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AULA 05 - RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS EM SETORES ESPECÍFICOS

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Capítulo 5
Recuperação de 
áreas degradadas 
em setores 
específicos
Tendo em vista as definições, os aspectos legais e os procedimen-
tos relativos à recuperação de áreas degradadas estudados nos capí-
tulos anteriores, este tem por objetivo apresentar casos mais práticos 
e direcionados a atividades específicas. Serão aqui apresentados, com 
maior detalhamento, os setores de mineração, agropecuário, energético 
e de resíduos sólidos. Considerando que existem procedimentos gerais 
para a elaboração e implantação de um Plano de Recuperação de Áreas 
Degradadas (PRAD), é preciso observar também as particularidades e 
os danos ambientais originados de cada atividade distinta e em cada 
fase da sua implantação e operação; dessa forma, o PRAD deve ser 
direcionado por essas particularidades, seguindo sempre a legislação 
em vigor.
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1 Setor minerário
A atividade de mineração é caracterizada pela extração de algum tipo 
de material (minério) de um substrato, solo ou rocha. Quando há con-
centração de um componente que seja passível de exploração em deter-
minada região, caracteriza-se, deste modo, uma jazida. A mineração da 
jazida ocorre por meio da remoção deste material para beneficiamento 
e comercialização. Apesar de haver algumas variações de acordo com 
o mineral a ser extraído, esta atividade pode ser compreendida basica-
mente a partir de dois processos: a extração do minério e o seu beneficia-
mento. Quando há necessidade de tratamentos posteriores do material, 
estes ocorrem em outras plantas instaladas em locais, geralmente, fora 
das áreas de mineração. 
Considerando que qualquer atividade industrial possui potencial de 
causar danos ambientais, na mineração, o PRAD é majoritariamente vol-
tado à área de extração, conhecida como área de lavra; é nesta fase que 
ocorrem os impactos negativos observados com maior intensidade. Para 
que o PRAD possa ser aplicado de maneira adequada, primeiro é preciso 
entender os principais componentes deste setor: a área de lavra, o pro-
cesso de beneficiamento e a disposição de resíduos ou rejeitos (BITAR; 
BRAGA, 1995).
Área de lavra: é o local de onde o minério bruto é removido, pode 
ocorrer na forma de cavas (secas ou inundadas), na forma de frentes de 
lavra (taludes ou bancadas), trincheiras e galerias subterrâneas.
A figura 1 apresenta uma área de lavra constituída de cavas, trin-
cheiras e bancadas, que são os formatos de exploração mais comuns 
nesta atividade.
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Figura 1 – Lavra de mineração
Área de infraestrutura: é a área onde estão alocadas as instalações 
físicas de operação da mineração e onde ocorre o processo de bene-
ficiamento. Nesta etapa, geralmente acontece a moagem do material 
bruto, a separação e, em alguns casos, a lavagem para solubilização de 
algum constituinte de interesse ou remoção de impurezas. A figura 2 
apresenta a infraestrutura para o beneficiamento de brita, que geral-
mente é originada da mineração de rochas de basalto.
Figura 2 – Beneficiamento da brita
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.Área de disposição de rejeitos: locais construídos e destinados ao ar-
mazenamento e disposição dos rejeitos ou estéreis da mineração oriun-
dos do processo de beneficiamento. Esses rejeitos podem ser dispostos 
em pilhas de estéreis, quando o material é de teor mais sólido e oferece 
menor risco de contaminação do solo e água, ou são encaminhados e ar-
mazenados em bacias de decantação, comumente configuradas na for-
ma de grandes barragens quando os rejeitos apresentam característica 
mais líquida, o que é possível observar na figura 3.
Figura 3 – Bacia de decantação de rejeito
A partir da compreensão de cada componente da atividade de mi-
neração, torna-se possível identificar quais são os principais impactos 
ambientais oriundos deste setor que devem ser contemplados no mo-
mento da elaboração do PRAD. Dentre os principais impactos, podemos 
citar: retirada da cobertura vegetal; alteração da superfície dos terrenos, 
configurando a alteração da paisagem decorrente principalmente da ati-
vidade de lavra; aceleração de processos erosivos; alteração de cursos 
d’água; produção e disposição de rejeitos, causando assoreamento; vi-
brações no solo; emissão de poluentes atmosféricos e poeiras, além de 
vibrações e ruídos. Essa degradação ambiental caracteriza os impactos 
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ambientais considerados nas etapas de implantação e operação da ati-
vidade; porém, além disso, é preciso considerar os impactos indiretos, 
que, além da poluição da água e do solo, deve levar em conta o risco 
de acidentes e a degradação do meio ambiente no caso de ruptura de 
barragens de rejeitos (BITAR, 1997). 
