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A segunda reforma - William Beckham

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Prévia do material em texto

A
Segunda
Reforma
A IGREJA DO
NOVO TESTAMENTO
r
NO SECULO XXI
WILLIAM A. BECKHAM
MINISTtRIO IGREJA
EM CÉLULAS
Publicado em português por:
Ministério Igreja em Células no Brasil
Rua Vereador Antônio Carnasciali, 1661
81670-420 Curitiba - PR
Copyright © 1995, 1996, 1997 por William A. Beckham
Título em inglês: The Second Reformation
Coordenação geral: Robert Michael Lay
Coordenação de produção: Harry Kasdorf
Tradução: Haroldo Janzen
Revisão: Valdemar Kroker
Diagramação: Cecilia Neufeld de Lima
Capa: Inventiva Comunicação
CIP-Brasil Catalogação-na-fonte
Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ
B356s
Beckham, William A.
A Segunda Reforma: A Igreja do Novo Testamento no Século XXI I William A.
Beckham; tradução Haroldo Janzen - Curitiba, PR: Ministério Igreja em Células no
Brasil, 2007.
il.
Tradução de: The Second Reformation
Apêndice
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-87194-46-6
I. Igreja - Crescimento. 2. Renovação da Igreja. 3. Missão da Igreja. 4. Igreja-
Administração. 5. Liderança cristã. 6. Trabalho de grupo na Igreja. 7. Grupos pequenos
- Aspectos religiosos - Cristianismo. I. Ministério Igreja em Células. 11.Título.
II 07-0411. COO: 262.0017
COU: 262
07.02.07 12.02.07 000411
I." Edição em português: 2007
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser
reproduzida, armazenada em sistema de recuperação ou transmitida de qualquer
forma ou por qualquer meio eletrônico, mecânico, fotocópias, gravação ou
outro qualquer, sem a permissão por escrito dos editores.
Os textos bíblicos usados neste livro são da Nova Versão Internacional, Editora
Vida, salvo outra indicação.
r
DEDICATORIA
Para os teólogos, filósofos e profetas da Segunda Reforma deDeus e da revolução do século XXI. Seus escritos e seu pensa-mento criativo são o fundamento da minha peregrinação na igre-
ja. Representantes desse grupo são:
Dietrich Bonhoeffer, que mesmo na prisão viveu vida em
comunhão. Elton Trueblood, o apóstolo da convivência da
comunidade comprometida. Robert Coleman, que nos mos-
trou o plano mestre da liderança do Novo Testamento. Francis
Schaeffer, que levou a igreja a entender o significado da "fuga
da razão ". Ray Stedman, que nos ensinou o significado da
vida no corpo. Howard A. Snyder, que descreve os odres
velhos e novos de vinho do reino. David (anteriormente Paul)
Yonggi Cho, que nos ensinou a respeito de células bem-suce-
didas nas casas. Ralph W. Neigbour Jr., uma voz profética
que nos mostra para onde devemos ir.
o movimento moderno da igreja em células é o fruto da sua fideli-
dade na visão da igreja que Deus colocou em seus corações.
•
L
r
INDICE
Prefácio 9
Introdução à edição em português 11
Introdução 21
Parte I
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Parte II
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Parte III
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Conclusão
Apêndice
Por que uma Segunda Reforma?
Desentupindo o ralo da banheira 27
A igreja de duas asas 37
Larry: Um paradigma de liderança 45
Eddie: Um paradigma dos bancos da igreja 55
Teresa: Um paradigma apocalíptico 67
Perguntas acerca da igreja de duas asas 77
Os benefícios da igreja de duas asas 87
Fundamentos para uma Segunda Reforma
A estrutura da igreja reflete a natureza de Deus 103
A transcendência e a imanência de Cristo 115
Áqui la e Prisci la - Comun idade do Novo Testamento 127
A teologia de Lutero, Spener e Wesley 137
O cristianismo do pescoço para cima 145
o projeto revolucionário de Jesus para a igreja
A pedra fundamental de Jesus 157
O sistema revolucionário de Jesus 165
O COI1I;lIl1l11l1 de Jesus 171
O protótipo de Jesus 179
Os fatores do protótipo de Jesus 187
A estratégia de liderança de Jesus 201
A rede de apoio de Jesus 217
O remanescente da congregação-base de Jesus 225
A "massa crítica" de Jesus 237
Os componentes da "massa crítica" de Jesus 245
A doutrina da revolução 257
Elementos de comunidade: a mão 269
I I
LISTA DE FIGURAS
Figura I Explosão populacional 69
Figura 2 Escala da transcendência e imanência 105
Figura 3 Medidor da verdade 148
Figura 4 O retrato distorcido 150
Figura 5 Grade contínua 173
Figura 6 A estrutura de liderança de Jesus 203
Figura 7 Usando o triângulo 206
Figura 8 A estrutura da Igreja em Células 211
Figura 9 Desenvolvendo a infra-estrutura 213
Figura lO Estratégia de transição 230
Figura 1I Os cinco sistemas da célula 270
PREFÁCIO
Jesus é o Salvador do mundo. Será que ele também é o Senhor daigreja? Nós realmente cremos nisso? Hebreus 11.10 diz que Deusé o "arquiteto e edificador" principal. A igreja muitas: vezes negli-
gencia ou ignora o projeto básico revelado para nós nas EScrituras. Nós
louvamos o Cabeça mas falhamos em edificar o corpo.
A maioria das nossas tradições de igreja tem a forma Piresbiteriana,
episcopal ou congregacional. Isto é, essas formas destacam a importân-
cia dos presbíteros ou anciões, dos bispos e pastores qual ificados ou da
comunidade local de crentes. Cada uma dessas ênfases tern a sua base
no Novo Testamento; cada forma preserva percepções bíblicas. Mas
nenhuma incorpora plenamente a dinâmica bíblica da igreja. Quaiquer
que seja a nossa visão acerca da filosofia de igreja, a pergunta básica
hoje é: Será que as nossas igrejas realmente são a encarna~ão do evan-
gelho de Jesus Cristo? Temos dado a devida atenção à eclesiologia bí-
blica básica, independente das nossas tradições pessoais? De maneira
significativa, os autores dos mais diversos espectros ecles iásticos têm
argumentado a favor de uma nova reforma. E muitas vez~s chegam a
conclusões semelhantes acerca da natureza orgânica e celular da igreja
quando examinam os escritos do Novo Testamento.
Eu tenho ouvido um clamor por uma Nova Reforma em nossa igreja
por mais de vinte anos - uma que renovaria a forma e a vida da igreja,
tornando-a fiel e eficiente. E Deus tem trabalhado nesses anos. A Segun-
da Reforma é um sinal disso. Mais do que um apelo para uma renovação
9
lO -.1 5,'eg li nda R cforma
I
I
na igreja. este livro aponta o caminho ú frente - especialmente em
relação ú natureza orgânica c celular do Corpo de Cristo.
Valendo-se de uma extensa experiência corno missionário. plantador
de igreja. pastor e mestre. Bill Bcckharn reúne percepções bíblicas. aná-
lise histórica e teológica e um sentido comum prático neste importante
livro. LIe participa do coro crescente de líderes interessados em levar ()
povo de volta ao modelo bíblico - para serem fiéis em seus dias a uma
sociedade emergente globaliznda. A Seg/ll/da Reforma é lima argumen-
tação informada e sustentada a favor do padrão do Novo Testamento
acerca da celebração !lO grUDO gran:k~iado ao discinulado.no gnlpo
p~_CL~
Podemos aprender da história. Minha própria pesquisa me con-
venceu que sempre que Deus renova a igreja, elementos-chave são uma
redescoberta de uma comunidade intimamente ligada e o ministério de
lodos os crentes. Como Beckharn nos lembra, a "Igreja de duas asas"
realmente não é nova. A história nos oferece exemplos instrutivos. Nós
simplesmente precisamos redescobrir novamente o que a igreja, até cer-
to nível, sempre soube.
A Segunda Reforma é um apelo à fidelidade bíblica na maneira
como planejamos a nossa vida juntos como igreja cristã. É um lembrete
do tipo de vida compartilhada que somos chamados a praticar como
cristãos. e um guia prático de como encarnar as maravilhosas boas no-
vas de Jesus Cristo nessa época da virada do milênio. O livro borbulha
de percepções e exemplos. Ele nos mostra como é uma igreja que cele-
bra ele forma genuína.
I
I
- Howarel A. Snyder, autor ele Vinho Novo, Odres
Novos (São Paulo: ABU, 1l}<)6). Sigll.\ ui lhe .)/nril.
How God Resliapes lhe Church (Sinais elo Espírito:
Como Deus remodela a igreja), anel Earth Currents:
The Slruggle for lhe World \. Soul (Correntes da ter-
ra: A luta pela alma elo mundo)
INTRODUÇÃO À EDIÇÃO,...
EM PORTUGUES
PERGUNTAS RELATIVAS AO MOVIMENTO
IGREJA EM CÉLULAS"Vocêsjá ficaram bastante tempo nesta tnont anh a.
Levantem acampcunento e avancem. "
O Senhor a Moisés
As verdades de Deus nunca mudam. No entanto, o contexto his-tórico das verdades e as pessoas que apl icarn as verdades deDeus mudam. Por isso, atual izações periód icas de Iivros po-
dem ser de grande ajuda.
Como uma introdução a esta edição em português de A Segunda
Reforma, incluo aqui porções da Introdução e Conclusão de um de meus
livros mais recentes, Where (Ire l1'e now? [Onde estamos agora"]. Esse
livro é uma avaliação do Movimento de Grupos Pequenos e dos modelos
ligados a ele.
Espero que esses pensamentos ajudem a colocar as verdades apre-
sentadas em A Segunda Reforma na sua perspectiva h istórica, mantendo
assim sua relevância para o Movimento Igreja em Células de Deus do
século XXI.
MOVIMI:NroS
;\ maioria dos movimentos, programas e usos da igreja dura ape-
nas pouco tempo. Mas o atual Movimento Igreja em Cé lulasja existe
há cerca de cinco décadas. ;\ conclusão poderia ser que o movimento
não está funcionando porque levou cinco décadas para chegar até esse
ponto. No entanto, a longevidade do moderno Movimento Igreja em
JJ
12 A Segunda Reforma
Células é realmente muito impressionante. Quando Deus prepara algo
grande para fazer, ele leva o seu tempo. A erva cresce em semanas,
mas um grande carvalho alcança a maturidade apenas depois d_t!_~éc~::
das." ....-.as.
