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@medcomat Introdução MIcoses por leveduras que são fungos ovalados que se reproduzem por brotamento. aqui, são abordadas as candidíases e a pitiríase versicolor. Sinonímia: monilíase. Infecções por Candida albicans (menos de 10% por outras Candida sp.), comumente associada a áreas ocluídas e úmidas. Epidemiologia As infecções por Candida são tão comuns que é possível que, pelo menos uma vez na vida, uma pessoa terá acometimento por tal levedura. No entanto, são poucos os trabalhos epidemiológicos, o que dificulta a elaboração dos dados em números. Fisiopatologia Por fazer parte da flora normal das mucosas, nem sempre o encontro simples da C. albicans leva ao diagnóstico de infecção; alguns aspectos devem estar presentes: encontro de pseudo-hifas (formações invasivas com maior virulência), quantificação do número de colônias na cultura e, principalmente, aspecto clínico com reação inflamatória local. Outro aspecto relativo ao hospedeiro é o estado de imunossupressão que predispõe à infecção pelo fungo, já que este pode ser considerado oportunista e, em condições normais, não é capaz de agredir os tecidos colonizados. Entre os fatores predisponentes, estão uso de antibióticos (altera a flora bacteriana, diminuindo a competição natural), diabetes mellitus, uso de anticoncepcionais e gravidez (por mudanças na mucosa vaginal) e, obviamente, os estados de imunossupressão. Quadro clínico São várias as manifestações por Candida, e, entre as mais comuns, estão: 1. Candidíase oral: sua forma mais comum é a pseudomembranosa aguda (“sapinho”); há outras menos frequentes, como a crônica hiperplásica (placas verrucosas na língua) e a queilite angular (conhecida como perleche); É a forma mais comum da doença cutâneo-mucosa. O quadro é comum no período neonatal, quando os sistemas de defesa imunológica estão pouco desenvolvidos, e pode ser contraída da mãe durante o parto vaginal. Pode ser contraído em crianças pelas mãos de médicos e enfermeiras, chupetas e mamadeiras. Também é comum nos enfermos, imunossuprimidos (ex.: Aids), uso de corticoide tópico para asma, pessoas com má higiene bucal. Pode manifestar-se por placas branco-cremosas, às vezes pseudomembranosas, podendo assumir aspecto eritematoso ou enegrecido. As lesões são facilmente removidas com auxílio de uma espátula. Candidíase @medcomat 2. Queilite Angular: Os ângulos da boca estão feridos, com fissuras, eritema e descamação. Classicamente descrito no desnutrido, porém o quadro é mais visto nas sociedades ocidentais, em pacientes desdentados ou que usam dentaduras que não estão perfeitamente adaptadas. 3. Candidíase genital: é muito mais frequente nas mulheres na apresentação de vulvovaginite e mais rara nos homens, nos quais leva a placas eritematosas e maceradas no prepúcio (balanite) – quando esse processo evolui, as placas estendemse para a região inguinal e o escroto (nos casos de tinha, costuma ser poupado); Vulvovaginite: É frequente nas seguintes situações predisponentes: gravidez, uso de anticoncepcionais, diabetes, antibioticoterapia prolongada, irritação mecânica ou química da mucosa vaginal (duchas vaginais). O quadro caracteriza-se por leucorreia e pelas placas eritematosas e/ou esbranquiçadas cremosas na vulva e mucosa vaginal (FIGURA 20A). São pruriginosas. O diagnóstico é feito pelo exame direto (KOH 10%) e pela cultura. Balanopostite: A candidíase balanoprepucial é frequente em idosos, obesos, diabetes, higiene inadequada, pacientes não circuncisados. Pode ocorrer por transmissão de parceira com candidose vulvovaginal. Caracteriza-se por lesões eritematoerosivas na glande recobertas ou não por induto esbranquiçado. No prepúcio há eritema e edema, pode ter ardor e prurido. 