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1 LIBRAS (LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS) Elaborador: Úrsula Gusmão Nome do autor: Úrsula Gusmão E-mail do autor: ursulag.nasf@gmail.com Telefone: (81) 991805217 3 Sumário Unidade I - A IMPORTÂNCIA DA LIBRAS NO CONTEXTO DA GRADUAÇÃO 6 • CAPÍTULO 1 - LIBRAS: DO QUE MESMO ESTAMOS FALANDO? 6 • CAPÍTULO 2 - A LIBRAS NO CONTEXTO DA GRADUAÇÃO 7 Unidade II - INCLUSÃO SOCIAL E ACESSIBILIDADE DO SURDO 10 • CAPÍTULO 1 - SOMOS TODOS IGUAIS OU SOMOS TODOS DIFERENTES? 10 Unidade III - ALFABETO MANUAL 14 • CAPÍTULO 1 - COMUNICANDO COM AS MÃOS 14 Unidade IV - ASPECTOS LINGUÍSTICO DA LIBRAS (Parte 1) 16 • CAPÍTULO 1 - ASPECTOS ESTRUTURAIS – MANUAIS 16 Unidade V - ASPECTOS LINGUÍSTICO DA LIBRAS (Parte 2) 21 • CAPÍTULO 1 - ASPECTOS ESTRUTURAIS - NÃO MANUAIS 21 Unidade VI - AULA PRÁTICA 23 • CAPÍTULO 1 - CUMPRIMENTOS E NUMERAIS 23 Unidade VII - MITOS E VERDADES SOBRE A LIBRAS 26 • CAPÍTULO 1 - DESMISTIFICANDO ALGUMAS CONCEPÇÕES 26 Unidade VIII - AULA PRÁTICA 30 • CAPÍTULO 1 - MOMENTO DO DIA, TEMPO E DIAS DA SEMANA 30 Unidade IX - Aula PRÁTICA 32 • CAPÍTULO 1 - ANO E MESES DO ANO 32 Unidade X - Aula PRÁTICA 34 • CAPÍTULO 1 - CICLOS DA VIDA E GRAU DE PARENTESCO 34 Unidade XI - Cultura Surda (Parte 1) 37 • CAPÍTULO 1 - O NASCIMENTO DA CULTURA SURDA 37 Unidade XII - Cultura Surda (Parte 2) 41 • CAPÍTULO 1 - O QUE SÃO ARTEFATOS CULTURAIS? 41 Unidade XIII - AULA PRÁTICA 46 • CAPÍTULO 1 - ESTADO CIVIL 46 Unidade XIV - AULA PRÁTICA 47 • CAPÍTULO 1 - VERBOS 47 Unidade XV - AULA PRÁTICA 49 • CAPÍTULO 1 - ANTÔNIMOS 49 Unidade XVI - TECNOLOGIA ASSISTIVA 53 • CAPÍTULO 1 - O QUE É TECNOLOGIA ASSISTIVA? 53 5 Caro aluno, tudo bem? Estamos iniciando a nossa disciplina de LIBRAS (Língua Brasileira de Si- nais) e já de antemão gostaria de enfatizar que o conteúdo programático será dividido em aulas teóricas e práticas. Vamos iniciar nossos estudos, nos debruçando sobre conceitos fundamentais acerca da LIBRAS, bem como sobre aspectos relacionados ao “Mundo do Surdo”. Na Unidade I discutiremos sobre a importância da LIBRAS no contexto da Graduação. Em seguida vamos tratar especifi camente do assunto sobre Inclusão Social e Acessibilidade do Surdo. Esta será a nossa Unidade II. Na Unidade III, iniciamos nossa aula prática, iremos visualizar e treinar os sinais do Alfabeto Datilológico. Seguindo com o nosso conteúdo teórico, nos deteremos agora em estudar os as- pectos linguísticos da LIBRAS. Sendo assim, na Unidade IV veremos os aspectos manuais e na Unidade V, os aspectos não manuais. Já na Unidade VI vamos praticar os sinais de LIBRAS referentes aos núme- ros e cumprimento. Na Unidade VII, destacaremos os principais Mitos e Verdades que o senso comum tem sobre a LIBRAS. Voltando para o bloco das aulas práticas, seguiremos visualizando e treinando diversos sinais em LIBRAS que se dará da seguinte forma: Dias da semana, na Unidade VIII; Meses do Ano, na Unidade IX e, por fi m; Grau de Parentesco, na Unidade X. Após uma sequência de aulas práti- cas de sinais em LIBRAS, chegou o momento da conhecermos um pouco mais sobre a Cultura Surda, essa temática será abordada nas Unidades XI e XII. Já com conhecimentos mais aprofundados sobre o “Mundo do Surdo”, vamos agora aprender e treinar um pouco mais os sinais em LIBRAS. Na Unidade XIII, visualizaremos Estado Civil; na Unidade XIV, Verbos e; na Unidade XV, Antônimos. Concluire- mos essa disciplina tratando na Unidade XVI o tema Tecnologia Assistiva relacionada as necessidades do Surdo. Vamos lá? !! Introdução Os objetivos da nossa disciplina de LIBRAS são numerosos, pois este tema envolve bastante conhe- cimento em várias áreas distintas, mas que se completam, para gerar um objetivo macro, que é conhecer a LIBRAS e aspectos relacionados ao “Mundo do Surdo”. Os objetivos propostos são: • Desmistifi car algumas concepções equivocadas que a sociedade possui sobre a LIBRAS, a pessoa surda e sua forma de comunicação; • Compreender a importância da aprendizagem da LIBRAS no contexto da graduação, bem como no contexto social; • Conhecer as leis que asseguram a Inclusão Social e Acessibilidade do Surdo; • Apreender Aspectos linguísticos da LIBRAS no que ser refere as especifi cidades da sua estrutura; • Descrever os artefatos culturais próprios da Cultura Surda; • Conhecer o uso de Tecnologia Assistiva direcionada as necessidade do Surdos; • Aprender e treinar alguns sinais de LIBRAS das categorias: alfabeto, dias da semana, meses do ano, grau de parentesco, estado civil, verbos e antônimos. Objetivos 7 Unidade I - A IMPORTÂNCIA DA LIBRAS NO CONTEXTO DA GRADUAÇÃO Olá, Caros estudantes! Antes de mais nada iniciaremos essa disciplina explicando o signifi cado da sigla LIBRAS: LI = LÍNGUA BRA = BRASILEIRA S = SINAIS CAPÍTULO 1 - LIBRAS: DO QUE MESMO ESTAMOS FALANDO? 1.1 O QUE SIGNIFICA A SIGLA LIBRAS? 1. 2 COMO SURGIU A LIBRAS? Você já conhece a LIBRAS? Já teve contato com algum Surdo usuário dessa língua para se comuni- car? Como você imagina que ela surgiu? Bem, antes de mais nada, a LIBRAS, como qualquer língua, surgiu da necessidade de comunicação entre pessoas com perda auditiva. No entanto, em 1857 foi fundada no Rio de Janeiro a primeira escola para Surdos no Brasil, o Instituto dos Surdos-Mudos, conhecido atualmente como o Instituto Nacional de Educação dos Surdos (INES). Quando a instituição de ensino foi fundada, veio para o Brasil o pro- fessor Surdo francês Hernest Huet e estudavam na instituição Surdos de diferentes regiões do país. O encontro da Língua de Sinais Francesa trazida pelo professor com a Língua de Sinais usada pelos alunos resultou na LIBRAS. Logo em seguida vocês podem visualizar o prédio denominado na época como Instituto dos Surdos- -Mudos, atual INES. É uma belíssima