitar a comunicação representa a valorização das perspectivas distintas como ingredientes para o enriquecimento do trabalho. Para ilustrar esta afirmativa, Souza (1999, p. 14 apud CARDOSO, 2004) assegura que: Deve-se ter em vista que um mesmo problema (ou fenômeno) pode ser compreendido quando abordado porformas complementares de informações e conhecimentos: um objeto e múltiplas facetas – biológicas, culturais, nutricionais, políticas e outras. É na interseção destas faces que está situada a interdisciplinaridade, se contrapondo às formas fragmentadas/especializadas do conhecimento em saúde. Diante do exposto, é necessário privilegiar a colaboração entre os profissionais da saúde, visando integrar esforços, estimular a reflexão e a troca de informações sobre a população atendida, de modo a facilitar sua avaliação e evolução clínica, bem como o aperfeiçoamento das propostas para os problemas da comunidade por parte de todos os profissionais da equipe de saúde (CARDOSO, 2004). Ainda segundo a autora, alguns profissionais mantêm uma postura dogmática, preconizando determinada conduta ou perspectiva como a única correta, não permitindo a troca de informações, o que causa entraves na comunicação. Considera-se esta uma postura nociva, sobretudo em uma equipe de saúde, cujo objetivo maior é o bem-estar do paciente. Como bem verbaliza Cardoso (2004, p. 05): Também se corre o risco de impedir o encontro de uma solução mais pertinente com a complexidade da situação, pois, por mais científico que um saber possa ser, nenhuma perspectiva, seja ela da ordem das ciências biológicas, humanas, política, antropológica ou social, é suficiente para abarcar a totalidade das problemáticas que envolvem o ser humano. Módulo 2 Radiologia 24 4.5 Percepção e Interação Social Em artigo publicado pelo Portal Educação (2013), apreendeu-se que a percepção social é um processo de interpretação de comportamentos de outras pessoas, que se dá em diferentes etapas. Na primeira etapa, o comportamento atinge os sentidos, devendo, para tanto, estar funcionando de forma correta, em um ambiente que lhe forneça as condições necessárias. Na segunda etapa, o comportamento do outro já atingiu o nossos sentidos, permitindo que se dê a ação dos nossos interesses, que, segundo Rodrigues (1996, p. 202 apud PORTAL EDUCAÇÃO, 2013), dizem respeito aos nossos “preconceitos, estereótipos, valores, atitudes e ainda outros esquemas sociais”. Ainda de acordo com Rodrigues (2007, p. 203 apud PORTAL EDUCAÇÃO, 2013), “a percepção social é condição para a interação humana. O processo perceptivo é permeado por variáveis que se intercalaram entre ‘o momento da estimulação sensorial e a tomada de consciência daquilo que foi responsável pela estimulação’”. Estas variáveis influenciam na forma como as pessoas percebem determinado comportamento. Em relação à percepção social, os autores afirmam que quando se ouve uma pessoa falando de outra, algumas características, sendo mais centrais que outras, permitem que nos atenhamos a elas, fazendo com que as informações recebidas em primeiro plano se sobressaiam. Outra variável que influencia na percepção que teremos de determinada pessoa são os estereótipos, de acordo com Rodrigues (1996 apud PORTAL EDUCAÇÃO, 2013). Tais estereótipos podem ser positivos ou negativos, e consistem em designar características às pessoas de determinado grupo, ao qual inferimos atributos típicos. Uma vez interpretamos o comportamento do outro, é comum que tentemos explicá-lo. Para entender este processo, é necessário atentar para as considerações a respeito da teoria da atribuição de causalidade. Por esta teoria se compreende como se atribuem causas e motivos aos comportamentos das pessoas. As causas podem ser internas, por exemplo, quando se diz que o outro é assim mesmo, ou externas, quando se afirma que a pessoa agiu daquele modo por outro lhe fizera algo irritante (RODRIGUES, 2007; LEYENS, 1999 apud PORTAL EDUCAÇÃO, 2013). Ao tentar comentar os comportamentos, percebe-se a diferença ao se explicar o próprio comportamento ou quando se explica o de outras pessoas. Segundo Myers (2000 apud PORTAL EDUCAÇÃO, 2013), ao mesmo tempo em que explicamos nosso comportamento, o fazemos a partir da situação que o desencadeou. Por outro lado, quando explicamos o comportamento das outras pessoas, tendemos a inferir que esta atitude é uma