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Teologia do Natal

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Tempo da manifestação: Advento, Natal e Epifania. 
História, teologia, estrutura celebrativa. 
 
 O ciclo da manifestação do Senhor ou ciclo de Natal, como é 
popularmente conhecido, é o tempo que começa com o primeiro domingo do 
advento e termina com a festa do Batismo do Senhor. O mistério particular de 
Cristo no qual se centram suas celebrações é o da manifestação do Senhor. Sua 
manifestação na carne, ao nascer em Belém (Natal), sua manifestação às 
nações pela visita dos magos do Oriente (Epifania) e sua manifestação a Israel 
no início de seu ministério messiânico (Batismo). 
 
História 
 
Advento: Na Espanha, já o sínodo de Saragossa (380) prescreveu 3 semanas 
de preparação para a epifania, em que se celebrava outrora o natal de Cristo. 
Em Tours, o bispo Perpétuo (+491) ordenou 6 semanas de preparação para o 
natal em 25 de dezembro. Em Roma o advento é mencionado no Sacramentário 
Gelasiano1 (fins do séc. V). Os domingos do advento foram por muito tempo em 
alguns lugares 5, ainda hoje no rito ambrosiano são 6, em Roma 4 desde o séc. 
V. O rito grego não conhece o advento, mas sim um jejum de 40 dias. 
Natal: A festa do Natal consiste na substituição da festa pagã do sol natural pela 
festa cristã do Sol divino, Jesus Cristo. 
 A base certa desta explicação é a festa pagã do sol invencível (solis 
invicti). Sobre esta festa Santo Agostinho nos fala: “Celebremos este dia não 
como os infiéis por causa deste sol, mas por causa daquele que fez este sol”. 
 Esta festa pagã, dedicada a Mithras, deus da luz, foi substituída pela festa 
de Nosso Senhor. Conforme a lenda pagã este deus da luz, sol invictus, nasceu 
à meia noite de 24 para 25 de dezembro, saindo de uma pedra. Foi adorado 
pelos pastores. Quando adulto, venceu o touro inimigo, e, por causa disto, era o 
 
1 O Sacramentário gelasiano foi um dos primeiros sacramentários da Igreja cristã, e teria 
sido produzido sob o pontificado de Gelásio I, entre 492 e 496. Alguns críticos, no entanto, 
atribuem sua publicação ao século VIII. 
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deus preferido pelos soldados e celebrado principalmente pelos imperadores no 
fim do séc. III. O culto a Mithras era geral em todo o império romano como 
provam os numerosos santuários de Mithras encontrados nas escavações. Era 
necessário abolir a festa do sol invictus, porém esta festa era festa do imperador, 
o que tornava a abolição algo impossível. 
 Portanto, os cristãos a transformaram numa festa litúrgica, método 
aplicado em outras festas. Ficaram com o dia, eliminaram o Mithras e 
consagraram a festa ao nascimento de Nosso Senhor, no qual se verificam 
eminentemente todas as qualidades atraentes, que os pagãos atribuíram ao seu 
ídolo Mitras. Pois Jesus Cristo é a verdadeira luz dos crentes, o Sol de justiça, 
nasceu da Virgem e foi adorado pelos pastores. O mérito desta reforma cabe ao 
papa Silvestre (314-335). 
 A lenda de Mithras tem o seu fundamento no solstício do inverno, a partir 
do qual o sol outra vez se levanta no hemisfério norte. Chamar isto nascimento 
também é conforme ao nosso modo de falar: nasce o sol todos os dias. 
 