construção no qual indico como local a ser visitado. Recomento também entrar na página do INES (http://www.ines.gov.br/) para conhecer seus projetos de atuação na educação dos Surdos. Antes de prosseguirmos, gostaria de ressaltar que o termo surdo-mudo, atualmente é absolutamente inapropriado. Do ponto de vista orgânico, os surdos não podem ser considerados mudos, a não ser que apresentem comprometimentos também nos órgãos responsáveis para emissão da fala. Já do ponto de vista linguístico, os Surdos “falam” por meio das mãos, expressões faciais e movimentos corporais, sendo assim, não são MUDOS, apenas se comunicam numa modalidade de língua diferente dos ouvin- tes. Sobre esse aspecto nos aprofundaremos mais nas Unidades IV e V. Por essa razão, há um movimento social dos Surdos para combater que a nomenclatura SURDO- -MUDO seja utilizada, para tanto são realizadas campanhas (conforme fi gura 2), que estampam o slo- gan: Surdo-mudo, apague essa ideia! Mas qual terminologia devemos utilizar? Considerando que nessa disciplina abordaremos aspectos relacionadas a cultura surda, utilizaremos a nomenclatura que a comunidade se reconhece, que vem a ser o termo SURDO quando nos referirmos as pessoas com difi culdades auditivas. CAPÍTULO 2 - A LIBRAS NO CONTEXTO DA GRADUAÇÃO Nesse momento ao ter visualizado o vídeo: “Médica falando em Língua de Sinais com um paciente Surdo”, na vídeo-aula, você já deve ter refl etido acerca da pergunta desse tópico. A LIBRAS foi reconhecida como Língua Ofi cial do Surdo com a publicação da Lei nº 10.436, no dia 24 de Abril e o Decreto nº 5626 de 22 de Dezembro 2005. Essa conquista de direito trouxe impactos sociais e políticos na vida não só dos Surdos como também dos Ouvintes. Mas os que são ouvintes? Essa é a terminologia utilizada ao se referir as pessoas que não possuem comprometimento auditivo. Uma vez que já conhecemos essa conceituação, sigamos refl etindo sobre os impactos. O que você acha que mudou quando se reconheceu a LIBRAS? Para responder essa pergunta, sugiroa leitura da Lei e Decreto acima referidas. De acordo com Azeredo (2006): ...O provimento das condições básicas e fundamentais de acessos à Libras se faz indispensável. Requer o seu ensino, a formação de instrutores e intérpretes, a presença de intérpretes em locais públicos e a sua inserção nas políticas de saúde, educação, trabalho, esporte e lazer, turismo e fi nalmente o uso da Libras pelos meios de comunicação e nas relações cotidianas entre pessoas surdas e não-surdas (p.5). 2.1 POR QUE ESTUDAR LIBRAS? 9 Sendo assim, o reconhecimento da LIBRAS como língua ofi cial do Brasil repercutiu entre outras áreas, na educação e, consequentemente na necessidade do seu ensino nos cursos superiores. Mas todos os cursos devem inserir essa disciplina na sua grade curricular? Você identifi ca relevância em todas as formações profi ssionais essa disciplina ser abordada? Vejamos essa resposta do ponto de vista jurídico. A obrigatoriedade do ensino de LIBRAS está pre- vista no Decreto nº 5626/05 no parágrafo único do artigo 90, que assim dispõe: O processo de inclusão da Libras como disciplina curricular deve iniciar-se nos cursos de Educação Especial, Fonoaudiologia, Pedagogia e Letras, ampliando- -se progressivamente para as demais licenciaturas. Por sua vez, o ensino de Libras será opcional nos demais cursos de educação superior e na educação profi ssional conforme o Decreto nº 5626/05 em seu parágrafo 20 do artigo 30. Entretanto, na práticas al- gumas Instituições de Ensino Superior tem adotado a Disciplina LIBRAS como obrigatória mesmo nos curso em que o Decreto prevê como opcional. O que tem difundido mais o conhecimento dessa língua e a busca pela Inclusão social e Acessibilidade do Surdo. Mas o que seria Inclusão Social e Acessibilidade? Que tal você tentar conceituar esses termos? Pesquise, pergunte aos seu colegas e troque opiniões, depois disso compare com os novos conheci- mentos adquiridos, pois estaremos abordando essa temática na próxima Unidade. Bons estudos e até breve! Referências Bibliográfi cas AZEREDO, E. Língua Brasileira de Sinais: “Uma conquista histórica”. Senado Federal – Secre- taria Especial de Editoração e Publicações. Brasília, 2006. BRASIL. Lei nº 10.436 de 24 de abril de 2002. Brasília: Presidência da República, Subchefi a para Assuntos Jurídicos. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10436.htm. Acesso em: 10 de Janeiro de 2019 BRASIL. Decreto nº 5626 de dezembro de 2005. Brasília: Presidência da República, Casa Civil , Subchefi a para Assuntos Jurídicos. Disponível em: https://presrepublica.jusbrasil.com.br/legisla- cao/96150/decreto-5626-05. Acesso em: 10 de Janeiro de 2019 LACERDA, C. Um pouco da história da diferentes abordagens na educação do surdo. Cadernos CEDES 19(46), 1998. RAMOS, C.R. Libras: A Língua de Sinais dos Surdos Brasileiros. Editora Arara Azul Ltda, Pe- trópolis: Rio de Janeiro, 2019. Disponível em: http://www.luzimarteixeira.com.br/wp-content/uplo- ads/2009/06/libras.pdf 11 Unidade II - INCLUSÃO SOCIAL E ACESSIBILIDADE DO SURDO CAPÍTULO 1 - SOMOS TODOS IGUAIS OU SOMOS TODOS DIFEREN- TES? 1.1 O QUE É INCLUSÃO SOCIAL? Caros estudantes, agora seguiremos discutindo sobre Inclusão Social e Acessibilidade. Que tal res- ponder a essa pergunta: Somos todos iguais ou somos todos diferentes? Bem, sigamos então discutindo essas temáticas. Incluir socialmente é um ato de igualdade entres os diferentes indivíduos que habitam determinada sociedade. É fazer com que todos tenham o direito e a oportunidade de participar das várias dimensões do seu ambiente social sem sofrer discriminações ou preconceitos. A inclusão prevê que todos os indiví- duos pertençam ao mesmo meio, independente de condição física, de educação, de gênero, de