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Mariana Politti Manzatto Plano de recuperação de áreas degradadas Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Jeane Passos de Souza - CRB 8a/6189) Manzatto, Mariana Politti Plano de recuperação de áreas degradadas / Mariana Politti Manzatto. – São Paulo : Editora Senac São Paulo, 2018. (Série Universitária) Bibliografia. e-ISBN 978-85-396-2562-8 (ePub/2018) e-ISBN 978-85-396-2563-5 (PDF/2018) 1. Gestão ambiental 2. Meio ambiente 3. Planejamento ambien- tal 4. Reabilitação e restauração de áreas degradadas 5. Planos de Recuperação de Áreas Degradadas (PRADs) I. Título. II. Série. 18-853s CDD-363.7 658.408 BISAC BUS099000 NAT011000 Índice para catálogo sistemático 1. Gestão ambiental 658.408 2. Meio ambiente 363.7 3. Meio ambiente : Reabilitação e restauração de áreas degradadas 363.7 4. Meio ambiente : Planos de Recuperação de Áreas Degradadas (PRADs) 363.7 M at er ia l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . PLANO DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS Mariana Politti Manzatto M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. M at er ia l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Administração Regional do Senac no Estado de São Paulo Presidente do Conselho Regional Abram Szajman Diretor do Departamento Regional Luiz Francisco de A. Salgado Superintendente Universitário e de Desenvolvimento Luiz Carlos Dourado Editora Senac São Paulo Conselho Editorial Luiz Francisco de A. 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Capítulo 1 Conceitos iniciais, 7 1 Áreas degradadas, 8 2 Recuperação, restauração e reabilitação, 11 3 Processos de sucessão ecológica, 13 4 Erosão e assoreamento, 15 Considerações finais, 20 Referências, 20 Capítulo 2 Aplicação dos Planos de Recuperação de Áreas Degradadas (PRADs), 23 1 Determinações legais, 24 2 Planejamento para uso e ocupação, 30 3 Vida útil de empreendimentos e etapas de recuperação, 32 4 Aprovação do PRAD pelos órgãos licenciadores, 33 Considerações finais, 35 Referências, 35 Capítulo 3 Etapas de um PRAD, 37 1 Recuperação de solo e água, 38 2 Revegetação com espécies nativas, 39 3 Uso de processos naturais de sucessão ecológica, 41 4 Enriquecimento vegetal e aumento da biodiversidade, 41 5 Uso de geotecnia e geossintéticos, 43 Considerações finais, 53 Referências, 53 Capítulo 4 Principais dificuldades de implantação, 55 1 Tempo de restabelecimento das características físicas e biológicas do solo, 56 2 Condições de desenvolvimento das espécies pioneiras, secundárias e climácicas, 61 3 Recolonização por fauna silvestre, 66 4 Monitoramento e redirecionamento do processo, 70 Considerações finais, 71 Referências, 72 Capítulo 5 Recuperação de áreas degradadas em setores específicos, 75 1 Setor minerário, 76 2 Setor agropecuário, 82 3 Setor energético, 85 4 Setor de resíduos sólidos, 88 Considerações finais, 94 Referências, 94 Capítulo 6 Monitoramento e fiscalização, 97 1 Principais modos de monitoramento e fiscalização, 98 2 Sistemas de informações geográficas e geoprocessamento, 100 3 Análise da efetividade da execução de PRADs, 103 Considerações finais, 106 Referências, 106 Sobre a autora, 109 M at er ia l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . 7 M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Capítulo 1 Conceitos iniciais Este capítulo trata dos conceitos iniciais relacionados a áreas de- gradadas, esclarecendo não só o que é uma degradação ambiental, mas também quais são suas causas e consequências. Além disso, são abordados os significados dos conceitos de restauração, recuperação e reabilitação de uma área degradada, visando a uma melhor tomada de decisão dependendo do cenário de degradação encontrado. 8 Plano de recuperação de áreas degradadas Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .Um dos principais e mais evidentes tipos de degradação ambiental é a remoção da vegetação nativa, trazendo sérios danos ao solo, como erosão e perda de fertilidade, além de alterar todo o equilíbrio do ecos- sistema local. Diante disso, é preciso entender o processo de sucessão ecológica para o planejamento da recomposição da vegetação suprimi- da, lembrando que esse processo pode variar de bioma para bioma. Identificando o cenário de degradação, bem como suas origens e extensões, e sabendo quais são as alternativas mais adequadas para a sua correção, elabora-se um Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD), que tem o objetivo de documentar os procedi- mentos a serem executados pelo empreendimento que deu origem à degradação, bem como documentar o seu compromisso com a recuperação ambiental. 