A exigência de recuperação ambiental em uma atividade de minera-
ção começou a ser observada a partir da Constituição Federal de 1988 
em seu art. 225, parágrafo 2o, que prevê que aquele que explorar recur-
sos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de 
acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na 
forma da lei (BRASIL, 2016). A Política Nacional do Meio Ambiente tam-
bém tem como um de seus princípios a recuperação de áreas degrada-
das (BRASIL, 1981), sendo, no caso da mineração, regulamentada pelo 
Decreto no 97.632 de 1989, que prevê que os empreendimentos desti-
nados à exploração de recursos minerais deverão, quando da apresen-
tação do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e do Relatório de Impacto 
Ambiental (Rima), submeter o PRAD à aprovação do órgão ambiental 
competente. De acordo com este mesmo regulamento, até a data de 
sua publicação, os empreendimentos já existentes deveriam apresentar 
o PRAD para aprovação em até 180 dias; já nos novos empreendimen-
tos, o PRAD deverá ser apresentado na avaliação do EIA/Rima. A recu-
peração de uma área degradada pela mineração deve ter por objetivo o 
retorno do sítio degradado a uma forma de utilização, de acordo com 
um plano preestabelecido para o uso do solo, visando à obtenção de 
estabilidade do meio ambiente (BRASIL, 1989). 
A elaboração do PRAD, como já visto nos capítulos anteriores, deve 
seguir procedimentos e normas de acordo com a atividade, a localização 
e a esfera de competência do órgão ambiental fiscalizador e licenciador 
do empreendimento. Ao analisar especificamente a recuperação de uma 
área de mineração, existem algumas normas que padronizam e orientam 
os processosde recuperação ou reabilitação. Neste caso, as normas apli-
cadas são NBR 13030 de 1999 e NBR 13028 e 13029 de 2017. 
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.A NBR 13030 de 1999 traz definições específicas para a área de mi-
neração e sua recuperação. Ela aborda o que é estritamente necessário 
para a reabilitação de uma área afetada pela mineração, como a delimi-
tação da área de influência da atividade, o atendimento das exigências 
legais em termos de qualidade do ambiente e as justificativas funda-
mentadas sobre as ações integrantes do projeto com recomendações 
específicas. É necessário também considerar amplamente as carac-
terísticas do ecossistema local e determinar previamente o uso futuro 
declarado, incluindo um programa de monitoramento dos resultados. 
Todo projeto de reabilitação deve levar em consideração as fases de 
planejamento, implantação, lavra, suspensão temporária ou definitiva 
da atividade e abandono do empreendimento. 
Para guiar a elaboração do projeto, esta norma traz em seu Anexo A 
um roteiro bastante didático que inclui o que deve ser considerado em 
cada etapa de planejamento do PRAD. Na primeira fase de elaboração 
do documento, deve-se proceder à caracterização geral do empreendi-
mento, compreendendo a localização, o tipo de material a ser extraído, 
a forma de extração, o sistema de beneficiamento, maquinários envol-
vidos, etc. A segunda etapa refere-se à caracterização ambiental local, 
que deve abranger a área de influência direta e indireta do empreen-
dimento, descrevendo as características dos meios físico, biológico e 
socioeconômico, possibilitando, assim, a identificação e a previsão dos 
impactos ambientais relacionados a cada compartimento. 