orientação sexual, de etnia, entre outros aspectos. Azevedo (2008) destaca que na perspectiva da inclusão, cabe a sociedade adequar-se para o acolhi- mento das pessoas com defi ciência, para tanto se faz necessário o reconhecimento dos impedimentos e difi culdades que a sociedade cria, muitas vezes sem perceber, de “barreiras”, das mais diversas, as quais são somente percebidas por quem é possuidor de uma individualidade própria, ou especifi cidade que ela conhece como defi ciência dela, mas, em verdade, a defi ciência está na sociedade que cria essas “barrei- ras”. Um exemplo disso, muito conhecido pelos cadeirantes (pessoas que usam cadeira de rodas), são observadas nos prédios que em sua entrada só existem escadas. Neste caso, a ausência da rampa impede que um cadeirante adentre a este prédio. Hoje, os prédios são obrigados a possuírem rampas de acesso dentro de um padrão técnico. A isso chamamos de universalizar o ambiente físico para qualquer tipo de pessoa, em especial os cadeirantes. Observem que agindo assim a defi ciência não está na pessoa, mas no ambiente físico não projetado, ou seja, não acessível para receber pessoas que usam cadeira de rodas. Vamos analisar essas duas charges na perspectiva de uma ambiente que inclui ou exclui socialmente o indivíduo. O que achou? É notório que os cartunistas conseguiram através das imagens e do humor problematicar uma reali- zade que infelizmente ainda permeia nossa sociedade. É, ainda estamos longe de garantir a inclusão, de fato. 1.2 A INCLUSÃO SE FAZ COM ACESSIBILIDADE Uma vez que você aprendeu no tópico anterior que inclusão se faz com a eliminação das “barreiras” criadas na/pela sociedade, vamos agora compreender que “acessível” vem a ser aquele espaço, edifi ca- ção, mobiliário, equipamento, atitude, que permite o alcance, acionamento, uso e vivência por qualquer pessoa, independentemente de ser essa pessoa com ou se defi ciência, assim recomenda a Norma Técnica da ABNT NBR 9050/2015. Sobre essa “barreiras” Sassaki (2009) destaca que existem 6 dimensões: • Arquitetônica – sem barreiras físicas; • Comunicacional – sem barreiras a comunicação entre pessoas; • Metodológica – sem barreiras nos métodos e técnicas de lazer, trabalho, educação, entre outros; • Instrumental – sem barreiras de instrumentos, ferramentas, utensílios, entre outros; • Programática – sem barreiras embutidas em políticas públicas, legislação, normas, entre outras; • Atitudinal – sem preconceito, estereótipos, estigmas e discriminação nos comportamentos da socie- dade para pessoas que têm defi ciência. Sabemos, porém, que dentre todas essas barreiras, a de se destacar aquela que é mais presente no meio social, qual seja, a Atitudinal. Isso se justifi ca porque são as atitudes que de forma sutil e embutida trazem situações de exclusão baseada em falsas informações e criadora de entendimentos distorcidos sobre o verdadeiro potencial de capacidade que possui uma pessoa independentemente da condição de ser ela alguém com defi ciência. Para maior aprofundamento dessa temática sugiro a leitura do texto de Romeu Sassaki intitulado: “Inclusão: Acessibilidade no lazer, trabalho e educação”, disponível em: http://www.acessibilidade. ufg.br/up/211/o/SASSAKI_-_Acessibilidade.pdf?1473203319 Nesse momento você já pode refl etir sobre os temas Inclusão e Acessibilidade numa perspectiva mais ampla. Agora vamos refl etir sobre as barreiras no que se refere as especifi cidade do Surdo. 13 1.3 A INCLUSÃO DO SURDO: CONSTRUINDO UMA SOCIEDADE ACOLHEDORA Antes de prosseguirmos com a leitura dessa apostila vamos refl etir sobre a inclusão social do surdo assistindo ao vídeo: Inclusão de Surdos, disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=HGIv8kJnPeI O que você achou do vídeo? Você imaginava que os Surdos se deparassem com essas barreiras? Diante do que foi discutido até esse momento e após a visualização do vídeo percebemos que é possível a inclusão da pessoa Surda na sociedade desde que sejam as barreiras eliminadas. Percebemos no vídeo que para a inclusão do Surdo é fundamental eliminar a barreira Comunicacional, ou seja, garantir a comunica- ção não apenas pela oralidade e sim reconhecer a necessidade da inserçãoda LIBRAS para aqueles que são usuários dessa língua. Quando falamos de inclusão no ambiente escolar é necessário a garantia de intérpretes de LIBRAS para que as informações passadas pelo professor sejam acessíveis ao aluno Surdo. A garantia de uma me- todologia de ensino que contemple o uso de recursos visuais também se faz necessário, visto que, o Surdo apresenta habilidade visual mais desenvolvida, o que facilita sua apreensão e aprendizagem dos conteúdos ministrados. Para aprofundarmos mais essa questão vamos agora assistir ao vídeo Barração – a Inclusão escolar de aluno surdo supera a barreira do preconceito disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=ko3xRayIM8Y Ao assistir ao vídeo busque identifi car as 6 dimensões de barreiras sugeridas por Sassaki (2009): arqui- tetônica, comunicacional, metodológica, instrumental, programática e atitudinal. O que você achou do vídeo? Você conseguiu identifi car que barreiras foram eliminadas nessa ambiente escolar? Que diferença fez para o aluno Surdo a eliminação dessas barreiras? Bem, sugiro que você se aprofunde nesse conhecimento, refl ita sobre esse aspecto e contribua para a construção de um mundo que promova mais inclusão social. Na próxima Unidade iniciaremos a nossa primeira aula prática sobre sinais da LIBRAS é muito impor- tante que você possa treinar os sinais. Até breve e bons estudos! Referências Bibliográfi cas ABNT. NBR 9050. Brasília, Ministério Púbico Federal, 2015. Disponível em: http://www.mpf. mp.br/atuacao-tematica/pfdc/institucional/grupos-de-trabalho/inclusao-pessoas-defi ciencia/atua- cao/legislacao/docs/norma-abnt-NBR-9050.pdf/view. Acesso em: 15 de Janeiro de 2019 AZEVEDO, G.M.E; SILVA, J.R.A. Todos na (mesma) escola. Revista Nacional de Tecnologia Assis- tiva. Edição nº01, São Paulo, 2009 AZEVEDO, G.M.E. Incluir é sinônimo de dignidade humana. Revista Brasileira de Educação Profi s- sional e Tecnológica, Brasília, Ministério da Educação, v.1, 2008. SASSAKI, R. K. Inclusão: acessibilidade no lazer, trabalho e educação. Revista Nacional de Reabi- litação (Reação), São Paulo, Ano XII, mar./abr. 2009, p. 10-16. 