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FATEC SANTO ANDRE FATEC-SDR-TGE301-GRUPO8: Nicolas Spinelli Villaverde Renata Sampaio Valera Projeto Integrador 3º semestre: A adequação dos processos gerenciais ao paradigma do trabalho decente e da gestão da diversidade Projeto apresentado como Projeto Interdisciplinar do 3º semestre do curso de Tecnologia de Gestão EAD sob orientação do Prof. Virgílio Itaiuti Panzetti (mediador). Santo André 06/05/2018 FATEC SANTO ANDRE FATEC-SDR-TGE301-GRUPO8: Nicolas Spinelli Villaverde Renata Sampaio Valera Projeto apresentado como Projeto Interdisciplinar do 3º semestre do curso de Tecnologia de Gestão EAD sob orientação do Prof. Virgílio Itaiuti Panzetti (mediador). Projeto Integrador recebido e aprovado em _____/_____/_____ _________________________________________ Prof. Coordenador de Polo _________________________________________ Prof. Orientador PI/AACC Santo André 06/05/2018 QUADRO RESUMO Este Projeto Interdisciplinar do terceiro semestre do curso de Tecnologia em Gestão Empresarial EAD – FATEC, polo Santo André, foi elaborado com o objetivo de reestabelecer as articulações existentes entre os temas / matérias / assuntos abordados de forma fragmentada nas matrizes curriculares dos cursos, através de uma pesquisa transversal multidisciplinar e de redação de relatório de pesquisa. Disciplinas articuladas na pesquisa deste Projeto de Integração: • Economia • Administração • Gestão Ambiental • Sociologia das Organizações • Sociedade, tecnologia e inovação • Comportamento Organizacional • Gestão de Pessoas • Gestão de Marketing • Organização, Sistemas e Métodos • Sistemas de Informação • Matemática Financeira • Contabilidade • Estatística aplicada à gestão • Métodos para a produção do conhecimento • Comunicação (em português e em língua estrangeira) SUMÁRIO 1. Introdução ....................................................................................................... 5 2. Desenvolvimento da pesquisa: A adequação dos processos gerenciais ao paradigma do trabalho decente e da gestão da diversidade .............................. 7 2.1. Aspectos iniciais: os dados selecionados para a pesquisa e sua análise .... 7 2.2. Resultados construídos pela análise dos dados ........................................ 12 3. Conclusão ..................................................................................................... 16 4. Referências ................................................................................................... 17 5 1. INTRODUÇÃO A temática norteadora desta pesquisa foi a adequação dos processos gerenciais ao paradigma do trabalho decente e da gestão da diversidade. O termo trabalho decente foi introduzido em 1999 pela Organização Internacional do Trabalho - OIT. Este tema, portanto, está ligado ao relacionamento entre diversidade e trabalho, que possui relevância, diante de sua atualidade no contexto global atual. O debate sobre as diversidades está contextualizado, nas sociedades “desenvolvidas”, após a Segunda Guerra Mundial, em virtude da presença das mulheres no mercado de trabalho, da mistura demográfica originada pelos movimentos migratórios em virtude das guerras e da globalização, da coexistência entre diversas gerações em virtude do aumento da expectativa de vida, e, por fim, do advento de uma mentalidade cultural que prega mais tolerância com as diferenças. Sendo assim, os objetivos deste trabalho são 5 (cinco): compreender os conceitos de trabalho decente e de gestão da diversidade; compreender os impactos da discriminação no trabalho nos resultados da organização; identificar as estratégias de gestão orientadas pelo conceito de trabalho decente; compreender a dimensão de responsabilidade social da organização na gestão da diversidade; e, por fim, compreender e dimensionar as relações entre trabalho decente, produtividade e resultados econômico-financeiros. Para tanto, foram colocadas algumas questões na pesquisa, tais como: o grau de familiaridade de administradoras e administradores brasileiros com os conceitos de trabalho decente e gestão da diversidade – o discurso e a prática; novos modelos de organização estruturam-se em processos gerenciais orientados pelos conceitos de trabalho decente e de