1 Áreasdegradadas Os PRADs são relatórios técnicos elaborados segundo procedimen- tos específicos contidos na legislação ambiental e em normas técnicas, sob responsabilidade de um profissional habilitado e entregues ao ór- gão ambiental para aprovação, sendo que os custos referentes ao estu- do devem ficar às expensas do empreendedor interessado. O relatório é uma forma de compromisso em reparar o dano causado por sua ativi- dade ao meio ambiente. Ele compõe a documentação necessária para o processo de licenciamento de diversas atividades, porém, sendo mais conhecido e utilizado no setor de mineração. O plano de recuperação de área degradada visa elencar todas as possíveis degradações do meio em que está ou será operada uma ati- vidade e com isso propor medidas que visem corrigir ou minimizar os danos causados, buscando estimular ou devolver o máximo equilíbrio àquele ambiente. 9Conceitos iniciais M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. A degradação ambiental acontece por meio das modificações im- postas pelo homem aos ecossistemas naturais, alterando suas caracte- rísticas físicas, químicas e biológicas, trazendo prejuízos muitas vezes bastante significativos, comprometendo a qualidade e o equilíbrio natu- ral ali existentes. O conceito de áreas degradadas pode, mesmo assumindo-o como um estado negativo de conservação do ambiente, ser entendido de ma- neiras diferentes por profissionais de áreas distintas. Tomando como base a matriz solo, um engenheiro civil considera a degradação do solo por meio da estrutura física, levando em conta fatores como estabili- dade, processos erosivos, entre outros. Já o biólogo vê o solo do ponto de vista da fertilidade e da quantidade de nutrientes, associando-os a sua capacidade produtiva. Então, uma área que pode ser considerada degradada para um pode não estar degradada do ponto de vista do ou- tro. A seguir, será apresentada a definição dada pelo Ibama, em que é assumido o conceito de área degradada ou alterada na forma padrão. Área degradada: aquela impossibilitada de retornar, por uma trajetó- ria natural, a um ecossistema que se assemelhe a um estado conhecido antes, ou para outro estado que poderia ser esperado; área alterada ou perturbada: aquela que, após o impacto, ainda mantém meios de re- generação biótica, ou seja, possui capacidade de regeneração natural (IBAMA, 2011). Diversas são as formas de danos causados ao meio ambiente, como a degradação do solo, da água, do ar e dos recursos bióticos. Da mesma maneira, várias são as causas de degradação, sendo a mais acelerada e impactante negativamente aquela desencadeada por ação antrópica, que é determinada exclusivamente pela ação do homem sobre a natu- reza. Podemos citar como exemplo a contaminação do solo por vaza- mento de produtos químicos, a perda de qualidade de um rio causada por despejo de esgotos, a compactação do solo provocada pelo manejo inadequado de culturas agrícolas, entre outros fatores. 10 Plano de recuperação de áreas degradadas Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .Praticamente toda atividade humana causa prejuízos ao meio am- biente, sendo inúmeras as formas de degradação. Também podemos citar algumas atividades que causam efeitos negativos diretos, como agricultura insustentável, queimadas, desmatamento, mineração, dis- posição de resíduos sólidos, supressão de vegetação, compactação do solo, erosão, entre outros. Os postos de combustíveis são as maiores fontes de contaminação do solo nas áreas urbanas, transformando essa atividade na maior causa de degradação ambiental nessas áreas. Ainda em relação às áreas urbanas, existem os chamados brownfields (figura 1): áreas industriais abandonadas, as quais apre sentam riscos potenciais de contaminação do solo e da água com produtos químicos e metais pesados, caracterizadas muitas vezes pela ausência de responsável pelos danos ali instalados. Essas áreas são também conhecidas como áreas mortas (SANCHES, 2014). Figura 1 – Exemplo de um brownfield Após entendidos os conceitos de degradação ambiental, bem como o que são áreas degradadas e as formas como se manifestam, além de conhecer o objetivo da elaboração de um PRAD, é preciso também 11Conceitos iniciais M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. compreender as distinções entre os conceitos relacionados à recupera- ção ambiental. 