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TRABALHO INTERDISCIPLINARIDADE

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A INTERDISCIPLINARIDADE NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL 
1 
 
ISADORA BELO 
A INTERDISCIPLINARIDADE NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL 
 
 
BELO HORIZONTE 
2021
2 
 
A INTERDISCIPLINARIDADE NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL 
 
RESUMO 
Este trabalho apresenta uma pesquisa de levantamento bibliográfico para 
embasar as reflexões, e uma pesquisa de campo numa Escola Estadual do município de Santa Rosa, com o objetivo de investigar a compreensão dos educadores em relação à interdisciplinaridade, bem como resultados de uma prática pedagógica interdisciplinar nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Entretanto é preciso compreender que a interdisciplinaridade é a integração entre os diferentes componentes curriculares e a sua prática no dia-a-dia da escola contribui para que os educandos aprendam de forma significativa. Propõem-se desta maneira uma análise crítica em relação à prática interdisciplinar, suas implicações e mudanças na área da educação. Finaliza-se ressaltando os resultados obtidos com a pesquisa realizada, através da qual se verificou a necessidade de se ter uma prática interdisciplinar para que de fato ocorra o processo de ensino e aprendizagem. 
Palavras-chave: Interdisciplinaridade – anos iniciais do ensino fundamental – prática pedagógica – integração – componentes curriculares
 
ABSTRACT 
This academic work presents a bibliographical research to base the 
reflections, and a field research at a State School in Santa Rosa town, in order to investigate the comprehension of educators regarding the interdisciplinarity, as well as the results of an interdisciplinary pedagogical practice in the first grades of Primary School. However, it is necessary to understand that interdisciplinarity refers to integrating the different school subjects and this practice in the school routine may help the students learn in a significant way. Therefore, a review towards the interdisciplinary practice, its implications and changes in the education is suggested. Finally, the results achieved during the research are also emphasized, through which it was possible to realize the necessity of having an interdisciplinary practice, so that the teaching-learning process will really take place. 
Key words: Interdisciplinarity – First grades of Primary School – Pedagogical Practice – Integrating – School Subjects
7 
 
SUMÁRIO 
INTRODUÇÃO.............................................................................................................8 1 COMO ENTENDER A INTERDISCIPLINARIDADE...............................................10 
2 A PRÁTICA PEDAGÓGICA INTERDISCIPLINAR COMO APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA.........................................................................................................14 
3 AS DIFERENTES ÁREAS DO SABER (COMPONENTES CURRICULARES): A INTEGRAÇÃO QUE MOVE A INTERDISCIPLINARIDADE.....................................20 
CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................27 REFERÊNCIAS..........................................................................................................29
8 
 
INTRODUÇÃO 
A interdisciplinaridade comprometida com uma aprendizagem significativa não 
Tende eliminar os componentes curriculares, mas sim uni-los para que juntos integram um significado para a vida dos educandos e educadores. É neste sentido que a necessidade da interdisciplinaridade na construção e socialização do conhecimento vem sendo discutida por vários autores, como Ivani Fazenda, Hilton Japiassu e Vítor Trindade. Estes autores buscam responder a necessidade de superação da visão fragmentada nos processos de construção do conhecimento, além de recuperar a integração dos saberes. 
Ao considerar a interdisciplinaridade como prática fundamental para um ensino integrador e de qualidade, é necessário que o educador se mostra comprometido com a sua prática pedagógica, tendo como base a pesquisa, pois é através da mesma que o educador inova e cria condições para que seus educandos se tornem críticos e criativos. 
A partir disso, realizou-se este estudo que tem como objetivo entender a interdisciplinaridade, suas implicações e mudanças no contexto educacional. Para tanto, foi realizada uma pesquisa bibliográfica e de campo em uma Escola Estadual do município de Santa Rosa, abrangendo um total de 4 educadoras e 13 educandos. Os instrumentos utilizados para a pesquisa foram observações e intervenções no 3º ano do Ensino Fundamental e entrevista com educadoras do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental. 
Este trabalho apresenta-se em três capítulos. No primeiro capítulo, faz-se uma abordagem sobre o conceito da interdisciplinaridade, compreendendo que a mesma acontece na prática somente se houver atitude e ousadia por parte do educador para mudar, inovar. Além disso, são realizadas análises de falas de educadoras em relação ao seu entendimento sobre a interdisciplinaridade, bem como sua prática pedagógica. 
O segundo capítulo tem por objetivo analisar a prática pedagógica interdisciplinar como significativa no processo de ensino e aprendizagem. Desta 
9 
 
forma, destaca pontos fundamentais em relação ao entendimento e significância de prática pedagógica, bem como se dá a construção do conhecimento por parte do educando numa perspectiva interdisciplinar. Além disso, compreende-se que antes de se realizar uma prática pedagógica interdisciplinar, é fundamental que haja um planejamento coletivo na escola, pois entende-se que um educador amplia e inova seus pensamentos, escolhas e consequentemente seus planos de trabalho, quando interage com outros educandos. 
Para finalizar, o terceiro capítulo aposta na integração dos componentes curriculares, como forma de mover a interdisciplinaridade. Através de estudos nos PCNs dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, compreende-se como a História, a Geografia, a Matemática, as Ciências, a Língua Portuguesa, a Arte e a Educação Física enxergam a interdisciplinaridade e como juntos tornam seus saberes significativos para a aprendizagem do educando. É deste modo, que a integração dos componentes curriculares visa à mudança educacional, tão necessária para que de fato ocorra uma relação de ensino e aprendizagem entre educadores e educandos.
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1 COMO ENTENDER A INTERDISCIPLINARIDADE 
A interdisciplinaridade é um tema que está em constante discussão nas escolas. Muitas dúvidas e inseguranças em relação ao tema se fazem presentes na prática pedagógica dos educadores. Como proceder um ensino interdisciplinar? E os componentes curriculares, como ficam? Serão extintos? Será que os educandos irão aprender? Questionamentos como estes são feitos todos os dias pelos educadores em sala de aula. Mas afinal, como podemos compreender a interdisciplinaridade e tê-la como base na prática pedagógica? 