gestão da diversidade; e as relações entre diversidade, criatividade e inovação tecnológica: as limitações para implementar inovação em ambientes de baixa diversidade. Desta forma, buscou-se entender o cenário atual em relação ao conhecimento e comprometimento que os administradores brasileiros possuem em relação aos conceitos de trabalho decente e da gestão da diversidade, 6 abordando inclusive os processos gerenciais de novos modelos de organização e a relação entre diversidade, criatividade e inovação tecnológica. A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica, com a leitura de textos norteadores da temática apresentada, possibilitando um posicionamento crítico- analítico (reflexão) perante as situações e dados pesquisados. 7 2. DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA: A ADEQUAÇÃO DOS PROCESSOS GERENCIAIS AO PARADIGMA DO TRABALHO DECENTE E DA GESTÃO DA DIVERSIDADE 2.1. Aspectos iniciais: os dados selecionados para a pesquisa e sua análise Os dados selecionados para a pesquisa deste trabalho foram focados na questão da diversidade nas organizações, com uma posterior análise crítica do tema. Para tanto, foi escolhida uma organização pública para análise, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Segundo a professora da Fundação Getúlio Vargas – FGV, Maria Ester de Freitas, “a administração das empresas está intrinsecamente ligada à gestão da diversidade”. Assim, “conseguir uma integração organizacional que não anule o potencial das diferenças”, a fim de “garantir identidade e coesão”, com respeito às diferenças, é um grande desafio para os gestores. Conforme a autora, geralmente, a diversidade pode ser dividida em “competências, habilidades, gênero, experiência, idade, origem social ou cultura”1. Além dos enfoques indicados pela autora, o enfoque dos dados selecionados para esta pesquisa será a questão da diversidade com relação a cor da pele e existência ou não de deficiência nas pessoas, conforme se verá a diante. A fim de prezar pela inclusão social e pela diversidade, o Tribunal de Justiça de São Paulo – TJSP possui resoluções internas para garantir o ingresso de pessoas com deficiência e negros nos concursos realizados para provimento de cargos. No último concurso realizado – com edital publicado em 15/12/2017 – foram reservadas legalmente às pessoas com deficiência, 5% das vagas, com fundamento na Lei Complementar nº 683 de 18.09.1992 e na Lei Complementar nº 932 de 08.11.2002. Já para pessoas negras, foram reservados legalmente 20% dos cargos, nos termos do disposto na Lei 12.990/2014 e na Resolução 1 FREITAS, Maria Ester de [et. al.]. Desafios da Gestão da Diversidade nas Organizações. GV pesquisa FGV, 2013. Disponível em: <http://gvpesquisa.fgv.br/publicacoes/gvp/desafios-da- gestao-da-diversidade-nas-organizacoes>. Acesso em 04/05/2018. 8 TJSP nº 719 de 18.11.2015, combinada com a Resolução TJSP nº 769 de 15.03.2017. Com relação especificamente aos candidatos com deficiência, eles são avaliados separadamente no concurso, de modo que sua nota de corte não é a mesma que a dos demais candidatos – sendo gerada neste caso uma lista chamada de “lista especial”. Esta medida foi adotada para possibilitar o ingresso de pessoas em condição de diversidade nos quadros de funcionários do Tribunal. Geralmente, a lista especial possui nota de corte menor que a da “listageral”, onde os candidatos que não possuem deficiência concorrem. Tal medida é oriunda de determinação do Conselho Nacional de Justiça, que ao editar a Resolução CNJ nº 230/2016, definiu a adequação das atividades dos órgãos do Poder Judiciário e dos seus serviços auxiliares às determinações constantes da Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo e do Estatuto da Pessoa com Deficiência. Esta convenção internacional foi aprovada no Brasil, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, de modo que é uma Lei Internacional que é equivalente à uma emenda constitucional. Em outras palavras, é como se a referida convenção fizesse parte do texto da própria constituição brasileira, por força do que dita o artigo 5°, parágrafo 3° da Constituição2. Vale ressaltar que a Constituição Brasileira determina em seu 5° artigo que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”, ao