2 Recuperação, restauração e reabilitação Quando se fala em recuperação de áreas degradadas, deve ser as- sumido o conceito de restauração ecológica, cujo objetivo seja devolver ao meio ambiente um ecossistema equilibrado, capaz de manter-se e desenvolver-se sem o auxílio do homem. Dentro dessa ideia, algumas definições sobre os procedimentos de recuperação devem ser esclare- cidas, gerando um melhor entendimento conceitual, favorecendo o cor- reto planejamento e elaboração de um PRAD. Levando isto em conside- ração, é preciso compreender o significado dos termos “recuperação”, “restauração” e “reabilitação” de áreas degradadas, que têm sido defini- dos e utilizados de forma cada vez mais particular nas diversas legisla- ções ambientais e nas bibliografias que tratam dos meios de correção da degradação ambiental. Esses três termos possuem características distintas, mas um mesmo objetivo: transformar uma área degradada em uma área não degradada. O conceito de restauração remete ao objetivo da reprodução das condições naturais originais, exatamente antes da alteração ou degra- dação. Esse procedimento possibilita que o ambiente retorne às suas condições físicas, químicas e biológicas originais, estabelecidas antes da intervenção antrópica. Por exemplo: uma área de vegetação nativa em equilíbrio é suprimida para dar lugar a uma determinada atividade; neste caso, o processo de restauração visa devolver exatamente as mesmas características de solo e drenagem, o mesmo tipo de vege- tação, predominantemente as mesmas espécies, e o retorno da fauna e flora nos estágios de sucessão no mesmo padrão em que se encon- travam antes da supressão (BRASIL, 2000). 12 Plano de recuperação de áreas degradadas Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .Na recuperação, busca-se para o local alterado o retorno das qua- lidades próximas ao que eram antes das intervenções e, com isso, o retorno ao equilíbrio dos processos ambientais. Não é necessário que as condições sejam exatamente iguais às originais, mas sim o retorno ao equilíbrio ecológico. Podemos citar as áreas degradadas com a ati- vidade de agropecuária: nesse caso, o processo de recuperação visa à implementação de sistemas agrossilvopastoris,1 consorciando dife- rentes tipos de cultura, respeitando o período de pousio2 do solo e in- tercalado com fragmentos florestais, possibilitando o retorno daquele ambiente às condições de qualidade do solo, da água e das áreas co- bertas por vegetação (BRASIL, 2000). A reabilitação caracteriza um cenário em que amelhor alternativa ou solução para a área degradada é o desenvolvimento de uma ati- vidade que seja adequada à demanda humana, possibilitando o uso diferente e alternativo do solo sem, necessariamente, reproduzir o ce- nário existente antes da degradação. Um exemplo disso pode ser ca- racterizado por uma área de aterro sanitário com sua vida útil atingida. Dado que essa área jamais voltará a ser como era antes do aterramen- to dos resíduos, ela poderá ser destinada a outros usos, como parques e jardins, espaços vegetados ou até áreas de lazer. A mesma prática pode ser observada em atividades de mineração. Considerando um cenário de área contaminada, a reabilitação tem a função de promover ações de intervenção visando atingir um nível de risco tolerável para o uso futuro ou declarado da área (CONAMA, 2009), como descrito na figura 2. 1 Agrossilvopastoril: integração de agricultura, pecuária e florestas. 2 Pousio: prática de interrupção temporária de atividades ou usos agrícolas, pecuários ou silviculturais, por no máximo cinco anos, para possibilitar a recuperação da capacidade de uso ou estrutura física do solo. Lei no 12.651 de 2012, Novo Código Florestal. 13Conceitos iniciais M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Figura 2 – Ações de restabelecimento do equilíbrio ecológico diferenciadas para cada um dos conceitos relacionados à área degradada Novo uso futuro. Ex.: remoção de contaminantes. De volta ao equilíbrio ecológico. Ex.: correção da fertilidade do solo. Retorno das condições originais. Ex.: recomposição da mata ciliar. Área degradada Reabilitação Recuperação Restauração Para a correta elaboração de um PRAD, é preciso investigar com de- talhes a origem e a fonte do dano, bem como o correto dimensionamen- to da sua extensão, contribuindo, assim, para a escolha mais adequada das medidas propostas de recuperação, restauração ou reabilitação. Apresentados os conceitos teóricos sobre a degradação ambiental e os diferentes processos de recuperação do ambiente a uma forma não degradada, somados ao entendimento da função de um PRAD, aborda- remos como funcionam os processos de sucessão ecológica. 3 Processos de sucessão ecológica Sucessão ecológica é o processo de desenvolvimento de comuni- dades, desde a fase inicial, caracterizada pela colonização, formação de novo substrato e implantação de espécies pioneiras, passando pela fase intermediária, até atingir o equilíbrio final entre seus componentes, denominado clímax. Esse processo envolve alterações na composição das espécies ao longo do tempo, culminando sempre no aumento da diversidade dos organismos. 