A interdisciplinaridade precisa ser vista como atitude de ousadia e busca frente ao conhecimento. A mesma não trabalha de forma fragmentada, mas sim de forma integrada e comunicativa com todas as áreas do conhecimento. Para que ocorra a interdisciplinaridade, não necessitamos eliminar os componentes curriculares, mas torná-los comunicativos entre si, concebê-los como processos históricos e culturais, visando o processo de ensino e aprendizagem. Segundo os PCNs do Ensino Fundamental (1997, p.31) 
A interdisciplinaridade questiona a segmentação entre os diferentes campos de conhecimento produzida por uma abordagem que não leva em conta a inter-relação e a influência entre eles questiona a visão compartimentada (disciplinar) da realidade sobre a qual a escola, tal como é conhecida, historicamente se constituiu. Refere-se, portanto, a uma relação entre disciplinas. 
Quando falamos na integração dos componentes curriculares, precisamos pensar como e onde essa integração será feita. O trabalho interdisciplinar será organizado no currículo. O currículo escolar precisa contemplar conteúdos e estratégias de aprendizagemque capacitem o educando para a vida em sociedade, ou seja, que suas experiências sejam significativas e produtivas, visando à integração. A temática da interdisciplinaridade é compreendida como uma forma de trabalhar em sala de aula, no qual se propõe um tema com abordagens em diferentes componentes curriculares. É construir algo inovador, que vise a ampliação 
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de sabedorias bem como a incorporação de novas sabedorias, ultrapassando o pensar fragmentado. Trindade (2008, p. 73) ao escrever sobre interdisciplinaridade afirma que: 
Mais importante do que defini-la, porque o próprio ato de definir estabelece barreiras, é refletir sobre as atitudes que se constituem como interdisciplinares: atitude de humildade diante dos limites do saber próprio saber, sem deixar que ela se torne um limite; a atitude de espera diante do já estabelecido para que a dúvida apareça e o novo germine; a atitude de deslumbramento ante a possibilidade de superar outros desafios; a atitude de respeito ao olhar o velho como novo, ao olhar o outro e reconhecê-lo, reconhecendo-se; a atitude de cooperação que conduz às parcerias, às trocas, aos encontros, mais das pessoas que das disciplinas, que propiciam as transformações, razão de ser da interdisciplinaridade. Mais que um fazer, é paixão por aprender, compartilhar e ir além. 
A prática pedagógica da interdisciplinaridade não visa a eliminação dos componentes curriculares, pois o conhecimento é um fenômeno com várias dimensões inacabadas, necessitando ser compreendido de forma ampla. O imprescindível é que se criem práticas de ensino, visando o estabelecimento de relações entre os componentes curriculares e que se aliem aos problemas da sociedade. Isso ocorreu na escola por intermédio de uma construção lenta e gradual. Além disso, estabelece o papel de processo contínuo e interminável na formação do conhecimento, permitindo o diálogo entre conhecimentos dispersos, entendendo-os de uma forma mais abrangente. O enfoque interdisciplinar constitui a necessidade de superar a visão mecânica e, 
[...] reconstituir a unidade do objeto, que a fragmentação dos métodos 
separou. Entretanto, essa unidade não é dada a "priori". Não é suficiente 
justapor-se os dados parciais fornecidos pela experiência comum para recuperar-se a unidade primeira. Essa unidade é conquistada pela "práxis", 
através de uma reflexão crítica sobre a experiência inicial. É uma retomada 
em termos de síntese. (FAZENDA, 1992, p. 45). 
Quando se fala e se faz interdisciplinaridade, é necessário ter consciência de que o sujeito é plenamente ativo, é protagonista. A interdisciplinaridade é o movimento (inter) entre os componentes curriculares, sem a qual a disciplinaridade se torna vazia, é um ato de reciprocidade, troca e integração. A mesma leva o educando a ser protagonista da própria história, personalizando-o e humanizando-o, numa relação de interdependência com a sociedade, dando-lhe, a capacidade de ser crítico e responsável para a sua libertação e transformação da realidade.
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Analisaremos a seguir algumas falas de educadoras que trabalham com os anos iniciais do ensino fundamental. O objetivo desta análise é compreender qual o entendimento das mesmas em relação ao conceito do tema interdisciplinaridade. 
A educadora do 1º ano do ensino fundamental ao ser questionada sobre o que é interdisciplinaridade, responde da seguinte forma: 
Interdisciplinaridade é desenvolver o conhecimento pedagógico (os conteúdos) envolvendo, englobando quase todas as áreas do conhecimento, somente as áreas possíveis, pois a matemática é muito complicada para integrar com as demais áreas e as outras já são um pouco mais fáceis. 
Na fala da educadora, podemos perceber que a mesma não compreende de forma clara o que significa de fato a interdisciplinaridade, pois afirma que somente alguns componentes são integrados e outros como a matemática não fazem parte de um planejamento interdisciplinar. Na verdade, a interdisciplinaridade integra todas as áreas do conhecimento, inclusive a matemática. É através desta fala que compreendemos como a educadora possui dificuldades em entender o tema e consequentemente em realizar uma prática interdisciplinar. Já a educadora do 2º ano do ensino fundamental afirma que: “A interdisciplinaridade é relacionar os conteúdos e os envolver para englobar e aprender com maior abrangência, pois num planejamento precisamos integrar as disciplinas para que os alunos aprendam mais e melhor.” Compreende-se na fala da educadora um entendimento maior sobre a interdisciplinaridade, pois a mesma diz que é preciso integrar as disciplinas, ou seja, uni-las para que os educandos aprendam de forma significativa. Desta forma, entende-se que o diálogo pedagógico entre as duas educadoras não é frequente e que a escola não realiza de forma significativa um planejamento entre os docentes, pois para a primeira educadora, a interdisciplinaridade se torna de certa forma complicada de ser colocada em prática, mas para a segunda educadora, a interdisciplinaridade é possível e contribui para um melhor aprendizado. 