Um importante fator que influencia tanto a atividade de lavra como 
os danos e as alternativas a serem adotadas na reabilitação é a con-
formação topográfica e paisagística do terreno; sendo uma vez modi-
ficada, torna-se muito difícil retomar o seu desenho original. Além dos 
impactos identificados e previstos, um plano emergencial para casos 
de acidentes deve constar em um PRAD, identificando quais ações se-
rão adotadas para um cenário acidental, geralmente caracterizado pelo 
rompimento da barragem de contenção dos rejeitos. Por fim, em um 
PRAD, deve estar claro o uso futuro declarado ou pretendido após o 
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encerramento da atividade, bem como o período de monitoramento de 
todo o processo. O fluxograma da figura 4 apresenta, de forma mais 
didática, as etapas de elaboração do PRAD aplicado à mineração. 
Figura 4 – Resumo das etapas de um PRAD aplicado à mineração
PRAD
mineração
Lavra • Caracterização do
empreendimento 
• Diagnóstico ambiental 
• Impactos ambientais
• Aptidão e intenção 
de uso futuro
• Conformação 
topográfica e paisagística 
• Ações emergenciais 
em caso de risco 
de acidentes
• Renúncia do título de lavra 
• Cronograma e programa
de monitoramento
• Equipe técnica
habilitada
• Referência
normativa legal 
• Desenhos
• Mapas
• Fotografias
• Custos
• Cronograma
Beneficiamento
Rejeito
Outras duas normas devem ser observadas para implantação desta 
atividade, a NBR 13028 de 2017, que se refere à elaboração e apresen-
tação de projeto de disposição de rejeitos de beneficiamento em bar-
ramento – procedimento, e a NBR 13029 de 2017, que orienta a ela-
boração e apresentação de projeto de disposição de estéril em pilha 
– procedimento.
De acordo com as definições sobre recuperação, restauração e rea-
bilitação de uma área degradada, no caso de mineração, deve-se consi-
derar um projeto de reabilitação da área, conforme visto no capítulo 1, 
assumindo que o uso futuro será sempre diferente do uso original, en-
contrado antes dos processos de degradação. Dentro do plano de área 
degradada, além do uso futuro ou da correção da degradação ao final 
da atividade, considerando a vida útil do empreendimento, diante de um 
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.planejamento prévio, pode ser considerada a reabilitação simultânea 
à extração, que ocorre nas áreas das cavas já abandonadas e com o 
objetivo de introduzir o conceito de reabilitação no dia a dia da minera-
ção; com isso, as áreas que já foram exauridas já são reabilitadas, en-
quanto novas áreas dão continuidade ao processo da extração mineral 
(REZENDE, 2016).
NA PRÁTICA 
Como esta seção abordou a reabilitação de áreas degradadas pela ativi-
dade de mineração, alguns exemplos práticos de áreas reabilitadas que 
podem ser citados são: Parque Ibirapuera (antiga cava de areia transfor-
mada em lago); raia olímpica da USP (antiga cava de areia transformada 
em lago); Pedreira Itaquera (disposição de resíduos inertes); Pedreira 
Massaguaçu, Caraguatatuba (revegetação, incluída na Serra do Mar) 
(BITAR, 1997).
 
2 Setor agropecuário
O setor agropecuário brasileiro contempla as atividades de produção 
de alimentos através de diversas culturas vegetais e de produção de 
carnes, através da criação de animais confinados ou em pastagens. De 
acordo com o Cepea, em 2017, esse setor contribuiu com 24% do PIB 
nacional e ocupou 21% da extensão territorial brasileira, entre lavouras 
e pastagens (CEPEA, 2018). Apesar da sua grande importância para 
a economia, esta é uma das atividades que mais trazem prejuízos ao 
meio ambiente, considerando o seu sistema de manejo predominante-
mente extensivo e em forma de grandes monoculturas. 
A utilização de grandes áreas voltadas para produção de alimen-
tos e pastagem tem trazido resultados bastante negativos em termos 
de impactos ambientais. Essa atividade representa um grave fator de 
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degradação, principalmente do solo, resultando quase sempre em acen-
tuado processo de erosão hídrica ou eólica, na compactação do solo, na 
contaminação e no assoreamento dos recursos hídricos, na redução da 
flora e fauna, em alterações dos microclimas locais e dos ciclos biogeo-
químicos (ciclo do carbono, da água, do nitrogênio), além de implicar 
supressão de áreas de vegetação nativa. A compactação do solo é vista 
como um dos maiores fatores de degradação em um sistema agrope-
cuário, causada pela movimentação excessiva das mais diversas má-
quinas agrícolas e pelo pisoteamento do solo pelo gado (PEZARICO et 
al., 2013).
