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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – FAENG DISCIPLINA: Termodinâmica Química II PROFESSOR: Paulo Almeida DISCENTE: Bruno Henrique Silva RGA: 201811905004 PONTO DE BOLHA E PONTO DE ORVALHO DE UMA MISTURA BINÁRIA Em muitos problemas de engenharia, vê-se a necessidade da separação de dois ou mais componentes de uma mistura homogênea, quando se tratar de 2 componentes estamos falando de uma mistura binária. Uma maneira muito usual é fornecer energia suficiente para que o componente mais volátil de uma mistura líquida (menor temperatura de ebulição em relação ao outro) passe para fase vapor, ao passo que o menos volátil continue no estado líquido, princípio de um destilador. Representamos esse equilíbrio líquido-vapor (ELV) por meio de diagramas, que servem para nos mostrar qual o estado termodinâmico do sistema em questão, assim como sua composição. Definimos fugacidade como sendo a tendência de escape que o fluido tem de escapar, de uma região de maior pressão, para uma de menor pressão. Na condição de equilíbrio, as fugacidades de um composto qualquer (i) nas fases líquida e vapor são iguais, ou seja: 𝑓𝑖 𝑣 = 𝑓𝑖 𝑙 Começaremos analisando um sistema puro (único componente), para tornar a análise mais simples, precisamos considerar que a pressão é baixa, assim o vapor pode ser tratado como um gás ideal (condição em que o coeficiente de fugacidade vale 1), que as forças intermoleculares são praticamente iguais, assim o líquido é tratado como uma solução ideal e utilizando o estado de referência de Lewis/Randall (𝑓𝑖 𝑜 = 𝑓𝑖). Assim, simplificamos a equação para 𝑦𝑖𝑃 = 𝑥𝑖𝑃𝑖 𝑠𝑎𝑡 onde 𝑦𝑖 , 𝑃, 𝑥𝑖, 𝑃𝑖 𝑠𝑎𝑡 são, respectivamente, fração molar do vapor, pressão absoluta do sistema, fração molar do líquido e pressão de saturação de i nessa temperatura. Essa equação, conhecida como lei de Raoult, representa que a pressão parcial do vapor é igual à pressão de saturação do líquido, isto é, a pressão que o vapor exerce sob o líquido, é igual à pressão que o líquido exerce sob vapor. [I] [II] 2 Agora para o caso de uma mistura de dois componentes (a e b), temos: 𝑦𝑎𝑃 = 𝑥𝑎𝑃𝑎 𝑠𝑎𝑡 𝑦𝑏𝑃 = 𝑥𝑏𝑃𝑏 𝑠𝑎𝑡 Essas duas equações nos mostram que, na condição de equilíbrio, quanto maior for a composição de a no líquido, maior vai ser também sua composição no vapor, visto que são diretamente proporcionais, o mesmo vale para o componente b. É comum pensar o contrário, que quanto maior a composição no líquido menor a composição no vapor, mas se pensarmos em um sistema puro, uma fase é composta 100% por i, assim como 100% da outra fase também é composta por i, quando em equilíbrio líquido-vapor. Sabemos que, 𝑦𝑎 + 𝑦𝑏 = 1, assim como, 𝑥𝑎 + 𝑥𝑏 = 1, dessa forma, podemos encontrar a pressão total para o sistema, somando [III] e [IV], qualquer lado da igualdade. 𝑃 = 𝑦𝑎𝑃 + 𝑦𝑏𝑃 = 𝑥𝑎𝑃𝑎 𝑠𝑎𝑡 + 𝑥𝑏𝑃𝑏 𝑠𝑎𝑡 = 𝑥𝑎𝑃𝑎 𝑠𝑎𝑡 + (1 − 𝑥𝑎)𝑃𝑏 𝑠𝑎𝑡 Substituindo [V] em [III], temos a pressão em função de um só componente, convencionalmente, o mais volátil, para a nossa dedução, o a. 𝑦𝑎 = 𝑥𝑎𝑃𝑎 𝑠𝑎𝑡 𝑃 = 𝑥𝑎𝑃𝑎 𝑠𝑎𝑡 𝑥𝑎𝑃𝑎 𝑠𝑎𝑡 + (1 − 𝑥𝑎)𝑃𝑏 𝑠𝑎𝑡 Com as equações [V] e [VI] é possível plotar diagramas de fases de misturas binárias com pressão ou temperatura constantes. Na figura 1 é possível observar o comportamento de um diagrama em equilíbrio líquido-vapor à temperatura constante, que são mais convenientes, visto que a pressão de saturação tem uma dependência da temperatura, assim os gráficos à pressão constante são mais difíceis de serem feitos Figura 1: Diagrama de fases para o equilíbrio líquido-vapor ideal1 1 Fonte: Kroetsky, 2007. Termodinâmica para Engenharia Químcia, 7ª ed. Pag. 331. Figura 8.1. [III] [IV] [V] [VI] 3 [VII] No diagrama de fases ELV encontramos duas curvas, a 𝑃 − 𝑦𝑎e a 𝑃 − 𝑥𝑎. A curva 𝑃 − 𝑦𝑎 é chamada de curva do ponto de orvalho, isso porque se considerarmos, em temperatura constante, uma mistura gasosa a baixa pressão, ao ir aumentando esse parâmetro, assim que ela encontrar