Durante as últimas cinco décadas, Deus tem desafiado a igreja a
restituir os grupos pequenos ao ministério da igreja. Algumas igrejas-
chave foram bastante bem-sucedidas em adicionar grupos pequenos a
suas estruturas de grupo grande já existentes, enquanto outros líderes
fiéis c boas igrejas falharam repetidas vezes. Normalmente, quando
um programa novo falha, a igreja não se dispõe a tentar aquele "pro-
grama" novamente. Mas algumas igrejas e líderes têm tentado até qua-
tro ou cinco vezes fazer com que os grupos funcionem usando o méto-
do mais recente de pequenos grupos. Por que existe essa atração por
grupos pequenos, apesar de todos os fracassos?
Deus colocou uma visão da igreja no coração de líderes, e essa
visão inclui os pequenos grupos do Novo Testamento. É como se Deus
dissesse: "GruRos~quenos são importantes para mim e você~ gg 10168
rão até que os usem da maneira certa". Na primeira década do século
XXI, muitas igrejas estão começando a "fazer da maneira certa" o que
diz respeito a grupos pequenos.
Entretanto, amigos e inimigos ainda questionam por que isso de-
morou tanto. Creio que a razão para o penoso e demorado processo de
restauração dos grupos pequenos como sistema de ministério do Novo
Testamento se encontra na história da Igreja. A Igreja do Novo Testa-
mento estava equilibrada entre a comunidade corporativa e a comuni-
dade de célula: entre a expressão do grupo grande e a expressão do
grupo pequeno. Mas, durante 1.700 anos, a maioria das igrejas usou
apenas a expressão do grupo grande. Essa compreensão desequilibra-
da de igreja está agora profundamente enraizada nos valores, na psi-
que e cultura dos cristãos que nela nasceram. Consequentemente, mu-
dar a percepção de igreja como uma organização de grupo grande em
um prédio é incrivelmente difícil.
QUARENTA ANOS RODEANDO A MONTANHA
Hoje Deus está restaurando o paradigma do equilíbrio por meio
de diferentes correntes da igreja que durante décadas estiveram expe-
rimentando grupos pequenos. Deus começou essa abordagem eq u iIi-
brada na Igreja do Evangelho Pleno Yoido, em Seul, na Coréia do Sul,
durante o início da década de 1950.
A Igreja do Novo Testamento no século )(){f 13
Em 1997, durante uma conferência em uma igreja na Europa, o
pastor me convidou para almoçar com o preletor principal. dr. Paul
Yongi Cho, pastor da Igreja do Evangelho Pleno Yoido. Cumprimentei
o dr. Cho e imediatamente lhe informei que eu era amigo do dr. Ralph
Neighbour. Ele respondeu: "Deus desenvolveu em meu ministério a
maior igreja do mundo, mas ele tem usado Ralph Neighbour para via-
jar ao redor do mundo e ensinar sobre a Igreja em Células". Enquanto
conversávamos, tive uma profunda percepção de h istória. Haviam se
passado mais de quarenta anos desde que Deus havia dado a esse ho-
mem a visão de uma igreja com seu principal ministério por meio de
grupos pequenos.
Quarenta anos é o mesmo período que os filhos de Israel cami-
nharam pelo deserto antes de entrar na Terra Prometida. Depois de
quarenta anos, Deus disse a eles: "Vocês já rodearam bastante tempo
esta montanha". Consequenternente, o povo de Deus começou a se
mover em direção à visão de Deus.
Cada movimento chega finalmente a esse momento decisivo. Ou
ele continua rodeando a montanha com suas idéias e cultura antigas ou
ele se levanta e se move em direção à promessa. Naquele dia com o dr.
Cho, senti que o Movimento Igreja em Células havia chegado ao mes-
mo momento decisivo experimentado pelos filhos de Israel. O.M~
rnento Igreja em Células rodeo!l QYf!tnt~º-~C:!!ªi.l~amontanha de con~
ceitos, ldelas e íííõíiêlQL.b.gora, a antiga geração ligada à servidão
, instituclõnãtda passado foi sepultada e uma nova geração nasceu. No
início do século XXI, o Movimento Igreja em Células está agora vol-
tado para a visão prometida de Deus.
O tempo que um movimento emprega rodeando a montanha não
é de todo perdido. Antigas idéias são descartadas, antigos líderes são
sepultados e novos planos de viagem são feitos. E perguntas necessá-
rias surgem para definir o destino do movimento.
PRIMEIRAS PERGUNTAS SOBRE O
MOVIMENTO IGREJA EM CÉLULAS
Podemos traçar o desenvolvimento do Movimento Igreja em Cé-
lulas considerando as perguntas que têm sido feitas a respeito dele
durante os últimos quarenta anos.
A primeira pergunta foi: "O que é essa coisa em Seul?" , porque
Deus começou o movimento moderno na Coréia, no ministério de Paul
1 fnr
II
14
····.--·-·--·--------------------.;...------"'-'--~-=·----==.i-l;.
A Segunda Reforma
Yongi Cho. Em retrospecto, é evidente que a Igreja do Evangelho Pleno
Yoido não era um modelo de ensino para o movimento, mas um modelo
para "chamar a atenção". Na verdade, poucas igrejas foram capazes de
copiar a estratégia ou o tamanho do modelo coreano. No entanto, por meio
daquela igreja Deus atraiu a atenção de líderes para um modelo de minis-
tério mais bem-sucedido.
A segunda pergunta também foi a respeito da igreja em Seul. "Posso
ser bem~~l!ç~rjjrjg_l!§f!_'!_4.Q!:!estr.!'tura de Seul? ". Muitos pastores ansia-
vam pelo mesmo tipo de crescimento do qual ouviram que havia nessa
grande igreja em Seul. Alguns foram a Seul, viram o crescimento e chega-
ram a uma conclusão óbvia, porém incompleta. Outros chegaram à mesma
conclusão permanecendo em casa e lendo a respeito da igreja ou ouvindo
aqueles que fizeram a peregrinação. A conclusão foi: "Posso experimentar
o crescimento dessa igreja !lsando s"a estrutura", Subseqüentemente, cen-
tenâs-de igrejas se reorganizaram com grupos pequenos e experimentaram
algum crescimento, enquanto muitas outras fracassaram. Elas continuaram-_ .. ,,,.- ~
no círculo da igreja tradicional e chegaram ao mesmo lugar de onde parti- ~
ramoA razão? N- odemos mudar uma udar um valor. '
Não pode
lores e vida.
Estamos condenados a continuar rodeando a montanha enquanto
traçarmos o nosso curso com estruturas. Essa foi uma lição importante
que Deus queria que a igreja do século XX aprendesse.
Outra pergunta durante os primeiros dias do movimento surgiu des-
ses fracassos com estruturas. "Os grupos pequenos darão certo fora da
Coréia? ". Uma resposta simplista e satisfatória a quem a formulava tor-
nou-se popular. "Grupos pequenos não darão certo nos Estados Unidos!".
E você poderia substituir "Estados Unidos" por "Reino Unido" ou "Amé-
rica do Sul" ou muitos outros países. Muitos líderes concluíram que gru-
pos pequenos fracassaram ou fracassariam em seu país porque grupos
pequenos apenas são eficazes em determinadas culturas. Assim, a conclu-
são foi que "grupos pequenos podem dar certo em alguma Terra Prometi-
da, mas não darão certo em nosso país querodeia a montanha". Entretan-
to, o tipo de grupos pequenos implantado nos Estados Unidos e no Reino
Unido naquela época também não daria certo na Coréia. Pessoas e estru-
turas que rodeiam a montanha vão continuar se movendo em círculo mes-
mo em um novo lugar. Isso não tem nada que ver com o terreno. Atual-
mente, grupos pequenos "estão dando certo" em todos os continentes e
em muitas culturas diferentes. Isso nos leva a uma nova série de perguntas.
A Igreja do Novo Testamento no século XXI 15
PERGUNTAS TEOLÓGICAS
"O grupo pequeno é um fenômeno cultural ou teológico? ". Visi-
onários como Ralph Neighbour e Carl George, além de outros, busca-
ram compreender os valores e a teologia de grupos pequenos e expressá-
los em modelos e materiais de implementação prática. Neighbour es-
creveu sobre a Igreja em Células e George explicou o movimento como
metaigrejas. Bill Hybels começou com dois valores culturais. O pri-
meiro valor era que americanos suburbanos ainda buscavam a Deus. O
segundo valor era que a comunidade de grupos pequenos era atraente
a essas pessoas. Com base nesses dois valores, Deus desenvolveu em
Chicago o Modelo Willow Creek para as pessoas que estão a sua pro-
cura.
Durante o desenvolvimento desses primeiros modelos, com fre-
qüência o vinho novo foi severamente influenciado pelas estruturas
antigas de grupo grande. Além disso, a cultura antiga de Grupos de
Estudo Bíblico, Grupos de Ajuda e de Comunhão dominou as dinâmi-
cas e mecanismos dos novos grupos pequenos.
Assim como os filhos de Israel, esses primeiros modelos levaram
consigo uma grande parte da cultura do Egito para a montanha. E,
durante aqueles quarenta anos, desenvolveram as suas próprias estru-
turas de rodear-a-montanha. Misturar a cultura de rodear-a-montanha
e a nova cultura da Terra Prometida sempre resultará em confusão e
indecisão. Então, líderes mais uma vez experimentaram um sucesso
um tanto menos que satisfatório com grupos pequenos, e a conseqüen-
te frustração suscitou outras perguntas.
Quando a dificuldade de fazer a transição para esse tipo de igreja
se tornou mais óbvia, fez-se uma nova pergunta. "Os grupos pequenos
são apenas um 'modo de vida' da Igreja do Novo Testamento? Os gru-
pos pequenos no primeiro século representavam uma estrutura cultu-
ralou essencialmente teológica?". A resposta a essa pergunta deu aos
pastores uma possibilidade de escapar da pressão de aplicar a teologia
de grupos pequenos do Novo Testamento em suas igrejas. Após expe-
rimentar dificuldades na aplicação de grupos pequenos, um pastor co-
mentou: "Foi assim que eles fizeram no primeiro século. Nós fazemos
isso em um grupo grande".
Isso significa que a cultura e a estrutura da igreja dependem da
montanha que você rodeia. Eu hoje rodeio minha montanha da minha
maneira. No Novo Testamento, eles rodeavam a montanha deles da
16 A Segunda Reforma
sua maneira. Mas falta a essa abordagem de diferentes montanhas uma
direção e ficamos exaustos de circundar até mesmo montanhas pesso-
ais. Portanto, essas perguntas sobre os grupos pequenos no Novo Tes-
tamento e no século XX levaram à pergunta seguinte.