O método mais largamente utilizado no Brasil e que tem demons-
trado bons resultados na recuperação de áreas degradadas pela 
prática da agropecuária é a implantação de sistemas agroflorestais 
(SAF). Esses sistemas consideram uma ampla variedade de uso da 
terra em que são conjugadas plantações de árvores e arbustos de 
forma interativa com os cultivos agrícolas e as pastagens, visando 
constituir um sistemade manejo sustentável do solo. O objetivo 
destes sistemas é criar diferentes estratos vegetais, além de propor-
cionar o desenvolvimento de um bosque natural, em que árvores e 
arbustos atuam como fixadores de nitrogênio, complementando a 
função de ciclagem de nutrientes e contribuindo para a estabilidade 
do sistema. Os SAFs podem ser aplicados a diversas modalidades 
de agricultura e à pecuária, além de áreas que sofreram desmata-
mentos, proporcionando bastante versatilidade em sua aplicação 
(RIBASKI; MONTOYA; RODIGHERI, 2001).
Entre os benefícios dos SAFs, destacam-se o melhor controle de 
temperatura, da umidade relativa do ar e da umidade do solo, regu-
lando o sistema climático que sofre muitas alterações em regiões de 
áreas muito abertas e sem árvores. A presença do componente arbó-
reo ao longo do plantio de espécies menores e uniformes contribui 
para a regularização da temperatura do ar, reduzindo sua variação ao 
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.longo do dia, tornando o ambiente mais estável, trazendo benefícios 
para as outras plantas e animais que habitam este sistema. O micro-
clima existente debaixo da copa das árvores traz benéficos para esses 
animais, principalmente os bovinos, que tendem a pastejar nas horas 
mais frescas do dia, mantendo-se confortáveis à sombra, ao contrário 
da exposição à insolação direta ou às baixas temperaturas do inverno 
(MONTOYA VILCAHUAMAN; BAGGIO, 1992).
A existência de vegetação arbórea inserida em meio aos sistemas 
agrícolas auxilia na regulação do balanço hídrico do solo, contribuindo 
para a elevação da umidade disponível para as plantas. Esse aumen-
to no teor de umidade favorece a atividade microbiana, resultando na 
aceleração da decomposição da matéria orgânica, que, consequente-
mente, possibilita o aumento da sua mineralização e incorporação ao 
substrato (PEZARICO et al., 2013).
Com relação aos solos, as espécies arbóreas trazem benefícios 
oriundos de numerosos processos, principalmente quando são usa-
das em SAFs onde são cultivadas na mesma área. As árvores influen-
ciam na quantidade e na disponibilidade de nutrientes dentro da zona 
de atuação do sistema de raízes das culturas associadas, através do 
acréscimo de nitrogênio, da redução das perdas de nutrientes por pro-
cessos como lixiviação e erosão e do aumento da disponibilidade de 
nutrientes pela maior liberação de matéria orgânica do solo (RIBASKI; 
MONTOYA; RODIGHERI, 2001).
A utilização de sistemas agroflorestais na recuperação de áreas 
degradadas baseia-se no princípio da sucessão ecológica, que con-
siste na implantação de espécies pioneiras, secundárias e climácicas, 
propondo uma mudança temporal na composição das espécies e da 
estrutura das comunidades da área. É o processo que ocorre median-
te a substituição de espécies em relação às condições do substrato, 
à irradiação luminosa e à competitividade, culminando em sistemas 
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mais estruturados, diversos e complexos, com maior qualidade do 
solo e do ambiente em geral, contribuindo assim para o incremento 
da produtividade. A rotatividade de culturas plantadas favorece a dinâ-
mica da microfauna local, provoca o aumento da aeração e diminui os 
processos de compactação, alterando de tempos em tempos a fun-
ção do solo e promovendo maior equilíbrio físico e biológico (CURCIO 
et al., 1998).
A recuperação de uma área degradada pela agropecuária visa con-
jugar o retorno do equilíbrio do ecossistema local com a produção de 
alimentos, aumentando a qualidade do solo e dos recursos hídricos e 
estimulando o manejo da agricultura de forma sustentável, reduzin-
do a quantidade de áreas improdutivas e otimizando a produção em 
áreas já consolidadas por esta atividade.