15 Unidade III - ALFABETO MANUAL CAPÍTULO 1 - COMUNICANDO COM AS MÃOS ALFABETO MANUAL DA LÍN- GUA DE SINAIS DE PORTUGAL Olá! Chegou o momento de aprender os sinais em LIBRAS. Nesse instante a vídeo aula será funda- mental para que você visualize e treine os sinais. Nessa apostila você visualizará os sinais através das imagens, no entanto, a vídeo aula será fundamental para que visualize como se dá a produção do sinal com relação ao movimento. Vamos iniciar aprendendo o Alfabeto Manual, também conhecido como Alfabeto Datilológico. Mas, o que seria o Alfabeto Manual? O Alfabeto Manual é uma representação simbólica das letras do alfabeto das línguas orais, portanto nesse momento aprenderemos o Alfabeto Manual do Português usado no Brasil. Mas há diferenças? Sim, cada língua tem o seu Alfabeto Manual, da mesma forma que o Português falado em Portugal difere do Português falado no Brasil, os sinais também diferem, mesmo que possuam alguma similari- dade em algum momento. Vamos comparar! Segue a imagem das fi guras 5 e 6 que ilustram a diferença do Alfabeto Manual referente ao Português de Portugal e do Brasil. ALFABETO MANUAL DA LÍN- GUA DE SINAIS DO BRASIL O Alfabeto Manual é usado para representar palavras, principalmente nome de pessoas ou locais, como também pode ser usado para soletrar uma palavra que não conhecemos o seu sinal ou que ainda não possui sinal em LIBRAS. É importante destacar que a criação de sinais para palavras que ainda não possuem uma represen- tação em LIBRAS é elaborada pela Comunidade Surda por meio de um consenso. Sobre Comunidade Surda aprofundaremos mais esse conceito nas Unidade XI e XII. Nesse momento você deverá treinar o Alfabeto Manual da LIBRAS. Que tal dizer seu nome, o nome dos seus familiares, amigos, enfi m, você terá possibilidades de sina- lizar diferentes nomes? Em seguida vamos visualizar os sinais para você se apresentar: MEU NOME Além de você poder dizer seu nome soletrando com sinais é importante destacar que cada pessoa possui um sinal próprio que o representa. Esse sinal é dado por um Surdo que geralmente capta uma característica física da pessoa e a representa com um sinal. Sendo assim, você poderá ser reconhecido pelo seu nome soletrado em LIBRAS ou por meio de um sinal. Se você conhece algum Surdo que se comunica em LIBRAS, ótimo! Perca a timidez e inicie um diálogo. Que tal perguntar: Qual seu nome? E já poder também se apresentar. Vamos visualizar como realizar esse diálogo inicial? Segue sinais que podem promover uma apresentação inicial: Na próxima Unidade seguiremos aprendendo sobre aspectos linguísticos da LIBRAS. Bons estudos! Não deixe de treinar! E até breve! 17 Unidade IV - ASPECTOS LINGUÍSTICO DA LIBRAS (Parte 1) CAPÍTULO 1 - ASPECTOS ESTRUTURAIS – MANUAIS Agora que você já aprendeu o Alfabeto Manual e alguns sinais você já dever ter percebido que a LIBRAS tem sua estrutura gramatical organizada a partir de alguns parâmetro que estruturam sua for- mação nos diferentes níveis linguísticos. Na estrutura da LIBRAS temos os aspectos manuais e não manuais. Nessa Unidade estudaremos os aspectos manuais. Os aspectos estruturais manuais são divididos em: parâmetros principais e secundários. 1.1 PARÂMETROS PRINCIPAIS Os parâmetros principais são: A) Confi guração de mão (CM); B) Ponto de Articulação (PA); C) Movimento (M). a) Confi guração de mão (CM): é a forma que a mão assume durante a realização de um sinal. Estudos comprovam que na LIBRAS existem 61 confi gurações de mãos (imagem). Vale destacar que a alfabeto manual utiliza 26 dessas confi gurações para representar as letras. Sendo assim, todos os sinais produzidos em LIBRAS assumiram uma dessas confi gurações de mãos na imagem visualizada. Vejamos alguns exemplos de sinais usando diferentes confi gurações de mãos: 19 b) Ponto de Articulação (PA): é o lugar do corpo onde será realizado o sinal. Ex.: c) Movimento (M): é o deslocamento da mão no espaço, durante a realização do sinal. Ex.: Para maior aprofundamento do parâmetro movimento (M) sugiro pesquisar na Apostila: Aspectos Linguísticos da Libras elaborada por Strobel e Fernandes (1998) disponível em: https://pt.slideshare. net/IzackGomes/aspectos-linguisticos-libras 1.2 PARÂMETROS SECUNDÁRIOS Os parâmetros secundários são: a) Disposição das mãos; b) Orientação das mãos; c) Região de contato. Vejamos a que corresponde cada parâmetro: a) Disposição das mãos: a realização dos sinais podem ser feitos com a mão dominante ou por ambas as mãos; b) Orientação das mãos: direção da palma da mão durante a execução do sinal da LIBRAS que pode ser: para cima, para baixo para o lado, para frente, etc. Vale destacar que também pode ocorrer a mudança de orientação durante a execução de um sinal; c) Região de contato: na execução dos sinais a mão entra em contato com o corpo, através do: toque, duplo toque, risco e deslizamento. Para visualizar os exemplos dos parâmetros secundários sugiro acessar a vídeo aula. Estamos fi nalizando mais uma Unidade! Logo em seguida estudaremos a segunda parte dos aspectos linguísticos da LIBRAS. Bons estudo e até breve! 21 Referências Bibliográfi cas QUADROS, R.M; KARNOPP, L.B. Língua de Sinais Brasileira: Estudos linguísticos. Porto Ale- gre: Artmed, 2004. STROBEL, K.L; FERNANDES, S. Aspectos Linguísticos da LIBRAS. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da Educação. Departamento de Educação Especial, Curitiba, 1998. Unidade V - ASPECTOS LINGUÍSTICO DA LIBRAS (Parte 2) CAPÍTULO 1 - ASPECTOS ESTRUTURAIS - NÃO MANUAIS Olá! Como estão os estudos? Nessa Unidade seguiremos com a temática aspectos linguísticos da LIBRAS. Além dos aspectos manuais que estudamos na Unidade anterior, a LIBRAS possui uma série de componentes não manuais como: a expressão facial ou o movimento do corpo, que muitas vezes podem definir ou diferenciar sig- nifi cados entre sinais. A expressão facial e corporal podem traduzir: alegria, tristeza, raiva, amor, cansaço, entre diversos sentimentos e estados físicos. O uso da expressão facial compatível com o que se deseja expressar dá mais sentido a LIBRAS e, em alguns casos, determina o signifi cado/intencionalidade de um sinal. Estamos chegando ao fi nal dessa Unidade. Sugiro a visualização do vídeo: Estrutura Gramatical da LIBRAS por Ronice Quadros, disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=O66o7BvuYwA que abordará aspectos estudados na Unidade IV e V. Até a próxima Unidade e bons estudos! 23 Referências Bibliográfi cas QUADROS, R.M; KARNOPP, L.B. Língua de Sinais Brasileira: Estudos linguísticos. Porto Ale- gre: Artmed, 2004. STROBEL, K.L; FERNANDES, S. Aspectos Linguísticos da LIBRAS. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da Educação. Departamento de Educação Especial, Curitiba, 1998. Unidade VI - AULA PRÁTICA CAPÍTULO 1 - CUMPRIMENTOS E NUMERAIS 1.1 CUMPRIMENTOS Olá! Agora vamos retornar as nossas aulas práticas. Nessa Unidade vamos aprender os cumprimen- tos. Afi nal, para iniciarmos e fi nalizarmos uma conversa é importante saber realizar os cumprimentos. Ex.: 1.1 CUMPRIMENTOS Nesse tópico aprenderemos que a representação em sinais dos números se modifi ca de acordo com uso. 25 1.2.1 NÚMEROS CARDINAIS EM REGRA GERAL Usados para representar número de telefone, da idade, do endereço, da conta bancária, entre outros. 1.2.2 NÚMEROS CARDINAIS PARA QUANTIDADE Usados para representar quantidade de objetos, pessoas, entre outros. 1.2.3 NÚMEROS ORDINAIS Usados para assinalar uma posição numa sequência ordenada: primeiro, segundo, terceiro, quar- to, quinto, sexto e etc. Observe na imagem que são sinalizados com movimento trêmulo da mão. Estamos fi nalizando mais uma Unidade. Observe que com os sinais aprendidos você já será capaz de iniciar um diálogo com cumprimentos, como também poderá usar os números de acordo com o que deseja transmitir. Você poderá sinalizar sua idade, data de nascimento, telefone, o quantitativo de um objeto, a ordem de algum acontecimento, entre outras possibilidades. Bons estudos e até a próxima Unidade. 27 Unidade VII - MITOS E VERDADES SOBRE A LIBRAS CAPÍTULO 1 - DESMISTIFICANDO ALGUMAS CONCEPÇÕES Olá! Vamos abordar nesse módulo alguns mitos e verdades sobre a LIBRAS que permeiam o senso comum, pois é importante desmitifi car concepções equivocadas acerca dessa língua. Nessa Unidade buscaremos responder a algumas indagações trazendo à tona alguns conceitos já estudados em Unidades anteriores. 1.1 A LIBRAS É UNIVERSAL? Não, na maioria do mundo pelo menos, uma língua de sinais é utilizada pela comunidade surda de cada país. Sendo assim, a Língua de Sinais Americana (ASL), difere da Língua de Sinais Britânica (BSL), que consequentemente difere da Língua de Sinais Francesa (LSF), como também podemos per- ceber que cada língua de sinais possui sua própria sigla. Além disso, dentro de um mesmo país há variações regionais das Línguas de Sinais salientando seu caráter de língua natural. 1.2 A LIBRAS É APENAS GESTOS? Não! É comum pensar que as línguas de sinais são apenas mímicas, ou seja, gestos que reproduzem algumas características do objeto. Até encontramos uma quantidade de sinais que imitam o objeto, a isso chamamos de sinais icônicos, mas muitos sinais são aleatórios as características do objeto. Na imagem podemos visualizar sinais icônicos, ou seja, que imitam as características dos objetos, já na imagem seguinte exemplifi camos sinais arbitrários, ou seja, não estão vinculados a representação do objeto. Logo em seguida podemos visualizar na imagem que nas línguas de sinais fazemos uso de al- guns gestos comuns a língua portuguesa. 1.3 A LIBRAS FOI INVENTADA ARTIFICIALMENTE? 29 Hernest Huet Não. Com relação a essa pergunta nós já aprendemos na Unidade I que a LIBRAS surgiu como qual- quer língua, ou seja, da necessidade de comunicação entre pessoas com perda auditiva e que a LIBRAS tem sua origem da Língua de Sinais Francesa, uma vez que a criação do Instituto para Surdo-mudo no Rio de Janeiro promoveu o encontro da LIBRAS falada pelos Surdos de diferentes partes do Brasil com a Língua de Sinais Francesa trazida pelo professor Surdo Hernest Huet (imagem abaixo). Já estudamos também na Unidade III que quando há a necessidade da criação de algum sinais, é realizada por uma comissão de Surdos que aprovam chegando a um consenso. 