"Qual é a teologia dos grupos pequenos? ". Um movimento cris-
tão não pode se sustentar a não ser que se defina teologicamente. Du-
rante as últimas décadas, a teologia dos grupos pequenos foi desenvol-
vida em torno da verdade fundamental da natureza de Deus. Deus, em
sua própria natureza, é comunidade: Pai, Filho e Espírito. Portanto, a
Trindade é o principal conceito usado para explicar a teologia de co-
munidade e guiar a vida da igreja e de cada cristão. A definição da
teologia de comunidade levou o movimento a um novo nível. Agora,
líderes não podem mais descartar grupos pequenos como um simples
método passageiro. Se a comunidade do grupo pequeno é parte da te-
ologia básica da natureza de Deus, então fazer parte da comunidade
não é mais simplesmente uma opção prática. Líderes não podem con-
tinuar debatendo os méritos dos grupos pequenos, porque o valor dos
grupos pequenos agora está estabelecido na própria natureza de Deus.
Líderes e igrejas precisam encontrar agora uma maneira de viver em
comunidade de grupos pequenos! Nós apenas podemos romper a força
do passado que nos faz mover em círculos com a força da teologia. A
resposta para os filhos de Israel não estava em aprender a rodear me-
lhor a montanha. A resposta para eles foi seguir a presença Shekiná de
Deus/ '
.' ,I
PERGUNTAS RECENTES
Durante a última década, uma nova série de perguntas foi feita
acerca do movimento. Essas perguntas não se referem à validade do
uso de grupos pequenos, mas à natureza dessas igrejas, Essas pergun-
tas são formuladas enquanto a Igreja recolhe seus pertences e se pre-
para para a jornada, para longe da montanha do passado,
"Com que se parece uma Igreja em Células e como funciona? ".
O movimento Igreja nas Casas reage contra os fracassos do grupo gran-
de e questiona: "O grupo grande é necessário?", Outra pergunta surge
a respeito da natureza da Igreja em Células, porque os modelos mais
visíveis para o movimento até esse ponto têm sido de igrejas muito
grandes, "A estratégia de grupos pequenos é primordialmente um mé-
todo de uma igreja grande?", Entretanto, uma grande porcentagem de
igrejas no mundo atualmente é de menos de 100 membros adultos ati-
A Igreja do Novo Testamento no século XXI 17
vos. Por nenhuma outra razão que seus números, essas pequenas igre-
jas são fundamentais para o crescimento do movimento. O Movimen-
to da Igreja nas Casas na China também comprova que esse não é ape-
nas um fenômeno de uma igreja grande. E perguntas em outras áreas
também têm sido feitas. Por exemplo: "Como a implantação de igrejas
e os ministérios de apoio se encaixam no movimento?".
Diversas perguntas que são discutidas no movimento nesse mo-
mento merecem atenção especial nesses parágrafos conclusivos.
"Existe apenas um modelo e método?". Essa é uma das pergun-
tas recentes mais importantes a respeito do movimento. Essa pergunta
foi desenvolvida em razão do grande sucesso do Modelo do Grupo dos
Doze em ]3!?g..ot<h..Çolômbia.A história confirma que o Espírito Santo
é capaz de usar muitos modelos e métodos diferentes em um movi-
mento controlado por ele. Não existe um modelo ou um método ou um
.••coneo de materiaLL No Tuturo, o movimento terá outros modelos
que parecerão ser "o modelo". Mas esses modelos especiais são ape-
nas a maneira de Deus fazer correções de curso e nos lembrar de vj}Jo-
re§ eSQuesidos 011 negligenciados que precisam continuar a conduzir o
movimento.
"É necessário que o movimento seja controlado do topo por lí-
deres autorizados?". Essa é uma pergunta que tem sido feita com uma
freqüência crescente durante os últimos anos. O fato é que o movi-
mento perseverou por cinco décadas tendo somente o Espírito Santo
como seu administrador divino. Ele não sobreviverá mais algumas
décadas se apóstolos humanos o restringirem a si mesmos, encaixo-
tando-o em determinados modelos, codificando sua vida ou se esque-
cendo de liderar como servos. Líderes podem ser substantivo ou ver-
bo. Líderes-subst'.l_ntivo necessitâm de títulos e posições Líderes- ver-
bo lideram pelo exemplo Jjderes-sllbstaotiyo dizem' "Ouca O que eu
ç!igo" ~ "Obedeça-me" U@res-verbo dizem' "Siga-Jlle:'~ºeixe-me
servi-lo". Um movimento de Deus não sobreviverá muito tempo a lí-
deres que demandam títulos, posições e honra especial para si mes-
mos.
"Os grupos são naturais, feitos pelo homem, ou são células so-
brenaturais, feitas por Deus?". Essa é uma pergunta importante para a
expansão do movimento no século XXI. Ela atinge o centro da nature-
za e o DNA do grupo pequeno. Cristo está de fato no meio de cada
grupo com sua presença divina, seu poder da ressurreição e seu propó-
sito eterno? O movimento Igreja em Células não sobreviverá como
movimento de grupos pequenos, como movimento de implantação de
18 A Segunda Reforma
igrejas, como movimento de crescimento de igreja ou como movimen-
to de igreja grande. Grupos de Estudo Bíblico, <;!Tuposde Aj~e
Grupos de Trabalho também não irão penetrar religiões radicais, trans-
formar culturas seculares e mudar sociedades em deterioração. Esse
movimento somente continuará se Cristo estiver presente nessas célu-
las como ele prometeu. Por isso, essa pergunta a respeito de grupos
feitos pelo homem ou células feitas por Deus deve ser respondida acom-
panhada dessa paixão e determinação. "Cada unidade básica desse mo-
vimento deve funcionar como uma comunidade feita por Deus, habita-
da por Cristo e capacitada pelo Espírito."
o QUE VAI ACONTECER EM SEGUIDA?
Creio que Deus começa agora a fazer e responder a uma nova
pergunta sobre a Igreja do século XXI: O que vai acontecer em se-
guida?
Deus falou a dois profetas do Antigo Testamento no século VII
a.C. a respeito do que estava por vir. Em meio a eventos horríveis e
desgraça esmagadora, Deus apontou para um tempo no futuro. Deus
disse a Habacuque:
"Olhem as nações!"
"Contemplem-nas! "
"Fiquem atônitos!"
"Pasmem!"
"Pois nos dias de vocês farei algo em que não creriam se lhes
fosse contado!"
Deus falou a Zacarias a respeito de um evento futuro que seria
realmente um tempo de admiração. Assim diz o Senhor dos Exércitos:
"Naqueles dias, dez homens de todas as línguas e nações agarrarão
firmemente a barra das vestes de um judeu e dirão: 'Nós vamos com
você porque ouvimos dizer que Deus está com o seu povo '. " (Zacarias
8.23). Essa é uma profecia sobre o grande poder de atração do evange-
lho que ocorreu apenas em situações isoladas no passado, mas que
está prometido para um dia no futuro.
Teria chegado esse dia? A profecia de Zacarias teria sido planeja-
da para o século XXI, para o nosso tempo? Seria o Movimento Igreja
em Células o preparo de Deus para o cumprimento dessa profecia?
Creio que pode ser estabelecida uma conexão entre a promessa de Deus
de uma grande colheita a Zacarias e o Movimento Igreja em Células. A
conexão se encontra na razão pelo desejo dos perdidos de todas as
A Igreja do Novo Testamento no século XXI 19
línguas e nações de agarrar-se ao povo de Deus. "Ouvimos dizer que
Deus está com vocês.". Essa é a conexão entre essa promessa do sécu-
lo VII e o que Deus está fazendo hoje no Movimento Igreja em Célu-
las.
A singularidade do Movimento Igreja em Células é a presença
de Deus. O texto bíblico da vida desse movimento é "onde se reunirem
dois ou três em meu nome, ali eu estou no meio deles". O grande mis-
tério e esperança desse movimento é "Cristo em você". Por mais de
meio século Deus tem transformado gradualmente esse movimento de
um movimento de grupos pequenos em um movimento da comunidade
encarnada.
A teologia dos grupos pequenos agora tem seu foco na presença
permanente do Pai, na vida encarnada de Cristo, o Fi lho, e na plena
habitação do Espírito Santo na vida de grupo pequeno.
Ralph Neighbour pediu que o texto de 1 Coríntios 14.24-25 seja
escrito sobre a lápide de seu túmulo. Mas se entrar algum descrente
ou não instruído quando todos estiverem profetizando, ele por todos
será convencido de que é pecador e por todos será julgado, e os se-
gredos do seu coração serão expostos. Assim, ele se prostrará, rosto
em terra, e adorará a Deus, exclamando: "Deus realmente está entre
....I"voces ..
A presença é a característica mais significativa do Movimento
Igreja em Células em nosso ingresso no século XXI. A lição mais im-
portante que esse movimento aprendeu é que Cristo está em cada cris-
tão e em cada grupo pequeno. Jesus disse: "Quando for levantado da
terra, atrairei todos a mim". Imagine Cristo sendo levantado em gru-
pos pequenos em todo o mundo. Essa é a esperança da profecia de
Zacarias de uma grande atração de perdidos de todas as línguas e na-
ções para Cristo. Os perdidos tocarão a barra das vestes do povo de
Deus para tocar o Cristo manifestado que é evidente em seu meio.
A maior colheita que o mundo e a igreja jamais viram está no
horizonte. É uma colheita de admiração c espanto. Será uma colheita
diferente das outras. Será uma colheita amadurecida pela presença
Shekiná do próprio Deus entre o seu povo. Será uma colheita de santi-
dade, porque o povo de Deus vive na sua presença. Será uma colheita
de adoração, por causa da sua presença. Será uma colheita de oração,
por causa da sua presença. Será uma colheita da Palavra, por causa da
sua presença. Será uma colheita de amor, por causa da sua presença.
Será uma colheita de ministério, por causa da sua presença. Será uma
colheita de poder, por causa da sua presença.
20 A Segunda Reforma
Deus está preparando o Movimento Igreja em Células para a co-
lheita. Cada vez que um grupo de cristãos experimenta a realidade da
presença, do poder e do propósito do Pai, do Filho e do Espírito, estamos
um pouco mais perto da colheita de Deus. -1
Bill Beckham
Janeiro 2007
-INTRODUÇAO
o GRANDE QUADRO DE EZEQUIEL
A mão do SENHOR estava sobre mim, e por seu Espírito
ele me levou a 11111 vale cheio de ossos. Ele me levou de
11mlado para outro, e pude ver que era enorme o número
de ossos no vale, e que os ossos estavam muito secos.
Ezequiel 37. /-2
A visão do profeta Ezequiel do vale de ossos secos expressa frus-tração, mas em última análise, esperança, com a nação de Israel.Quando Ezequiel olhou para aquele vale, viu muitos ossos. Uma
enorme quantidade de ossos estava espalhada por aquele vale. Mas, será
que "esses poderão tornar a viver?". Onde estava a forma, a carne e a
"vida em torno dos ossos?