3 Setor energético
No Brasil, o setor energético é composto por duas vertentes prin-
cipais: a produção de combustíveis e a geração de energia elétrica. A 
produção de combustível envolve atividades de prospecção e extração 
de petróleo, além das atividades industriais de refino, produção de eta-
nol a partir da cana-de-açúcar, de biodiesel e biomassa. Estes setores 
contribuem para a degradação do meio ambiente de inúmeras manei-
ras, considerando os danos nos processos de extração e produção da 
matéria-prima, mais especificamente a degradação da qualidade do ar 
a partir das emissões atmosféricas, que é considerado o maior impacto 
ambiental deste tipo de atividade, somado ao vazamento de produtos 
químicos, causando a contaminação do solo. A figura 5 mostra a parti-
cipação de cada setor na produção de energia no país. 
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.Figura 5 – Produção de energia por fontes no Brasil
Hidráulica
Biomassa
Eólica
Gás natural
Derivados do petróleo
Nuclear
Solar
Carvão
0,01%
68,1%
8,2%
5,4%
9,1%
2,4%
2,6% 4,2%
Fonte: adaptado de Brasil (2017).
De outro lado, existe a necessidade de geração de energia elétrica, 
cuja instalação, apesar da predominância das fontes renováveis neste 
setor, seja eólica, solar ou principalmente a hidrelétrica, também causa 
danos significativos, como supressão da vegetação, redução da biodi-
versidade, mudança da paisagem natural e retificação de cursos d’água. 
No caso das hidrelétricas, o principal impacto advém do alagamento de 
grandes áreas para a constituição dos lagos represados que provocam 
a redução da biodiversidade terrestre e aquática, supressão significativa 
de vegetação nativa e remoção de muitas famílias tradicionais que habi-
tam o entorno dos cursos d’água.
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O Brasil possui uma matriz de energia elétrica que conta com a par-
ticipação de 77,1% da hidroeletricidade. Energia proveniente de 140 usi-
nas em operação, e, ainda, com perspectiva de aumento do uso dessa 
fonte. Ao longo dos últimos trinta anos, o país evitou a emissão de cerca 
de 800 milhões de toneladas de CO2 por meio do uso de etanol como 
substituto ou aditivo da gasolina (BRASIL, 2017).
Como as atividades do setor energético são muito distintas e todas 
estão sujeitas a processos de licenciamento, devendo passar por rigo-
rosa avaliação de impactos ambientais e execução de medidas miti-
gadoras, foco maior na evolução da recuperação de áreas degradadas 
tem sido dado nas plantas que provocam degradação de grandes áreas 
em termos físicos e biológicos. Desconsiderando a poluição do ar e fo-
cando no caso de áreas degradadas, o modo de produção de energia 
que traz prejuízos significativos tanto na área em que é instalada como 
em uma grande parcela do seu entorno, considerada área de influên-
cia do projeto, tem sido voltado às construções de grandes centrais hi-
drelétricas. As medidas de recuperação desses ambientessão, em sua 
grande maioria, projetadas na forma de recomposição e compensação 
florestal. 
No Brasil, as técnicas utilizadas estão voltadas para o plantio de 
espécies nativas visando à construção de corredores ecológicos com 
o objetivo de devolver a biodiversidade de fauna e flora para a região 
afetada. Com a necessidade de recuperação de grandes passivos am-
bientais, medidas mais abrangentes têm sido difíceis de mostrarem-se 
exequíveis, devido ao grande período de vida útil do empreendimento. 
Desta forma, fica impossível avaliar a recuperação do ambiente degra-
dado, tendo em vista que a atividade, uma vez iniciada, tem sido am-
pliada em sua capacidade sem prazo previsto para o encerramento. 
A recuperação de áreas degradadas pode ser entendida como a sua 
restituição à paisagem local, tanto sobre o ponto de vista cênico como 
funcional. Além disso, outro problema relacionado a este cenário é a 
transferência da população residente nestas regiões, que é obrigada a 
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.migrar para outros lugares e desenvolver nova forma de subsistência 
(ZANDONADI; PAYOLLA; CAÍRES, 2007).