A análise em relação à interdisciplinaridade toma sequência com a fala da educadora do 4º ano do ensino fundamental que afirma: 
A interdisciplinaridade é uma prática integradora que envolve todas as áreas do conhecimento, onde os educandos estabelecem relações entre os conteúdos e os conhecimentos que já possuem, conseguindo aprendizagens mais significativas. Penso que somente através da interdisciplinaridade é que meus educandos conseguem aprender mais, pois não fragmento o conhecimento, mas procuro integrá-lo para que os conteúdos que são 
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trabalhados tenham algum sentido e que eles possam usá-los no seu dia-a dia. Não adianta ensinar coisas absurdas que não interessam os educandos, pois não vão utilizar para nada, tento ensiná-los a pensar, a construir o conhecimento que poderão utilizar em suas vidas. 
Nesta fala, a educadora reflete sobre a necessidade do educador entender e 
respeitar seus educandos, principalmente em relação aos conhecimentos com os quais o educando chega na escola. Além disso, compreende-se que a mesma realiza uma prática interdisciplinar, que acredita na educação, na mudança que a interdisciplinaridade comporta e que valoriza seu trabalho como educadora, tornando sua prática pedagógica inovadora e significativa para seus educandos. Para finalizar a análise das falas das educadoras, refletir-se-á a afirmação da educadora do 5º ano do ensino fundamental: 
Eu penso que a interdisciplinaridade é unir as disciplinas, porém é 
algo muito difícil de se fazer, já que no 5º ano os conteúdos das disciplinas se tornam mais difíceis do que nos anos anteriores. Às vezes realizo atividades interdisciplinares, mas só quando o conteúdo não é muito complicado, porque senão irei confundir a cabeça dos meus alunos, e além disso, nosso tempo para planejar é muito pouco e sei que se fizermos um planejamento interdisciplinar, precisamos de tempo. 
Na fala da educadora do 5º ano, pode-se compreender que a mesma encontra dificuldades em realizar uma prática interdisciplinar, além de não ter o tempo suficiente para o planejamento. A questão sobre o tempo disponível para o planejamento é uma situação complexa, pois não envolve somente a Instituição de ensino isoladamente, mas a rede toda. Sabe-se que a classe dos educadores precisa de mais atenção e melhores condições de trabalho e tempo para planejar, mas não podemos de forma alguma prejudicar o aprendizado dos educandos, tornando-os sujeitos sem interesse, sem motivação e principalmente sem conhecimento, devido às condições de trabalho dos educadores, pois se escolhemos tal profissão, precisamos lutar por melhorias e mudanças começando pelo tempo disponível para o planejamento coletivo que acabará refletindo de modo positivo na prática pedagógica da escola. A partir disso, percebe-se que é tarefa do educador acompanhar as mudanças educacionais, deixando delado o ensino mecânico e transmissor de meras informações. A interdisciplinaridade aproxima o sujeito da realidade em que vive, auxilia na construção do conhecimento, possibilitando uma formação mais crítica, criativa e responsável.
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2 A PRÁTICA PEDAGÓGICA INTERDISCIPLINAR COMO APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA 
O Ensino Fundamental faz parte da Educação Básica, juntamente com a Educação Infantil e o Ensino Médio, prevista na Lei de Diretrizes e Bases 9394/96. Ao frequentar os anos iniciais do ensino fundamental, é necessário que o educando alcance alguns objetivos essenciais para a formação de seu entendimento como ser integrante na sociedade em que vive. Alguns objetivos como posicionar-se de maneira crítica, utilizando o diálogo como forma de mediar conflitos e tomar decisões, perceber-se integrante e agente transformador do ambiente, conhecer e cuidar do próprio corpo, valorizando e adotando hábitos saudáveis, utilizar diferentes linguagens (verbal, matemática, gráfica, plástica e corporal), questionar a realidade e resolver os possíveis problemas do cotidiano, só acontecem de forma significativa ao educando se adotada uma prática interdisciplinar por parte do educador. 
Soma-se a isto, a necessidade que vemos a cada dia de aprimorar nosso modelo educativo, para que os objetivos da escola sejam de fato exercidos. Uma medida que comprova tal afirmação foi a aprovação do ensino fundamental de nove anos. O ingresso neste contexto escolar requer diálogo entre a educação infantil (primeira etapa de educação básica) e o ensino fundamental, requer também diálogo institucional e pedagógico dentro da escola, com objetivos e alternativas claras. Havendo engajamento por parte dos profissionais da educação para planejar este atendimento no ensino fundamental, no qual se valoriza as singularidades, o direito à brincadeira, à produção cultural. Poderemos obter sucesso neste novo modelo educativo, mas é primordial que entendamos e que venhamos trabalhar com estes educandos tratando-os como crianças capazes de construir e ampliar seus conhecimentos. 
Certamente a ampliação do ensino fundamental para nove anos significa uma possibilidade de qualificação da alfabetização e do letramento, pois entende-se que a criança terá mais tempo para se apropriar desses aspectos, mas de forma alguma o ensino nesses primeiros anos deverá se resumir a essas aprendizagens, ou seja, além da alfabetização e do letramento, há que se pensar numa metodologia que 
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envolva o brincar, o lúdico, que consequentemente auxiliarão na aprendizagem. Deste modo, ainda há muito o que fazer para aprimorar esta área. É necessário que haja conscientização por parte dos educadores e da escola, pois o sucesso ocorre nas escolas em que a leitura e a escrita são instrumentos reais. Para que isso aconteça, algumas mudanças na prática pedagógica se fazem necessárias, ou seja, é fundamental que o educador deixe de lado as práticas tradicionais, nas quais os alunos são meros espectadores de informações e não constroem aprendizagens, visando e incorporando uma prática interdisciplinar. 