a curva 𝑃 − 𝑦𝑎, haverá a formação da primeira gota de líquido, dessa forma sabemos o valor da pressão que se inicia a mudança de fase. Ao passo que se fizermos o caminho inverso, ainda a temperatura constante, diminuir a pressão de uma mistura líquida que está inicialmente a uma alta pressão, quando ela encontrar a curva 𝑃 − 𝑥𝑎, haverá a formação da primeira bolha, que indica o estado de vapor, assim essa curva é chamada de curva do ponto de bolha, e delas obtemos o valor da pressão de bolha. A curva do ponto de orvalho que é o limite para a fase vapor (superaquecido), ou seja, abaixo dela, tudo está na fase vapor; e a curva do ponto de bolha, por sua vez é o limite para a fase líquida (sub-resfriado), ou seja, tudo a cima dela se encontra na fase líquida. Entre essas curvas temos a região líquido+vapor. Para conhecer a composição da mistura nas em determinada pressão, nesse caso, basta ver o correspondente no gráfico e avaliar os limites das curvas, assim tem-se a fração molar do componente a (e seu estado físico) e aplicando a equação [V], é possível encontrar a composição do outro componente. Caso o ponto no gráfico esteja compreendido na região líquido-vapor, basta utilizar a regra da alavanca, que é basicamente um balanço de massa, para esse caso são necessários dados da composição inicial e valor da alimentação. A análise feita, são válidas para misturas que respeitam a lei de Raoult e ela é aplicada para mistura de componentes quimicamente semelhantes, por exemplo uma mistura de hidrocarbonetos, como o pentano e hexano, isso porque as interações entre a- a e a-b são relativamente iguais, assim o líquido pode ser tratado como uma solução ideal e seguir as considerações feitas. Entretanto, quando se tem uma mistura de compostos muito diferentes, ainda que à baixas pressões (para considerar o gás como ideal), é preciso fazer algumas analises a mais. A diferença entre a interações entre as próprias moléculas com a interação entre as moléculas diferentes faz com que o coeficiente de fugacidade (𝛾𝑖) seja diferente de 1, assim ele passa a aparecer nas equações, no termo do líquido, e por fim temos: 𝑃 = 𝑦𝑎𝑃 + 𝑦𝑏𝑃 = 𝑥𝑎𝛾𝑎𝑃𝑎 𝑠𝑎𝑡 + 𝑥𝑏𝛾𝑏𝑃𝑏 𝑠𝑎𝑡 = 𝑥𝑎𝛾𝑎𝑃𝑎 𝑠𝑎𝑡 + (1 − 𝑥𝑎)𝛾𝑏𝑃𝑏 𝑠𝑎𝑡 4 𝑦𝑎 = 𝑥𝑎𝛾𝑎𝑃𝑎 𝑠𝑎𝑡 𝑃 = 𝑥𝑎𝛾𝑎𝑃𝑎 𝑠𝑎𝑡 𝑥𝑎𝛾𝑎𝑃𝑎 𝑠𝑎𝑡 + (1 − 𝑥𝑎)𝛾𝑏𝑃𝑏 𝑠𝑎𝑡 Com as equações [VII] e [VIII] plotamos os diagramas de equilíbrio de fases líquido-vapor para baixas pressões de misturas binarias reais (não-ideais), que podem ser também à pressão constante, ou à temperatura constante, como pode ser observado na figura II. Figura 2: Diagrama de fases para equilíbrio líquido-vapor para misturar binárias não ideais (metanol e água).2 O diagrama da figura II tem 𝛾𝑎 > 1, e isso é visto no diagrama como um desvio positivo caso fosse considerada a lei de Raoult, e como se observa, a curva do ponto de orvalho acontece em pressões mais elevadas. Ao passo que se 𝛾𝑎 < 1, temos desvios negativos da lei de Raoult, ou seja, a curva do ponto de orvalho ocorre agora em pressões mais baixas do que a ideal. Conhecer os estados termodinâmicos e as composições químicas em um equilíbrio líquido-vapor é muito útil principalmente para quando se pensa em uma destilação. Conhecer a temperatura, pressão e composição é de extrema importância para um engenheiro químico, pois um valor menor que o necessário de pressão pode fazer com que a destilação não seja eficaz e isso acarreta em uma menor qualidade no produto final, assim como prejuízo para a empresa. 2 Fonte: Kroetsky, 2007. Termodinâmica para Engenharia Químcia,7ª ed. Pag. 336. Figura 8.3. [VIII] 5 REFERÊNCIAS KROETSKY, Milo D. Termodinâmica para Engenharia Química, 7ª ed. LTC. 2007. Cap. 8: Equilíbrio de Fases III – Diagrama de Fases. pag. 328-343. Equilíbrio Líquido-Vapor para mistura binária (ELV). Publicado pelo canal: Professor Marcos Moreira, 2020. (29m17s). Disponível em: < https://youtu.be/hBfxorN25rk>. Acesso em: 26 nov. 2020.
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