14 Plano de recuperação de áreas degradadas Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .Muitos são os fatores que exercem influência sobre a dinâmica su- cessional, tanto bióticos (organismos e matéria viva) como abióticos (parcela física e química, sem vida), tornando o meio favorável para o desenvolvimento de espécies que se adaptam a determinado clima, re- levo, solo, disponibilidade hídrica e de nutrientes. A sequência de comunidades que vão substituindo umas às outras é chamada de série, enquanto as comunidades transitórias são chama- das de estágios. O processo de sucessão desenvolve-se em três fases, conforme apresentado na figura 3: Figura 3 – Fases do processo de sucessão ecológica ECESE Fase pioneira SERAL Fase intermediária CLÍMAX Fase final 1 2 3 A vegetação primária é a de máxima expressão local, com grande diversidade biológica, sendo os efeitos das ações antrópicas mínimos, a ponto de não afetar significativamente suas características originais de estrutura e de espécies. Já a vegetação secundária é resultante de processos naturais de sucessão, após supressão total ou parcial de vegetação primária por ações antrópicas ou causas naturais, poden- do ocorrer remanescentes de vegetação primária, que ainda se sub- dividem em três estágios de regeneração: inicial, médio e avançado. 15Conceitos iniciais M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. O estágio inicial de regeneração possui, entre outras características, árvores de porte pequeno, de até 5 metros de altura, diâmetros finos com espessura de menos de 8 centímetros, além de não serem en- contradas serrapilheira e trepadeiras, e possui pouca diversidade biológica. No estágio médio de regeneração, já é possível observar a presença de árvores maiores, chegando a atingir até 15 metros; co- meçam a aparecer serrapilheira e trepadeiras, bem como o aumento da diversidade biológica. Por fim, no estágio avançado de regenera- ção, as características da formação florestal secundária ficam mais próximas das características de uma vegetação primária, em que as árvores chegam a atingir grandes alturas, com grande quantidade de matéria orgânica e elevada diversidade biológica (CONAMA, 1993). No decorrer da sucessão ecológica, percebe-se que ocorre estímulo e aumento das relações interespecíficas entre os organismos, principal- mente o mutualismo. Na medida em que a comunidade se aproxima do clímax, as relações internas tornam-se cada vez mais complexas e indispensáveis. Durante o avanço sucessional, a independência do sis- tema em relação ao meio externo se dá pelo fechamento do ciclo de nutrientes, exemplo disso é o balanço de energia pela fotossíntese e respiração. 4 Erosão e assoreamento Erosão e assoreamento são os principais tipos de degradação am- biental que atingem o solo. Também podem ser encontrados em ro- chas, porém com velocidade muito mais lenta, na maioria das vezes não trazendo prejuízos significativos ao meio ambiente. Desta forma, apresentaremos a seguir os principais tipos de degradação de ordem física nos solos intimamente ligados, que são a erosão e o assoreamen- to, pois um é consequência da existência do outro. 16 Plano de recuperação de áreas degradadas Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . 4.1 Erosão Na maioria das vezes, a erosão está associada a algum tipo de degradação ambiental, podendo se tornar mais grave na medida em que se desenvolve. Pode ser classificada de várias maneiras, como a geológica, ocorrendo de maneira lenta, processada sob influência ape- nas de agentes naturais e tendendo a estabelecer um equilíbrio entre a remoção e a formação de solo, não caracterizando assim um impacto ambiental negativo. Já a erosão antrópica ocorre de forma acelerada e é originada das atividades do homem sobre um determinado ambien- te, causando prejuízos como perda de quantidade e qualidade do solo, nutrientes, fertilidade e estabilidade física. A erosão é caracterizada pela remoção das camadas superficiais do solo provocada pelas ações da água da chuva (em maior escala) e pela ação do vento, envolvendo os processos de degradação física e química, fazendo com que o solo seja destacado e transportado para outro am- biente que não o seu de origem. A erosão pluvial, ou seja,causada pela chuva, é motivo de maior preocupação, comparando-se com a erosão eólica; esta última geralmente traz prejuízos em compartimentos bas- tante específicos como a movimentação