característica desta pessoa, não considerando em que situação ela agiu de determinada forma. Ao fazer isto, incorremos no que é chamado por psicólogos sociais de erro fundamental de atribuição. Compreende-se, então, que os julgamentos se dão a partir das características que são inferidas às pessoas. É importante levantar esta questão, para que se compreenda que os seres humanos cometem julgamentos em algum momento e nestes é possível que incorram no erro fundamental da atribuição. A percepção social é um dos processos que mais interfere nas relações humanas. Ela dá ênfase à atribuição de intenções. Nela, o sujeito, além de perceber, também é possível ser percebido. A percepção em si é um processo que segue uma trajetória que parte de uma Radiologia Módulo 2 25 estimulação sensorial e vai até a tomada de consciência, de acordo com Rodrigues (1996 apud PORTAL EDUCAÇÃO, 2013). É algo extremamente complexo, sujeito a uma série de importantes interferências cognitivas que serão determinantes para o resultado perceptivo final. A percepção social se apresenta como uma espécie de pré-condição do processo de interação social, dado que ela permite uma análise recíproca e inicial dos sujeitos. Ela começa no instante que a estimulação sensorial chega àquele que percebe e tem seu fim em uma tomada de consciência. Neste caminho apresenta-se uma série de variáveis e interferências cognitivas que vão influenciar a finalização do processo (RODRIGUES; ASSMAR & JABLONSKI, 2002 apud PORTAL EDUCAÇÃO, 2013). 4.5.1 Fatores que Interferem no Processo Perceptivo De acordo com Rodrigues; Assmar & Jablonski (2002 apud PORTAL EDUCAÇÃO, 2013), alguns fatores interferem no processo perceptivo. São eles: a) seletividade perceptiva: quando as pessoas são bombardeadas por uma grande quantidade de estímulos, porém apenas uma parte é captada; b) experiência prévia: uma vez familiarizada com um estímulo, a pessoa tem maior disposição de responder a ele; c) condicionamento: uma vez reforçam-se certos tipos de percepção, colocando outros tipos em segundo plano, a tendência é de que os sujeitos se tornem viciados em apenas uma percepção possível; d) fatores contemporâneos ao fenômeno perceptivo: o estado do sujeito, enquanto aquele que percebe, frente àquilo que é percebido, no exato momento da percepção, pode deixar marcas nesta. Por exemplo: cansaço, estresse, sede, ira, ciúmes, etc. podem alterar a percepção do sujeito em uma direção totalmente nova; e, e) defesa perceptiva: diz respeito ao bloqueio na conscientização de estímulos emocionalmente perturbadores. Além disso, Rodrigues (1996 apud PORTAL EDUCAÇÃO, 2013) advoga que há valores, atitudes, tendenciosidades, interesses, estereótipos, preconceito e atribuições de causalidade, que também são capazes de interferir e distorcer o estímulo percebido inicialmente. O autor afirma ainda, que, para a percepção social, todas estas interferências são de extrema relevância, uma vez que permitem compreender como um indivíduo muitas vezes coloca significado nas ações de outras pessoas. A maneira como a ação do outro é percebida, independente do seu significado real e dependente das interferências cognitivas, é que vai determinar o tipo de resposta que será dada. 4.5.2 Aplicações Práticas do Conhecimento sobre o Fenômeno da Percepção Social Braghirolli et al., (2003 apud PORTA EDUCAÇÃO, 2013) apontam 7 aplicações práticas dos conhecimentos relacionados ao fenômeno da percepção social, que serão descritos a seguir: Módulo 2 Radiologia 26 a) psicologia da propaganda: a mensagem da propaganda deve ser apresentadade forma clara o suficiente, que torne difícil a sua distorção pelos processos psicológicos. “Quanto mais específico for o estímulo distante, aliado a boas condições mediadoras, maior será a probabilidade de o destinatário perceber o estímulo distante tal como ele é na realidade”; b) psicologia do boato: a importância do assunto e a sua ambiguidade caracterizam-se como as condições essenciais para que o boato se propague. É comum que no boato ou na transmissão de qualquer informação de caráter ambíguo as pessoas pertencentes à cadeia de transmissão da informação alterem o conteúdo da mensagem. Isto se dá em virtude da ação dos processos psicológicos; c) psicologia das discussões: geralmente, o ser humano não gosta de ser contrariado em suas ideias, opiniões, sentimentos e