1.4 A LIBRAS NÃO POSSUI ESTRUTURA PRÓPRIA? Não. Esse é um outro equívoco, durante muito tempo se pensava que as Línguas de Sinais seguia a mesma estrutura da língua na modalidade oral. As línguas de sinais apresentam características próprias através de uma modalidade espaço-visual, ou seja, utilizamos o espaço para expressar a mensagem e a visão para captá-la. Já visualizamos na Unidade IV e V aspectos referentes a estrutura linguística da LIBRAS, além disso podemos destacar algumas características dessa língua como: a estrutura da frase difere da língua oral e a ausência do uso de artigos e preposições, podemos visualizar essa especifi cidade da LIBRAS por meio da imagem em seguida que demonstra como seria produzida a frase: O gato comeu o rato na estrutura do Português e em LIBRAS. Antes de fi nalizarmos essa Unidade sugiro a leitura do texto de Renê Foster, intitulado Desfazendo mitos e mentiras sobre línguas de sinais, disponível em: http://www.pgletras.uerj.br/linguistica/textos/livro02/LTAA02_a19.pdf Bons estudo! Até a próxima Unidade. Referências Bibliográfi cas FOSTER, R. Desfazendo mito e mentiras sobre línguas de sinais. Disponível em: http://www. pgletras.uerj.br/linguistica/textos/livro02/LTAA02_a19.pdf. Acesso: 22 de Janeiro de 2010. GESSER, A. Libras? Que língua é essa? Crenças e preconceitos em torno da língua de sinais e da realidade surda. São Paulo: Parábola Editorial, 2009 31 Unidade VIII - AULA PRÁTICA CAPÍTULO 1 - MOMENTO DO DIA, TEMPO E DIAS DA SEMANA 1.1 MOMENTO DO DIA E TEMPO Olá! Estaremos nessa Unidade abordando mais sinais em LIBRAS para maior aproveitamento você deverá seguir a vídeo aula. Os sinais aqui apresentados são a ilustração do sinal para facilitar seu apren- dizado. 1.3 DIAS DA SEMANA 33 Unidade IX - Aula PRÁTICA CAPÍTULO 1 - ANO E MESES DO ANO Olá! Estaremos nessa Unidade ampliando os conhecimentos sobre sinais em LIBRAS para maior aproveitamento dessa Unidade você deverá seguir a vídeo aula. Não se esqueça que sinais aqui apresen- tados são apenas a ilustração do sinal usado como apoio para sua fi xação. 1.1 ANO 1.2 MESES DO ANO Estamos fi nalizando essa Unidade! Não esqueça de treinar os sinais! Bons estudos e até a próxima Unidade. 35 Unidade X - Aula PRÁTICA CAPÍTULO 1 - CICLOS DA VIDA E GRAU DE PARENTESCO Olá! Nessa Unidade daremos continuidade aos sinais de LIBRAS. Assista a vídeo aula e treine os sinais. 1.1 CICLOS DA VIDA 1.2 GRAU DE PARENTESCO 37 Estamos fi nalizando mais uma Unidade! Continue treinando! Observe que a cada categoria de sinais aprendidos você amplia sua capacidade de se comunicar em LIBRAS. Bons estudo e até a próxima Unidade! Unidade XI - Cultura Surda (Parte 1) CAPÍTULO 1 - O NASCIMENTO DA CULTURA SURDA Olá! Caros estudantes! Nesse módulo discutiremos aspectos relacionados a Cultura Surda. É isso mesmo, muitos estudiosos com Strobel, 2008; Moura, 2000; Skliar, 1998, defendem essa ideia e a Co- munidade Surda também a adota, pois na medida que os Surdos legitimam sua língua e Comunidade, temos como decorrência dessa convivência minoritária o nascimento da Cultura Surda. Antes de nos aprofundarmos mais no conceito de Cultura Surda é relevante compreender alguns aspectos sobre visão/concepção de surdez, causas de perdas auditivas e grau de perdas auditivas. Vamos lá? Atualmente há duas visões/concepções da surdez: • Visão clínica – compreende o sujeito surdo como defi ciente que necessita de reabilitação/tratamentopara ser inserido na comunidade ouvinte; • Visão sócio-antropológica – compreende o sujeito surdo como diferente, que pertence a uma mi- noria linguística, ou seja, se comunicam por meio da língua de sinais, membro de uma comunidade surda. Percebemos que há divergência entre essas duas visões na forma de conceber a surdez e cada uma 39 conduzirá a diferentes encaminhamentos na educação do Surdo. No que ser refere as perdas auditivas elas podem ser ocasionadas por causas: • Pré-natais (antes do nascimento, ou seja, durante a gestação) – uso de drogas, desnutrição, rubéola materna, entre outras; • Natais (durante o parto) – icterícia, anoxia durante o parto, entre outras; • Pós-natais (após o nascimento) – traumas cranianos, otites, meningite, entre outras. Com relação ao grau das perdas auditivas podem ser classifi cadas em: • Leve – difi culdade para ouvir alguns sons na faixa de 25 a 40 dB como entende sons da fala, ouvir passarinho cantando, entre outros; • Moderada – difi culdade para ouvir alguns sons na faixa de 41 a 70 dB como o latido do cachorro, bebê chorando, aspirador de pó, fala, entre outros; • Severa – difi culdade para ouvir alguns sons na faixa de 71 a 90 dB como o toque do telefone, a fala, entre outros; • Profunda – difi culdade de ouvir sons na faixa acima de 91 dB como máquina de cortar grama, cami- nhão, avião, entre outros sons. Nesse grau de perda auditiva os sons da fala não são audíveis. Na fi gura abaixo podemos visualizar o impacto do grau da perda auditiva captar/ouvir alguns sons. Uma vez que os conceitos acima foram trabalhados vamos agora nos debruçar sobre o tema Cultura Surda. Adotaremos aqui a concepção de que o Surdo tem uma cultura própria apoiada no conceito de multiculturalismo que defende que a cultura não se relaciona apenas a etnia, à nação ou à nacionalidade, mas como um espaço de direitos coletivos para a determinação própria de grupos. Além disso, há na surdez características que ultrapassam os limites de classe, gênero e raça (Strobel, 2008). Para os Surdos, ter uma cultura própria é viver em igualdade, assim como, é ter um estilo de vida diferentes em alguns aspectos por meio de valores, estilos, atitudes e práticas. Façamos agora uma refl exão: A Comunidade Surda é composta apenas por Surdos? Não, a Comunidade Surda é formada tanto por Surdos como por Ouvintes que residem na mesma localidade e compartilham o mesmo interesse em comum. Sendo assim, fazem parte da Comunidade Surda ouvintes que estão engajados nas lutas dessa minoria linguística. Ainda sobre os membros que fazem parte dessa Comunidade há um equívoco em imaginar que se- riam apenas aqueles que apresentam um grau de perda auditiva profunda e que dominam apenas a língua de sinais e, portanto, não são oralizados, ou seja, não se comunicam através da modalidade oral da nossa língua que seria o português. Desse modo, para ser membro dessa comunidade não importa o grau da perda auditiva, nem tão pouco seu nível de oralização ou de domínio da LIBRAS. Sugiro agora que você assista ao vídeo intitulado: Cultura Surda, cidadania e inclusão disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=KXAHQe90Oh0 O que você achou do vídeo? Nesse momento você deve ter visualizado e aprendido sobre alguns aspecto da Cultura Surda, mas deve estar se perguntando: Quais são as especifi cidades dessa cultura? O que há de diferente se compa- rada a cultura ouvinte? Na próxima Unidade responderemos a essas perguntas ao estudarmos os Artefatos Culturais do Surdo. Bons estudo e até breve! 