de dunas e em áreas de solo bastante arenoso. Por outro lado, a erosão pluvial geralmente transporta camadas de solo de forma laminar, ou seja, removendo teores de solo em quantidade uniforme por unidade de área. A forma de erosão considerada mais severa é a linear, que é caracte- rizada pela remoção do solo na forma de sulcos, chamados de ravinas, onde aparecem caminhos preferenciais de percolação da água de chu- va cada vez mais evidentes. Sulcos e ravinas podem dar origem às voçorocas, um tipo de erosão linear que atinge necessariamente o lençol freático e começa a aumen- tar substancialmente suas dimensões de forma lateral, sendo observa- dos desde alguns buracos nessas regiões até grandes crateras. Existe, 17Conceitos iniciais M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. também, um tipo de erosão subterrânea chamada pipping, ocorrendo de forma que a água que percorre o solo acaba removendo partículas para outros horizontes ou compartimentos, provocando o aparecimento de pequenos túneis no subsolo. As figuras 4 e 5 ilustram os tipos de erosão em sulcos e a erosão em voçoroca (ARAUJO; ALMEIDA; GUERRA, 2008). Figura 4 – Erosão em sulcos ou ravinas Figura 5 – Erosão do tipo voçoroca A erosão também pode ocorrer ao longo das margens dos rios, em que a alta velocidade do fluxo d’água acaba levando parte do material sólido das margens desprotegidas. Os processos erosivos são bem mais pronunciados em solos sem cobertura vegetal e com maior grau de decli- vidade. Os impactos mais comuns associados à erosão são a diminuição na qualidade e na quantidade do solo, assim como a redução de nutrien- tes e fertilidade, além de problemas de estabilidade. Dentre os fatores que mais influenciam os processos erosivos, po- demos citar a erosividade (determinada pela intensidade da chuva), a erodibilidade (determinada pela característica do solo), a declividade do terreno, além do uso e da ocupação do solo na região. Atualmente, é possível determinar a perda de solo por erosão lami- nar. Existe um modelo empírico que calcula quantas toneladas de solo são removidas pela erosão em uma determinada área. Esse modelo é conhecido como Equação Universal de Perda do Solo (Universal Soil Loss Equation – USLE), em que A = R * K * L * S * C * P, sendo: • A: perda anual de solo em toneladas por hectare por ano; • R: fator de erosividade climática, determinado pela chuva; 18 Plano de recuperação de áreas degradadas Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . • K: fator de erodibilidade do solo; • L: comprimento do declive; • S: declividade; • C: fator de uso e manejo do solo; • P: fator antrópico. Com base nisso, a perda de solo pode ser dividida em classes de erosão: • A < 3: muito baixa; • 3 < A < 5: baixa; • 5 < A < 10: tolerável; • 10 < A < 15: alta; • A > 15: severa. Esse modelo de previsão de perda de solo por erosão laminar pas- sou a ser muito utilizado em estudos no Brasil, pois possibilita a adap- tação dos valores do manejo do uso do solo e fatores antrópicos, que geralmente variam de região para região. Além disso, tem sido o mo- delo universal mais adotado para esse tipo de estimativa. PARA SABER MAIS Para mais detalhes, consulte a página 92 do livro Gestão ambiental de áreas degradadas, dos autores Gustavo Henrique de Sousa Araujo, Josimar Ribeiro de Almeida e Antonio José Teixeira Guerra (2008). 19Conceitos iniciais M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. A USLE é muitas vezes utilizada conjuntamente com softwares de sistemas de informações geográficas (SIG), aliandose à contextualiza- ção espacial e temática somada à coleta de dados em campo. Um exem- plo prático é o estudo realizado no município de Paraíso das Águas, no Mato Grosso do Sul, em que, com o modelo matemático USLE, associa- do ao uso do software gratuito QGIS 2.0 (QGIS Development Team), foi verificada a perda de solo para diferentes regiões, chegandose à con- clusão de que aproximadamente 91% do território apresentou erosão nula ou moderada; em contrapartida, apenas 0,28% do território estuda- do apresentou erosão severa, possibilitando assim a espacialização de áreas com menor ou maior susceptibilidade erosiva. Ainda foi possível a confecção de diferentes mapas a partir do fator adotado, sendo de- clividade, cobertura e uso do solo, erosividade, entre outros, levando-se em consideração cada um dos fatores para a elaboração dos diferentes mapas (BARBOSA et al., 2015). Outro estudo de aplicação da Equação Universal de Perda do Solo foi realizado na Bacia do Igarapé da Prata, no Pará, obtendo como resultados valores elevados de perda de solo mesmo em região de relevo plano, com solo de erodibilidade média e prática conservacionista relacionada a cor- dões de vegetação permanente. Os altos valores de perda de solo foram, então, derivados da intensa antropização da área e da alta erosividade das chuvas intensas que normalmente ocorrem nessa região (GOMIDE; BLANCO; SOARES, 2010). 