julgamentos. Quando duas posições entram em choque neste sentido, estabelece-se uma discussão, sempre conduzida num clima de muita emotividade. Durante uma discussão, há muitas distorções perceptivas advindas da emocionalidade e demais processos psicológicos destorcidos dos estímulos. Recomenda-se uma comunicação com as emoções e sentimentos irracionais, de modo que as discussões sejam conduzidas a algo construtivo e que não gere ainda mais conflitos; d) psicologia do remorso e do sentimento de realização: o sujeito sente remorso quando deixa de fazer algo que podia ter feito ou quando comete um ato que não deveria cometer. Quando algo está além de suas forças, o não fazer o que deveria ou fazer o que não deveria não gera remorsos. Por outro lado, fazer algo meritório por razoes outras que não são da própria intenção e habilidade em fazê-lo não gera sentimento de realização. Neste sentido, percebe-se que os atos determinam o sentimento de remorso e de realização; e) psicologia das relações internacionais: é comum que os dirigentes de uma nação veja as suas ações como sendo as melhores que aquelas dos seus opositores. Neste sentido, o grau do temor expresso por um país em relação a outro depende da percepção da capacidade do oponente e de sua intenção em causar dano; f) rotulação das pessoas e suas consequências: quando a pessoa é rotulada de algo, é difícil para ela mudar a sua imagem. A necessidade que o sujeito tem de simplificar as relações interpessoais, fazendo com que determinados comportamentos sejam antecipados, leva à rotulação. É comum que se perceba a pessoa à luz do rótulo que lhe fora imputado. É Radiologia Módulo 2 27 importante observar que, embora comum, a rotulação é algo perigoso, podendo levar a erros de julgamento; e, g) atribuição de causalidade e suas aplicações a outros setores da psicologia: atribui-se a fatores internos (habilidade, esforço) ou a fatores externos (dificuldade com a tarefa, sorte, azar) as causas de sucesso ou de fracasso. Tais fatores podem ser estáveis ou instáveis. Além destas dimensões, é importante salientar também o fator da controlabilidade, posto em determinados aspectos podem estar fora do controle das pessoas. Os atores tendem a fazer atribuições situacionais (externas) enquanto aqueles que observam tendem a fazer atribuições disposicionais (internas). O terapeuta, utilizando os conhecimentos de psicologia social acerca do fenômeno de atribuição de causalidade, deve ajudar seu cliente a atribuir seu comportamento as suas verdadeiras causas. 4.6 Feedback e Comunicação De origem inglesa, feedback é uma palavra que significa realimentar, dar resposta a determinado pedido ou acontecimento. É um termo muito comum, utilizado, sobretudo, em áreas como administração, psicologia ou engenharia elétrica. Em alguns contextos a palavra feedback pode significar resposta ou reação. Neste caso, o feedback pode ser positivo ou negativo. Ex.: “Apresentei o meu relatório para os acionistas e o feedback foi muito positivo”. Na área da comunicação, por exemplo, o feedback é um dos elementos presentes do processo comunicacional, onde um emissor envia uma mensagem para um receptor, por meio de um determinado canal. A mensagem poderá ser alterada por algum tipo de barreira (ruído), condicionando, então, a sua interpretação por parte do receptor. Depois de interpretada, o receptor termina o processo de comunicação com o feedback – a resposta ou reação do receptor à mensagem enviada. Na área de administração de empresas, o feedback é utilizado para dar parecer sobre as pessoas, seja de forma individual ou de grupo, quando da realização de um trabalho ou avaliação de desempenho. Tal ação revela os pontos positivos e negativos do trabalho executado, visando a sua melhoria. Na área da Psicologia, o feedback é também descrito como retroação ou devolutiva, uma vertente da comunicação interpessoal, que pode servir para minimizar conflitos entre indivíduos. De acordo com a pesquisa de Silva (2002 apud DAMASCENO et al., 2012), comunicação é o meio pelo qual as pessoas interagem umas com as outras, compartilhando mensagens, efetivadas pela compreensão entre o emissor e o receptor. Quando ocorre entre profissional de saúde e paciente com o objetivo de ajudá-lo a enfrentar seus problemas, relacionar-se com os demais, ajustar o que não pode ser mudado e enfrentar os bloqueios