Partindo da ideia de que os anos iniciais do ensino fundamental são essenciais na formação integral dos educandos, precisamos nos focar e compreender melhor o que é e como se dá uma prática pedagógica interdisciplinar. Mas antes de falarmos sobre uma prática pedagógica interdisciplinar, é fundamental compreender o que é uma prática pedagógica. A prática pedagógica nada mais é do que a prática profissional do educador antes (envolvendo a pesquisa, a seleção de atividades e textos, resultando no planejamento), durante (ação, ou seja, a prática em sala de aula) e depois da sua ação em sala de aula com os educandos (reflexão sobre a prática). Do mesmo modo, ela revela as competências, as adaptações e os desafios enfrentados pelo educador no contexto do ensino e da aprendizagem. Oliveira (2008, p. 55) afirma que a prática pedagógica é: 
∙ É uma atividade profissional situada, orientada por fins e pelas normas de um grupo profissional; 
∙ engloba ao mesmo tempo as atividades com os alunos, mas também o trabalho coletivo e individual fora da classe; 
∙ é multidimensional; 
∙ não se limita às ações perceptíveis, mas comporta também as escolhas, as tomadas de decisões e os significados dados pelo professor a suas 
próprias ações; 
∙ é a atividade profissional do professor antes, durante e depois da sua ação em classe. 
Quando o educador consegue compreender o que é uma prática pedagógica interdisciplinar, consegue trabalhar de forma dinâmica e competente, livrando-se do caráter disciplinar que tanto fragmenta o ensino. A propósito, o caráter disciplinar do ensino formal, dificulta a aprendizagem do educando e acaba por não estimular o desenvolvimento da inteligência, de resolver problemas e estabelecer conexões entre os fatos, isto é, de pensar sobre o que está sendo estudado.
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Ao falarmos no caráter disciplinar, nas dificuldades encontradas pelos 
educandos na aprendizagem, remetemo-nos na busca de um método que vise o aprendizado de forma significativa. O método interdisciplinar surge do diálogo, do questionamento, da pesquisa. Não existe receita pronta para a aplicação da interdisciplinaridade, é incorporado pelos docentes através de atitudes, busca permanente por novos caminhos. O educador também precisa estar consciente de que não é dono do saber, mas que também está em constante ato de aprendizagem diante disso, Freire (2011, p.25) nos diz: “quem ensina aprende ao ensinar quem aprende ensina ao aprender”. 
Nesta relação de ensinar e aprender, compreende-se que o conhecimento é construído individual e coletivamente a partir de um processo em que o sujeito interage com a realidade (outras pessoas, ambiente sociocultural, ambiente físico, etc.). A partir da construção dos conceitos, essência da tarefa educativa, o sujeito passa a ser capaz de expressar sua realidade e materializar seu pensamento através das diversas linguagens (verbal, corporal e estética). 
Além disso, o conhecimento gera conhecimento. O conhecimento com o qual o educando chega à sala de aula é uma base sólida para a produção e o desenvolvimento do saber. É preciso levá-lo em conta e saber utilizá-lo dentro do processo pedagógico. No mundo em que vivemos, o volume de conhecimentos multiplica-se a cada segundo, a escola deixou de ser a detentora e transmissora do conhecimento produzido e passou a ensinar a aprender a aprender, conferindo também ao educando um papel dinâmico na busca do conhecimento. 
Na pesquisa realizada, observou-se o quão necessário é respeitar e compreender o conhecimento no qual já faz parte da vida do educando. Suas ideias são compartilhadas com os demais sujeitos, favorecendo a interação entre os mesmos e consequentemente a construção de novos conhecimentos. Assim, 
percebe-se que na realização de uma prática pedagógica interdisciplinar, os educandos libertam-se, expõem seus conhecimentos, dúvidas, medos e emoções e tudo isto de forma individual e coletiva. 
Quando o educando dialoga com os demais sujeitos, expondo ideias e dúvidas, só as consegue realizar através da palavra. A palavra só é possível pela uso da linguagem. A linguagem não é apenas um instrumento, mas um laço que nos une ao mundo. “A palavra capta, conhece, interfere e transcende a consciência do homem em sua busca de mundo.” (FAZENDA, 1994, p.54). A palavra e o diálogo 
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possuem uma força criadora quando procuram interpretar, explicar, compreender e transformar o mundo em sua volta. É nesse sentido que a interdisciplinaridade trabalha e só é verdadeira quando praticada no dia-a-dia escolar visando a união dos conhecimentos para a construção de outros novos conhecimentos. 
Dentro do processo de busca do conhecimento, o processo de aprendizagem interdisciplinar se torna socializador, e precisa ser visto como fruto de um trabalho coletivo no qual o educando irá interagir com o meio ambiente, as pessoas e suas ferramentasde trabalho. A partir disso, pesquisas, exposições, coletas, classificações e debates substituem as aulas expositivas. Quando o educando interage de forma significativa no mundo em que vive, desperta em si a curiosidade, o prazer na busca de novos saberes, fazendo com que o aprendizado se torne mais fácil e natural. 
Para que consigamos despertar o interesse de nossos educandos em relação ao aprendizado, temos o compromisso de repensar todos os dias a nossa prática educativa. É preciso compreender que a educação se dá ao longo de toda a vida, baseando-se em quatro pilares: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos, aprender a ser. Segundo Delors (2000, p. 101): 
∙ Aprender a conhecer, combinando uma cultura geral, suficientemente vasta, com a possibilidade de trabalhar em profundidade um pequeno número de matérias. O que também significa: aprender a aprender, para beneficiar-se das oportunidades oferecidas pela educação ao longo de toda a vida. 
∙ Aprender a fazer, a fim de adquirir, não somente uma qualificação profissional mas, de uma maneira mais ampla, competências que tornem a pessoa apta a enfrentar numerosas situações e a trabalhar em equipe. Mas também aprender a fazer, no âmbito das diversas experiências sociais ou de trabalho que se oferecem aos jovens e adolescentes, quer espontaneamente, fruto do contexto local ou nacional, quer formalmente, graças ao desenvolvimento do ensino alternado com o trabalho. 
∙ Aprender a viver juntos desenvolvendo a compreensão do outro e a percepção das interdependências – realizar projetos comuns e preparar-se para gerir conflitos – no respeito pelos valores do pluralismo, da compreenão mútua e da paz. 
∙ Aprender a ser, para melhor desenvolver a sua personalidade e estar à altura de agir com cada vez maior capacidade de autonomia, de discernimento e de responsabilidade pessoal. Para isso, não negligenciar na educação nenhuma das potencialidades de cada indivíduo: memória, raciocínio, sentido estético, capacidades físicas, aptidão para comunicar-se. 