4 Setor de resíduos sólidos
O setor de resíduos sólidos é um dos que mais apresentam desafios 
em termos de gestão pública, uma vez que os resíduos são inerentes à 
atividade humana, desde os primórdios das civilizações. Todo o sistema 
que envolve a gestão e o gerenciamento de resíduos sólidos, como co-
leta, transporte, acondicionamento, tratamento, destinação e disposição 
final, deve ser contemplado dentro do tema do saneamento ambiental, 
somado ao abastecimento de água potável, ao esgotamento sanitário e à 
drenagem de águas pluviais. Estima-se que cada cidadão brasileiro gera 
em média 1,04 kg de resíduo por dia (ABRELPE, 2017). A geração é o 
início da cadeia de problemas, que é seguida pelos sistemas de coleta, 
métodos de tratamento e de disposição final; este último tem elevado 
potencial de causar impactos ao meio ambiente e à saúde pública. 
Tendo em vista as características dos resíduos sólidos em termos 
de periculosidade e de biodegradabilidade, os sistemas de tratamento 
devem atender a uma série de normas e procedimentos para que mi-
nimizem os danos ao meio ambiente. Para isso, como parte do licen-
ciamento ambiental pertinente a estas atividades, a elaboração de um 
PRAD passa a ser exigida e torna-se de fundamental importância para 
garantir a reabilitação da região afetada. 
Os municípios brasileiros, em sua maioria, possuem grande deman-
da por sistemas de saneamento de resíduos sólidos urbanos. Estudos 
demonstram que no Brasil, apesar do crescente número de aterros sani-
tários instalados e em operação, após a publicação da Política Nacional 
de Resíduos Sólidos, ainda persiste a deposição em “lixões” como for-
ma mais comum de destinação final dos resíduos sólidos coletados, o 
que implica a ocorrência de problemas sociais, econômicos, sanitários, 
de poluição e de contaminação do meio (CASTILHOS JR. et al., 2002).
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Os problemas da disposição inadequada de resíduos estão associa-
dos à proliferação de vetores causadores de doenças (moscas, mos-
quitos, baratas, ratos), geração de gases que causam odores desagra-
dáveis e intensificação do efeito estufa e, principalmente, poluição do 
solo e das águas superficiais e subterrâneas pela geração e infiltração 
de lixiviado. Nos casos de lançamento de resíduos em encostas, exis-
te a possibilidade de ainda provocar a instabilidade dos taludes pela 
sobrecarga e absorção temporária da água da chuva, desencadeando 
deslizamentos. Em termos sociais, os lixões a céu aberto interferem na 
estrutura local, pois a área torna-se atraente para as populações de bai-
xa renda do entorno, que buscam, na separação e comercialização de 
materiais recicláveis, uma alternativa de trabalho, apesar das condições 
insalubres e sub-humanas da atividade. Ainda assim, esta atividade pro-
voca, em suas imediações, emissão de odores desagradáveis, modifi-
cação da paisagem natural e desvalorização imobiliária da vizinhança 
(LANZA et al., 2010).
Com o objetivo de substituir esta forma inadequada de disposição 
em lixões, tornou-se obrigatória, a partir de 2010, a disposição dos resí-
duos sólidos urbanos em aterros sanitários, construídos de forma a mi-
nimizar todos esses impactos decorrentes da disposição, proibindo as-
sim essa forma de destinação e propondo prazo de encerramento para 
os lixões ainda em operação (BRASIL, 2010). Com essa obrigatoriedade, 
cabe observar que, para a construção de aterros sanitários, conside-
rados grandes obras de engenharia, estes devem ser licenciados de 
acordo com padrões rigorosos de implantação e operação, sendo ainda 
exigida, quando da elaboração do EIA/Rima, a apresentação do PRAD 
para a aprovação do empreendimento. Portanto, o aterro sanitário deve 
contar com todos os sistemas de proteção ao meio ambiente, incluindo, 
no mínimo: impermeabilização de base e laterais; recobrimento diário 
dos resíduos; cobertura final das plataformas de resíduos; coleta e dre-
nagem de lixiviados; coleta e tratamentos dos gases; drenagem superfi-
cial; tratamento de lixiviados e monitoramento ambiental.