41 Referências Bibliográfi cas MOURA, M.C. O surdo. Caminhos para uma nova identidade. Rio de Janeiro: Livraria e Editora Reviver Ltda, 2000. SKLIAR, C. Um olhar sobre o nosso olhar acerca da surdez e das diferenças. In: Surdez: Um olhar sobre as diferenças. Porto Alegre: Editora Mediação, 1998. STROBEL, K. As imagens do outro sobre a cultura surda. Florianópolis: Ed. da UFSC, 2008. Unidade XII - Cultura Surda (Parte 2) CAPÍTULO 1 - O QUE SÃO ARTEFATOS CULTURAIS? Olá! Chegamos a segunda parte dos estudo sobres Cultura Surda, nessa Unidade estudaremos as especifi cidades dessa cultura de acordo com as pesquisa de Strobel (2008) sobre Artefato Culturais dos Surdos. Para responder essa pergunta usaremos o conceito trazido por Strobel (2008): ...no campo dos Estudos Culturais, o conceito de “artefatos” não se referem apenas a materialismos cultu- rais, mas àquilo que na cultura constitui produção do sujeito que tem seu próprio modo de ser, ver, entender e transformar o mundo (p. 37). Diante dessa conceituação Strobel (2008) destaca a existência de 8 artefato culturais dos surdos que ilustram suas atitudes do ser surdo, de perceber e de modifi car o mundo. Vejamos no próximo tópico quais são eles. Vamos lá! 1.1 ARTEFATOS CULTURAIS DOS SURDOS Os Artefatos culturais dos Surdos são: • Experiência visual; • Linguísticos; • Familiar; • Literatura surda; • Vida social e esportiva; • Artes visuais; • Política; • Materiais. 1.1.1 ARTEFATO CULTURAL: EXPERIÊNCIA VISUAL Diante da perda auditiva os Surdos desenvolvem mais habilidades visuais e sua percepção das ex- pressões faciais e corporais, bem como, das atitudes dos seres vivos e objetos em diversas circunstâncias se dá de forma diferenciada do ouvinte. Sendo assim, o Surdo apreende o mundo pela visão. Essa particularidade do Surdo deveria ser levada em consideração, no entanto, muitas vezes a socie- dade não se utiliza de recursos visuais que promovam sua acessibilidade em vários espaços. 43 1.1.2 ARTEFATO CULTURAL: LINGUÍSTICO O artefato cultura linguístico se refere ao uso da LIBRAS pela comunidade Surda. A LIBRAS é uma das principais marca da identidade do Surdo, pois é uma forma de comunicação que capta as experiências visuais dos sujeitos Surdos e o faz se comunicar, transmitir e adquirir os conhecimen- tos. 1.1.3 ARTEFATO CULTURAL: FAMILIAR O nascimento de uma criança surda numa família, na maioria das vezes, gera, inicialmente, um impacto nos pais e familiares, pois “quebra” a fantasia do bebê imaginário que é bonito, perfeito, inteli- gente e ouvinte. Estudos comprovam que 97% dos surdos são fi lhos de pais ouvintes, portanto passam por histórias de vida parecidas com relação a aceitação da surdez e da LIBRAS pela família. Muitas vezes os familiares ou por desconhecimento ou por preconceito preferem que seu fi lhos sur- dos não tenham acesso a LIBRAS, optando pela busca de que aprendam a oralizar, pois consideram que ao aprender LIBRAS seus fi lhos seriam estrangeiros dentro do próprio lar. 1.1.4 ARTEFATO CULTURAL: LITERATURA SURDA A literatura surda pode ser visualizada em diferentes gêneros: poesia, história de surdos, piadas lite- ratura infantil, clássicos, fábulas, contos, romances, lendas e outras manifestações culturais. Na literatura surda são abordados as experiências pessoais dos Surdos, testemunhos e sobre a valori- zação de sua identidade surda. Segue algumas imagens que exemplifi cam esse artefato: 1.1.5 ARTEFATO CULTURAL: VIDA SOCIAL E ESPORTIVA São acontecimentos culturais, tais como: casamentos entre Surdos, festas, lazeres e atividades nas associações de Surdos, eventos esportivos e outros. 1.1.6 ARTEFATO CULTURAL: ARTES VISUAIS São criações artísticas visuais que sintetizam as emoções, histórias, subjetividade e cultura do Surdo. 45 1.1.7 ARTEFATO CULTURAL: POLÍTICA Consiste em diversos movimentos sociais e lutas dos Surdos pelos seus direitos. 1.1.8 ARTEFATO CULTURAL: MATERIAIS Podem também ser chamado de tecnologia assistiva usadas pelo Surdo que são conjunto de técnicas, aparelhos, instrumentos, produtos e procedimentos que visam sua mobilidade, percepção e utilização do meio ambiente. Essa temática será melhor discutida na Unidade XVI. Na fi gura abaixo podemos visualizar uma campainha que ao ser tocada acende uma luz para que o Surdo posso visualizar a chegada de alguém na sua residência. Chegamos ao fi nal dessa Unidade e quantas coisas interessantesdescobrimos que faz parte do “uni- verso” do Surdo. Bons estudos e até a próxima Unidade. Referências Bibliográfi cas MOURA, M.C. O surdo. Caminhos para uma nova identidade. Rio de Janeiro: Livraria e Editora Reviver Ltda, 2000. SKLIAR, C. Um olhar sobre o nosso olhar acerca da surdez e das diferenças. In: Surdez: Um olhar sobre as diferenças. Porto Alegre: Editora Mediação, 1998. STROBEL, K. As imagens do outro sobre a cultura surda. Florianópolis: Ed. da UFSC, 2008. 47 Unidade XIII - AULA PRÁTICA CAPÍTULO 1 - ESTADO CIVIL Olá! Estaremos nessa Unidade aprendendo mais sinais da LIBRAS. Acompanhe a vídeo aula e não deixe de treinar os sinais. Não esqueça de treinar os sinais! Bons estudos e até a próxima Unidade! Unidade XIV - AULA PRÁTICA CAPÍTULO 1 - VERBOS Olá! Como estão os estudos dos sinais? Você tem conseguido praticar? Nessa Unidade seguiremos com a apresentação de mais sinais em LIBRAS. Visualize a vídeo aula e vamos treinar juntos. 