Teologia 
 
 Ione Buyst escreveu que “costumamos dizer que o Ano Litúrgico começa 
no 1º domingo do advento, assim como o ano civil começa em 1º de janeiro. 
Mas, na verdade, o Ano Litúrgico não tem começo nem fim. Todo ano comemora-
se duas grandes festas: Páscoa e Natal. A Páscoa é mais importante que o 
Natal. É a maior festa cristã, porque celebra a ressurreição de Jesus. Ambas as 
festas são precedidas por um tempo de preparação”2. 
 Advento 
O tempo do advento, cujo nome deriva do latim adventus Domini (chegada 
ou vinda do Senhor), não tem um número fixo de dias, pois está determinado 
pelo dia da semana em que cai a solenidade do Natal. Começa com as primeiras 
vésperas do domingo mais próximo ou que coincide com o dia 30 de novembro, 
e termina antes das vésperas do Natal. É um tempo ritmado por seus quatro 
domingos, destinado a preparar o povo cristão para a segunda grande festa 
cristã do ano depois da Páscoa: o nascimento de Jesus ou Natal. É um tempo 
 
2 BUYST, Ione. Preparando Advento e Natal. São Paulo. Paulinas, 2002, p.13 
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de espera prazerosa, não de penitência, como poderia sugerir a cor roxa dos 
paramentos. 
 O advento tem um caráter duplo, histórico e escatológico: prepara para o 
Natal, festa da primeira vinda do Senhor Jesus, e dirige o olhar interior da Igreja 
para a segunda e definitiva vinda de Cristo. Essa dupla perspectiva percorre a 
liturgia do advento, que se centra mais no aspecto histórico do dia 17 ao dia 24 
de dezembro. Por isso, neste último período a figura da Virgem Maria tem uma 
relevância particular, que se prolonga no tempo do Natal. 
 Os cristãos primitivos tinham o costume de esperar a celebração de cada 
domingo com uma vigília de oração. Com isto desejavam expressar uma verdade 
profunda de seu modo de viver o cristianismo. Como afirmou Santo Agostinho 
em uma destas vigílias: “Para nós, cristãos, viver não é outra coisa que vigiar. E 
vigiar é abrir-se à vida”. 
 A parábola das virgens sábias (prudentes) inspira a Liturgia do Advento, 
com sua imagem das lâmpadas acesas e seu mandamento de vigilância. É claro 
que toda esta experiência terá um sentido profundo se dedicarmos um tempo 
maior para a oração pessoal e escuta da Palavra de Deus. 
 Para fechar este pensamento, cito novamente Ione Buyst: “A celebração 
do Ano Litúrgico é uma forma de a gente lembrar, ao longo da caminhada, a 
presença dinâmica de Deus em meio a seu povo. E, lembrando, unimo-nos e 
nos comprometemos com ele. Celebrando a Páscoa de Jesus, fazemos hoje, 
nele, a nossa Páscoa. Celebrando o Natal de Jesus, fazemos hoje, nele, o nosso 
Natal. Celebrando o Advento...de Jesus, ele se manifesta a nós e nos faz 
caminhar mais depressa em direção ao Reino. Foi por isso que o papa Paulo VI 
disse que a celebração do Ano Litúrgico não é só recordação de um fato 
passado, mas ‘goza de força sacramental e especial para alimentar a vida 
cristã’”3. 
Natal 
 Depois da celebração anual do mistério pascal, nada tem mais estima na 
Igreja que a celebração do nascimento do Senhor e de suas primeiras 
manifestações: isso acontece no tempo do Natal. 
 
3 BUYST, Ione. Preparando Advento e Natal. São Paulo. Paulinas, 2002, p.14 
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 O Natal é a festa do ano litúrgico que se tornou mais popular na maioria 
das culturas do mundo ocidental. Nos últimos séculos tem-se difundido símbolos 
e figuras relacionados com a festa natalina que tenta torna-la independente da 
Igreja e da Liturgia. O consumismo desenfreado é talvez o aspecto mais negativo 
da popularização dessa festa. 
 Para os cristãos, porém, a profundidade da festa contrasta amplamente 
com esses aspectos desvirtuados. A encarnação é o mistério germinal da 
ressurreição. No aspecto e terno da criança recém-nascida, que é o próprio 
Deus, revela-se a paradoxal grandeza de quem não hesitou em tornar-se criatura 
fraca para compartilhar a sorte da humanidade e libertá-la com base em sua 
própria condição de fraqueza e pecado. 
 O presépio, idealizado e difundido por São Francisco de Assis no séc. XIII, 
é o símbolo por excelência dessa festa, é o que deveria ser valorizado acima de 
tudo. 
 