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.Embora consistindo em uma técnica simples, os aterros sanitários 
exigem cuidados especiais e procedimentos específicos. A avaliação do 
impacto ambiental local e sobre a área de influência nas fases de im-
plantação, operação e monitoramento deve ser sempre considerada na 
elaboração dos estudos técnicos. De acordo com a norma orientadora 
para a construção de aterros sanitários, recomenda-se a sua construção 
com vida útil mínima de dez anos. O monitoramento deve prolongar-se, 
pelo menos, por mais dez anos após o seu encerramento (ABNT, 1992).
Os lixões, os aterros controlados e sanitários não são os únicos 
meios de degradação do ambiente neste setor, pois ainda existem os 
aterros de material inerte, aterro de resíduos perigosos, tratamentos de 
resíduos de serviços de saúde, compostagem, reciclagem, incineração, 
entre outros. Porém, a disposição em lixões representa o maior dos 
problemas, e, como substituição a esta técnica, os aterros sanitários 
serão abordados de maneira mais detalhada nesta seção. O quadro 1 
apresenta as principais características dos diferentes sistemas de dis-
posição de resíduos sólidos citados. 
Quadro 1 – Principais características dos sistemas de disposição de resíduos 
sólidos existentes no Brasil
SISTEMAS DE DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS
LIXÃO ATERRO CONTROLADO ATERRO SANITÁRIO
Proibido por lei Proibido por lei Permitido por lei
Sem impermeabilização de base Com cobertura diária Requer impermeabilização de base
Sem proteção do solo e da água Sem impermeabilização de base Drenagem e tratamento de lixiviado
Extremamente poluente Sem drenagem de lixiviado Drenagem e queima de biogás
Proliferação de vetores Sem drenagem de biogás Coberturadiária e final
Estimula a catação de 
materiais
Muito poluente
Sistema adequado para 
disposição de resíduos sólidos 
urbanos (RSU)
A área deve ser reabilitada A área deve ser reabilitada A área deve ser reabilitada
(cont.)
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ATERRO DE INERTES ATERRO CLASSE I
Permitido por lei Permitido por lei
Disposição de entulho de 
construção civil
Aterro para resíduos perigosos
Não permite disposição de 
RSU
Requer impermeabilização de base mais resistente que a 
do aterro sanitário
Não requer 
impermeabilização de base
Drenagem e tratamento de biogás e lixiviado
Não gera lixiviado e biogás
Geralmente ocorre em valas com uma camada de concreto situada 
abaixo da geomembrana
Substitui o “bota-fora” Adequado para disposição de alguns tipos de resíduos industriais
A área deve ser reabilitada
São executados em pequena áreas que podem não permitir 
a reabilitação
O encerramento das atividades de um lixão deve ser precedido de 
um projeto de recuperação ambiental, incluindo investigação geoam-
biental local e da sua área de influência, contando com monitoramen-
to da qualidade do ar, das águas superficiais e subterrâneas durante 
o tempo que durar o processo de liberação de gases e de lixiviado. As 
ações corretivas para as áreas degradadas por lixões que encerraram 
as atividades de disposição de resíduos contam, no mínimo, com:
 • delimitação da área, que deve ser cercada completamente para 
impedir a entrada de animais e pessoas;
 • realização de sondagens para definir a espessura da camada de 
lixo ao longo da área degradada;
 • movimentação e conformação da massa de lixo: os taludes de-
vem ficar com declividade da ordem de 1:3; 
 • cobertura final dos resíduos expostos com uma camada de solo 
argiloso de 0,50 m de espessura e uma camada de solo vegetal 
de 0,60 m de espessura sobre a camada de argila; 
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. • plantio de espécies nativas de raízes curtas, preferencialmente 
gramíneas;
 • construção de valetas para a drenagem superficial ao pé dos taludes;
 • execução de um ou mais poços verticais para a drenagem de gases; 
 • aproveitamento dos furos de sondagens e implantação de poços 
de monitoramento (sendo no mínimo dois a montante do lixão 
recuperado e dois a jusante); 
 • monitoramento das águas superficiais (VAN ELK, 2007).