que se chama de princípio da igualdade. Porém, trata-se de uma igualdade formal, e não material. Nesta senda, explica o jurista Pedro Lenza, com relação ao princípio da igualdade (ou da isonomia) insculpido no art. 5° da Constituição que deve-se buscar não somente essa aparente igualdade formal (consagrada no liberalismo clássico), mas, principalmente, a igualdade material, uma vez que “a lei deverá tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida de suas desigualdades”3. Segundo o autor, isto se deve, porque “no Estado Social ativo, efetivador dos direitos humanos, imagina-se uma igualdade mais 2 Art. 5°, § 3º - Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. 3 LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 973. 9 real perante os bens da vida, diversa daquela apenas formalizada perante a lei”. Sendo assim, a lei busca por uma igualdade substancial, de modo que a própria Lei estabelece algumas “desigualdades”, por exemplo, em relação à igualdade entre homens e mulheres em direitos e obrigações, determina condições às presidiárias para que possam permanecer com os seus filhos durante o período de amamentação (artigo 5° inciso L da Constituição) e determina serviço militar obrigatório somente para homens (artigo 143, parágrafos 1.º e 2.º da Constituição)4. Ainda sobre este princípio, Celso Antônio Bandeira de Mello, apud Pedro Lenza, estabelece três questões a serem observadas, a fim de se verificar o respeito ou desrespeito ao aludido princípio, de modo que o desrespeito a qualquer delas leva à ofensa à isonomia: “a) a primeira diz com o elemento tomado como fator de desigualação; b) a segunda reporta-se à correlação lógica abstrata existente entre o fator erigido em critério de discrímen e a disparidade estabelecida no tratamento jurídico diversificado; c) a terceira atina à consonância desta correlação lógica com os interesses absorvidos no sistema constitucional e destarte juridicizados”5. Esses critérios, segundo Lenza, servem de parâmetros para a aplicação das denominadas discriminações positivas, já que “o constituinte tratou de proteger certos grupos que, a seu entender, mereceriam tratamento diverso. Enfocando-os a partir de uma realidade histórica de marginalização social ou de hipossuficiência decorrente de outros fatores, cuidou de estabelecer medidas de compensação, buscando concretizar, ao menos em parte, uma igualdade de oportunidades com os demais indivíduos, que não sofreram as mesmas espécies de restrições”6. Nessa ideia de ações afirmativas, instaurou-se a política de cotas, por exemplo, em que “o Governo Federal, através da MP n. 213, de 10.09.2004, instituiu o PROUNI — Programa Universidade para Todos, que foi regulamentado pelo Decreto n. 5.493/2005”. A medida provisória foi “convertida na Lei n. 11.096/2005, que, por sua vez, foi alterada pela Lei n. 11.128/2005”. O art. 2.º da Lei “destina a bolsa para: a) estudante que tenha cursado o ensino 4 LENZA, Pedro. Op. Cit., p. 974. 5 Idem, Ibidem. 6 Idem, Ibidem. 10 médio completo em escola da rede pública ou em instituições privadas na condição de bolsista integral; b) estudante portador de deficiência, nos termos da lei; c) professor da rede pública de ensino, para os cursos de licenciatura, normal superior e pedagogia, destinados à formação do magistério da educação básica, independentemente da renda a que se referem os §§ 1.º e 2.º do art. 1.º desta Lei”7. Destaca-se que, no contexto das ações afirmativas, houve “a indicação de uma mulher e de um negro para o STF, isso depois de quase 200 anos, já que o STF tem a sua origem histórica no início do século XVIII (Casa da Suplicação do Brasil — ainda na fase colonial, em 10.05.1808, e Supremo Tribunal de Justiça, em 09.01.1829).”8 Desta forma, a destinação de vagas para negros e para pessoas com deficiência pelos Tribunais, especialmente, pelo Tribunal ora estudado, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, insere-se na ideia das ações afirmativas, que é a criação de aparentes desigualdades pela Lei ou pelo Governo para induzir uma situação de igualdade material ou substancial na sociedade. Por isso, atendendo à Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, a Resolução CNJ nº 230/ 2016 ditou em seu artigo 19 que: “Os