Deus instruiu Ezequiel para.erofetjlOr aos ossos. Enquanto profe-
tizava, houve um barulho, um som de chocalho, e os ossos se juntaram,
osso com osso. Olhei, e os ossosforam cobertos de tendões e de carne,
e depois de pele (Ez 37.7-8). Todas as partes foram j untadas e integra-
das em um todo. Mas isso ainda não era suficiente: "Não havia o espíri-
to neles ... Profetize ao espíri!Q:..
AJorma sem o espírito de Deus continua sendo nada além de ossos
secos conectados. Profetizei conforme a ordem recebida, e o espirito
':i/í/"()l/ neles; eles receberam vida e se puseram em pé. fui um exércitu _
e;;:"l"IIle.' © 37.101.. Ossos secos. mortos, desconectados, foram trans-
tormaãos em um exército vivo e poderoso.
A l'vIACROVISAo
Este livro faz parte do diálogo de como a igreja de Novo Testa-
mento se relaciona com o mundo do século XX!. Eu não escrevo porque
sou um perito no assunto, mas porque o meu coração. como o seu. pulsa
L 2/
22 ;1 Segunda Reforma
há décadas por uma igreja que siga os moldes da igreja do Novo Testa-
mento. Semelhantemente a Ezequiel, tenho estado parado diante do enor-
me vale, examinando os ossos secos da igreja e ansiando ter o poder para
profetizar forma e vida para esses ossos. Hoje, presumo que as aborda-
gens antigas de "fazer igreja", usadas por 17 séculos, não vão produzir
nada além de um "som de chocalho" nesses ossos. Semelhantemente a
Israel, a igreja sente a necessidade de um sistema espiritual para transformá-
la em um organismo que Deus possa encher com o seu espírito.
Este livro visa a apresentar uma macrovisilo da igreja. Macro signi-
fica combinar forma em uma perspectiva que é "longa, ampla e expandi-
da". Um provérbio comum que expressa o princípio do macro versus o
micro diz o scguinte: "Você não consegue ver a floresta por causa das
muitas árvores". Muitas vezes não conseguimos "ver a floresta" (macro)
"devido às muitas árvores" (micro). ~ temos a tendência de nos perder
em detalhes e falham~Q) ver o ql!adro todo.
- Para algllIfs,-essa abordagem vai ser frustrante porque detalhes,
aspectos específicos, métodos e dados são normalmente vistos como a
chave para o sucesso. No entanto, da minha experiência pessoal, como
pastor e missionário, percebo que meu problema em implementar uma
estratégia normalmente não é o problema micro ou o detalhe, mas o
problema macro, ou seja, ter a visão do todo. Quando consigo ver todo o
quadro, ~10 ÇQndiçÕes de encaixar os detalhes..nos sem devidos luga-
res.-
UM QUEBRA-CABEÇAS SEM O QUADRO
Como Iíderes de igreja, parece que estamos diante de uma caixa
com 5.000 palies de um quebra-cabeças, masnão temos idéia como é o
quadro desse quebra-cabeças. Os pedaços obviamente foram projetados
para encaixar-se um no outro. Porém, está faltando o quadro necessário
para nos ajudar a colocar os pedaços no seu devido lugar. Posso imagi-
nar Ezequiel tendo pensamentos semelhantes quando observou o vale
dos ossos secos.
Esse sentimento de incerteza ocorre com freqüência durante perí-
odos de mudanças rápidas. quando padrões aceitáveis de operação têm
falhado. mas padrões novos não têm preench ido as lacunas. Copérn ico
vivia em uma época de transição como essa. Ele descreveu o estado
caótico da astronomia dos seus dias: ··...é como se um artista tivesse de
coletar as mãos. pés. cabeça e outros membros para as suas figuras de
diversos modelos, cada palie desenhada de maneira esplêndida. mas não
A Igreja do Novo Testamento no século XXI 23
relacionada a um único corpo, e visto que eles não combinam de forma
alguma umas com as outras, o resultado seria um monstro em vez de um
homem ".1
Tanto Ezequiel, como Copérnico e os líderes da igreja atual parti-
lham de um problema em comum - nós carecemos de uma estrutura que
integre nosso sistema. Diante do quebra-cabeças da igreja, contamos com
mais palies do que podemos lidar. E certamente não será muito útil reco-
lher todas as peças na caixa a chacoalhá-Ia novamente para obter uma
formação diferente! Devemos primeiro encaixar os métodos e os detalhes
em uma macrovisão da igreja do Novo Testamento.
r hl\ M!\CROVIS.\O PODE SER .\tvlEDRO:'\T;\l)()Ri\
Visualizar a igreja em pinceladas novas e amplas pode ser
amedrontador porque nos leva além da nossa zona de conforto. Já não
estamos mais no controle. A rnacrovisão da igreja é tão ampla e abrangente
quanto o próprio Deus e nos conduz além do nosso tempo limitado e di-
mensões de espaço. Ela nos leva muito acima da segurança do nosso mun-
do físico lógico para o reino espiritual de fé e visão de Deus.
Portanto, este livro realmente trata de você e de mim. Antes que a
igreja possa mudar, você e eu precisamos mudar. Simplesmente Illudar
materiais, programas e atividades não é suficiente Dev-el~"Wsmudar a nos-
-sa cÕ-licepção de igreja, como vemos Deus se expressando no mundo por
meio da igreja e como "fazemos igreja".
VAMOS "PROFETIZAR"
Venha comigo para dentro do vale com todos os ossos e partes da
igreja que temos tentado chacoalhar e trazer à vida. Devemos estar fa-
miliarizados com esses ossos. Temos andado no meio deles e pisado por
cirnn deles por anos. Temos tentado 1I11il C:-':-'CS ossos com nossos progra-
mas, e os temos chacoalhado com toda a nossa força administrativa e
promocional. Sem dúvida, conhecemos bem esses ossos.
No entanto, Deus nos mandou profetizar para os (}SSOS e para ()
e.lpírilo. Assim, dessa vez, em vez de chacoalhar os ossos com as nossas
próprias forças, vamos profetizar as palavras de Deus sobre a igreja.
Profetize aos ossos para que recebam forma. Profetize o sopro de ~D~us
para que essa forma receba vida como igreja de Cristo, um cxcrc itn vivo
e poderoso marchando para a reforma - A Seglll/du Reji)rll/u.
PARTE I
PORQUE UMA
SEGUNDA REFORMA?
Hoje, depois de mais de três séculos, podemos, se desejarmos,
trocar a marcha novamente. Nossa oportunidade para um grande
passo reside em abrir o ministério para o cristão comum de uma
maneira semelhante àforma em que os nossos ancestrais abriram
a leitura da Bíblia para o cristão comum. Fazer isso significa, em
certo sentido, o início de uma nova Reforma, enquanto, em outro
sentido, significa o término da Reforma anterior na qual as
implicações da posição tomada não foram entendidas plenamente
nem seguidas fielmente.
- Elton Trueblood
1
DESENTUPINDO O RALO
DA BANHEIRA
o mudo de pensar que criou os problemas que lemos
hoje é insuficiente para resolvê-los,
-A/hert Einstein
A banheira de Christian Smitb..iicoII entllpida por três djas...,Eleachava que era conseqüência de uma reforma recente. Ele gas-tou uma boa parte dos três dias tentando consertá-Ia e chegou a
descer ao porão para "atacar" o cano de esgoto COI11 um fio de metal flcxí-
vel para desentupir ralos.
Nada funcionava. Não passava um pingo. Ele finalmente "entregou
os pontos". Exausto, derrotado e coberto pela sujeira do esgoto acumula-
do em vinte anos, sentou-se no canto da banheira e imaginou a vida sem
um bom banho. Christian continua sua história, dizendo: "De repente, eu
tive um sentimento estranho. Não. Isso não podia ser possível. Eu estendi
o braço e tirei a tampa do ralo da banheira. Instantaneamente, a água suja
jorrou pelo cano abaixo. Eu tinha esquecido de abrir a tampa para deixar
a água sair".'
Cluisí iau Smith aplica a sua experiência do raio fechado ú igreja:
A moral óbvia do meu fiasco com a banheira foi a seguinte~
importa quão criativo você seja, se \'ocê definiu o problema
incorretamente, você não vai encontrar a solução. Em outras
,palavras: mais importante do que dar as respostas certas é fazer
as pergllntas celias Ou, quando você Iim ita prematuramente a
amplitude das possíveis causas dos seus problemas, você pro-
vavelmente vai ficar com a sujeira de esgoto em seu rosto.
28 A Segunda Reforma
Para arrumar a minha banheira, eu precisei recuar alguns pas-
sos e considerar se o problema poderia ser algo diferente do
que acúmulo de cabelo e sujeira. Eu precisava abordar o meu
problema de uma perspectiva totalmente diferente, com uma
interpretação de evidências radicalmente reordenada. De for-
ma semelhante, para arrumar a igreja, também precisamos re-
cuar alguns passos, deixar de lado as suposições convencio-
nais acerca do que é errado, e abordar o problema com um
quadro de referência radicalmente diferente."
Nossos quadros de referência, ou paradigmas, mostram como ve-
mos e o que pensamos acerca dos eventos ao nosso redor. Nós interpre-
tamos nossas experiências e nossos relacionamentos com pessoas, even-
tos e estruturas por meio dos nossos paradigmas. Nós também não en-
tendemos a igreja a não ser que a enxerguemos por meio do paradigma
do Novo Testamento. Este capítulo define e ilustra o pensar paradigmático
e mostra sua relevância para o que está acontecendo na igreja atual. A
maneira de fazermos igreja está diretamente relacionada à maneira de
pensarmos da igreja.
FIGURAS DE PARADIGMAS
Em seu livro A estrutura da revolução científica (São Paulo: Pers-
pectiva, 1996), Thomas Kuhn introduz à nossa geração a palavra
paradigma e a frase mudança de paradigma. Ele afirma que cada ruptu-
ra significativa no campo da ciência é uma ruptura de formas antigas e
tradicionais de pensar. Steven Covey confirma isso ao dar a seguinte
definição de paradigma:
A palavra paradigma vem do grego paradigma: um modelo
ou mapa para entender e explicar certos aspectos da realidade.
Embora uma pessoa possa fazer pequenas melhorias ao de-
senvolver novas habilidades, grandes avanços no desempe-
nho e avanços revolucionários na tecnologia requerem novos
mapas, novos paradigmas, novas maneiras de pensar e ver o
mundo.'
o professor Kuhn cita exemplos de descobertas científicas conhe-
cidas que começaram quando um cientista rompeu com o padrão aceito
em conceituar um conjunto de fatos. Ele observou grandes saltos na
A Igreja do Novo Testamento no século XXI 29
criatividade e no avanço quando cientistas começaram a perceber uma
situação de uma maneira nova por causa da mudança de entendimento.