à autorrealização, é denominada comunicação terapêutica. Algumas estratégias de comunicação terapêutica são sugeridas, com vistas a facilitar a interação entre os profissionais de saúde e os pacientes. Estas estratégias são categorizadas em Módulo 2 Radiologia 28 três grupos: de expressão, de clarificação e de validação. São técnicas que devem ser usadas consciente e coerentemente, de forma não repetitiva e, se for o caso, associadas a outras estratégias facilitadoras do desenvolvimento do relacionamento terapêutico. Estas técnicas devem prever que o profissional considere os aspectos verbais e não verbais durante a interação (STEFANELLI, 2005 apud DAMASCENO et al., 2012). Embora a comunicação seja reconhecida como essencial, estudos recentes de Noreña- Peña e Cibanal-Juan (2008 apud DAMASCENO et al., 2012) apontam que o processo comunicacional ou o relacionamento interpessoal entre pacientes, enfermeiros e demais profissionais de saúde ainda é considerado pouco efetivo. Na prática clínica, ainda são observadas dificuldades de comunicação entre os profissionais e os pacientes, o que pode ter forte influência na satisfação, na adesão ao tratamento e, consequentemente, nos resultados de saúde, o que sugere a necessidade de preparo técnico e humano dos profissionais envolvidos. Em outras palavras, os profissionais de saúde devem aliar o conhecimento técnico à utilização de novas competências e habilidades para incrementar a comunicação com os pacientes e, então, auxiliá-los de forma mais segura no enfrentamento das dificuldades impostas pela doença. Uma comunicação competente pressupõe a prática cotidiana de estratégias, na qual os profissionais envolvidos no processo comunicativo se apropriam do uso adequado do verbal e do não verbal nas suas interações, e, deste modo, contribuem para uma comunicação mais efetiva. 4.7 Empatia A empatia é a capacidade de compreender o sentimento ou reação da outra pessoa imaginando-se nas mesmas circunstâncias, ou seja, é a capacidade de se identificar com outra pessoa ou faculdade de compreender emocionalmente outra pessoa. É a capacidade que o sujeito possui de entender a emoção do outro. Observam-se exemplos de empatia quando se tem compaixão pela dor psicológica do outro, quando se ouve sem tecer julgamentos, com paciência para com o outro, quando se está perto do outro, mas em silêncio em respeito ao outro, etc. A empatia não pode ser forçada. É preciso que o sentimento seja natural, saia do coração. Há alguns fatores que bloqueiam a empatia. Muitas vezes a decepção em um processo de empatia não compreendida está relacionada ao graude ilusão do indivíduo que ultrapassou os limites. Outro fator que bloqueia a empatia são os vícios que levam a pessoa a se fixar apenas no objeto de desejo, impedindo-a de abrir-se para o outro. A invisibilidade pública é também um fator em que se percebe o outro de acordo com o status social de trabalho. De como o cérebro processa a admiração e a empatia. O varredor de rua não receberá a mesma empatia que o músico, por exemplo. Em artigo publicado por Stuart (2012), observa-se a importância da dor no processo de empatia. É comum que o ser humano se afaste de tudo o que incomoda, o que dói, seja física ou emocionalmente. No entanto, sem o alerta da dor não seria possível piscar para expulsar o cisco do olho, muito menos saber qual a melhor posição para respirar, não se compreenderia a dor da perda. A dor é vista, então, como um alerta natural. A empatia se dá exatamente porque o Radiologia Módulo 2 29 indivíduo passou pela mesma dor ou dor parecida com aquela que determinada pessoa está vivendo em certo momento. Aquelas pessoas capazes de olhar o outro de forma integral, sinfônica e harmônica, isto é, enxergando o conjunto, possuem uma aptidão chamada empatia. A importância deste conceito está mudando a área médica de forma mais direta. Segundo pesquisadores, a bioética já defende que profissionais de saúde mudem o enfoque básico do distanciamento para o interesse e para a empatia. A comunicação com o paciente com eficiência e empatia passa a ser fundamental na formação de profissionais de saúde, facilitando o entendimento das dificuldades do paciente. Para a psicologia, a empatia é o poder de entrar na personalidade do outro e experimentar imaginativamente suas experiências. Quando o profissional, neste caso o técnico