 Quando há compreensão sobre a educação, o ensino, a aprendizagem, a construção do conhecimento, compreendemos também a necessidade de trabalharmos com a formação ética dos nossos alunos. Além disso, é preciso que se 
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criem condições para que todos os educandos desenvolvam suas capacidades e aprendam e construam os conhecimentos necessários para a compreensão da realidade e de participação em relações sociais e culturais, condições estas fundamentais para o exercício da cidadania na construção de uma sociedade democrática e não excludente. A prática interdisciplinar que não tem por objetivo eliminar as disciplinas, mas sim integrá-las, trabalha nessa perspectiva de oferecer ao educando condições de vivenciar a prática escolar de forma significativa e consequentemente construindo conhecimentos. 
 Quando falamos em prática escolar, falamos no lugar onde a mesma acontece: a escola. A função da escola distingue-se de outras práticas educativas, como as que acontecem na família, no trabalho e nas demais formas de convívio social, por constituir em uma ajuda sistemática, planejada e continuada para crianças e jovens durante um período contínuo e extensivo de tempo. A função da escola em proporcionar um conjunto de práticas pré-estabelecidas tem o propósito de contribuir para que os alunos se apropriem de conteúdos sociais e culturais de maneira crítica e construtiva. Além disso, é fundamental que a escola tenha uma atitude interdisciplinar, pois como afirma Fazenda (2001, p. 49) “Por atitude interdisciplinar entendo algo que não pode ser apenas explicado, porém vivido, que não pode ser apenas analisado, porém sentido, que não pode ser apenas refletido, porém intuído.” 
A partir disso, compreende-se que a realização de uma prática interdisciplinar só é possível quando há um planejamento coletivo na escola. A propósito, aprender a trabalhar em conjunto com outras pessoas não é nada fácil. É preciso paciência, bom senso e cooperação entre os sujeitos. O trabalho coletivo é uma condição necessária para a formação do cidadão em uma sociedade democrática. Na escola, o trabalho coletivo constitui preocupação mais recente e, nem sempre, encontra aceitação por parte dos diretores ou mesmo dos educadores que, por força do hábito de trabalhar isoladamente, veem nisso uma perda de tempo. Tal afirmação comprova-se na fala da educadora do 1º ano do ensino fundamental: “O planejamento coletivo acontece quando precisamos trabalhar as datas comemorativas. Nos demais momentos essa atividade de planejar não acontece devido a falta de tempo dos professores, séries diferentes, turnos opostos.” 
Neste sentido, percebe-se que o educador que planeja de forma isolada, limita as possibilidades de ter uma avaliação mais ampla em relação ao seu trabalho. O planejamento docente individual e a fragmentação do ensino em 
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disciplinas só tendem a distanciar a integração entre ambos, ou seja, perde-se motivação, incentivo e caráter inovador por parte do educador. A interdisciplinaridade rompe com essa concepção fragmentada do saber, pois além de integrar as diferentes áreas do saber, integra os educadores para a o fortalecimento da relação entre os sujeitos. Busca por novas metodologias de trabalho que valorizem o educando e o estimulem no processo de ensino e aprendizagem. Além disso, instiga o educador a ser um pesquisador, pois é através da pesquisa que o educador irá produzir instrumentos de comunicação, de diálogo com todos os sujeitos a sua volta. Demo (2006, p. 37) define o diálogo da seguinte forma: 
Diálogo é fala contrária, entre atores que se encontram e se defrontam. Somente pessoas emancipadas podem de verdade dialogar, porque têm com que contribuir. Somente quem é criativo tem o que propor e contrapor. Um ser social emancipado nunca entra no diálogo para somente escutar e seguir, mas para demarcar espaço próprio, a partir do qual compreende o outro e com ele se compõe ou se defronta. 
Desta forma, compreende-se que uma prática pedagógica interdisciplinar só se torna significativa quando se constrói o senso crítico em sala de aula através da socialização e interação, fazendo o educando se perceber como ser atuante e capaz de interagir no seu próprio contexto. Para que isto aconteça, é fundamental que haja um planejamento coletivo na escola, pois é através do diálogo e interação entre os educadores que a prática interdisciplinar se torna um meio de aprendizagem. É neste sentido que pode se dizer que o educador há de ser um instigador de sua própria prática e isto só é possível quando o mesmo compreende cada área do saber, numa perspectiva de ampliar seus conhecimentos e se tornar um educador interdisciplinar, entendendo que a integração entre os componentes curriculares move a interdisciplinaridade.
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3 AS DIFERENTES ÁREAS DO SABER (COMPONENTES CURRICULARES): A INTEGRAÇÃO QUE MOVE A INTERDISCIPLINARIDADE 
Apostar na interdisciplinaridade significa defender um novo tipo de aprendizagem, mais aberta, mais flexível e democrática. O mundo necessita de pessoas assim, que enfrentem a sociedade lutando por melhorias e mudanças. A prática interdisciplinar pressupõe uma desconstrução, uma ruptura com o tradicional. Quando falamos em ruptura com o tradicional, não falamos em eliminar as diferentes áreas do saber, mas sim uni-las, transformá-las em um saber significativo ao educando. O educador interdisciplinar vive com o outro, possibilitando a interdependência, o encontro, o diálogo e as transformações. 
Eliminar as barreiras entre os componentes curriculares é um gesto de ousadia, uma tentativa de romper com um ensino mecânico que apenas transfere informações, caracterizando o educando como sujeito passivo e mero espectador. Nesta perspectiva, sabe-se que nos anos iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º ano) os educandos possuem geralmente um educador que trabalha com a maioria das áreas do conhecimento. Paraque os educandos aprendam de forma significativa e não fragmentada, cabe ao educador buscar uma metodologia de trabalho inovadora numa visão interdisciplinar. Nesse sentido, analisaremos cada um dos componentes curriculares, na tentativa de proporcionar um diálogo entre os mesmos. 