A Crase mudança de paradigma foi cunhada para explicar esse processo
cxtraord inário.
Embora paradigma seja originalmente um termo científico, mui-
tos o entendem como um modelo, uma teoria, uma percepção, uma pres-
suposição ou um sistema de coordenadas. Hoje, paradigma é um jargão
no meio político e empresarial. Líderes cristãos também têm começado
a aplicar o conceito à igreja.
O pensar paradigmático não é um fenômeno moderno, como pode
ser verificado na seguinte carta de Martin Van Buren ao Presidente
Andrew Jackson. Ao lermos entre as linhas temos a impressão de que
dois paradigmas de transportes provocaram um debate feroz na política
americanano início do século XIX.
31 de Janeiro de 1829
Martin Van Buren
Governador de Nova York
AI- Ao Presidente Jackson:
O sistema de canais do nosso país está sendo ameaçado
por uma nova forma de transporte conhecida como "estradas
de ferro". O governo federal deve preservar os canais pelos
seguintes motivos:
Um. Se as embarcações dos canais forem substituídas
pelas "estradas de ferro", isso resultará em sério desemprego.
Comandantes de embarcações, cozinheiros, condutores, hos-
pedeiros, mecânicos e os homens que trabalham nos estalei-
ros ficarão sem o seu sustento, sem mencionar os inúmeros
fazendeiros que agora estão ocupados em plantar feno para os
cavalos.
Dois. Os construtores de embarcações sofreriam e os
fabricantes de cordas de rebocadores, roldanas e ferramentas
de trabalho ficariam privados do seu trabalho.
Três. As embarcações de canais são absolutamente es-
senciais para a defesa dos Estados Unidos. No caso de um
problema com a Inglaterra, o canal Erie seria o único meio de
transportar o suprimento tão vital numa guerra moderna.
Como é do seu conhecimento, sr. Presidente, vagões fer-
roviários são puxados a uma incrível velocidade de 24 qui-
30 :1 Segunda Reforma
lômetros por hora que, além de colocar em perigo a vida dos
passageiros, passa rugindo e bufando pelas regiões campes-
tres, ateando fogo nas colheitas, amedrontando o gado e as-
sustando mulheres e crianças. O Todo-poderoso certamente
nunca planejou que as pessoas fossem viajar a uma veloci-
dade tão arriscada.4
Qpensamento paradigmático sempre existiu. A primeira pessoa que
usou fogo para cozinhar sua refeição ou levou um fardo sobre uma "roda
redonda" pensou em forma de paradigmas. Quem foi a primeira pessoa a
descascar uma banana e comê-la') Independentemente de quem foi, ele o
<-fez porque pensava diferente de todos os outros que haviam passado por
aquela bananeira.
Recentemente, eu vi o quadro de um mapa que Cristóvão Colombo
usou há 500 anos para fazer sua "descoberta" do Novo Mundo. Não é de
admirar que ele não chegou à Índia! Seus mapas eram incompletos e suas
conclusões errôneas. Colombo descobriu o Novo Mundo por pura sorte ou
providência - seus mapas têm pouco que ver com as suas descobertas.
O que poderia ter acontecido se os mapas de Colombo substituíssem
os nossos mapas modernos? De que maneira isso afetaria a navegação
aérea e naval') O impacto seria devastador. Haveria uma nova base de
hipóteses e uma estrutura incompleta. Você teria coragem de embarcar
num navio ou avião usando os mapas de Colombo? Eu certamente não
iria!
PENSAMENTO VERTICAL E HORIZONTAL~~~~~~~~~~--
Há várias décadas, Edward DeBono introduziu o conceito de pen-
samento vertical e lateral. Ele observou que os padrões típicos de pensa-
mento tendiam a cavar um buraco verticalmente, aprofundando-se cada
vez mais na maneira cGi1\cl1cicnal de processar 11111 certo tipo de infor-
mação. No fundo desse "buraco" estão os peritos que continuam cavan-
do cada vez mais fundo nas informações que eles acreditam ser as "cor-
retas" para um determinado assunto. É isso que ele chama de pensamen-
to vertical.
O pensamento lateral ou horizontal ocorre quando um inovador sai
do velho buraco de informação e começa a pensar ú luz de um novo cam-
po. Novas maneiras de pensar c processar informação surgem porque a
informação não é mais restrita e limitada ao contexto da forma antiga de
pensar ou aos proccssos antigos.
.1l,l',reja do Novo Testamento !lO século X'(I 31
() propósito de pensar ~~tar informações e fazer o melhor
t~~O possíwl dela.&. Devido à forma em que a nossa mente furF
ciona para criar padrões de conceitos fixos. não podemos fa-
zer o melhor uso da nova informação a não ser que tenhamos
alguns meios para reestruturar os antigos padrões e atualizá-
los. Nossos métodos tradicionais de pensar nos ensinam como
refinar esses padrões e estabelecer a sua validade. Mas nós
não faremos o melhor uso da informação disponível a não ser
que saibamos como criar novos padrões e escapar do domínio
dos padrões antigos. O pensamento vertical está preocupado
em provar ou desenvolver padrões de conceito. O pensamento
lateral está preocupado em reestruturar esses padrões (illsight)
e provocar novos padrões (criatividade).'
HOLOGRAMAS E JOGOS
Um outro exemplo que explica o significado de um paradigma é
o holograma, um desenho ou uma palavra que não pode ser visto faci 1_
mente no primeiro instante. Somente depois que o cérebro se ajustou à
imagem, o desenho ou palavra pode ser "visto". É claro que o nosso
cérebro usa informação antiga para processar dados novos e desco-
nhecidos.
Os paradigmas são semelhantes a isso. Não basta ver com os nos-
sos olhos físicos. Nosso cérebro usa informações e padrões antigos
para processar novas experiências. É por isso que muitas vezes nosso
cérebro está "morto" para uma inovação. Não podemos processar uma
nova idéia até que haja uma mudança de paradigma em nosso pensar
acerca do novo conjunto de informações.
Umjogo é outro tipo de paradigma. Ele tem suas próprias regras.
limites e objetos que determinam o curso de eventos. Sem esses aspec-
tos do paradigma. osjogadores não saberiam corno jogar e a atividade
se tornaria um caos. Por exemplo. imagine uma equipe de futebol ame-
ricano e uma equipe de futebol brasileiro se preparando para jogar
"futebol".;\ equipe de futebol americano usaria suas regras e a equipe
brasileira jogaria futebol de acordo com as regras que o resto do mun-
do adota (que o americano chama de .\occcr). Obviamente. este jogo
não iria longe. Aliás. o jogo nem poderia começar porque do is difcrcn-
tcs cOlljulltos de regras e equipamentos seriam usados. Uma mudança
de paradigma muda as regras. os limites e os objetos associados com
as situações existentes.
32 A Segunda Reforma
:rFABRICANTES DE R~ PERDERAM A MUDANÇ;\
De acordo com J~I Bar~, um perito em mudanças de paradigma,
de 1979 a 1982, o número de empregados na fabricação de relógios suíços
caiu de 65.000 trabalhadores para 15.000. A invenção do relógio quartzo
ocasionou um colapso inesperado nessa indústria mundial. Como isso acon-
teceu?
A divisão de pesquisas da indústria de relógios suíços inventou o reló-
gio quartzo, e em ~ apresentou o conceito e o primeiro protótipo aos.=--diretores das empresas. Os donos e os administradores não estavam interes-
sados! O seu modo de pensar requeria en enagens e molas nos relógios.
§.~a noVã a ordagem chama a "quartzo" não ~ encalxav .
(paradigma) de um relógio. Leia o que aconteceu naquela reunião:
A inflexibilidade dos fabricantes de relógios suíços foi o princi-
pal vilão. Eles simplesmente recusaram-se em ajustar-se a uma
das maiores mudanças tecnológicas da história, no que diz res-
peito ao desenvolvimento do relógio eletrônico. As indústrias
suíças estavam tão presas à tec~QIQgiatradiciOl=la.!que elas não
podiam ... ou não queriam ... ver as oportunidades oferecidas pela
.revolução eletrônica.6
Em um congresso internacional de relógios, duas companhias, a
Seiko e a T~ viram os suíços fazer uma demonstração
< do rcl6gio'quartzo eletrônico. Essas companhias menores, que eram no-
vas no ramo de fabricação de relógios, pensaram lateralmente e viram
um potencial na nova idéia. Quando eles começaram a fabricar e lançar
o relógio eletrônico no mercado, os suíços foram deixados para trás. O
paradigma tinha mudado. Essa il~stração nos ajuda a entender a impor-
tância de um paradigma para aqueles que têm "olhos" para ver e aqueles
que não têm.
ERRO NO CÁLCULO DE UM PARADIGMA
ARQUIVOS DE ADVOCACIA MURPHY
Caso n° 48732; Ref.: AB-563429
Administradora sra. S. Brown
Companhia de Seguros AlIied
347 Worth Street
A Igreja do Novo Testamento 110 século XXI
Akron, Ohio 43256
Estimada sra. Brown,4-
Esta é a resposta ao seu pedido para informações adici-
onais acerca do Bloco número 3 do relatório do acidente onde
eu coloquei "It.!anejamento insatisfatório" como a causa do
meu acidente. A senhora diz na sua carta que eu deveria expli-
car mais detalhadamente, e eu espero que os seguintes deta-lhes sejam suficientes.
Sou pedreiro por profissão. No dia do acidente, eu esta-
va trabalhando sozinho no último andar do prédio novo de
seis andares. No final da tarde, quando havia terminado meu
trabalho, eu descobri que haviam sobrado cerca de 250 quilos
de tijolos. Em vez de levá-los para baixo com as mãos, decidi
baixá-los em um barril usando uma roldana que, felizmente,
já estava afixada numa viga presa no prédio do último andar.
Depois de me assegurar de que a corda estava presa ao nível
do chão, eu voltei para o telhado eu enchi o barril com os 250
quilos de tijolos. Então desci novamente e desamarrei a corda
e segurei firme para assegurar uma decida lenta e segura do
barril de tijolos. A senhora pode ler no Bloco número 1i do
formulário de acidente que meu peso é de 61 quilos.
Surpreendido por ser arrancado do chão tão repentina-
mente, eu não me lembrei de soltar a corda. Talvez seja des-
necessário dizer, que a minha subida ao lado do prédio foi
rápida. Na altura do terceiro andar, eu me encontrei com o
barril que estava descendo. Foi quando quebrei meu braço
esquerdo e a clavícula. A velocidade diminuiu levemente, mas
então voltei a subir rapidamente, não parando até bater com a
cabeça na viga e enfiar os dedos da minha mão direita na rol-
dana. A essa altura eu havia recobrado a minha memória, e
continuava me segurando firmemente na corda apesar da dor.