em radiologia, demonstra empatia por seu paciente, deixa-o mais seguro durante o atendimento e, consequentemente, bem mais confortável. Dessa forma, o técnico conseguirá realizar o exame de forma mais eficaz, poupando tempo e esforços em exames físicos ou complementares, otimizando o atendimento como um todo. Um dos maiores benefícios da empatia na relação entre técnico e paciente – e sem sombra de dúvidas, o ponto mais relevante para os profissionais da saúde mais pragmáticos – é que a habilidade de ser empático tem impactos positivos também nos aspectos fisiológicos, ou seja, ao construir um diálogo empático ajudará bastante os pacientes a seguir os tratamentos e melhorar rápido, uma vez confiam realmente no profissional a sua disposição. Segundo o Cirurgião Clínico Breno Figueiredo Gomes, “precisamos nos policiar dentro dos hospitais constantemente. E isso é função de todos os colaboradores juntos”. O bom humor é muito bem-vindo, a falta de empatia não. Colocar-se na situação do paciente ou dos familiares e identificar seus sentimentos caracterizam a empatia. Empatia é a característica mais importante de qualquer prestador de serviço. O melhor jeito de aprender é virar paciente. 4.8 O Cuidar em Saúde Pinheiro & Mattos (2005 apud PEREIRA; LIMA, 2008) afirmam que cuidar deriva do latim cogitare, que significa imaginar, pensar, meditar, julgar, supor, tratar, aplicar a atenção, refletir, prevenir e ter-se. Cuidar é o cuidado em ato. A origem da prática de cuidar teve seu início restrito ao espaço doméstico, privado, particular. A prática do cuidar vem sendo exercida nas famílias desde a Grécia Antiga. Para tanto, exigia-se um saber prático, que era adquirido no fazer diário, passado de uma geração para a outra. Há época, a gestão do cuidado era uma tarefa apenas destinada às mulheres, que cuidavam da casa, dos filhos, dos escravos e também dos doentes. Tal responsabilidade se repete até os dias atuais em alguns contextos familiares. Os autores advogam que em determinado momento boa parte desse saber foi concebido como profissão de mulheres para mulheres. Na saúde, a enfermagem foi a profissão que mais incorporou a prática do cuidar como campo de domínio próprio. Ao longo dos séculos a prática do cuidar manteve-se histórica e culturalmente ligada ao feminino, dado que esta atividade sempre esteve atrelada à trajetória desenvolvida pela mulher nas sociedades ocidentais modernas. Módulo 2 Radiologia 30 Por outro lado, historicamente, credita-se aos homens a prática de pesquisar, ou seja, de criar novos conhecimentos. Observa-se aqui uma expressão da divisão social e sexual do trabalho, onde a sociedade delimita precisamente os campos pertinentes à mulher e aqueles pertencentes ao homem. Ainda segundo os autores acima citados, nos dias atuais é constatado que a prática de pesquisar é sinérgica à prática do cuidar, e vice-versa, à medida que a vida cotidiana evidencia cada vez mais a crescente demanda por cuidado. Além disto, observa-se que a demanda por cuidado vem se complexificando e exigindo cada vez mais a atuação de diferentes sujeitos, sejam cidadãos comuns, profissionais, sejam homens ou mulheres, onde o demandante requererá sempre mais atenção, responsabilidade, zelo e desvelo com seus desejos e especificidades, sentindo-se incluído na tomada de decisão sobre sua vida, sobre sua saúde. 4.8.1 O Cuidado Integral de Saúde Para Pinheiro & Mattos (2005 apud PEREIRA; LIMA, 2008), o cuidado em saúde não deve ser visto apenas como um nível de atenção do sistema de saúde ou um mero procedimento técnico. Deve, antes, ser entendido como uma ação integral que tem significados e sentidos voltados à compreensão da saúde como o direito de ser. Pensar o direito de ser na saúde, como afirmam os autores (p. 112-113): [...] é ter cuidado com as diferenças dos sujeitos – respeitando as relações de etnia, gênero e raça – que são portadores não somente de deficiências ou patologias, mas de necessidades específicas. Pensar o direito de ser é garantir acesso às outras práticas terapêuticas, permitindo ao usuário participar ativamente da decisão acerca da melhor tecnologia médica a ser por ele utilizada. O cuidado em saúde deve reunir pessoas numa ação integral, como efeitos e repercussões de interações positivas entre usuários, profissionais e instituições, traduzindo atitudes em tratamento digno e