editais de concursos públicos para ingresso nos quadros do Poder Judiciário e de seus serviços auxiliares deverão prever, nos objetos de avaliação, disciplina que abarque os direitos das pessoas com deficiência”9. De acordo com a mencionada Convenção Internacional, “deficiência é um conceito em evolução e que a deficiência resulta da interação entre pessoas com deficiência e as barreiras devidas às atitudes e ao ambiente que impedem a plena e efetiva participação dessas pessoas na sociedade em igualdade de oportunidades com as demais pessoas”10. Ainda a Convenção reconhece a “diversidade das pessoas com deficiência”, e considera que “a discriminação 7 LENZA, Pedro. Op. Cit., p. 974. 8 Idem, Ibidem. 9 BRASIL. Decreto 6.949, de 25 de agosto de 2009. Promulga a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova York, em 30 de março de 2007. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007- 2010/2009/decreto/d6949.htm>. Acesso em 04/05/2018. 10 Idem, Ibidem. 11 contra qualquer pessoa, por motivo de deficiência, configura violação da dignidade e do valor inerentes ao ser humano”11. Assim, com o propósito de “promover, proteger e assegurar o exercício pleno e eqüitativo de todos os direitos hum anos e liberdades fundamentais por todas as pessoas com deficiência e promover o respeito pela sua dignidade inerente”12 , a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência define que “pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas”13 e, a partir disso, trata de formas para inclusão dessas pessoas na sociedade, com garantia ao seu “direito ao trabalho”, prevendo diversos instrumentos e garantias a serem implementadas pelo Estado para a garantia do acesso ao emprego e sua manutenção, sem quaisquer discriminações. Neste sentido, o texto da Convenção dita em seu artigo 27 que: “Os Estados Partes reconhecem o direito das pessoas com deficiênciaao trabalho, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas. Esse direito abrange o direito à oportunidade de se manter com um trabalho de sua livre escolha ou aceitação no mercado laboral, em ambiente de trabalho que seja aberto, inclusivo e acessível a pessoas com deficiência. Os Estados Partes salvaguardarão e promoverão a realização do direito ao trabalho, inclusive daqueles que tiverem adquirido um a deficiência no em prego, adotando medidas apropriadas, incluídas na legislação”14. Esta questão se relaciona intrinsecamente com a questão do trabalho decente, termo introduzido em 1999 pela OIT, segundo a qual “o conceito de trabalho decente sintetiza a sua missão histórica de promover oportunidades para que homens e mulheres obtenham um trabalho produtivo e de qualidade, 11 BRASIL. Decreto 6.949, de 25 de agosto de 2009. Promulga a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova York, em 30 de março de 2007. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007- 2010/2009/decreto/d6949.htm>. Acesso em 04/05/2018. 12 Idem, Ibidem. 13 Idem, Ibidem. 14 BRASIL. Decreto 6.949, de 25 de agosto de 2009. Promulga a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova York, em 30 de março de 2007. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007- 2010/2009/decreto/d6949.htm>. Acesso em 04/05/2018. 12 em condições de liberdade, equidade, segurança e dignidade humanas, sendo considerado condição fundamental para a superação da pobreza, a redução das desigualdades sociais, a garantia da governabilidade democrática e o desenvolvimento sustentável”15. Logo, resta claro que a Convenção Internacional para Direito das Pessoas com Deficiência se coaduna com o conceito de trabalho decente da OIT, porquanto ela visa promover para as pessoas com deficiência o trabalho produtivo e de qualidade, em condições de liberdade, equidade, segurança e dignidade humanas. No mesmo sentido, as ações para inclusão de pessoas negras no trabalho também estão pautadas no trabalho decente, haja vista que essa inclusão tem por escopo ser realizada também para a promoção de trabalho produtivo, com qualidade, liberdade, equidade, segurança e dignidade humanas. 