Aproximadamente no mesmo tempo, o barri I atingiu o
chão e o fundo dele se soltou depositando os tijolos em uma
pilha disforme. Livre do peso dos tijolos, o barril pesava me-
nos de 25 quilos. (Peço que observe o Bloco número 11). Como
a senhora já deve ter conjecturado, eu comecei a descer rapi-
damente beirando a parede do prédio. Na altura do terceiro
andar, eu me encontrei com o barril subindo. Isso causou séri-
os danos às minhas pernas e à parte inferior do corpo. O eu-
33
3-1 A Segunda Reforma
contro com o barril diminuiu suficientemente a minha veloci-
dade para amenizar os meus ferimentos quando caí sobre a
pilha de tijolos. Quebrei apenas um tornozelo. Os ferimentos
no meu peito e estômago começaram a se intensificar enquanto
estava deitado sobre os tijolos, incapaz de mover-me. Quan-
do olhei para o barril, a minha presença de espírito falhou
mais uma vez e eu não me lembrei de soltar a corda. Seguindo
o conselho do meu médico, estou planejando deixar a minha
profissão de assentar tijolos e encontrar uma profissão menos
pengosa.
A tenc iosamente,
Ao ler essa comédia de erros, em que momento você suspeitou que
o pedreiro havia cometido um sério erro de paradigma? Seu primeiro
erro de parad igma foi achar que com seus 61 qu ilos ele seria capaz de
baixar com a corda o barril de tijolos que pesava 250 quilos. O segundo
erro foi ficar pendurado na corda, que também parecia uma reação lógi-
ca de sobrevivência quando estava suspenso no ar. Houve uma reação
em cadeia de acontecimentos decorrentes daquelas decisões aparente-
mente inocentes. Essa história fala de um princípio amplo na vida que
todos nós experimentamos de uma maneira ou outra: a maioria de nós
tem ficado pendurado no seu próprio "barri I de ti joio,!' que era mais
pesado do que nós, e temos sofrido as conseqüências,
Alguém sugeriu que os eventos descritos na carta acima não ilus-
tram uma mudança de paradigma tanto quanto uma estupidez. É claro
que depois de ouvir a história, qualquer idéia errada parece estúpida. No
entanto, em dado momento, ficar pendurado a uma corda muitas vezes
parece perfeitamente lógico, e mesmo astuto. Pergunte aos fabricantes
de relógios suíços!
SOLTE A CORDA ANTES QUE SEJA TARDE DEMAIS!
Uma nova figura da igreja do Novo Testamento está sendo recria-
da diante dos nossos olhos. O paradigma da encarnação de Deus (pre-
sença, poder e propósito de Deus vivenciados com seu povo) está mais
uma vez sendo apl icado ao mundo como o conhecemos.
Agora cada igreja vai entrar nesse novo paradigma. Quando a po-
eira se assentar na próxima década, algumas igrejas e denominações
serão a indústria de fabricantes de relógios suíços do mundo da igreja.
A Igreja do Novo Testamento /lO século XXI 35
Deus vai usar outras igrejas e grupos como instrumentos dramáticos de
uma nova/antiga revolução espiritual. Aqueles com "a velha maneira de
pensar" não vão participar da revolução espiritual que está explodindo
por toda parte ao redor deles.
A história nos ensina que Deus não fica refém de nenhum grupo,
denominação, instituição ou liderança estabelecidos. Como Jesus disse
ao religioso Nicodemos: "O vento sopra onde quer ... ". Nenhum homem
pode controlá-lo. Deus usa quem ele quer usar, quando ele o quer usar.
Se as instituições estabelecidas e reconhecidas não responderem à nova
maneira de Deus fazer as coisas, ele sempre encontrará outros que vão
fazê-lo. Provavelmente, novos paradigmas vão ofender e parecer não
ortodoxos a pessoas como Nicodernos, que ouviu as palavras de Jesus e
disse: "Como pode ser isso?" Na verdade, o remanescente de Deus sem-
pre parece um tanto estranho e bizarro. À medida que você olha para o
parad igma atual da igreja, você deve estar disposto a perguntar-se: "O
que não estou disposto a soltar onde Deus está no processo de operar
mudanças?".
b
2
A IGREJA DE DUAS ASAS
Tulv«: a igr.:ja, ':111 muitus áreas, deveria ser menor
antes que possa se tornar substancialmente maisforte. I
- Elton Trueblood
Em 1989, Deus me trouxe de volta da Tailândia para os EstadosUnidos depois de quinze anos implantando igrejas, para "come-çar um tipo diferente de igreja", Depois de um ano de tentativa e
erro, acabei indo para Houston trabalhar com o dr. Ralph Neighbour. Por
causa da minha ligação com ele, outras almas desesperadas começaram a
contatar-me acerca desse novo tipo de igreja. Por alguma razão eles acha-
vam que eu sabia mais do que eles, o que era discutível.
Um grupo de homens da TexasA & M University (Universidade A &
M do Texas) veio falar comigo acerca da igreja. Depois de lhes contar
tudo o que sabia, eu continuava me sentindo inadequado ao explicar esse
fenômeno do século XX na sua verdadeira simplicidade. Antes deles par-
tirem, nos demos as mãos em oração. Esses homens tão jovens, com pou-
co mais de 20 anos, tinham uma visão da igreja que somente chegou a
mim aos meus 50. Quando eles partiram, Deus me c1euuma história. Eu a
comparti lho em cada conferência que ensino porque ela retrata uma
macrofigura do que muitos chamam de "igreja em células".
A lCiRl:.I!\ DE DUAS I\SAS
o Criador um dia criou uma igreja com duas asas: Uma asa era o
grupo grande da celebração e a outra asa representava a comunidade do
grupo pequeno. Usando as duas asas. a igreja podia voar alto para os céus.
entrar na sua presença e fazer a sua vontade em toda a terra.
)7.'1
38 A Segunda Reforma
Depois de alguns séculos voando por toda a terra, a igreja de
duas asas começou a questionar a necessidade da asa do grupo pe-
queno. A perversa serpente invejosa que não tinha asa alguma, aplau-
diu essa idéia efusivamente. No decorrer dos anos, a asa do grupo
pequeno tornou-se cada vez mais fraca por falta de exercício até que
virtualmente não tinha mais força alguma. A igreja de duas asas que
havia voado até os céus era agora, para todos os propósitos práticos,
uma igreja de uma asa só.
O Criador da igreja estava muito triste. Ele sabia que o projeto
de duas asas tinha permitido que a igreja voasse até a sua presença e
fizesse a sua vontade. Agora, com apenas uma asa, conseguir sair do
chão exigia uma tremenda energia e esforço. E se a igreja conseguia
alçar vôo, estava inclinada a voar em círculos, perder seu senso de
direção e não se afastar muito do seu ponto de partida. Ao gastar
mais e mais tempo na segurança e conforto do seu habitat, ela aca-
bou se satisfazendo com a sua existência presa à terra.
De tempo em tempo, a igreja sonhava em voar até a presença do
Criador e fazer a sua obra sobre toda a terra. Mas agora, a asa forte
do grupo grande controlava cada movimento da igreja e a condenava
a uma existência terrena.
Na sua compaixão,o Criador finalmente estendeu a sua mão e
remodelou a sua igreja para que ela pudesse usar as duas asas. Mais
uma vez o Criador possuía uma igreja que podia voar até a sua pre-
sença e planar bem alto sobre toda a terra, cumprindo seus propósi-
tos e planos.
BEM-VINDO À IGREJA EM CÉLULAS
Constantemente ouço dois pensamentos de cristãos a respeito da
igreja ao redor do mundo: "A igreja como a conhecemos não é a igreja
que vemos no Novo Testamento" e: "Grupos pequenos são necessários
para que a igreja funcione da maneira correta". Muitos vêem as formas
tradicionais de igreja como um odre velho, que já não é capaz de conter o
vinho novo do evangelho. Mesmo aqueles que se sentem mais confortá-
veis com os padrões da igreja tradicional muitas vezes desejam que ela
fosse:
• menos isolada do mundo na qual ela está situada;
• mais relevante às necessidades da sociedade;
• mais compassiva na maneira como ela usa o dinheiro e o poten-
A Igreja do Novo Testamento no século XXI 39
cial humano;
• mais direcionada a alcançar..pessoas em vez de promover progra-
mas melhores;
• menos materialista com suas enormes construções e dívidas;
• mais redentora e menos política;
• e menos influenciada pelo mundo que ela foi chamada para in-
fluenciar.
Será que existe uma alternativa para o modelo tradicional de
igreja? Um número crescente de cristãos está convencido de que Deus
está recriando os odres da igreja do Novo Testamento. Essa igreja
vive em comunidade e é hoje chamada de "igreja em células".
Com que se parece a igreja em células? O dr. Ralph Neighbour
incluiu a seguinte definição da igreja em células na Cell Church Ma-
gazine (Revista da igreja em células):
O corpo humano é composto de milhões de células, a
unidade básica de vida. Semelhantemente, as células for-
mam a unidade básica da igreja em células. Os crentes pro-
curam ativamente relacionamentos com Deus, uns com os
outros e com os não crentes em células de cinco a quinze
pessoas. Esses relacionamentos estimulam cada membro a
alcançar a maturidade !li! adoração, na edificação mútua e
no evangelismo. Isso é comunidade ...
Com base no princípio de que todos os cristãos são
ministros e que a obra do ministério deveria ser realizada
por todos os cristãos, a igreja em células procura ativamen-
te desenvolver cada discípulo na semelhança de Cristo. As
células são o fgruA! para o ministério, treinament;-;--
evangelismo.
As células também se encontram para as reuniões se-
manais ou quinzenais nas "congregações" e para as "cele-
brações". Embora essas reuniões sejam importantes, o foco
da igreja está voltado para os encontros semanais das célu-
las nas casas. Por qual motivo? Porque é na célula que o
amor, a comunidade, os relacionamentos, o ministério e o
evangelismo brotam naturalmente e poderosamente. Portan-
to, a vida da igreja está nas células, não em um prédio (san-
tuário). A igreja é um ser dinâmico, orgânico e espiritual que
só pode ser vivenciado na vida dos crentes em comunidade. I
40 A Segunda Reforma
SETE TESTES PARA AJUDAR A IDENTIFICAR
UMA IGREJA DO Novo TESTAMENTO
Em muitas igrejas, os grupos pequenos formados de cinco a quinze
ou mais pessoas fazem parte de um dos seus programas. Será que isso os
identifica como uma igreja em células? Os seguintes testes ajudam a dife-
renciar entre igreja em células e aquelas que podem ter estruturas e termi-
nologias similares mas possuem uma dinâmica diferente.