4.2 Assoreamento O assoreamento também é um problema de degradação ambiental e ocorre sempre como consequência do processo erosivo, uma vez que o solo removido, transportado de um local onde ocorreu erosão, acaba sendo depositado em outro local, na maioria das vezes em rios e lagos, causando o acúmulo de sedimentos, caracterizando o assoreamento. 20 Plano de recuperação de áreas degradadas Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .Dentro do próprio corpo hídrico, o transporte do sedimento pode ain- da continuar por processos de suspensão, arraste e saltação, podendo ser depositado em locais bem distantes da sua origem. Os principais problemas relacionados ao assoreamento são: aumen- to da turbidez da água, perda de volume do reservatório, redução de pro- fundidade que provoca cheias mais frequentes, além de deterioração da qualidade das águas, retenção de poluentes quando carregados junto com o solo e também perda de eficiência das obras hidráulicas. Considerações finais Este capítulo abordou os conceitos iniciais referentes à recuperação de áreas degradadas, contribuindo para a um melhor entendimento so- bre como iniciar a elaboração de um PRAD, com a identificação dos cenários e suas variáveis, para que se prossiga na sua correta elabora- ção. Para isso, é preciso entender o que significa e como se manifesta a degradação ambiental, quais são suas origens e qual é sua extensão e evolução no tempo, bem como o que significa restaurar, recuperar e reabilitar um ambiente, entendendo também como ocorre o processo de sucessão ecológica, no caso de ambientes onde a vegetação natural foi suprimida. A elaboração de um PRAD deve ser baseada em procedimen- tos normativos e legais que podem variarde empreendimento para empreendimento. Esses aspectos legais relativos à elaboração de um PRAD serão tratados no próximo capítulo. Referências ARAUJO, Gustavo Henrique de Sousa; ALMEIDA, Josimar Ribeiro de; GUERRA, Antonio José Teixeira. Gestão ambiental de áreas degradadas. 3. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2008. 21Conceitos iniciais M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. BARBOSA, Amanda Fernandes et al. Aplicação da Equação Universal de Perda do Solo (USLE) em softwares livres e gratuitos. Anuário do Instituto de Geociências, v. 38, p. 170-179, 2015. BRASIL. Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000. Regulamenta o art. 225, § 1o, inci- sos I, II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá outras providências. Diário Oficial da União. 2000. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9985.htm>. Acesso em: 23 abr. 2018. CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (CONAMA). Ministério do Meio Ambiente. Resolução no 10, de 1o de outubro de 1993. Estabelece os parâme- tros básicos para análise dos estágios de sucessão da Mata Atlântica. Diário Oficial da União. 1993. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/ legiabre.cfm?codlegi=135>. Acesso em: 23 abr. 2018. _____. Ministério do Meio Ambiente. Resolução no 420, de 28 de dezembro de 2009. Dispõe sobre critérios e valores orientadores de qualidade do solo quanto à presença de substâncias químicas e estabelece diretrizes para o gerencia- mento ambiental de áreas contaminadas por essas substâncias em decor- rência de atividades antrópicas. Diário Oficial da União. 2009. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=620>. Acesso em: 23 abr. 2018. GOMIDE, Igor S.; BLANCO, Claudio J. C.; SOARES, Rodolfo Shinji Sato. Aplicação do modelo USLE para estimar a perda de solo da Bacia do Igarapé da Prata em Capitão Poço. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE SEDIMENTOS, 9., 2010. Brasília, DF. Anais... Brasília, DF: Associação Brasileira de Recursos Hídricos (ABRH), Embrapa Cerrados, Universidade de Brasília, 2010. INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS (IBAMA). Ministério do Meio Ambiente. Instrução Normativa no 4, de 13 de abril de 2011. Estabelece procedimentos para elaboração de Planos de Recuperação de Áreas Degradadas – PRAD ou Áreas Alteradas. Diário Oficial da União. 2011. Disponível em: <https://www.diariodasleis.com.br/busca/exi- belink.php?numlink=216807>. Acesso em: 23 abr. 2018. SANCHES, Patrícia Mara. De áreas degradadas a espaços vegetados. 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