O ensino de História precisa cultivar valores, atitudes e hábitos que libertem o sujeito do isolamento cultural. É fundamental conhecer e respeitar o modo de vida de diferentes grupos sociais. Questionar a realidade em que vivemos, identificando problemas e refletindo sobre possíveis soluções. Além disso, o ensino da história utiliza métodos de pesquisa para que o educando possa compreender o passado, identificando as mudanças ocorridas no presente. Ao interagir no cotidiano da sala de aula, o educando vai aprendendo a participar de forma consciente, tornando-se cidadão e valorizando seus direitos e deveres. De acordo com os PCNs de História e Geografia (1997, p. 27):
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Considera-se, então, que o ensino de História envolve relações e compromissos com o conhecimento histórico, de caráter científico, com reflexões que se processam no nível pedagógico e com a construção de uma identidade social pelo estudante, relacionada às complexidades inerentes à realidade com que convive. 
A interdisciplinaridade também vê a Geografia como essencial na sala de 
aula. O ensino da Geografia possibilita ao educando as habilidades de descrever, observar e localizar, bem como interagir de forma significativa com o mundo ao seu redor. A Geografia tem como eixo estabelecer relações de amizade, solidariedade, respeito e diálogo, buscando sua autonomia e integração com o grupo, localizar-se no tempo e espaço em que vive. Os PCNs de História e Geografia (1997, p. 76) afirmam que: 
O estudo de Geografia possibilita, aos alunos, a compreensão de sua posição no conjunto das relações da sociedade com a natureza; como e por que suas ações, individuais ou coletivas, em relação aos valores humanos ou à natureza, têm conseqüências — tanto para si como para a sociedade. Permite também que adquiram conhecimentos para compreender as diferentes relações que são estabelecidas na construção do espaço geográfico no qual se encontram inseridos, tanto em nível local como mundial, e perceber a importância de uma atitude de solidariedade e de comprometimento com o destino das futuras gerações. Além disso, seus objetos de estudo e métodos possibilitam que compreendam os avanços na tecnologia, nas ciências e nas artes como resultantes de trabalho e experiência coletivos da humanidade, de erros e acertos nos âmbitos da política e da ciência, por vezes permeados de uma visão utilitarista e imediatista do uso da natureza e dos bens econômicos. 
Na pesquisa realizada, observou-se que trabalhar com temáticas atuais em História e Geografia permite o desenvolvimento de comparações entre realidades diferentes. Possibilita ao educando questionar e elaborar explicações. É nesse exercício de pergunta e pesquisa que o educando constrói a capacidade de argumentar e refletir sobre a realidade. Os sujeitos pesquisados mostraram-se interessados em realizar pesquisas, levantando hipóteses e compreendendo melhor a sua história de vida e de seus colegas, bem como da cidade em que vivem. 
Outro componente curricular (considerado clássico por décadas) e que visava somente a memorização, é a Matemática. Para a interdisciplinaridade, ensinar Matemática é, antes de mais nada, ensinar a “pensar matematicamente.” Antes de ser aplicada, a Matemática precisa ser compreendida. A forma como ela é experienciada nos anos iniciais do ensino fundamental, reflete em desânimo e falta de entendimento por parte de alguns educandos, sujeitos desta pesquisa. Percebe 
se o ensino da matemática de uma forma muito mecânica, baseada na memorização 
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e com pouco significado. Mas como podemos dar significado ao ensino da matemática? Precisamos relacionar a matemática com experiências anteriores, vivências pessoais, permitir a formulação de problemas de algum modo desafiadores e que incentivem o aprender mais. 
É necessário eliminar o método tradicional do ensino da matemática e integrá la com as outras áreas do saber, envolvendo projetos, jogos e construções coletivas, ou seja, materializá-la de forma concreta de aprender, mais dotada de sentido, considerando os educandos como produtores de conhecimento e não apenas executores de instruções. Os PCNs de Matemática (1997, p.25) nos mostram que: 
Para tanto, é importante que a Matemática desempenhe, equilibrada e indissociavelmente, seu papel na formação de capacidades intelectuais, na estruturação do pensamento, na agilização do raciocínio dedutivo do aluno, na sua aplicação a problemas, situações da vida cotidiana e atividades do mundo do trabalho e no apoio à construção de conhecimentos em outras áreas curriculares. 
Observou-se que os sujeitos pesquisados questionavam porque não recebiam mais contas “soltas” para resolver em seus cadernos. Aos poucos, foram compreendendo que as contas “soltas” não visavam uma aprendizagem significativa, pois não tinham um objetivo específico. Esta compreensão só se deu devido à integração que a matemática estabelece com as outras áreas do saber. Esta integração possibilitou um melhor entendimento em relação ao fazer matemática englobando a exposição de ideias próprias, escutar as dos outros, formulando e comunicando procedimentos de resolução de problemas, pois envolveu-se num contexto de significados. 
Outra linguagem essencial na construção do conhecimento do educando é a científica. O desejo de descoberta, de curiosidade por parte dos educandos é quase insaciável. Para que os educandos se apropriem do conhecimento científico e desenvolvam uma autonomia no pensar e agir, é fundamental conceber a relação de ensino e aprendizagem como uma relação entre sujeitos que estão envolvidos na construção de uma compreensão dos fenômenos naturais e na formação de atitudes e valores humanos. Segundo José (2008, p.90): 
Permitir que cada aluno se transforme em um “cientista” significa considera-lo também como protagonista do processo de ensino e aprendizagem. O professor já não possui mais o papel de detentor de todas as possibilidades e nuances do saber. O conhecimento não é julgado estático, mas em constante 
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transformação. As aulas consideram o avanço científico provocado pela diversidade de pesquisas que diariamente alcançam novos resultados, sobretudo pelo vasto aparato tecnológico destinado para este fim, disponíveis em grande parte do planeta. 
Essa maneira de enxergar o trabalho com a área de ciências permite a compreensão e o estabelecimento de uma nova forma de olhar o conhecimento, o ensino e a aprendizagem. 