1. O teste jnstituejouaLA igreja é um organismo vivo ou uma orga-
nização? Se você tirasse o "santuário" e a reunião dominical, a igreja
sobreviveria? Se a igreja consegue sobreviver sem um "santuário" e cul-
tos dominicais, ela passa pelo primeiro teste de uma igreja do Novo Testa-
mento.
2.-0 teste da célula: Um grupo pequeno (referido neste livro como
uma cél~onsiderad; a igreja em sua natureza, propósito e poder? A
igreja reconhece o grupo pequeno como a comunidade cristã de base e a
unidade essencial da igreja? Se os líderes e o povo "se encolherem" ao
referir-se ao grupo pequeno como a igreja, então essa igreja não é uma
igreja em células do Novo Testamento. Paulo não tinha problemas em
chamar os grupos nas casas de igreja.
3. O teste da fotocópia: Quando o modelo é reproduzido, a nova
igreja é tão clara e viva quanto a igreja original? O modelo pode ser trans-
ferido? Se a igreja somente pode ser duplicada por uma versão obscura,
então não é uma igreja em células do Novo Testamento. Este não é um
teste numérico, mas um teste da natureza e vida. Ela reproduz de forma
completa a dinâmica do original?
4. O teste da simplicidade: A igreja é fragmentada e complexa? À
medida que ela cresce, a igreja se torna mais complexa ou menos comple-
xa? É necessário um "diretor executivo" para realizar o trabalho? Uma
igreja em células vai continuar a operar por meio da sua estrutura de lide-
rança da célula simples mesmo se a estrutura administrativa e governa-
mental desaparecer. Mesmo com a presença de um grande número de
membros e líderes, a igreja em células vai continuar operando de maneira
simples.
5. O leste da multiplicação: A igreja tem esperança de multiplicar-
se? Existe uma estrutura por meio da qual um crescimento dinâmico po-
deria ocorrer? Ou a estratégia está baseada no acréscimo de novos mem-
bros? Uma igreja em células pode sistematicamente multiplicar-se porque
o ponto de crescimento ocorre no nível da célula integrada, não por meio
A Igreja do Novo Testamento no século XXI 41
de programas múltiplos compartimentalizados.
6. O teste de conversões de adultos: A igreja alcança novos con-
vertidos adultos, ou ela é sustentada pelo crescimento por transferência
de outras igrejas e crescimento biológico ao batizar os seus filhos? Uma
it.;reja em células funcional vai alcançar novos convertidos adultos.
~ . 7. O teste da perseguição: A igreja vai sobrevier se ela for forçada a
tornar-se "subterrânea"? Será que o tipo de grupos pequenos vinculados
aos nossos programas de igreja sobreviveriam a uma perseguição sem a
"almofada institucional"? A igreja em células vai sobreviver com suas
células neo-testamentárias não importa o que aconteça politicamente, so-
cialmente, economicamente ou internamente.
ETIÓPIA
~
Uma igreja que passou por esses testes foi fundada pela Igreja
Menonita da América na Etiópia. Na década de 1970 os missionários
ocidentais haviam voltado para casa, deixando uma igreja nacional nativa
de 5.000 membros. Em .1982, os comunistas derrubaram o governo da_. ----
Etiópia e iniciaram uma perseguição à igreja. As igrejas Menonitas tive-
ram todas as suas construções confiscadas. Muitos dos seus líderes foram
aprisionados e muitos membros foram proibidos de se reunir. A igreja
tornou-se "subterrânea", sem líderes, sem construções, sem a oportunida-
de de reunir-se publicamente ou de realizar qualquer tipo de programa
público. Enquanto a igreja era "subterrânea", os membros não podiam
cantar em voz alta com medo de alguém denunciá-los às autoridades.
Dez anos mais tarde, em 1m o governo comunista foi destituído,
permitindo que essa igreja saísse do seu "anonimato". Os líderes da igreja
decidiram reunir todos os membros remanescentes para os cultos. É des-
necessário dizer que eles ficaram surpresos ao descobrir que o~
membros tinham crescido para mais de 50.000 nesse período de dez anos!----Essa história ilustra o poder da célula. Cristo projetou a igreja para
sobreviver na sua forma mais básica. Isso ocorreu na igreja do primeiro
século e está ocorrendo na igreja atual. Em todos os lugares em que a igreja
tem sido forçada a tornar-se "subterrânea" e tem adotado uma estrutura de
grupos pequenos, ela tem sobrevivido, e na maioria das vezes crescido.
Será que a igreja vai adotar a estrutura de grupos pequenos semelhantes
aos grupos do Novo Testamento somente em [?aís~munistas..e em tem;....-
~e perseguição? Pode até parecer que este seja o caso. No entanto. em
nosso período histórico atual, Deus está restaurando a célula como a estru-
tura principal da igreja mesmo em países onde não existe perseguição.42 A Segunda Reforma
UMA "ESPIADA" NA IGREJA DE DUAS ASAS
Reuni mais de vinte características-chave para explicar a estrutura
e a dinâmica da igreja em células. Essa lista não é exaustiva, mas junto
com outras definições deste capítulo, vai oferecer a você um quadro mais
completo da natureza das igrejas em células. Embora normalmente seja o
caso, nem todas as características podem ser encontradas em cada igreja
em células. Da mesma forma, algumas igrejas tradicionais podem apre-
sentar uma combinação dessas características.
x .A igreja em células Que Jesus projetou opera-como ignya não só
rillomingo, mas-também no~ OlJtros ~eis dias.dasemana.
~. ',~rsja elll células podeter uma con§!.!:.ução,I~ construção é
\ JUllciOnóllg)lãp safirada.
'li- • O crescimento da igreja não depende de quantos metros quadra-
1f\. dos podem ser financiados e adquiridos. A fórmula de constru-
ção da igreja em células é: ~ e eJ.:ltão9003tl\@.- ...
f . As células ou grupos pequenos de cristãos se encontram nas ca-
sas durante a semana e são a unidade básica da igreja.
y" Essas células agem como um "sistema de entrega" da igreja por
, meio do qual os membros das células vivenciam o evangelho no
mundo.+ .Cada membro da igreja recebe treinamento Era a obra do minis-
tério nesses grupos pequenos ..,---...+-. O culto de celebração no domingo é um transbordar da vida do
corpo que ocorreu durante a semana na vida dos membros.
q::. • Os membros prestam contas uns aos outros.
('. A igreja em células produz um grande número de líderes servos
que possibilitam a obra do ministério no nível básico da célula.
i--0 Nos grupos pequenos, os membros tiram as suas máscaras e re-
cebem edificação e cura. Ocorre a verdadeira comunhão do Novo
Testamento .
• Os textos dos "uns aos outros" encontrados no Novo Testamento
encontram um contexto no qual podem ser experimentados.
'1--.' A igreja centralizada em células nas casas é projetada para so-
breviver à perseguição .
• Os perdidos são alcançados por meio do evangelismo por amiza-
r- de nas células.
.: Os dons espirituais essenciais para a edificação, treinamento e
, evangelismo são liberados em um ambiente natural das células.
A Igreja do Novo Testamento no século XXI 43
evangelismo são liberados em um ambiente natural das células.
• Líderes de tempo integral são separados para oração e para bus-
car a face de Deus em favor do corpo .
• Ocorre uma constante multiplicação das células, dos converti-
dos, dos discípulos e dos líderes .
• Igrejas em células têm um impacto dramático sobre a sociedade.
Seus grupos pequenos tocam as machucaduras e necessidades no
mundo ao seu redor.
• Os líderes e pastores provêem supervisão, visão e prestação de
contas aos líderes das células.
• Existe mais dinheiro disponível para o ministério e missões à
medida que cada membro amadurece em sua compreensão da
mordomia como um estilo de vida.
• A comunidade das células é um lugar de cura para o indivíduo e
a família.
• A administração da igreja é simplificada ao redor da unidade bá-
sica da célula. Isso reduz significativamente os múltiplos progra-
mas necessários para que uma igreja tradicional funcione .
• Os cuidados fundamentais para os membros são providos no ní-
vel da célula em vez de no nível de obreiros profissionais .
• Efésios 4.12 funciona! Os Iíderes preparam "os santos para a
obra do ministério".
A DEFINIÇÃO NO NÍVEL DA CÉLULA
A chave para a compreensão da igreja em células é a própria célula
e o que Robert 8anks chama de o caráter "característico de igreja" das
comunidades de base. (O capítulo 13 explora a natureza da célula em
maiores detalhes). O teólogo brasileiro J. 8. Libanio faz a seguinte des-
crição da célula ou da comunidade de base.
Elas não são um movimento, uma associação ou uma congre-
gação religiosa [...] Elas não são um método (ou o único mé-
todo) de edificar a igreja: elas são a própria igreja. Elas não
são uma receita milagrosa para todas as doenças da sociedade
e da igreja. Elas são a renovação da igreja [...] Elas não são
uma utopia; elas são um sinal do reino, embora elas não sejam
o reino [...] Elas não são messiânicas, mas podem ser proféti-
cas e formar profetas como a igreja deveria formar. Elas não
são uma comunidade [...] natural [...] identificada com uma
44 A Segunda Reforma
raça, língua, povo, família [...] Elas são a igreja [...] Elas não
são um grupo de protesto, embora sua vida seja um protesto
contra a mediocridade, a indolência e a falta de autenticidade
de muitos [...] Elas não são um grupo especial para pessoas
especiais. Elas são a igreja comprometida com o homem co-
mum, com o pobre, com aqueles que sofrem injustiça [...] Elas
não são fechadas: elas são abertas ao diálogo com todos. Elas
não são uma reforma da obra pastoral: elas são uma opção pas-
toral decisiva, preparada para construir uma nova imagem da
igreja.'
Se você quer entender e identificar uma igreja em células, olhe
para as células. O grupo pequeno define uma igreja em células. Tudo
que acontece em uma igreja em células - as celebrações semanais, os
eventos de colheita, o treinamento e preparo para os retiros, os retiros,
as reuniões para supervisão - existe para apoiar as células. Tudo está
relacionado com a comunidade básica da célula.
COMA A BANANA
Corno o gosto de uma banana pode ser descrito para uma pessoa
~ IÍ"lI1cayiu uma banana? Para realmente sentir o gosto de uma bana-
na, em algum ponto as descrições devem tornar-se experimentais. A
melhor coisa a fazer é descascar a banana, dá-Ia à pessoa e dizer: "Aqui
está. Experimente você mesmo".
Mesmo com essas definições e ilustrações, você pode continuar
perguntando-se como a igreja em células realmente funciona. Isso é nor-
mal porque, como o sabor de uma banana, a igreja é algo que só pode-
mos conhecer ao experimentá-la. Não importa o nosso conhecimento
teológico e acadêmico da igreja, o que melhor entende a definição de
lima "igreja em células" é aquele que está mais empenhado em
experimentá-Ia. A igreja em células não é algo que podemos simples-
mente estudar e analisar. A certa altura, nossa definição de igreja deve
ser experimentada e vivenciada.