2.2. Resultados construídos pela análise dos dados Conforme já mencionado alhures, a professora da FGV, Maria Ester de Freitas, classificou algumas formas de diversidade em “competências, habilidades, gênero, experiência, idade, origem social ou cultura”16. Em análise à questão das “competências”, observa-se que, em geral, em âmbito nacional, tanto em organizações públicas quanto privadas, sob o aspecto financeiro do negócio, a diversidade no quesito competência geralmente é bem explorada principalmente nas pequenas e médias empresas, onde o equilíbrio é conquistado através da mescla de profissionais com nível Sênior, Pleno e Júnior. O profissional Sênior, geralmente em menor número, garante a qualidade do serviço. O profissional Pleno apresenta uma melhor performance técnica. Já os profissionais Júniores fazem a maior parte do trabalho operacional sob a tutela e coordenação dos profissionais mais gabaritados. Já com relação à “habilidade”, a diversidade mostra sua importância na estratégia de equilíbrio de uma equipe que possa representar um conceito de 15 Trabalho Decente. OIT Brasília. Disponível em: <http://www.ilo.org/brasilia/temas/trabalho- decente/lang--pt/index.htm>. Acesso em 04/05/2018. 16 FREITAS, Maria Ester de [et. al.]. Desafios da Gestão da Diversidade nas Organizações. GV pesquisa FGV, 2013. Disponível em: <http://gvpesquisa.fgv.br/publicacoes/gvp/desafios-da- gestao-da-diversidade-nas-organizacoes>. Acesso em 04/05/2018. 13 soma, em que uma habilidade específica não necessariamente se sobressai em relação a outro tipo de habilidade, descaracterizando a competitividade dentro da equipe. Neste cenário, podemos considerar que uma pessoa com um perfil mais introvertido pode se adaptar melhor a um tipo de atividade que não exige muita comunicação, e em contrapartida uma pessoa extrovertida pode ficar com funções de comunicação agregando habilidades na equipe. Para essa questão ainda existe campo para estudos e melhorias no aproveitamento. Por outro lado, a questão “gênero” certamente teve de fato uma grande evolução quando pensamos nas conquistas das mulheres e dos negros em cargos de chefia e com uma melhor equiparação salarial, mas ainda dependentes de políticas empresarias. O que aparece em pauta nos dias atuais, com grande preocupação social, seria a questão de transgêneros, que apesar de estarem conquistando alguns direitos civis, ainda sofrem demasiada descriminação na questão de empregabilidade, sofrendo com a marginalização na sociedade. Neste cenário, entende-se porque a empresa Carrefour foi elogiada na internet ao homenagear funcionárias trans17. Já com relação à questão de “experiência e idade”, vê-se que estas apresentam grandes problemas nas duas extremidades. Se a pessoa possui muita experiência e idade avançada, geralmente tem um custo maior para a empresa, e por outro lado se a pessoa possui pouca ou nenhuma experiência e idade inferior, dificilmente terá uma oportunidade de aprendizado, a não ser por políticas governamentais que suportem a contratação de pessoas inexperientes. Neste caso, quem tem sofrido mais em tempos de crise, são as pessoas com muita experiência e em meia idade, que geralmente possuem grandes responsabilidades familiares e ainda estão distantes da aposentadoria. Por fim, quanto às questões de “origem social e cultural”, estas são as que mais geram dificuldades de aceitação, principalmente quando agregadas a uma das outras características de diversidade descritas anteriormente, onde a intolerância infelizmente atinge níveis extremos. Considerando a situação atual do mercado globalizado, não seria difícil entender que a diversificação tem realmente um papel fundamental para o desenvolvimento sustentável de uma 17 Carrefour homenageia suas funcionárias trans na rede social e é elogiado por seguidores. Disponível em: <http://emais.estadao.com.br/blogs/familia-plural/carrefour-homenageia-suas- funcionarias-trans-na-rede-social-e-e-elogiado-por-seguidores>. Acesso em 05/05/2018. 