É neste sentido que o ensino das Ciências promove alguns procedimentos 
que permitem a aprendizagem: a investigação, a comunicação e o debate de fatos e ideias, a observação, a experimentação e o registro das aprendizagens por meio de desenhos, tabelas, gráficos e histórias. Além disso, considera-se relevante muitos aspectos da vida social, como a cultura e as relações entre homem e natureza. Por intermédio de discussões e investigações, o educando sente-se incentivado na busca por novos conhecimentos. Desenvolve atitudes de curiosidade, de preservação do ambiente e respeito à individualidade e à coletividade. 
Tal afirmação comprovou-se na pesquisa realizada, na qual observou-se a curiosidade presente nos sujeitos pesquisados. Os mesmos trabalharam de forma investigativa, levantando hipóteses e criando soluções para possíveis problemas que foram encontrados na sociedade em que vivem. Além disso, precisamos considerar que a organização do espaço da sala de aula é fundamental. Um trabalho em sala de aula que estimule a curiosidade só é possível se a mesma oferecer de forma visível os materiais necessários e os sujeitos expostos de maneira a observar e interagir com os demais sujeitos. 
Analisaremos, a seguir, ocomponente curricular: Língua Portuguesa. O domínio da língua, oral e escrita, é fundamental para a participação social do sujeito, pois é através dela que o mesmo se comunica, expressa, defende seus pontos de vista e produz conhecimento. Cabe à escola ensinar o educando a utilizar a linguagem em situações de planejamento, realização de entrevistas, debates, seminários, dramatizações, produções textuais. Não se formam bons leitores oferecendo materiais empobrecidos, que não o estimulam à uma boa escrita. De acordo com os PCNs da Língua Portuguesa (1997, p.35): 
A linguagem verbal, atividade discursiva que é, tem como resultado textos orais ou escritos. Textos que são produzidos para serem compreendidos. Os processos de produção e compreensão, por sua vez, se desdobram respectivamente em atividades de fala e escrita, leitura e escuta. Quando se afirma, portanto, que a finalidade do ensino de Língua Portuguesa é a expansão das possibilidades do uso da linguagem, assume-se que as 
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capacidades a serem desenvolvidas estão relacionadas às quatro habilidades lingüísticas básicas: falar, escutar, ler e escrever. 
Do mesmo modo em que os PCNs de Língua Portuguesa relacionam como 
habilidades linguísticas básicas, o falar, ou escutar, o ler e o escrever, da mesma forma, observou-se nesta pesquisa como as quatro habilidades são desenvolvidas de forma mais abrangente e significativa numa prática interdisciplinar dentro da sala de aula. Os sujeitos pesquisados partiram do diálogo, da comunicação com os demais sujeitos para a compreensão e significação de suas exposições e produções. Além disso, mostraram atitude de autoconfiança, capacidade para interagir e respeito ao outro. Deste modo, o ensino das mais diferentes linguagens, precisa estar inserida em ações reais do cotidiano dos educandos, para que que de fato compreendam o porquê do assunto que estão estudando, relacionando com a sua vivência. Percebe-se isso acontecer na fala da educanda do 3º ano do ensino fundamental: “gostei das atividades, pois não achei elas chatas e até gostei de ler o texto porque ele era um texto diferente, era de notícia de jornal.” 
Além dos componentes curriculares já analisados, destacamos também a Arte e a Educação Física, que precisam ser mais valorizados e melhor trabalhados pelos educadores. Quando falamos em valorizar, falamos em estudá-los de forma mais abrangente, considerando estes componentes curriculares como essenciais na formação integral do educando, assim como os demais. 
O ensino da Arte visa a expressão e o saber comunicar-se em arte, interagir com materiais e instrumentos de arte, bem como criar uma autoconfiança em relação à produção artística pessoal. Além disso, é fundamental que o educando observe as relações entre o homem e a realidade, compreenda e identifique a função e o resultado do trabalho do artista. É fundamental que haja a integração da arte com os demais componentes curriculares para que se desenvolva uma educação lúdica, na qual o educando terá espaço para expor, criar e expressar suas ideias e, além disso, que possa ampliar sua visão de mundo, para que olhe uma obra de arte, uma fotografia de uma forma diferente, observando-a, entendendo-a e sentindo-a, não ficando preso somente naquilo que a obra aparenta. 
Deste modo, a Arte proporciona espaços e tempos onde se constroem vários tipos de expressões e linguagens, formas de ver o mundo, desenvolvendo a intuição, o raciocínio e a imaginação. Além disso, promove a aprendizagem da empatia com outros modos de pensar, trabalhar e expressar, podendo ser 
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considerada como um espaço de exercício da cidadania. Barbosa (1995, p.61) afirma que: 
A arte não é apenas o básico, mas fundamental na educação de um país que se desenvolve. Arte não é enfeite. Arte é cognição, é profissão, é uma forma diferente da palavra para interpretar o mundo, a realidade, o imaginário e é conteúdo. Como conteúdo, a arte representa o melhor do trabalho do ser humano. 
Em relação ao ensino da Arte, observou-se nesta pesquisa que os educandos têm interesse em aprender algo novo que desperte a imaginação e o senso crítico, ou seja, algo que não seja somente reproduzir as obras de arte, mas sim a criação, a produção de algo próprio realizado por eles mesmos. É neste sentido de apropriação do senso crítico no ensino da arte é que se desenvolvem a autoconfiança, o pensamento artístico que caracteriza o modo particular que deu sentido às experiências de cada sujeito e a ampliação das possibilidades de cada linguagem artística com as diversas atividades criativas e inovadoras, pois compreendemos que o ensino da Arte precisa visar principalmente o estímulo à criatividade, criatividade esta que dá experiência de perceber, sentir e pensar. 