3
LARRY: UM PARADIGMA DE
LIDERANÇA
Uma das tragécjias-IJ!2'!!'Q§§r.!Je/}lpo é
q1:fj:.;;.ministro está exausto e improdutivo.
- Samuel Miller
L arry, um líder de igreja com quarenta e poucos anos, já haviapastoreado várias igrejas bem-sucedidas mas dentro dele estavacrescendo uma desilusão em relação à igreja tradicional no
modelo "um dia por semana". Ele ouvia, enquanto outros participantes
do congresso compartilhavam o motivo de estarem ali: "Vim para
aprender mais acerca da igreja em células". Quando chegou a vez
de Larry, ele foi absolutamente sincero. Ele compartilhou sua fome
de encontrar respostas a respeito de como a igreja poderia voltar a
ser como nos tempos do Novo Testamento. Com um profundo sen-
timento de dor, ele revelou: "Se eu não encontrar algumas respos-
tas, vou sai r daq u i e pescar".
Todos no recinto sabiam instantaneamente o que ele queria
dizer e irromperam em uma gargalhada. Larry estava disposto a
encontrar uma outra coisa para fazer se a situação não mudasse.
Outros, além de Larry,já tinham considerado a mesma possibilida-
de.
Para cada "Larry" vocal existem inúmeros "Larrys" silencio-
sos que estão tentando sobreviver na igreja tradicional com a mes-
ma dignidade e honestidade. Larry é um dos milhares de pastores
que experimentam a dor de liderar uma igreja que não está à altura
do paradigma de igreja que Deus colocou em seu coração. Sua vi-
são de igreja nunca se satisfará com o modelo de LIma igreja "um
dia por semana".
45
-16 A Segunda Reforma
SO B R 1:(.:Á R R I:( iÁ DOS E I !'vII' RO I) ur I V O S
Pastorear uma igreja tradicional de uma só asa é uma das "profis-
sões" mais difíceis na terra. É claro, existem muitas recompensas tam-
bém. Nas três igrejas que pastoreei antes de ir como missionário para a
Tailândia, experimentei muita alegria e satisfação interior. De muitas
formas é uma grande função - ajudar pessoas,falar a respeito de Jesus,
ministrar a pessoas em importantes épocas da sua vida, dar orientação
espiritual e moral para a comunidade.
No entanto, nos últimos anos, tenho visto em líderes como o Larry
uma imagem da igreja que não está à altura do seu ideal, apesar de todas
as boas obras e os esforços do pastor. Como pode haver esgotamento e
frustração tão grandes atrelados a esse chamado especial? Estou con-
vencido de que o sonho c a expectativa nos matam. A visão da igreja em
nosso coração não se equipara com a realidade da igreja no mundo. A
igreja para a qual nós pregamos no domingo não é igual à igreja acerca
da quo/ pregamos no domingo. Bem no fundo nós sabemos que algo
está errado.
É por isso que o pastor de uma igreja que se reúne basicamente no
dom ingo, nas palavras de Samuel M iIler, está ao mesmo tempo "sobre-
carregado e improdutivo":
Sobrecarregado com as inúmeras tarefas que não têm a menor
conexão com rei igião, e improdutivo nos trabalhos extenuan-
tes e na séria preocupação em manter uma vida espiritual dis-
ciplinada entre homens e mulheres maduros [...] Qualquer que
seja o ideal de um ministro - o grande empresário, o vende-
dor esperto, o magnata bem-sucedido - continua sendo um
enigma por que o ministro deveria tornar-se vítima de ima-
gens tão falsas a não ser que ele tenha confundido completa-
mente o que ele deveria estar fazendo. I
Por que temos essa confusão entre os líderes que são dotados e
chamados para pastorear? Eles foram treinados especificamente para
esse propósito e são sinceros em seu desejo de servir a Deus.
Os líderes mais criativos e visionários da igreja pagam um preço
altíssimo porque eles desejam voar e pairar nos ares, mas dirigem igre-
jas que estão presas à terra. Deus tem colocado a mesma visão de igreja
que ele deu a Paulo em Éfeso no coração dos líderes de cada era. De
acordo com Paulo, a igreja é a "plenitude de Deus", o "poder de Deus",
A Igreja do Novo Testamento 1/0 século XX! 47
o "corpo de Deus" e a "glória de Deus".
Essas não são palavras que a maioria das pessoas associa com a
igreja do século XXI. Talvez nós ousaríamos usar essas palavras acerca
da igreja que vai ser "arrebatada" para o céu, mas não da igreja "arre-
bentada" da qual fazemos parte na terra. A igreja que conhecemos, ape-
sar de todas as coisas boas, simplesmente não funciona como o modelo
neo-testamentário, e nesse ponto reside a agon ia tanto do pastor como
dos membros.
MELHOR ABALAR UM SONHO DO 0\11:_
OCULTAR A VERDADE
Um museu começou a limpar uma pintura do século ..2\.Vfuuposta-
mente pintado por um velho mestre. Durante o processa de limpeza uma
partícula de pintura se soltou. E isso se repetiu inúmeras vezes. Os peri-
tos observavam horrorizados à medida que uma camada de tinta come-
çou a desintegrar-se diante dos seus olhos. Mas debaixo dessa pintura
eles descobriram uma outra ainuua Um artista posterior havia tentado
níelhorar a obra-prima original. Agora eles viam a verdade. Esse era o
original, e era muito mais valioso e importante. A camada exterior que
havia sido acrescentada foi cuidadosamente removida até que a pintura
original pudesse ser restaurada e exibida em um lugar proeminente no
museu. "$ melhor abalar um sonho do qlle oCllltar a verdad~"!2
Pequenas partículas de tinta da única igreja que eu conhecia come-
çaram a se desprender muito cedo no meu ministério. De tempo em
tempo, algum livro ou programa novo prometia esperança para um tipo
diferente de igreja. Eu procurava ansiosamente implantar a nova idéia,
mas os resultados nunca chegavam perto de duplicar o espírito ou os
resultados da igreja do Novo Testamento.
Ao longo dos anos, minha esposa Mary e eu gostávamos de trocar
idéias em convenções e outras ocasiões especiais com Max e Katie
BrO\vn, amigos especiais da faculdade c do seminário. Nossas discus-
sões se transformavam em conceitos novos e inovadores acerca da iurc-
ja. Max foi o primeiro a falar a respeito da igreja experimental de Ralph
Neighbour em Houston no final da década de 1960. ;\ idéia de alcançar
os aflitos e os perdidos do mundo por meio de grupos de ministério de
interesse parecia tão neotestamentária, tão correta e tão diferente do que
estava acontecendo em nossas igrejas.
Infelizmente, quando retornamos para casa depois das nossas con-
versas na convenção, voltávamos para o domínio da nossa igreja de uma
48 A Segunda Reforma
asa que exigia toda a nossa energia apenas para manter as boas ativida-
des e programas em funcionamento. Nosso coração até pertencia à igre-
ja do Novo Testamento, mas nosso corpo pertencia ao paradigma da
igreja tradicional de uma asa.
Em 1972, durante um final de semana de renovação para leigos, eu
experimentei pela primeira vez a comunhão do Novo Testamento e a
vida no corpo de um grupo pequeno. Equipes de visitação de "pessoas
leigas" animadas ficaram nas casas dos nossos membros. O final de
semana foi organizado ao redor de encontros em grupos pequenos e
muita conversa franca. NOVGScânticos foram cantados para Deus, não
acerca de Deus. Vidas foram transformadas e casamentos restaurados.
Cristo em nosso meio, operando em poder - essa é a impressão que
continua na minha memória acerca daquele final de semana. Aquela
experiência foi como um poderoso removedor de tinta da minha velha
"imagem" de igreja.
Eu já estava vitalmente conectado à igreja por trinta anos antes de
ter o primeiro gosto da verdadeira vida no corpo do Novo Testamento.
Embora tenha experimentado muitos momentos espirituais significati-
vos na igreja, nada era tão genu inarnente neotestamentário "em sabor"
como aqueles breves momentos da vida em grupo pequeno.
Infelizmente, eu não fazia a menor idéia do que fazer com o fruto
daquela experiência. Assim eu derramei essa experiência diretamente
no único odre que eu tinha: meu odre da igreja tradicional. Embora aquele
final de semana da comunidade do Novo Testamento tivesse um impac-
to significativo sobre a vida de várias pessoas, incluindo a mim, ela não
teve um impacto tão grande sobre a minha igreja tradicional. Em dado
momento essa experiência foi mastigada e cuspida em uma forma que
os nossos programas tradicionais pudessem tolerar. .~V'
A IGREJA DE UMA ASA EM BANCOC
Outras partes da pintura começaram a cair da tela desde o momen-
to em que cheguei como missionário inexperiente ao aeroporto de Bancoc
em primeiro de janeiro de 1975. Mary, os gêmeos Joey e Jimmy, Matt,
Juleigh e eu descemos do avião e fomos recepcionados por um calor e
uma umidade indescritíveis, uma poluição tão densa que podia ser vista,
e padrões de tráfego que merecem ser chamados de kamika:e . Esse era
um mundo completamente novo. Estávamos diante de um choque cultu-
ral- o estilo Bancoc!
O choque cultural não demorou muito. Nossos filhos se adaptaram
A Igreja do Novo Testamento no século XXI 49
rapidamente, e para eles a Tailândia se tornou seu lar com pessoas, luga-
res c experiências especiais. Mary e eu aprendemos a comunicar-nos na
língua deles, a ler a Bíblia Thai e os sinais de trânsito, a relacionar-nos
culturalmente com o povo da Tailândia e a comer algumas das comidas
mais apimentadas, mesmo que muito deliciosas do mundo.
Sobrevivi ao choque cultural, mas não consegui passar por cima do
meu "choque igreja/missão". Deus me chamou para plantar uma igreja
em um contexto cultural e me deu a paixão para descobrir a estratégia
para reproduzir igrejas neotestarnentárias em ambientes urbanos. Esse zelo
logo conflitou com a realidade quando me familiarizei com a igreja na
Tailândia.
A arquitetura da construção da igreja era diferente, os sinais nas
paredes da igreja eram escritos em uma língua estranha, os hinos eram
cantados em tons menores e a literatura era produzida em um formato
diferente. No entanto, não precisei de muito tempo para perceber que essa
igreja não era muito diferente em relação ao tipo e natureza da igreja que
eu conheci nos Estados Un idos. Essa era apenas a Primeira Igreja de "qual-
quer cidade" dos Estados Unidos transplantada para Bancoc, na Tailândia.
Mesmo se

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