respeitoso, com qualidade, acolhimento e vínculo. Deve incluir, ainda, o envolvimento e o relacionamento entre as partes, compreendendo o acolhimento como escuta do sujeito, o respeito pelo seu sofrimento e sua história de vida. É importante observar as duas vertentes: o cuidado e a falta de cuidando. Enquanto o primeiro diminui o impacto do adoecimento, o segundo pode agravar o sofrimento do paciente e aumentar o seu isolamento social. O sujeito humano, sofredor, enquanto totalidade viva, foi afastado do modelo biomédico que orienta o conjunto das profissões em saúde, que permitiu que o diagnóstico substituísse a atenção e o cuidado integral à saúde. Todavia, tais sujeitos desejam se sentir cuidados e acolhidos em suas necessidades, mais do que apenas diagnosticados. Como preconizam os autores referenciados nesta seção, o cuidado em saúde é uma dimensão da integralidade em saúde que deve permear as práticas de saúde. Ele não pode se Radiologia Módulo 2 31 restringir apenas às competências e tarefas técnicas, dado que o acolhimento, os vínculos de intersubjetividade e a escuta dos sujeitos compõem os elementos inerentes a sua constituição. O cuidado é uma relação intersubjetiva, que se desenvolve continuamente. Vai além do saber profissional e das tecnologias necessárias, posto que abre espaço para a negociação e inclusão do saber, dos desejos e necessidade do outro. Deve abrigar a interdisciplinaridade e articulação de profissionais, gestores dos serviços de saúde e usuários de rede, de forma que todos participem ativamente, podendo ampliar o cuidado e fortalecer a rede de apoio social. Deste modo, como advogamPinheiro & Mattos (2005, p. 114 apud PEREIRA; LIMA, 2008): A noção de cuidado integral permite inserir, no âmbito da saúde, as preocupações pelo bem estar dos indivíduos – opondo-se a uma visão meramente economicista – e devolver a esses indivíduos o poder de julgar quais são suas necessidades de saúde, situando-os assim como outros sujeitos e não como outros objetos. 4.9 Alterações Psicológicas Mediante a Proximidade da Finitude Silva e Wendling (2012), em seu artigo Família, paciente terminal e morte: o inevitável trajeto frente a dor da perda, realizaram uma fundamentação teórica sobre a morte e o luto. Citando Campos (1995), lembram que, por vezes, em nossa sociedade, os indivíduos aparentam não possuir uma estrutura emocional capaz de suportar notícias referentes a doenças graves, sobretudo sobre a morte, dado que esta é sinônimo de uma experiência desconhecida, e muitos não estão preparados para este enfrentamento. Na nossa cultura, especialmente, há uma supervalorização da vida, segundo o autor, e a morte é, então, encarada como o fim de tudo. Para Kübler-Ross (2005 apud SILVA e WENDLING, 2012), a morte, atualmente é vista como um acontecimento trágico. Em sua pesquisa, a autora identificou cinco estágios quando da tomada de consciência por parte do paciente, de seu estágio terminal, os quais serão descritos a seguir. ▪ Primeiro estágio – negação: Segundo a autora, a negação é uma defesa mental, onde há recusa de um fato que gera sofrimento emocional. É a fase em que o paciente se defende da ideia da morte e se recusa a assumi-la enquanto realidade. ▪ Segundo estágio – a raiva: É momento no qual o paciente coloca toda sua revolta diante da notícia de que seu fim está próximo. Neste momento, o paciente não pode mais negar sua doença. É a fase em que, muitas vezes, o paciente chega a ficar agressivo com as pessoas que o rodeiam, tomado pelo ódio e tendo muitas vezes condutas violentas, o que evidencia seu inconformismo com a situação. Módulo 2 Radiologia 32 ▪ Terceiro estágio – negociação: O estágio da negociação é o momento no qual o paciente tenta ser bem comportado, na esperança de que isso lhe traga a cura. Ele aceita a realidade, tentando fazer “acordos” para com Deus ou outros seres sobrenaturais, buscando aproveitar melhor o tempo que lhe resta. ▪ Quarto estágio – depressão: A fase na qual o paciente se recolhe, vivenciando uma enorme sensação de perda, denomina-se de quarto estágio – depressão. É neste estágio que o indivíduo está, ao mesmo tempo, elaborando lutos. Quando o paciente tem um tempo de elaboração, o acolhimento descrito anteriormente atingirá o último estágio, que é o da aceitação, segundo a autora. No quarto estágio, há superação daqueles descritos