Do mesmo modo que precisamos criar um pensamento artístico, criativo nos educandos através do ensino da Arte, precisamos estimulá-los à prática da Educação Física. O trabalho de Educação Física nos anos iniciais do Ensino Fundamental é essencial, pois possibilita a eles a oportunidade de desenvolver habilidades corporais e participar de atividades culturais, como jogos, esportes e dança. É fundamental que o educador incentive o educando para uma participação ativa no próprio aprendizado, estimulando o questionamento e o raciocínio, contribuindo no resgate de uma Educação Física inserida no contexto escolar, como uma prática social e que consequentemente promova autonomia, criatividade e socialização. Segundo os PCNs de Educação Física (1997, p. 25): 
No âmbito da Educação Física, os conhecimentos construídos devem possibilitar a análise crítica dos valores sociais, tais como os padrões de beleza e saúde, que se tornaram dominantes na sociedade, seu papel como instrumento de exclusão e discriminação social e a atuação dos meios de comunicação em produzi-los, transmiti-los e impô-los; uma discussão sobre a ética do esporte profissional, sobre a discriminação sexual e racial que existe nele, entre outras coisas, pode favorecer a consideração da estética do ponto de vista do bem-estar, as posturas não-consumistas, não preconceituosas, não-discriminatórias e a consciência dos valores coerentes com a ética democrática.
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Nesta pesquisa, observou-se que o ensino da Educação Física, além de 
Desenvolver habilidades corporais, contribuiu para uma socialização mais significativa entre os sujeitos, através da formação de grupos e resolução de problemas numa perspectiva dialógica, comunicativa. Além disso, os sujeitos pesquisados puderam compreender que a prática da Educação Física não é somente correr atrás de uma bola, mas sim, praticar outros exercícios que consequentemente proporcionam o bem estar, a socialização e a reflexão do que está sendo feito na prática. A afirmação da necessidade da Educação Física é reconhecida na fala do educando do 3º ano do ensino fundamental: “eu pensei que nós só iríamos jogar bola, mas a ginástica e as brincadeiras foram muito legais, eu gostei muito.” 
Nesta perspectiva de analisar os componentes curriculares, para que os mesmos se integrem numa visão interdisciplinar, pode-se afirmar que um projeto interdisciplinar de trabalho ou de ensino que envolve as diferentes áreas do saber, consegue captar a profundidade das relações conscientes entre os sujeitos. Nesse sentido, precisa ser um projeto que não se oriente apenas para produzir, mas que surja espontaneamente, no suceder diário da vida como uma vivência significativa. Tendo como princípio a vivência para fazer acontecer a interdisciplinaridade, observou-se na pesquisa realizada a transformação do sujeito em si mesmo, pela linguagem, questionamento e socialização, tornando-se produtor de sua história e não como mero reprodutor de histórias alheias e sem significado. Tal afirmação comprova-se na fala do educando do 3º ano do ensino fundamental: “a professora sabe que com essas atividades que foram bem legais, eu consegui aprender e entender o conteúdo.” 
Issosomente acontece quando o educador é um eterno pesquisador e conhecedor de todas as áreas do conhecimento, criando através de seu entendimento uma prática pedagógica interdisciplinar. Além do conhecimento que o educador constrói através de pesquisas e estudos para a preparação de uma prática interdisciplinar, necessita-se construir uma proposta pedagógica para os anos iniciais do Ensino Fundamental que considere a interdisciplinaridade um dos seus fundamentos pedagógicos. Sendo assim é fundamental encarar uma mudança na educação, adotando uma postura de pensar, refletir, criticar para que possamos melhorar a nossa prática interdisciplinar e consequentemente atender de forma adequada nossos educandos no processo de ensino e aprendizagem.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Tendo como base o levantamento bibliográfico e a pesquisa de campo que 
norteou este estudo sobre a interdisciplinaridade, considero como essencial a realização de uma prática pedagógica interdisciplinar, pois a interdisciplinaridade não visa à eliminação dos componentes curriculares, mas propõem uma integração entre os mesmos. Além disso, tenta romper as barreiras entre os componentes, eliminando desta forma com o conhecimento fragmentado. 
Verifica-se o quão necessário se faz a interdisciplinaridade nos anos iniciais do Ensino Fundamental, como meio de uma melhor aprendizagem e construção do conhecimento, além de, mostrar como as diferentes áreas do saber se unem para mover a interdisciplinaridade. Nesta união das diferentes áreas do saber, a interdisciplinaridade é entendida como atitude e tem a potencialidade de auxiliar os educadores e as escolas na ressignificação do trabalho pedagógico em termos de currículo, de métodos, de conteúdos, de avaliação e inclusive nas formas de organização dos ambientes para a aprendizagem. 
Percebe-se através da entrevista como o entendimento das educadoras em relação à interdisciplinaridade é diminuído, pois de certa forma não acreditam que uma prática interdisciplinar tenha sucesso e melhore a aprendizagem, bem como, à falta de entendimento sobre o planejamento coletivo, tão essencial para a realização de uma prática interdisciplinar no espaço escolar. Em relação ao planejamento coletivo, acreditamos, através de nosso estudo, que o mesmo nem sempre encontra aceitação por parte dos educadores que, por força do hábito de trabalhar isoladamente, veem nisso uma perda de tempo ou uma tarefa suplementar. Sendo assim, O trabalho docente como atividade isolada e a fragmentação do ensino em componentes curriculares, permitem o enfraquecimento das relações de integração que consequentemente movem ações que permitam o desenvolvimento de uma proposta educacional com objetivos comuns. 
É desta forma que pode-se dizer que a interdisciplinaridade é movida pela integração, pela atitude de ousadia e mudança. A mesma contribui para que educandos e educadores criem uma relação de confiança e laços de afetividade entre si, além de ampliar e construir novos conhecimentos através da pesquisa e do 
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respeito dos educadores em relação ao conhecimento que o educando chega à sala de aula. Assim, é preciso tirar a interdisciplinaridade do papel e praticá-la, ou seja, vivenciá-la, pois o que não pode acontecer é perder a esperança e se deixar levar pelo cansaço e pensar que tudo já foi feito. Precisa-se sempre estar retomando e propondo novas formas de se estar discutindo e colocando em prática a atividade docente interdisciplinar.
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REFERÊNCIAS 
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______. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua Portuguesa, Brasília: MEC/SEF, 1997. 
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DELORS, Jacques. Educação: um tesouro a descobrir. São Paulo: Cortez, 2000. DEMO, Pedro. Pesquisa: princípio científico e educativo. São Paulo: Cortez, 2006. 
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