A escolha da melhor técnica a ser utilizada deverá ser pautada por 
um estudo prévio detalhado do local que avalie as condições físicas e 
o comprometimento ambiental da área. Esse estudo deve contemplar, 
no mínimo, a realização de levantamento planialtimétrico do terreno, es-
tudos de sondagem e caracterização geotécnica, análises de águas su-
perficiais e subterrâneas, entre outros. Esses estudos e projetos deverão 
ser submetidos ao órgão ambiental juntamente com a documentação 
pertinente ao processo de licenciamento do novo local para disposição 
final ou tratamento dos resíduos sólidos urbanos.
É importante destacar que, em todos os casos, as medidas de en-
genharia e de controle ambiental devem, necessariamente, fazer par-
te de um documento elaborado por profissional habilitado. Este docu-
mento, denominado PRAD, deve contemplar, no mínimo, as seguintes 
informações: 
1. caracterização e identificação do empreendimento e dos respon-
sáveis pelo projeto;
2. levantamento topográfico cadastral com indicação dos cursos 
d’água, poços ou cisternas e edificações existentes no raio de 
até 500 m;
3. caracterização geológica e geotécnica da área;
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4. diagnóstico ambiental simplificado, com a descrição dos aspectos 
físicos e socioeconômicos da área de entorno do depósito de lixo;
5. caracterização das águas subterrâneas em pelo menos dois pon-
tos, um a montante e um a jusante do depósito maciço de lixo;
6. memorial descritivo das propostas para os processos de recu-
peração, contendo orientações para execução dos serviços de 
conformação geométrica, selagem do lixão, drenagem das águas 
pluviais, drenagem dos gases, drenagem e tratamento dos lixivia-
dos, cobertura vegetal e isolamento da área;
7. definição das alternativas de uso futuro da área;
8. definição de um programa de monitoramento da estabilidade do 
maciço e do estado de manutenção dos sistemas de drenagem 
(pluvial, gases e lixiviados), qualidade das águas superficiais e 
subterrâneas, crescimento e controle da cobertura vegetal, siste-
mas de sinalização e isolamento da área;
9. custos estimados e cronograma de execução. 
A proposta para o uso futuro das áreas reabilitadas deve considerar 
que, nos locais onde os resíduos permaneçam aterrados, continuarão 
ocorrendo processos de decomposição mesmo após o encerramento 
das atividades, por períodos relativamente longos, que podem ser supe-
riores a dez anos. Assim, depois da reabilitação das áreas, os sistemas 
de drenagem superficial de águas pluviais, tratamento dos gases, coleta 
e tratamento dos lixiviados e monitoramento da qualidade do solo e da 
água subterrânea devem ser mantidos por um período que será definido 
pelo órgão ambiental e em função das características locais.
A escolha do uso futuro da área deverá ser definida com base nos 
estudos realizados e na aptidão da região, levando-se em consideração 
a proteção à saúde humana e ao meio ambiente, e deverá ser aprovada 
pelo órgão ambiental competente. Recomenda-se a implantação de 
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.áreas verdes com a composição de equipamentos comunitários, como 
praças esportivas e campos de futebol, nos casos de locais próximos 
a áreas urbanizadas. A implantação de parques e espaços mais aber-
tos poderá beneficiar um maior número de pessoas, disponibilizando 
acesso a uma área verde, com trabalho paisagístico de implantação de 
gramados e arbustos de árvores (LANZA et al., 2010).
Considerações finais
Este capítulo abordou os quatro setores que mais contribuem para 
a degradação do meio ambiente e aos quais os PRADs são amplamen-
te aplicados. Além dos procedimentos padronizados exigidos pelos ór-
gãos ambientais e pelas normas orientadoras, ficou claro que é impor-
tante compreender todas as etapas das atividades que fazem parte do 
empreendimento e associá-las aos respectivos impactos que podem 
ser originados a partir de cada uma delas. O PRAD deve ser direcio-
nado a cada setor específico e deve propor as medidas de correção, 
prevenção e monitoramento adequadas e de acordo com o uso futuro 
pretendido para a área a ser recuperada, observando-se que, em alguns 
casos, uma vez instalada a atividade, é possível devolver o equilíbrio ao 
ambiente, mas não dotá-lo das mesmas condições originais existentes 
antes da sua implantação.Referências
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