14 empresa, além de gerar um valor imensurável para a sociedade. Porém, o que aparentemente falta para os representantes da alta direção, é uma maior confiança no poder que a diversidade pode gerar para o negócio como um todo, assim como falta para boa parcela dos profissionais de nível operacional, tolerar a diversidade. Por outro lado, é compreensível que um gestor prefira um determinado tipo de perfil em que ele confie para atendimento das diversas metas estipuladas pelo planejamento estratégico da empresa, porém, ainda assim, aparentemente falta um melhor preparo intelectual para aceitar que o diferente agrega tanto ou mais que o modelo padronizado pela personalidade da empresa. Finalizando a análise das diversidades elencadas pela professora Maria Ester de Freitas da FGV, vamos à análise das diversidades com relação a “cor da pele” e “existência ou não de deficiência nas pessoas” no âmbito do Tribunal de Justiça de São Paulo – TJSP. Consoante mencionado anteriormente, com fundamento na Convenção Internacional de Direitos das Pessoas com Deficiência, o Tribunal reservou em seus quadros 5% dos cargos para pessoas com deficiência. Já com relação à cor da pele, 20% dos cargos são reservados por lei para pessoas negras. Apesar de nosso país ser muito miscigenado, vê-se que negros geralmente não ocupam tantos cargos de mais relevância social ou cujaremuneração é alta quando comparados a pessoas brancas. Neste sentido, mencionamos no desenvolvimento desta pesquisa que somente em 2003 um negro passou a ocupar o cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal – STF (isso depois de quase 200 anos, já que o STF tem a sua origem histórica no início do século XVIII, em meados de 1829). Sendo assim, a análise de dados revela ser importante a reserva de porcentagem de vagas a pessoas negras no âmbito do TJSP, visando coibir a exclusão de negros no mercado de trabalho no setor público18. Já no que diz respeito às ações afirmativas do Tribunal com relação às pessoas com deficiência, foi mencionada a existência da “lista especial” de notas de corte nos concursos, que tem notas mais baixas que as da “lista geral”. 18 Para mais, ler: Mercado de trabalho ainda é excludente para negros no Brasil. Disponível em: <http://economia.estadao.com.br/blogs/ecoando/mercado-de-trabalho-ainda-e-excludente-para- negros-no-brasil>. Acesso em 05/05/2018. 15 Certamente, isso revela que os candidatos da “lista especial”, em geral, não estão em igualdade (material) de condições com os demais, pois na “lista geral”, por ser maior a nota de corte para ingresso no Tribunal, indica que os candidatos que dela participaram tiveram maiores possibilidades e/ou condições para estudar e se preparar para o concurso. Isso pode ser verificado, por exemplo, no concurso público para Escrevente Técnico Judiciário cujo edital foi publicado em 22/01/2015. Neste concurso, para ingresso no fórum de Campinas, por exemplo, a nota de corte foi 6,6 na “lista especial”, enquanto na “lista geral” a nota foi 8,219. Todas as notas da “lista especial” ficaram na média de 6, enquanto na “lista geral” a média foi 8. Isso coíbe em certa parte, no âmbito do setor público, a discriminação com relação a pessoas com deficiência20. 19 Notas de corte do concurso de escrevente técnico judiciário do TJSP de 2015. Disponível em: <https://documento.vunesp.com.br/documento/stream/NzA0MA%3d%3d>. Acesso em 05/05/2018. 20 Para mais, leia: ‘Discriminação é a pior violência no mercado de trabalho’, afirma jovem com deficiência. Disponível em: <https://g1.globo.com/se/sergipe/noticia/discriminacao-e-a-pior- violencia-no-mercado-de-trabalho-afirma-jovem-com-deficiencia.ghtml>. Acesso em 05/05/2018. 16 3. CONCLUSÃO Apesar de ser sabido por todos que todos são iguais e por isso não deve haver discriminação, ela ainda é muito presente no mundo nos tempos atuais. Pode-se dizer que isso se deve, em parte, ao histórico mundial, que escravizou e/ou matou pessoas consideradas diferentes por sinais físicos do corpo, bem como considerou que deveriam ser isoladas as pessoas com alguma deficiência corporal. Com a evolução da humanidade, paulatinamente, foi evoluindo a consciência de todos com relação à questão da discriminação, seja pela cor da pele, por deficiência, por gênero, etnia, idade, dentre outros aspectos, sendo construído o pensamento de que todos os humanos são iguais e possuem direitos e dignidade, que devem ser respeitados. Desta forma, no mercado de trabalho, foi sendo percebido que as diversidades favorecem as organizações em vários aspectos, não devendo ser coibidas, mas sim aproveitadas da melhor forma possível, culminando no alcance dos objetivos da organização de forma eficaz e