49 Agora que você aprendeu alguns verbos que tal tentar se comunicar expressando algumas ações? Vamos lá! Continue treinando! Bons estudos e até a próxima Unidade. Unidade XV - AULA PRÁTICA CAPÍTULO 1 - ANTÔNIMOS Olá! Nessa Unidade aprenderemos alguns antônimos em LIBRAS. Acompanhe a vídeo aula e pratique juntos com os colegas. Não se esqueça que seu contato com um Surdo usuário da LIBRAS pode te ajudar bastante. 51 53 Unidade XVI - TECNOLOGIA ASSISTIVA CAPÍTULO 1 - O QUE É TECNOLOGIA ASSISTIVA? Você já conhece o termo “tecnologia assistiva” (TA)? Acredito que não. Mas, certamente você já deve ter visto alguém andando na rua e fazendo uso de uma bengala. Ou então você já deve ter visto alguém com defi ciência visual andando na rua e acompanhado por um cão que guiava esta pessoa para andar na rua com segurança. Esses exemplos são bem ilustrativos do que vem a ser a “tecnologia assistiva. Pois bem, um conceito bem usual e adotado na norma técnica da ABNT NBR 9050, diz que “tecno- logia assistiva” vem a ser um conjunto de técnicas, aparelhos, instrumentos, produtos e procedimentos que visam à mobilidade, percepção e utilização do meio ambiente e dos elementos por pessoas com defi ciência. Você percebeu então que a tecnologia assistiva abrange não apenas um produto, ou seja, se expande também para estratégias, serviços e práticas que venham favorecer o desenvolvimento de adequações, habilidades e técnicas que melhoram a vida da pessoa com defi ciência na convivência em sociedade. Inclusive o termo pode ser também usado como “ajudas técnicas”, “tecnologia de apoio”, “tecnologia adaptativa” ou simplesmente “adaptações”. 55 São extensores que possibilitam fazer uso de certos objetos (co- lheres, tesouras, entre outros) 1.1 CLASSIFICAÇÃO DA TA QUANTO A ATUAÇÃO Assim, em regra geral, a TA é classifi cada conforme suas possibilidades de atuação: • TA utilizada na comunicação aumentativa e alternativa; • TA para auxiliar na vida diária e vida prática; • A utilizada como recurso de acessibilidade ao computador; Recurso de comunicação visual para pessoas que apresentam impossibilida- de de comunicação oral Software sintetizador de voz para leitura de tela de computador para pessoas com defi ciência visual • TA utilizada em sistemas controle de ambiente; • TA encontrada em projetos arquitetônicos para acessibilidade; Plataforma elevatória para cadeirantes, usada em lugares onde não existe rampa • TA em órtese ou prótese; 57 • TA para uma adequação postural; Acessórios que possibilitam a adequação postural de quem faz uso de cadeiras de rodas ou mobiliários em geral • TA como um auxílio na mobilidade; Dispositivo semelhante a cadeira de rodas porém para uso exclusivo em pis- cinas ou mar • TA como um auxílio para ampliação da função visual e recursos que traduzem conteúdos visuais em áudio ou informação tátil; A escrita Braille é um exem- plo do recurso que transfor- ma conteúdo visual em in- formação tátil • TA como um auxílio para melhorar a função auditiva e recursos utilizados para traduzir os conteúdos de áudio em imagens, texto e língua de sinais; Dicionário digital em LIBRAS • TA utilizada para mobilidade em veículos; Plataforma elevatória de acesso de cadeirantes aos meios de transportes • TA utilizada para o esporte e lazer. Exemplo de pratica despor- tiva paraolímpica possível com a utilização de recursos adaptados 59 1.2 CLASSIFICAÇÃO DA TA QUANTO A TECNOLOGIA UTILIZADA NO COTIDIA- NO DO SURDO Assim, podemos dizer que a TA é classifi cada em: • Alta TA = utiliza de sistemas computadorizados, softwares especiais. São mais complexos e às vezes multifuncionais; iderada por um simpático intérprete 3D, o Hugo, o aplicativo Hand Talk faz a tradução automática de texto e voz para LIBRAS • Média TA = geralmente elétricos, porém sem um sistema computacional. Dispositivo de telecomuni- cação para surdos (TDD, sigla em inglês), também conhecido como teletipo (TTY, sigla em inglês), pode dar a esses indivíduos a ca- pacidade de conversar com amigos e familiares. • Média TA = geralmente elétricos, porém sem um sistema computacional. Dispositivo de telecomuni- cação para surdos (TDD, sigla em inglês), também conhecido como teletipo (TTY, sigla em inglês), pode dar a esses indivíduos a ca- pacidade de conversar com amigos e familiares. • Baixa TA = simples, não elétricos, Baixo custo e menos treinamento para uso. Cartazes e targetas em papel para trabalhar o con- ceito de calendário com alu- nos surdos Por fi m, para concluir essa abordagem, vai ai uma dica acerca de ambientes que possuam tecno- logia assistiva para surdos. Todos esses ambientes devem ser sinalizados indicando que são ambien- tes para surdos, para tanto, se faz necessário aplicar a sinalização ditada pela NBR 9050 da ABNT, quais sejam: Chegamos ao fi nal dessa apostila e desejo que seus estudo não parem por aqui! Há muito o que se aprender sobre a LIBRAS e sobre o “universo” dos Surdos. 61 Referências Bibliográfi cas BRASIL. SDHPR - Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Defi ciência - SNPD. 2009. Disponível em: http://www.pessoacomdefi ciencia.gov.br/app/publicacoes/tecnologia-assistiva. Acesso em 06/01/2019 BRASIL. SDHPR - Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Defi ciência - SNPD. 2012 Disponível em: http://www.pessoacomdefi ciencia.gov.br/app/ Acesso em 06/01/2019 Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Defi ciência, 2007. PORTARIA INTERMINISTERIAL Nº 362, DE 24 DE OUTUBRO DE 2012. Disponível em: http://www.pessoacomdefi ciencia.gov.br/app/sites/default/fi les/arquivos/%5Bfi eld_generico_imagens-fi lefi eld- description% 5D_58.pdf Acesso em 07/01/2019.
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