anteriormente. Porém, este não deve ser confundido com “felicidade”. Neste momento, é como se a dor tivesse cessado e a luta se acabado. É o momento também em que a família necessita de maior compreensão e apoio, até mesmo mais do que o próprio paciente, visto que é um período muito desgostoso para o familiar, dado que é quando o paciente se desprende do mundo e da família, preferindo, muitas vezes, dormir, ficar em silêncio ou evitar muitas visitas. É uma fase de difícil compreensão para os familiares. Uma vez que são dependentes do contexto e da história de vida do paciente, estes estágios podem coexistir em tempos distintos e exercem certa dinamicidade. Pereira; Dias (2007 apud SILVA e WENDLING, 2012) salientam a importância da família e da equipe médica, que passam pelas mesmas fases durante o processo da doença até a morte. O processo de luto se inicia a partir do momento em que o diagnóstico é revelado, dando origem ao que se chama de luto antecipatório, onde embora a pessoa ainda vida, a sua perda já é sentida. Há ainda o luto que é sentido em virtude de a pessoa não apresentar mais as mesmas características de quando estava saudável. Inocenti; Rodrigues; Miasso (2009 apud SILVA e WENDLING, 2012) referem ainda que o diagnóstico passa a ser sentido como ameaça à vida, uma vez diante da possibilidade de sua confirmação, o que interfere no equilíbrio familiar. As pessoas que convivem com tal situação sentem-se marcadas pela morte antecipada. Para Campos (1995 apud SILVA e WENDLING, 2012), refere que antes do advento da tecnologia o homem era mais familiarizado com a morte. A família se fazia mais presente no leito de morte, as cerimônias possibilitavam maior expressão de sentimentos, como a tristeza e a dor. Porém, em que pesem os avanços da medicina, como por exemplo, o surgimento de leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), o paciente passou a ficar mais solitário e a família menos presente. Tal afastamento contribuiu para que expressões de dor e tristeza fossem banidas, dificultando, desta forma, a elaboração do luto. Entretanto, é importante observar que adaptação não quer dizer resolução. A aceitação completa e definitiva jamais existirá. Apenas se percebe que há diferentes maneiras de seguir em frente com a vida (WALSH; McGOLDRICK, 1995 apud SILVA e WENDLING, 2012). Radiologia Módulo 2 33 4.9.1 O Paciente Terminal Segundo os autores, não é simples conceituar o paciente terminal. Gutierrez (2001 apud SILVA e WENDLING, 2012) afirma que o tema central deste conceito é a terminalidade, dado que é possível considerar um quadro terminal quando se esgotam as possibilidade de resgate das condições de saúde do paciente e a possibilidade de morte próxima parece ser irreversível. Para alguns autores, como Angerami-Camon et al. (2003 SILVA e WENDLING, 2012), o contato com o paciente terminal questiona valores da essência humana. As tendem a ter outro olhar sobre as coisas, as verdades absolutas perdem a sua importância, enquanto que questões anteriormente significativas passam a fazer sentido. O contato com o paciente terminal, segundo os autores, ensina uma nova forma de vida, onde esta passa a ter mais autenticidade. Observam, ainda, que o momento em que se esgotam os recursos de cura e que o paciente se encaminha para a morte não significa o fim. Neste instante, abre uma gama de condutas que podem ser oferecidas ao paciente e sua família, buscando aliviar a dor, diminuir o desconforto e criar a possibilidade de se situar frente ao momento do fim da vida acompanhado daqueles que podem ouvi-lo. É importante reconhecer, quando possível, o seu lugar ativo, sua autonomia, suas escolhas, permitindo que o paciente mantenha-se vivo até o último instante, sem a necessidade de antecipar a sua morte, com o abandono e o isolamento (GUTIERREZ, 2001 apud SILVA e WENDLING, 2012). 