eficiente. Neste contexto, a igualdade foi qualificada como material (ou substancial, ou seja, aquela existente de fato no mundo) ou formal (aquela considerada apenas idealmente), e foi criado, no âmbito sócio-político brasileiro, o conceito do princípio da isonomia (ou princípio da igualdade), como aquele que dita que devem ser tratadas as pessoas iguais como iguais e as desiguais como desiguais, na medida de suas desigualdades, criando-se, por ações afirmativas, meios de incluir os desiguais na sociedade, evitando-se ou superando-se as barreias que possam fazer com que essas pessoas não consigam usufruir ao máximo seus direitos como cidadãos e mantenham sua dignidade. Assim, especificamente com relação ao estudo direcionado ao Tribunal de Justiça de São Paulo com referência às diversidades sob o aspecto da cor da pele e da existência ou não de deficiência, verificou-se que as ações afirmativas criadas geram bons efeitos para a garantia do direito ao trabalho decente de pessoas negras e de pessoas com deficiência. 17 4. REFERÊNCIAS BRASIL. Decreto 6.949, de 25 de agosto de 2009. Promulga a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova York, em 30 de março de 2007. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d6949.htm>. Acesso em 04/05/2018. Carrefour homenageia suas funcionárias trans na rede social e é elogiado por seguidores. Disponível em: <http://emais.estadao.com.br/blogs/familia- plural/carrefour-homenageia-suas-funcionarias-trans-na-rede-social-e-e- elogiado-por-seguidores>. Acesso em 05/05/2018. Discriminação é a pior violência no mercado de trabalho, afirma jovem com deficiência. Disponível em: <https://g1.globo.com/se/sergipe/noticia/discriminacao-e-a-pior-violencia-no- mercado-de-trabalho-afirma-jovem-com-deficiencia.ghtml>. Acesso em 05/05/2018. Diversidade e Sustentabilidade. Disponível em: <http://www.ideiasustentavel.com.br/artigos-diversidade-e-sustentabilidade>. Acesso em 04/05/2018. Empresas e Direitos Humanos na Perspectiva do Trabalho Decente – Marco- Referencial. Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social. Disponível em: <https://www3.ethos.org.br/wp-content/uploads/2012/12/04_Empresas-e- Direitos-Humanos-na-Perspectiva-do-Trabalho-Decente-%E2%80%93-Marco- Referencial.pdf>. Acesso em 04/05/2018. FREITAS, Maria Ester de [et. al.]. Desafios da Gestão da Diversidade nas Organizações. GV pesquisa FGV, 2013. Disponível em: <http://gvpesquisa.fgv.br/publicacoes/gvp/desafios-da-gestao-da-diversidade- nas-organizacoes>. Acesso em 04/05/2018. Inovação e sustentabilidade, bases para o futuro dos pequenos negócios. Sebrae (org.). São Paulo: 2013. Inovação e sustentabilidade bases para o futuro dos pequenos negócios. Disponível em: <https://m.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/Anexos/inovacao_sustenta bilidade.pdf>. Acesso em 04/05/2018. LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. 18 Mercado de trabalho ainda é excludente para negros no Brasil. Disponível em: <http://economia.estadao.com.br/blogs/ecoando/mercado-de-trabalho-ainda-e- excludente-para-negros-no-brasil>. Acesso em 05/05/2018. Notas de corte do concurso de escrevente técnico judiciário do TJSP de 2015. Disponível em: <https://documento.vunesp.com.br/documento/stream/NzA0MA%3d%3d>. Acesso em 05/05/2018. Nova lista de empregadores autuados por escravizar trabalhadores. Disponível em: <http://g1.globo.com/fantastico/noticia/2017/10/veja-nova-lista-de- empregadores-autuados-por-escravizar-trabalhadores.html>. Acesso em 04/05/2018. ONU alerta para os custos da violência contra mulheres no mundo. Disponível em: <http://www.onumulheres.org.br/noticias/onu-alerta-para-os-custos-da- violencia-contra-as-mulheres-no-mundo>. Acesso em 04/05/2018. Responsabilidade social empresarial nos processos gerenciais e nas cadeias de valor. Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social. Disponível em: <https://www3.ethos.org.br/cedoc/responsabilidade-social-empresarial-nos- processos-gerenciais-e-nas-cadeias-de-valor-junho2006/#.WiL6b1WnHIU>. Acesso em 04/05/2018. Trabalho Decente. OIT Brasília. Disponível em: <http://www.ilo.org/brasilia/temas/trabalho-decente/lang--pt/index.htm>. Acesso em 04/05/2018.
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