Estrutura celebrativa 
 
 O tempo do Natal começa com as primeiras vésperas da festa do Natal4 
e termina com o domingo depois da Epifania, ou depois do dia 6 de janeiro. 
Várias festas são celebradas no tempo subsequente ao Natal: 
 A memória de Santo Estêvão (26/12), de São João Evangelista (27/12) e 
dos santos Inocentes (28/12). As duas últimas se
relacionam com o tempo 
do Natal: São João por ser o evangelista que possui, no prólogo de seu 
evangelho, a reflexão teológica mais profunda sobre a encarnação; e os 
santos Inocentes pelo relato de Mt 2,13-18, consequência direta do 
nascimento de Jesus. 
 A festa da Sagrada Família, que se celebra no domingo dentro da oitava 
de Natal, associa explicitamente o mistério do nascimento de Jesus e 
seus pais: Maria e José. É a ocasião de celebrá-los como modelos da 
Igreja e, sobretudo, das famílias. 
 A solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, é celebrada no dia 1º de 
janeiro, na oitava de Natal. Nela recorda-se a circuncisão e imposição do 
 
4 A solenidade do Natal possui quatro missas: a vespertina da vigília, a da noite (também 
conhecida como “missa do galo”), a da aurora e a do dia. 
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nome de Jesus e a maternidade de Maria. É uma festa com pouca 
repercussão na devoção popular e o fato de ser celebrada no início do 
ano civil dificulta a participação. 
 A Epifania é celebrada no dia 06 de janeiro ou então, onde não é dia de 
preceito, no domingo entre o dia 2 e 8 de janeiro. Está em íntima relação 
com o Natal, o que remonta, como visto anteriormente, à origem comum 
de ambas as festas. O acontecimento bíblico da visita dos magos do 
Oriente adquire uma dimensão universal como manifestação do recém-
nascido para as nações, e dá à festa, além disso, um caráter inter-
religioso e missionário. 
 O Batismo do Senhor é a festa que encerra o tempo do Natal. É celebrada 
no domingo subsequente à Epifania. 
Em sintonia com a ideia das manifestações do Senhor, essa festa destaca 
o início de seu ministério messiânico e de sua vida pública, uma vez que ele se 
manifesta ao seu próprio povo, Israel. É uma festa que completa e enriquece 
teologicamente o ciclo natalino. Significativamente, depois da celebração do 
Batismo de Jesus, começa o tempo comum, no qual se desenvolvem os 
acontecimentos e palavras da vida de Cristo, sem que seja destacado nenhum 
aspecto em particular, até o início da quaresma. 
Este tempo é marcado pela cor branca, que ressalta o brilho festivo da 
encarnação do Senhor. Outros elementos também podem ser incluídos para 
reforçar este tempo solene, tais como: a presença do menino Jesus no presépio, 
uso do incenso, o retorno no Hino de Louvor e uma ornamentação mais festiva. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1) O que você espera do Advento deste ano? 
2) Diante do exposto, como você pretende preparar sua 
família e sua comunidade para a celebração do Natal? 
3) Que esperanças o Natal alimenta em nós? 
 
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BIBLIOGRAFIA 
 
CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Cerimonial dos Bispos. 
São Paulo, Paulus. 2001 – 1ª ed. 
CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Liturgia em Multirão: 
subsídios para formação, Brasília, Edições CNBB. 2007 
CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Liturgia em Multirão II: 
subsídios para formação, Brasília, Edições CNBB. 2007 
DUARTE, Luiz Miguel. Semana Santa: preparar e celebrar, São Paulo, Paulus. 
2004 – 2ª ed. 
LUTZ, Gregório. Páscoa ontem e hoje, São Paulo, Paulus. 2003 – 2ª ed. 
REUS, João Batista. Curso de Liturgia, Petrópolis, Editora Vozes. 1944 – 2ª ed. 
VAN DEN BORN, A. Dicionário Enciclopédico da Bíblia, Petrópolis, Editora 
Vozes. 2004 – 6ª ed.

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