4. Candidíase Intertriginosa Ocorre nas dobras axilares, inguinais, interglútea, submamárias, principalmente em obesos, diabéticos e pessoas de pobre higiene. Apresenta-se como lesões eritematosas, úmidas, exsudativas, podendo formar erosões ou fissuras, que são envoltas por um colarete córneo, e com frequência há lesões satélites, uma importante característica que diferencia a candidíase intertriginosa da Tinea cruris e da Tinea corporis. As lesões podem cursar com prurido e ardência. A lesão interdigital (mão ou pé) é mais comum em indivíduos que mantêm a umidade entre os dedos (“mão da lavadeira”). Placas eritematosas em áreas ocluídas, sendo provável infecção secundária pelas leveduras; comum na região inframamária e entre o terceiro e quarto espaços interdigitais das mãos. Uma característica marcante é a presença de pequenas pápulas e pústulas adjacentes à grande lesão (satélites); 5. Candidíase Folicular Ocorre na área da barba como pústulas foliculares ou erosões crostosas que se assemelham a foliculite bacteriana ou dermatofítica. É infecção frequente nos diabéticos e imunossuprimidos. 6. Dermatite das fraldas: intertrigo devido à oclusão pelas fraldas, iniciando dermatite por irritação pelas fezes (ricas em C. albicans) e pela urina. É um quadro comum tanto em crianças quanto em idosos; Ocorre pela retenção de urina e fezes, que leva à umidade e maceração do local. Apresenta a clássica satelitose da candidíase, diferenciando-a da dermatite de contato das fraldas e da dermatite seborreica, lesões comuns em recém-nascidos na área das fraldas. @medcomat 7. Candidíase Ungueal É uma infecção comum nos diabéticos, nos desnutridos, nas pessoas que retiram a cutícula e nas pessoas que mantêm um contato contínuo com água. Há eritema e edema doloroso em torno da matriz ungueal (paroníquia por Candida). Esta última é a inflamação da prega periungueal devido à perda da cutícula, criando um espaço morto e úmido, principalmente em donas de casa que têm contato constante com água, onde se formam colônias de leveduras. A onicomicose apresenta-se da mesma forma que no caso dos dermatófitos. 8. Candidíase Mucocutânea Crônica Infecção crônica e recorrente da pele, das unhas e da orofaringe. Foi descrita em pacientes com vários defeitos genéticos, principalmente atingindo a função leucocitária ou o sistema endócrino (timo e paratireoide); acomete principalmente crianças (em geral antes dos três anos). Lesões ceratósicas com tendência a formação de cornos cutâneos ou de granulomas, localizados principalmente no couro cabeludo, face e extremidades podem ser encontrados. Pode ter início tardio sem história familiar e surgir como manifestação secundária de neoplasias e timoma. Diagnóstico O exame microscópico direto nem sempre é útil, pois pode indicar apenas colonização inocente. A cultura é fundamental e sempre deve ser acompanhada da quantificação do número de colônias, sendo altamente sugestiva quando maior do que 1 milhão. Tratamento A maioria dos casos requer tratamento sistêmico, sendo o fluconazol 100 a 200 mg o mais indicado. Algumas espécies de Candida, como C. krusei e C. glabrata, são naturalmente resistentes a essa medicação, sendo necessários outros imidazólicos, como cetoconazol ou itraconazol. Os casos de onicomicose requerem tratamentos longos, como na tinha da unha, e casos mais simples e localizados podem ser tratados com os cremes de imidazólicos (tioconazol, isoconazol etc.), também respondendo a cremes contendo nistatina. Só nos casos graves com candidemia se deve usar a anfotericina B intravenosa. O mais importante é o médico identificar os fatores predisponentes, e orientar o paciente a evitá-los. Na maioria dos casos de candidíase, a terapia com antifúngicos tópicos é suficiente. No caso da candidíase oral ou orofaríngea, utiliza-se nistatina suspensão oral 100.000 U/ ml, 2x/dia, bochechar e engolir, durante duas semanas. Na vulvovaginitee na balanopostite, utiliza-se como antifúngico tópico a nistatina creme vaginal. Como opção, podemos usar dose única de fluconazol 150- 300 mg. Na candidíase intertriginosa, candidíase das fraldas, na queilite angular, pode-se usar antifúngicos imidazólicos (cetoconazol, isoconazol, tioconazol, etc.). Nos casos extensos, recidivantes, refratários ou na candidíase ungueal (paroníquia), dá-se preferência pela terapia sistêmica. O período de tratamento varia conforme o local acometido (intertriginosa: 4 semanas; ungueal da mão: 12 semanas; ungueal do pé: 24 semanas). O fluconazol 150 mg/semana é droga de escolha, embora haja a opção do itraconazol 100-200 mg/dia ou em “pulsoterapia”.
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