4.10 Reflexão sobre a Morte Em determinado momento de nossas vidas, seja na juventude ou mais tardiamente, iremos nos deparar com o processo da morte e do morrer. Trata-se de um momento que exige de nós uma reação. Para os profissionais da área de saúde, essa reação tem que ser centrada na compreensão do processo, para que ele possa proteger o seu sistema psíquico e orientar pacientes e familiares para lidar com esse momento. Silva (2009) relata que o número de casos de câncer tem se elevado nos últimos anos, principalmente nos países desenvolvidos e em desenvolvimento. O aumento da expectativa de vida da população, a padronização de hábitos e estilos de vida que predispõem à doença e o desenvolvimento técnico-científico na área de Oncologia, que ampliou as possibilidades diagnósticas, apresentam-se como as principais causas deste incremento. Embora se reconheçam os avanços no diagnóstico e no tratamento, há ainda grande preocupação com a mortalidade em decorrência desta doença. Além disto, os significados atribuídos ao câncer ainda são os mesmos do tempo em que a cura era mais rara, segundo a autora. Imbaut-Huart (1985 apud SILVA, 2009) afirma queo câncer “é aquele mal que não se pode olhar de frente”. Diz respeito ao arquétipo da nossa impotência no controle da doença e da morte. Para o autor, cada época investe numa doença a sua angústia diante da fragilidade da condição humana, procurando por todos os meios negá-la, ocultá-la, afastá-la do seu horizonte. Para autores como Kowalski e Souza (2002 apud SILVA, 2009), desde o início do século XX, sociólogos e antropólogos demonstraram que a doença, a saúde e a morte não são somente ocorrências orgânicas, naturais e objetivas, mas elas adquirem significados relacionados com as Módulo 2 Radiologia 34 características de cada sociedade e que, portanto, a doença é uma realidade construída e o doente é um personagem social. 4.10.1 Peculiaridades do Trabalho dos Profissionais de Saúde Citados por Silva (2009), Labate e Cassorla (1999) advogam que o profissional de saúde se defronta no seu dia a dia com situações que influenciam no emocional, muitas vezes de forma bastante intensa. Isto dificulta o trabalho dos profissionais da área, além de confundi-lo diante dos aspectos técnicos, o que pode gerar sofrimento pessoal. Para Oliveira (2002 apud SILVA, 2009), os profissionais que lidam com pacientes graves, ao perceberem que estão lidando com seres humanos como eles, parecem experimentar uma vivência de extrema angústia. Para eles, é difícil defrontar-se com pacientes adultos utilizando-se de fraldas, imobilizados, conectados a aparelhos, chorando, às vezes inconscientes, além de outras situações constrangedoras. Os profissionais se veem diante da precariedade da existência humana. Aproximar-se do paciente que está morrendo, lembra-o de que ele também é mortal. Ao identificar as emoções presentes nos técnicos que trabalham com pacientes oncológicos, é possível observar que no cotidiano dos profissionais de saúde também se apresentam os sentimentos gratificantes, tais como ver o paciente recuperar-se, ter contato com ele, ajudá-lo a conhecer a doença e orientá-lo, embora haja fatores difíceis como conviver com o sofrimento do doente, suas inúmeras internações, a impotência diante da doença, a revolta pela sua morte (FERREIRA, 1996 apud SILVA, 2009). Diante do exposto, conclui-se que estando constantemente diante da fragilidade e vulnerabilidade humanas, os profissionais de saúde que atuam na atenção ao paciente oncológico estão expostos com mais frequência e mais intensidade diante de sua própria fragilidade e vulnerabilidade enquanto seres existentes, posto que é no contato com o outro que o “eu” se constrói, se diferencia e se reconhece. Neste sentido, saber da dor do outro, da sua finitude é saber da própria dor, da própria morte. E nesta identificação humana com o doente, o profissional se reconhece como um ser aberto ao sofrimento, pois ele também se reconhece frágil e vulnerável, passível de todas as possibilidades que a vida apresenta, sendo a morte a possibilidade mais certa. Radiologia Módulo 2 35 REFERÊNCIAS ALVES, L. E.; SÁ, R. C. N. A comunicação interpessoal entre profissionais de saúde: um levantamento bibliográfico. XXXI Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Natal, RN – 2 a 6 de setembro de 2008. ANTUNES, M.A.M. O processo de autonomização da psicologia no Brasil - 1890/1930: uma contribuição aos estudos em história da Psicologia. Tese de doutorado. Psicologia Social, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, SP, 1991. CARDOSO, C. L. Relações interpessoais na equipe do programa saúde da família. Revista APS, v.7, n.1, p.47-50, jan./jun. 2004. DAMASCENO et al. A comunicação terapêutica entre profissionais e pacientes na atenção em diabetes mellitus. Rev. Latino-Am. 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